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Fisiologia 1 Gestão Industrial I Luiz Carlos de Freitas 1ª e di çã o DIREÇÃO SUPERIOR Chanceler Joaquim de Oliveira Reitora Marlene Salgado de Oliveira Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva FICHA TÉCNICA Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado Texto: Luiz Carlos de Freitas Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos COORDENAÇÃO GERAL: Departamento de Ensino a Distância Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se r esponsabilizando a ASOEC pelo conteúdo do texto formulado. © Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedor a da Univer sidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO). Gestão Industrial I Palavra da Reitora Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo, exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero bem-sucedidas mundialmente. São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável pela própria aprendizagem. O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de nossa plataforma. Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos. A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem- sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização, graduação ou pós-graduação. Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona. Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD! Professora Marlene Salgado de Oliveira Reitora. Gestão Industrial I 4 Gestão Industrial I 5 Sumário Apresentação da disciplina ...................................................................................................... 7 Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 9 Unidade 1 - Empresa Industrial: Conceitos e Características ......................................... 15 Unidade 2 - Produção Industrial: Fundamentos e Processo de Gestão ...................... 53 Unidade 3 - Marketing: Interface Com as Áreas da Empresa ......................................... 85 Unidade 4 - Financeiro: Interface com as Áreas da Empresa .......................................117 Unidade 5 - Orçamento Operacional: Fundamentos e Interações com as Áreas da Empresa. ............................................................................................................147 Unidade 6 - Recursos Humanos: interface com as áreas de empresa .......................173 Considerações finais ..............................................................................................................203 Conhecendo o autor ..............................................................................................................205 Anexos.......................................................................................................................................209 Gestão Industrial I 6 Gestão Industrial I 7 Apresentação da disciplina Prezado(a) aluno(a) Nesta disciplina você terá a oportunidade de conhecer as características da empresa industrial que tem por objetivo a produção em que suas operações na maioria das partes se constituem de processos de manufatura, bem como suas diferenças em relação às empresas de serviços. Poderá observar que na forma de sua estruturação não sofre diferenças substanciais quanto às principais áreas que compõem a maioria das empresas, independentemente de sua natureza como a necessidade de colocar o produto ou serviço no mercado na utilização das orientações de marketing, tendo como particularidade as características dos clientes que podem ser pessoas jurídicas ou físicas, nas orientações para gestão da área financeira que requer a utilização os padrões que permitem a viabilização de projetos de médio ou longo prazo, capital de giro. Uma das características com grande particularidade quando se trata de empresas industriais é gestão de pessoas que exige da empresa uma atenção particular para aproveitar todo conhecimento intrínseco dos colaboradores em favor de operações que exigem profundas habilidades técnicas e assim compartilhar em favor de todos os segmentos da organização. Nesse caso a visão de conjunto ou a visão sistêmica na estruturação de comunicação entre todas as áreas se faz necessário e trazer para próximo dos processos as decisões e estabelecer uma política em que todos os colaboradores tenham a visão global e objetiva de toda a organização. Importante, também observar a organização da área de produção tanto no que se refere aos aspectos técnicos com suas particularidades, como sua estrutura, os processos de gestão da tecnologia e de pessoas, como os processos operacionais exigem desta área a atenção absoluta para o sucesso e competitividade da empresa. Bons estudos! Gestão Industrial I 8 Gestão Industrial I 9 Plano da Disciplina Unidade 1 - Empresa industrial: conceitos e características. Prezado(a)s aluno(a)s É comum haver confusão quando se pretende identificar uma empresa industrial pelas operações sem perceber a importância das operações de serviços que são necessárias para que as mesmas possam ocorrer. Assim a valorização das atividades de serviços numa empresa tipicamente de manufatura precisa compor as ações de todas as áreas de gestão e em todos os níveis de decisão. Independentemente da estrutura organizacional que é praticada, seja por departamentalização ou em espiral, dando um contexto prático da gestão baseada na visão sistêmica de organização. Acompanha também esses conhecimentos a compreensão do tipo de sociedade constituída e a aplicação nas diversaspossibilidades de formação da sociedade empresarial, seja individual, limitada, por ações ou outras. Objetivos da unidade: Identificar a natureza das empresas industriais; Conhecer os períodos de transição da indústria em suas diversas etapas: da revolução industrial, da administração clássica ao período moderno; Conhecer as características das operações de manufatoras e de serviços, diferenças e relação existente entre as empresas de produção e de serviço; Reconhecer a estrutura organizacional e suas funções administrativas; Reconhecer a estrutura organizacional e suas funções administrativas; Identificar os tipos de indústrias, classificação e características; Identificar os tipos e modalidades de organização de sociedade industrial; Conhecer as características, normas e princípios que orientam as patentes, invenções, marcas etc. Gestão Industrial I 10 Unidade 2 - Produção: fundamentos e processo de gestão Prezado(a)s aluno(a)s Nesta unidade, teremos a oportunidade de estudar o desenvolvimento do processo de produção no ramo da indústria e suas características presentes desde o período do artesanato, quando o artesão era o conhecedor do seu ofício, detentor das habilidades, equipamentos, matéria-prima ou insumo, a qualidade e o prazo de entrega. Com avanço da sociedade e o surgimento da evolução Industrial com a invenção da máquina a vapor, os capitalistas tomaram para si a organização de galpões e contratavam esses artesãos para trabalharem sobre sua gestão e deram origem às primeiras fábricas e empresas nos moldes que vemos hoje. Objetivos da unidade: Conhecer o processo histórico da produção industrial; Identificar a evolução da produção industrial, do artesanato ao período clássico; Conhecer os processos de produção aplicados nos diversos segmentos da indústria; Identificar os modelos de produção utilizados e os mais adequados à realidade da empresa; Compreender a importância da inovação e tecnologia na indústria; Identificar as inovações tecnológicas aplicadas aos diversos segmentos da empresa; Desenvolver capacidade de distinção entre inovação e invenção; Compreender e distinguir as inovações em seus segmentos na indústria. Gestão Industrial I 11 Unidade 3 - Marketing: interface com as áreas da empresa Prezado(a)s aluno(a)s Após conhecer os processos de produção, sua classificação e aplicação na gestão industrial, teremos a oportunidade de compreender o processo de gestão de marketing identificando o papel do produto em análise, se destinado à produção, consumo, intermediária ou outra. Os produtos industriais produzidos e colocados no mercado estão sempre acompanhados de serviços facilitadores e às vezes o produto final oferecido pelas unidades industriais são serviços e neste contexto, a gestão de marketing deverá está habilitada com operações que respondam estas necessidades. Todo produto ao ser colocado no mercado passa por fases bem definidas que demandam gestão criteriosa até chegar à sua fase de maturidade que dependerá de gestão eficiente para manter-se com a parcela do mercado conquistado e tem na matriz BCG um instrumento capaz de responder às necessidades. Objetivos da unidade: Compreender o conceito de marketing aplicado à empresa industrial; Compreender o processo de identificação do ciclo de vida do produto; Identificar os instrumentos que põem ser utilizados como BCG(Boston Consulting Group); Identificar o grupo de produtos e sua classificação quanto ao destino; Compreender a realização da segmentação do produto em seus diversos aspectos; Preparar o posicionamento da empresa e seu produto no mercado; Entender o que seja o marketing industrial: métodos, aplicação e gestão; Identificar os recursos de gestão que podem ser utilizados como B2B. Gestão Industrial I 12 Unidade 4 - Financeiro: interface com as áreas da empresa Prezado(a)s aluno(a)s Dando continuidade aos nossos estudos, vamos inserir as questões econômico-financeiras que ocupam tanto valor quanto as operações de manufaturas na indústria para que possa atingir os objetivos de lucratividade e perpetuidade no mundo dos negócios. Daí a necessidade de compreensão da forma de constituição do capital de giro e analisando a viabilidade das alternativas de investimentos. Inclui também a gestão de caixa, de contas a receber, os custos de empréstimos, contas a pagar, uso das informações da contabilidade. Objetivos da unidade: Conhecer os fundamentos da gestão financeira e sua importância na empresa; Compreender a composição da área financeira e sua relação com as demais áreas e projetos na empresa; Capacitar o gestor financeiro para identificar os riscos existentes nos negócios empresariais; Conhecer as técnicas de avaliação de projeto econômico-financeiro como subsídio para tomada de decisão. Compreender a subjetividade de análise das questões financeiras na gestão da empresa industrial. Gestão Industrial I 13 Unidade 5 - Orçamento operacional: fundamentos e interações com as áreas da empresa. Prezado(a)s aluno(a)s O sucesso de uma organização empresarial está relacionado ao processo de gestão adotado e á sua estrutura para competir no mercado e manter-se ativa no tempo. A empresa industrial deverá focar em suas operações e processos, considerando as a qualidade dos insumos ou matérias-primas, bem como a gestão eficiente dos recursos humanos. Porém, há necessidade de associar à gestão das operações, uma atenção especial para as questões orçamentárias na produção, ou seja, conhecer os dados históricos de períodos anteriores para servir como base; definir como a alocação dos recursos irão acontecer; identificar os materiais diretos e indiretos a serem utilizados na produção; estabelecer critérios de alocação das despesas diretas e indiretas. A partir destas informações, a gestão financeira deverá preparar o orçamento operacional para orientar a produção e as demais áreas. Objetivos da unidade: Compreender a importância do orçamento operacional na gestão industrial; Conhecer os tipos de orçamentos a serem utilizados na gestão econômico-financeira; Distinguir os orçamentos de acordo com a natureza da empresa; Diferenciar os custos ou despesas diretas e indiretas na produção; Preparar o orçamento operacional em suas diversas fases; Compreender a utilização do orçamento operacional em todas áreas da empresa. Gestão Industrial I 14 Unidade 6 – Recursos Humanos: interface com as áreas da empresa Os recursos humanos ocuparam funções e importâncias diferentes no tempo e no espaço no setor produtivo. O surgimento da ideia de que se fazia necessário olhar os trabalhadores, criar condições de produção e controlar seus resultados surgiram do período da Administração Científica e Escola Clássica quando os trabalhadores eram vistos como recursos para serem controlados com autoridade e a gestão se pautava em uma estrutura racional. Objetivos da unidade: Compreender como as Teorias da Administração conceberam a área de RH; Identificar as características da gestão de RH no tempo; Compreender os pressupostos da gestão de RH na Escola das Relações Humanas; Compreender a estrutura da área de Recursos Humanos; Identificar os subsistemas de RH e suas procedências na gestão empresarial; Organizar área de RH para atender as estratégias da empresa. Bons estudos! Gestão Industrial I 15 1 Empresa Industrial: Conceitos e Características Gestão Industrial I 16 Prezado(a)s aluno(a)s, Nesta primeira unidade faremos um estudo sobre os principais conceitos, características e especificidades das empresas industriais em seu contexto estratégico, tático e operacional. Para tanto, será necessário identificar os tipos indústriasexistentes na economia para que a gestão possa ser eficaz e atender aos objetivos de médio e longo prazo. É comum haver confusão quando se pretende identificar uma empresa industrial pelas operações sem perceber a importância das operações de serviços que são necessárias para que as mesmas possam ocorrer. Assim a valorização das atividades de serviços numa empresa tipicamente de manufatura precisa compor as ações de todas as áreas de gestão e em todos os níveis de decisão. Independentemente da estrutura organizacional que é praticada, seja por departamentalização ou em espiral, dando um contexto prático da gestão baseada na visão sistêmica de organização. Acompanha também esses conhecimentos a compreensão do tipo de sociedade constituída e a aplicada nas diversas possibilidades de formação, seja individual, limitada, por ações ou outras. O que vai determinar os critérios de gestão será a natureza da empresa e como sua estrutura produtiva foi delineada, se baseada na tecnologia ou trabalho humano para definir os padrões de competências, habilidades e capacidades para a gestão e para seus colaboradores em todas as áreas da estrutura organizacional. No ramo da indústria, é marcante a presença de inovações e das descobertas técnicas e científicas para melhorar o processo produtivo e neste contexto é necessário que se tenham conhecimentos quanto às regras e normas de registro de patentes, marcas, invenções e como no Brasil se processa a legislação pertinente de controle do INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial. Não se pode perder de vista a constante necessidade de consultas às normas vigentes que poderão sofrer alterações para atender novas exigências. Gestão Industrial I 17 Objetivos da unidade: Identificar a natureza das empresas industriais. Conhecer os períodos de transição da indústria em suas diversas etapas: da revolução industrial, administração clássica ao período moderno. Conhecer as características das operações de manufatoras e de serviço, diferenças e relação existente entre as empresas de produção e de serviço. Reconhecer a estrutura organizacional e suas funções administrativas. Identificar os tipos de indústrias, classificação e características. Identificar os tipos e modalidades de organização de sociedade industrial. Conhecer as características, normas e princípios que orientam as patentes, invenções, marcas, etc. Plano da unidade: Conceituando Empresa Industrial Produto e serviço: relação e diferenciação Estrutura organizacional básica Classificação das Indústrias Tipo de sociedade empresarial Marcas e Patentes: características e importâncias Realize os estudos na sequência do conteúdo e para uma boa compreensão, faça uma primeira leitura sem interrupção, seguida de uma segunda leitura marcando os pontos principais e na terceira procure construir conhecimentos a partir das anotações para desenvolver autonomia para realizar suas atividades. Bons estudos! Gestão Industrial I 18 Conceituando Empresa Industrial A primeira pergunta que devemos fazer é o que é uma empresa industrial e de uma forma mais simples, podemos dizer que é aquela que transforma matéria- prima em produtos acabados, a fim de satisfazer as necessidades humanas. No sentido restrito, o termo indústria é compreendido como sinônimo de empresa industrial, mas pode ter um uso mais amplo e é, muitas vezes, utilizado para toda atividade econômica que tem como finalidade o lucro. Fonte:https://www.google.com/search?biw=1366&bih=662&tbm=isch&sa=1&ei=d7sbW_qNE4mFwQTGh JGYAw&q=diferen%C3%A7a+entre+empresa+industrial+e+de+servi%C3%A7o&oq=diferen%C3%A7a+en tre+empresa+industrial+e+de+servi%C3%A7o&gs_l=img.3...3907.13685.0.14358.29.26.0.3.3.0.131.2467.21j 5.26.0..2..0...1c.1.64.img..1.4.133...0i24k1.0.UCyTy4o0UMc#imgrc=tLT3csWmr68ozM: Gestão Industrial I 19 Ainda, de acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o adjetivo industrial diz respeito àquilo que pertence ou que está relacionado com a indústria. O termo também permite reportar-se à pessoa que é dona/proprietária de uma indústria ou que vive do exercício das atividades industriais. Portanto, podemos entender por indústria, o conjunto das operações que tem por objetivo obter, transformar ou transportar produtos naturais. As empresas industriais são aquelas incumbidas de transformar a matéria-prima num tipo de produto a que se dá o nome de manufatura. Houve um grande avanço da indústria no tempo, desde a chamada revolução industrial, passando pelo dinamismo da administração taylorista, baseada na produção mecânica, na produção em série da administração fordista até chegar na administração em célula do toyotismo, na utilização do sistema just-in-time de produção, com a pesquisa, inovação e criatividade nos processos industriais. Com a globalização e a expansão das empresas transnacionais, as indústrias nacionais passaram a ser desafiadas constantemente e suas atividades são direcionadas para produção em grande escala. Porém sua finalidade permanece inalterada, ou seja, transformar matéria-prima em produtos acabados e bens para consumo ou para insumos para o processo produtivo com a utilização da força de trabalho humana, as máquinas e equipamentos, os robôs que marcam a indústria moderna, tecnologia da informação, energia elétrica e outros. Outro aspecto importante é compreender o ramo de atividade industrial de atuação para identificar suas especificidades, ou seja, indústria automobilística; indústria de alimentos; indústria têxtil; indústria eletroeletrônica; indústria de calçados; indústria de informática, entre outras. Neste contexto, observa-se que a indústria moderna apresenta grandes avanços em termos de agilidade e eficiência em relação aos processos produtivos para atender à crescente demanda de novas tecnologias e manter-se competitiva. Assim, tem-se que as principais características da indústria moderna podem ser sintetizadas da seguinte forma: Gestão Industrial I 20 Na utilização de máquinas e equipamentos que desempenham funções específicas e muitas das vezes que são multifuncionais; Produção de escala tendo como parâmetro a redução de custos e consequentemente dos preços finais dos produtos; Intensificação da qualificação e da divisão social do trabalhado; Investimento e qualificação e requalificação dos profissionais; Preocupação em conciliar a redução do tempo de produção, flexibilidade e qualidade no processo produtivo; Gestão financeira eficiente; Estrutura de logística ágil e eficiente; Gestão fiscal, em especial em países complexos como o Brasil. Se entendermos que a lógica das operações da empresa industrial é o beneficiamento de insumos para a manufatura, não podemos deixar de pensar que para o desenvolvimento destas operações, existe no ambiente da empresa estruturas de processos de serviços que sustentarão aos trabalhos produtivos. Também, para todo produto ofertado, há uma gama de serviços implícitos para o cliente. A partir desses conceitos, precisamos dar um passo à frente e identificar as características de operações de produtos e serviços quando um ou outro tem o papel principal na vida da empresa ou quando exerce função secundária, mas, de grande importância para os resultados previstos nos objetivos das empresas. Então veremos a seguir o papel e a relevância do produto ou do serviço no contexto da empresa. Gestão Industrial I 21 Produto e serviço: relação e diferenciação Embora possa parecer simples a distinção entre produto e serviço, há em muitos casos uma confusão no seu emprego, seja por clientes ou até mesmo nos ambientes internos das organizações. Muito embora eles sejam distintos, em muitos casos são utilizados num mesmo ambiente. Uma aquisição de produto poderá estarrelacionada aos serviços facilitadores que o acompanha ou vice-versa. Em um processo produtivo seja de manufatura ou serviços, coexistem atividades ou processos para sua execução que são complementares. Daí surge a necessidade de buscar essa diferença para facilitar a gestão e o uso dos mesmos. Então podemos dizer que produto é o resultado de uma atividade humana ou de processo natural, e tem relação com um processo de produção. Também designa bens de consumo ou de comércio, como um artigo ou mercadoria à venda. Em economia, bens duráveis e não duráveis são produtos, itens que possuem um dono, com direitos sobre ele. Como exemplo, são produtos o que uma loja vende, o que uma fazenda colhe e o que uma indústria comercializa, sejam roupas, carros, alimentos etc. Por outro lado, serviço é a realização de uma ou mais atividades para atender demandas sem envolver mercadorias, como por exemplo, transporte, educação, refeições, serviços de telefonia etc. Esse termo tem origem na ideia de servir, atender à necessidade de outra pessoa executando uma tarefa ou ação pontual. Uma das características do produto é sua tangibilidade, pode ser trocado, transportado, removido e necessitam de cuidados quanto à sua vida útil. Em contrapartida, os serviços são intangíveis e depende da iniciativa do usuário para que ele possa existir. Referindo-se ao trabalho, as operações de produção de manufaturas exigem habilidades inerentes às exigências do processo e ocorre de forma interna, enquanto que os serviços como dependem que o usuário tome a Vamos refletir! Qual a diferença entre produto e serviço? Gestão Industrial I 22 iniciativa de utilizar para que inicie sua existência, exige-se uma relação de trabalho e habilidades mais de relacionamento e assim terá que lidar com conflitos, pois suas atividades, também, dependem da presença do cliente: seja presencial ou não. Percebe-se, ainda, que os serviços não podem ser estocados e são de difícil avaliação de sua qualidade. Dependendo assim de análise da percepção do cliente em relação aos valores fornecidos pela empresa, pois são consumidos simultaneamente quando são ofertados pela empresa. Outras particularidades para compreender as diferenças entre produtos e serviços estão na percepção que o cliente tem em relação ao seu preço. Para produtos, o cliente conhece a qualidade intrínseca, avalia o preço e aceita com tranquilidade quando alguma necessidade não é atendida. Quanto aos serviços o preço é composto de outras variáveis à exceção do valor monetário, que é o desgaste psicológico, o tempo de espera, os aspectos tangíveis como as garantias que a empresa irá atender suas necessidades e superar suas expectativas. Essa é outra particularidade da avaliação dos serviços pelo cliente que surge quando suas expectativas são maiores do que as necessidades em relação ao serviço contratado. Pela ótica da empresa fornecedora, quando se trata de estabelecer preço de contrato, os serviços são de difícil majoração e considera além do material utilizado, o tempo necessário para sua execução e tecnologia utilizada. O produto é mensurado pelo que há implícito no mesmo. Quando se trata de transferência de propriedade, o comprador recebe a posse do mesmo e a partir daí passa usufruir da forma que lhe interessar. Por outro lado o serviço não tem transferência de propriedade e sim o direto de uso. Quando esse se encerra, a propriedade continua com ofertante do mesmo. Um exemplo de serviço é da educação, pois o aluno compra o direito de estudar em uma universidade e recebe o diploma, mas quando termina os serviços de educação continuam na propriedade do ofertante. As confusões para diferenciar a relação entre produtos e serviços surgem em grande parte porque eles se fundem ou se confundem em certas situações. Vamos analisar um pouco estas questões! Gestão Industrial I 23 Na sociedade moderna com maior grau de preocupação e busca pela compreensão com o futuro, vislumbramos uma pessoa que ao adquirir um determinado bem, como por exemplo, um carro, um eletrodoméstico, aparelhos eletrônicos, recebe a oferta de garantia estendida ou seguro e assim observamos que nesse caso ocorre um serviço oferecido pela empresa ofertante do produto que poderá ser de sua propriedade ou de propriedade de terceiro. Esse conjunto de operações realizadas pela empresa poderá levar à confusão de que essa empresa trabalha com o produto ou com o serviço que complementou. Em contrapartida, a contratação de um profissional para fazer um reparo em sua casa, não restará dúvida que fora contratado um serviço e o material necessário para sua execução deverá ser adquirido e pago por você, contratante do serviço. Após identificarmos e nos inteirarmos do conceito, relação e diferença de produtos e serviços vamos a seguir compreender a estrutura organizacional de uma empresa industrial. Estrutura organizacional básica Independentemente da natureza das organizações empresariais para que sua estrutura seja bem-sucedida diante dos desafios diários é necessário conhecer as funções básicas que compõem as orientações administrativas e a Teoria Clássica da Administração que fornece os fundamentos para a estruturação das organizações. A Teoria Clássica, criada por Henry Fayol(1841-1925), se caracteriza pela ênfase na estrutura que a organização deveria possuir para ser eficiente. Partia da organização e da estrutura como um todo, para garantir a eficiência de todas as partes envolvidas, fossem elas departamentos, seções ou pessoas como executores de tarefas e ocupantes de cargos. A análise das tarefas de cada indivíduo cedeu lugar a uma visão global e universal da organização. A qual partia a estruturação de toda organização e chegava finalmente ao indivíduo. Gestão Industrial I 24 Henry Fayol dividiu as funções da empresa e criou os princípios gerais da administração, que são as bases da Administração como ciência e são úteis para estruturar toda e qualquer organização independentemente do ramo e tamanho de atividade. Assim, partiu de uma abordagem sintética, global e universal, pois via a organização como um corpo: um corpo empresarial. Desta forma, entendeu as atividades desse corpo em seis funções básicas. São elas: Fonte:https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=613&tbm=isch&sa=1&ei=wCMcW- PoO4OBwgT1nLaoBQ&q=fun%C3%A7%C3%B5es+administrativas+de+fayol&oq=fun%C3%A7%C3%B5es +administrativas+de+fayol&gs_l=img.3...27106.30377.0.30885.9.9.0.0.0.0.175.881.0j7.7.0..2..0...1c.1.64.img.. 2.3.345...0j0i24k1.0.4q0T9N3zoRk#imgrc=WRQSagLfMy97jM: Gestão Industrial I 25 Detalhando as funções. a) Funções técnicas ou industriais. São aquelas relacionadas com a produção de bens e serviços da empresa. Ou seja, estabelece os critérios, orientações e princípios visando proporcionar aos profissionais a utilização dos recursos tecnológicos e materiais para permitir a máxima produção com o menor esforço. b) Funções comerciais ou mercantis. São aquelas relacionadas com a compra/venda e permutação/troca. Por um lado, a empresa industrial deve adquirir materiais e bens destinados à produção ou ao consumo e, por outro lado, deverá vender sua produção. Esse conjunto de atividades deverá ser solucionado pela função mercantil ou comercial que, na sua essência, nos dá a ideia de compra e venda. c) Funções financeiras. São aquelas relacionadas com a procura e gerência de capitais. Portanto, a empresa industrial necessita de capitais para financiar e desenvolver suas atividades que poderá ser obtido de duas formas: pelo capital próprio e/ou de terceiros mediante empréstimos. Caberá à função financeira responder às essas necessidades da empresa industrial. d) Funções de segurança. São aquelas relacionadas com a proteção e preservação dos bens e das pessoas com compõem à empresa. Desenvolveas atividades de proteção da empresa industrial e pelo seu patrimônio, bem como pela integridade física das pessoas. Portanto, à função de segurança caberá as providências necessárias de proteção geral. e) Funções contábeis. São aquelas relacionadas com inventários, registros, balanços, custos e estatísticas. Responde por manter o controle sobre o patrimônio, sobre a saúde econômico-financeira da empresa e serve como orientação de novos investimentos e financiamento. f) Funções administrativas. São aquelas relacionadas com as outras cinco funções integradas, pairando acima delas. Tem como objetivo a organização, o controle e a previsão de todas as demais funções. Gestão Industrial I 26 As funções administrativas (POCCC)s, segundo Fayol podem ser desmembradas como sendo as principais funções do administrador, como sendo as seguintes em uma empresa industrial: Prever. Visualizar o futuro e traçar o programa de ação. Organizar. Constituir o duplo organismo material e social da empresa. Comandar. Dirigir e orientar os colaboradores ou profissionais. Coordenar. Ligar, unir, harmonizar todos os atos e todos os esforços. Controlar. Verificar que tudo ocorra conforme as regras estabelecidas e as ordens dadas. O objetivo dessa classificação por Fayol foi descrever a função administrativa com o propósito de diferenciá-la das funções técnicas e comerciais, confundidas pelos executivos que não a compreendiam muito bem. Ela se repartia por todos os níveis da empresa e não era privativa da alta direção, ou seja, não se concentrava exclusivamente no todo da empresa, não era privilégio dos diretores, sendo distribuída proporcionalmente por todos os níveis hierárquicos. Quando se refere à estrutura organizacional, existem parâmetros que são aplicados à toda natureza de empresa, guardadas as particularidades dos objetivos a que se propõe. Se a estrutura tem características de descentralização nas tomadas de decisão, independe de sua natureza. O organograma apresenta uma formulação gráfica da linha de comportamento nos processos de tomadas de decisão e aplica a todas as empresas. Vamos refletir! E a estrutura da empresa industrial? Refere-se a um organograma exposto no quadro do diretor? Ou a um padrão de responsabilidade definido à sala fechadas? Gestão Industrial I 27 Fonte:https://www.google.com/search?q=estrutura+organizacional&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved= 0ahUKEwidkKzI1cbbAhXKEZAKHapIAU0Q_AUICigB&biw=1366&bih=662#imgrc=NNE-8QuYyWnJ0M: Então vamos identificar as possibilidades de esquematização de uma empresa industrial de pequeno ou médio porte! Organização Administrativa Industrial. Para atingir seu objetivo de lucro, a empresa industrial deverá organizar seus processos administrativos para cumprir seus objetivos que é transformar matérias-primas em produto acabado para o consumidor ou insumos para a indústria. Portanto, deverá utilizar-se das funções gerenciais POCCC (planejar, organizar, coordenar, comandar e controlar) em todas suas etapas do processo. E para tornar a organização em condições de dar as respostas que se espera na aplicação eficiente dos recursos materiais, humanos, tecnológicos e de conhecimentos, deverá utilizar-se dos três poderes que se alinham à gestão empresarial: 1. Poder Volitivo – representa o poder maior da empresa, ou seja, de onde saem as definições estratégicas. É aquele que determina os objetivos a serem alcançados e é exercido pelo diretor-presidente ou outro título. 2. Poder Deliberativo – representa aquele que vai decidir sobre a aplicação das decisões do poder volitivo, sendo exercido pelo diretor-geral ou outro Gestão Industrial I 28 representativo, que delega autoridade e responsabilidade a cada um dos diretores encarregados das diversas funções ou setores da empresa, passando essas decisões ou deliberações ao poder executivo. 3. Poder Executivo – representa o poder que executará todas as vontades e decisões dos poderes anteriores, sendo exercido pelos diretores dos diversos setores da empresa (diretor de vendas, de produção, administrativo, entre outros). Esquema Administrativo para Empresa Industrial de Porte Médio. Todo esquema administrativo deverá ser adequado à empresa e seus objetivos e apresenta variações substanciais entre elas. Num período em que as empresas privam por produtividade e otimização dos custos, poderá ocorrer de eliminado níveis de direção intermediária e concentrar em uma única direção geral. O que mais se ver na atualidade, mas, é importante entender que as diferenças de competências existem entre os níveis. Para que possamos compreender com mais detalhe a estruturação de uma empresa enquanto tomada de decisão vamos considerar diversidades de níveis de hierarquia de direção para tomadas decisão. 2.1. Diretor-superintendente. Tem a função de gerenciar a área administrativa, financeira e técnica e tem sob sua subordinação os diretores com suas especializações e responsabilidades oferecendo o suporte necessário para atingirem seus objetivos. 2.2. Diretor-técnico. Tem por função gerenciar a produção e precisa ter habilidades e competências específicas para o exercício dessa função da sua importância no conjunto das ações da empresa. Deverá ser especializado e conhecedor dos processos relacionados à linha de produção. Terão sob suas responsabilidades algumas áreas, tais como: a) Área de compras. Responde pelas atividades relativas à escolha, seleção e aquisição das matérias-primas ou insumos necessários à produção e aos materiais secundários e complementares e necessários ao processo produtivo. Responde também, pela gestão de fornecedores, pela pesquisa de preços e financiamento. Isto implica na necessidade de um relacionamento estreito com o almoxarifado e com o setor financeiro. Gestão Industrial I 29 b) Área do Almoxarifado. Área encarregada do recebimento e da guarda das matérias-primas ou insumos, dos materiais secundários e complementares da produção, das máquinas e equipamentos e outros materiais ligados diretamente à produção. c) Área de manutenção e mecânica. Responde pela execução de todos os serviços de mecânica e reparação de máquinas e equipamentos para manter toda empresa em pleno funcionamento. d) Coordenadoria de produção. Área responsável diretamente pela coordenação e comando da produção, ordenando ao setor fabril a produção prevista no tempo programado, com exame da qualidade, do aproveitamento da capacidade produtiva etc. e) Área de projetos e desenhos. Responde pela elaboração de desenhos e projetos segundo orientações técnicas recebidas. f) Planejamento e Controle de Produção. Responde pelo planejamento, e programação da produção, elaboração de controles relativos aos estoques de matérias-primas. 2.3. Diretor-comercial. Responde por dirigir a área comercial, da expedição e do expediente interno e tais como às relacionadas aos problemas de vendas e cobranças. Assim, deverá ser ocupado por profissional que tenham habilidades e competências para gerir as seguintes funções. a) Área de vendas. Identifica os clientes que irão negociar com a empresa, desenvolve e executa os planos de venda dos produtos fabricados diretamente ou por intermediários, promove a seleção e admissão dos profissionais que irão atuar em todo o processo. b) Área de publicidade e propaganda. Contrata empresas especializadas ou prepara a redação das mensagens de publicidade a serem veiculadas em jornais, revistas, mala direta, televisão, rádio, painéis, folhetos etc. Também programa a distribuição de brindes ou amostras grátis entre outras. Gestão Industrial I 30 c) Área de estoque e expedição. Responde pelo controle do estoque de produtos acabados, pela preparação e embalagem para atender aos pedidos do setor de vendas. d) Área de transporte. Realizao controle dos veículos utilizados pela empresa para o transporte de materiais e produtos vendidos, bem como para as outras necessidades administrativas da empresa. e) Área de faturamento. Responde pela emissão das notas fiscais de vendas dos pedidos aprovados, emissão de faturas, duplicatas, recibos e participa no controle das entregas dos produtos. f) Crédito e cobrança. Responde pelo exame dos pedidos recebidos do setor de vendas, pela liberação dos créditos e do atendimento de acordo com limites ou condições em que as vendas foram realizadas, e controla a cobrança das duplicatas e recibos emitidos pelo setor de faturamento. 2.4. Diretor-administrativo/financeiro. Tem por responsabilidade coordenar o cumprimento das normas de organização, de supervisão dos controles de natureza econômica e financeira. Para eficácia nestas ações poderão estar a ele vinculadas as seguintes áreas: de pessoal; de contabilidade, financeira, de expediente e administrativa. Como em qualquer ramo de atividade, a empresa necessita definir uma estrutura que seja eficaz e dinâmica para atender às mudanças constantes na sociedade moderna em que o obsoletismo é o principal ingrediente para alimentar os processos de tomadas de decisão. Portanto, a organização deverá ser estruturada para atender às estratégias definidas e manter-se competitiva. A esta altura, depois de refletirmos sobre a estrutura administrativa, funções, conceitos e características de empresas industriais, vamos analisar como elas podem ser classificadas. Embora não pretendamos encerrar a discussão, pois a classificação dependerá de certas características e compreensão dos gestores e sociedade. Gestão Industrial I 31 Classificação das Indústrias Como vimos até agora, a empresa industrial tem características específicas, tanto no que se refere à sua conceituação, como à sua estrutura organizacional e como à finalidade a que se propõe. Então, esta classificação deverá ser realizada de forma que possibilite a diferenciação e o agrupamento de acordo com suas especificidades para possibilitar a compreensão do papel e da influência que o setor se ocupa na economia de um país. Vejamos os principais agrupamentos das empresas industriais. Classificação das indústrias de acordo com a finalidade. É o tipo mais usado para classificação da atividade industrial, sendo utilizado para descrever e realizar análises econômicas e geográficas da sociedade e são divididas em bens de produção, de capital e de consumo. Os dois primeiros tipos são genericamente chamados de indústrias de base. Como indústria de base, temos: a) Indústrias de bens de produção. São aquelas que transformam matérias- primas em insumos para serem utilizados na produção e não ao consumo. Como exemplo, temos o beneficiamento da bauxita para a produção do alumínio. b) Indústrias de bens de capital. São aquelas que fabricam maquinários e equipamentos que serão utilizados por outras indústrias ou em outro segmento como no sistema agrícola mecanizado. Necessita de alto grau de conhecimento técnico e de domínio tecnológico e é considerado um ramo estratégico para o desenvolvimento de economia como um todo. c) Indústrias de bens de consumo. São aquelas que transformam matéria- prima em mercadoria para condições de consumo E nesse caso poderá ser remetida para comercialização. Podem se divididas em indústria de bens duráveis (materiais como computadores, móveis, eletrodomésticos) e indústrias de bens não duráveis (medicamentos, alimentos, bebidas, calçados, cosméticos, roupas). Gestão Industrial I 32 Classificação das indústrias de acordo com o tipo de atividade. Podem ser: a)Indústria extrativa. São aquelas que operam a partir da extração de recursos naturais e normalmente não são renováveis. Como exemplo, temos a extração de minerais, de petróleo ou de alguns tipos de vegetais, como a borracha extraída da seringueira e processada na indústria. b) Indústria de transformação: São aquelas em que suas operações sejam no sentido de transformar matéria prima ou recurso transformado em outro diferente. Classificação das indústrias de acordo com o setor de atuação. Pode ter a seguinte classificação: a) Indústria energética. São as indústrias direcionadas para a produção de energia ou de combustíveis. b) Indústria alimentícia. São aquelas destinadas à produção de alimentos e bebidas. c) Indústria da construção civil. São aquelas em que suas atividades se relacionam na construção de prédios, residência ou estrutura física e de montagem em outras empresas. d) Indústria bélica. São aquelas direcionadas à produção de armamentos e veículos utilizados em conflitos para fins estratégicos. e) Indústria informacional. Também conhecidas como “fábricas sem chaminés”, operam na produção de softwares, aplicativos e na produção de equipamentos para utilização dos mesmos. . Outra forma de classificação das empresas industriais e de fácil compreensão pode ser de acordo com a natureza dos produtos que fabricam e pode ser: de mineração e extrativas; de ferro e seus derivados como siderurgia; de metais ou metalurgia; mecânica e de construção de máquinas; de aparelhos e máquinas de precisão; de materiais elétricos; de automóveis e veículos motorizados; de fios ou fiação; de tecidos ou têxtil; de cordas, barbantes, lanifício etc.; gráfica e editores de livros, revistas e jornais; derivados de leite: laticínios; de móveis e objetos de madeira; de papel e de seus derivados; de cerâmica; de artefatos de couro; de Gestão Industrial I 33 artefatos de borracha; de construções; de materiais plásticos; de vidros; de cimento; de química e petroquímica; de produtos farmacêuticos; de refinação de petróleo; de aparelhos elétricos e eletrônicos; de gêneros alimentícios. Ainda podemos encontrar outras formas de classificação das indústrias que atenderiam os nossos estudos, tais como classificá-las conforme o setor de atuação: a indústria aeronáutica, a naval, a automotiva, a farmoquímica etc. Tipo de sociedade empresarial A exemplo da classificação de empresas industriais existe outras formas de classificação de empresas enquanto sociedade empresarial, cada qual estando sujeito à legislação específica. Porém, em termos jurídicos, o Código Civil (lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002) relaciona seis tipos de empresas ou sociedades empresárias, entre seus artigos 980-A e 1039 a 1092. 1. Sociedade em nome coletivo. Constituída obrigatoriamente por pessoa física constituindo uma sociedade (sócios), que respondem em condições de igualdade, ou seja, respondem, solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. O exercício da gestão deverá ser exercido pelos sócios, sendo proibida a contratação de terceiros para tal função. Outra particularidade é que seu nome deverá ser como firma, ou seja, com o nome de qualquer dos sócios seguido da expressão “& Cia”. 2. Sociedade em comandita simples. É constituída por dois tipos de sócios: pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais da empresa, denominados comanditados, que deverão exercer a função administrativa da sociedade e assume as responsabilidades de forma solidária e Vamos refletir! Mas, agora, cabe à pergunta: em qual tipo de sociedade empresarial podemos incluir uma empresa industrial, considerando a natureza e os aspectos legais? Gestão Industrial I 34 ilimitada. E os comanditários, que respondem em acordo com o valor de suas cotas. E, na ausência do comanditado, estes sócios deverão nomear um administrador provisório por um período de 180 dias para realizar a gestão sem assumir a condição de sócio da empresa. 3. Sociedade limitada. É composta por dois ou mais sócios que contribuem com recursos monetários ou bens para formação do capital social para desempenho de atividadeseconômicas. Nessa sociedade, a responsabilidade dos sócios é equivalente ao seu capital de participação na sociedade. Ainda, o sócio tem obrigação com a sua parte do capital social, podendo ser chamado a integralizar quotas dos sócios que deixaram de integralizá-las. A gestão desta sociedade pode ser exercida por uma ou mais pessoas estipuladas em contrato ou ato separado. Há necessidade do uso do termo LTDA para designar o tipo de empresa que exige uma escritura pública ou contrato social para identificar o número e nome dos sócios, o detalhamento das quotas de capital e como estão distribuídas entre eles. O nome empresarial pode ser de dois tipos: denominação social ou firma social. Esta sociedade pode assumir a forma de Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), mediante declaração desde que atenda aos requisitos da lei complementar 123, de 14 de dezembro de 2006. 4. Sociedade em comandita por ações. Esta sociedade é regulada pelas normas das sociedades anônimas e tem seu capital dividido em ações e possui categorias de acionistas semelhantes aos sócios comanditados e comanditários. Poderá comerciar sob firma ou razão social, porém, como firma deverá ser complementada pelas palavras comandita por ações, por extenso ou de forma abreviada. 5. Sociedade anônima. A sociedade anônima (S/A) ou empresa jurídica de direito privado, abriga a maioria dos empreendimentos de grande porte no Brasil e sua regulamentação se encontra na lei 6.404/76. 6. EIRELI. A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) é constituída por uma única pessoa, titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, não inferior a cem vezes o maior salário-mínimo Gestão Industrial I 35 vigente. A EIRELI será regulada, no que couber, pelas normas aplicáveis às sociedades limitadas. Existem duas formas de se instituir uma EIRELI: a) originária: quando decorre de ato de vontade da criação específica desta modalidade de pessoa jurídica; b) superveniente: na forma do §3° do art 980-A, quando “resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração”. Então vamos avançar um pouco mais. Marcas e Patentes: características e importância Essa é uma questão que os gestores devem estar atentos, mas também se aplica às pessoas físicas em atividades de criação e inovação das mais diversas possíveis. Podemos observar que no Brasil a proteção intelectual abrange diversos segmentos e aspectos com suas especificidades. Aplica-se para os tipos de Importante! Esse assunto não se esgota com esse estudo, cabendo em cada caso ter as orientações de especialistas na área jurídica, mas, aqui pudemos entender de forma geral as constituições de tipos de sociedade. A partir dessa caminhada, outro aspecto importante para formação profissional e de conhecimentos relacionados à gestão de empresas e produção industrial são os critérios de marcas e patentes praticadas no mercado. Vamos refletir! Marcas e patentes: o que é isso e qual sua importância para gestão industrial? Gestão Industrial I 36 propriedades intelectuais em níveis de direito autoral, propriedade industrial e proteção sui generis. Os procedimentos para registro e proteção da marca ou produção intelectual, tecnológica, estão dimensionados por leis específicas e contribui para produção e transferência de tecnologia do país. Vejamos as modalidades da Proteção Intelectual no Brasil na figura a seguir. Fonte:https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=662&tbm=isch&sa=1&ei=_TcdW7GZMM eNwgSW_JDwCg&q=marcas+e+patentes+o+que+significa&oq=marcas+e+patentes+o+que+signif ica&gs_l=img.12..0i24k1.3348.6900.0.9305.16.8.0.8.8.0.130.871.2j6.8.0..2..0...1c.1.64.img..0.16.910...0j 35i39k1.0.qRvoMeYDHoI#imgrc=aDzCUjzkz-BYaM: No Brasil, os bens industriais são regulados pela Lei no 9279/96, também conhecida como Lei da Propriedade Industrial(LPI). A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5o, parágrafo XXIX, tem-se que entre os direitos e garantias fundamentais, assegura também aos autores de inventos industriais o privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, considerando o interesse social e o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. Assim a lei se ocupa com as invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais, marcas, indicações geográficas e à concorrência desleal. Com exceção Gestão Industrial I 37 para os nomes das empresas que é disciplinado pela Lei 8.934/94(Lei de Registro Público de Empresa), em seus artigos 1.155 ao 1.168 do CC de 2002 e nos arts 33 e 34. Onde registrar as marcas industriais? Fonte:https://www.google.com.br/search?biw=1366&bih=662&tbm=isch&sa=1&ei=_TcdW7GZMMeNwgS W_JDwCg&q=inpi+o+que+significa&oq=INPI+o+que+&gs_l=img.1.1.0i24k1l5.1213568.1218211.0.122221 0.11.9.0.2.2.0.211.983.0j7j1.8.0..2..0...1c.1.64.img..1.10.998...0j0i67k1j0i10k1.0.fsmipPQbHf4#imgrc=bUd4GM GEHIfJXM: Sabe-se que são bens industriais, a invenção, o modelo de utilidade, o desenho industrial e a marca. E aí surge o INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial, autarquia com sede no Rio de Janeiro, que concede o direito ao uso exclusivo do registro ou da patente. Vejamos algumas particularidades iniciais de procedimentos do INPI para as concessões de marcas e patentes(TADDEI, art. 02/2010). A marca e o desenho são objetos de “registro” no INPI, enquanto que as invenções e modelos de utilidade são objetos de “patente” no INPI. Para as patentes não existem prorrogações, enquanto que para os registros, sim. A concessão de patentes e de registros apresenta natureza constitutiva de direito quando o empresário conquista o direito de explorar o respectivo bem industrial com exclusividade. Gestão Industrial I 38 Cabe ao INPI a responsabilidade pela averbação dos contratos de franquia, registro de programas de computador e de indicações geográficas. A forma de exploração do bem industrial pode ser direta ou indireta quando o titular do registro ou da patente autorizar outro empresário à sua exploração mediante licença de uso. Ainda, pode ocorrer o empresário titular da patente ou do registro fazer a cessão para exploração exclusiva a outro empresário. I – Características das marcas. Fonte: https://www.google.com.br/search?q=marcas+e+patentes&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEw jY05CXqMnbAhXFgJAKHZdIA0AQ_AUICygC&biw=1366&bih=662#imgrc=G2-G09fkdUA-GM: Sabe-se que a marca é o sinal que identifica direta ou indiretamente um produto ou um serviço e por isso deverá ser registrada (artigo 122 da LPI) e pode ser classificada da seguinte forma: a) Quanto à Legislação (art. 123) tem-se a seguinte: De produto ou serviço. Utilizada para diferenciar os produtos ou serviço semelhantes ou afins. Exemplos: VW; GM; PETROBRAS De certificação. Utilizada para atestar (certificar) a conformidade de um produto ou serviço com normas ou especificações técnicas, quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada. Exemplos: INPI, ABC, INMETRO. Gestão Industrial I 39 Marca coletiva. Utilizada para identificar produtos ou serviços fornecidos por membros de uma determinada entidade. Exemplos: Associação dos Cafeicultores da Região de Ribeirão Preto, Associação de vinicultores de São Bento do Sul. As marcas de certificação e as coletivas são de identificação indireta. Elas possuem um regulamento de uso registrado no INPI que estabelece as condições para seu uso, sendo desnecessária a licença. É suficiente o atendimento aos pressupostos previstos no regulamento de uso, independentemente de qualquer registro no INPI. b) Na classificação quanto à forma pode ser a seguinte, considerandoa doutrina e o INPI. Nominativas. São marcas formadas exclusivamente por palavras e não possuem uma preocupação estética ou visual e restringe-se ao nome. Exemplos: Tony e Kleber. Figurativas. São marcas constituídas por desenhos ou logotipos, figura ou um emblema. Exemplos: quatro círculos da Audi, raio da Zoomp, símbolo da Nike. Mistas. Apresentam as características das duas anteriores, constituindo- se de palavras escritas com letras especiais ou inseridas em logotipos. São as mais utilizadas. Exemplos: Coca-Cola, Fisk, Skol, Shell. Tridimensional. São marcas constituídas por forma especial não funcional e incomum dada diretamente ao produto ou a seu recipiente, sendo que a forma especial objetiva identificar diretamente o produto. O registro da marca tridimensional é uma inovação da Lei nº 9.279/96. Exemplos: tampa da caneta BIC, seta da caneta Parker. No que se refere ao registro marcas no INPI pode ser: Registro constitutivo de direito, quando o empresário adquire o direito ao uso exclusivo da marca com o certificado de registro concedido pelo INPI, que é constitutivo de direito. O direito de exclusividade será titularizado por quem requerer o registro em primeiro lugar, não interessando quem tenha utilizado comercialmente a marca primeiro, ressalvando-se os casos de boa-fé em que o interessado que utiliza marca pelo período mínimo de 6 meses pode apresentar Gestão Industrial I 40 oposição no prazo de 60 dias da publicação do pedido de registro na Revista de Propriedade Industrial de marca colidente com a sua. b) Requisitos para o registro da marca: art. 124, LPI O art. 124 da LPI relaciona em 23 incisos os sinais que não podem ser registrados como marca. Com base nesse dispositivo, a doutrina sintetiza 3 requisitos que devem ser cumpridos para o registro de marcas, conforme segue. Novidade relativa. Não é necessário criar uma palavra ou um signo novo, bastando utilizar pela primeira vez para a identificação do produto ou do serviço uma palavra ou signo já existente. Não colidência com marca registrada ou com marca notória. A marca não pode ser confundida com outras já existentes, não podendo apresentar colidências com a marca registrada ou com marca notória. Exemplos: Tuboar e Turbo-ar, Bom-Bril e BomBrilho, Creolina e Criolinha. Desimpedimento. O art. 124 da LPI impede o registro de vários signos que não podem ser registrados como marca. Exemplos: brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumentos oficiais; expressão, desenho, figura ou qualquer outro sinal que ofendam a moral e os bons costumes ou que ofendam a honra ou imagem de pessoas ou atentem contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração; termo técnico usado para distinguir produto ou serviço; sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; além de outras vedações previstas no art. 124, LPI. Gestão Industrial I 41 c) Princípio da especialidade (especificidade) A proteção da marca restringe-se à classe de produtos ou serviços em que é registrada. O princípio da especialidade restringe o direito ao uso exclusivo da marca à respectiva classe de atividade definida pelo INPI. Assim, no âmbito material a marca apresenta uma proteção, em regra, relativa, já que podem existir produtos ou serviços de classes diferentes utilizando denominações iguais ou semelhantes. Exemplos: existe a marca Veja para a identificação de uma revista e a marca Veja para a identificação de produtos de limpeza, isso é possível porque revistas e produtos de limpeza estão em classes diferentes, não causando confusão junto aos consumidores. O princípio da especialidade encontra uma exceção: a marca de alto renome, que apresenta proteção especial em todas as classes de atividades, conforme assegura o art. 125 da LPI. A doutrina destaca como exemplos de marcas de alto renome: Coca-Cola, McDonald´s (COELHO, 2005, v.1, p.159). d) Requerentes do registro da marca: art. 128, LPI De acordo com o art. 128 da LPI podem requerer o registro de marca, as pessoas físicas ou jurídicas de direito público (CC 2002, art. 41: União, Estados, DF, Territórios, municípios, autarquias e demais entidades de caráter público criadas por lei) ou de direito privado (CC 2002, art. 44: associações, sociedades, fundações). As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de forma direta ou por meio de sociedades que controlem direta ou indiretamente, declarando no próprio requerimento esta condição. O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica representativa de coletividade. O registro de marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou serviço prestado. e) Prazo de vigência do registro da marca: art. 133, LPI O registro da marca tem a duração de 10 (dez) anos a partir da concessão do registro (LPI, art. 133). Ao contrário do prazo da patente, é prorrogável por períodos iguais e sucessivos, devendo o interessado realizar a prorrogação sempre no último ano de vigência do registro. Se o prazo de prorrogação for perdido, admite-se que seja apresentado nos 6 (seis) meses seguintes ao termo final do prazo de vigência, mediante o pagamento de uma retribuição adicional. Gestão Industrial I 42 f) Proteção territorial O direito ao uso exclusivo da marca alcança todo o território nacional, já que o registro da marca é realizado no INPI, autarquia federal, podendo alcançar proteção internacional. II - Características do desenho industrial O art. 95 da LPI define desenho industrial como "a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial". Com base na definição legal, conclui-se que o desenho industrial é a alteração da forma dos objetos que apresenta aplicação industrial sem ampliar a sua utilidade, caracterizando-se pelo aspecto diferente atribuído ao objeto. A contribuição é apenas estética, daí seu aspecto fútil, não melhora o funcionamento do objeto. São exemplos de desenho industrial: a forma de uma luminária, de um móvel de decoração, de uma joia. O art. 98 da LPI prevê que uma obra de caráter exclusivamente artístico não é considerada desenho industrial, estando protegida pelo direito autoral. O desenho industrial apresenta necessariamente utilidade, não se confundindo com a obra de arte. a) Registro do desenho industrial no INPI: arts. 98 e 100, LPI O registro do desenho industrial no INPI encontra-se sujeito a três requisitos: novidade, originalidade e desimpedimento. De acordo com os arts. 98 e 100 da LPI, não pode ser registrado o desenho que: tem natureza puramente artística (obra-de-arte); ofende a moral e os bons costumes, a honra ou imagem de pessoas, ou atente contra a liberdade de consciência, crença, culto religioso, ou contra ideias ou sentimentos dignos de respeito e veneração; apresenta forma necessária, comum, vulgar ou determinada essencialmente por considerações técnicas e funcionais. Gestão Industrial I 43 b) Prazo de vigência do registro: art. 108, LPI O direito ao uso exclusivo do desenho industrial tema duração de 10 anos a contar do depósito do pedido, sendo admitidas até 3 prorrogações sucessivas de 5 anos cada (prazo máximo de 25 anos a partir do depósito). Como ocorre com a prorrogação do registro de marca, o pedido de prorrogação deve ser feito no último ano de vigência do registro, sendo possível, se perdido o prazo, até 6 meses após o término da vigência, desde que pague retribuição adicional. c) Extinção do registro De acordo com o art. 119 da LPI, o registro extingue-se: pela expiração do prazo de vigência; pela renúncia do titular, ressalvado o direito de terceiros; pela falta de pagamento da retribuição devida ao INPI; pela ausência de representante legal no Brasil quando o titular é domiciliado em outro país. A possibilidade da nulidade da concessão do registro do desenho industrial também constitui um fator extintivo do direito industrial. Como se observa, não existe caducidade para o desenho industrial, ao contrário dos demais bens industriais. d) Repressão ao uso indevido do desenho industrial Os arts. 187 e 188 da LPI preveem as hipóteses caracterizadoras de crime contra os desenhos industriais. O uso indevido do desenho industrial, a exemplo do ocorre em relação aos demais bens industriais, é sancionado no âmbito civil e penal, sendo que as ações necessárias à proteção dos direitos decorrentes do registro (uso exclusivo, cessão do registro ou do pedido de registro, licenciamento de seu uso, medidas de proteção do bem industrial) já foram tratadas no item 3.5, supra. III – Características da invenção A invenção tradicionalmente não é definida na legislação. Com base na doutrina, invenção corresponde à criação original do espírito humano que apresente os requisitos da novidade (não compreendida no estado da técnica), inventividade (não decorre de forma óbvia ou evidente do estado da técnica), industriabilidade (aplicação industrial) e desimpedimento (conforme previsto nos arts. 10 e 18 da LPI). Gestão Industrial I 44 Prazo de vigência da patente de invenção: art. 40, LPI. A patente de invenção tem a vigência de 20 anos contado do depósito do pedido, assegurado o mínimo de 10 anos a contar da concessão da patente. Se houver demora do INPI em conceder a patente, o prazo da concessão não poderá ser inferior a 10 anos. Assim, se a patente é concedida após 8 anos da data do depósito do pedido, o prazo é de 20 anos contado do depósito, mas se a patente é concedida após 12 anos do depósito, assegura-se ao interessado a exploração da patente por no mínimo 10 anos a contar da concessão, alcançando desde a data do depósito o prazo total de 22 anos. Patente não é prorrogável. Vencido o prazo a invenção cai em domínio público, podendo ser explorada por qualquer pessoa, independentemente de licença. III – Características do modelo de utilidade O art. 9º da LPI define modelo de utilidade como o "objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação". Também chamado de pequena invenção, o modelo de utilidade é uma espécie de aperfeiçoamento realizado em um objeto para facilitar, melhorar ou ampliar a sua utilização. Se o aperfeiçoamento não apresenta avanço tecnológico que os técnicos da área reputem engenhoso, sua natureza jurídica é de mera adição de invenção (art. 76, LPI). Se existir dúvida em relação ao enquadramento da criação industrial como invenção ou modelo de utilidade, não existindo critério técnico para eliminá-la, deve-se considerar o objeto uma invenção. IV - Prazo de vigência da patente: art. 40, LPI A patente de modelo de utilidade tem a vigência de 15 anos a contar do depósito do pedido, sendo assegurado o mínimo de 7 anos a contar da concessão da patente. Da mesma forma que a invenção, se houver demora do INPI em conceder a patente, o prazo da concessão não poderá ser inferior a 7 anos. Não é permitida prorrogação, vencido o prazo, o modelo de utilidade cai em domínio público e pode ser explorado por qualquer pessoa. Gestão Industrial I 45 7. PATENTEABILIDADE: ART. 8°, LPI No art. 80 temos que a invenção e o modelo de utilidade sejam objeto de patente concedida pelo INPI devem atender aos requisitos da: Novidade: a invenção ou o modelo de utilidade não estão compreendidos no estado da técnica (art. 11, LPI); Inventividade: não decorre de maneira óbvia ou evidente do estado da técnica (arts. 13 e 14, LPI); Industriabilidade: deve ser suscetível de aplicação industrial, quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria; Desimpedimento: arts. 10 e 18, LPI. O art. 10 da LPI prevê o que não é considerado invenção e modelo de utilidade: descobertas; teorias científicas e métodos matemáticos; concepções puramente abstratas; esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética e programas de computador; regras de jogo; técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, terapêuticos ou de diagnóstico; o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais. O art. 18 da LPI prevê os impedimentos legais: invenções contrárias à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos resultantes de transformação do núcleo atômico, assim como a modificação de suas propriedades e os processos respectivos; o todo ou parte dos serres vivos, exceto os microrganismos transgênicos que atendam aos requisitos da patenteabilidade e que não sejam mera descoberta. Leitura Complementar BLASI JÚNIOR, Clésio Gabriel Di e outros. A propriedade industrial. Rio de Janeiro: Forense. 2000. BERNARDI, Luiz Antonio. Manual de Empreendedorismo e Gestão; fundamentos, estratégias e dinâmicas. SP: Atlas, 2003 Gestão Industrial I 46 Nesta unidade, tivemos a oportunidade de estabelecer a diferença entre uma empresa de manufatura e de serviço, bem como identificar as características de suas operações e perceber que elas se complementam na estrutura da empresa industrial. Isso significa que não há operação secundária na estrutura da empresa, pois além delas se complementarem na oferta final para o cliente ou consumidor um poderá ser o facilitador da utilização do outro. Este entendimento é de grande valia para a gestão porque dotará cada procedimento na relação com seus colaboradores e na utilização dos recursos disponíveis dando o mesmo valor nas operações tanto de manufatura como de serviço. Tivemos a oportunidade de compreender e identificar os diversos tipos de indústria e compreender que a gestão para otimizar os recursos inerentes, dependerá das competências e habilidades dos recursos humanos disponíveis para usufruir da tecnologia disponível. O padrão de gestão deverá ser compartilhado com uma estrutura flexível para atender às contingências e a natureza de organização da sociedade e especificidades da indústria. Vimos também que a transferência de tecnologia de um país, depende de como as invenções, inovações e patentes alcançam a segurança técnica e jurídica para ser consolidada a autorização de sua utilização em benefício da empresa. Após a introdução da gestão em empresa industrial como os conceitos, características e habilidades necessárias, vamos avançar nossos estudos para compreender a organização da produção na empresa industrial. Bons estudos e vamos para a próxima unidade! É hora de se avaliar Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão ajudá-lo a fixaro conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Gestão Industrial I 47 Exercícios – Unidade 1 1. Fayol, o principal pensador da administração clássica, preocupava-se com a estrutura da empresa. Para ele toda a empresa, é composta por seis operações básicas. Quais são? a) Contábeis, financeiras, automação, administrativas, comercial e moral. b) Administrativas, financeiras, técnicas, comerciais e segurança. c) Contábeis, financeiras, administrativas, técnicas, comerciais e segurança. d) Administrativas, financeiras, técnicas, motivacional, comerciais e segurança. e) Contingencial, financeiras, automação, administrativas, contábil e comercial. 2. O segmento industrial que tem sua produção destinada diretamente para o mercado consumidor, a partir de bens provenientes das indústrias de base ou de recursos ligados à agricultura, é: a) Indústria de bens de consumo b) Indústrias extrativas c) Indústrias de bens de produção d) Indústrias de equipamentos e) indústria de transformação 3. Sobre os tipos de indústrias, leia as proposições a seguir e marque (F) para as alternativas falsas e (V) para as alternativas verdadeiras. a)( ) A indústria tradicional é pouco automatizada e emprega muita mão de obra em relação ao valor da produção. b)( ) A indústria pesada consome grandes quantidades de matéria-prima e de energia, como siderurgia. c)( )A indústria de base cria condições necessárias a outras fabricações, como a indústria de máquinas e ferramentas. Gestão Industrial I 48 d)( ) A indústria de bens duráveis produz bens que servirão de matéria-prima para outras indústrias, como a química pesada. e)( )A indústria de acabamento tem como matéria-prima bens industrializados, como a de produtos farmacêutico. Marque a alternativa correta. a) São verdadeiras as alternativas de A a D b) São verdadeiras as alternativas de A a B c) São verdadeiras as alternativas de C a E d) São verdadeiras as alternativas de D a F e) São verdadeiras as alternativas de A a C 4. O setor industrial tem se modernizado, utilizando tecnologias cada vez mais sofisticadas, como robôs e equipamentos de grande precisão. No entanto, alguns seguimentos da indústria não possuem grandes aparatos tecnológicos. Marque a alternativa que corresponde ao tipo de indústria que utiliza pouca tecnologia no processo de produção. a) Indústria moderna b) Indústria de ponta c) Indústria tradicional d) Indústria de bens de consumo e) Indústria de bens intermediários Gestão Industrial I 49 5. Relacione as duas colunas abaixo, enumerando a segunda de acordo com a primeira: 1. Indústria de base; 2. Indústria de bens de capital; 3. Indústria de bens de consumo. A. ( ) Produção de materiais duráveis B. ( ) Produção de materiais não duráveis C. ( ) Produção de peças para indústrias D. ( ) Transformação de matérias-primas para produção industrial E. ( ) Produção de máquinas industriais Marque a alternativa com a combinação correta. a) 2; 3; 2; 1; 2 b) 2; 3; 1; 3; 2 c) 3; 3; 3; 1; 2 d) 1; 3; 1; 1; 2 e) 3; 3; 2; 1; 2 6. Com relação à Sociedade não personificada, nos termos do Código Civil, afirma-se: I - Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples. II - Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, podem provar a existência da sociedade, por documento escrito ou acordo tácito, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo. III - Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum. Gestão Industrial I 50 IV - Os bens sociais respondem pelos atos de gestão praticados por qualquer dos sócios, salvo pacto expresso limitativo de poderes, que somente terá eficácia contra o terceiro que o conheça ou deva conhecer. V - Todos os sócios respondem subsidiária, solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, admitido o benefício de ordem, previsto. Assinale a alternativa que indica as informações certas. a) I, III e IV. b) II, IV e V c) II, III e IV d) I, III e V e) III, IV e V 7. São patenteáveis: a) As descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos. b) Os microrganismos transgênicos que atendam aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial, e que não sejam mera descoberta. c) As obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas e qualquer criação estética. d) as técnicas cirúrgicas e métodos terapêuticos e de diagnóstico para aplicação no corpo animal, mas não no corpo humano. e) Apenas as invenções que atendam os requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Gestão Industrial I 51 8. Em matéria de propriedade industrial, assinale a alternativa incorreta: a) O inventor pode requerer a não divulgação de sua nomeação; b) A patente somente pode ser requerida pelo autor da invenção/modelo de utilidade ou pelo cessionário; c) Técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos não são considerados invenção nem modelo de utilidade; d) Obras arquitetônicas não são consideradas modelo de utilidade; Os direitos de propriedade industrial são considerados bens móveis. 9. Aponte as principais posturas que devem ser assumidas pelos profissionais no exercício da administração de empresas industriais na atualidade para conquistarem o sucesso empresarial. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 10. Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) representa entidade personificada, constituída por um único titular. Analise as seguintes assertivas sobre essa entidade e justifique se está correto ou incorreto, fundamentando. A empresa individual de responsabilidade limitada deverá constituir-se com capital, devidamente integralizado, que não será inferior a sessenta vezes o maior salário mínimo vigente no país. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Gestão Industrial I 52 A empresa individual somente poderá adotar firma, acrescida da expressão EIRELI, sendo vedada a utilização de denominação. __________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ III. Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas. _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________
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