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Reparação Tecidual Patologia Veterinária Resumo por: Denise Ramos Pacheco Medicina Veterinária UFU Importante para reconstrução → manter a integridade anatômica / recuperar a capacidade funcional. MECANISMOS: • REGENERAÇÃO: reposição completa de tecido, por tecido idêntico. • CICATRIZAÇÃO: o tecido que se perdeu é reposto por tecido conjuntivo (perda da capacidade funcional!) exemplo: rim. • Cicatrização > regeneração → fibrose (fibras colágenas, perda da função). CICATRIZAÇÃO E REGENERAÇÃO • CÉLULAS LÁBEIS: continuam a proliferar a vida inteira, substituindo as células que vão sendo perdidas (células epiteliais, restauração endométrio após ciclo menstrual, células tecido esplênico, linfóide e hematopoiético). • CÉLULAS ESTÁVEIS: multiplicam pouco, estímulos podem ajudar (células parenquimais, glândulas, fígado, rim e pâncreas, fibroblastos, musculatura lisa, osteoblastos, condroblastos e células do endotélio vascular) → fígado se regenera após hepatectomia ou após lesão tóxica, viral ou química → importante a manutenção da membrana basal. • CÉLULAS PERMANENTES: não sofrem divisão mitótica pós-natal, como as células nervosas, músculo esquelético e músculo cardíaco. CICATRIZAÇÃO SUBSTITUIÇÃO DE CÉLULAS MORTAS OU LESADAS POR TECIDO CONJUNTIVO! Quando ocorre? • Na lesão de tecidos que possuem células permanentes. • Quando há destruição extensa de parênquima e estroma de tecidos que possuem células estáveis. • Em lesões profundas, como úlceras. • Na destruição de áreas extensas de medula óssea, baço ou tecido linfoide. • Em casos de estímulos lesivos contínuos (lesões repetidas). A cicatrização, apesar de restaurar a integridade anatômica do tecido ou órgão, geralmente está envolvida com a PERDA DA CAPACIDADE FUNCIONAL do mesmo (perda da função). EVENTOS: 1. Hemostasia → contração de arteríolas, ativa cascata de coagulação, forma fibrina e plaquetas se agregam, oclusão do vaso lesado e fim da hemorragia. 2. Inflamação → migração inicial de neutrófilos e depois de mononucleares para o local. Há acúmulo extravascular de células e líquido (exsudato inflamatório), inicia limpeza do local: fagocitose (neutrófilos e macrófagos), depois há drenagem linfática do excesso. 3. Neoformação vascular (angiogênese) → 24 horas após o início da lesão. Proliferação de células endotéliais de vasos pré-existentes na direção da lesão. O tecido local é edemaciado, e a circulação linfática é refeita de forma similiar → fator de crescimento de fibroblastos (FGF) contribui para a neoformação vascular. 4. Migração e proliferação de fibroblastos → 2 a 3 dias após a lesão, muita mitose e RER extenso e abundante. Os fibroblastos sintetizam mucopolissacarídeos e fibras colágenas. Alguns fibroblastos no tecido de granulação desenvolvem fibrilas de actina e miosina no seu citoplasma, sendo denominados miofibroblastos e podem se contrair → contração cicatricial. A migração e proliferação de fibroblastos são estimuladas por fatores de crescimento: TGF-beta (plaquetas, macrófagos etc). 5. Produção da matriz extracelular → proporciona força tênsil à cicatriz, produzida pelos fibroblastos → colágeno e glicosaminoglicanos (mucopolissacarídeos ácidos), além de fibras elásticas, laminina, fibronectina e proteoglicanos. A produção do colágeno começa por volta do terceiro dia de cicatrização e continua por semanas, estimulada por fatores de crescimento e citocinas, secretados por leucócitos e fibroblastos no local da ferida. 6. Maturação e organização do tecido fibroso (remodelamento) → no início, o tecido em cicatrização possui muitos fibroblastos e células inflamatórias, edema e muitos vasos neoformados. Há intensa drenagem linfática para remover o excesso de líquidos, moléculas e resto de células. Com o tempo, os vasos neoformados tendem a diminuir de tamanho e número, e se converte em uma área pouquíssimo vascularizada. O colágeno sofre destruição, além de outros constituintes da matriz extracelular. A retração cicatricial diminui a área final da lesão, pelos miofibroblastos, que após isso desaparecem. ASPECTOS MICROSCÓPICOS DA CICATRIZAÇÃO: inicialmente, há um processo inflamatório agudo (neutrófilos), edema, dependendo da lesão tem hemácias e dedritos celulares, macrófagos. Depois há proliferação de fibroblastos, vasos neoformados (células endoteliais jovens, que são maiores e com núcleo mais hipocrômico), tecido edemaciado, macrófagos e fibrina, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos. Muitos mastócitos, fibroblastos com muito RER. Final: cicatriz composta por fibroblastos com aparência de inatividade, colágeno denso e fragmentos de tecido elástico, matriz extracelular e poucos vasos. ASPECTOS MACROSCÓPICOS: inflamação com aspecto róseo e granular frouxo na superfície dos ferimentos (tecido de granulação), que no final do processo fica com coloração esbranquiçada, dura e brilhante. TIPOS DE CICATRIZAÇÃO: 1. CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO: no caso de incisão cirúrgica, os tecidos são aproximados (bordas), cicatrização ocorre sem contaminação bacteriana, mínimo de perda de tecido. Eventos: hemostasia em seg a min / inflamação em min a horas, não forma pus / forma crosta / inicia migração de células fixas: fibroblastos, células endoteliais e da epiderme / regeneração do epitélio sob a crosta / cicatriz inicial / ausência de contração cicatricial maior / remodelamento da cicatriz em 1 mês a 2 anos. 2. CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO: perda mais extensa de células e tecido, como em infarto, ferimentos contaminados, formação de abscessos ou na superfície de ferimentos com perda de substância. O processo de reparação é mais complicado, a regeneração das células parenquimais não consegue restituir a arquitetura original. O tecido de granulação cresce a partir das margens para completar o reparo. Difere da por primeira intenção: reação inflamatória mais intensa / forma muito tecido de granulação / contração do ferimento pelos miofibroblastos diminui a cicatriz até 5-10% das dimensões originais. DESORDENS NA CICATRIZAÇÃO • Úlceras → associadas à ateroesclerose, diabetes etc. Úlceras de decúbito prolongado. • Reparação excessiva → 4 formas: • Cicatriz hipertrófica. • Quelóide. • Tecido de granulação exuberante (“carne esponjosa”). • Cicatrização parenquimatosa. 1) Segue o tamanho e forma originais da ferida, e mostra regressão ou se mantém estável. 2) Não segue o contorno da ferida, grande para o tamanho da lesão, continua crescendo por anos, a excisão sofre reicidivas (ambas são mais frequentes em crianças ou jovens e negros ou orientais). Micro: produção excessiva de colágeno. 3) Formação excessiva de tecido de granulação, que se eleva acima das bordas da ferida e bloqueia a epitelização. Deve ser cauterizado ou removido cirurgicamente. 4) Pode levar à insuficiência crônica, pois é acompanhada por regeneração insuficiente ou anormal do epitélio especializado. É uma fibrose (deposição excessiva do tecido conjuntivo). Exemplos: fibrose do miocárdio: associado á reparação do miocárdio isquêmico; fibrose hepática: comum em casos de lesão hepática crônica; fibrose renal: causada por lesões isquêmicas, inflamatórias e outras; pulmão: enfermidades inflamatórias crônicas podem levar a áreas fibrosadas. REGENERAÇÃO CAPACIDADE QUE O ORGANISMO TEM EM REPOR CÉLULAS OU TECIDOS PERDIDOS POR LESÃO E/OU MORTE NA FORMA MAIS OU MENOS ORIGINAL. • Regeneração fisiológica → renovação normal das células que são continuamente perdidas de maneira fisiológica. • Regeneração compensatória → ocorre em órgãos pares, como rins ou adrenais, no caso da perda de um deles → hiperplasia compensatória. • Regeneração patológica → quando em consequência de lesão há perda de tecido epitelial. As células remanescentes proliferam e aumentam de tamanho até que se alcance a massa total de citoplasma normal. Exemplo: capacidade regenerativa do fígado.O tecido pulmonar propriamente não tem capacidade de regeneração e suas perdas são substituídas por tecido cicatricial. Porém, o tecido bronquial tem capacidade regenerativa. Não há regeneração do tecido nervoso no SNC. FATORES QUE INTERFEREM NA REGENERAÇÃO E CICATRIZAÇÃO • Infecções: aumentam inflamação e prolongam cicatrização. • Corpos estranhos: favorece infecção por dificultarem o acesso de leucócitos aos microrganismos, pois esgotam os grânulos de leucócitos. Impedem cicatrização completa. • Pressão mecânica: pode romper a cicatriz. • Suprimento sanguíneo inadequado: dificulta cicatrização. Exemplo: ateroesclerose. • Dimensões da lesão. • Localização da lesão. • Gerais: • Nutrição inadequada: deficiência de proteínas e/ou vitamina C inibe a síntese de colágeno e retarda a cicatrização. Deficiência de zinco retarda a cicatrização por muitas enzimas serem dependentes dele. • Glicocorticóides: fornecidos durante os 3 primeiros dias retardam a cicatrização. • Diabetes: aumenta o risco de infecção do ferimento e cicatrização defeituosa, sabe-se que a hiperglicemia interfere na quimiotaxia leucocitária. • Paralisia: dificulta cicatrização. • Idade: cicatrização mais lenta em idosos. DESORDENS NA REGENERAÇÃO TECIDUAL • Hipotopia → quando células em proliferação, na regeneração, não se dispõe conforme a estrutura original do tecido. Comum na cirrose hepática. • Heteromorfose → no lugar das células originais, outras que não são do tecido conjuntivo proliferam e ocupam espaço das células mortas. • Hiperregeneração ou hipermorfose → quando há proliferação exagerada das células em regeneração. REPARAÇÃO DE FRATURAS ÓSSEAS Nas fraturas ocorre hemorragia local pela lesão dos vasos sanguíneos do osso e periósteo. Também há destruição da matriz e morte de células ósseas. Para iniciar a reparação, o coágulo sanguíneo e restos celulares e da matriz devem ser removidos por macrófagos. Há depois uma neovascularização e migração de osteoblastos para o local. Os osteoblastos são originados do periósteo e endósteo próximos à área. Eles secretam osteóide (colágeno tipo I, proteoglicanas e glicoproteínas), que é a matriz óssea recém-formada, não calcificada. Depois ocorre mineralização do osteóide, com deposição de fosfato de cálcio. Células mesenquimais ativadas dos tecidos moles vizinhos se diferenciam em condroblastos, que produzem uma fibrocartilagem e cartilagem hialina, com posterior ossificação endocondral. Essa massa de tecido calcificado é conhecida por calo ósseo, constituído de tecido ósseo imaturo que se formou de modo desordenado, mas que une provisoriamente as extremidades do osso fraturado. O calo ósseo é remodelado pelos osteoclastos. OBSTÁCULOS À CONSOLIDAÇÃO DE FRATURAS: • FRATURAS COMINUTIVAS: os fragmentos precisam ser reabsorvidos e isso atrasa a reparação, aumentando o calo ósseo. • IMOBILIZAÇÃO INADEQUADA: ausência de mineralização e formação de pseudoartrose. • INFECÇÃO, NÍVEIS INADEQUADOS DE CÁLCIO OU FÓSFORO, DEFICIÊNCIAS VITAMÍNICAS, DIABETES E OUTROS.
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