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Pontos Oral DPE-SP - penal

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Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
PONTOS – PROVA ORAL – DPE/SP – DIREITO PENAL 
 
1 
Direito Penal: conceito, fontes, objetivos. Direito penal e poder punitivo. 
Princípios penais. 
Genealogia do pensamento penal. As escolas penais. Evolução histórica do 
Direito Penal. Modernas tendências do pensamento penal. 
História do processo de criminalização no Brasil. 
Luis Gustavo 
 
2 
As escolas criminológicas. Sistema penal e controle social. Processo de 
criminalização. 
Vitimologia e vitimização. 
Polícia e Sistema Penal. 
O sistema penal brasileiro. Política criminal e penitenciária no Brasil. O 
encarceramento no Brasil: dados e perspectivas. 
Prisão: prisionização e relações de poder penitenciárias. 
Mídia e sistema penal. 
Análises criminológicas concretas. 
Modernas tendências do pensamento criminológico e de política criminal. 
Leonardo de 
Paula 
3 
Constituição e Direito Penal. O Direito Penal e o Estado Democrático de 
Direito. 
Direito Penal e Direitos Humanos. Direitos humanos e processo de 
criminalização. 
Aplicação e interpretação da lei penal. 
Letícia 
4 
Teoria do delito: evolução histórica, elementos do crime. 
Bem jurídico-penal. 
Modernas tendências da teoria do delito. 
Cristina 
5 
Tipicidade: tipo penal, conduta (ação e omissão), nexo de causalidade, 
resultado. 
Imputação objetiva. 
Dolo. 
Culpa. 
Mariana 
6 Ilicitude: conceito. O injusto penal. Roberto 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
Direito Penal e moral. 
Excludentes da ilicitude. 
7 
Culpabilidade: conceito, evolução histórica, estrutura. 
Princípio da culpabilidade. 
Culpabilidade e liberdade. 
Culpabilidade e periculosidade. 
Culpabilidade e vulnerabilidade. 
Direito Penal do fato e Direito Penal do autor. 
Imputabilidade. 
Inexigibilidade de conduta diversa. 
Excludentes da culpabilidade. 
Lucas 
8 
Iter criminis. 
Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 
Arrependimento posterior. 
Crime impossível. 
Mariela 
9 Erro no Direito Penal. Concurso de crimes. Ana Carolina 
10 Concurso de agentes. Bel 
11 
Punibilidade. Extinção da punibilidade. 
Reabilitação. 
Danilo 
12 
Pena: evolução histórica, espécies, aplicação. 
Teorias da pena. Modernas tendências das teorias da pena. 
Circunstâncias Judiciais. Agravantes e Atenuantes. Causas de Aumento e 
de Diminuição. Cálculo da Pena. 
Suspensão condicional da pena. 
Camila 
13 
Execução penal: evolução histórica, crise e alternativas. 
Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84). 
Regras mínimas para o tratamento de pessoas presas: plano 
nacional e internacional de proteção. 
Indulto e comutação (Decreto 8.380/14). 
Gisela 
14 
Direito Penal e saúde mental. 
Medidas de segurança: evolução histórica, conceito, espécies, execução. 
Érica 
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Lei nº 10.216/01. Reforma psiquiátrica. 
A antipsiquiatria. 
15 Crimes contra a pessoa. Gabriel Kenji 
16 
Crimes contra o patrimônio. 
Crimes contra a propriedade imaterial. 
Maria Camila 
17 
Crimes contra a dignidade sexual. 
Crimes contra a paz pública. 
Bruno 
Zogaibe 
18 
Crimes contra a fé pública. 
Crimes contra a administração pública. 
Leonardo 
Lima 
19 
Crime organizado (Lei nº 12.850/13). 
Abuso de autoridade (Lei nº 4.898/65), 
Bruna 
20 Violência doméstica (Lei nº 11.340/06), Thomaz 
21 
Crimes de trânsito (Lei nº 9.503/97), 
Estatuto do desarmamento (Lei nº 10.826/03 e Decreto nº 5.123/04), 
Gabriela 
22 Crimes ambientais (Lei nº 9.605/98), Eduardo 
23 
Crimes hediondos (Lei nº 8.072/90), 
Lei de tortura (Lei nº 9.455/97), 
Bruno 
Pacheco 
24 Lei de drogas (Lei nº 11.343/06), 
Fabrício de 
Vecchi 
25 
Crimes contra o consumidor (Lei nº 8.078/90), 
Crimes contra a ordem tributária (Leis nºs 8.137/90, 9249/95, 9.430/96 e 
10.684/03), 
Lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/98), 
Ana Beatriz 
 
26 
Crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor (Lei nº 7.716/89), 
Estatuto do idoso (Lei nº 10.741/03), 
Crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8069/90), 
Pedro 
Magalhães 
27 Lei das contravenções penais (Decreto-Lei nº 3688/41). Vanessa 
 
O que ficou de fora: 
i. crimes contra a organização do trabalho, 
ii. crimes contra o sentimento religioso e o respeito aos mortos, 
iii. crimes contra a família, 
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iv. crimes contra a incolumidade pública, 
v. crimes falenciais, 
vi. crimes contra a economia popular, 
vii. crimes de licitação, 
viii. crimes contra o parcelamento do solo urbano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
PONTO 1 ....................................................................................................................... 7 
PONTO 2 ..................................................................................................................... 26 
PONTO 3 ..................................................................................................................... 59 
PONTO 4 ..................................................................................................................... 79 
PONTO 5 ..................................................................................................................... 92 
PONTO 6 ..................................................................................................................... 99 
PONTO 7 ................................................................................................................... 102 
PONTO 8 ................................................................................................................... 112 
PONTO 9 ................................................................................................................... 118 
PONTO 10 ................................................................................................................. 134 
PONTO 11 ................................................................................................................. 141 
PONTO 12 ................................................................................................................. 149 
PONTO 13 ................................................................................................................. 176 
PONTO 14 ................................................................................................................. 200 
PONTO 15 ................................................................................................................. 216 
PONTO 16 ................................................................................................................. 222 
PONTO 17 ................................................................................................................. 232 
PONTO 18 ................................................................................................................. 245 
PONTO 19 ................................................................................................................. 259 
PONTO 20 ................................................................................................................. 288 
PONTO 21 ................................................................................................................. 296 
PONTO 22 ................................................................................................................. 313 
PONTO 23 ................................................................................................................. 322 
PONTO 24 ................................................................................................................. 330 
 Material doado e disponibilizadono drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
PONTO 25 ................................................................................................................. 341 
PONTO 26 ................................................................................................................. 353 
PONTO 27 ................................................................................................................. 362 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
PONTO 1 
Direito Penal: conceito, fontes, objetivos. Direito penal e poder punitivo. 
Princípios penais. 
Genealogia do pensamento penal. As escolas penais. Evolução histórica do 
Direito Penal. Modernas tendências do pensamento penal. 
História do processo de criminalização no Brasil. 
 
1. Qual o conceito de Direito Penal? 
Para Paulo Queiroz, o direito penal é “a parte do ordenamento jurídico que define 
as infrações penais (crimes e contravenções), comina as respectivas sanções (penas e 
medidas de segurança), estabelece os princípios-garantias que limitam o poder punitivo 
e prevê os pressupostos de punibilidade”. 
Queiroz, citando García-Pablos, também traz o conceito sob enfoque dinâmico e 
sociológico, segundo o qual o direito penal “é um dos instrumentos do controle social 
formal por meio do qual o Estado, mediante determinado sistema normativo (as leis 
penais), castiga com sanções negativas de particular gravidade (penas e outras 
consequências afins) as condutas desviadas mais nocivas para a convivência, 
assegurando desse modo a necessária disciplina social e a correta socialização dos 
membros do grupo”. 
Por fim, sob uma perspectiva crítica, afirma Queiroz que “formal e materialmente, o 
direito penal é ele mesmo uma forma de violência (prisões, penas, medidas de 
segurança, legítima defesa) que se pressupõe justa e necessária relativamente às 
violências que regula e combate (os crimes), de modo que o direito penal é violência – 
nem sempre legítima – a serviço do controle da violência – nem sempre ilegítima. O 
direito penal é uma espada de duplo fio, pois é lesão de bens jurídicos para proteção 
de bens jurídicos (Franz von Liszt)”. 
 
2. Quais são as fontes do Direito Penal? 
Fontes materiais, substanciais ou de produção 
Fonte material é a fonte de produção da norma, é o órgão constitucionalmente 
encarregado da criaçãodo Direito Penal.Por previsão constitucional, a fonte material do 
Direito Penal é a União. É este oórgão que, em regra, pode produzir normais penais 
(art. 22, I, CF/88). 
Não obstante, a própria CF prevê uma exceção, disciplinando a possibilidadedos 
Estados-membros legislarem sobre questões específicas de direito penal, desdeque 
autorizados por lei complementar (art. 22, parágrafo único, CF/88). 
Fontes formais, de conhecimento ou de cognição 
Trata-se do instrumento de exteriorização do Direito Penal, ou seja, do modo como 
as regras são reveladas. As fontes formais são tradicionalmente classificadas em: 
a) Fonte formal imediata: a lei é a única fonte formal imediata do direito penal, 
pois somente ela pode criar crimes e cominar penas.Enseja a produção da norma e 
torna obrigatório o seu cumprimento. 
b) Fontes formais mediatas ou secundárias: abrangem os costumese os 
princípios gerais do Direito.Flávio Monteiro de Barros e Luiz Vicente Cernichiaro 
incluem também os atos administrativos, observando ser comum a sua utilização nas 
chamadas normas penais em branco, servindo de complemento da conduta 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
criminosa(ex: art. 33 da Lei n º 11.343/06 e o complemento para definir que 
substânciaspodem ser definidas como drogas). 
Modernamente, há entendimentos no sentido de que também podem ser 
consideradas fontes formais do Direito Penal: 
Constituição Federal: “A Constituição de 1988 contém um significativo elenco de 
normas que, em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a 
criminalização de condutas (CF, art. 5°, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7°, X; art. 227, § 4°). 
Em todas essas normas é possível identificar um mandado de criminalização 
expresso, tendo em vista os bens e valores envolvidos." (STF - Segunda Turma - HC 
104410 - Rel. Min. Gilmar Mendes - DJe 27/03/2012). 
Há entendimentos também no sentido de que a doutrina, a jurisprudência e os 
tratados internacionais seriam também fontes formais mediatas do Direito Penal. 
Contudo, deve-se ressaltar que a doutrina, por mais abalizada que seja, é na 
verdade um estudo científico, não se revestindo de obrigatoriedade. Já a jurisprudência 
revela o entendimento dos tribunais, servindo como vetor ao aplicador do Direito. Não 
tem natureza cogente, salvo quando representativa de súmula vinculante oriunda do 
Supremo Tribunal Federal, conforme previsto no art. 103-A da Constituição Federal. 
Por fim, os tratados internacionais, ainda que deles o Brasil seja signatário, 
precisam obedecer a procedimento complexo para ingressarem no ordenamento 
jurídico. Só depois de cumpridas as fases perante os Poderes Legislativo e Executivo é 
que terão força de lei ordinária ou de emenda constitucional, dependendo da matéria 
que seja seu objeto e de seu quorum de aprovação (CF, art. 5.º, § 3.º). De qualquer 
maneira, os tratados e convenções não são instrumentoshábeis à criação de crimes ou 
cominação de penas para o direito interno (apenas parao direito internacional). Antes 
do advento das Leis 12.694/12 e 12.850/13 (quedefiniram, sucessivamente, 
organização criminosa), o STF manifestou-se pela inadmissibilidadeda utilização do 
conceito de organização criminosa dado pela Convenção dePalermo, trancando a ação 
penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade daconduta (HC n° 96007). 
 
3. Quais os objetivos do Direito Penal? 
a) Objetivo declarado: Direito Penal como proteção de bens jurídicos 
Tradicionalmente se aponta que o Direito Penal tem como objetivo a proteção de 
bens jurídicos, isto é, valores ou interesses reconhecidos pelo Direito como 
imprescindíveis à satisfação do indivíduo ou da sociedade. 
Apenas os interesses mais relevantes são erigidos à categoria de bens jurídicos 
penais, em face do caráter fragmentário e da subsidiariedade do Direito Penal. O 
legislador seleciona, em um Estado Democrático de Direito, os bens especialmente 
relevantes para a vida social e, por isso mesmo, merecedores da tutela penal. A noção 
de bem jurídico implica a realização de um juízo positivo de valoracerca de 
determinado objeto ou situação social e de sua importância para o desenvolvimento do 
ser humano. E, para coibir e reprimir as condutas lesivas ou perigosas a bens jurídicos 
fundamentais, a lei penal se utiliza de rigorosas formas de reação, quais sejam, penas 
e medidas de segurança [texto base: Luiz Regis Prado, Curso de Direito Penal 
Brasileiro]. 
Nesse sentido, a proteção de bens jurídicos é a missão 
precípua, que fundamenta e confere legitimidade ao Direito Penal. O Superior 
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Tribunal de Justiça já entendeu que “o respeito aos bens jurídicos protegidos pela 
norma penal é, primariamente, interesse de toda a coletividade, sendo manifesta a 
legitimidade do Poder do Estado para a imposição da resposta penal, cuja efetividade 
atende a uma necessidade social”. 
Contudo, desde uma perspectiva crítica, Juarez Cirino dos Santos observa que, 
nas sociedades contemporâneas, a proteção de bens jurídicos é apenas o objetivo 
declarado do Direito Penal, que oculta o seu objetivo real, conforme a seguir exposto. 
b) Objetivo real:o Direito Penal como instrumento de controle social 
No discurso jurídico majoritário, por vezes se aponta que ao Direito Penal é 
também reservado o controle social ou a preservação da paz pública, compreendida 
como a ordem que deve existir em determinadacoletividade. Esse controle se dirigiria 
a todas as pessoas de modo uniforme. 
Contudo, Juarez Cirino dos Santos aponta que o objetivo realdo Direito Penal é 
proteger os interesses das classes dominantes, ou seja,reproduzir as relações 
sociais no sistema do direito. A pena seria então um eficiente meio de reação oficial 
contra as violações da ordem social, econômica e política institucionalizada, garantindo 
todos os sistemas e instituições particulares, bem como a existência e continuidade do 
próprio sistema social, como um todo. 
Os objetivos declarados do Direito Penal produzem uma aparência de neutralidade 
do sistema de justiça criminal (já que a fonte formal do Direito Penal – a lei penal - seria 
universal). Contudo, essa aparência de neutralidade é dissolvida pelo estudo das 
fontes materiais do ordenamento, enraizadas no modo de produção da vida material, 
que fundamentam os interesses, necessidades e valores das classes sociais 
dominantes. 
De qualquer forma, Cirino dos Santos pondera que o conceito de bem jurídico é 
ainda necessário como critério de criminalização no Estado Democrático de Direito, 
fundado no sistema capitalista, em que vivemos. Isso porque existe um núcleo duro de 
bens jurídicos individuais, como a vida, o corpo, a liberdade e a sexualidade humanas, 
que configuram a base de um Direito Penal mínimo e dependem de proteção penal, 
ainda uma resposta legítima para certos problemas sociais. A noção de bem jurídico 
também pode impedir a criminalização da “vontade do poder” ou de meras 
“expectativas normativas”, tal como pretende o funcionalismo sistêmico de Jakobs, que 
despreza o bem jurídico tanto como objeto de proteção quanto como critério de 
criminalização. 
Na atualidade, criminólogos críticos propõem reservar o conceito de bem jurídico 
para os direitos e garantias individuais do ser humano, excluindo a criminalização (a) 
da vontade do poder, (b) de papeis sistêmicos, (c) do risco abstrato, (d) ou dos 
interesses difusos característicos de complexos funcionais como a economia, a 
ecologia, o sistema tributário etc. Essa posição reafirma os princípios do Direito Penal 
do fato, como lesão do bem jurídico, e da culpabilidade, como limitação do poder de 
punir, excluindo a estabilização das expectativas normativas das concepções 
autoritárias do funcionalismo de Jakobs, por exemplo. Assim, consideradas todas as 
limitações e críticas, o conceito de bem jurídico, como critério de criminalização e como 
objeto de proteção, parece constituir garantia política irrenunciável do Direito Penal 
democrático, nas formações sociais estruturadas sobre a relação capital/trabalho 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
assalariado, em que se articulam as classes sociais fundamentais do neoliberalismo 
contemporâneo. 
c) Direito Penal como garantia frente ao poder punitivo 
O Direito Penal também tem objetivo de garantia, pois funciona como 
um escudo aos cidadãos, uma vez que só pode haver punição caso sejam praticados 
os fatos expressamente previstos em lei como infração penal. 
Para Zaffaroni, a função do Direito Penal, hoje e sempre, é conter o poder punitivo. 
O poder punitivo não é seletivo do poder jurídico, e sim um fato político, exercido pelas 
agências do poder punitivo, especialmente a polícia. Não estou falando da Polícia 
Federal ou da que está na rua e sim de todas as agências policiais, campanhas de 
inteligência, arquivos secretos, polícia financeira, enfim, agências executivas. Essas 
agências têm uma contenção jurídica que é o Direito Penal.O Judiciário é indispensável 
para essa contenção do poder punitivo. A contenção é feita pelos juízes. Sem limites, 
saímos do Estado de Direito e caímos em um Estado Policial. Fora de controle, as 
forças do poder punitivo praticam um massacre, um genocídio. O Direito Penal é 
indispensável à persistência do Estado de Direito, que não é feito uma vez e está 
pronto para sempre. Há uma luta permanente com o poder. O Estado de Polícia se 
confronta com o Estado de Direito no interior do próprio Estado de Direito. Estar perto 
do modelo ideal de Estado de Direito depende da força de contenção do Estado 
Policial. [cf. entrevista colhida em http://www.conjur.com.br/2009-jul-05/entrevista-
eugenio-raul-zaffaroni-ministro-argentino] 
d) Função simbólica do Direito Penal 
A função simbólica é inerente a todas as leis, não dizendo respeito somente às de 
cunho penal. Não produz efeitos externos, mas somente na mente dos governantes e 
dos cidadãos. 
Em relação aos primeiros, acarreta a sensação de terem feito algo para a proteção 
da paz pública. No tocante aos últimos, proporciona a falsa impressão de que o 
problema da criminalidade se encontra sob o controle das autoridades, buscando 
transmitir à opinião pública a impressão tranquilizadora de um legislador atento e 
decidido. 
Manifesta-se, comumente, no direito penal do terror, que se verifica com 
a inflação legislativa(Direito Penal de emergência), criando-se exageradamente 
figuras penais desnecessárias, ou então com o aumento desproporcional e injustificado 
das penas para os casos pontuais (hipertrofia do Direito Penal). 
O objetivo simbólico deve ser afastado, pois, em curto prazo, cumpre funções 
educativas e promocionais dos programas de governo, tarefa que não pode ser 
atribuída ao Direito Penal. Além disso, em longo prazo resulta na perda de credibilidade 
do ordenamento jurídico, bloqueando as suas funções instrumentais. 
Como pontuado por Ney Moura Teles: “querer combater a criminalidade com o 
Direito Penal é querer eliminar a infecção com analgésico”. 
 
4. Quais são os principais princípios penais? 
Inicialmente, é válido ressaltar que Paulo Queiroz afirma que todos os princípios 
penais possuem assento constitucional, uma vez que, ainda que implícitos, decorrem 
da lógica do sistema de valores que a Constituição consagra (ex: princípios da 
proporcionalidade e da lesividade). 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
O Defensor Público Gustavo Junqueira considera que os princípios do Direito Penal 
podem ser classificados da seguinte forma: 
a) princípio relativo à forma de incriminação: (i) princípio da legalidade. 
b) princípios relativos ao conteúdo da incriminação: (i) princípio da exclusiva proteção 
a bens jurídicos; (ii) princípio da alteridade; (iii) princípio da fragmentariedade; (iv) 
princípio da intervenção mínima ou subsidiariedade; (v) princípio da lesividade ou 
ofensividade; (vi) princípio da insignificância; (vii) princípio da adequação social. 
c) princípios relacionados à imputação: (i) princípio da culpabilidade; (ii) princípio da 
personalidade. 
d) princípios relacionados à pena: (i) princípio da humanidade; (ii) princípio da 
individualização; (iii) princípio da pessoalidade; (iv) princípio da proporcionalidade. 
 
5. O princípio da legalidade está expresso na Constituição e na legislação? Qual 
sua origem histórica e suas funções? 
 O princípio da legalidade está expresso no artigo 5º, XXXIX da Constituição 
Federal e no artigo 1º do CP (“não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena 
sem prévia cominação legal”). 
 Podem ser apontados como antecedentes históricos do princípio da legalidade a 
Magna Carta de 1215 e o “Bill of Rights” de 1689. O Iluminismo trouxe a ideia de 
contenção do arbítrio judicial e a submissão do juiz à lei. A obra “Dos delitos e das 
Penas” do marquês de Beccaria foi importante marco na consolidação do princípio. 
Atribui-se a Feuerbach a sistematização do princípio da legalidade segundo a fórmula 
latina “nulla poena sine lege, nullum crimen sine lege”. 
 Quanto às suas funções, o princípio da legalidade tem duasfunções políticas: 
de garantia, protegendo o cidadão contra a violência estatal, e constitutiva, 
constituindo a pena legal para além de excluir as ilegais. Aponta-se ainda umafunção 
jurídica que seria a prevenção geral dos delitos, já que, ao delimitar o que é proibidopor meio da definição de condutas, comunica-se ao destinatário da norma seu espaço 
de atuação dentro do tecido social, orientando condutas. 
 
6. Quais osaspectos do princípio da legalidade? 
Para que se dê eficácia à legalidade e ela atinja seus objetivos, o princípio é 
desdobrado em quatro princípios: 
(i) Irretroatividade (“lege praevia”): nova lei mais severa não pode atingir fatos 
anteriores à sua vigência. Em caso de “abolitio criminis” ou “lex mitior” admite-se a 
retroatividade. 
(ii) Reserva legal (“lege scripta”): somente lei escrita pode definir crimes e penas. 
(iii) Proibição da analogia in malam partem (“lege stricta”): é proibido o emprego de 
analogia para ampliar os limites do direito penal positivado. 
(iv) Taxatividade (“lege certa”): proibição de incriminações vagas e indeterminadas, 
tipos que não sejam claros ou precisos. 
 
7. A norma penal em branco é compatível com o princípio da legalidade e com a 
taxatividade? 
Para a corrente dominante, as normas penais em branco, ainda que heterogêneas, 
são compatíveis com o princípio da legalidade. Isso porque sempre haveria uma “lei 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
anterior” que disciplina e completa aquela norma penal em branco, mesmo que seja de 
espécie e hierarquia diferenciadas. 
Contudo, pode-se sustentar a inconstitucionalidade da norma penal em branco 
heterogênea, já que tal norma surge tão difusa e imprecisa que obriga a intrincadas 
averiguações para positivar-se a existência ou não do crime. 
 
8. É possível edição de medida provisória sobre matéria penal? 
 Somente a lei em sentido estrito (lei ordinária) pode criar tipos penais proibindo 
condutas sob ameaça de pena.O art. 62, § 1º, “b”, da CF veda expressamente a edição 
de medidas provisórias sobre direito penal. No entanto, o STF admite Medida 
Provisória não incriminadora (alterações benéficas ao réu no Estatuto do 
Desarmamento via MP). 
 
9. Qual a finalidade do princípio da exclusiva proteção a bens jurídicos? 
Em um Estado Democrático de Direito, que tem como fundamento o pluralismo, o 
Direito Penal não detém legitimidade para tutelar valores puramente morais, religiosos 
ou ideológicos. Apenas condutas socialmente intoleráveis devem submeter-se a 
controle penal. 
 
10. O artigo 28 da Lei n. 11.343/06 subsiste se confrontado aos princípios da 
alteridade e da lesividade, que regem o direito penal? 
O princípio da alteridade sustenta que apenas será objeto de tutela penal a 
conduta que extrapolar o âmbito interno do agente, atingindo interesse de outrem. A 
ação ou omissão que não lesa interesse juridicamente protegido de outro, mas tão 
somente de seu causador, não tem importância para o direito penal. Por essa razão 
não se pune a autolesão ou qualquer conduta que apenas lese o sujeito que a pratica. 
Em semelhante sentido, o princípio da lesividade ou ofensividade preconiza que 
não há crime sem que haja lesão ou perigo de lesão a um bem jurídico determinado. 
Ataques desprovidos de qualquer idoneidade lesiva, mesmo que dirigidos a 
importantes bens jurídicos, quedam subtraídos da esfera de tutela penal. 
Assim sendo, decorrem algumas importantes consequências: (i) não pode ser 
incriminada a mera atitude interna, como ideias, convicções, desejos, aspirações e 
sentimentos; (ii) é vedada a incriminação de simples estados ou condições 
existenciais, pois não é dado ao Direito Penal moldar a personalidade, mas apenas 
impedir que tal se manifeste em condutas lesivas. Não se pode punir alguém pelo que 
é ou pela sua periculosidade, mas tão somente pelo que faz. (iii) é vedada a 
incriminação de atitudes exteriorizadas que não ponham sequer em risco 
qualquer bem jurídico relevante. 
Assim sendo, revela-se inconstitucional o tipo do artigo 28 da Lei n. 11.343/06, por 
não haver ofensa a bem jurídico de outrem e por sua escassa idoneidade lesiva. 
Deve-se ressaltar que o tema está sob análise do Supremo Tribunal Federal. O RE 
nº 635.659-SP foi interposto pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo 
contra a decisão do Tribunal de Justiça paulista, que manteve a condenação do réu 
Francisco Benedito de Souza acusado em primeira instância pelo porte de 3 gramas de 
maconha encontrados em sua cela, quando estava preso no Centro de Detenção 
Provisória de Diadema, no ano de 2009. O Recurso chegou ao STF em 2011 e entrou 
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na pauta de julgamentos do plenário no último 19 de agosto. O Ministro Relator Gilmar 
Mendes e os Ministros Luiz Edson Fachin e Luís Roberto Barroso, que já votaram, 
julgaram o dispositivo legal como inconstitucional. Em 10/09/2015, o Ministro Teori 
Zavascki pediu vistas dos autos do recurso, suspendendo o julgamento por tempo 
indeterminado. 
 
11. Que se entende por fragmentariedade e subsidiariedade? 
Por fragmentariedade se entende que o Direito Penal não protege qualquer lesão a 
bem jurídico, mas tão somente as lesõesmais graves aos bens jurídicos mais 
relevantes. O poder punitivo apenas se ocupa de parte da totalidade de bens jurídicos 
protegidos pela ordem jurídica. 
Já a subsidiariedade é o princípio de política criminal que identifica o Direito Penal 
como “ultima ratio” no conjunto do ordenamento jurídico. Isso porque a pena e a 
medida de segurança não são os únicos meios dos quais dispõe a sociedade para a 
proteção de seus bens. Roxin entende que a subsidiariedade decorre da 
proporcionalidade e do próprio Estado de Direito. Já Regis Prado pontua que o uso 
excessivo da sanção criminal não garante uma maior proteção a bens jurídicos, mas, 
ao contrário, condena o sistema penal a uma função meramente simbólica e negativa. 
Por fim, é válido salientar que diversos autores classificam a fragmentariedade e 
subsidiariedade como decorrentes do princípio da intervenção mínima. Já Gustavo 
Junqueira identifica subsidiariedade a intervenção mínima (limitação do poder punitivo 
estatal em face de outros ramos do direito), analisando a fragmentariedade (limitação 
do poder punitivo em face de outros bens jurídicos) em separado. 
 
12. O que é o princípio da insignificância e quais são suas origens e requisitos? 
É possível o reconhecimento da insignificância em crimes contra o patrimônio 
cometidos com violência ou grave ameaça? Quanto ao porte de drogas para 
consumo próprio? Quanto a crimes ambientais? Quanto a atos infracionais? 
Ainda que se concretize, em algum grau, lesão a um bem jurídico penal, tal 
circunstância não basta para que seja legítima a incriminação da conduta. Entende-se 
o princípio da insignificância ou bagatela como um instrumento de interpretação 
restritiva que exclui a faceta material da tipicidade penal, tornando-se possível 
alcançar, pela via judicial e sem macular a segurança jurídica do pensamento 
sistemático, a proposição político-criminal da necessidade de descriminalização de 
condutas que, embora formalmente típicas, não atingem de forma relevante os bens 
jurídicos protegidos pelo Direito Penal. 
O princípio da insignificância remontaao Direito Romano e ao brocardo “minimis 
non curat praetor”, tendo sido reintroduzido no sistema penal por Claus Roxin, na 
Alemanha, no ano de 1964. 
No Brasil, o princípio da insignificância é reconhecido desde o final da década de 
1980 pela jurisprudência do STF. Contudo, foi somente em 2004 que o STF firmou o 
entendimento de que para a aplicação do princípio são necessários os seguintes 
requisitos: (i) mínima ofensividade da conduta do paciente; (ii) ausência de 
periculosidade social da ação; (iii) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do 
comportamento; (iv) inexpressividade da lesão jurídica provocada. 
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Majoritariamente não se admite a incidência da bagatela quanto a crimes contra o 
patrimônio com violência ou grave ameaça, sendo este o entendimento do STJ e 
STF. No entanto, pode-se sustentar quea ausência absoluta de lesão ou ameaça 
patrimonial é incompatível com a ocorrência de crime contra o patrimônio. Dessa 
forma, afastada a norma principal, restaria a possibilidade de punição fundada nas 
normas subsidiárias (lesões corporais e constrangimento ilegal, por exemplo). 
Tese Institucional 88 DP/SP: Caso o bem subtraído seja insignificante, é 
possível a desclassificação do crime de roubo para o crime subsidiário. (V 
Encontro Estadual - 2012) 
Quanto ao porte de drogas para consumo pessoal, a questão é controvertida 
nos tribunais superiores. Já se analisou o tipo face ao princípio da lesividade e que a 
questão está pendente de julgamento no STF. Também é possível uma abordagem 
face ao princípio da insignificância. Nesse caso, observa-se que muitas vezes os 
tribunais negam a incidência da bagatela no caso em questão sob o argumento de que 
estaríamos diante de tipo de perigo abstrato em que a pequena quantidade seria 
inerente ao próprio tipo. Nesse sentido o STJ: 
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de 
droga paraconsumo pessoal (art. 28 da Lei n. 11.343/2006).Para a 
jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte de 
substânciaentorpecente para consumo próprio com base no princípio da 
insignificância, ainda que ínfimaa quantidade de droga apreendida.STJ. 6ª 
Turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 
20/5/2014 (Info 541). 
 Contudo, na verdade a pequena quantidade de droga não constitui elemento do 
tipo em questão, não havendo qualquer referência textual nesse sentido. Além disso, 
mesmo os crimes de perigo abstrato necessitam de alguma perigosidade concreta ou 
real, sob pena de afastarem-se por completo do escopo de proteção subsidiária de 
bens jurídicos. Por isso, é perfeitamente possível pensar-se em uma quantidade tão 
ínfima que não coloque sequer em risco a saúde pública. O STF tem precedente 
(isolado) nesse sentido, reconhecendo a insignificância em caso de ínfima quantidade 
de droga (HC 110.475, 1ª Turma, Rel. Min. Dias Toffoli,julgado em 14/02/2012). 
Por outro lado, tanto o STF quanto o STJ acolhem o princípio da insignificância 
quanto a crimes contra o meio ambiente e quanto a atos infracionais (o adolescente 
não pode receber tratamento mais gravoso que o adulto). 
 No tocante à jurisprudência do STF e do STJ acerca da aplicação do princípio 
da insignificância a casos concretos, é interessante destacar ainda os seguintes casos: 
i. aplica-se o princípio da insignificância ao “flanelinha”. Segundo o art. 1º da Lei 
6.242/75, o exercício da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos 
automotores (“flanelinha”) depende de registro na Delegacia Regional do Trabalho 
competente. Diante disso, caso a pessoa exerça a profissão de “flanelinha”, ela poderia 
ser denunciada pela prática do art. 47 da Lei de Contravenções Penais. Tanto o STF 
como o STJ entendem que se aplica à hipótese do flanelinha o princípio da 
insignificância. STF, 2ª Turma, HC 115046/MG, 2013 (Inf. 699). STJ, 5ª Turma, RHC 
36.280/MG, 2014 (Inf. 536); 
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ii. qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários? 
Para o STJ: 10 mil reais (art. 20 da Lei n.10.522/2002). Para o STF: 20 mil reais (art. 
1º, II, da Portaria MF n.75/2012). 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.406.356-PR, Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 
6/2/2014.STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1.402.207-PR, Min. Rel. Assusete Magalhães, 
julgado em 4/2/2014.STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 
04/02/2014.STF. 2ª Turma. HC 120620/RS e HC 121322/PR, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, julgados em 18/2/2014. Inf. 739. 
iii. via de regra, a jurisprudência do STF e do STJ entende que não é possível a 
aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que 
respondam a outros inquéritos ou ações penais. No entanto, o STF reconheceu a 
aplicação do princípio a um réu que praticou um furto de R$16,00, mesmo já tendo 
sido condenado por lesão corporal anteriormente. Entendeu-se que é possível aplicar o 
princípio da insignificância mesmo havendo essa condenação, porque a contumácia de 
infrações penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado pela norma 
penal (a exemplo da lesão corporal) não pode ser valorada como fator impeditivo à 
aplicação do princípio da insignificância. STF. 2ª Turma. HC 114723/MG, Rel. Min. 
Teori Zavascki, julgado em 26/8/2014 (Info 756). 
iv. Ainda mais recentemente, o Plenário do STF, ao analisar o tema do item anterior, 
afirmou que não é possível fixar uma regra geral (uma tese) sobre aaplicação do 
princípio em caso de reincidência e de furto qualificado. Entendeu o STF que a 
decisão sobre a incidência ou não do princípio da insignificância deve ser feita caso a 
caso. Apesar disso, na prática, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ 
negam a aplicação do princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já 
responda a outros inquéritos ou ações penais. De igual modo, nega o benefício em 
situações de furto qualificado. STF. Plenário.HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 
123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793). 
v. é possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio 
comunitária clandestina? 
1ª corrente (STF): SIM Segunda Turma. HC 115729/BA, rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, 18.12.2012. (Inf. 693). 
2ª corrente (STJ): NÃO AgRg no AREsp 108.176/BA, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 
Quinta Turma, julgado em 28/08/2012) 
vi. não se aplica o princípio da insignificância aos crimes de contrabando de 
máquinas caça-níqueis ou de outros materiais relacionados com a exploração de 
jogos de azar STJ, Quinta Turma. REsp 1.212.946-RS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado 
em 4/12/2012 (Inf. 511); 
vii. o STJ não aplicou o princípio da insignificância para o réu que furtou uma máquina 
de cortar cerâmica avaliada em R$ 130,00 que a vítima utilizava usualmente para 
exercer seu trabalho e que foi recuperada somente alguns dias depois da consumação 
do crime. Vale ressaltar, ainda, que o agente respondia a vários processos por delitos 
contra o patrimônio. STJ. 6a Turma. HC 241.713-DF, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, 
julgado em 10/12/2013; 
viii. não é aplicável o princípio da insignificância em relação à conduta de importar 
gasolina sem autorização e sem o devido recolhimento de tributos. Isso porque 
essa conduta tem adequação típica ao crime de contrabando, ao qual não se admite 
 Material doado e disponibilizado no drive da @conquistando.atoga. Venda proibida. 
 
a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 
348.408-RR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 18/2/2014 (Inf. 536). 
ix. para se aplicar o princípio da insignificância aos crimes tributários envolvendo 
tributos estaduais ou municipais, é necessário que exista lei estadual ou 
municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de 
determinado valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Não é possível 
aplicar o patamar estabelecido no art. 20 da Lei10.522/2002, uma vez que essa lei 
trata de tributos que sejam da competência da União. STJ. 6ª Turma. HC 165.003-SP, 
Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/3/2014 (Inf. 540); 
Outros entendimentos do STF e do STJ: não se aplica o princípio da 
insignificância ao furto qualificado; aos crimes contra a fé pública, mais precisamente o 
de moeda falsa; em nenhuma forma de tráfico e em crimes praticado com violência. 
 
13. Quais as funções do princípio da adequação social? Tal princípio tem o 
condão de revogar tipos penais incriminadores? 
 A teoria da adequação social, concebida por Hans Welzel, significa que apesar 
de uma conduta se subsumir ao modelo legal, ela não será considerada típica se for 
socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social 
da vida historicamente condicionada.O desenvolvimento de ações praticadas com o 
oportuno dever de cuidado e que estejam completamente inseridas nos referenciais 
normativos da vida comunitária, que se configuraram historicamente, não realiza o tipo 
delitivo, ainda que afete bens jurídicos. Ficam também excluídas dos tipos penais as 
ações socialmente adequadas, ainda que formalmente típicas. 
 O princípio da adequação social possui uma dupla função: (i) restringir o 
âmbito de abrangência do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele excluindo 
as condutas consideradas socialmente adequadas e aceitas pela sociedade; (ii) dirigir-
se ao legislador em 2 vertentes (relação com o princípio da intervenção mínima): a) a 
primeira delas orienta o legislador quando da seleção das condutas que deseja 
proibir ou impor, com a finalidade de proteger os bens considerados mais 
importantes; b) a segunda destina-se a fazer com que o legislador repense os tipos 
penais e retire do ordenamento jurídico a proteção sobre aqueles bens cujas 
condutas já se adaptaram perfeitamente à evolução da sociedade 
(descriminalização). 
 Segundo Rogério Greco e posição que vem sendo adotada pelos tribunais 
superiores, embora sirva de norte para o legislador, que deverá ter a sensibilidade de 
distinguir as condutas consideradas socialmente adequadas daquelas que estão a 
merecer a reprimenda do Direito Penal, o princípio da adequação social, por si só, 
não tem o condão de revogar tipos penais incriminadores. 
E essa tem sido a orientação dos nossos tribunais superiores: (i) sobre a 
contravenção penal do jogo do bicho, o STJ entende que a tolerância ou a omissão 
de algumas autoridades em reprimir essa contravenção penal não tem o condão de ab-
rogar o derrogar a norma legal (REsp. 215153 / SP, 5ª Turma, 2001 e REsp. 23221/SP, 
6ª Turma, 1992); (ii) sobre a venda de produtos piratas, o STF indeferiu HC em que a 
DPE/SP requeria, com base no princípio da adequação social, a declaração de 
atipicidade da conduta imputada a condenado como incurso nas penas do art. 184, § 
2º, CP. A DPE sustentava que a referida conduta seria socialmente adequada, haja 
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vista que a coletividade não recriminaria o vendedor de CDs e DVDs reproduzidos sem 
a autorização do titular do direito autoral, mas, ao contrário, estimularia a sua prática 
em virtude dos altos preços desses produtos, insuscetíveis de serem adquiridos por 
grande parte da população. O STF, no entanto, asseverou que o fato de a sociedade 
tolerar a prática do delito em questão não implicaria dizer que o comportamento do 
agente ser considerado lícito (HC 98898/SP, 1ª Turma, 2010 – Inf. 583). Em 
semelhante sentido, em 2013 o STJ editou sua Súmula 502: “presentes a materialidade 
e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a 
conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas”. 
 
14. Quais são os aspectos do princípio da culpabilidade/da responsabilidade 
pessoal/da personalidade? Há hipóteses de responsabilidade objetiva previstas 
no ordenamento? 
Possível abordar os seguintes aspectos: 
(i) Repúdio à responsabilidade objetiva:só se justifica a punição quando o resultado 
lesivo ou perigoso ao bem jurídico resultar de dolo ou culpa. Contudo, apesar 
da proibição, nosso ordenamento contempla algumas hipóteses de 
responsabilidade objetiva, como no caso da a) rixa qualificada (punição do 
rixoso pelo resultado mais grave pelo simples fato de participação na 
disputa); b) da punição do agente que pratica conduta em estado de 
embriaguez voluntária ou culposa (“actio libera in causa”, 28 CP); c) da 
responsabilidade penal da pessoa jurídica. 
(ii) A punição deve estar condicionada à reprovação do sujeito que podia agir de 
outro modo mas não o fez: trata-se de aspecto analítico. 
(iii) Culpabilidade como fundamento e limite da pena, justificando a punição imposta 
e impedindo que esta seja além do referencial da própria culpabilidade. 
(iv) Proibição de responsabilização por fato de terceiro (princípio da personalidade): 
a pena não pode jamais transcender a pessoa que foi a autora ou partícipe 
do delito. Proibição de punição por fato alheio. 
 
15. O que significa o princípio da intranscendência, personalidade ou 
pessoalidade da pena? Em caso de morte do condenado poderá o valor da pena 
de multa a ele aplicada ser cobrada de seus herdeiros? 
 Trata-se do postulado segundo o qual a pena não pode ultrapassar da pessoa 
do condenado. Nunca se pode interpretar uma lei penal no sentido de que a pena 
transcenda da pessoa que é autora ou partícipe do delito. A pena é uma medida de 
caráter estritamente pessoal. 
 São desdobramentos desse princípio: (i) a obrigatoriedade da 
individualização da acusação, ficando proibida a denúncia genérica, vaga ou evasiva; 
(ii) obrigatoriedade da individualização da pena. 
 O art. 5º, XLV, da CF estabelece que “nenhuma pena passará da pessoa do 
condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de 
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o 
limite do valor do patrimônio transferido”. 
 No entanto, em caso de morte do condenado, não poderá o valor 
correspondente à pena de multa a ele aplicada ser cobrado de seus herdeiros, 
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uma vez que, mesmo considerada dívida de valor, a multa ainda é uma das 3 
modalidades de pena previstas pelo art. 32 do CP. 
 
16. Quais os desdobramentos do princípio da presunção de inocência ou não 
culpa? 
Prevista pelo art. 8.2 da Convenção Americana de Direitos Humanos e pelo art. 
5º, LXVII, da CF/88, o princípio da presunção de inocência ou não culpa estabelece 
que ninguém será considerado culpado até que haja decisão definitiva em sentido 
contrário. 
Como desdobramentos desse princípio temos: (i) qualquer restrição à liberdade 
do investigado ou acusado somente se admite após a condenação definitiva; (ii) 
cumpre à acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu e não a este 
comprovar a sua inocência; (iii) a condenação deve derivar da certeza do julgador (in 
dubio pro reo). 
 
17. Quais são as fases de aplicação do princípio da individualização da pena? 
Interpretando o texto constitucional (art. 5º, XLVI), podemos concluir que o 
primeiro momento da chamada individualização da pena ocorre com a seleção feita 
pelo legislador, quando escolhe para fazer parte do âmbito de abrangência do Direito 
Penal aquelas condutas, positivas ou negativas, que atacam os bens jurídicos mais 
importantes. Uma vez feita essa seleção, o legislador valora as condutas cominando-
lhes penas que variam de acordo com a importância do bem a ser tutelado. Essa fase é 
aquela na qual cabe ao legislador, com base em um critério político, valorar os bens 
que estão sendo objeto de proteção pelo Direito Penal. Nessa fase de cominação 
legislativa deve ser respeitada a proporcionalidade entre a gravidade do crime e a pena 
prevista. 
Em um segundo momento, temos a fase de aplicação da pena, em que o juiz, 
de acordo com o critério trifásico (circunstâncias judiciais, atenuantes e agravantes, 
causas de aumento e diminuição), aplica a pena ao caso concreto. 
Por fim, temos a fase de execução penal, que consiste na previsão de dar a 
cada apenado as oportunidades e os elementos necessários para lograr a sua 
reinserção social. (art. 1º da LEP). 
 
18. Quem são os destinatários do princípio da proporcionalidade? Disserte sobre 
proibição de excesso e proibição de proteção deficiente. 
O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação 
sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade 
do fato) e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da pena). 
Tem em consequência um duplo destinatário: (i) o poder legislativo (que tem 
que estabelecer penas proporcionais, em abstrato, à gravidade do delito); (ii)o juiz (as 
penas que os juízes impõem ao autor do delito têm de ser proporcionais à sua concreta 
gravidade). 
Uma das vertentes do princípio da proporcionalidade é a proibição do excesso, 
dirigida tanto ao legislador quanto ao julgador. Procura-se proteger o direito de 
liberdade dos cidadãos, evitando-se a punição desnecessária de comportamentos 
que não possuem a relevância exigida pelo Direito Penal, ou mesmo 
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comportamentos que são penalmente relevantes, mas que foram excessivamente 
valorados, fazendo com que o legislador cominasse, em abstrato, pena 
desproporcional à conduta praticada, lesiva a determinado bem jurídico. 
A outra vertente é a proibição da proteção insuficiente, que não admite que 
um direito fundamental seja deficientemente protegido, seja mediante a eliminação de 
figuras típicas, seja pela cominação de penas que ficam aquém da importância exigida 
pelo bem que se quer proteger. 
 
19. Quais são as penas proibidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, tendo em 
vista o princípio da humanidade das penas? 
A CF, visando a impedir qualquer tentativa de retrocesso quanto à cominação 
das penas levadas a efeito pelo legislador, estabelece em seu art. 5º, XLVII, a 
proibição das penas: (i) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do 
art. 84, XIX; (ii) de caráter perpétuo; (iii) de trabalhos forçados; (iv) de banimento; 
(v) cruéis. 
 
20. A imposição do trabalho como dever do preso pela LEP afronta a vedação de 
trabalhos forçados prevista na CF? 
Majoritariamente se entende que trabalho forçado é o trabalho realizado mediante 
castigo físico ou sob condição indigna e que trabalho obrigatório seria o dever do 
preso de trabalhar sob pena de falta grave. Argumenta-se que a Convenção 29 da OIT 
afasta da definição de trabalho forçado aquele imposto em virtude de condenação 
judiciária, tratando-se o trabalho forçado de todo aquele prestado em condições 
indignas, sob vara ou constrangimento físico. 
Pode-se sustentar, o que é minoritário, que mesmo o trabalho obrigatório da LEP é 
inconstitucional. Isso porque apenas benefícios poderiam ser excluídos daquele que 
não trabalha e não a imposição de punições ou falta grave. A aplicação dos castigos do 
artigo 50 da LEP equipararia a hipótese a trabalho forçado. 
 
21. O que são as Escolas Penais e quais seus antecedentes históricos? 
 Até o medievo o ilícito penal possuía uma dimensão fundamentalmente teológica 
e privada. O crime era antes de tudo um pecado e a justiça penal, influenciada pela 
confusão entre poder político e religioso, não encontrava limites, sendo o poder do 
soberano inapelável. 
 O movimento Iluminista, opondo-se às monarquias absolutas, vieram com as 
ideias de secularização, contratualismo, racionalismo, utilitarismo e legalismo. 
Essa ampla transformação pôs em marcha uma forte reação à arbitrariedade da justiça 
criminal do período anterior, a partir da qual se pretenderam traçar limites ao “jus 
puniendi”. 
 Com o movimento codificador, os princípios penais foram sistematizados e 
surgem as primeiras Escolas Penais, que são corpos de doutrina que visam a 
sistematizar a concepção sobre a legitimidade do direito de punir, a natureza do 
delito e as finalidades das sanções. 
 O movimento iluminista foi um importante antecedente, podendo-se citar que a 
obra de Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria) é considerada precursora da Escola 
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Clássica. Deve-se anotar que, para alguns autores, este autor já marca o início da 
própria Escola Clássica, não sendo propriamente um antecedente. 
 
22. Quais as principais características e desdobramentos da Escola Clássica? 
Embora a Escola Clássica tenha conteúdo em certa medida heterogêneo, seus 
representantes foram aglutinados para marcar a contraposição com o movimento 
posterior, do positivismo. 
A Escola Clássica de modo geral se caracteriza por sua índole filosófica; por seu 
sentido liberal;por seu método racionalista (dedução lógico-abstrata); pela 
concepção de imputabilidade baseada no livre-arbítrio e na culpabilidade moral; 
pela consideração da pena como um mal em retribuição à culpa moral. 
Pode-se mencionar Carrara como grande expoente da Escola Clássica italiana e 
Feuerbach como expoente da Escola Clássica alemã. 
 
23. Diferencie a Escola Clássica da Escola Positiva, especificando as 
características desta última. 
A Escola Clássica entende que o agente tem livre-arbítrio, que os homens são 
sensivelmente iguais e que o fator produtor do delito é a vontade do agente, não sendo 
dada importância a fatores biológicos, físicos ou sociais. O “homem delinquente” é um 
homem normal que teria optado pelo mal. 
Enquanto a Escola Clássica se centrava no estudo do delito, a Escola Positiva 
confere maior importância ao autor do delito do que ao crime propriamente dito. O 
individualismo da Escola Clássica cede lugar a uma análise com enfoque na defesa do 
corpo social contra o delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos 
individuais. Não se considera mais o crime em abstrato, mas, sim, em seu aspecto 
fenomênico, passando-se a analisar também o homem criminoso, o que conduz à 
formação das ciências criminológicas (com os métodos científico e positivista). 
São características da Escola Positivista: o uso do método experimental; a 
substituição do livre-arbítrio pelo determinismo; a consideração do delito como 
fenômeno natural e social produzido pelo homem (o delito é um fato natural, 
inerente ao homem, com fundo antropológico, físico ou social); visão da pena não 
como castigo, mas como meio de defesa social. 
 
24. Quais as principais fases da Escola Positiva e quais seus principais 
expoentes? 
Inicialmente pode-se apontar a fase antropológica, aqui representada pelo médico 
Cesare Lombroso. Lombroso partiu da ideia de um criminoso nato, acentuando as 
anomalias que um delinquente apresentaria, constituindo um tipo antropológico 
específico, originando-se a antropologia criminal. Para Lombroso, a constituição física 
de cada delinquente poderia identifica-lo, pois haveria uma disposição natural inata que 
o inclinaria para o crime. Identificava o criminoso como “um degenerado atávico de 
fundo epilético”, utilizando as seguintes análises: craniometria, antropometria, 
fisionomia, tatuagens etc. 
Houve também a fase sociológica, de Enrico Ferri. Ferri expandiu ao máximo o 
trinômio causal do delito: fatores antropológicos, sociais e físicos. Preponderam os 
fatores sociais. A razão e o fundamento da reação punitiva é a defesa social, que se 
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promove mais eficazmente pela prevenção do que pela repressão aos fatos criminosos. 
Delineia a ideia de periculosidade. 
Já Garofalo, expoente da fase jurídica, entende que o crime sempre está no 
indivíduo e que é a revelação de uma natureza degenerada, quaisquer que sejam as 
causas dessa degeneração, antigas ou recentes. Desenvolveu a ideia de 
temibilidade/periculosidade, que posteriormente sustentaria a sanção da medida de 
segurança. A temibilidade era a justificativa para a imposição do tratamento; unificava 
os fins de proteção social e tratamento, alcançando a eficácia com a obstrução de 
novos delitos. 
 
25. Há resquícios do pensamento positivista no atual ordenamento jurídico penal 
brasileiro? Cite exemplos. 
Sim, há diversos resquícios dos ideais positivistas no ordenamento. As ideias de 
periculosidade e a permanência do exame criminológicosão exemplos da 
persistência de um direito penal mais focado no autor do que no fato. A medida de 
segurança sem prazo máximo e a reincidência também são exemplos possíveis. 
 
26. Disserte sucintamente acerca das chamadas Terceiras Escolas (ecléticas, 
mistas ou ainda positivismo crítico), citando principais autores. 
(i) “Terza scuola” italiana: Carnevalee Alimena. Aceita o princípio da defesa 
social, mas não em seu sentido naturalista ou utilitário, tendo o Direito Penal como 
medida a justiça e como limite o mínimo de sofrimento individual dentro do máximo de 
defesa da sociedade. A visão de delito como fenômeno individual e social, bem como a 
negação do livre-arbítrio aproxima a escola dos positivistas; por outro lado, a distinção 
entre imputáveis e inimputáveis tem mais semelhança com a Escola Clássica. 
(ii)Escola Moderna alemã (ou Terceira Escola Alemã/Escola Sociológica 
Alemã). Liszt. Distinção entre imputáveis e inimputáveis; crime como fenômeno 
humano-social e fato jurídico; função finalística da pena mesmo sem perder seu caráter 
retributivo; eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta 
duração. 
(iii) Tecnicismo jurídico. Rocco. Eliminação de toda consideração de ordem 
filosófica; questões como o livre-arbítrio estão fora do Direito Penal. Forte positivismo 
jurídico. 
(iv) Correcionalismo. Röder (Alemanha); Dorado Montero (Espanha). A sanção 
penal é vista como um bem, um “remédio” apto a curar o delinquente, que é um 
indivíduo débil de corpo e espírito, devendo a administração da justiça visar ao 
saneamento social e o juiz ser visto como um médico social. 
(v) Nova defesa social. Marc Ancel. O Direito Penal deve ser substituído por um 
direito de defesa social, com o objetivo de adaptar o indivíduo à ordem social. Propõe-
se a substituição da responsabilidade penal, fundada no delito, pela antissociabilidade, 
fundada em direitos subjetivos do autor. 
 
27. Quais são as modernas tendências do pensamento penal? 
Destacam-se os movimentos de “Lei e Ordem”; “Direito Penal do Inimigo”; 
“Garantismo Penal”; “Abolicionismo Penal”; “Funcionalismo Redutor” (ou Direito Penal 
Redutor). 
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28. Quais os principais postulados das ideias aglutinadas na tendência de “lei e 
ordem”? 
Wilson e Kelling, bem como Dahrendorf, podem ser lembrados como expoentes 
deste movimento. Grosso modo, adeptos do movimento de “lei e ordem” defendem que 
(i) prevalece o interesse coletivo sobre o individual (democracia seria a supremacia do 
interesse da maioria, que deve prevalecer sobre a minoria; “a maioria honesta não 
pode permanecer refém da minoria desonesta” – Dahendorf); (ii) passado o pós-
guerra, não há mais razão para a exacerbação dos direitos humanos; (iii) deve haver 
aumento das forças de repressão e do poder interno das polícias; (iv)tolerância zero, 
devendo ser reprimidas com grande intensidade as pequenas infrações por motivos 
pragmáticos e comunicativos; (v) teoria das janelas quebradas de Wilson e Kelling, 
segundo os quais a sensação de segurança é essencial para a eficácia de uma política 
de contenção da criminalidade. A sensação de segurança é tão ou mais importante que 
a efetiva diminuição de crimes. Defesa de intervenção sobre ““““vagabundos, 
prostitutas, bêbados e outros indesejados”””””; (vi) penas alternativas fomentam a 
criminalidade. 
 
29. Quaisas velocidades do Direito Penal? 
Primeira Velocidade – Assegura a todos os critérios clássicos de imputação e os 
princípios penais e processuais penais tradicionais (ex. princípios da subsidiariedade e 
ofensividade, mas permite a aplicação da pena de prisão). 
Segunda Velocidade – Permite a flexibilização de garantias penais e processuais 
penais. Confere proteção a bens jurídicos supraindividuais, possibilitando a 
antecipação da tutela penal (tipificação de condutas presumivelmente perigosas – 
crimes de perigo presumido) e a criação de crimes de acumulação (a lesão ao bem 
jurídico pressupõe a soma de várias condutas praticadas individualmente). Porém, não 
admite a aplicação da pena de prisão, mas somente as penas restritivas de direitos e 
pecuniárias. 
Terceira Velocidade – Relativização de garantias criminais, regras de imputação e 
critérios processuais. Fase em que se configura o Direito Penal do Inimigo. 
Quarta Velocidade (neopunitivismo) – Modelo de sistema penal utilizado pelo 
Tribunal Penal Internacional, com restrição e supressão de garantias penais e 
processuais penais de réus que no passado ostentaram função de chefes de estado e, 
como tal, violaram gravemente tratados internacionais que tutelam direitos humanos. 
 
30. Critique o Direito Penal do Inimigo (dissertação do Patrick ajuda :p). 
Algumas críticas possíveis são: (i) a aleatoriedade na escolha do inimigo, a partir 
do paradigma do opressor, que no caso do Brasil deixa a certeza sobre quem seria o 
inimigo, a cor de sua pele, sua origem, seu nível educacional, sua renda etc; (ii) a 
universalidade dos direitos humanos é absolutamente incompatível com a 
discriminação entre cidadãos e inimigos; (iii) trata-se de consagração do 
antidemocrático direito penal do autor, típico de regimes totalitários; (iv) não se trata de 
um verdadeiro direito penal, visto que se afasta de suas características essenciais, 
impondo-se como uma mera manifestação de poder. 
 
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31. Quais os axiomas do garantismo de Ferrajoli? 
O garantismo resgata uma série de premissas clássicas e iluministas, com novo 
enfoque. Para Ferrajoli, o garantismo é um modelo normativo de direito que pretende 
minimizar a violência estatal e maximizar a liberdade individual. A violência estatal 
sobre o cidadão só se legitima quando é capaz de diminuir a violência social. Para isso 
desenvolveu 10 axiomas: 1) não há pena sem crime;2) não há crime sem lei;3) não há 
lei penal sem necessidade;4) não há necessidade sem lesão [lesividade, 
ofensividade];5) não há lesão sem conduta;6) não há conduta [relevante penal] sem 
culpa;7) não há culpa sem processo/jurisdição;8) não há processo sem acusação;9) 
não há acusação sem prova [princípio do ônus da prova];10) não há prova sem defesa. 
Críticos à direita criticam o garantismo pela falta de rigor no combate ao crime e 
críticos à esquerda afirmam que Ferrajoli parte da premissa de uma sociedade de 
consenso e que sua teoria não corresponde à realidade social. 
 
32. Disserte brevemente sobre o abolicionismo penal. 
Louk Hulsman pode ser apontado como expoente do abolicionismo penal. Parte da 
ideia de que o direito penal deve ser abolido, pois não se justifica a partir de uma 
perspectiva racional e humanista. O direito penal serve a propósitos ilegítimos, além de 
ser seletivo, discriminatório, estigmatizante e criminógeno. Se se outorgasse às 
pessoas maior liberdade para a solução de seus conflitos, seria muito provável que as 
demais soluções aflorassem, com maior legitimidade racional e eficácia social. Por 
outro lado, é impossível tentar qualquer controle racional da criminalidade, pois a cifra 
negra impede a percepção da realidade. 
Há críticas ao abolicionismo no sentido de que poderia haver risco de opressão 
estatal sem as garantias penais. Para Zaffaroni, mesmo com o abolicionismo a 
opressão do poderoso contra o vulnerável que ora se serve do direito penal vai 
continuar, mas sem as garantias históricas do direito penal. Assim, em homenagem a 
tais garantias, o direito penal não pode ser abolido, mas sim transformado. 
 
33. Delineie as principais fases da evolução epistemológico-histórica do Direito 
Penal. 
(i) Positivismo: data do final do século XIX. É marcado pelo ideal de rejeitar toda 
imposição metafísica do mundo da ciência (negativismo) e de restringi-la, de modo 
rigoroso, aos fatos e às suas leis, empiricamente considerados. Visa a reduzir as 
ciências da cultura ao modelo das ciências naturais. A ciência tem como característica 
fundamental sua avaloratividade, sendo a única atividade científica admissível aquela 
fundada na experiência apreendida através do método causal-explicativo. 
(ii) Neokantismo: é uma corrente filosófica que aparece como superação do 
positivismo e não necessariamente sua negação. Aqui, o Direito é concebido como 
uma realidadecultural, referida a valores. E é justamente a referência a valores que 
marca a diferença entre as ciências naturais (método ontológico) e as ciências jurídicas 
(método axiológico). 
(iii) Finalismo: Refuta o positivismo formalista e o realismo axiológico, substituindo-
os por uma consideração ontológica dos problemas. O conceito é determinado pelas 
estruturas lógico-objetivas (imanentes à realidade) do objeto cognoscível. Essas 
estruturas pertencem ao mundo do ser, mas já contêm em si uma dimensão de sentido, 
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com a qual condicionam toda valoração que sobre elas possa recair. Vinculam o 
legislador e a ciência, de forma que toda e qualquer valoração jurídica está limitada ou 
condicionada a determinada estrutura lógico-objetiva, isto é, às qualidades ontológicas 
do objeto valorado. Mas essa vinculação é relativa, pois é o legislador, guiado por suas 
representações valorativas, quem determina qual aspecto da realidade pré-jurídica 
deseja tomar como fundamento de sua regulação. 
(iv) Funcionalismo teleológico-racional: busca inserir nas categorias dogmático-
penais, em particular no conceito de delito, elementos político-criminais. Define-se o 
sistema penal com base em critérios teleológicos decorrentes de decisões político-
criminais. 
(v) Funcionalismo sistêmico: Insiste em uma renormativização penal, deixando o 
legislador absolutamente livre, sem vinculação a nenhuma estrutura pré-jurídica, para 
considerara apenas, na seleção de condutas objeto de criminalização, o aspecto social, 
com o objetivo de influir na estrutura da sociedade através da sanção criminal (fins da 
pena). O delito é considerado como ato comunicativo transgressor da norma penal. 
(vi) Funcionalismo redutor (Zaffaroni): Todos os modelos partem de uma sociedade 
de consenso e por isso se legitimam no “bem comum”, nos “valores fundamentais”, 
“bens jurídicos vitais”. A premissa é falsa. Deve ser adotada como premissa base a 
sociedade de conflito e, assim, a pena não tem uma função legítima, devendo ser 
compreendida como instrumento de opressão dos donos do poder contra os 
vulneráveis. Todas as estruturas do Direito Penal devem ser compreendidas de forma a 
restringir ou impedir a imposição da pena. Assim, para Zaffaroni, “o Direito Penal deve 
ser um dique para salvaguardar o Estado de Direito diante de um inevitável Estado de 
Polícia imposto pelos poderosos. Juízes não exercem o poder punitivo, mas sim as 
agências executivas. O poder que os juízes dispõem é o de contenção, pois sem tal 
contenção o poder punitivo ficaria liberado ao puro impulso da opressão penal”. A 
máxima efetividade redutora traz a edificação de uma política criminal epicentrada no 
juiz de despenalização parcial por meios interpretativos. A operação penal deve ainda 
exercer um papel contra-seletivo ilustrado na culpabilidade por vulnerabilidade. 
 
34. Discorra sobre a evolução do Direito Penal no Brasil ao longo da colônia, 
império e república. 
No Brasil pré-português, não havia uniformidade nas formas de reação contra as 
condutas consideradas ofensivas. Havia uma pluralidade de sociedades indígenas, 
com sistemática de “vingança privada”. Com o domínio português, vigeram as 
Ordenações Afonsinas e Manuelinas. As Ordenações Filipinas de 1603 se orientavam 
no sentido de uma ampla e generalizada criminalização e severas punições. 
Já durante a fase imperial, foi sancionado o Código Criminal do Império de 1830, 
primeiro código autônomo da América Latina. Tal código foi original ao estabelecer pela 
primeira vez o sistema de dias-multa e previu pontos importantes, como o princípio da 
legalidade, as regras sobre tentativa, elemento subjetivo, autoria e participação, casos 
de inimputabilidade, causas de justificação, agravantes e atenuantes. O Código 
Imperial apresenta um texto retributivo, ou seja, marcado pelo pensamento 
contratualista de seu tempo, ainda que apresentasse ideias de Bentham. Seu sistema 
de "penas fixas", tabuladas quase que matematicamente, constitui herança do 
pensamento francês da Revolução. O código contemplava a pena de morte. O sentido 
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liberal do código foi neutralizado, numa certa medida, através de leis processuais, 
como a que cuidava do julgamento dos escravos que tivessem atentado contra a vida e 
segurança de seu senhor ou de suas famílias. Esta lei manteve-se em vigor até 1886. 
Outra lei, esta de maior duração, foi a 1841, que criou o inquérito policial. 
No período republicano, o Código Penal de 1890 foi criticado por graves defeitos 
de técnica e por estar atrasado em relação à ciência de seu tempo. Não obstante as 
críticas, o primeiro códigopenal republicano possuía um texto liberal, clássico, que 
simplificou o sistemade penas do Código anterior, ponto que, para seu tempo, 
significou um sensívelavanço sobre o texto do código imperial. É obvio que a República 
nasceu sob o signo ideológico do positivismo, e oCódigo de 1890 não correspondia a 
essa ideologia. Isto explica as críticasde que foi alvo, particularmente quando 
chegaram ao Brasil as influências de FERRI e de toda a escola criminológica italiana. 
Obviamente, as tendências elitistas e racistascriticariam o código de 1890 porser 
espécie da materialização do liberalismo que elas satanizavam. 
O panorama geral da legislação penal do século XIX reflete momentos políticos 
sumamente diferenciados, e inaugura o claro paralelismo que se estabeleceentre a 
política criminal e a política em geral, que caracteriza a história legislativa penal do 
Brasil até o presente momento. O século inicia-se com uma legislação de cunho liberal 
pragmático que corresponde a um despotismoilustrado, e culmina com uma orientação 
liberal clássica, que foi atacada pelopositivismo. 
Em 1937, Alcântara Machado apresentou um projeto de Código Criminal, que 
acabou sendo sancionado em 1940, passando a vigorar desde 1942 até os dias atuais, 
tendo sido reformado em sua parte geral pela Lei 7209/1984. 
É bastante sintomático que, mantendo a tradição dos séculos XIX e XX,também 
neste seja possível seguir, passo a passo, o curso da política geral doBrasil através de 
seus textos penais: o Código republicano de 1890 e os ataquespositivistas e 
autoritários, que culminaram com a adoção do "modelo Rocco",em 1940, ou seja, o 
chamado "Estado Novo"; a manutenção do mesmo, na novalei de "Segurança 
Nacional", e, finalmente, o seu abandono, com o ocaso da"segurança nacional". 
O mais importante a assinalar é que, no decorrer dos últimos anos, opera-seo 
abandono do modelo tecnocrático, vale dizer, estabelece-se o convencimento deque o 
mesmo nada mais é do que um instrumento de repressão, de cunho fascista,que 
esconde a sua verdadeira ideologia através de técnica, da "ciência" objetivae 
asséptica. A utilização desse modelo e, ainda, a busca de seu perfeccionismodurante a 
vigência da Lei de Segurança Nacional são uma prova irrefutável deseu sentido 
ideológico. Desastradamente, demostrando uma recaída, diante doimpacto dos meios 
massivos de comunicação "mobilizados em face de extorsõesmediante sequestro, que 
tinham vitimizado figuras importantes da eliteeconômica e social do país"... "um medo 
difuso e irracional, acompanhado deuma desconfiança para com os órgãos oficiais de 
controle social, tomou contada população, atuando como um mecanismo de pressão 
ao qual o legisladornão soube resistir" (SILVA FRANCO), culminando com a edição da 
Lei 8.072/1990, que dispõe sobre os "crimes hediondos", e outras, no mesmosentido, 
estão em elaboração. É a passagem da ideologia da segurança nacionalpara a 
ideologia da segurança urbana. Lamentavelmente. [Zaffaroni e Pierangeli] 
 
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PONTO 2 
As escolas criminológicas. Sistema penal e controle social. Processo de 
criminalização. 
Vitimologia e vitimização.Polícia e Sistema Penal. 
O sistema penal brasileiro. Política criminal e penitenciária no Brasil. O 
encarceramento no Brasil: dados e perspectivas. 
Prisão: prisionização e relações de poder penitenciárias. 
Mídia e sistema penal. 
Análises criminológicas concretas. 
Modernas tendências do pensamento criminológico e de política criminal. 
 
1. Quais as diferenças entre as teorias macrossociológicas do consenso e do 
conflito? Aponte algumas escolas criminológicas relacionadas a cada uma delas. 
Para a perspectiva das TEORIAS CONSENSUAIS a finalidade da sociedade é 
atingida quando há um perfeito funcionamento das suas instituições de forma que os 
indivíduos compartilham os objetivos comuns a todos os cidadãos, aceitando as regras 
vigentes e compartilhando as regras sociais dominantes. De seu ponto de vista, as 
unidades de análise social (os chamados sistemas sociais) são essencialmente 
associações voluntárias de pessoas que partilham certos valores e criam instituições, 
com vistas a assegurar que a cooperação funcione regularmente. Partem do princípio 
de que o crime representa um desvio social, que se desvia das regras da sociedade, 
que são criadas por autopoiese (a própria sociedade é que cria suas regras), assim 
legitimam essas regras e, por conseguinte, o próprio status quo. A pergunta 
fundamental: pq as pessoas cometem crime? – focam no bad actor. Possuem como 
premissas as ideias de que “toda sociedade é uma estrutura de elementos 
relativamente persistente e estável”; “toda sociedade é uma estrutura de elementos 
bem integrada”; “todo elemento em uma sociedade tem um função, isto é, contribui 
para sua manutenção como sistema”; “toda estrutura social em funcionamento é 
baseada em um consenso entre seus membros sobre valores”. As escolas 
criminológicas da desorganização social (escola de Chicago), da associação 
diferencial, da anomia e da subcultura do delinquente podem ser apontadas como 
relacionadas à teoria do consenso. 
Já para a perspectiva das TEORIAS CONFLITUAIS a coesão e a ordem na 
sociedade são fundadas na força e na coerção, na dominação por alguns e sujeição de 
outros, ignorando-se a existência de acordos em torno de valores de que depende o 
próprio estabelecimento da força. De seu ponto de vista, a coesão das organizações 
sociais se dá em razão da coerção imposta e não em função de uma cooperação 
voluntária ou de um consenso geral. As regras da sociedade não são autopoéticas, 
mas são impostas por uma classe dominante às classes dominadas, que são alienadas 
para aceitar essas regras como verdadeiras. Pergunta fundamental: pq o sistema penal 
escolhe determinadas pessoas para criminalizar? – focam nos powerfull reactors. 
Possui como premissas as ideias de que “toda a sociedade está, a cada momento, 
sujeita a processos de mudança”; “a mudança social é ubíqua”; “toda sociedade exibe 
a cada momento dissensão e conflito e o conflito social é ubíquo”; “todo elemento em 
uma sociedade contribui de certa forma para sua desintegração e mudança”; “toda 
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sociedade é baseada na coerção de alguns de seus membros por outros”. As teorias 
criminológicas da rotulação social (Labelling Approach/reação social) e crítica podem 
ser apontadas como relacionadas à teoria do conflito. 
(FONTES: Criminologia – Sérgio Salomão Shecaira – 2ª edição; Caderno Bruno 
Shimizu FMB semestral 2014). 
 
2. Discorra suscintamente sobre as escolas pré-científicas da criminologia, 
abordando as ideias essenciais de cada uma, seus principais representantes e as 
críticas que pesaram sobre cada uma. 
ESCOLA CLÁSSICA - caracterizou-se por ter projetado sobre o problema do crime 
os ideais filosóficos e o ethos (modo de ser) político do humanismo racionalista. A pena 
era entendida como a reparação do dano causado pela violação do contrato social 
(negação da negação do direito). Fundamentava-se na ideia de livre-arbítrio, que é a 
base para uma pena proporcional. A base precursora foi a obra “Dos delitos e das 
penas” de Cesare Bonesana, o Marquês de Beccaria, que, ao lado de Francesco 
Carrara, representam os principais expoentes desta escola. As principais críticas que 
podem ser apontadas são a de que supunham uma homogeneidade absoluta de todos 
os homens no que toca aos processos pessoais de motivação dos atos; e que não 
logrou conter o avanço da criminalidade com o suposto efeito dissuasório da pena. 
ESCOLA POSITIVISTA (ANTROPOLÓGICA) - reconhecia o crime como um 
fenômeno natural e social, sujeito às influências do meio de múltiplos fatores, exigindo 
a adoção do método experimental para seu estudo. 
Tratava o criminoso como sendo sempre um sujeito psicologicamente anormal, sendo a 
pena uma medida de defesa social visando a sua recuperação. Seus principais 
representantes foram: Cesare Lombroso, que sustentava que a criminalidade é uma 
característica biológica do criminoso (o criminoso é biologicamente diferente do 
indivíduo normal), concluindo que os criminosos nascem criminosos (criminoso nato) e 
que as causas do crime residem em um trupe (tríptico lombrosiano) - regressão 
atávica, taras degenerativas e fatores externos que apenas desencadeariam o 
potencial criminoso já existente no indivíduo; Enrico Ferri, responsável por 
desenvolver uma sociologia criminal ligada às ideias de Lombroso, entendendo o 
fenômeno da criminalidade como decorrente de fatores antropológicos, físicos e sociais 
(precursor do determinismo sociológico criminal), negando o livre-arbítrio, tendo, ainda, 
criado uma classificação quíntupla dos delinquentes (natos, loucos, ocasionais, por 
hábito adquirido, e passionais); Rafaele Garofalo, que formulou o conceito de 
temibilidade, isto é, a mensuração da probabilidade de alguém cometer um crime, 
através da análise e observação do homem (é o conceito precursor da periculosidade). 
As principais críticas apontadas a esta escola são: patologização do fenômeno 
delituoso; subvalorização do entorno social, que era visto como mero fator 
desencadeante daquilo que já existia na personalidade (apenas desencadearia a 
criminalidade e não constituiria um fator determinante); volta suas pesquisas apenas 
para os indivíduos já encarcerados, ou seja, para os indivíduos já selecionados pelo 
complexo sistema de filtros sucessivos que é o sistema penal; erro metodológico 
profundo: a grande falha é a falta de um grupo de controle (grupo de criminosos que 
não foram presos); acaba por legitimar a violência e a seletividade racista do sistema 
penal – a polícia prende o criminoso nato. 
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ESCOLA DE LYON – O principal representante é Gabriel Tarde, o qual refutava a 
ideia segundo a qual o criminoso tinha alguma regressão atávica, afirmando que, o que 
Lombroso atribui como características biológicas do criminoso, é, na verdade, o 
conjunto de características físicas socialmente adquiridas. Defendia que são causas 
sociais e não físicas que explicam as estatísticas da criminalidade e formulou as leis da 
imitação, segundo as quais todo comportamento humano é aprendido e imitado, 
inclusive, o comportamento criminoso. 
(FONTES: Criminologia – Sérgio Salomão Shecaira – 2ª edição; Caderno Bruno 
Shimizu FMB semestral 2014). 
 
3. No que consiste, quais os princípios e quais as críticas a respeito da ideologia 
da defesa social? Aponte eventuais resquícios dessa ideologia na legislação 
penal brasileira. 
A ideologia da defesa social (que não se confunde com a teoria da reação 
social), apesar de assumir diferentes significados no decorrer dos tempos, chegando, 
inclusive, a configurar conceitos contraditórios em determinadas épocas, pode ser 
entendida, em apertada síntese, como a ideia geral de defesa da sociedade contra o 
crime e os criminosos, por meio de uma vigorosa repressão das infrações penais. Nota-
se, deste modo, que a defesa social legitima o poder punitivo estatal, mesmo quando

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