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CURSO DE DIREITO
APS – ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS
2019
ATIVIDADES DO 5°/6º SEMESTRE
Proteção Penal ao indivíduo
Danielle Cazarino da Costa Guimarães
Fabiana Thais de Sousa 
Paloma Testi Bussolo
Roberta Thomaz Castelli 
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
2019
Danielle Cazarino da Costa Guimarães
Fabiana Thais de Sousa
Paloma Testi Bussolo
Roberta Thomaz Castelli
Orientador:
Paulo Roberto
APS – ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS
Proteção Penal ao indivíduo
	Atividades de Práticas Supervisionadas – o trabalho elaborado tem por escopo a elucidação e aprendizagem dos integrantes do grupo, tanto considerando à importância da temática, como no desenvolvimento de habilidades acadêmicas, elementos essenciais na jornada universitária agregando qualidade para nossa trajetória profissional. 
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
201
AGRADECIMENTOS
	Já concluímos parte de nossa trajetória acadêmica, mas ainda temos muito pela frente, muitos ensinamentos e muitas experiências ainda a serem vividos. Queremos agradecer de modo especial a todos os mestres que nos direcionaram até aqui, os que ainda irão passar por nós nesse período e toda a equipe pedagógica que nos proporcionam cada dia a compreender a dinâmica do direito e até mesmo da vida.
Agradecemos também nossos familiares e amigos por seu apoio de cada dia e o incentivo, para que continuemos a prosseguir nesse caminho de busca pela realização da vida profissional, ética e social.
“Não há nada mais relevante para a vida social do que a formação do senso de justiça.”
(Rui Barbosa) 
 
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade analisar o crime de tráfico de pessoas, como ele se mostra na legislação penal e nos casos concretos. Trata-se de um tema complexo, pelo qual pouco se é divulgado, porém não deixa de ser um fato que ocorre, e que poucos tem conhecimento de sua existência.
Iniciamos o trabalho trazendo a historicidade desse crime, mostrando sua contextualização no tempo juntamente com a evoluçaõ dos Direitos Humanos, enaltecendo como ele ocorre nos dias atuais em diversos países, frizando especificamente o Brasil.
Palavras chaves: Direito Penal, Direitos Humanos, Tráfico de pessoas, Crime, Brasil.
ABSTRACT
	This paper aims to analyze the crime of trafficking in persons, as it is shown in criminal law and in specific cases. This is a complex subject, for which little is disclosed, but it is still a fact that occurs, and few are aware of its existence.
	We started the work bringing the historicity of this crime, showing its contextualization in time along with the evolution of Human Rights, extolling how it occurs today in several countries, specifically emphasizing Brazil.
Keywords: Criminal Law, Human Rights, Human Trafficking, Crime, Brazil.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO........................................................................................
2- DESENVOLVIMENTO..........................................................................
	2.1- Aspectos do tráfico de pessoas.................................................
	2.2- Legislação.................................................................................
	2.3- Jurisprudência..........................................................................
	2.4- Texto.........................................................................................
3- CONCLUSÃO..........................................................................................
4- BIBLIOGRAFIA......................................................................................
 
1- INTRODUÇÃO
Através desta atividade pretendemos discutir o tema tráfico de seres humanos situado no artigo 149 do Código Penal, que constitui séria violação dos direitos humanos. 
 
O tráfico de pessoas é uma modalidade do crime organizado que constitui uma grave ameaça a Humanidade. Consiste no ato de comercializar, escravizar, explorar e privar vidas. Modalidade do crime organizado que constitui uma grave ameaça a Humanidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) o define como “recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de rapto, de fraude, de engano, do abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento para uma pessoa ter controle sobre outra pessoa, para o propósito de exploração“. Teve início na Antiguidade, durante a república romana, onde pessoas eram transformadas em escravos para a construção de cidades e na realização de serviços domésticos. Atualmente, é a terceira atividade mais lucrativa dentre as outras modalidades praticadas no crime organizado, atrás apenas do comércio ilegal de armas e drogas.
 
O crime organizado adquiriu organização semelhante às das grandes empresas multinacionais e conseguiu explorar as vantagens proporcionadas pela globalização e liberalização dos mercados. O aumento da circulação de pessoas e a facilidade de movimentação do fluxo de capitais propiciaram ao crime organizado especialização em atividades de grande lucratividade, como a comercialização de pessoas e criação de redes de tráfico de pessoas com alcance internacional. 
Grande parte das vitimas é proveniente de países periféricos ou economias em desenvolvimento. O fator de instabilidade e crise nestes países garante a vulnerabilidade das vítimas facilitando o tráfico. 
 
A existência de diversas definições e a falta de harmonização legislativa constitui uma das maiores dificuldades na luta contra o trafico de pessoas. Alguns Estados acreditam que o delito é uma forma de prostituição, como é o caso da Espanha; outros tratam como uma maneira de imigração ilegal, postura adotada pelo Reino Unido; e outros acreditam que o trafico de pessoas é uma modalidade do crime organizado e a vítima, não deve receber proteção, pois age em cooperação com os traficantes. A ONU tem desenvolvido a tentativa de compatibilizar essas tais definições para possibilitar a cooperação no combate do crime organizado. Mas, a principal preocupação é garantir a proteção, assistência e apoio às vitimas. A sociedade também tem papel de propor meios de combate às violações dos direitos humanos, levando em consideração o respeito à soberania nacional e a existência de diferentes culturas.
2- DESENVOLVIMENTO
	2.1- Aspectos do tráfico de pessoas 
	De forma concisa, o crime de tráfico de pessoas é considerado todo o ato de comercializar, escravizar, explorar e privar vidas, ou seja, é uma forma de violação tanto dos direitos humanos como também da dignidade humana. Conforme dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Brasil lidera o ranking de tráfico de pessoas, ultrapassando o de tráfico de drogas e de armas. A principal fonte de renda do tráfico é liderada pelo tráfico de pessoas.
	As principais vítimas desse crime são mulheres e crianças, com a principal finalidade da exploração sexual, porém há um computo expressivo referente a homens vítimas de trabalho análogo ao escravo.
	O Brasil além de ser país de origem, também é solo de trânsito e destino de pessoas traficadas. Segundo Renata Braz coordenadora - geral de Enfretamento ao Tráfico de Pessoas da Secretaria Nacional de Justiça, vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), há brasileiros enviados ao exterior; estrangeiros que passam pelo Brasil e se direcionam à um outro país; e, também, estrangeiros sendo explorados em solo brasileiro, ou seja, o tráfico de pessoas extrapola os limites territoriais do país. É importante ressaltar que existe o tráfico internacional de pessoas e também o tráfico nacional das mesmas, que ocorrem dentro da própria federação.
	Com a nova lei 13.344/16, foi possível que o Brasil expandisse a abrangência da legislação nacional e aumentasse as penas para o crime de tráfico de pessoas.
	Conforme dispõe o parágrafo único da respectiva lei mencionada, essa legislaçãotem o objetivo de prevenir e reprimir tal delito e prestar atenção às vítimas de tráfico humano. Logo, a legislação pátria se equiparou ao padrão mundial de referências legais cada vez mais rigorosos a fim de inibir a prática desse crime. Em suma, é perceptível a evolução da legislação brasileira, onde a mesma encontra-se na atualidade em harmonia com o que há de mais moderno na legislação internacional no que tange ao combate ao tráfico de pessoas.
	É possível destacar os benefícios e melhorias concebidos com a nova lei de 13.344/16, onde houve o enrijecimento da pena e da prisão de traficantes de pessoas, foi realizada a inclusão no crime de tráfico de pessoas, o trabalho análogo, a adoção ilegal, o tráfico e / ou remoção de órgãos e tecidos e qualquer tipo de escravidão (o que incluiu mendicância e casamento servil). Esse rol ampliou de maneira vasta o índice de situações que figuram esse tipo de delito.
	Conforme dispõe o art. 1º da atinente lei é estipulado que a sua aplicação deve ser efetuada para crimes de tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira. Portanto, não é deliberada sua aplicação ao tráfico de pessoas cometido no exterior contra vítima estrangeira.
	Diante do tema abordado, é necessário ressaltar a diretriz prevista no artigo 3º, VIII que trata do enfrentamento ao tráfico de pessoas a preservação do sigilo dos procedimentos administrativos e judiciais, conforme dispõe a lei em questão.
	Elencado no artigo 5º da lei mencionada, a repressão ao tráfico de pessoas dar-se-á por meio da cooperação entre órgãos do sistema de justiça e segurança nacional e estrangeiros, da integração de políticas e ações de repressão aos crimes correlatos e da responsabilização dos seus autores e da formação de equipes conjuntas de investigação.
	No que tange a questão processual, também houve alterações conforme dispõe a nova lei. Pertinente ao artigo 8º é possível que o juiz determine de ofício medidas assecuratórias que estejam relacionadas a bens, direitos ou valores que pertençam ao acusado, e que estas aquisições sejam frutos de vantagens obtidas por intermédio da prática de crime referente ao tráfico de pessoas.
	Consoante com o artigo 6º da lei 13.344/16 abordada neste trabalho nota-se uma preocupação especial às formas de proteção e atendimento humanizado às vítimas de tal delito, assim também como há uma preocupação em prestar assistência, seja ela, jurídica, social, de trabalho, emprego ou saúde àqueles que sofreram em razão deste crime.
	Os aspectos relevantes com a nova legislação concernente ao tema abordado é assegurar, proteger e prestar assistência às vítimas do respectivo crime, de modo que ocorra a prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas e o endurecimento da prisão de traficantes de pessoas. A lei em questão elevou para um tempo de quatro a oito anos e multa. Tal condenação judicial pode sofrer aumento de um terço até a metade do tempo de reclusão caso a vítima tenha sido retirada do território nacional.
	2.2- Legislação
	Na legislação brasileira, o crime de tráfico de pessoas está disposto nas seguintes formas:
LEI Nº 13.344, DE 6 DE OUTUBRO DE 2016.
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tráfico de pessoas cometido no território nacional contra vítima brasileira ou estrangeira e no exterior contra vítima brasileira.
Parágrafo único. O enfrentamento ao tráfico de pessoas compreende a prevenção e a repressão desse delito, bem como a atenção às suas vítimas.
CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DAS		 DIRETRIZES
Art. 2º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá aos seguintes princípios:
I - Respeito à dignidade da pessoa humana;
II - promoção e garantia da cidadania e dos direitos humanos;
III - universalidade, indivisibilidade e interdependência;
IV - não discriminação por motivo de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, nacionalidade, atuação profissional, raça, religião, faixa etária, situação migratória ou outro status ;
V - transversalidade das dimensões de gênero, orientação sexual, origem étnica ou social, procedência, raça e faixa etária nas políticas públicas;
VI - atenção integral às vítimas diretas e indiretas, independentemente de nacionalidade e de colaboração em investigações ou processos judiciais;
VII - proteção integral da criança e do adolescente.
Art. 3º O enfrentamento ao tráfico de pessoas atenderá às seguintes diretrizes:
I - fortalecimento do pacto federativo, por meio da atuação conjunta e articulada das esferas de governo no âmbito das respectivas competências;
II - articulação com organizações governamentais e não governamentais nacionais e estrangeiras;
III - incentivo à participação da sociedade em instâncias de controle social e das entidades de classe ou profissionais na discussão das políticas sobre tráfico de pessoas;
IV - estruturação da rede de enfrentamento ao tráfico de pessoas, envolvendo todas as esferas de governo e organizações da sociedade civil;
V - fortalecimento da atuação em áreas ou regiões de maior incidência do delito, como as de fronteira, portos, aeroportos, rodovias e estações rodoviárias e ferroviárias;
VI - estímulo à cooperação internacional;
VII - incentivo à realização de estudos e pesquisas e ao seu compartilhamento;
VIII - preservação do sigilo dos procedimentos administrativos e judiciais, nos termos da lei;
IX - gestão integrada para coordenação da política e dos planos nacionais de enfrentamento ao tráfico de pessoas.
Há ainda previsão no Código Penal sobre o mesmo:
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, 	recrutar, 	transportar, 	transferir, comprar, alojar 	ou 	acolher pessoa, mediante grave 	ameaça, 	violência, coação, 	fraude ou 	abuso, com 	a 	finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos 	ou partes 	do corpo;
II - submetê-la a trabalho em 	condições 	análogas à de 	escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo 	de 	servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 	8 (oito) 	anos, e multa.
§ 1º A pena é aumentada de um 	terço até 	a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício de suas funções ou 	a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra 	criança, 	adolescente ou pessoa 	idosa ou com 	deficiência;
III - o agente se prevalecer de 	relações 	de parentesco, 	domésticas, de 	coabitação, de hospitalidade, de 	dependência 	econômica, 	de 	autoridade ou de 	superioridade 	hierárquica 	inerente ao exercício de 	emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de 	pessoas for retirada do território nacional.
§ 2º A pena é reduzida de um a 	dois 	terços se o agente for 	primário e não 	integrar 	organização criminosa.”
2.3- Jurisprudência
TRÁFICO INTERNO DE PESSOAS PARA FIM DE EXPLORAÇÃO SEXUAL - CONSENTIMENTO DA VÍTIMA
Em julgamento de embargos infringentes interpostos por condenada pelo crime de tráfico interno de pessoas para fim de exploração sexual objetivando sua absolvição, a Câmara deu provimento ao recurso. Segundo a Relatoria, a ré foi denunciada pela prática do crime capitulado no art. 231-A do Código Penal porquanto intermediou a vinda de diversas garotas ao Distrito Federal com a finalidade de exercerem a prostituição. Nesse contexto, o Desembargador afirmou que, apesar de o referido tipo penal não exigir expressamente, a interpretação mais coerente da norma induz ao entendimento de ser imprescindível que a vítima tenha sido aliciada de forma fraudulenta ou coativa para a configuração do delito. Com efeito, ressaltou que o objetivo do dispositivo é tutelar a liberdade de pessoas que são submetidas a condições degradantes, obrigadas a exercer a prostituição e exploradas moral e economicamente, todavia, o tipo é inócuo no que tange à proteção do tráfico daquelas que, livre de coação ou de qualquer forma de exploração, praticam a prostituição. A fortalecer essa tese, os Julgadores ressaltaramque a Convenção das Nações Unidas Contra o Crime Organizado Transnacional definiu o tráfico de pessoas como sendo o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça, ao uso da força ou a outras formas de coação. Na hipótese, os Desembargadores reconheceram que as vítimas não foram coagidas ou ludibriadas pela embargante, ao contrário, eram jovens que trabalhavam nos Estados de origem como modelos e acompanhantes e dedicavam-se espontaneamente à prostituição. Desse modo, ante a atipicidade material da conduta, o Colegiado absolveu a ré.
Acórdão n.530693, 20080111225204EIR, Relator: JOÃO TIMÓTEO DE OLIVEIRA, Revisor: JESUINO RISSATO, Câmara Criminal, Data de Julgamento: 08/08/2011, Publicado no DJE: 29/08/2011. Pág.: 1235.
2.4- Texto
O tráfico de pessoas é um crime que retira a dignidade da pessoa, coloca o ser humano como um produto, mercadoria que pode ser transportado, vendido ou explorado como quiser. As principais fontes desse tráfico são as mulheres, para fins de exploração sexual; crianças, para adoções ilegais, e também para vendas de órgãos humanos.
Na história do Brasil, o tráfico humano ocorre desde a colônia, onde havia a realidade de escravidão (venda e uso de pessoas) e também juntamente com isso, a exploração sexual, onde as escravas negras eram obrigadas a se prostituírem. Em seguida, como o fim da escravidão negra, o fluxo migratório trouxe ao país as escravas brancas para serem exploradas sexualmente.
Segundo Thaís de Camargo Rodrigues, no livro "Tráfico internacional de Pessoas para Exploração Sexual", "a globalização coloca a disposição dos traficantes de pessoas todas as ferramentas possíveis para fins ilícitos, como a evolução dos meios de comunicação e a facilidade de atravessar fronteiras".
A legislação brasileira prevê punição para tais tipos de crime, sendo uma delas o artigo 149-A do Código Penal, que posiciona como ilícito a ação, o meio e a finalidade deste tipo penal. Sendo a ação caracterizada pelo ato de aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar ou alojar pessoas para o tráfico. O meio trata-se da forma como o ato foi feito, podendo ser por violência, ameaça (seja física ou psicológica), fraude com falsas promessas de emprego, etc. E a finalidade que diz respeito ao motivo pelo qual aquela pessoa foi traficada, sendo para fins de exploração sexual, remoção de órgãos, escravidão, adoção ilegal, etc. Dentre destes o mais comum é o de exploração sexual de mulheres.
Segundo Damásio E. de Jesus:
Notam-se dois perfis de mulheres traficadas: o da mulher que viaja a procura de um emprego em outro lugar em busca de melhoria de vida, mas é enganada, pois a finalidade da viagem é a exploração; e o da mulher que já vivia na prostituição antes da proposta de serviço no exterior (2003, p. 129).
Assim como abordado na Jurisprudência mencionada, que mostra o caso em que houve um possível trafico de mulheres para fins de exploração sexual, a ré foi absolvida pelo fato de que as mulheres aliciadas já trabalhavam desta forma, antes de serem recrutadas. Entretanto, vale a pena refletir sobre a decisão, já que o crime de tráfico de pessoas que está previsto em lei, tem como uma das formas de ação o aliciamento para exploração sexual, não mencionando os antecedentes dos aliciados. 
Mesmo que as vítimas já trabalhassem de tal forma, o crime não se consuma aí, mas sim no fato de haver pessoas que se aproveitam da situação para poderem lucrar em cima dessa exploração. 
3- CONCLUSÃO
Concluindo, deduz que o tráfico de seres humanos situado no artigo 149 do Código Penal, constitui violação dos direitos humanos, por tratar de modalidade de crime organizado que ameaça a humanidade, em razão de comercializar, escravizar, explorar e privar vidas. Teve início na Antiguidade, onde pessoas eram transformadas em escravos, sendo atualmente a terceira atividade mais lucrativa dentre as outras modalidades praticadas no crime organizado, atrás apenas do comércio ilegal de armas e drogas. O crime organizado adquiriu organização semelhante às das grandes empresas multinacionais e conseguiu explorar as vantagens proporcionadas pela globalização e liberalização dos mercados. Grande parte das vitimas é proveniente de países periféricos ou economias em desenvolvimento. Conforme dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Brasil lidera o ranking de tráfico de pessoas, ultrapassando o de tráfico de drogas e de armas. A principal fonte de renda do tráfico é liderada pelo tráfico de pessoas. As principais vítimas desse crime são mulheres e crianças, com a principal finalidade da exploração sexual, porém há um computo expressivo referente a homens vítimas de trabalho análogo ao escravo. Por essa razão redação da nova lei 13.344/16, foi possível que o Brasil expandisse a abrangência da legislação nacional e aumentasse as penas para o crime de tráfico de pessoas. Os aspectos relevantes com a nova legislação concernente ao tema abordado é assegurar, proteger e prestar assistência às vítimas do respectivo crime, de modo que ocorra a prevenção e repressão ao tráfico interno e internacional de pessoas e o endurecimento da prisão de traficantes de pessoas.
]
4- BIBLIOGRAFIA 
Livros:
Rodrigues, Thais de Camargo. TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS PARA EXPLORAÇÃO SEXUAL- São Paulo: Saraiva, 2013- 1º EDIÇÃO.
De Jesus, Damásio E. Tráfico internacional de mulheres e crianças no Brasil: Editora Saraiva, 2003.
Sites: 
https://www.justica.gov.br/news/collective-nitf-content-1564606251.57 Acesso em: 04/10/2019.
https://evinistalon.com/comentarios-a-lei-no-13-34416-trafico-de-pessoas/ Acesso em: 04/10/2019.
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/trafico-humano.htm Acesso em: 04/10/2019.
https://nacoesunidas.org/novo-plano-nacional-visa-reforcar-acoes-de-combate-ao-trafico-de-pessoas-no-brasil/ Acesso em: 04/10/2019.
https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/busca?q=TR%C3%81FICO+DE+PESSOAS Acesso em: 04/10/2019.
https://www.tjdft.jus.br/consultas/jurisprudencia/informativos/2011/informativo-de-jurisprudencia-no-220/trafico-interno-de-pessoas-para-fim-de-exploracao-sexual-consentimento-da-vitima Acesso em: 16/10/2019.
Protocolo de Palermo (2003); Artigo 3ª: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5017.htm Acesso em: 19/10/2019.
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