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Licenciamento Ambiental Conceito do Licenciamento Ambiental Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Nilza Maria Coradi de Araújo Revisão Técnica: Prof.ª Dr.ª Vivian Fiori Revisão Textual: Prof.ª Me. Selma Aparecida Cesarin 5 Nesta Unidade, discutiremos, a partir da observação do contexto do panorama ambiental mundial resultante das ações humanas, a evolução do conceito do licenciamento ambiental como ferramenta na questão da conservação da qualidade do meio ambiente. Desde o fim do século XVIII, com a intensificação da industrialização, o meio ambiente começou a apresentar alterações cada vez mais severas. O ser humano passou, por meio de um processo de análise, a estabelecer regras, por intermédio de legislação ambiental, buscando um equilíbrio desenvolvimento/ preservação ambiental. Vamos conhecer as principais mobilizações mundiais e como os países responderam a essas questões. Vamos percorrer a legislação ambiental da União e dos estados, verificando os pontos referentes ao licenciamento ambiental, tema de nosso estudo. Temos o objetivo de acompanhar a evolução do conceito do Licenciamento Ambiental. Para isto, vamos conhecer os motivos que levaram à necessidade de criar legislação ambiental específica e aprimorar a atividade de Licenciamento Ambiental. Conceito do Licenciamento Ambiental · Introdução · Principais Tratados Ambientais Globais · Evolução do Licenciamento Ambiental Global · Evolução Da Legislação Ambiental no Brasil · Considerações Finais 6 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Contextualização Nesta Unidade, abordaremos a evolução do conceito de licenciamento ambiental. Por meio do acompanhamento do início das atividades humanas e suas consequências ambientais ao longo dos séculos, principalmente, após a intensificação da atividade industrial, vamos conhecer as principais mobilizações ambientais mundiais traduzidas em conferências globais como Estocolmo 1972 e Rio-92, as quais impulsionaram os países a aprofundar os assuntos quanto à proteção ambiental. A década de 1970 foi marcante para vários países, inclusive o Brasil, na questão da legislação ambiental. Foram criadas as secretarias de meio ambiente, tanto na esfera federal, quanto em vários estados. Várias leis ambientais foram editadas em vários estados, já considerando a necessidade de um controle das atividades potencialmente prejudiciais ao meio ambiente. A década de 1980 foi decisiva para o licenciamento ambiental. A Constituição Federal estabeleceu a responsabilidade do poder público em relação ao controle da autorização de funcionamento de atividades potencialmente poluidoras. Foi nessa década, também, que ocorreu a edição da Lei 6938/81, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente, trazendo o conceito de licenciamento ambiental, além da edição da Resolução CONAMA 001/86 que estabeleceu a necessidade de Estudo de Impacto Ambiental – EIA para determinadas atividades consideradas modificadoras do meio ambiente. Em 1997, foi editada a Resolução CONAMA 237/97, estabelecendo regras para o licenciamento ambiental de atividades consideradas impactantes. Assim, podemos entender que o Licenciamento Ambiental surgiu na segunda metade do século XX como resposta a uma necessidade de controle das atividades humanas. 7 Introdução Nesta Unidade, vamos compreender o conceito de licenciamento ambiental, quando surgiu esse termo e as primeiras abordagens e preocupações quanto ao licenciamento ambiental no Brasil e no mundo. Por que esse processo se tornou tão importante para exercer as atividades industriais e outras atividades? Todos esses aspectos serão discutidos para entendermos a importância do licenciamento ambiental no cenário atual. Sabemos que o ser humano sempre explorou os recursos naturais e sempre alterou o meio ambiente para realizar suas atividades. Enquanto as atividades humanas se restringiam mais à agricultura e à pecuária, as transformações no meio ambiente se caracterizavam mais pelo desmatamento e pela substituição das matas por plantações e pastos. Porém, com a Revolução Industrial, no início do século XVIII, as alterações no meio ambiente foram se tornando cada vez mais impactantes. Os países viam o meio ambiente como fonte de recursos para o desenvolvimento econômico, por meio da industrialização. A maioria dos processos fabris exigia a extração de recursos naturais para a sua transformação em outros produtos, além do uso de recursos naturais como coadjuvantes nessa transformação da matéria-prima em produtos finais, como água, combustíveis fósseis e energia elétrica advinda de hidrelétricas ou termoelétricas. Além disso, como resultado dos processos industriais, os resíduos eram gerados em larga escala, alterando severamente o meio ambiente. Como principais resíduos dos processos tínhamos os óleos, borras em geral, efluentes sem tratamento, resíduos de insumos, entre outros. Por anos, esse processo foi ocorrendo, tendo como resultado a total transformação do meio ambiente. À medida que as indústrias foram crescendo nos países, essas transformações foram sendo cada vez mais sentidas pela população no resultado da contaminação das águas, do ar e do solo, da poluição sonora e visual. O ser humano, ao mesmo tempo em que recebia os resultados positivos dos avanços tecnológicos, também recebia os resultados negativos da desordenação causada no meio ambiente. Os centros urbanos de países industrialmente consolidados na Europa e na América do Norte começaram a sentir os reflexos da poluição gerada pelas atividades. Problemas de saúde na população dos grandes centros urbanos começaram a pressionar os dirigentes a estabelecerem regras para as atividades industriais. Explore: Cidades como Ambientes Heterotró� cos http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1971 Assim, as indústrias e outras atividades começaram a passar por processos de licenciamento ambiental para o seu funcionamento. As leis ambientais, em todo o Planeta, foram surgindo como consequência do resultado da atividade humana. http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1971 8 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Principais Tratados Ambientais Globais Foi na década de 1970 que começaram as primeiras convenções globais para o estudo e assinatura de tratados mundiais ambientais, visando a conter a acelerada degradação ambiental nos países, resultante da poluição gerada pelo crescimento da industrialização. Em 1968, foi criado o Clube de Roma, que consistia num centro de pesquisa formado por um grupo de cientistas, economistas, políticos, entre outros pesquisadores, que analisavam os problemas da crise ambiental mundial e que publicou, em 1972, o relatório intitulado “Limites do crescimento”, que apontava o aumento do crescimento populacional, a industrialização excessiva e a escassez dos recursos naturais como as principais causas dos problemas ambientais. Diante disso, acreditavam que o “crescimento zero” dos países desenvolvidos e em desenvolvimento seria a solução para evitar o colapso do sistema econômico e ambiental (SANTANA, 2005). Esse documento levou os países signatários da ONU a decidirem realizar uma Conferência Global para discutir as questões ambientais de forma global, o que foi o prenúncio da Conferência de Estocolmo, que veremos no item a seguir. Conferência de Estocolmo Em 1972, por meio da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, foi assinada a Declaração de Estocolmo, Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente. Foi o primeiro documento legal ambiental internacional estabelecido como forma de preservar e conservar o meio ambiente global. Os países deveriam guiar suas leis internas ambientais considerando os princípios estabelecidos na Declaração de Estocolmo. Essa declaração resultou num desafio, pois, por um lado, os países buscavam um crescimento econômico baseado no aumento da industrialização, principal responsável pelasalterações no Planeta, e por outro lado, esse crescimento estava resultando em impactos ambientais severos, que afetariam as atividades. Os países periféricos e o Brasil estavam nessa posição, reivindicando que só era possível o crescimento econômico do país com o crescimento industrial. Era uma visão de desenvolvimento a qualquer custo. Já os países centrais, como os Estados Unidos e os países europeus, pleiteavam diretrizes ambientais que deveriam ser adotadas por todos. Apesar dos conflitos de interesses, a Declaração de Estocolmo iniciou um processo sem volta em termos ambientais. A partir dela, todos os países passaram a considerar os assuntos da Declaração na sua legislação. 9 Protocolo de Montreal Em 1987, foi promulgado o Protocolo de Montreal, com o objetivo de reduzir o buraco na camada de ozônio, consequência da liberação do gás refrigerante CFC, à base de clorofluorcarbono. Esse gás refrigerante foi descoberto na década de 20 do século XX, e utilizado em larga escala no resfriamento de equipamentos industriais, nos equipamentos de ar condicionado de residências e automóveis e também utilizado em aerossóis. Na década de 1970, foi constatado que este gás, em contato com a camada de ozônio presente na atmosfera, alterava a cadeia molecular dela resultando na destruição das partículas de ozônio que funcionam como um filtro das ondas solares UVA e UVB. Mas, somente na década de 1980, os países assumiram que o CFC já havia provocado um buraco na camada de ozônio da Terra. O Protocolo de Montreal, assinado em 16 de setembro de 1987, estabeleceu regras e metas para a substituição deste gás por outros, numa escala cronológica aceita por vários países, entre eles o Brasil. Nosso Futuro Comum – Relatório de Brundtland Em 1987, é assinado o relatório de Bruntland, conhecido também como Nosso Futuro Comum, como resultado do trabalho da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, presidida por Gro Harle Brundtland, mestre em saúde pública e ex-Primeira Ministra da Noruega. Desde 1983, a comissão Brundtland passou a discutir os temas inicialmente apresentados aos países em 1972, em Estocolmo; porém, considerando o conceito de desenvolvimento sustentável. O relatório Nosso Futuro Comum apresenta aos países um novo caminho a ser trilhado, o caminho do desenvolvimento sustentável, permitindo o crescimento de forma a preservar o meio ambiente. Rio-92 Em 1992, foi realizada, na cidade do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também lembrada como conferência da Cúpula da Terra, dando continuidade aos temas propostos na Conferência de Estocolmo em 1972. Como principais resultados da Rio-92 temos a Agenda 21, a Convenção da Biodiversidade e a Convenção sobre Mudança Climática. Algo surpreendente que aconteceu na Rio-92 foi o discurso de sete minutos realizado por Severn Cullis-Suziki, uma menina canadense, na época com 13 anos, que falou em nome dela e de mais alguns colegas em favor do meio ambiente. Mas, na verdade, ela falou em nome de todas as crianças, adolescentes, adultos, que se preocupavam com os rumos ambientais que nosso Planeta continuava tomando, mesmo 20 anos após a primeira Conferência realizada em Estocolmo. Explore: A menina que calou o mundo por 5 minutos http://www.youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU http://www.youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU 10 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Conferência de Kyoto Em 1997, como consequência da Convenção sobre Mudança Climática criada na Rio-92, ocorre a Conferência de Kyoto, no Japão, onde foram estabelecidas metas para a redução da emissão dos gases do efeito estufa. Uma das principais alterações do meio ambiente resultante das atividades industriais é a emissão de gases resultantes da queima de combustíveis fósseis que provocaram um aquecimento maior do globo terrestre. Isso porque esses gases, como por exemplo o CO2, dióxido de carbono, ficam retidos na camada atmosférica da Terra e agem como uma barreira impedindo que o calor que incide na Terra vindo do Sol volte ao espaço. Esses gases agem como um cobertor e impedem a liberação do calor. Isso, em longo prazo, está causando um aumento considerável da temperatura na Terra. O principal resultado deste impacto é o derretimento das capotas polares, que por sua vez acarretam em mudanças climáticas. No quadro a seguir, você pode visualizar os principais eventos ambientais globais. Ano Evento Documentos Resultados 1972 Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, em Estocolmo – Suécia. Declaração de Estocolmo Participaram 113 países. Criação do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. 1987 Reunião em Montreal – Canadá. Protocolo de Montreal Redução e substituição dos gases CFC. 1987 Noruega Relatório Brundtland – Nosso Futuro Comum Princípios sobre desenvolvimento sustentável. 1992 Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento no Rio de Janeiro – Brasil. Declaração do Rio Agenda 21 Participaram 172 países. Princípios da Agenda 21; convenção da biodiversidade, convenção sobre mudança climática. 1997 Conferência de Kyoto, no Japão. Protocolo de Kyoto Metas para redução de gases do efeito estufa pelos países industrializados. 11 Como vimos, os países vem buscando soluções por meio de acordos globais para os problemas ambientais gerados pelo modelo de desenvolvimento. Esses acordos, como num efeito dominó, quando ratificados pelos países, por meio de leis federais, determinam mudanças, principalmente, nas atividades industriais. Por exemplo, quando o Brasil assinou o Protocolo de Montreal, foi publicado um documento legal federal estabelecendo as regras quanto ao uso de CFC por parte dos fabricantes, revendedores e consumidores. Para alcançar resultados globais, as ações devem ser pontuais. Hoje, mais de 40 anos após a Declaração de Estocolmo, os países ainda estão às voltas com soluções para impasses ambientais resultantes das atividades humanas, sendo que hoje temos como principal reflexo, já sentindo por praticamente todos os países, a mudança climática no Planeta. Evolução do Licenciamento Ambiental Global Com a conferência de Estocolmo, os países começaram a sofrer os impactos das decisões tomadas e assinadas na Declaração de Estocolmo. Vários países passaram a considerar o Direito Ambiental tema necessário em documentos legais e na Constituição, como o Canadá, em 1973, Portugal, em 1976, a Espanha, em 1978, e o Equador, em 1979, mas foram os Estados Unidos, em 1969, numa ação pioneira quanto ao Licenciamento Ambiental, que formalizaram, por meio da criação do NEPA (National Environmental Policy Act) a “Avaliação dos Impactos Ambientais – AIA” como instrumento da sua política ambiental. Com o estabelecimento destas leis e ações ambientais, as indústrias e outras atividades em vários países começaram a passar por processos de licenciamento ambiental para o seu funcionamento. Evolução Da Legislação Ambiental no Brasil Foi no Brasil Colônia que as primeiras leis ambientais começaram a ser editadas. Como exemplo, temos a primeira lei para a pesca da baleia, regulamentada em 1602. Até a proclamação da República, muitas outras leis foram editadas, principalmente as ligadas ao extrativismo de recursos naturais como o pau-brasil, espécie arbórea nativa do Brasil, amplamente explorada, e a mineração, com a extração do ouro. Mas, foi com a Constituição de 1934, já no Brasil República, que surgiram os principais documentos legais na área ambiental, sendo: o Código das Águas (1934), o Código Florestal (1965) e o Código de Mineração (1967). É importante considerar que estes três temas estão ligados às principais atividades industriais do país, pois quase todas as indústrias utilizam água para os processos; a madeira que é amplamente utilizada tanto como produto final (indústria de mobiliário, construção civil, 12 Unidade:Conceito do Licenciamento Ambiental indústria naval, entre outros) como insumo energético nos processos (lenha e carvão); e, por último, temos os minérios, que também entram em inúmeros processos fabris resultando em produto acabado, como por exemplo, automóveis, eletrodomésticos etc. Até as décadas de 1960 e 1970, a legislação ambiental tinha um caráter mais pontual com enfoque no controle da poluição. Foi na década de 1980 que a legislação ambiental ganhou caráter mais global, distanciando-se dos documentos legais até então aplicáveis a temas específicos e de caráter controlador. A Lei nº 6.938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente, instituiu o CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, órgão consultivo e deliberativo, responsável pelo estabelecimento de normas e critérios para o licenciamento ambiental. A Lei nº 6.938/81 também estabeleceu a avaliação de impactos ambientais e o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, assuntos também pautados na Constituição Federal de 1988, como veremos adiante. Por fim, cabe ressaltar que a Lei nº 6.938/81 não só considerou o licenciamento ambiental, como também o zoneamento ambiental, ponto importante para manter os ecossistemas. Porém, em termos de uso do solo e planejamento territorial, em 1979 foi editada a Lei Federal nº 6766/79, denominada Lei de Parcelamento do Solo Urbano, um início da ordenamento espacial. Andou bem o legislador ao colocar o zoneamento ambiental antes do licenciamento, isto porque as regras para o uso do solo e o desenvolvimento de atividades em um espaço territorial merece ser previsto antes do licenciamento (MACHADO, 2014). Em 23 de janeiro de 1986, o CONAMA publicou a Resolução nº 001, que passou a exigir o Estudo de Impacto Ambiental e seu Relatório de Impacto Ambiental – EIA/RIMA como etapa necessária ao processo de licenciamento de atividades potencialmente poluidoras. Importante ressaltar que o EIA/RIMA deve estar disponível para consulta pública. No entanto, caso alguma sociedade civil ou o Ministério Público solicitem, o Poder Público deve convocar audiência pública para discussão, na qual qualquer cidadão pode participar. A participação da Sociedade Civil entra no Direito Ambiental Brasileiro em 1985, pela Lei 7.347/85, que regulamenta a Ação Civil Pública, mas, em 3 de dezembro de 1987, o CONAMA editou a Resolução nº 009/87 que dispôs sobre a realização de audiências públicas no processo de licenciamento ambiental. 13 Na Constituição Federal de 1988, o direito ambiental ganhou o Capítulo VI, com o Art. 225, sendo que o inciso IV, do § 1º, incumbe o Poder Público de exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, ao qual se dará publicidade. Em 1997, o CONAMA publicou a Resolução 237, revisando os procedimentos de licenciamento ambiental, considerando, principalmente, as competências para o licenciamento nas esferas federal, estadual e distrital e as etapas do processo de licenciamento. Em 12 de fevereiro de 1998, é publicada a Lei nº 9.605, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências, Lei que ficou conhecida com a Lei de Crimes Ambientais, pois elevou à condição de crime quaisquer condutas lesivas ao meio ambiente, provenientes da não observância à legislação ambiental. Consideradas aí também as questões do licenciamento ambiental, na qual ficam constituídos como crime ambiental a construção, reforma, ampliação, instalação ou funcionamento, em qualquer parte do território nacional, de estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes ao licenciamento (Art. 60 da Lei nº 9.605/98). Em 27 de dezembro de 2000, foi promulgada a Lei nº 10.165 que alterou a Lei nº 6.938/81, estabelecendo, principalmente, que toda atividade potencialmente poluidora deve ser cadastrada junto ao IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis. Esse cadastro estabelece o pagamento da TCFA – Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental, que varia conforme o tamanho da empresa e o seu grau de impacto, conforme definido pela sua atividade. Além do pagamento da taxa, toda empresa, deve, anualmente, encaminhar ao IBAMA relatório de suas atividades ambientais, o qual considera a quantidade de insumos utilizada nos processos e a quantidade de resíduos gerados, entre outras informações. No quadro a seguir, podemos ver um resumo dos principais documentos legais ambientais federais aplicáveis ao licenciamento ambiental no Brasil. 14 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Principais documentos legais do licenciamento ambiental. Documento Data Principais temas Lei nº 6.938 Agosto de 1981 Licenciamento e Avaliação de Impacto Ambiental - AIA Resolução CONAMA 001 Janeiro de 1986 Conceito de EIA/RIMA – Estudo e Relatório de Impacto Ambiental Constituição Federal Outubro de 1988 Estudo Prévio de Impacto Ambiental Resolução CONAMA nº 237 Dezembro de 1997 Esferas federal, estadual e municipal. Etapas para o processo de licenciamento. Lei nº 9.605 Fevereiro de 1998 Lei de Crimes Ambientais. Considera como crime ambiental qualquer conduta lesiva ao meio ambiente, tanto de pessoa física, quanto jurídica. Lei nº 10.165 Dezembro de 2000 Cadastro das empresas junto ao IBAMA; pagamento de taxa anual de fiscalização; envio anual de relatório das atividades ambientais. Podemos, por meio do vídeo a seguir, verificar os principais documento legais ambientais federais. Explore: http://www.youtube.com/watch?v=AbJMsbCbNQs http://www.youtube.com/watch?v=AbJMsbCbNQs 15 Legislação sobre Licenciamento Ambiental em alguns estados brasileiros Bahia Em 4 de outubro de 1973, pela Lei nº 3.163, foi criado o CEPRAM – Conselho Estadual de Proteção Ambiental, hoje, Conselho Estadual de Meio Ambiente. Em 3 de novembro de 1980, foi sancionada a Lei Estadual nº 3.858, que instituiu o Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais – SEARA, estabelecendo os primeiros mecanismos para o licenciamento ambiental por meio da expedição das licenças de localização, implantação e funcionamento de atividades potencialmente degradantes do meio ambiente. Em 7 de fevereiro de 2001, é sancionada a Lei nº 7.799, que estabelece a Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais, revogando a Lei nº 3.858/80. A Lei nº 7.799/01 mantém o CEPRAM como órgão responsável por emitir as licenças ambientais. Em 20 de dezembro de 2006, é sancionada a Lei nº 10.431, que dispõe sobre a Política de Meio Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras providências, aprovada pelo Decreto nº 11.235, de 10 de outubro de 2008, revogando a Lei nº 7.799/01. Em 28 de dezembro de 2011, é sancionada a Lei nº 12.377, que altera a Lei nº 10.431/06. Atualmente, o licenciamento ambiental no estado da Bahia deve obedecer à Lei nº 10.431/01 e suas alterações, dadas pela Lei nº 12.377/11. Minas Gerais Em 8 de setembro de 1980, foi criada a Lei nº 7.772, que dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente, mas foi em 29 de abril de 1977 que, pelo Decreto nº 18.466, foi criada a Comissão de Política Ambiental – COPAM, órgão responsável pelas questões ambientais. A Lei Estadual nº 7.772/80, foi alterada pela Lei nº 15.972/06, organizando as etapas do licenciamento ambiental no estado de Minas Gerais. Pará Em 11 de maio de 1988, com a Lei nº 7.026, foi criada a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA. Em 9 de maio 1995, foi criada a Lei nº 5.887, que estabelece a Política Estadual de Meio Ambiente, sendo que, no seu Capítulo VIII, considera-se sobre o Licenciamento Ambiental de atividades que possam degradar o meio ambiente. Riode Janeiro No Estado do Rio de Janeiro, foram editados o Decreto-Lei nº 134/1975, que tornou obrigatória a prévia autorização para operação ou funcionamento de instalação ou atividades real ou potencialmente poluidoras e o Decreto nº 1.633, de 1977, que instituiu o Sistema de Licenciamento de AtividadesPoluidoras –SLAP. 16 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Em 3 de dezembro de 2009, foi publicado o Decreto nº 42.159, criando o SLAM – Sistema de Licenciamento Ambiental, em substituição ao SLAP. Em 3 de junho de 2014, foi publicado o Decreto nº 44.820, alterando e revisando os SLAM, revogando o Decreto nº 42.159/09. Santa Catarina No estado de Santa Catarina, temos as seguintes principais leis para o licenciamento ambiental: - Lei nº 14.675, de 13 de abril de 2009, que Institui o Código Estadual do Meio Ambiente, sendo que nos Arts. 29 e 31está descrito sobre o licenciamento de atividades consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental; - Resolução CONSEMA nº 001, de 14 de dezembro de 2006, que lista os requisitos mínimos a serem atendidos pelos estudos ambientais que o órgão ambiental pode exigir para fins de licenciamento das atividades potencialmente causadoras de degradação ambiental; - Resolução CONSEMA nº 014, de 14 de dezembro de 2012, que aprova a listagem das atividades consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental de impacto local para fins do exercício da competência do licenciamento ambiental municipal e dispõe sobre a possibilidade de os Conselhos Municipais do Meio Ambiente definirem outras atividades de impacto local não previstas nas Resoluções do CONSEMA; e, por último - Resolução CONSEMA n° 13, de 23 de janeiro de 2013, que aprova a listagem das atividades consideradas potencialmente causadoras de degradação ambiental, para o Estado de Santa Catarina, passíveis de licenciamento ambiental pela Fundação do Meio Ambiente – FATMA e a indicação do competente estudo ambiental para fins de licenciamento ambiental. São Paulo A primeira lei ambiental no estado de São Paulo foi a Lei nº 2.182, de 23 de julho de 1953, que estabelecia normas para evitar a contaminação das águas. Nas duas décadas seguintes, foram promulgadas outras leis também direcionadas às águas, principal preocupação quanto aos recursos naturais. As principais delas, que também consideraram a questão do zoneamento ambiental foram a Lei nº 898, de dezembro de 1975, que disciplinou o uso do solo para a proteção de mananciais, cursos e reservatórios de água, e a Lei nº 1.172, de 17 de novembro de 1976, que delimitou as áreas de proteção relativas aos mananciais, cursos e reservatórios de água protegidos pela Lei 898/75. No entanto, mesmo com essas medidas legislativas, os principais mananciais da grande São Paulo, represas Billings e Guarapiranga, tiveram ao longo de décadas, a invasão de áreas com loteamentos clandestinos provocando impactos na qualidade da água. Ainda em 6 de fevereiro de 1987, foi promulgada a Lei nº 5.597, que estabelece normas e diretrizes para o zoneamento industrial. 17 Em 24 de julho 1968, por meio do Decreto Estadual nº 50.079, foi criada a CETESB – Centro Tecnológico de Saneamento Básico, com o intuito de controlar a poluição das águas. Em 31 de maio 1976, o estado de São Paulo aprovou a Lei nº 997, regulamentada pelo Decreto Estadual 8.468, que ainda é referência para o Licenciamento Ambiental no estado de São Paulo, considerando vasto assunto nos campos ambientais. Este decreto vem sendo aplicado e aprimorado constantemente, mas mantém inalterados os mecanismos de licenciamento que, aliás, foram incorporados pela legislação federal – Lei nº 6938/81 (FERREIRA, 2010). Em 20 de março de 1997, é decretada a Lei nº 9.509, que dispõe sobre a Política Estadual de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, a qual foi regulamentada pelo Decreto nº 47.400, de 4 de dezembro de 2002, alterado pelo Decreto nº 55.149, em 10 de dezembro de 2009, referente ao licenciamento ambiental. Considerações Finais A relação do homem com o meio ambiente se caracterizou, inicialmente, pelo extrativismo de recursos naturais. Com o passar do tempo, o homem, além de continuar a extrair todos os recursos naturais para sua transformação, também passou a lançar os resíduos de seus processos no meio ambiente. Com a intensificação da industrialização, esse quadro se mostrou cada vez mais intenso, até que começou um alerta para a questão ambiental. O homem percebeu que o seu processo estava afetando de tal modo o meio ambiente que logo seria difícil manter a vida no Planeta. A partir desta constatação, os países, na segunda metade do século XX, passaram a se reunir para discutir as questões ambientais, assinando tratados mundiais de políticas ambientais. Esses estudos foram se intensificando até que foi considerado o conceito de sustentabilidade, ou seja, o desenvolvimento econômico, considerando as questões socioambientais. Os países, como resultado desses avanços, passaram a considerar a questão do direito ambiental, promulgando leis específicas para o meio ambiente. Em busca de conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, foram estabelecidas regras e normas direcionadas ao licenciamento das atividades humanas. 18 Unidade: Conceito do Licenciamento Ambiental Material Complementar Para aprofundar seus estudos, consulte os seguintes links: Vídeos: Cidades como Ambientes Heterotró� cos http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1971 A menina que calou o mundo por 5 minutos http://www.youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU Documentário - Legislação Sobre Meio Ambiente - Parte 1 http://www.youtube.com/watch?v=AbJMsbCbNQs Artigo: COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB). Manual para elaboração de estudos para o licenciamento com avaliação de impacto ambiental. São Paulo: CETESB, 2014. http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-DD-217-14.pdf. http://eaulas.usp.br/portal/video.action?idItem=1971 http://www.youtube.com/watch?v=tN1Q_9ETBJU http://www.youtube.com/watch?v=AbJMsbCbNQs http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-DD-217-14.pdf. 19 Referências CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Licenciamento Ambiental. Disponível em: <http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/legislacao/estadual/decretos/2009_Dec_ Est_55149.pdf>. São Paulo. Acesso em: out. 2014. FERREIRA, P. O Sistema do Licenciamento Ambiental e o Desafio Econômico – Proposta para o Estado de São Paulo. São Paulo, 2010. GOLDEMBERG, J.;t BARBOSA, L. M. A legislação ambiental no Brasil e em São Paulo. In: Revista Eco 21, Ano XIV, Edição 96, novembro 2004. INEA – Instituto Estadual do Ambiente. Disponível em: <http://www.inea.rj.gov.br/Portal/ index.htm>. Rio de Janeiro. Acesso em: out. 2014 RIBEIRO, I. C. S. Licenciamento ambiental simplificado: uma análise crítica aplicada à realidade das micro e pequenas empresas da Bahia. Salvador: Universidade Federal da Bahia – UFBA, 2004. SANTANA, A. D. F. Uma análise da evolução histórica do Direito Ambiental e o artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 89, jun 2011. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/>. Acesso em: set. 2014. SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: <http://www.meioambiente.mg.gov.br/servicos-semad Acessado em out/2014>. Minas Gerais. Acesso em: out. 2014 SOUSA, A. C. A. A evolução da política ambiental no Brasil do sec. XX. In: Revista de Ciências Políticas. nº 26, nov. – dez. 2005. 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