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Unidade I DESCARTES E A FILOSOFIA MODERNA Profa. Heloisa Helena Não podemos entender a Filosofia Moderna sem contextualizá- la dentro da história do pensamento ocidental, que teve sua origem na Grécia Antiga. Podemos dividir a história da Filosofia ocidental em quatro grandes períodos: Filosofia Antiga. Filosofia Medieval. Filosofia Moderna. Filosofia Contemporânea. A filosofia moderna no contexto da história do pensamento ocidental Fonte: http://julirossi.blogspot.com.br/2013/02/o- pensador_6.html A Filosofia Antiga: vai do século VI a.C. até o século VI d.C. e compreende quatro grandes períodos da Filosofia greco- romana: Período pré-socrático: quando a Filosofia se ocupa com a origem do mundo e as causas das transformações na natureza. Período socrático: a Filosofia investiga as questões humanas: a ética, a política e as técnicas, ou seja, é um período antropológico. Períodos históricos da filosofia – Filosofia Antiga Período sistemático: nesse período, a Filosofia procura reunir e sistematizar tudo o que já havia sido pensado até então; ela se interessa em mostrar que tudo pode ser objeto do conhecimento filosófico, sendo necessário que as leis do pensamento e suas demonstrações estejam estabelecidas pois é necessário haver critérios da verdade e da ciência. É o período de Platão e Aristóteles. Período helenístico: vai se ocupar com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a natureza; mas também de ambos com Deus quando entra no Cristianismo. Nesse período temos as escolas epicurista, estoica, cínica e neoplatônica. Os filósofos mais importantes e influentes desse período são: Sócrates, Platão e Aristóteles. Filosofia Antiga A Filosofia Medieval se divide em: Filosofia Patrística. Filosofia Escolástica. A Patrística começa no século I e vai até o século VII, recebendo influência das Epístolas de São Paulo e do Evangelho de São João. A grande preocupação da filosofia patrística é conciliar a fé cristã com a razão e divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à Igreja de Roma). Os nomes mais importantes dessa época foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras, Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio. Filosofia Medieval A Filosofia Escolástica vai do século VIII ao século XIV, quando a Igreja Romana dominava politicamente a Europa e criava, no entorno das catedrais, as primeiras universidades ou escolas. E, a partir do século XII, por ter sido ensinada nas escolas, a Filosofia Medieval também é conhecida com o nome de Escolástica. Uma de suas questões principais diz respeito às provas da existência de Deus e da alma. A filosofia medieval tem grandes pensadores europeus, árabes, judeus e os teólogos medievais mais importantes foram: Abelardo, Duns Scoto, Escoto Erígena, Santo Anselmo, Santo Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno, Guilherme de Ockham, Roger Bacon, São Boaventura. Do lado árabe: Avicena, Averróis, Alfarabi e Algazáli. Do lado judaico: Maimônides, Nahmanides, Yeudah bem Levi. Filosofia Medieval A Filosofia Moderna é dividida em três grandes períodos: Renascimento: do século XIV ao XVI. Racionalismo clássico: do século XVII a meados do século XVIII. Iluminismo: de meados do século XVIII ao começo do século XIX. Vamos entender cada uma dessas fases? Filosofia Moderna O pensamento renascentista é marcado pela descoberta de obras filosóficas gregas, de Platão e Aristóteles, desconhecidas na Idade Média, bem como pela recuperação das obras de grandes autores e artistas gregos e romanos. Os temas principais desse período são: o homem como microcosmo, a política e o antropocentrismo. Os nomes importantes desse período são: Dante, Marcílio Ficino, Giordano Bruno, Campannella, Maquiavel, Montaigne, Erasmo, Tomás Morus, Jean Bodin, Kepler e Nicolau de Cusa. Filosofia Moderna – Renascimento O Racionalismo Clássico é marcado por três grandes mudanças intelectuais: 1ª – surgimento do sujeito do conhecimento. 2ª – o objeto pode ser conhecido desde que sejam consideradas representações, ou seja, ideias ou conceitos formulados pelo sujeito do conhecimento. 3ª – a realidade é concebida como um sistema racional de mecanismos físicos, cuja estrutura profunda e invisível é matemática. Há uma grande confiança nas capacidades e nos poderes da razão humana. Os principais pensadores desse período foram: Francis Bacon, Descartes, Galileu, Pascal, Hobbes, Espinosa, Leibniz, Malebranche, Locke, Berkeley, Newton, Gassendi. Filosofia Moderna – Racionalismo Clássico O Iluminismo é a última fase da Filosofia Moderna e vai de meados do século XVIII ao começo do século XIX. É um período calcado também na razão e chamado de “As Luzes”, tendo como premissa básica que o homem pode conquistar a liberdade e a felicidade social e política por meio da razão. Os principais pensadores do período foram: Hume, Voltaire, D’Alembert, Diderot, Rousseau, Kant, Fichte e Schelling (embora esse último costume ser colocado como filósofo do Romantismo). Filosofia Moderna – Iluminismo Existe uma fase da Filosofia Moderna que vai do século XVIII até o início do século XIX e é considerada a última fase dela. Qual é essa fase? a) Idade Média. b) Racionalismo clássico. c) Renascimento. d) Iluminismo. e) Convencional. Interatividade Existe uma fase da Filosofia Moderna que vai do século XVIII até o início do século XIX e é considerada a última fase dela. Qual é essa fase? a) Idade Média. b) Racionalismo clássico. c) Renascimento. d) Iluminismo. e) Convencional. Resposta A Filosofia Contemporânea compreende o final do século XIX e os séculos XX e XXI e é marcada por rupturas com o pensamento anterior. São temas recorrentes na Filosofia Contemporânea: a história, as ciências, a política e as utopias, a cultura, a pós-modernidade, a linguagem e a ética. São considerados filósofos contemporâneos: Hegel, Nietzsche, Husserl, Heidegger, Sartre, Merleau-Ponty, Bachelard, Bergson, Wittgenstein, Foucault. Filosofia Contemporânea É preciso entender que filosofar é pensar, raciocinar e criar conceitos acerca da realidade. O intuito dessa disciplina é entendermos a Filosofia como um todo e a Filosofia Moderna, com destaque para o pensamento de Descartes. Vamos, então, entender cada uma das fases ou períodos da Filosofia Moderna? Mas afinal, vamos filosofar? Aqui se dá a ruptura com o pensamento teocêntrico da Idade Média e surge o modelo antropocêntrico de compreensão da realidade. Teo significa Deus e cêntrico significa centro, portanto, tudo que pensavam e conheciam girava em torno de Deus. A Filosofia Moderna tem seu nascimento no Renascimento que compreende os séculos XIV, XV e XVI. O período renascentista é marcado pela ruptura com o modelo teocêntrico dos medievais e a proposta de um modelo antropocêntrico de compreensão da realidade. Mas antes de irmos além, vamos entender um pouco mais do pensamento medieval. Filosofia Renascentista O período medieval foi longo, durou mil anos e foi marcado pelo domínio da Igreja Católica. O pensamento cristão controlava o pensamento das pessoas e dos grupos sociais da época. O homem era apenas a criatura criada à imagem e à semelhança de Deus, existindo somente para obedecer e salvar sua alma por meio dessa obediência. Tudo o que era escrito, produzido, pensado, passava pelo crivo da Igreja e ela decidia o que poderia ser ou não divulgado. Filósofos da Antiguidadecomo Platão e Aristóteles foram cristianizados por Agostinho que cristianizou de Platão e, por Tomás de Aquino, que fez o mesmo com Aristóteles. Pensamento medieval A dualidade corpo e alma, tão importante para Platão, teve grande aceitação e desenvolvimento no pensamento medieval. A alma era considerada a única parte digna do ser humano, aquela que deveria ser salva a todo custo. O corpo era a entrada do pecado no mundo e, portanto, deveria ser mortificado e controlado para que a alma não ardesse no fogo do inferno. Essa dualidade também se estendia aos mundos. O mundo celestial, o paraíso para onde as almas salvas irão habitar na eternidade, o céu. O mundo terreno, sujo, degradado, cheios de tentações que podiam levar a alma ao inferno e a eternos sofrimentos. Pensamento medieval O início da Filosofia Moderna se dá com o surgimento do pensamento renascentista que rompe com a filosofia medieval. Em função das grandes descobertas marítimas, da reforma protestante, do ressurgimento das cidades e do reestabelecimento do comércio, o sistema feudal entra em declínio. Estamos falando do período entre o século XIV e XVI. Para Marilena Chauí, o pensamento renascentista tem três grandes linhas de pensamento. Vamos entendê-las? Filosofia Moderna A primeira vem de Platão com a ideia da natureza como um grande ser vivo; o homem faz parte da natureza como um microcosmo (como espelho do universo inteiro) e pode agir sobre ela por meio da magia natural, da alquimia e da astrologia, pois o mundo é constituído por vínculos e ligações secretas (a simpatia); o homem pode também conhecer esses vínculos e criar outros, como um deus. A segunda linha vem dos pensadores florentinos, que valorizavam a vida ativa, isto é, a política, e defendiam os ideais republicanos das cidades italianas contra o Império Romano- Germânico, isto é, contra o poderio dos papas e dos imperadores. Filosofia Moderna A terceira linha de pensamento propunha o homem como artífice de seu próprio destino, tanto por meio dos conhecimentos (astrologia, magia, alquimia), quanto da política (o ideal republicano), das técnicas (medicina, arquitetura, engenharia, navegação) e das artes (pintura, escultura, literatura, teatro). O Renascimento é assim chamado porque a cultura, a filosofia e a arte dos gregos e dos romanos renasceram após ter desaparecido durante o período medieval. O pensamento renascentista é antropocêntrico, ou seja, o homem é o centro da filosofia, é o ponto de partida para a compreensão da realidade. Filosofia Moderna Também segundo Marilena Chauí, o racionalismo clássico é marcado por três grandes mudanças intelectuais: A primeira, conhecida como “surgimento do sujeito do conhecimento”, começa indagando qual é a capacidade do intelecto humano para conhecer e demonstrar a verdade dos conhecimentos. O ponto de partida é o sujeito do conhecimento, o homem, com a consciência que conhece sua capacidade de conhecer. O sujeito do conhecimento é um intelecto no interior de uma alma. Por isso, a segunda pergunta da Filosofia é: Como o espírito ou intelecto pode conhecer o que é diferente dele? Como pode conhecer os corpos da natureza? Racionalismo Clássico: Descartes A segunda grande mudança intelectual diz respeito ao objeto do conhecimento. Para os modernos, as coisas exteriores (a natureza, a vida social e a política) podem ser conhecidas desde que sejam consideradas representações, ou seja, ideias ou conceitos formulados pelo sujeito do conhecimento. Explicando melhor: tudo o que pode ser conhecido deve poder ser transformado em um conceito ou em uma ideia clara e distinta, formulada pelo intelecto. Racionalismo Clássico: Descartes Fonte: http://www.liceufilosofia.com.br/ 2016/06/pensamento.html A terceira e última mudança veio com Galileu quando afirma que “o livro do mundo” “está escrito em caracteres matemáticos”, ou seja, o mundo é essencialmente racional e, assim, a realidade é concebida. A realidade é um sistema de causalidades racionais rigorosas que podem ser conhecidas e transformadas pelo homem. Nasce a ideia de experimentação e de tecnologia (conhecimento teórico que orienta as intervenções práticas) e o ideal de que o homem poderá dominar tecnicamente a natureza e a sociedade. É o triunfo da técnica e passa a haver a convicção que a razão humana é capaz de conhecer a origem, as causas e os efeitos das paixões e das emoções, sendo, portanto, capaz de governá-las e dominá-las. Racionalismo Clássico: Descartes Percebemos até aqui que entender a Filosofia é mais do que isso, filosofar é: a) Pensar. b) Raciocinar. c) Criar conceitos sobre a realidade. d) Estruturação de pensamento. e) Todas as alternativas se encontram corretas. Interatividade Percebemos até aqui que entender a Filosofia é mais do que isso, filosofar é: a) Pensar. b) Raciocinar. c) Criar conceitos sobre a realidade. d) Estruturação de pensamento. e) Todas as alternativas se encontram corretas. Resposta O terceiro período da Filosofia Moderna é chamado Iluminismo, em que a razão é a luz que ilumina a realidade. No período Iluminista existe grande desenvolvimento pelas ciências, principalmente as que têm a ideia de evolução. Darwin, com sua evolução das espécies, vai colocar a biologia em um lugar central no pensamento iluminista. Também há grande interesse pelas artes, porque elas representam o grau de progresso de uma civilização. A economia passa a ser alicerce da vida social e política. Discute-se a importância maior ou menor da agricultura e do comércio. Essa controvérsia se expressa em duas correntes do pensamento econômico: primeiro, a corrente fisiocrata e, segundo, a corrente mercantilista. Iluminismo: Filosofia das Luzes O racionalismo moderno nos traz uma questão que é fundamental: a razão humana é inata ou ela é adquirida por nossas experiências vividas? Durante muito tempo, a Filosofia nos deu duas respostas: A primeira ficou conhecida como inatismo. A segunda, como empirismo. O empirismo afirma que a razão é adquirida por nós pela experiência. Em grego: empeiria – empirismo, conhecimento empírico, ou conhecimento adquirido por meio da experiência (CHAUÍ, 2004, p. 69). Racionalismo moderno O inatismo afirma que nascemos trazendo em nossa inteligência não só os princípios racionais, mas também algumas ideias verdadeiras ou inatas. Platão defende essa tese em várias de suas obras, mas a passagem mais conhecida se encontra nos diálogos de “Mênon” e em “A República”. Em “Mênon”, Sócrates dialoga com um escravo fazendo-lhe perguntas e conseguindo que ele, escravo, demonstre sozinho o difícil teorema de Pitágoras. Em “A República”, Platão desenvolve a teoria da reminiscência, em que nascemos com a razão e as ideias, sendo que a filosofia fará com que relembremos. Conhecer, diz Platão, é recordar a verdade que já existe em nós. O inatismo No “Discurso do Método” e nas “Meditações Metafísicas”, Descartes defende a tese que nosso espírito possui três tipos de ideias que irão se diferenciar pela origem e pela qualidade: 1ª – ideias adventícias são aquelas que vêm de fora por meio de sensações, percepções, lembranças, ou seja, por experiências que, muitas vezes, não condizem com a realidade. O inatismo de Descartes Fonte: http://supernaturalrrpg.forumeiros.com/t23- floresta-de-longland-noite Fonte: http://like3za.pt/os-fantasticos-pores-do-sol-portugal/ 2ª – ideias fictícias: são aquelas criadas pela imaginação com partes das ideias adventícias e que compõem seres inexistentes. O inatismo de Descartes Fonte: http://www.desenhosinfantis.com/imagens-cavalo-alado-jpg Fonte: http://pt.quizur.com/quiz/que-tipo-de-fada- voce-seria-EQm 3a – ideiasinatas: são racionais e só podem existir porque nascemos com elas como a ideia do infinito. Não temos qualquer experiência sobre o infinito. Para Descartes, essas ideias são a “a assinatura do Criador” no nosso espírito e nos trazem a possibilidade de entender se uma ideia adventícia é verdadeira ou falsa e ter certeza que as ideias fictícias são sempre falsas. Para Descartes, as ideias inatas são simples, muitas vezes chegam com a intuição e são o ponto de partida para a dedução racional e da indução como “Penso, logo existo”. O inatismo de Descartes Para os empiristas, nascemos como uma folha de papel em branco e tudo o que sabemos vem de fora, de experiências e de contatos com outras pessoas e com o mundo exterior. A razão, a verdade e as ideias racionais são adquiridas por meio da experiência. Os filósofos ingleses dos séculos XVI ao XVIII são os empiristas mais famosos como: Francis Bacon, John Locke, George Berkeley e David Hume. As sensações se reúnem e formam uma percepção. A experiência escreve e grava no espírito as ideias, e a razão irá associá-las, combiná-las, formando os pensamentos. O empirismo Fonte: http://minhasplantas.com. br/plantas/rosa/ David Hume foi um empirista e mostra que a ciência é formada pela associação de ideias, como consequência das repetições. Vamos ver um exemplo? Percebo que ao colocar a água no fogo ela fica muito quente e ferve, terminando por evaporar. Isso acontece inúmeras vezes também com outros líquidos e isso me leva a dizer: “O calor é a causa desses fatos”. Hume, nesse caso, diz que as ideias da razão se originam na experiência e que os princípios da racionalidade também são derivados dessas mesmas experiências. O calor é a causa e a evaporação, a consequência. Temos, aqui, o princípio da causalidade. O empirismo Problemas com o inatismo: 1º – a própria razão pode mudar o conteúdo de ideias que eram consideradas universais e verdadeiras. Para Platão se uma ideia mudasse, ela era uma simples opinião, ao passo que uma ideia verdadeira seria inata, universal e necessária, não sofrendo as variações das opiniões. 2º – a própria razão pode provar que ideias racionais também podem ser falsas como foi o caso da física cartesiana que demonstrou ser falsa quando vista sob o ponto de vista de Galileu. Ao questionarmos um e outro... Problemas com o empirismo: Para Chauí, o problema que o empirismo apresenta está na impossibilidade do conhecimento objetivo da realidade (CHAUÍ, 2004, p. 73) ou, melhor dizendo, se a ciência é uma questão de hábitos e repetições, quando ao invés de ferver a água e ver seu volume aumentar eu gelar a água e ver seu volume diminuir, a ciência desaparece porque deixa de explicar, por repetição, o primeiro fenômeno. Do conflito entre empiristas e inatistas surge o ceticismo. Ao questionarmos um e outro... Para o matemático e filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646- 1716) existia uma distinção entre verdades de razão e verdades de fato. As verdades de razão eram inatas e enunciavam uma premissa universal, necessária, não podendo ser diferente do que realmente era. Como exemplo, temos o círculo. As verdades de fato seriam obtidas por meio das sensações, da percepção e da memória, dependendo, portanto, de experiência. As verdades de fato, para o autor, são empíricas e se referem a coisas que poderiam ser diferentes como a rosa vermelha. Para essas verdades funciona o princípio da razão suficiente, ou seja, tudo tem uma causa que pode ser conhecida. Solucionando a origem da razão Kant exerceu grande influência entre os filósofos e se notabilizou por investigar as condições que possibilitam o conhecimento e o modo como podemos agir, tendo em vista um princípio universal que não cause danos para as outras pessoas. Preocupou-se também em examinar os limites do homem e sua filosofia se denominou filosofia crítica. Kant dizia que os filósofos eram semelhantes com astrônomos geocêntricos, buscando um centro que não é verdadeiro. Essa visão ficou conhecida como Revolução Copernicana que percebia o sol como o centro de tudo. Hélios = sol, sistema heliocêntrico. Solucionando a origem da razão Percebemos que para que se dê a evolução das ideias, normalmente existe um rompimento com as ideias antecessoras, pelo menos, em um primeiro momento. Assim, a filosofia moderna, centrada na razão, nega a filosofia medieval, centrada na ideia de Deus. Quais são as características de cada uma dessas filosofias? a) Antropocêntrica e teocêntrica. b) Relevante e estruturada. c) Antropocêntrica e estrutural. d) Teocêntrica e relevante. e) Relevante e antropocêntrica. Interatividade Percebemos que para que se dê a evolução das ideias, normalmente existe um rompimento com as ideias antecessoras, pelo menos, em um primeiro momento. Assim, a filosofia moderna, centrada na razão, nega a filosofia medieval, centrada na ideia de Deus. Quais são as características de cada uma dessas filosofias? a) Antropocêntrica e teocêntrica. b) Relevante e estruturada. c) Antropocêntrica e estrutural. d) Teocêntrica e relevante. e) Relevante e antropocêntrica. Resposta Em lugar de estudar o que é a razão e indagar o que ela pode e o que não pode conhecer, o que é a experiência e o que ela pode ou não pode conhecer ou, melhor dizendo, em vez de procurar o que é a verdade, os filósofos preferiram começar dizendo o que a realidade é, dizendo que ela é racional e que, por isso, pode ser inteiramente conhecida pelas ideias da razão. Colocaram a realidade exterior ou os objetos do conhecimento no centro e fizeram a razão, ou o sujeito do conhecimento, girar em torno deles. Parecem, diz Kant, como alguém que, querendo assar um frango, fizesse o forno girar em torno dele e não o frango em torno do fogo. Qual, então, o grande equívoco? Vamos entender o sujeito do conhecimento e mostrar que esse sujeito é a razão universal. Mas o que é a razão? A razão é uma estrutura vazia, uma forma pura sem conteúdos, inata. Essa estrutura (e não os conteúdos) é que é universal, sendo a mesma em todos os lugares, em todos os tempos, para todos os seres humanos, não dependendo da experiência para existir, ou seja, a razão é, do ponto de vista do conhecimento, anterior à experiência e não depende dela. A estrutura da razão é a priori. Trocando em miúdos... Agora... Os conteúdos que a razão conhece e nos quais ela pensa dependem da experiência e sem ela a razão seria vazia, nada conhecendo. Então, a experiência fornece a matéria (os conteúdos) do conhecimento para a razão e essa, por sua vez, fornece a forma (universal e necessária) do conhecimento. Pensando melhor: O conhecimento se dá por meio da racionalização dos conteúdos, da matéria que advém da experiência. Sobre a razão Inatistas – supor que os conteúdos ou a matéria do conhecimento são inatos. Não existem ideias inatas. Empiristas – supor que a estrutura da razão é adquirida por experiência ou causada pela experiência. A estrutura da razão, portanto, é inata e universal, enquanto os conteúdos são empíricos e podem variar no tempo e no espaço, podendo transformar-se com novas experiências ou revelarem- se falsos em função de novas experiências. Qual o engano dos inatistas? E dos empiristas? É a síntese que a razão realiza entre uma forma universal inata e um conteúdo particular oferecido pela experiência. A razão é constituída por três estruturas a priori: a estrutura ou forma da percepção sensível ou sensorial; a estrutura ouforma do entendimento – inteligência; a estrutura ou forma da razão propriamente dita. A razão é a função reguladora da atividade do sujeito do conhecimento. O que é o conhecimento racional, então? A percepção recebe conteúdos da experiência e a sensibilidade organiza racionalmente segundo a forma do espaço e do tempo. Essa organização espaço-temporal dos objetos do conhecimento é inata, universal e necessária. O entendimento organiza os conteúdos que lhe são enviados pela sensibilidade; o conteúdo é oferecido pela experiência sob a forma do espaço e do tempo, e a razão, por meio do entendimento, organiza esses conteúdos empíricos. Essa organização transforma as percepções em conhecimentos intelectuais ou em conceitos. O fluxo do conhecimento Fonte: https://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/j/jkt de/preview/fldr_2004_07_22/file000894312228.jpg O filósofo alemão Hegel utilizou o método dialético (focado na contraposição de ideias) para explicar aquilo que constitui o mundo real. Ao criticar o inatismo, o empirismo e o kantismo, Hegel traz que essas filosofias não tinham compreendido o que há de mais fundamental e de mais essencial à razão: ser histórica. Preocupada em garantir a diferença entre a mera opinião e a verdade, a filosofia considerou que as ideias só seriam racionais e verdadeiras se fossem intemporais, perenes, eternas, as mesmas em todo tempo e em todo lugar e é essa intemporalidade atribuída à verdade e à razão que Hegel criticou. Hegel O conjunto das leis do pensamento, os procedimentos do raciocínio, as formas e as estruturas necessárias para pensar, as categorias (subjetiva). A ordem, a organização, o encadeamento e as relações das próprias coisas (objetiva). A relação interna e necessária entre as leis do pensamento e as leis do real. Para Hegel, a razão é: Para Hegel, os conflitos filosóficos são a história da razão buscando conhecer-se. Para ele, graças a tais conflitos e contradições entre as filosofias é que se pôde chegar à descoberta da razão como síntese, unidade ou harmonia das teses opostas ou contraditórias. Em cada momento de sua história, a razão produziu uma tese a respeito de si mesma e, logo a seguir, uma tese contrária à primeira, uma antítese porque ambas, embora verdadeiras, foram parciais e, sem elas, a razão nunca teria chegado a se conhecer a si mesma. Mas não podemos esquecer que a razão não pode ficar estacionada nessas contradições que ela própria criou, é preciso ultrapassá-las pela síntese que une teses contrárias, mostrando onde está a verdade de cada uma delas. Essa é a razão histórica (CHAUÍ, 2004, p. 79). Ainda, Hegel A Filosofia Medieval acreditava em Deus, a Filosofia Moderna acreditava na razão e prometeu civilização, progresso, felicidade, evolução social, conhecimento, mas o século XX mostrou que o projeto das luzes falhou. Três pensadores, entre o final do século XIX e início do século XX, passam a questionar o conceito de razão: Marx, Freud e Bergson. A Filosofia Contemporânea Fonte: https://pixabay.com/pt/cartuchos-arma- guerra-arma-de-m%C3%A3o-2166491/ Marx questiona os limites da razão para as ações humanas. Segundo ele, a ideologia acaba por mascarar a realidade e não nos permite ver as coisas como elas de fato são ou agir a partir de nossa própria razão. Muitas vezes agimos por imposição ideológica do grupo ou da moral da sociedade. As roupas que usamos, a comida que comemos podem não ser totalmente escolhida por nós, mas colocadas pela ideologia dominante como sendo a roupa certa e comida certa. Nesse sentido, não foi a nossa razão que fez as escolhas, mas a ideologia que mascarou a realidade e não nos deixou ver todas as possibilidade de vestimenta e alimentação. Karl Marx Fonte: https://pixabay.com/pt/karl- marx-karl-marx-historicamente- 1882195/ Freud, ao estudar o inconsciente, impõe severos limites à razão porque, para ele, muitas das nossas pretensas decisões racionais, não são racionais, mas sugeridas pelo nosso inconsciente. Agimos guiados pelos impulsos internos da psique e não somente guiados pela nossa razão. Freud descobre que o inconsciente é irracional e influencia nossas vidas, ou seja, a razão humana não é absoluta como pretendiam os iluministas. Sigmund Freud Fonte: https://pixabay.com/pt/sigm und-freud-retrato-1926- 1153858/ Para Bergson, é possível distinguir duas maneiras diferentes de conhecer uma coisa: a primeira é racional, a segunda é intuitiva. Uma é conhecimento exterior, a outra, conhecimento interior. Para o filósofo francês, a razão conhece somente as partes, enquanto que a intuição conhece o todo. Espírito e matéria. A razão não dá conta do novo, não concebe o imprevisível nem a própria criação, porque somente pode conhecer o descontínuo, o imóvel, o inerte. Quando se trata de conhecer a totalidade é completamente inábil e incapaz de compreender o todo do movimento de criação do espírito, e quando se põe a fazer isso advém inúmeros problemas. Henri Bergson Fonte: https://www.philosophyguides .org/decoding/decoding-of- bergson-donnees-immediates/ Mas não podemos conceber e entender razão sem o espírito. Uma nos dá a parcialidade e o outro, a totalidade por meio da intuição. Para Bergson, a razão pensa somente na imobilidade e a intuição pensa no movimento. A mudança traz a novidade que a intuição acompanha e entende seu processo imprevisível. A razão, por sua vez, busca a imobilidade, a estabilidade. A razão, mesmo sendo um resultado da evolução da vida, é naturalmente incapaz de conhecer o movimento vital, que é antes de tudo movimento e criação de novas formas de vida. Henri Bergson Existe uma escola filosófica que nos traz que a ideologia acaba por mascarar a realidade, não permitindo que possamos ver as coisas como elas de fato são. Qual o filósofo que representa essa corrente de pensamento? a) Descartes. b) Henri Bergson. c) Marx. d) Freud. e) Kant. Interatividade Existe uma escola filosófica que nos traz que a ideologia acaba por mascarar a realidade, não permitindo que possamos ver as coisas como elas de fato são. Qual o filósofo que representa essa corrente de pensamento? a) Descartes. b) Henri Bergson. c) Marx. d) Freud. e) Kant. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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