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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ª VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE ______________ DO ESTADO DE ______________ Autos nº 00417/2021-01 EDUARDO SILVA MARQUES, representado por sua genitora MARISSE SILVA, já qualificados, por seu advogado abaixo assinado, nos autos da AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS proposta por PAULO MARQUES, vem apresentar sua CONTESTAÇÃO nos termos do art. 336 do CPC pelos fatos e fundamentos a seguir: I DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA A Contestante possui renda insuficiente para custear esta demanda sem que comprometa o seu sustento e o de sua família. Para tal benefício da justiça gratuita, junta-se aos autos declaração de hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas judiciais sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do Código de Processo Civil: Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro no processo ou em recurso. § 1º - Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância, o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá seu curso. § 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos. § 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural. Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus a Requerente ao benefício da gratuidade de justiça: II DOS FATOS Alega o Autor, em síntese, que a revisão de alimentos se justifica pelo fato de ter tido dois filhos com sua atual companheira Daiana Souza, além de ajudar na criação da enteada, fruto de um relacionamento anterior de Daiana. Afirma, ainda, que esta nova condição financeira se agravou em razão de dívidas oriundas de sua pequena oficina alugada. Segundo este, esses fatos autorizaram a redução de pensão que paga ao Alimentando. Por fim, mesmo sem qualquer demonstração, alega estarem presentes requisitos do binômio possibilidade e necessidade, requerendo a diminuição do pagamento de pensão alimentícia inicialmente estipulada em 1 salário-mínimo, correspondente atualmente em R$ 1.100,00 (hum mil e cem reais), para o valor mensal de R$ 400,00 (quatrocentos reais). Absolutamente nenhum documento sobre os possíveis ônus extras que suporta foram juntados, tão pouco comprovação de que sua situação financeira tenha se modificado para pior, o que desautoriza a concessão da medida aqui pleiteada como se expõe a seguir. III DO DIREITO DA ALEGADA ALTERAÇÃO ECONÔMICA DO AUTOR - INEXISTÊNCIA Analisando a petição inicial, é possível identificar que a principal tese apresenta se baseia na constituição d enova família com o nascimento de novos filhos, o que, supostamente, gerou novos custos ao Autor, sendo que tais custos, conjugados ao pagamento de pensão alimentícia, estariam influenciando no sustento da família como um todo. Portanto, a tentativa do Autor é de demonstrar ao Juízo que houve mudança na sua situação financeira pela mera constituição de nova família. No entanto, não foi juntado aos autos nenhum tipo de comprovação neste sentido, nem em relação aos gatos extras e nem em relação ao impacto que tal fato traria ao orçamento doméstico, violando o artigo 373, I, do Código de Processo Civil. Mesmo que tais provas fossem produzidas, não estaríamos diante de uma mudança de situação financeira de quem deve suprir os alimentos e este é um elemento condicionante, nos termos do art. 1699 do CC, para que se possa discutir uma possível redução da pensão alimentícia. Tal artigo é claro ao condicionar os pedidos de exoneração, redução ou majoração à “mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe”. Como a presente ação não comtempla a mudança da necessidade de quem recebe a pensão, e sim a modificação de situação financeira de quem paga, caberia a este comprovar suas alegações, o que não ocorreu. A mera alegação de constituição d enova família não autoriza automaticamente a redução do valor de pensão pago a filhos de outra união. Nesse sentido, é pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. ALIMENTOS. RECURSO ESPECIAL. REVISÃO DE ALIMENTOS. PEDIDO DE REDUÇÃO. ELEMENTOS CONDICIONANTES. MUDANÇA NA SITUAÇÃO FINANCEIRA DO ALIMENTANTE OU DO ALIMENTANDO. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. CONSTITUIÇÃO DE NOVA FAMÍLIA COM NASCIMENTO DE FILHO. DESINFLUÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÕES. NOVO JULGAMENTO A modificação das condições econômicas de possibilidade ou de necessidade das partes, constitui elemento condicionante da revisão e da exoneração de alimentos, sem o que não há que se adentrar na esfera de análise do pedido, fulcrado no art.1699 do CC/02. As necessidades do reclamante e os recursos da pessoa obrigada devem ser sopesados tão-somente após a verificação da necessária ocorrência da mudança na situação financeira das partes, isto é, para que se faça o cotejo do binômio, na esteira do princípio da proporcionalidade, previsto no art. 1694, §1º, do CC/02, deve o postulante primeiramente demonstrar de maneira satisfatória os elementos condicionantes da revisional de alimentos, nos termos do art. 1699 do CC. Se não há prova do decréscimo das necessidades dos credores, ou do depauperamento das condições econômicas do devedor, a constituição de nova família, resultando ou não em nascimento de filho, não importa na redução da pensão alimentícia prestada a filhos havidos da união anterior. Com fundamento no art. 535 do CPC, deve ser cassado o acórdão recorrido, para que outro seja proferido, em consonância com o entendimento desta Corte – acima referenciado- desta vez pronunciando-se o Tribunal de origem a respeito de omissões apontadas pelos recorrentes, em sede de apelação e de embargos declaratórios, notadamente no que concerne à alteração da causa de pedir deduzida pelo recorrido e consequente julgamento extra petita, em violação ao art. 265 e 460 do CPC. Diante do quadro fático posto no acórdão recorrido, imutável nesta sede especial, em que preponderou circunstância divorciada do entendimento pacificado por esta Corte, a justificar a redução do valor dos alimentos devidos aos recorrentes, impõe-se a devolução do processo ao Tribunal de origem, para que a nova análise do pedido seja realizada, com base na jurisprudência destacada. A revisibilidade munida da efetiva alteração da ordem econômica das partes há se ser o fator desencadeante de um Judiciário mais atento e sensível às questões que merecem peculiar desvelo como o são aquelas a envolver o Direito a Alimentos em Revisional, permitindo a pronta entrega da prestação jurisdicional, no tempo e modo apropriados, sem interpretações deslocadas. Recurso especial conhecido e provido (g. N.) (REsp 1027930 RJ 2008/0017770-2, Relator (a): Ministra NACY ANDRIGHI, Julgamento: 03/03/2009, Órgão Julgador: T3- TERCEIRA TURMA, Publicação: Dje 16/03/2009) PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REVISIONAL DE ALIMENTOS. NASCIMENTO DE OUTRO FILHO. CONSTITUIÇÃO DE NOVA FAMÍLIA. NÃO INFLUÊNCIA. SÚMULA N. 83/STJ. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE REDUÇÃO DA CAPACIDADE FINANCEIRA. REVISÃO DE PROVAS. SÚMULA N. 7/STJ. DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL. ALEGAÇÃO DE NÃO OCORRÊNCIA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. IMPROCEDÊNCIA. 1. Refoge da competência outorgada ao STJ analisar suposta ofensa a dispositivos constitucionais em sede de recurso especial 2. Considera-se improcedente a arguição de ofensa aos arts. 165, 458 e 535 do CPC quando o Tribunal a quo se pronuncia, de forma motivada e suficiente, sobreos pontos relevantes e necessários ao deslinde da controvérsia. 3. Incide a Súmula n. 7 do STJ na hipótese em que o acolhimento da tese defendida no recurso especial reclamar a análise dos elementos probatórios produzidos ao longo da demanda 4. A constituição de nova família pelo alienante não implica, necessariamente, a revisão dos alimentos prestados aos filhos da união anterior, principalmente s enão for comprovada a mudança negativa na sua capacidade financeira. Incidência da Súmula n. 83/STJ. 5. Recurso especial parcialmente conhecido e desprovido (g. N.) (STJ-REsp: 1323734 PR 2012/0101446-2, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, Data de Publicação: DJ 05/05/2015) Deste modo, é totalmente improcedente a ação pelo fato de que as alegações se resumem apenas à constituição de nova família e dívidas em seu negócio, sem prova de redução das necessidades do Alimentado ou da capacidade econômica do Alimentante. DA NECESSIDADE DO ALIMENTO – PROPORÇÃO NECESSIDADE E POSSIBILIDADE Não está em questão a necessidade do Alimentado, porém, para comprovar a impossibilidade de redução da pensão também por este motivo e reforçando a boa-fé processual, junta-se o Alimentado alguns comprovantes de suas despesas, que são a mensalidade escolar no valor de R$900 ,00 (novecentos reais) e o plano de saúde de R$ 350,00 (trezentos e cinquenta reais). Sem mencionar os gastos mínimos com transporte, alimentação, vestuário, dentro outros. Apenas as duas despesas descritas já somam o valor de R$ 1. 250,00 (mil duzentos e cinquenta reais), mais do que a média de R$ 1.100,00 (mil e cem reais) pagas de pensão alimentícia pelo genitor. Quando a lei prevê que o alimentado deve receber os alimentos na proporção de sua necessidade e da possibilidade do alimentante, ela trata os alimentos não apenas como a questão alimentar em si, mas abrangendo todas as demais necessidades decorrentes da vida, tais como vestuário, transportes, segurança, saúde, laser e etc. A fim de se manter o padrão de vida que havia durante a sociedade conjugal. É o que afirma a lição do doutrinador Yussef Said Cahali: “ “Assim, na determinação do quantum, há de se ter em conta as condições sociais da pessoa que tem direito aos alimentos, a sua idade, saúde e outras circunstâncias particulares de tempo e de lugar, que influem na própria medida; […] com relação a esposa, preconiza-se a concessão de alimentos, na quantidade necessária a manter a sua situação econômica e social equivalente àquela que mantinha por ocasião da vida em comum, e o padrão de vida da sociedade conjugal que se desconstituiu…” (CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998. p. 755.) E no mesmo sentido, tem-se reiteradamente manifestado a jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALIMENTOS. REDUÇÃO DA VERBA ALIMENTÍCIA PELA METADE EM TUTELA ANTECIPADA. INOBSERVÂNCIA DO BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. 1. É certo que a fixação da verba alimentícia não faz coisa julgada e seu valor pode sofrer alterações, conforme se modifiquem as condições econômicas e as necessidades das partes alimentante e alimentada; 2. Todavia, é imperioso observar a proporcionalidade entre o binômio necessidade/possibilidade, prevista no § 1º do artigo 1.694 do Código Civil; 3. A observância do contraditório e da instrução processual mostra-se imprescindível para comprovar a necessidade de redução da verba alimentícia pela metade; 4. Agravo de Instrumento conhecido e provido. (Agravo de Instrumento nº 28409-66.2008.8.06.0000/0, 4ª Câmara Cível do TJCE, Rel. Francisco Lincoln Araújo e Silva. Unânime, DJ 27.01.2011). Por se tratar de uma criança de 03 anos, não há qualquer possibilidade em curto prazo de que suas necessidades diminuam, pelo contrário. Seguem anexos à presente, também, os holerites da representante legal do menor demonstrando que seu salário fira em torno de R$ 2.000 (dois mil reais), comprovação cabal da impossibilidade de contar com ajuda menor do que já vem sendo dada para prover o mínimo ao seu filho e para instruir o pedido de gratuidade. Como é possível observar nas decisões colacionadas acima, a mudança negativa da capacidade financeira de quem pleiteia a revisão de pensão alimentícia é o ponto central da questão e isto não restou demonstrado. IV DOS PEDIDOS Ante o exposto, requer-se: a) O deferimento do benefício da justiça gratuita nos termos da declaração anexa b) A não designação de audiência de conciliação por não haver interesse na composição pela impossibilidade de se reduzir a pensão c) Que ao final seja julgada a presente ação improcedente pelos fatos e fundamentos expostos, condenando o Autor ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários a serem estabelecidos pelo Juízo. Protesta-se pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial a oitiva pessoal da parte e produção documental Termos em que, Pede Deferimento. Local e Data ______________ Advogado OAB n. .
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