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Tráfico Internacional de Pessoas e questões de Direitos Humanos (Professor Cristiano Capidelli)

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Tráfico Internacional de Pessoas e 
questões de Direitos Humanos 
Mestre em Ciências das Religiões.
Especialista em Direito Penal.
Bacharel em Direito. Delegado de
Polícia Federal. Professor de
Direito Penal, Processo Penal e
Legislação Penal Especial em
cursos de Graduação, Pós-
Graduação e preparatórios para
concursos públicos e exames da
OAB. Escritor. Palestrante.Cristiano Jomar Costa 
Campidelli
DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS HUMANOS E
DIREITOS FUNDAMENTAIS
Embora muitas vezes sejam usadas como sinônimas, a doutrina
distingue as expressões direitos do homem, direitos humanos e
direitos fundamentais. Os direitos do homem são valores ético-
políticos, ligados à dignidade da pessoa humana e à limitação de
poder, ainda não positivados. (MARMELSTEIN, George)
Direitos humanos e direitos fundamentais são a positivação dos
direitos do homem, compreendendo, pois, os valores positivados com
o objetivo de proteger e promover a dignidade da pessoa humana,
açambarcando direitos relacionados à liberdade e à igualdade,
contudo, estabelecidos em planos distintos: os direitos humanos no
âmbito internacional; e os direitos fundamentais no âmbito
constitucional, interno. (NOVELINO, Marcelo)
As expressões “direitos do homem” e “direitos fundamentais” são
frequentemente utilizadas como sinônimas. Segundo a sua origem e
significado poderíamos distingui-las da seguinte maneira: direitos do
homem são direitos válidos para todos os povos e em todos os tempos
(dimensão jusnaturalista-universalista); direitos fundamentais são os
direitos do homem, jurídico-institucionalmente garantidos e
limitados espacio-temporalmente. Os direitos do homem
arrancariam da própria natureza humana e daí o seu caráter
inviolável, intemporal e universal; os direitos fundamentais seriam
os direitos objectivamente vigentes numa ordem jurídica concreta.
(CANOTILHO, José Joaquim Gomes)
Habermas defende a tese de que, desde o início do
desenvolvimento, há uma conexão conceitual entre direitos
humanos e dignidade da pessoa humana, na medida em que os
direitos humanos sempre foram o produto de resistência ao
despotismo, à opressão e à humilhação. (HABERMAS, Jürgen)
A função precípua dos direitos fundamentais “é a defesa da
pessoa humana e da sua dignidade perante os poderes do
Estado”, cumprindo a função de “direitos de defesa dos
cidadãos sob uma dupla perspectiva”:
Em um plano jurídico-objetivo, os direitos fundamentais
constituem normas que limitam a atuação do Estado, proibindo a
sua ingerência na esfera jurídica individual;
Em um plano jurídico-subjetivo, concedem ao indivíduo o poder
de exercer os seus direitos fundamentais e de exigir dos poderes
públicos que se abstenham de realizar agressões lesivas a esses
direitos. (CANOTILHO, José Joaquim Gomes)
Outra função importante dos direitos fundamentais é a função
de proteção perante terceiros, por meio da qual é imposto ao
Estado o dever de proteger os titulares de direitos fundamentais
perante terceiros, resultando da garantia constitucional de um
direito o dever do Estado adotar medidas positivas destinadas a
proteger o exercício dos direitos fundamentais perante
atividades perturbadoras ou lesivas dos mesmos praticadas por
terceiros. (CANOTILHO, José Joaquim Gomes)
PASSADO
“O tráfico de pessoas não é um mal criado pela sociedade
contemporânea, pelo contrário. A história da humanidade
nos mostra que, já na antiguidade, principalmente nas
sociedades grega e, posteriormente, romana, a compra e
venda de pessoas era prática comum, principalmente
para efeitos de exploração de sua força laboral, ou seja,
havia desde aquela época, o comércio de escravos, que
eram tratados como meros objetos.” (GRECO, Rogério).
PRESENTE
No mundo moderno, globalizado, com “cidadãos do
mundo”, exsurgem vulnerabilidades daqueles que,
além-fronteiras, buscam realizar sonhos,
principalmente o da estabilidade econômica.
São essas pessoas as mais propensas a serem
vítimas das redes criminosas que captam e aliciam
aqueles que serão explorados contra a sua vontade.
ABORDAGEM INTERNACIONAL DE ENFRENTAMENTO 
AO TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS
DESENVOLVIMENTO
“À preocupação inicial com o tráfico de negros da África, para exploração laboral, agregou-
se a do tráfico de mulheres brancas, para prostituição. Em 1904, é firmado em Paris o
Acordo para a Repressão do Tráfico de Mulheres Brancas, no ano seguinte convolado em
Convenção. Durante as três décadas seguintes foram assinados: a Convenção Internacional
para a Repressão do Tráfico de Mulheres Brancas (Paris, 1910), a Convenção Internacional
para a Repressão do Tráfico de Mulheres e Crianças (Genebra, 1921), a Convenção
Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres Maiores (Genebra, 1933), o Protocolo
de Emenda à Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres e Crianças e
a Convenção Internacional para a Repressão do Tráfico de Mulheres Maiores (1947), e, por
último, a Convenção e Protocolo Final para a Repressão do Tráfico de Pessoas e do Lenocínio
(Lake Success, 1949).” (CASTILHO, Ela Wiecko V. de apud GRECO, Rogério)
Em 2012, a OIT estimou 21 milhões de vítimas de exploração sexual ou trabalho forçado;
Terceira maior atividade ilegal, atrás de tráfico de drogas e armas.
Convenção das Nações Unidas contra o Crime 
Organizado Transnacional
Mais conhecida como Convenção de Palermo/Itália (art. 36, 1);
Nova York, 15/11/2000;
Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004 - Promulga a Convenção das Nações Unidas
contra o Crime Organizado Transnacional;
Decreto nº 5.016, de 12 de março de 2004 - Promulga o Protocolo Adicional à Convenção
das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, relativo ao Combate ao
Tráfico de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea;
Decreto nº 5.017, de 12 de março de 2004 - Promulga o Protocolo Adicional à Convenção
das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção,
Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças.
Decreto nº 5.015, de 12 de março de 2004
Promulga a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional
Compromisso com a adoção de medidas para prevenir e
reprimir o crime organizado:
Criminalizou a organização criminosa;
Adoção de medidas mais efetivas contra:
Lavagem de dinheiro;
Corrupção;
Obstrução da Justiça;
Responsabilização das pessoas jurídicas.
Lei 9.613/98, com as alterações da Lei 12.683/2012
Lei 12.846/2013: 
Responsabilização objetiva 
administrativa e civil da PJ por 
atos contra a adm. pública 
(acordo de leniência)
Lei nº 12.850/2013
Art. 1º, § 1º Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas
estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente,
com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a
prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que
sejam de caráter transnacional.
§ 2º Esta Lei se aplica também:
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, iniciada a
execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente;
(...)
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa,
organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às
demais infrações penais praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação
de infração penal que envolva organização criminosa.
Decreto nº 5.016, de 12 de março de 2004
Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado 
Transnacional, relativo ao Combate ao Tráfico de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea
Preâmbulo:
Necessidade de tratar os migrantes com humanidade e de proteger seus direitos;
Aumento significativo das atividades dos grupos criminosos organizados relacionadas
ao tráfico ilícito de migrantes e crimesconexos, que causam grandes prejuízos aos
Estados;
O tráfico ilícito de migrantes põe em risco as vidas e a segurança dos migrantes.
Objetivos:
Prevenir e combater o tráfico de migrantes, bem como promover a cooperação entre
os Estados Partes com esse fim, protegendo ao mesmo tempo os direitos dos
migrantes objeto desse tráfico.
Criminalização
Os migrantes não estarão sujeitos a processos criminais;
Criminalização do tráfico de migrantes com finalidade
lucrativa, incluindo:
Elaboração, fornecimento, obtenção ou posse de documentação
falsa;
Viabilização da permanência do imigrante ilegal;
Agravam as penas:
O risco de vida ou segurança do migrante;
O tratamento desumano ou degradante, incluindo sua exploração.
Medidas
Troca de informações entre os Estados Partes:
Especialmente entre os Estados com fronteiras comuns ou que estejam em
itinerários utilizados para o tráfico de migrantes:
Pontos de embarque, destino, itinerários, transportadores e meios de transporte, identidade e
métodos das organizações criminosas, meios e métodos de dissimulação e transporte de
pessoas, autenticidade e características de documentos de viagem.
Reforço dos controles fronteiriços;
Campanhas para informação e sensibilização da população;
Combate às causas da migração (pobreza e subdesenvolvimento);
Facilitação e aceitação do regresso do migrante:
Tendo em conta a segurança e a dignidade da pessoa.
Direito de liberdade
versus
Embarque em voo internacional
DILEMA
Direito ao documento de viagem
versus
Perfil de migrante
Princípio da não discriminação
Art. 19, 2, do Protocolo adicional 
sobre tráfico de migrantes
(Decreto nº 5.016/2004)
CF/88, Art. 5º, XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Decreto nº 5.017, de 12 de março de 2004
Promulga o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime
Organizado Transnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de
Pessoas, em Especial Mulheres e Crianças
Preâmbulo e objetivos
Prevenir e combater o tráfico de pessoas, em especial de mulheres e
crianças;
Implementação de medidas destinadas a prevenir o tráfico, a punir os
traficantes e proteger e ajudar as vítimas, respeitando seus direitos
humanos;
Abordagem global e internacional dos países de origem, trânsito e destino,
com promoção da cooperação entre os Estados Partes;
Conceito
A expressão "tráfico de pessoas" significa o recrutamento, o transporte, a
transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da
força ou a outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de
autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos
ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre
outra para fins de exploração. A exploração incluirá, no mínimo, a exploração da
prostituição de outrem ou outras formas de exploração sexual, o trabalho ou serviços
forçados, escravatura ou práticas similares à escravatura, a servidão ou a remoção de
órgãos;
O consentimento da vítima nas hipóteses acima será considerado irrelevante se tiver
sido utilizado qualquer um dos meios também referidos acima.
O recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de
pessoa menor de 18 anos para fins de exploração serão considerados "tráfico de pessoas"
mesmo que não envolvam nenhum dos meios referidos acima.
Medidas em relação às vítimas
Recuperação física, psicológica e social;
Alojamento adequado;
Aconselhamento e informação, especialmente quanto aos seus direitos;
Assistência médica, psicológica e material;
Oportunidades de emprego, educação e formação;
Observação quanto às necessidades específicas da vítima (idade, sexo etc.);
Segurança física e possibilidade de obtenção de indenização pelos danos sofridos;
Regresso facilitado e sem demora ao Estado de nacionalidade ou de residência;
Proteger as vítimas da revitimação.
Adoção das medidas citadas em relação ao tráfico de migrantes.
ABORDAGEM BRASILEIRA DO 
ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS
Lei nº 13.344, de 6 de outubro de 2016
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima
brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira.
Parágrafo único. O enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a repressão desse
delito, bem como a atenção às suas vítimas.
Art. 2º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá aos seguintes princípios:
I - respeito à dignidade da pessoa humana;
II - promoção e garantia da cidadania e dos direitos humanos;
III - universalidade, indivisibilidade e interdependência;
IV - não discriminação por motivo de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social,
procedência, nacionalidade, atuação profissional, raça, religião, faixa etária, situação migratória ou
outro status ;
V - transversalidade das dimensões de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social,
procedência, raça e faixa etária nas políticas públicas;
VI - atenção integral às vítimas diretas e indiretas, independentemente de nacionalidade e de
colaboração em investigações ou processos judiciais;
VII - proteção integral da criança e do adolescente.
Art. 3º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá às seguintes diretrizes:
I - fortalecimento do pacto federativo, por meio da atuação conjunta e articulada das
esferas de governo no âmbito das respectivas competências;
II - articulação com organizações governamentais e não governamentais nacionais e
estrangeiras;
III - incentivo à participação da sociedade em instâncias de controle social e das entidades
de classe ou profissionais na discussão das políticas sobre tráfico de pessoas;
IV - estruturação da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas, envolvendo todas as
esferas de governo e organizações da sociedade civil;
V - fortalecimento da atuação em áreas ou regiões de maior incidência do delito, como as
de fronteira, portos, aeroportos, rodovias e estações rodoviárias e ferroviárias;
VI - estímulo à cooperação internacional;
VII - incentivo à realização de estudos e pesquisas e ao seu compartilhamento;
VIII - preservação do sigilo dos procedimentos administrativos e judiciais, nos termos da lei;
IX - gestão integrada para coordenação da política e dos planos nacionais de enfrentamento
ao tráfico de pessoas.
Art. 4º A prevenção ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:
I - da implementação de medidas intersetoriais e integradas nas áreas de saúde,
educação, trabalho, segurança pública, justiça, turismo, assistência social,
desenvolvimento rural, esportes, comunicação, cultura e direitos humanos;
II - de campanhas socioeducativas e de conscientização, considerando as diferentes
realidades e linguagens;
III - de incentivo à mobilização e à participação da sociedade civil; e
IV - de incentivo a projetos de prevenção ao tráfico de pessoas.
Art. 5º A repressão ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio:
I - da cooperação entre órgãos do sistema de justiça e segurança, nacionais e
estrangeiros;
II - da integração de políticas e ações de repressão aos crimes correlatos e da
responsabilização dos seus autores;
III - da formação de equipes conjuntas de investigação.
Art. 6º A proteção e o atendimento à vítima direta ou indireta do tráfico de pessoas compreendem:
I - assistência jurídica, social, de trabalho e emprego e de saúde;
II - acolhimento e abrigo provisório;
III - atenção às suas necessidades específicas, especialmente em relação a questões de gênero,
orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, nacionalidade, raça, religião, faixa etária,
situação migratória, atuação profissional, diversidade cultural, linguagem, laços sociais e familiares ou
outro status;
IV - preservação da intimidade e da identidade;
V - prevenção à revitimização no atendimento e nos procedimentos investigatórios e judiciais;
VI - atendimento humanizado;
VII - informação sobre procedimentosadministrativos e judiciais.
§ 1º A atenção às vítimas dar-se-á com a interrupção da situação de exploração ou violência, a sua
reinserção social, a garantia de facilitação do acesso à educação, à cultura, à formação profissional e ao
trabalho e, no caso de crianças e adolescentes, a busca de sua reinserção familiar e comunitária.
§ 2º No exterior, a assistência imediata a vítimas brasileiras estará a cargo da rede consular brasileira e
será prestada independentemente de sua situação migratória, ocupação ou outro status.
§ 3º A assistência à saúde prevista no inciso I deste artigo deve compreender os aspectos de recuperação
física e psicológica da vítima.
Art. 14. É instituído o Dia Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de
Pessoas, a ser comemorado, anualmente, em 30 de julho.
Art. 15. Serão adotadas campanhas nacionais de enfrentamento ao
tráfico de pessoas, a serem divulgadas em veículos de
comunicação, visando à conscientização da sociedade sobre todas
as modalidades de tráfico de pessoas.
CONDUTAS TIPIFICADAS NO
CÓDIGO PENAL
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a
trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições
degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim
de retê-lo no local de trabalho;
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos
ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho.
§ 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I – contra criança ou adolescente;
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
Tráfico de Pessoas
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante
grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de
dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de
emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente for primário e não integrar organização criminosa.
Vide art. 199, § 4º, da CF/88 e 
art. 14 da Lei 9.434/97
Promoção de migração ilegal
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de obter vantagem
econômica, a entrada ilegal de estrangeiro em território nacional ou de
brasileiro em país estrangeiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qualquer meio, com o fim
de obter vantagem econômica, a saída de estrangeiro do território nacional
para ingressar ilegalmente em país estrangeiro.
§ 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço) se:
I - o crime é cometido com violência; ou
II - a vítima é submetida a condição desumana ou degradante.
§ 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem prejuízo das
correspondentes às infrações conexas.
CONDUTA TIPIFICADA NO
ECA
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato
destinado ao envio de criança ou adolescente para o
exterior com inobservância das formalidades legais ou
com o fito de obter lucro:
Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave
ameaça ou fraude:
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena
correspondente à violência.
DISPOSIÇÕES PROCESSUAIS
Art. 8º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante representação do delegado de
polícia, ouvido o Ministério Público, havendo indícios suficientes de infração penal, poderá decretar medidas
assecuratórias relacionadas a bens, direitos ou valores pertencentes ao investigado ou acusado, ou
existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito do crime de tráfico
de pessoas, procedendo-se na forma dos arts. 125 a 144-A do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941
(Código de Processo Penal).
§ 1º Proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre que estiverem sujeitos
a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua manutenção.
§ 2º O juiz determinará a liberação total ou parcial dos bens, direitos e valores quando comprovada a licitude
de sua origem, mantendo-se a constrição dos bens, direitos e valores necessários e suficientes à reparação dos
danos e ao pagamento de prestações pecuniárias, multas e custas decorrentes da infração penal.
§ 3º Nenhum pedido de liberação será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado ou
investigado, ou de interposta pessoa a que se refere o caput, podendo o juiz determinar a prática de atos
necessários à conservação de bens, direitos ou valores, sem prejuízo do disposto no § 1º.
§ 4º Ao proferir a sentença de mérito, o juiz decidirá sobre o perdimento do produto, bem ou valor
apreendido, sequestrado ou declarado indisponível.
Art. 9º Aplica-se subsidiariamente, no que couber, o disposto na Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013.
Art. 10. O Poder Público é autorizado a criar sistema de informações visando à coleta e à gestão de dados que
orientem o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 13-A. Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3º do art. 158 e
no art. 159 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e
no art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), o membro do Ministério Público ou o delegado de polícia poderá
requisitar, de quaisquer órgãos do poder público ou de empresas da iniciativa
privada, dados e informações cadastrais da vítima ou de suspeitos.
Parágrafo único. A requisição, que será atendida no prazo de 24 (vinte e quatro)
horas, conterá:
I - o nome da autoridade requisitante;
II - o número do inquérito policial; e
III - a identificação da unidade de polícia judiciária responsável pela investigação.
Art. 13-B. Se necessário à prevenção e à repressão dos crimes relacionados ao tráfico de pessoas, o membro
do Ministério Público ou o delegado de polícia poderão requisitar, mediante autorização judicial, às empresas
prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os meios
técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso.
§ 1o Para os efeitos deste artigo, sinal significa posicionamento da estação de cobertura, setorização e
intensidade de radiofrequência.
§ 2o Na hipótese de que trata o caput, o sinal:
I - não permitirá acesso ao conteúdo da comunicação de qualquer natureza, que dependerá de autorização
judicial, conforme disposto em lei;
II - deverá ser fornecido pela prestadora de telefonia móvel celular por período não superior a 30 (trinta) dias,
renovável por uma única vez, por igual período;
III - para períodos superiores àquele de que trata o inciso II, será necessária a apresentação de ordem judicial.
§ 3o Na hipótese prevista neste artigo, o inquérito policial deverá ser instaurado no prazo máximo de 72
(setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorrênciapolicial.
§ 4o Não havendo manifestação judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitará às
empresas prestadoras de serviço de telecomunicações e/ou telemática que disponibilizem imediatamente os
meios técnicos adequados – como sinais, informações e outros – que permitam a localização da vítima ou dos
suspeitos do delito em curso, com imediata comunicação ao juiz.
Violações de direitos humanos concernentes 
ao tráfico de pessoas
Dignidade da pessoa humana
Cada indivíduo é um fim em si mesmo, tem autonomia para se
comportar conforme seu livre arbítrio e não possui preço;
Vida (riscos, punições exemplares, maus-tratos etc.);
Liberdade individual (dívidas, documentos, cárcere, vigilância etc.);
Integridade física (remoção de órgãos, tortura etc.);
Dignidade sexual (exploração da prostituição, pedofilia etc.);
Direito ao trabalho (redução à condição análoga à de escravo).
OPERAÇÃO CAI-CAI
FASE 1
Apurados 283 crimes:
1 crime de associação criminosa;
263 de promoção de migração ilegal (Art. 232-A do Código Penal); e
19 crimes de envio ilegal de criança ou adolescente para o exterior (Art. 239 da 
Lei nº 8.069/90).
FASE 3
Apurados 409 crimes:
4 crimes de organização criminosa;
272 crimes de promoção de migração ilegal (Art. 232-A do Código Penal); e
133 crimes de envio ilegal de criança ou adolescente para o exterior (Art. 239 
da Lei nº 8.069/1990).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 6. ed. São
Paulo: Almedina, 2002. p. 393, 407 e 410.
GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral, volume I. 20. ed. Niterói, RJ: Impetus,
2018. p. 456.
HABERMAS, Jürgen. The concept of human dignity and the realistic utopia of human rights.
In: Metaphilosofy, v. 41, n. 4. Oxford, July, 2010.
MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2013. p. 23.
NOVELINO, Marcelo. Manual de direito constitucional. 8. ed. rev. e atual. São Paulo:
Método, 2013. p. 378.

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