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Instituto Superior Politécnico de Gaza Contabilidade Financeira II Professor Salvador 1 CAPÍTULO III: ESTUDO DAS FONTES DE FINANCIAMENTO DAS SOCIEDADES 2. Fontes externas de financiamento Empréstimo bancário O empréstimo bancário é uma forma de financiamento das empresas, com recurso a fontes externas, na qual as empresas recorrem a uma instituição de crédito, mais especificamente os bancos, para obterem valores monetários que precisam para seus investimentos ou para o dia-a- dia operacional. O tratamento contabilístico deste tipo de dívidas se encontra na abrangência da NCRF 25 Instrumentos financeiros, sendo este um passivo financeiro, para a empresa que contrai a dívida junto do banco. De acordo com a NCRF 25 Instrumentos financeiros uma entidade reconhece um passivo financeiro quando se torna parte das disposições contratuais do mesmo e o mensura ou pelo custo ou custo amortizado deduzido de quaisquer perdas por imparidade ou ainda pelo justo valor com as alterações deste a serem reconhecidas nos resultados. O passivo financeiro é qualquer obrigação que uma entidade tem a liquidar em dinheiro. A mensuração de um passivo financeiro pelo custo significa registar a dívida, ou demonstrar seu valor, pelo equivalente ao montante obtido por essa dívida. A mensuração de um passivo financeiro pelo custo amortizado porém, significa registar a dívida, ou demonstrar seu valor, pelo equivalente à diferença entre o montante que foi recebido pelo empréstimo e a quantia que já foi paga e/ou, eventualmente, qualquer quantia descontada aquando da obtenção da dívida (Ex: Comissão de abertura, etc.) A mensuração pelo justo valor, por seu turno, significa registar a dívida pelo seu valor de mercado, ou seja, o valor correspondente da dívida, nas condições em que a empresa o contraiu e negoceia, no mercado. Para os passivos financeiros é recomendada a mensuração pelo custo amortizado: Custo amortizado: é a quantia pela qual o passivo financeiro é avaliado no reconhecimento inicial menos os reembolsos de capital ou quaisquer outros pagamentos a este directamente ligados, usando o método de juro efectivo, de qualquer diferença entre a quantia inicial (valor nominal) e a quantia na maturidade, menos qualquer redução (directamente ou por meio de uma conta de abatimento) quanto à imparidade. Instituto Superior Politécnico de Gaza Contabilidade Financeira II Professor Salvador 2 Nota: Para que se aplique a mensuração ao custo amortizado é preciso que o empréstimo seja à vista e tenha uma maturidade definida; e que os reembolsos sejam de montante fixo, taxa de juro fixa ou variável mas que seja uma taxa indexante típica de mercado para transacções de financiamento e que das suas cláusulas não exista qualquer que resulte na perda do valor nominal e do juro acumulado. Método de juro efectivo (com base na taxa de juro efectiva): é um método que consiste na utilização da taxa de juro que corresponde efectivamente aos pagamentos a serem efectuados, em função do montante efectivamente recebido aquando da obtenção do empréstimo. Ex1: Empréstimo obrigacionista Obrigações – são títulos representativos de parte de uma dívida. O empréstimo obrigacionista é uma forma de financiamento especialmente adequada às grandes empresas, que procuram no mercado, grandes volumes de capital, para realizar grandes investimentos, razão pela qual este tipo de empréstimo é parcelado entre vários credores. Características dos empréstimos obrigacionistas Ao detentor de obrigações dá-se o nome de obrigacionista; O obrigacionista é credor da entidade emitente de um empréstimo obrigacionista; O obrigacionista para além do reembolso do capital concedido tem direito a um juro previamente estabelecido no anúncio do empréstimo; O reembolso de um empréstimo obrigacionista pode ser feito na data de vencimento ou periodicamente ao longo da vida do empréstimo; As obrigações podem ser simples ou convertíveis. São obrigações convertíveis aquelas que após a sua emissão podem mais tarde ser transformadas em acções, facto este que é previamente referenciado no anúncio do empréstimo. Instituto Superior Politécnico de Gaza Contabilidade Financeira II Professor Salvador 3 Algumas semelhanças e diferenças que se podem estabelecer entre as acções e as obrigações: Tanto as acções como as obrigações estão sujeitas aos processos/fases de emissão, de subscrição e de realização/liberação; Quando as subscrições, tanto de acções quanto de obrigações são feitas por um número superior às acções/obrigações emitidas, procede-se ao rateio, para a eliminação e restituição dos valores de tais acções/obrigações subscritas a mais; A emissão das obrigações pode ser feita ao par, acima do par ou abaixo do par, enquanto a emissão das acções só é feita, por imposição da lei, apenas ao par ou acima do par; As acções representam capital próprio, enquanto as obrigações representam capital alheio; As acções são detidas pelos accionistas (que são sócios e proprietários da empresa), enquanto as obrigações são detidas por obrigacionistas (que são credores da empresa); Quanto à remuneração, a detenção de acções dá direito a um dividendo, que é variável e incerto, enquanto a detenção de obrigações dá direito a um juro, que é fixo e certo. Contabilização de um empréstimo obrigacionista Estando o empréstimo obrigacionista abrangido pelo âmbito e conceito de um instrumento financeiro, os procedimentos da sua classificação contabilística, mensuração inicial e subsequente e reconhecimento estão subordinados à NCRF 25 Instrumentos financeiros. Entretanto, nos termos desta norma, o empréstimo obrigacionista deve ser mensurado e registado contabilisticamente utilizando o critério de mensuração de custo amortizado, usando o método de taxa de juro efectiva, critério este pelo qual o valor do empréstimo obrigacionista será obtido em cada momento por dedução ao valor inicial do empréstimo de todos os reembolsos já efectuados até o momento. Instituto Superior Politécnico de Gaza Contabilidade Financeira II Professor Salvador 4 Fases da contabilização de um empréstimo obrigacionista As fases relevantes da contabilização de um empréstimo obrigacionista são as seguintes: O momento da subscrição das obrigações emitidas do empréstimo; O momento da realização/liberação dos valores subscritos pelos obrigacionistas. Este momento é que gera os meios líquidos que a empresa precisa para satisfazer as suas necessidades; O momento do processamento dos juros do empréstimo, que deve ser feito atendendo a taxa de imposto de retenção na fonte sobre rendimentos de capitais; O momento do pagamento dos juros aos obrigacionistas; O momento do processamento do reembolso do próprio empréstimo, que pode ser feito ao longo da vida do mesmo, ou de uma única vez na data de vencimento; O momento do pagamento de reembolso dos capitais emprestados dos obrigacionistas. Contabilização de obrigações emitidas acima do par e abaixo do par As obrigações emitidas acima do par acontecem quando o seu preço de emissão é superior ao seu valor nominal, e resultam num prémio de emissão, que contabilisticamente deve ser imputado ao valor do empréstimo ao longo da sua vida no sentido de reduzi-lo, para que no final o seu valor registado seja igual ao seu valor nominal. Nesta situação a taxa de juro efectiva do empréstimo é inferior à sua taxa de juro nominal. Entretanto, as obrigações emitidas abaixo do par acontecem quando o seu preço de emissão é inferior ao seu valor nominal, e resultam num desconto de emissão, que contabilisticamente deve ser imputado ao valor do empréstimo ao longo da sua vida no sentido de aumentá-lo, para que no final o seu valor registado seja igual ao seu valor nominal. Nesta situação a taxa de juro efectiva do empréstimo é superior à sua taxade juro nominal. Instituto Superior Politécnico de Gaza Contabilidade Financeira II Professor Salvador 5 Em qualquer um dos casos acima, o juro a pagar aos obrigacionistas já está previamente fixado e não se altera em virtude de tais acontecimentos, daí que deve haver por parte da empresa emitente do empréstimo ajustamentos à taxa, que resultem numa taxa de juro (taxa de juro efectiva) que se adéque ao valor dos juros a pagar previamente fixados com base no valor nominal do empréstimo. Porém, contabilisticamente o gasto com juros a reconhecer corresponde ao juro real do empréstimo, que inclui o juro nominal mais ou menos, isto é, acrescido ou deduzido do valor da amortização proporcional (ao longo da vida do empréstimo) dos descontos ou prémios de emissão respectivamente. Ex: A sociedade “METASUL, S.A” dedica-se a transformação e venda de tubos hidráulicos. Sabe-se que no ano 2011 pretendia efectuar um grande investimento, para cujo financiamento emitiu um empréstimo obrigacionista, no valor de 5.000.000 MT, logo em 02/01/2011. O empréstimo resultou da emissão de 25.000 obrigações com um valor nominal e de subscrição de 200 MT, inteiramente subscritas e imediatamente liberadas, amortizável em cinco (5) prestações anuais iguais (sabe-se que a primeira prestação foi efectuada em 31/12/2011). Os juros vencidos do ano 2011 ascenderam a 80.000 MT, com uma taxa de retenção na fonte de IRPS/IRPC de 20%. Proceda aos registos contabilísticos da sociedade “METASUL, S.A”, das operações relativas ao ano 2011.
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