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TEORIA DO CONHECIMENTO-AULAS 1 A 10

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Disciplina: Teoria do conhecimento
Aula 1: Investigação filosófica
Apresentação
Você sabe o que torna o homem diferente de outras espécies? 
Nossa capacidade de conhecer e racionalizar. A razão humana, o que somos e a
natureza do conhecimento são temas centrais da Filosofia desde seu nascimento. 
Nesta aula, veremos as primeiras análises acerca da natureza do conhecimento,
voltando no tempo até a Grécia Antiga. A proposta é compreender como os filósofos
investigavam o conhecimento e como seus trabalhos influenciariam os pensadores
subsequentes.
Objetivos
Explicar o fundamento da teoria do conhecimento;
Analisar as diversas formas de conhecimento na Grécia Clássica;
Comparar as teorias do conhecimento propostas por Platão e Aristóteles.
Razão, conhecimento, conhecer...
Como estas palavras se relacionam a nosso
cotidiano? 
Desde os tempos mais remotos, o homem questiona o mundo em que vive.
Como espécie, o que nos difere de outro animal é a capacidade de pensar, a
inteligência e a lógica que o raciocínio humano promove. 
De acordo com o professor, escritor e filósofo brasileiro Mario Sergio
Cortella, a Filosofia nasceu da necessidade de discutir sobre a razão e a
origem de todas as coisas, simplesmente porque somos capazes de refletir
acerca de tudo.
Para entender melhor seu ponto de vista, assista ao vídeo em que ele discorre
mais sobre o assunto:

Filosofia no dia a dia com Mario Sergio Cortella
https://www.youtube.com/watch?v=3oxP-wjI4lE
A famosa frase do filósofo francês René Descartes (1596-1650) resume bem o
sentido máximo da Filosofia, que é fundada na racionalidade:
 René Descartes (Fonte: Shutterstock)
É possível que vocês esteja se
perguntando...quem foi Descartes?
Ele foi um dos mais importantes pensadores que desenvolveu um método de
investigação sobre o qual nos deteremos mais na aula 3.
Dessas questões acerca de conhecer o mundo nasceu a teoria do
conhecimento, cujo objetivo é investigar, de forma ampla, a natureza do
saber.
Mas que natureza é essa?
Vejamos...
Natureza do conhecimento
Existem diversos tipos de conhecimento, tais como o conhecimento científico
e o senso comum ou conhecimento popular. Cada um possui seu próprio
método: algo que o forma e estabelece sua natureza, ou seja, aquilo que o
caracteriza. 
No caso do conhecimento científico e filosófico, sua principal característica é a
racionalidade, a busca em demonstrar os fenômenos de maneira lógica. 
Para estudarmos o conhecimento, muitas questões são colocadas, como, por
exemplo, o que é esse saber em si. 
Ao longo da história, muitos filósofos buscaram, de diferentes modos,
responder a esta e a outras questões, como o que é verdade e como podemos
nos aproximar de seu sentido (real e lógico).
E você? O que pensa sobre o conceito de
verdade?
Alguns afirmam que se trata daquilo que aconteceu e que não pode ser
questionado, mas tal noção não tem esse sentido exatamente.

Exemplo
Tomemos como exemplo um fato histórico como a Segunda Guerra
Mundial. Imagine que dois soldados – um norte-americano e um alemão
– tenham participado de uma mesma batalha. Será que ambos a
contariam de maneira semelhante?
Provavelmente, não! Mas por que não, se a batalha era a mesma? Porque
cada um narra a batalha a partir de seu ponto de vista, o que inclui uma
série de particularidades.
Há, aqui, então, duas verdades sobre um mesmo evento. Por isso:
A verdade não é absoluta!
A questão da verdade é muito importante para estudarmos o conhecimento.
Por esse motivo, vamos nos remeter a ela outras vezes durante esta
disciplina.
Significado de Filosofia
Ao longo do tempo, desde seu nascimento, na Antiguidade Clássica, a Filosofia
assumiu inúmeros sentidos, e o termo se tornou parte de nosso cotidiano. É
comum, por exemplo, para nós ouvirmos expressões como filosofia de vida.
Mas o que quer dizer Filosofia?
De acordo com o sentido etimológico:
FILOSOFIA = AMOR AO CONHECIMENTO
A prática filosófica surgiu exatamente do desejo em conhecer o mundo.
Hoje, tendemos a associar a Filosofia às Ciências Humanas, mas, quando esta
nasceu, sua ciência irmã era a Matemática.
 Estátua de Pitágoras (Fonte: Shutterstock)
Pitágoras havia estudado com outro famoso sábio grego: Tales de Mileto. O
objetivo do trabalho de Mileto era descobrir a origem de tudo, e tanto ele
quanto seus discípulos se voltavam para o universo. 
Essa Filosofia é conhecida como cosmogônica ou filosofia da natureza. 
Seus adeptos, como os já citados Mileto e Pitágoras, também são chamados
de pré-socráticos, pois antecedem o pensamento do filósofo ateniense
Sócrates (469-399 a.C.) – pai da Filosofia Ocidental –, cujo trabalho foi
fundamental para a consolidação do pensamento filosófico na Grécia Clássica.
 
Muito do que foi produzido na Antiguidade Clássica se perdeu ao longo do
tempo, como é o caso do próprio trabalho de Sócrates, que nada deixou
escrito. Conhecemos seu pensamento por meio de seu discípulo: o filósofo e
matemático Platão (428-348 a.C.).

Leitura
Para saber mais sobre esse matemático, conheça a História e a
Filosofia de Pitágoras. <http://www.ghtc.usp.br/server/Sites-
HF/Alain-Jacques-Burlet/html/node3.html >
Escola sofista
Entre os principais sofistas, destacamos os filósofos:
Górgias (485-380 a.C.) – grego;
Antífone (480-410 a.C.) – ateniense;
Protágoras (486-411 a.C.) – grego.1
http://www.ghtc.usp.br/server/Sites-HF/Alain-Jacques-Burlet/html/node3.html
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/aula1.html
Diferente dos pré-socráticos, os sofistas tinham como
método filosófico conhecer o homem, e não a natureza.
Para Protágoras, todo o conhecimento – que é mutável – parte do homem,
porque ele também muda sua percepção das coisas ao longo do tempo.
Para os sofistas, o conhecimento não é absoluto, pois o indivíduo é subjetivo,
e cada um constrói uma perspectiva própria de verdade. Lembra-se do
exemplo anterior dos soldados da Segunda Guerra? Essa é a ideia.
Podemos, então, entender os sofistas como professores que se dispõem a
levar o conhecimento – mediante pagamento – aos diversos cidadãos da
Grécia.
De acordo com Silva (2017, p. 142):

Com a ideia de formar o cidadão para o Estado, ou
melhor, para atuar como cidadão em uma democracia
que estava nascendo, os sofistas ensinavam às pessoas
as técnicas argumentativas necessárias para o
discurso. Assim, a defesa de seu próprio pensamento
levava o cidadão a adquirir e ampliar seu espaço nessa
sociedade.
Para os sofistas, o conhecimento se amparava na retórica e na oratória. Era
por meio dessas práticas que se construiria o conhecimento e que se formaria
do indivíduo considerado virtuoso.
Os sofistas eram contra a ideia de que as leis e os costumes são de natureza
divina e universal, pois o homem não é único nem possui uma só forma de
pensar: seu pensamento é relativista. Por isso, eles sofreram várias críticas de
filósofos, como, por exemplo, de Platão.
Antiguidade Clássica
Todo pensamento filosófico e todo conhecimento produzido são frutos de seu
próprio tempo.
Para compreendermos os métodos e as teorias que estudamos – nesta ou em
outra disciplina –, temos de nos remeter ao contexto histórico no qual os
filósofos e pensadores estão inseridos.
Por isso, vamos analisar, brevemente, o período histórico conhecido como
Antiguidade Clássica, que envolve Grécia e Roma antes do século V d.C.,
marcado pela queda do Império Romano.
A história grega é anterior à história romana. A atual história ocidental deve à
Grécia um enorme legado, como o teatro, a democracia e, é claro, a Filosofia.
A Grécia era formada por diversas cidades-estados que possuíam autonomia e
se organizavam de forma soberana. Dessas cidades, destacamos Atenas –
berço da democracia e da cidadania.
 Ruínas da antiga Atenas (Fonte: Sven
Hansche/Shutterstock)
Quando tratamos desses conceitos, não estamos nos referindo à concepção
atual – muito mais ampla do que aquela existente na Grécia. A democracia
grega não incluía, por exemplo, mulheres, escravos e estrangeiros, ou seja,excluía uma enorme parcela da população.
Da mesma forma, a participação na vida pública e aquele considerado cidadão
eram algo restrito aos homens livres, nascidos em Atenas. Ainda assim,
mesmo com tais limitações, Atenas era muito à frente de seu tempo, e o culto
ao saber era extremamente importante para essa sociedade.
Embora compartilhem o olhar voltado para o homem, os sofistas e os
socráticos não faziam parte de um mesmo pensamento. Ao contrário, os
sofistas foram duramente criticados por filósofos como Platão e Aristóteles
(384-322 a.C.), que discordavam do pagamento recebido por eles em troca de
ensinamentos.
A partir de Sócrates, houve uma mudança relevante no pensamento
filosófico.
Atribui-se a ele a seguinte afirmação:
 Estátua de Sócrates (Fonte: Sven
markara/Shutterstock)
Para Sócrates, o saber e a verdade não estavam dados, mas iam sendo
descobertos à medida que o indivíduo questionava a si mesmo acerca daquilo
que sabia.
Sócrates fazia questionamentos aos cidadãos atenienses sobre os mais
diversos assuntos – como, por exemplo, ética e moral –, pois entendia que o
conhecimento nasce do diálogo.
Seu método é chamado de dialético justamente por isso.
Embora vivesse entre nobres e fosse reconhecido como um sábio, Sócrates
não era oriundo de uma família rica. Sua mãe exercia o ofício de parteira, o
que influenciou o pensamento filosófico socrático. A partir do exercício de
trazer as crianças à vida, Sócrates desenvolveu a maiêutica, que busca trazer
à luz o conhecimento.
Para ele, a verdade existe, ainda que não nos demos conta dela. É possível
chegar à verdade por meio de indagações: cada um questiona aquilo que
acredita saber, e se abre para novas perspectivas e novos conhecimentos, ou
seja, desenvolve outro olhar sobre uma questão.

Leitura
Para saber mais sobre esse filósofo, conheça as ideias de Sócrates, o
mestre em busca da verdade.
<https://novaescola.org.br/conteudo/177/socrates-mestre-
verdade>
https://novaescola.org.br/conteudo/177/socrates-mestre-verdade
Platão
Embora tenha sido admirado em seu tempo, Sócrates não era uma
unanimidade entre os atenienses e foi condenado a morrer envenenado pela
ingestão de cicuta, acusado de corromper os costumes e a juventude.
Um dos mais notórios discípulos de Sócrates foi Platão, cuja premissa
filosófica separa o mundo sensível do mundo das ideias, o que ficou conhecido
como dualidade platônica.
A extensa obra de Platão é escrita em forma de diálogos, possivelmente sob
influência do método dialético, e se dedica a diversos assuntos, inclusive a
política – um tema não amplamente abordado por Sócrates.
Platão entende que o mundo das ideias é amparado na razão, enquanto o
mundo sensível pode nos levar ao engano. Esse pensamento é ilustrado na
obra A República (PLATÃO, 1956, p. 287-291), no chamado O mito da
caverna <http://imagomundi.com.br/filo/mito_cave.pdf> O mito da
caverna. 
 Estátua de Platão (Fonte:
Nice_Media_PRO/Shutterstock)
Como vimos, para Platão, os prisioneiros que vivem na caverna conhecem o
mundo apenas por meio de projeções, que, por sua vez, não correspondem a
imagens reais, mas a simples representações.
Apenas deixando esse mundo de sensações ilusórias, é possível conhecer a
verdade, que está além dos sentidos e que existe no plano das ideias, da
racionalidade. Em outras palavras, o conhecimento advindo de nossas
percepções é falho, enquanto o conhecimento advindo da observação e da
racionalidade é verdadeiro.
http://imagomundi.com.br/filo/mito_cave.pdf
Além de O mito da caverna, podemos destacar O mito da parelha
<galeria/aula1/anexo/anexo.pdf> , que se encontra em outra importante
obra: Fedro (PLATÃO, 1966, p. 73-75). Nele, Platão divide a alma em três
partes, representadas pelo cocheiro e por dois cavalos. O cocheiro é a razão, e
os cavalos – um bom e um mau – simbolizam o filósofo e um tirano,
respectivamente.
Quando a alma se deixa guiar pelo cavalo mau, que reproduz o desejo e os
impulsos, não é possível perceber a verdade como um todo.
Já quando a alma se deixa conduzir pelo cocheiro e pelo cavalo bom, que
retrata a moral, é possível chegar à verdade e ao conhecimento.
Aristóteles
O trabalho de Platão afetou profundamente a obra de Aristóteles, de quem foi
mestre. Ambos entendiam que a Filosofia era uma ciência, e que a natureza
de seu conhecimento era baseada na racionalidade.
Mas Aristóteles não compartilhava a tese platônica da dualidade entre mundo
sensível e mundo das ideias. Se esta foi fundamental na teoria do
conhecimento de Platão, Aristóteles, por sua vez, entendia que a racionalidade
também passa pela percepção, por aquilo que os sentidos humanos captam.
Para Aristóteles, o conhecimento está na capacidade humana de observar,
perceber e distinguir a essência das coisas, separando-a do que é casual.
Platão entendia que essa essência está no mundo das ideias, enquanto
Aristóteles, naquilo que, de fato, é observado.
Esse debate tão relevante foi retratado séculos depois, no Renascimento, por
um dos mais importantes artistas da história, Rafael Sanzio, em sua obra A
Escola de Atenas.
 Escola de Atenas (Fonte: Serato/Shutterstock)
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/galeria/aula1/anexo/anexo.pdf
Aristóteles ampliou muito a obra de seus antecessores. Como filósofo e
pensador, dedicou-se aos mais diversos assuntos, como a ética, a política e a
lógica – tão cara à Filosofia.
O conceito chave para entendermos a concepção aristotélica referente à teoria
do conhecimento é a metafísica. Sua preocupação é compreender o mundo
que nos rodeia.
A princípio, só podemos fazê-lo a partir
daquilo que sentimos e observamos, certo?
A metafísica busca analisar além dessa primeira impressão, dessa percepção
superficial, e procura refletir sobre o que compõe a natureza dos seres e das
coisas.

Exemplo
Como poderíamos definir a espécie humana? Esta deve ser definida por
suas características particulares ou gerais?
Se afirmamos que todos os homens pertencem a uma etnia específica,
desconsideramos inúmeros grupos étnicos. Logo, nossa etnia não pode
nos definir como espécie, visto que é uma particularidade, um caso.
Mas podemos reconhecer que todos os seres humanos são mamíferos.
Esta seria, então, nossa essência, aquilo que nos define. Cabe à razão
separar o que é um acaso ou acidente daquilo que é, de fato, a essência.
Todo homem é racional, pois a racionalidade e a busca pelo
conhecimento também são parte de sua essência.
De acordo com Aristóteles (1984, p. 11):

Todos os homens têm, por natureza, o desejo de
conhecer. O prazer causado pelas sensações é a prova
disso, pois, mesmo fora de qualquer utilidade, as
sensações nos agradam por si mesmas e, mais do que
todas as outras, as sensações visuais.
A metafísica aristotélica busca entender o que faz as coisas serem como são
e, para isso, dedica-se a investigar a causa de todas as coisas.
Se nos sentimos doentes, precisamos saber a causa de nosso mal-estar para
que possamos administrar o tratamento adequado. Logo, para compreender a
essência das coisas, é necessário conhecer as causas, aquilo que tornou algo
como é.
Quando somos crianças, temos uma série de potencialidades, não é? À
medida que crescemos e diante de diversas escolhas que fazemos na vida,
tornamo-nos adultos.
Aristóteles propôs investigar o que fez com que tomássemos determinado
caminho, e não outro, ou seja, o que nos tornou aquilo que somos. Para ele,
são quatro as causas a ser analisadas: material, formal, eficiente e final.
Tomemos como exemplo um livro. Ele é feito de papel e expressa as ideias de
um autor.
Aplicando o modelo das causas de Aristóteles, temos:
Causa material – papel (aquilo de que é feito);
Causa eficiente – autor (aquele que o fez);
Causa formal – conteúdo (a coisa em si);
Causa final – propósito (intenção).
Atividade
1. Pense em outros exemplos e aplique a teoria de Aristóteles acerca das
causas.
2. Diante do fato de que o conhecimento científico se ampara na
racionalidade, assinale a opção cuja proposição não representaesse tipo
de saber:
 a) Leis de Newton.
 b) Teorema de Pitágoras.
 c) Superstições populares.
 d) Evolucionismo de Darwin.
 e) Teoria da relatividade de Einstein.
3. (FUNCAB - 2012) Mestres da retórica e da oratória, os sofistas
opunham-se aos pressupostos de que as leis e os costumes sociais eram
de caráter divino e universal.
Assim, deu-se entre eles o:
 a) Relativismo.
 b) Naturalismo.
 c) Cientificismo.
 d) Racionalismo.
 e) Ceticismo filosófico.
4. (FUNCAB - 2012) A Escola de Atenas – pintura renascentista de Rafael
de Sanzio – retrata um dos maiores conflitos filosóficos de todas as
épocas. No meio da tela estão Platão, apontando para cima, e
Aristóteles, com a mão espalmada para baixo.
A obra indica o conflito entre:
 a) O céu e o inferno.
 b) O divino e o mundano.
 c) O intangível e o tangível.
 d) A virtude (no alto) e o vício (no chão).
 e) O conhecimento inteligível e o sensível.
Notas
Protágoras1
Responsável pela famosa afirmação:
O homem é a medida de todas as coisas.
Referências
ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Abril Cultural, 1984. 2 v.
HOBUSS, J. F. N. Introdução à história da Filosofia Antiga. Pelotas: NEPFIL
online, 2014. (Série Dissertatio-Filosofia).
PLATÃO. A República. 6. ed. São Paulo: Atena, 1956.
______. Fedro. Lisboa: Guimarães, 1966. (Coleção Filosofia & Ensaios).
SILVA, R. A. da. Caminhos da Filosofia. Curitiba: InterSaberes, 2017.
Próximos Passos
Conhecimento medieval;
Sentido de verdade relacionado ao cristianismo;
Pontos fracos e fortes das definições.
Explore mais
Assista ao vídeo:
Introdução à Filosofia. <https://www.youtube.com/watch?
v=1YOKnrxumb8>
https://www.youtube.com/watch?v=1YOKnrxumb8
Disciplina: Teoria do conhecimento
Aula 2: Método Científico nas Ciências Humanas
Apresentação:
Nesta aula, analisaremos a questão do conhecimento na Antiguidade pós Aristóteles.
A proposta é compreender como as noções de Filosofia e de investigação filosófica se alteraram durante a Idade
Média até chegarmos ao filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626). 
 Investigaremos a mudança no conceito de paradigma e da base do conhecimento, que, na Idade Média,
misturou-se com uma questão religiosa, ampliando a discussão entre fé e razão como fundamento da verdade.
 
A partir do cristianismo, que deu origem a uma Filosofia cristã, discutiremos as proposições acerca do
conhecimento para os filósofos argelino e romano, Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.) – Santo Agostinho
– e Boécio (480 d.C.-524 d.C.), respectivamente, e para o frade católico Tomás de Aquino (1226-1274). 
A ideia é refletir sobre as transformações do pensamento filosófico que nos conduziram a novas metodologias,
como a metodologia indutiva proposta por Bacon.
Objetivos:
Analisar a teoria do conhecimento proposta após Aristóteles; 
Investigar a mudança de paradigma filosófico na Idade Média;
Identificar as proposições de São Tomás de Aquino para a investigação filosófica.
Teoria do conhecimento de Aristóteles
Na aula anterior, vimos os fundamentos da teoria do conhecimento a partir da Grécia Antiga e analisamos o
pensamento de três dos principais pensadores da história da Filosofia:
Sócrates (469 a.C.-399 a.C.)
Platão (428-348 a.C.)
Aristóteles (384-322 a.C.)
Agora, veremos questões caras a essa teoria, como a relação entre conhecimento, verdade e religião,
destacando o Período Medieval.
Mas é importante lembrar que não era apenas o Ocidente que produzia Filosofia. O Oriente (China e Índia)
possuía vertentes filosóficas relevantes, que estudaremos mais detidamente em outras disciplinas.
Existem inúmeras formas de explicar o mundo e, como vimos na primeira aula, esta foi uma inquietação
humana desde os tempos mais remotos.
O homem pré-histórico registrou nas paredes das cavernas em que habitava imagens que traduziam seu dia a
dia, mas que também eram uma maneira de expressar o mundo que o cercava: as famosas pinturas
rupestres.
 Pintura em Lascaux (Fonte: https://goo.gl/nGAcmF
<https://goo.gl/nGAcmF> )
Em outras palavras, muito antes da Filosofia, já havia um pensamento filosófico, mesmo que não sistematizado.
Já vimos algumas abordagens na Grécia e na França. Agora, retornaremos à Antiguidade com foco em Roma.
Mas por que essa mudança, se sabemos que a Grécia foi o berço da Filosofia e das discussões acerca
da natureza do conhecimento no Ocidente?
Vejamos...
Novo pensamento filosófico
As poderosas cidades-estado gregas – como Atenas, Tebas e Esparta – entraram, aos poucos, em declínio,
provocado por fatores:
Internos – como a insatisfação social;
Externos – como as guerras contra outros povos.
Leitura
Para conhecer uma dessas batalhas, leia a História da Guerra do Peloponeso
<galeria/aula2/anexo/anexo1.pdf> .
À medida que o mundo mudava, a Filosofia transformava-se junto com ele.
Vimos que o conhecimento filosófico está profundamente relacionado a uma interpretação daquilo que se
observa e de como vivemos em sociedade.
Se um modo de vida se altera, um novo pensamento filosófico provavelmente surge com o objetivo de
compreender e analisar essa nova realidade. Isso não significa, entretanto, que tudo produzido anteriormente
será apagado ou esquecido.
https://goo.gl/nGAcmF
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/galeria/aula2/anexo/anexo1.pdf
Todo conhecimento – fruto de um acúmulo de teorias e de conceitos
filosóficos – é retomado e revisitado ao longo da história do
pensamentohumano.
Após o fim do chamado Período Clássico (séculos VI a IV a.C.), iniciou-se o Período Helênico, que foi marcado
pelo domínio macedônio, cujo maior representante foi Alexandre, o Grande (356 a.C.-323 a.C.).
Saiba mais
Para saber mais sobre esse rei da Macedônia, descubra quem foi Alexandre, o cara.
<https://super.abril.com.br/historia/alexandre-o-cara/ >
Nesse último período, a cultura que havia se desenvolvido na Grécia foi levada a outras regiões (ocidentais e
orientais) por meio da expansão militar e das conquistas de Alexandre.
Regiões como Egito, Síria e Roma passaram a conhecer e a incorporar aspectos da cultura grega. Para Roma,
que ascenderia como potência, essa cultura se tornou um marco, e seu legado influenciou profundamente todos
os costumes e hábitos romanos.
Uma das principais cidades do Período Helênico – Alexandria, no Egito – era conhecida por sua Biblioteca, que
continha obras de diversos povos, e cujo objetivo era ter, pelo menos, um exemplar de tudo o que havia sido
produzido até então.
Considerada uma das sete maravilhas do mundo antigo, a Biblioteca de Alexandria demonstrava a preocupação
dessa sociedade com o conhecimento.
Seu acervo foi fundamental para manter o legado da cultura e da Filosofia na Antiguidade.
 Interior da biblioteca de Alexandria (Fonte: https://goo.gl/hPdXuV
<https://goo.gl/hPdXuV> )
https://super.abril.com.br/historia/alexandre-o-cara/
https://goo.gl/hPdXuV
 Zenão Cítio (Fonte: https://goo.gl/EwK9My
<https://goo.gl/EwK9My> )
Estoicismo
Em finais do Período Clássico, no século IV, uma nova escola filosófica começou a tomar forma: o estoicismo.
Em Atenas, a Filosofia havia se voltado para a vida pública, como vimos com os sofistas e as discussões
políticas propostas por Platão. Na decadência do Período Clássico e durante o helenismo, o pensamento
filosófico voltou seu olhar para o homem, sua formação moral e seus valores.
O estoicismo ou Escola Estoica foi fundada na Grécia pelo filósofo Zenão de Cítio (333 a.C.-263 a.C.), para
quem a natureza era regida por uma lei-razão – o princípio-chave do conhecimento. Sua Filosofia defendia que
o homem deve estar pautado na virtude, atingindo seu equilíbrio e sua harmonia ao abandonar os bens
materiais e cultivar a ética.
A ética era, portanto, uma das bases do estoicismo, que divide a Filosofia em três partes distintas, a saber:
Ética
Física
Lógica
https://goo.gl/EwK9My
O estoicismo influenciou diversos filósofos e, durante o Período Helênico, foi levado a outras regiões, como
Roma, em que Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) – um dos principais filósofos estoicos de seu tempo– adotou essa
vertente filosófica.
Cabia à razão extinguir tudo o que não era virtuoso e todos os impulsos que acometiam o homem.
Como vimos na aula anterior, quando apresentamos O mito da parelha
<galeria/aula2/anexo/anexo2.pdf> , de Platão, a impulsividade era considerada o oposto da razão, da
racionalidade e, portanto, devia ser controlada ou reprimida.
Para os estoicos, esse controle era fundamental, embora não fosse uma tarefa fácil.
Afinal, já havia o reconhecimento de que os instintos humanos são inevitáveis, mas
devem ser submetidos à razão, que, por sua vez, domina a emoção, as paixões
humanas. 
Esse comportamento virtuoso era fervorosamente defendido por Sêneca, a quem o período histórico não
favoreceu. Ele viveu durante o governo de dois dos mais polêmicos imperadores romanos: Calígula (12 d.C.-41
d.C.) e Nero (37 d.C.-68 d.C.).
Saiba mais
Para saber mais sobre esses soberanos, descubra quem foi:
Calígula, o injustiçado;
<http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/caligula-o-
injusticado.phtml#.WpmVyejwbIU>
Nero: imperador rockstar;
<http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/nero-imperador-
rockstar.phtml#.WpmWHejwbIU>
Devido a sua defesa da retidão, ao não apego aos bens materiais e à virtude ancorada na razão, Sêneca foi
visto com maus olhos pelos imperadores.
A felicidade e o conhecimento só eram obtidos por meio da racionalidade, da lógica. A paixão, por sua vez, era
considerada uma doença da alma, que devia ser sempre combatida e controlada.
Para Sêneca, a teoria do conhecimento defendia parte do interior para o exterior, ou seja: primeiro, o homem
se constitui moralmente e, depois, relaciona-se com aquilo que o cerca.
A razão e a concepção filosófica de Sêneca possuem um sentido prático, pois norteiam a vida do homem em
sociedade.
Mudança de paradigma filosófico na Idade Média
Com vimos, conforme o mundo mudava, a Filosofia se transformava.
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/galeria/aula2/anexo/anexo2.pdf
http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/caligula-o-injusticado.phtml#.WpmVyejwbIU
http://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/nero-imperador-rockstar.phtml#.WpmWHejwbIU
Sem dúvida, uma das principais influências do pensamento ocidental foi o cristianismo: à medida em que surgia
e se consolidava, as questões que fundamentavam o pensamento filosófico e a ideia de conhecimento tinham
seus paradigmas alterados.
O que isso significa?
Se, durante a Antiguidade, buscava-se o conhecimento pela razão, que construía um sentido de verdade, agora,
essa verdade estava ancorada na fé e na religião.
Havia, então, uma discussão extremamente interessante e fundamental não só para compreender o
conhecimento filosófico, mas para nortear o próprio sentido de ciência.
Por sua natureza, a fé não é matéria da racionalidade, pois é baseada na crença e no dogma: ou se crê em algo
ou não se crê. Não há, dessa forma, um fundamento racional. Esse pensamento opôs, durante muito tempo, fé
e ciência (razão).
Assim, concluímos que, se a razão é o fundamento do conhecimento filosófico, a fé é seu oposto, certo?
 Santo Agostinho (Fonte: Shutterstock/Renata Sedmakova)
Bom, não exatamente.
Filósofos como o argelino Agostinho de Hipona (354 d.C.-430 d.C.) – Santo Agostinho – e o italiano São Tomás
de Aquino (1226-1274) se dedicaram a analisar que não há uma oposição necessária entre fé e razão. Além
disso, é possível pensar na Filosofia a partir do conhecimento religioso e, ainda assim, ser racional.
A corrente de pensamento que, de certa forma, inaugurou um pensamento filosófico com base cristã foi a
patrística.
Vamos entendê-la melhor.
1
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/aula2.html
 São Tomás de Aquino (Fonte: https://goo.gl/TyJs5c
<https://goo.gl/TyJs5c> )
Patrística
À medida que o cristianismo se expandia na Europa, sobretudo após a conversão do imperador Constantino, no
século IV d.C., novas formas de ver o mundo, ancoradas nas questões religiosas, passaram a ser interesse das
análises filosóficas.
Saiba mais
Para saber mais sobre esse soberano, leia o texto Constantino e as transformações do Império
Romano no século IV <http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%2011%20-
%20artigo%202.pdf> .
A patrística foi formada pelos chamados primeiros padresprimeiros padres que, além de construírem um
pensamento filosófico cristão, também elaboraram um conhecimento teológico importante para a cultura e o
pensamento ocidental.
A Filosofia patrística, que tinha como um dos principais representantes Santo Agostinho, buscava compreender
– e, em alguns casos, construir – a relação entre o racionalismo, a ciência e a fé.
Os filósofos da Antiguidade que vimos até então preocupavam-se em observar e compreender o homem e o
mundo que constrói.
https://goo.gl/TyJs5c
http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%2011%20-%20artigo%202.pdf
Já os filósofos cristãos se dedicavam ao mundo espiritual em detrimento do terreno, abordando questões como:
A natureza do pecado
A relação entre corpo e alma
A origem do mundo segundo a vontade divina
Santo Agostinho era um importante membro da Igreja Católica que viveu entre os
séculos IV e V a.C. Entre suas principais obras, destacamos A cidade de Deus (426
d.C.), em que constituiu uma Filosofia da história com base na providência divina e
em sua justificação teológica.
Na obra de Agostinho, a concepção de uma cidade de Deus é construída em oposição à cidade dos homens.
Esta última está entregue aos prazeres da carne, enquanto a primeira pertence àqueles que renunciam aos
bens terrenos, buscando a paz e a felicidade nas coisas divinas.
Para Agostinho, a verdade provém unicamente de Deus. Para tentar compreender a verdade das coisas, é
necessário recorrer à fé, mas também à razão. Afinal, uma está ligada à outra. Isso significa que, mesmo que
se defenda a existência de uma verdade divina e irrefutável, não há desprezo pela razão.
Nessa obra filosófica, há influência de Platão e do chamado neoplatonismo, que, como bem lembramos, defende
a existência de um mundo das ideias, ou seja, não material.
Para Agostinho, o conhecimento está ancorado na iluminação. Deus criou o
mundo por meio da razão, e cabe a este alcançá-la, iluminando-se pela
sabedoria divina, a fim de aproximar-se da verdade e de compreender as
questões espirituais e terrenas.
Entretanto, se essa Filosofia cristã seria determinante para toda a Filosofia que se produziu durante o Período
Medieval, não era a única vertente filosófica.
Vamos nos ater, agora, à outra linha da Filosofia.
Escolástica
Outros pensadores – entre os quais destacamos o filósofo romano Boécio (480 d.C.-524 d.C.) – representam
exatamente a transição entre uma teoria do conhecimento baseada na Antiguidade e uma influenciada por
diversas outras linhas e escolas de pensamento.
Sobre Boécio, Sangalli (2014) ressalta que:
Tendo estudado nas escolas de Atenas do século V, Boécio se caracteriza
filosoficamente por um ecletismo enciclopédico, como afirma Fraile (1965, p.
795), porque aproveitou o que considerava de melhor de cada escola filosófica,
fossem elas platônicas, neoplatônicas, aristotélicas ou estoicas, sempre
permeadas pela formação cristã. 
 
Não se limitou à atividade teorética de filósofo, pois buscou uma carreira na vida
pública, dedicando-se à prática política. 
 
Além de ser profundo conhecedor da filosofia grega pagã e de exercer cargo
político, foi um legítimo representante da classe dominante, possuidor das
virtudes próprias do ideal de homem que se ocupava e se realizava pelo cultivo ao
conhecimento e à sabedoria.
Sangalli (2014) também afirma que Boécio foi um dos primeiros escolásticos, já que, em sua obra,
encontramos a relação entre razão e fé, típica dessa vertente, da qual São Tomas de Aquino é considerado um
dos maiores exemplos, como veremos adiante.
Umas das principais características da obra de Boécio é exatamente unir diferentes escolas e correntes de
pensamento, oque faz dele nem um filósofo da Antiguidade nem um filósofo medieval, mas alguém que
transita entre esses dois mundos. Sua influência se estende até a era moderna.
Entendendo a importância da questão teológica, para Boécio, a Filosofia é o amor pelo conhecimento e pela
sabedoria, e deve deter-se no saber das coisas divinas, posto que Deus é, em si, sabedoria. Nesse aspecto,
buscar o conhecimento significa buscar a Deus.
O início do processo de conhecimento começa, então, pelos sentidos: aquilo que podemos perceber e sentir,
algo mais palpável, a partir do qual começamos a utilizar outras ferramentas, como a imaginação. Da
imaginação, passamos a racionalizar o mundo até chegarmos à sabedoria, que possui uma natureza divina, já
que Deus é a sabedoria absoluta.
 Boécio (Fonte: https://goo.gl/k5CE3H
<https://goo.gl/k5CE3H> )
Atenção
Mesmo no mundo medieval, não havia um único Deus. Diversas influências – orientais, por exemplo –
podiam ser notadas na cultura e no pensamento do Ocidente Medieval.
A Filosofia islâmica, na qual destacamos os filósofos Avicena (980-1037) e Averrois (1126-1198), é
profundamente influenciada por Platão e Aristóteles. Suas interpretações e seus trabalhos a partir destes são
obras importantes para o desenvolvimento do pensamento medieval.
Diante da relevância do cristianismo para o sistema de pensamento medieval, cabe-nos tecer, aqui, uma
pequena análise do sentido do cristianismo para a Idade Média.
Como vimos no início desta aula, a busca por uma explicação e uma representação sobre o mundo é algo que
caracteriza o homem desde os primeiros grupamentos humanos. Ao longo do tempo, surgiram várias
possibilidades elucidativas.
Durante a Idade Média, tais esclarecimentos residiram no cristianismo e na existência de um Deus de onde
emana a verdade absoluta, que pode ser decifrada por meio da cuidadosa leitura e interpretação das Escrituras.
Essa é a tarefa à qual se dedicam os representantes da escolástica.
Investigação filosófica
Entre os escolásticos, a obra do dominicano São Tomás de Aquino é uma das mais significativas. Ele retomou a
filosofia grega clássica, como Platão e Aristóteles – sobretudo este último, cuja obra o influenciou
profundamente. As teorias de Aquino deram origem ao tomismo.
Seu fundamento consiste na verdade revelada, que consta nas Sagradas Escrituras. Por meio da Bíblia, Deus
revelou ao homem a natureza, a verdade e o conhecimento sobre todas as coisas.
https://goo.gl/k5CE3H
Cabe ao homem, por meio da razão, identificar nesses registros a verdade divina e,
portanto, o conhecimento legítimo sobre todas as coisas. A partir da razão e
desvendando a verdade, podemos chegar à prova da existência de Deus, de forma
concreta e inequívoca.
Aquino criticou fortemente o filósofo Averrois – que também foi influenciado por Aristóteles – e o movimento
criado a partir de sua obra: o averroísmo.
Retomando brevemente Aristóteles, sabemos que o filósofo se dedicou a estudar a alma, a que atribui algumas
características fundamentais. Entre estas encontra-se o intelecto – responsável por interpretar o que é sentido
e percebido por meio de algo racional.
De acordo com Martins, J. A. (2009, p. 3):
Ao longo dos séculos, os comentadores dos textos aristotélicos dividiram o
intelecto em intelecto passivo, responsável pela recepção das impressões
sensíveis, e intelecto ativo, que torna essas impressões em conhecimento. 
 
O intelecto ativo está dividido, por sua vez, em intelecto possível e intelecto
agente. 
 
O intelecto agente é o que abstrai as espécies sensíveis, recebidas pelos sentidos,
e atualiza a intelecção. 
 
O intelecto possível é responsável pela transformação disso que foi captado pelos
sentidos – substrato ou matéria do conhecimento – em espécies inteligíveis ou o
conhecimento das coisas, ou seja, é por esse intelecto possível que o homem é
considerado capaz de conhecer. 
 
Esse processo não exige que haja qualquer conhecimento em ato anterior, porque
o intelecto possível possui em si todas as espécies inteligíveis em potência, que
serão atualizadas quando da recepção das espécies sensíveis, ou seja, pelo
processo do conhecimento. 
 
Enfim, verifica-se que o intelecto é em potência porque possui a capacidade de
tornar aquilo que era em potência em ato.
Os interpretes de Aristóteles – entre eles Averrois – passaram a produzir novos entendimentos acerca de
verdade e conhecimento.
Os averroístas acreditavam que havia mais de uma possibilidade de alcançar a verdade: esta podia ser atingida
tanto pelo conhecimento filosófico quanto pelo conhecimento religioso.
Eis, aqui, um dos pontos em que o averroísmo fere o cristianismo – tendo sido condenado pela Igreja Católica
–, que entende que apenas pela religião, é possível chegar à verdade.
Aquino (2016) colocou-se contra as proposições de divisão do intelecto, da mesma forma que rejeitou a ideia
de universo eterno de Aristóteles, oposta à interpretação das Escrituras. Ele recuperou a obra aristotélica, mas
a cristianizou para que fosse compatível com a fé cristã.
Atividade
1 - Observe a imagem a seguir:
 Triunfo de São Tomás de Aquino - Benozzo Gozzoli – século (XV
Fonte: https://goo.gl/rWGZ4P <https://goo.gl/rWGZ4P> )
Nela, Aquino aparece entre Platão e Aristóteles, enquanto aos seus pés está o filósofo Averrois. Faça uma
análise interpretativa dessa imagem, considerando o que vimos acerca da obra de Aquino.
Filosofia moderna
Se a fé foi o princípio norteador da Filosofia medieval, não podemos dizer o mesmo do período seguinte: a
modernidade.
https://goo.gl/rWGZ4P
Embora o cristianismo ainda permaneça como fator fundamental tanto na cultura quanto na política dos Estados
Modernos, outras influências surgem, como o humanismo e a valorização da empiria.
Nesse contexto, há a obra do filósofo inglês Francis Bacon (1561-1626), que desenvolveu o chamado método
indutivo, a partir do qual desconstruiu algumas premissas clássicas, o que influenciou a Filosofia moderna.
Progressivamente, essa Filosofia se afastou da questão religiosa e se aproximou dos pressupostos científicos,
como veremos na próxima aula.
Atividade
1 - (Adaptado de: Colégio Pedro II - 2016) Leia o fragmento de texto a seguir:
“Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos grande parte dela. A vida, se bem
empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para realização de
importantes tarefas.
Ao contrário, se desperdiçada no luxo e na indiferença, se nenhuma obra é concretizada, por fim, se não
se respeita nenhum valor, não realizamos aquilo que deveríamos realizar, sentimos que ela realmente se
esvai”.
Fonte: Sêneca, 2007, p. 26.
Com base nesse texto, é CORRETO afirmar que:
 a) A Filosofia estoica influencia, principalmente, as regras de vida.
 b) O homem deve se entregar a suas paixões, já que não pode fugir de seus instintos. 
 c) Grande parte da ética de Roma está calcada na aceitação dos valores vigentes e da vida em
sociedade.
 d) A vida é breve, e temos de aproveitá-la da melhor maneira possível, inclusive com hábitos
hedonistas.
 e) Este pensamento foi desenvolvido sob os pilares da tradição patrística latina, culminando na
construção de um conjunto de regras morais.
2 - (SEDUC/CE - 2009) A obra A cidade de Deus, de Santo Agostinho, tem como tema central a:
 a) Constituição de uma Filosofia da história com base na providência divina e em sua justificação
teológica. 
 b) Afirmação das verdades reveladas e da teologia cristã como base da política mundana. 
 c) Afirmação das verdades reveladas e da teologia cristã como base da política mundana. 
 d) Constituição dos princípios da cidade de Deus em conflito com a cidade terrena ou a cidade do diabo. 
 e) N.R.A.
3 - (Adaptado de: UFU - 2011)
Considere o seguinte texto sobre Tomás de Aquino:
“Fique claro que Tomás não aristoteliza o cristianismo, mas cristianiza Aristóteles. Fique claro que ele
nunca pensou que, com a razão, se pudesse entender tudo.
Não, ele continuou acreditando que tudo se compreendepela fé: só quis dizer que a fé não estava em
desacordo com a razão, e que, portanto, era possível dar-se ao luxo de raciocinar, saindo do universo da
alucinação”.
Fonte: Eco, 1984, p. 339.
De acordo com esse texto, é CORRETO afirmar que:
 a) A Filosofia proposta por Aquino funda-se no exercício da razão – e apenas dela. 
 b) A atitude de Tomás de Aquino é de conciliação da Filosofia de Aristóteles com as certezas da fé cristã.
 c) Tomás de Aquino se empenha em mostrar os erros da Filosofia de Aristóteles para comprovar que é
incompatível com a doutrina cristã.
 d) O estudo da Filosofia de Aristóteles levou Tomás de Aquino a rejeitar as verdades da fé cristã que não
fossem compatíveis com a razão natural. 
 e) Com a ajuda da Filosofia de Aristóteles, Tomás de Aquino conseguiu uma prova científica para as
certezas da fé, como, por exemplo, a existência de Deus.
Notas
Paradigmas
Modelos relacionados diretamente à natureza do conhecimento – no caso da Filosofia.
Referências
AQUINO, T. de. O ente e a essência. Petrópolis: Vozes, 2014.
______. A unidade do intelecto, contra os averroístas. Tradução, introdução e notas de Carlos Arthur
Ribeiro do Nascimento. São Paulo: Paulus, 2016. (Coleção Filosofia Medieval).
ECO, U. Elogio de Santo Tomás de Aquino. In: ______. Viagem na irrealidade cotidiana. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1984.
LACERDA, T. Deus como problema filosófico na Idade Média. Curitiba: Intersaberes, 2018.
MARTINS, J. A relação entre ciência e religiãoA relação entre ciência e religião. Curitiba: Intersaberes, 2017.
MARTINS, J. A. Um opúsculo seminal: o Contra os averroístas de Tomás de Aquino. In: JORNADA DE ESTUDOS
ANTIGOS E MEDIEVAIS, VIII., 2009, Maringá. Anais. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 2009.
Disponível em: http://www.ppe.uem.br/ jeam/ anais/ 2009/ pdf/ 45.pdf
<http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2009/pdf/45.pdf> . Acesso em: 8 mar. 2018.
SANGALLI, I. J. A conquista da felicidade via Filosofia: o exemplo de Boécio. Trans/Form/Ação, Marília, v. 37,
n. 3, set./dez. 2014. Disponível em: http://www.scielo.br/ scielo.php? script= sci_arttext&pid=
S0101-31732014000300008&lng= en&nrm= iso&tlng=pt <http://www.scielo.br/scielo.php?
1
http://www.ppe.uem.br/jeam/anais/2009/pdf/45.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732014000300008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
script=sci_arttext&pid=S0101-31732014000300008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt> . Acesso em: 8 mar.
2018.
SÊNECA. Sobre a brevidade da vida. Porto Alegre: L&PM, 2007.
Próximos Passos
Influência do pensamento de Bacon no mundo moderno;
Teoria do filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) à luz do conhecimento filosófico;
Pensamento dos filósofos francês René Descartes (1596-1650) e alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-
1716).
Explore mais
Leia os textos:
A importância da quididade segundo a teoria do conhecimento de Tomás de Aquino;
<http://www.ufscar.br/~semppgfil/wp-content/uploads/2012/05/32-Richard-Lazarini.pdf>
A lógica de Boécio: breves considerações acerca da relevância de argumentos tópicos na
Consolação da Filosofia.
<https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/searafilosofica/article/viewFile/9632/6783>
Assista ao vídeo:
Filosofia medieval cristã – patrística e escolástica. <https://www.youtube.com/watch?v=Eu-
CWNAa6lU >
No Oriente, a religião e a Filosofia estão interligadas. Para saber mais sobre o assunto, leia o texto Filosofia e
o fato obstinado da religião: o Oriente reorienta o Ocidente.
<http://www.pucsp.br/rever/rv3_2007/t_paine.pdf >
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732014000300008&lng=en&nrm=iso&tlng=pt
http://www.ufscar.br/~semppgfil/wp-content/uploads/2012/05/32-Richard-Lazarini.pdf
https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/searafilosofica/article/viewFile/9632/6783
https://www.youtube.com/watch?v=Eu-CWNAa6lU
http://www.pucsp.br/rever/rv3_2007/t_paine.pdf
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 1/23
Teoria do conhecimento
Aula 3: Descartes e o problema do conhecimento
Apresentação:
Nesta aula, discutiremos sobre o período de transição entre o pensamento medieval e
o pensamento moderno, materializado no trabalho do filósofo inglês Roger Bacon
(1214-1292) e em sua concepção acerca do método. 
Trabalharemos o conceito de renascimentos, buscando compreender como decorre a
retomada de valores científicos e filosóficos que norteiam a moderna teoria do
conhecimento. 
Por fim, estudaremos as teorias do também filósofo inglês Francis Bacon (1561-
1626), a elaboração do método indutivo e como este abriu caminho para a produção
do filósofo francês René Descartes (1596-1650) – conhecido como pai da Filosofia
moderna.
Objetivos:
Analisar a contribuição de Roger Bacon para a elaboração do método científico; 
Localizar temporalmente os renascimentos como fundamentais ao pensamento
filosófico ocidental; 
Identificar o método indutivo e seus desdobramentos rumo ao método
cartesiano.
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 2/23
Elaboração do método científico
Como vimos nas primeiras aulas, uma das mais importantes questões que embasam
a teoria do conhecimento é o conceito de ciência.
Durante os diversos períodos históricos, houve diferentes interpretações e noções
distintas, até chegarmos à chamada ciência moderna, que abordaremos nesta aula.
Mas como podemos definir ciência?
Existem muitas possibilidades. De modo mais simples, podemos afirmar que ciência é
aquilo que muda.
Como? De que forma?
Como estudamos na aula anterior, o pensamento medieval tinha uma grande
influência do pensamento religioso, e as contradições entre fé e ciência eram
significativas. Nomes como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino tentaram
eliminá-las, alinhando ciência e fé.
Por que, então, isso era visto como uma
contradição?
Ora, porque a fé é baseada no dogma . Todas as religiões possuem dogmas, nos
quais sua prática é fundada.
A ciência, por sua vez, é o oposto: as teorias científicas estão
sujeitas à comprovação, e aquilo que acreditamos ser uma
verdade científica pode ser alterada ao longo do tempo.
Você já ouviu falar em Geocentrismo?
É uma teoria científica, onde acreditava-se que o sol girava em torno da terra.
1
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon962/aula3.html
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 3/23
Observamos o nascimento e o pôr do sol, e não sentimos a Terra girar. Logo, o que se
move é o sol, e não a Terra. Essa afirmação foi feita de forma empírica, ou seja,
baseada em nossa experiência e observação.
Esse modelo – denominado heliocêntrico – causou inúmeras controvérsias na época
em que foi formulado.
Essa teoria científica foi refutada e substituída por outra mais correta. Este é o
sentido do pensamento científico: ele se altera à medida que novas observações,
pesquisas e novos experimentos são feitos.
A ciência evolui e transforma-se conforme novos
métodos e novas teorias são concebidos.
O filósofo austríaco Karl Popper (1902-1994), que viveu no século XX,
chamou esse princípio de falseabilidade ou refutabilidade, sobre o
qual trataremos mais adiante. 
Ainda que a ciência tenda a se afastar cada vez mais da fé, após as tentativas de
aproximação feitas pela Igreja, esse distanciamento não foi repentino ou definitivo. A
discussão entre fé e ciência provocou diversos debates no final da Idade Média e no
início da Idade Moderna. 
Quando nos aprofundamos no estudo da Filosofia e da teoria do conhecimento,
acabamos por desconstruir a ideia – hoje já bastante superada – de que a Idade
Média se constituiu como a Idade das Trevas.
Essa denominação pejorativa, cunhada durante o iluminismo, entendia o Período
Medieval como estático, sem mudanças significativas, em que apenas o pensamento
teológico tinha predominado em detrimento da razão.
Como vimos, isso não corresponde à realidade. Ainda que tenha havido umintenso
movimento intelectual eclesiástico, a ciência não desapareceu durante o medievo.
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 4/23
Uma das mais importantes instituições de conhecimento – as universidades –
nasceram no Ocidente durante a Idade Média.

Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, conheça As 10 universidades mais antigas
do mundo.
<//revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI343904-
17770,00-AS+UNIVERSIDADES+MAIS+ANTIGAS+DO+MUNDO.html>
Embora a primeira universidade ocidental tenha sido instituída em Bolonha,
na Itália, foi a Universidade de Paris que se destacou quanto aos estudos
filosóficos.
No século XIII , vimos emergir o pensamento do filósofo inglês Roger Bacon
(1214-1292) – também grafado como Rogério: um dos mais significativos
nomes que marcou a transição de pensamento entre fé e ciência, entre
medieval e moderno.
Roger Bacon era um religioso franciscano que vivia nesse período, cuja
experiência o aproximava da teologia, mas seus estudos matemáticos e
filosóficos o acercavam da ciência e do discurso científico.
A exemplo de seus antecessores, ele estudou profundamente a obra de
Aristóteles e, a partir de diversas influências, dedicou-se a pensar no método
científico – fundamental na concepção de uma metodologia da ciência.
Algumas questões que podemos observar em sua obra são:
Como fazemos ciência?
Como chegamos a uma verdade científica?
Para que serve a ciência?
2
https://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI343904-17770,00-AS+UNIVERSIDADES+MAIS+ANTIGAS+DO+MUNDO.html
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon962/aula3.html
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 5/23
 Roger Bacon (Fonte: https://goo.gl/emVTnJ
<https://goo.gl/emVTnJ> )
Roger Bacon desenvolveu esse método baseando-se na observação: o ponto
de partida para diversos pensadores e inúmeras correntes de pensamento da
Filosofia desde a Antiguidade.
Mas esse filósofo foi muito além e sistematizou um método, uma forma de
pensar a ciência. De fato, começamos, então, com a observação, mas, a partir
dela, formulamos uma hipótese científica.
Vamos relembrar o sentido dessa expressão: trata-se de uma possibilidade,
uma tentativa de explicação.

Exemplo
Imagine o mundo que nos cerca. Atualmente, somos bombardeados com
muitas propagandas de produtos diversos. Alguns são essenciais, e
outros, nem tanto, mas continuamos consumindo, ainda que não
tenhamos necessidade específica da mercadoria.
Essa dinâmica – que chamamos de sociedade de consumo – pode ser
percebida em nosso dia a dia por meio da observação, a partir da qual
formulamos uma hipótese para tentar explicar por que consumimos bens
https://goo.gl/emVTnJ
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 6/23
de que não precisamos.
Vamos a algumas hipóteses prováveis:
01
Na sociedade contemporânea ocidental, há valorização do ter em detrimento
do ser. 
02
Em um mundo de novas tecnologias e redes sociais, há mais distanciamento
entre os indivíduos, e o consumo completaria essas lacunas na vida em
sociedade. 
03
O consumo nos motiva a buscar novas formas de obter dinheiro, e é o símbolo
de sucesso e bem-estar.
Tudo isso significa que, a partir da observação, formulamos explicações
plausíveis para compreender um fenômeno – nesse caso, o consumo.
 Chegamos, agora, ao que seria, para Roger Bacon, a última parte do método
científico: o experimento, que deve produzir dados para fundamentar as
hipóteses.

Exemplo
Podemos fazer os seguintes experimentos:
Solicitar que cada indivíduo de um grupo mantenha um valor
específico e predeterminado para gastar; 
Privar um grupo de gastos injustificados; 
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 7/23
Realizar entrevistas entre pessoas que buscam ajuda para controlar
seus gastos, inquirindo-os quanto ao que sentem quando consomem
mercadorias desnecessárias.
Assim como existem várias possibilidades para a hipótese, também há
inúmeros experimentos que podem ser conduzidos para demonstrá-las.
O que acabamos de fazer foi aplicar o método proposto por Roger Bacon,
fundando-o na(o):
Observação;
Hipótese;
Experimento.
O experimento vai ao encontro da ideia do filósofo de que a ciência deve ser
prática, ter um uso e uma aplicação. Além disso, é fundamental para o
homem chegar a Deus e melhorar sua vida terrena. 
Lembre-se de que Roger Bacon era um religioso. Mesmo
elaborando um método científico, ele não deixou de lado
suas crenças. A exemplo de outros religiosos, que se
dedicaram à Filosofia, a Bíblia era entendida por ele como
um documento que contém a verdade.
Nesse espírito de uma ciência prática, Roger Bacon propôs a criação de uma
enciclopédia das ciências, que reuniria os mais importantes saberes de sua
época.
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 8/23
 Denis Diderot (Fonte:
https://goo.gl/VSS8Kn
<https://goo.gl/VSS8Kn> )
Apesar de ter sido pensada no século XIII, a realização de uma enciclopédia
do conhecimento foi retomada no século XVIII, no iluminismo, pelos filósofos
franceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean le Rond d’Alembert (1717-1783).
As ideias de Roger Bacon o levaram à prisão entre 1277 e 1279. Sua defesa
do método experimental o fez alvo de teólogos que o acusavam de defender a
astronomia e a alquimia em detrimento da verdade bíblica e de introduzir os
princípios aristotélicos na educação.
O pensamento vanguardista de Roger Bacon o inseriu em um movimento que
originou o Renascimento, cujo princípio era o seguinte:
O homem é capaz de controlar a natureza e o meio que vive
por meio da ciência e do desenvolvimento tecnológico.
https://goo.gl/VSS8Kn
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 9/23
 Jean le Rond d’Alembert (Fonte:
https://goo.gl/idTcjJ <https://goo.gl/idTcjJ>
)
Renascimentos fundamentais ao
pensamento filosófico ocidental
O termo renascimento consagrou-se na história entre os séculos XIV e XVI.
Incialmente pensado como um único movimento, hoje, entendemos que não
houve apenas um, mas diversos renascimentos na história, a saber:
Renascimento comercial e urbano;
Renascimento cultural;
Renascimento científico.
https://goo.gl/idTcjJ
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 10/23
De forma geral, caracterizamos o Renascimento como o
momento em que o conhecimento e a cultura produzidos
na Antiguidade foram retomados e passaram a constituir
os valores morais e estéticos do homem moderno.
Mas, se durante a Idade Média, essa cultura da
Antiguidade desapareceu, como pôde ser
retomada?
Ora, porque, efetivamente, a Antiguidade jamais se extinguiu. Essa cultura,
esses valores e essas formas de organização política haviam sido deixadas de
lado no Ocidente, mas seguiram sendo fundamentais no Oriente. Justamente
por meio do contato contínuo com o Oriente, a cultura da Antiguidade foi
retomada.
De acordo com Rosa (2012, p. 318):
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 11/23

A preservação da cultura helênica se deu,
fundamentalmente, através dos árabes (que a
receberam dos nestorianos cristãos) e do Império
Bizantino, cujos sábios, eruditos e escribas, ao copiar e
ao comentar algumas obras filosóficas e científicas
gregas, tornariam possível, a partir do século XII, a
divulgação, ainda que criteriosa e restrita, desses
trabalhos.
Inicialmente traduções latinas de textos árabes
(Álgebra, de al-Khwarizmi, Óptica, de al-Haythan, ou
comentários árabes sobre Aristóteles), mais tarde, os
textos gregos estariam disponíveis no original ou em
latim.
3
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon962/aula3.html
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Nestorianos
Seguidores de Nestório (386 d.C.-451 d.C.) – patriarca de
Constantinopla que, no século V, havia formulado uma teoria na qual
defendia que Jesus possuía uma dupla natureza: humana e divina.
O contato da Europa com o Oriente intensificou-se a partir de meados da
Idade Média. O objetivo primordial era buscar mercadorias – as chamadas
especiarias orientais (como seda, por exemplo) – para vender na Europa,
onde esses artigos atingiam um alto preço, fazendo desta uma empresa
extremamente lucrativa.
Na bagagem, além das cobiçadas especiarias, vinham, também, livros,
técnicas e culturas que logo penetrariam na Europa e seriam determinantes
para a mudança na forma de ver o mundo.
O comércio com o Oriente é fundamental para compreendermos diversos
momentos da história da Europa, além do Renascimento, como é o caso das
Cruzadas e, mais tarde, da unificação dos Estados Ibéricos.
O Renascimento cultural mudou o foco de pensamento: antes, era Deus –
todo saber e toda verdade emana Dele – e, depois, passou a ser o homem –
que pensa e deseja.
Voltamos, então, à máxima do sofista grego Protágoras (486 a.C.-411
a.C.) que estudamos na primeira aula:
“O homem é a medida de todas as coisas”.
Portanto, progressivamente, o mundo deixou de ser teocêntrico para ser
antropocêntrico. Assim:
3
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 13/23
Na ciência, foram valorizados os estudos de Medicina e anatomia;
Na Física, foi valorizada a astronomia, que contestaria o modelo
heliocêntrico;
Na arte, a pintura e a escultura dividiram seu interesse entre temas
religiosos e retratos de ricos burgueses – classe que se tornaria
mecenas de diversos artistas.
Esse mundo vive em transformação, e a noção de conhecimento continua em
movimento. Nesse contexto, destacamos o filósofo inglês (1561-1626) Francis
Bacon, que viveu entre os séculos XVI e XVII.
Métodos indutivo e cartesiano
Francis Bacon teve uma intensa vida política e ocupou diversos cargos
administrativos na Inglaterra, retirando-se após ser acusado de corrupção. Ele
retomou as discussões sobre o método.
No início de suas pesquisas, tornou-se um estudioso de São Tomás de Aquino
e de Aristóteles, mas reconheceu que o método aristotélico podia induzir ao
erro.
O método que desenvolveu – método indutivo puro – aproxima-se mais
daquele elaborado por Roger Bacon do que daquele pensado por Aristóteles.
Além das etapas já apontadas por Roger Bacon – observação, hipóteses e
experimento –, Francis Bacon introduziu a organização e a coleta
sistemática de dados.
Além disso, estabeleceu que, para tornar-se válido, um mesmo experimento
precisava ser repetido inúmeras vezes até que não houvesse margem para
dúvidas. Ele defendia a ideia de que o método científico devia ser rigoroso,
pois se opunha ao que chamava de ídolos.
4
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 Francis Bacon (Fonte:
https://goo.gl/fBHDUy
<https://goo.gl/fBHDUy> )
Essa teoria de Francis Bacon é muito interessante. Ele entendia que o
conhecimento científico é turvado pela existência de ídolos, divididos em
quatro categorias:
Ídolos da tribo
Ao pensar em tribo, o filósofo remetia-se à própria espécie humana e a
sua maneira de perceber o mundo por meio dos sentidos. Para ele, essa
percepção não é absoluta, pois cada indivíduo sente e enxerga a
natureza das coisas de forma particular.
https://goo.gl/fBHDUy
20/03/2022 18:43 Estácio
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Ídolos da caverna
O homem analisa a natureza das coisas a partir de sua própria percepção
de mundo, de sua caverna particular, como vimos no mito de Platão. Isso
gera imprecisões, já que cada pessoa tem uma visão de mundo
condicionada por quem é, pelas relações sociais que compartilha, pela
região que habita etc.
Ídolos do foro
Estes ídolos são estabelecidos a partir da linguagem. A comunicação
descuidada causa diversos ruídos e interpretações errôneas que induzem
ao equívoco.
Ídolos do teatro
Estes ídolos são derivados do próprio pensamento filosófico. As análises e
afirmações não podem ser verificadas.

Saiba mais
Para entender melhor o assunto, acesse a tabela e veja a sistematização
da Teoria dos ídolos de Francis Bacon.
<galeria/aula3/anexo/teoria_bacon.pdf>
Francis Bacon entendia que os ídolos são tudo aquilo que nos impede de
atingir a verdade. Ao adotar o método indutivo, esses erros e problemas de
análise derivados dos ídolos não ocorrem mais.
https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/gon962/galeria/aula3/anexo/teoria_bacon.pdf
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 16/23
Pela valorização acerca do método baseado na experiência, Francis Bacon é
considerado o pai do empirismo moderno e fundador da corrente de
pensamento fundamentada na empiria.
Atividade
1 - Compare as teorias de Roger Bacon e de Francis Bacon no que diz
respeito ao método.
Conhecimento moderno
As teorias acerca do método são fundamentais para compreendermos como o
conhecimento moderno se transforma.
Por isso, diversos pensadores dedicam-se a metodologias, e suas teorias –
como vimos por meio da análise das propostas metodológicas de Roger
Bacon e Francis Bacon – levaram a uma discussão que culminou na obra de
do filósofo francês René Descartes (1596-1650), considerado um dos mais
influentes pensadores da Filosofia moderna e da Matemática.
Sua obra Discurso do método para bem conduzir a razão na busca da verdade
dentro da ciência – que ficou conhecida apenas como Discurso do método,
publicada no século XVII – ilustra, de forma precisa, o que Descartes entendia
em termos de metodologia filosófica:
Somente a partir da razão, podemos buscar a
verdade, que emerge do método científico,
rigidamente observado.
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https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 17/23
Atividade
2 - (ENEM - 2001) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277
e 1279, por dirigir ataques aos teólogos, devido a uma suposta crença na
alquimia, na astrologia e no método experimental, e, também, por
introduzir no ensino as ideias de Aristóteles.
Em 1260, Roger Bacon escreveu:
“Pode ser que se fabriquem máquinas graças às quais os maiores navios,
dirigidos por um único homem, desloquem-se mais depressa do que se
fossem cheios de remadores; que se construam carros que avancem a
uma velocidade incrível sem a ajuda de animais; que se fabriquem
máquinas voadoras nas quais um homem [...] bata o ar com asas como
um pássaro. [...] Máquinas que permitam ir ao fundo dos mares e dos
rios”.
Fonte: Braudel, 1996.
Considerando a dinâmica do processo histórico, as ideias de Roger
Bacon:
 a) Eram fundamentalmente voltadas para o passado, pois não apenas
seguiam Aristóteles, como também se baseavam na tradição e na
teologia.
 b) Inseriam-se plenamente no espírito da Idade Média ao privilegiar a
crença em Deus como o principal meio para antecipar as descobertas da
humanidade.
 c) Opunham-se ao desencadeamento da primeira Revolução Industrial
ao rejeitar a aplicação da Matemática e do método experimental nas
invenções industriais.
 d) Estavam em atraso com relação a seu tempo ao desconsiderar os
instrumentos intelectuais oferecidos pela Igreja para o avanço científico
da humanidade.
 e) Inseriam-se em um movimento que convergiria mais tarde para o
Renascimento ao contemplar a possibilidade de o ser humano controlar a
natureza por meio das invenções.
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3 - (UEL - 2003) O Renascimento – amplo movimento artístico, literário e
científico – expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Europa,
provocando transformaçõesna sociedade.
Sobre o tema, é CORRETO afirmar que:
 a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da
ciência teológica e da tradição medieval.
 b) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no método
experimental e na reflexão racional, valorizando a natureza e o ser
humano.
 c) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais
medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo da concepção
teocêntrica de mundo.
 d) O humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo
divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o
mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e seu interesse.
 e) Nesse período, reafirmou-se a ideia de homem cidadão, que
terminou por enfraquecer os sentimentos de identidade nacional e
cultural, os quais contribuíram para o fim das monarquias absolutas.
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4 - (PUC-PR - 2009) Leia o fragmento de texto a seguir:
“São de quatro gêneros os ídolos que bloqueiam a mente humana. Para
melhor apresentá-los, assinalamos os nomes: ídolos da tribo, ídolos da
caverna, ídolos do foro e ídolos do teatro”.
Fonte: Bacon, 1999, p. 33.
Para o autor, é CORRETO afirmar que:
 a) Os ídolos do foro são as ideias formadas em nós por meio de nossos
sentidos.
 b) Os ídolos do teatro são todos os grandes atores que nos influenciam
na vida cotidiana.
 c) Por meio dos ídolos, mesmo considerando que temos a mente
bloqueada, podemos chegar à verdade.
 d) Os ídolos são falsas noções e retratam os principais motivos pelos
quais erramos quando buscamos conhecer.
 e) Os ídolos da tribo e da caverna são os conhecimentos primitivos que
herdamos de nossos antepassados mais notáveis.
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Notas
Dogma
Crença fundamental e imutável, que não pode ser questionada, pois é
matéria de fé. Trata-se, portanto, daquilo que não muda.
século XIII
Momento de intensa efervescência cultural e intelectual na Europa,
dinamizado exatamente pelas instituições universitárias.
Nestorianos
Seguidores de Nestório (386 d.C.-451 d.C.) – patriarca de Constantinopla
que, no século V, havia formulado uma teoria na qual defendia que Jesus
possuía uma dupla natureza: humana e divina.
1
2
3
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Mecenas
Indivíduo rico que protege artistas, homens de letras ou de ciências,
proporcionando recursos financeiros, ou que patrocina, de modo geral, um
campo do saber ou das artes.
Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
4
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Referências
BACON, F. Novum organum. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-
XVIII. São Paulo: Martins Fontes, 1996. v. 3. 
CORREIA, A. A universidade medieval. Revista da Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 45, p. 292-329, 1950.
Disponível em: //www.revistas.usp.br/ rfdusp/ article / viewFile/
66131/ 68741
<//www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66131/68741> .
Acesso em: 13 mar. 2018. 
LACERDA, R. C. O sentido moral do saber no pensamento de Rogério
Bacon. 2009. 94 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) – Centro de
Humanidades, Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2009. Disponível
em: //www.uece.br/ cmaf/ dmdocuments/ dissertacao2009_
sentindo_ moral_ saber_ bacon.pdf
<//www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66131/68741> .
Acesso em: 13 mar. 2018. 
RETONDAR, A. M. A (re)construção do indivíduo: a sociedade de consumo
como “contexto social” de produção de subjetividades. Sociedade e Estado,
v. 23, n. 1, p. 137-160, jan./abr. 2008. Disponível em: //www.scielo.br
/pdf /se /v23n1 /a06v23n1.pdf
<//www.scielo.br/pdf/se/v23n1/a06v23n1.pdf> . Acesso em: 13
mar. 2018. 
ROSA, C. A. de P. História da Ciência: da Antiguidade ao Renascimento
Científico. Brasília: FUNAG, 2012. 
STANGUE, F. Tópicos de Filosofia Moderna. Curitiba: InterSaberes, 2017.
https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66131/68741
https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/viewFile/66131/68741
https://www.scielo.br/pdf/se/v23n1/a06v23n1.pdf
20/03/2022 18:43 Estácio
https://estudante.estacio.br/disciplinas/estacio_7019730/temas/3/conteudos/1 23/23
Próximos Passos
Método cartesiano;
Conhecimento científico em Copérnico e Galileu Galilei;
Pensamento de Leibniz.
Explore mais
Novum organum ou verdadeiras indicações acerca da
interpretação da natureza;
<//www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?
select_action=&co_obra=2278 >
Origem e memória das universidades medievais: a preservação
de uma instituição educacional.
<//www.scielo.br/pdf/vh/v23n37/v23n37a07>
https://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2278
https://www.scielo.br/pdf/vh/v23n37/v23n37a07
Discplina: Teoria do conhecimento
Aula 4: Conhecimento comum e conhecimento científico
Apresentação:
Nesta aula, estudaremos a Revolução Científica e explicaremos de que forma esse
movimento mudou o paradigma da teoria do conhecimento. 
Além disso, analisaremos os novos padrões filosóficos a partir do método cartesiano e
de suas implicações para a ciência e, em particular, para a Filosofia, entendendo o
sentido e a separação entre conhecimento científico e conhecimento comum.
Objetivos:
Analisar o sentido da Revolução Científica para a construção do conhecimento; 
Identificar a importância do método para o conhecimento científico com base no
método cartesiano;
Distinguir conhecimento científico de conhecimento comum.
Revolução Científica
Na aula anterior, conhecemos os diversos tipos de renascimentos e
identificamos de que forma afetaram a história da ciência e do pensamento
filosófico.
Esses movimentos deram origem a outro mais focado no desenvolvimento
científico: a Revolução Científica .
Nosso foco, agora, é explicar suas implicações para a teoria do conhecimento.
No Renascimento, há vários estudos acerca do homem e da natureza.
Mas qual é a diferença entre o que era
pensado nesse período e na Antiguidade?
Na Antiguidade, surgiu a primeira sistematização do pensamento, que foi
retomada no Renascimento de várias maneiras, quando passou a ser
sofisticada e apurada, dando origem à ciência.
A ciência existe mesmo onde não a percebemos diretamente.
Podemos citar como exemplo a arte. O senso comum a entende como algo
separado do viés científico: a arte é fruto da livre imaginação, e a ciência está
presa a teorias e metodologias.
Entretanto, nem sempre, arte e ciência estão distantes. Na maior parte do
tempo, caminharam juntas, e descobertas científicas eram, frequentemente,
materializadas na arte.
Para ilustrar, vejamos as obras recordes do italiano Leonardo da Vinci (1452-
1519) – um dos mais famosos pintores da história:
 A última Ceia | Fonte: Wikipédia
<https://goo.gl/vVfYah>
1
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/aula4.html
https://goo.gl/vVfYah
 Mona Lisa | Fonte: Wikipédia
<https://goo.gl/vVfYah>
A primeira é uma das obras mais reproduzidas no mundo, e a segunda, um
dos quadros mais conhecidos pelo público. Além dessas obras, Da Vinci
também deixou um vasto legado sob a forma de gravuras, esquemas,
invenções e tratados.
Ele é um símbolo do Renascimento não pelo sucesso que atingiu como pintor,
mas porque congregava diversos conhecimentos e estava interessado nas
áreas de Arquitetura, Engenharia, Mecânica e Anatomia.
A propósito, o tema da anatomia foi essencial para a obra desse artista e é
um bom exemplo para compreender a questão científica na arte. Afinal, é um
assunto que remonta a Antiguidade – período no qual estudos sobre o corpo
humano começaram a ser feitos.
No século III a.C., a dissecação de cadáveres foi fundamental para o
desenvolvimento da medicina.No Ocidente medieval, as pesquisas nessa área ficaram mais complicadas,
pois, com o predomínio da Igreja Católica, a questão da inviolabilidade do
corpo humano fez com que tais estudos avançassem menos.
https://goo.gl/vVfYah
Contudo, no Período Renascentista, essas investigações foram retomadas,
e, a exemplo de tantos outros artistas e cientistas, Da Vinci tornou-se aluno
das famosas aulas de Anatomia. Nelas, observava como eram estruturados os
músculos, os tendões, a textura da pele, das unhas e dos cabelos. 
 São Jerônimo no Deserto | Fonte: Wikipedia
<https://goo.gl/etuuSH>
Esse conhecimento transparece em suas obras, como vemos na representação
belíssima da estrutura física de São Jerônimo.
Inacabada, a obra foi bastante danificada ao longo do tempo, mas, ainda
assim, podemos notar os músculos tensionados e a expressão de sofrimento
que a figura demonstra. 

Comentário
https://goo.gl/etuuSH
Da mesma forma que influencia a arte, a ciência influencia toda uma
nova visão de mundo, mesmo que não nos tenhamos dado conta disso.
Este foi exatamente o sentido que adquiriu a partir do Renascimento: a
elaboração de um discurso científico envolve diversas áreas do
conhecimento.
Imprensa e reformas religiosas
É evidente que o Renascimento não foi o único fator que levou à Revolução
Científica. Há todo um contexto que não podemos ignorar, além de
transformações no próprio sentido do conhecimento. Essas mudanças foram
tanto práticas – como a invenção da imprensa ou do pensamento – quanto
teóricas – como as reformas religiosas. 
 Prensa Manual de Gutenberg | Fonte:
Wikipedia <https://goo.gl/PqpTmg >
Por exemplo, no século XV, o alemão Johannes Gutenberg (1398-1468)
desenvolveu seu invento – a prensa de tipos móveis –, permitindo que livros,
panfletos e periódicos fossem impressos em grande quantidade, mais
https://goo.gl/PqpTmg
rapidamente e a um custo menor. Isso levou a uma enorme divulgação de
conhecimento.
Antes de Gutenberg, os livros eram copiados à mão, predominantemente por
membros da Igreja, que, é claro, acabava decidindo o que seria ou não
reproduzido.
Nessa época, a Europa não era exatamente uma sociedade letrada, e a maior
parte da população era analfabeta. 
Mas, então, porque imprimir foi tão
importante?
Além de divulgar o conhecimento, o próprio impresso se tornou mais
acessível. Esse foi um passo relevante para a alfabetização do povo. 
As reformas religiosas também se valeram da imprensa, que as popularizou.
Embora remontem 500 anos desde que ocorreram, como fenômeno complexo,
ainda são discutidas, estudadas e fundamentais para a compreensão do
mundo ocidental. 
Para além da teologia, as reformas estão impregnadas de inúmeros conceitos
que deram forma a uma sociedade laica e que foram retomados no
iluminismo. 
Obras e nomes importantes
Neste contexto de grandes e progressivas mudanças de pensamento e da
natureza do conhecimento, algumas obras se tornaram emblemáticas para a
Revolução Científica, como os estudos de: 
Nicolau Copérnico
(1473-1543)
Astrônomo e matemático polonês. 
Por suas pesquisas e pela importância de suas teorias e de seus modelos, é
considerado o pai da astronomia moderna.
Andreas Vesalius
(1514-1564)
Médico belga que revolucionou a medicina e a arte com suas pesquisas em
anatomia.
Galileu Galilei
(1564-1642)
Físico, matemático, astrônomo e filósofo florentino.
Johannes Kepler
(1571-1630)
Astrônomo, astrólogo e matemático alemão que desenvolveu suas leis a
partir da obra de Copérnico.
Nesse cenário, destacamos dois principais nomes: Copérnico e Galilei. 
Como astrônomo, Copérnico dedicou-se a construir o modelo heliocêntrico,
entendendo que tanto a Terra quanto os demais planetas giravam em torno do
sol. Para ele, a Terra também girava ao redor de seu próprio eixo.
Para além de seu trabalho científico, Copérnico foi um cônego secular católico,
e sua vivência religiosa não impedia suas descobertas científicas.
Seu trabalho não foi visto como um problema pela Igreja, até porque seus
estudos não haviam sido analisados até depois de sua morte. Todavia, os
pensadores que se dedicaram a continuar suas investigações se tornaram alvo
da Igreja devido a diversos fatores, entre os quais estão a Reforma e a
Contrarreforma. 
Galilei foi um desses e teve menos sorte em alinhar conhecimento científico e
religioso: suas afirmações foram alvo da Inquisição Católica. 

Leitura
Para entender melhor os estudos mencionados, leia os seguintes textos:
Sobre as revoluções das esferas celestes;
<https://www.wdl.org/pt/item/3164/ >
A lição de anatomia de Andreas Vesalius e a ciência moderna;
<http://www.scielo.br/pdf/ss/v1n3/a07v1n3.pdf >
Astronomia – diálogo sobre os dois principais sistemas do
mundo; <https://www.wdl.org/pt/item/4187/>
As três leis de Kepler sobre o movimento dos planetas.
<http://astro.if.ufrgs.br/Orbit/orbits.htm>
Estas obras de astronomia se concentram em demonstrar a validade do
modelo heliocêntrico, no qual é o sol – e não a Terra – o centro de nosso
sistema. Na aula anterior, estudamos essa teoria brevemente, lembra-
se?
https://www.wdl.org/pt/item/3164/
http://www.scielo.br/pdf/ss/v1n3/a07v1n3.pdf
https://www.wdl.org/pt/item/4187/
http://astro.if.ufrgs.br/Orbit/orbits.htm
Reformas religiosas X Teorias
científicas
A Reforma Protestante, que se propagou rapidamente pela Europa no século
XVI, a partir das teses do monge alemão Martinho Lutero (1483-1546),
rompeu com a hegemonia religiosa no Ocidente. 
Até então, o catolicismo havia sido soberano, mas a mudança dos tempos e
das mentalidades, a decadência do sistema feudal e os renascimentos
geraram a necessidade de uma nova fé que respondesse melhor às
demandas daquela sociedade em transformação.
A Reforma Protestante levou a Igreja a redefinir
alguns de seus princípios, dando início ao
Concílio de Trento, que ocorreu entre 1545 e
1563. Nele, foram reafirmados alguns dogmas
católicos e instituído o Index Librorum
Prohibitorum: a lista de livros condenados pela
Igreja.
Não foi surpresa perceber que a maior parte de cientistas e filósofos –
pensadores que desejavam entender o mundo a partir de modelos explicativos
não teológicos – teve suas obras incluídas nessa lista, da qual faziam parte,
entre muitos outros nomes:
Nicolau Copérnico (1473-1543);
Giordano Bruno (1548-1600);
Galileu Galilei (1564-1642);
René Descartes (1596-1650).
O Tribunal do Santo Ofício – conhecido como Inquisição – havia sido criado
para combater os desvios da fé católica. Nada mais desviante do que
questionar as Sagradas Escrituras. Logo, tanto Galilei quanto o cientista Bruno
foram perseguidos por esse tribunal. 
2
file:///W:/2018.2/teoria_do_conhecimento__GON962/aula4.html

Leitura
Para entender melhor os fundamentos de tal instituição católica, leia o
texto Tribunal do Santo Ofício da Inquisição: o suspeito é o
culpado. <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-
44781999000200002&script=sci_arttext&tlng=pt >
Bruno defendia a tese de infinidade do universo por não acreditar que este
fosse sistematicamente ordenado e finito, de acordo com uma vontade
sobrenatural. Por isso, ele foi acusado de heresia e julgado, em Roma, em um
longo processo que culminou com sua execução na fogueira, em 1600.
O destino terrível de Bruno não impediu que o pensamento científico
avançasse, e a ideia de infinito desenvolvida por ele foi recuperada
continuamente tanto pela Astronomia quanto pela Física e pela Filosofia.
Galilei foi influenciado pelas ideias de Bruno, mas se dedicou a demonstrar a
legitimidade do modelo heliocêntrico de Copérnico. Para isso, construiu seu
próprio telescópio, além de outros instrumentos de precisão, a fim de
aprofundar suas pesquisas e de coletar dados significativos.
Assim como Bruno, Galilei foi convocado a Roma para dar explicações acerca
do modelo heliocêntrico, combatido pela Igreja.

Comentário
A Filosofia escolástica, defendida pela Igreja Católica, era fortemente
favorável ao modelo geocêntrico, no qual parte de seu pensamento
filosófico estava amparado.

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