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PsiFenomeno Psicossomatico (FPS) - Estudo de Caso Modelo

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FENÔMENO PSICOSSOMÁTICO (FPS)
Estudo de Caso
INTRODUÇÃO
Com o surgimento da psicanálise, há uma paralisação para questionar a clínica do olhar direcionado aos fenômenos observáveis e objetivos, em que os pacientes são desprovidos de sua condição subjetiva. Isso dá oportunidade para o nascimento de uma clínica da escuta, direcionada pela ética do bem-dizer do sujeito e traz consigo um saber sobre o sintoma (MONTEZUMA, 2001). Freud em nenhum momento de sua obra define uma patologia como sendo psicossomática, no entanto, para ele, o sintoma se combina ao inconsciente, relacionando as sintomatologia entre corpo e psique, demarcando a imprecisão e, muitas vezes, conduzido por causas desconhecidas portanto não deve ser eliminado, mas tratado pela fala (FREUD, 1917).
A partir de então, passam a coexistir duas clínicas, a do olhar e a da escuta, a clínica médica e a clínica psicanalítica. Com o avanço da ciência a fala do paciente foi deixada de lado e com a clínica psicanalítica o campo da subjetividade vem valorizar a fala do paciente. A psicanálise não se opõe à medicina clínica, mas vem reintroduzir o que tinha sido deixado de lado, incluindo o sujeito no tratamento, pondo em destaque o seu dizer. Nessa abordagem os pacientes denominados "psicossomáticos", podem encontrar um método para o tratamento possível. (LACAN, 1998; GUIR, 1988) 
Existem algumas formas de adoecer que possuem uma raiz inconsciente e um sentido psíquico expresso, ou seja, parecido com as formações de sintomas nas neuroses. “Todos somos capazes de somatizar nossas dores mentais nos momentos em que nossas defesas habituais falham diante do sofrimento psíquico”. (MCDOUGALL, 2000).
IDENTIFICAÇÃO DO CASO: CARACTERIZAÇÃO DO FPS (MANIFESTAÇÃO E EVOLUÇÃO)
Salienta-se alguns aspectos do caso objeto desses fenômenos psicossomáticos, a paciente apresentava crises de choro durante a escuta do plantão psicológico do serviço, relatando estar sentindo muitas dores intensas por todo corpo, bem como dores de cabeça e alguns episódios de insônia. As queixas ligadas ao corpo não tinham alguma relação com acontecimentos específicos, parecia não existir sentido e relação com a vida da paciente.
A paciente tinha dificuldade de falar sobre as queixas, a sensação é que não haviam palavras. Relatou que as dores já ocorriam há alguns meses e questionou sobre o seu aparecimento através de exames e consultas médicas. Realizou muitos exames para descartar patologias físicas e nada foi encontrado. Através das suas narrativas fica evidente que seu corpo responde muito ao seu estado emocional, sem se apresentar diretamente.
É marcante o relato da paciente sobre situações que ocorrem nos seus primeiros anos de vida e que ainda lhe tocam de forma intensa, situações essas que foram interpretadas como abandonos. Segundo McDougall (2000) existe uma relação entre os primeiros anos de vida e as eclosões psicossomáticas, onde determinadas vivências na primeira infância são fatores que predispõe tais sintomas. A autora constata que em algum momento todos seus analisandos somatizavam e que normalmente as eclosões psicossomáticas coincidiam quando o nível habitual de tolerância era ultrapassado percebendo uma espécie de “padrão de comunicação” desses pacientes pela via corporal. 
Ao comparar os pacientes psicóticos, que possuem os pensamentos considerados “inflação delirante” e que pretendem preencher espaços de um vazio aterrorizante, com os pacientes psicossomáticos onde é o corpo que funciona nessa lógica do pensamento psicótico para lidar com os vazios, com o não-saber e com a falta de sentido. (MCDOUGALL, 2000). 
A psicanálise acontece em cada experiência de forma singular, é preciso construir uma clínica do paciente psicossomático, as especificidades podem ser diferentes. As recomendações freudianas exigem certo tempo de paciência por parte do analista para que se possa superar as resistências e o paciente consiga endereçar uma demanda ao analista. A psicanálise se dá no um a um, amparados na teoria psicanalítica e na prática, o profissional deverá construir algo que se possa chamar de uma clínica do paciente psicossomático. (RINALDI, NICOLAU e PITANGA, 2013).
VISÃO TEÓRICA DO FPS NO CASO
Foi a partir das discussões de Lacan que houve maior compreensão desses fenômenos embasando as discussões de outros psicanalistas, definindo os “corpos” com os quais a psicanálise e a medicina trabalham. No discurso dos pacientes com FPS o corpo se apresenta por meio das queixas e narrativas, dos caminhos clínicos que o paciente já percorreu, da fala carregada de frustração diante de um saber que falhou, o da medicina. 
Nesse sentido, identifica-se algumas questões na paciente referida no caso, quanto a falta de palavras, a dificuldade de simbolização, bem como seu distanciamento frente ao sofrimento do corpo e o seu discurso preso ao discurso médico.
A clínica psicanalítica nesses casos deve buscar um deslocamento, que perpassaria a história da doença à possibilidade que o paciente possa falar sobre a sua história de vida como um todo. O psicanalista, partindo da queixa e indo em direção a história do paciente, recorrendo-se de sua trajetória familiar, indagando de sua vida no sentido mais amplo, buscando articular significações que permitam mobilizar esta questão subjetiva e levá-la a encontrar uma “saída verbal”.
PROPOSTA TERAPÊUTICA
O paciente não demonstra ou demonstra muito pouco o envolvimento com seus processos de adoecimento, nos casos de FPS, cabe ao psicanalista construir junto com o paciente as possíveis relações, interligando a ordem psíquica e a orgânica para construir uma relação previsível, mas que aos olhos do paciente é aleatória. As queixas, a doença, as dores, devem fazer sentindo na dinâmica subjetiva do paciente. O tratamento com pacientes marcados pelo adoecimento somático é um desafio pois caracteriza-se pelo não envolvimento do sujeito no seu sofrimento. A tarefa é tornar patente e compreensível que o sujeito-corpo-doença está diretamente comprometido em um jogo simbólico e não meramente no funcionamento biológico.
O caso aqui relatado ainda está sendo realizado, com o prosseguimento do atendimento será necessário procurar identificar de forma mais categórica se as questões que a paciente vem apresentando encaixam-se mais enquanto sintoma ou FPS, já que apesar da dor ser real e intensa não existem lesões físicas comprovadas. 
Constata-se, pelos atendimentos realizados que a paciente começou a falar mais da sua história, nas situações percebidas de abandono, por parte de ambos os pais, quando ela ainda era bebê, bem como a falta de reconhecimento/olhar de sua mãe enquanto figura de filha, que perdura até hoje. Existem diversos pontos em que a questão do “corpo” - seja ele nas suas variadas dimensões - que surgem no discurso, assim como melhoras repentinas das dores e seu retorno com crises agudas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Após o exposto neste trabalho e no decorrer da elaboração desta pesquisa deparei-me com a complexidade desses fenômenos, especialmente nos materiais teóricos. Compreender os FPS foi uma tarefa difícil devido à complexidade que se revela com a ocorrência deles nos sujeitos, onde as experiências ocupam um lugar de destaque, em que o corpo e linguagem não se dissociam.

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