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Oficina 2 – Atenção integral à saúde do adulto Objetivos de Aprendizagem: Conceituar transição demográfica, epidemiológica e nutricional Transição Demográfica A teoria da transição demográfica foi elaborada pelo demógrafo estadunidense Frank Notestein, em 1929, sendo amplamente utilizada desde então para contestar a Teoria Demográfica Malthusiana. Tem como objetivo explicar a evolução da população desde níveis altos de mortalidade e fecundidade até outros cada vez mais baixos para estabelecer um parâmetro causal entre a população e o desenvolvimento socioeconômico ao longo dos últimos cem anos, assumindo as transformações econômicas e sociais do crescimento econômico capitalista baixo e a influência da modernização industrial. Conceitua-se transição demográfica como a passagem de um contexto populacional onde prevalecem altos coeficientes de mortalidade e natalidade, para outro, onde esses coeficientes alcançam valores muito reduzidos. Ou seja, a transição demográfica é um conceito que descreve a dinâmica populacional ao longo da evolução histórica das sociedades humanas. Ela ocorre por meio da relação entre nascimentos, óbitos, fluxos de imigração e emigração. Transição Epidemiológica O conceito de transição epidemiológica surgiu a partir da teoria da transição demográfica e foi descrito pela primeira vez por Omram (1971), referindo-se a mudança seculares dos padrões de saúde e doença relacionandose aos fatores sociais, econômicos e demográficos. A teoria da Transição Epidemiológica, elaborada a partir da observação das modificações ocorridas no perfil de saúde de populações de países de economia central, previa a substituição, como causas mais importantes de mortalidade e morbidade*, das doenças infecciosas por outras decorrentes de difusão de certos estilos de vida e do envelhecimento da população. Transição Epidemiológica é o conceito que descreve as mudanças ocorridas no perfil de morbimortalidade e de invalidez de uma população ao longo das transformações demográficas, sociais e econômicas de uma sociedade. Transição Nutricional A chamada transição nutricional diz respeito às mudanças na estrutura da dieta dos indivíduos, relacionada a essas alterações e às condições de saúde. Compreender as fases da transição demográfica e epidemiológica; O processo de tarnsição demográfica se dá em quatro fases diferentes, resultando no efeito do envelhecimento da população. 1) Fase pré-industrial ou primitiva: Alta natalidade e alta mortalidade com expectativa de vida baixa. 2) Fase divergente: Redução brusca da mortalidade com natalidade ainda elevada, causando um crescimento acelerado da população. 3) Fase convergente: A natalidade diminui de maneira mais acelerada que o da mortalidade, gerando limitação progressiva do ritmo de crescimento, evidenciando o envelhecimento da população. 4) Fase pós-transição: Alta expectativa de vida e grande número de pessoas idosas. Estágios da Transição Epidemiológica De acordo com Medronho (2008) a transição epidemiológica tem como premissa: que e a mortalidade e a fecundidade são as forças mais importantes da dinâmica populacional; e que durante a transição epidemiológica ocorrem mudanças lentas e longa duração nos padrões de mortalidade e morbidade, com substituição gradual das pandemias de doenças infecciosas e parasitárias e da deficiência nutricional, pela doenças crônico degenerativas e aquelas provocadas pelo homem (causas externas). Conceituar a carga global de doença; O Estudo Global de Carga de Doenças é um programa de pesquisa regional e global sobre a carga de doenças que avalia a mortalidade e a incapacidade de doenças graves, lesões e fatores de risco. No Brasil, o projeto – originalmente chamado Global Burden of Disease (GBD) – é resultado de acordo entre o Ministério da Saúde, UFMG e o Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) da Universidade de Washington, visando constituir uma rede de colaboradores, com participação de pesquisadores brasileiros e técnicos do Ministério da Saúde. O objetivo é dar apoio metodológico e avaliar as estimativas do estudo GBD em nível subnacional, bem como compilar e analisar a carga da doença no país e nos estados brasileiros. A abordagem do Estudo de Carga de Doença Global (GBD) é um esforço sistemático e científico para quantificar a magnitude comparativa da perda de saúde decorrente de doenças, lesões e fatores de risco por idade, sexo e geografia para pontos específicos no tempo. A última iteração desse esforço, o Estudo de Carga de Doença Globals, Lesões, e Fatores de Risco 2010 (GBD 2010), foi publicado em The Lancet em dezembro de 2012. A intenção é criar um bem público global que será útil para informar o projeto de sistemas de saúde e a criação de uma política de saúde pública. Ele estima a morte prematura e invalidez devido a 291 doenças e lesões, 1.160 sequelas (consequências diretas de doença e lesão) e 67 fatores de risco para 20 faixas etárias e ambos os sexos em 1990, 2005 e 2010. O GBD 2010 produziu estimativas para 187 países e 21 regiões. No total, o estudo gerou quase 1 bilhão de estimativas de resultados de saúde. Referência: http://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_Gene ratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf http://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf http://www.healthdata.org/sites/default/files/files/policy_report/2013/GBD_GeneratingEvidence/IHME_GBD_GeneratingEvidence_FullReport_PORTUGUESE.pdf Compreender cálculo de DALY, HALE e de QUALY; Disability Adjusted Life Years (DALY) Ano de vida saudável perdido - é um indicador que contempla as medidas de impacto das doenças, tanto em relação à morbidade, quanto em relação à mortalidade. O DALY considera o total de anos de vida saudáveis perdidos devido à uma doença (ou a um fator de risco) e seu cálculo inclui tanto a idade do óbito, quanto a duração e a gravidade de qualquer incapacidade presente. Por exemplo, sua aplicação pode demonstrar as patologias com potencial de cronificação, retratando as expectativas de um estado não saudável em uma população. Quality Adjusted Life Years (QALY) Anos de vida ajustados pela qualidade de vida - capta em uma única medida os ganhos em quantidade e em qualidade de vida. Trata-se de um instrumento genérico para avaliar os estados de saúde, oferecendo medidas objetivas da qualidade de vida e das intervenções. Por exemplo, esta medida pode ser utilizada para verificação de resultados em intervenções. Years Lived with Disability (YLD) - anos de vida perdidos por doença e/ou incapacidade - é a quantificação dos anos vividos com a incapacidade proveniente de um agravo. Por exemplo, este indicador pode ser usado para demonstração de sobrevida. No GBD2013 o aumento de status sociodemográfico foi associado com uma mudança na carga de Years of Life Lost (YLL) - anos de vida perdidos - para YLD, impulsionado por quedas nos YLLs e aumentos de YLD de lesões músculo-esqueléticas , doenças neurológicas e transtornos mentais por uso de substâncias químicas. YLL = Número de mortes X Expectativa de vida na idade ao morrer YLD = Número de casos X Duração até remissão ou morte X Peso da Incapacidade DALY, para uma doença ou agravo, é constituído pela soma dos anos perdidos por morte prematura (YLL- Years of Life Lost) e os anos de vida perdidos por incapacidade (YLD- Years Lost due Disability), resultando na fórmula de carga de doença DALY= YLL + YLD. Referência: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516- 18462016000300778#:~:text=Dessa%20forma%2C%20o%20DALY%2C%20para,doen%C3%A7a%20DALY%3D%20YLL %20%2B%20YLD. Saber quais são as DCNT mais prevalentes; DCNT no Brasil As doençascrônicas não transmissíveis constituem o problema de saúde de maior magnitude e correspondem a 72% das causas de mortes. As DCNT atingem fortemente camadas pobres da população e grupos vulneráveis. Em 2007, a taxa de mortalidade por DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por 100 mil habitantes. Apesar de elevada, observou-se redução de 20% nessa taxa na última década, principalmente em relação às doenças do aparelho circulatório e respiratórias crônicas. Entretanto, as taxas de mortalidade por diabetes e câncer aumentaram nesse mesmo https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000300778#:~:text=Dessa%20forma%2C%20o%20DALY%2C%20para,doen%C3%A7a%20DALY%3D%20YLL%20%2B%20YLD https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000300778#:~:text=Dessa%20forma%2C%20o%20DALY%2C%20para,doen%C3%A7a%20DALY%3D%20YLL%20%2B%20YLD https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-18462016000300778#:~:text=Dessa%20forma%2C%20o%20DALY%2C%20para,doen%C3%A7a%20DALY%3D%20YLL%20%2B%20YLD período. A redução das DCNT pode ser, em parte, atribuída à expansão da Atenção Básica, melhoria da assistência e redução do tabagismo nas últimas duas décadas, que passou de 34,8% (1989) para 15,1% (2010). Fatores de risco no Brasil: os níveis de atividade física no lazer na população adulta são baixos (15%) e apenas 18,2% consomem cinco porções de frutas e hortaliças em cinco ou mais dias por semana. 34% consomem alimentos com elevado teor de gordura e 28% consomem refrigerantes cinco ou mais dias por semana, o que contribui para o aumento da prevalência de excesso de peso e obesidade, que atingem 48% e 14% dos adultos, respectivamente. Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011- 2022 / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 160 p. Compreender os princípios e diretrizes quanto a abordagem e ao plano de enfrentamento para pacientes com DCNT; Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011- 2022 Em 2005, a Secretaria de Vigilância em Saúde, após consulta aos estados e municípios, publicou a Agenda de prioridades para implementação da vigilância, prevenção e controle de doenças não transmissíveis, que foi importante para a organização e a estruturação da área no MS, nas Secretarias Estaduais de Saúde (SES) e nas Secretarias Municipais de Saúde (SMS). Em 2008, foi lançado o documento Diretrizes para a Vigilância de DCNT, Promoção, Prevenção e Cuidado, que integrou diretrizes de trabalho entre as diversas áreas do MS. Em 2011, em sintonia com os esforços globais, o MS preparou este Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022, que integra ações do setor saúde e outros setores. Diversos representantes de segmentos sociais participaram da construção desse Plano, o qual se constitui em mais um instrumento para transformar o tema de prevenção e controle de DCNT em agenda política e de governo. Objetivo do Plano Promover o desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde voltados para a atenção aos portadores de doenças crônicas. O Plano visa a reduzir a morbidade, incapacidade e mortalidade causadas pelas DCNT, por meio de um conjunto de ações preventivas e promocionais de saúde, associadas à detecção precoce e ao tratamento oportuno e ao reordenamento dos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde, a partir da Atenção Básica e da participação comunitária. Eixos estratégicos I – Vigilância, Informação, Avaliação e Monitoramento Objetivos Fomentar e apoiar o desenvolvimento e o fortalecimento da vigilância integrada de DCNT e seus fatores de proteção e risco modificáveis e comuns à maioria das DCNT (tabagismo, alimentação não saudável, inatividade física e o consumo nocivo de álcool) por meio do aprimoramento de instrumentos de monitoramento desses fatores, com ênfase nos inquéritos nacionais e locais. Avaliar e monitorar o desenvolvimento do Plano de Ação Nacional de DCNT. Estratégias 1. Realizar pesquisas/inquéritos populacionais sobre incidência, prevalência, morbimortalidade e fatores de risco e proteção para DCNT. 2. Fortalecer os sistemas de informação em saúde e produzir análise de situação de saúde de DCNT e seus fatores de risco. 3. Consolidar um sistema nacional padronizado e integrado de informações sobre incidência, sobrevida e mortalidade por câncer. 4. Fortalecer a vigilância de DCNT em estados e municípios. 5. Monitorar e avaliar as intervenções em DCNT e seus custos. 6. Monitorar e avaliar a implantação do Plano Nacional de Enfrentamento das DCNT. 7. Monitorar a equidade social relativa aos fatores de risco, prevalência, mortalidade e acesso ao cuidado integral das DCNT. II – Promoção da Saúde Objetivos Fomentar iniciativas intersetoriais no âmbito público e privado, visando ao desencadeamento de intervenções e ações articuladas que promovam e estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis, constituindo-se em prioridades no âmbito nacional, estadual e municipal. Abordar as condições sociais e econômicas no enfrentamento dos fatores determinantes das DCNT. Proporcionar à população alternativas relativas à construção de comportamentos saudáveis ao longo da vida. Estratégias 1. Garantir o comprometimento dos Ministérios e das Secretarias relacionados às ações de promoção da saúde e prevenção de DCNT. 2. Realizar ações de advocacy para a promoção da saúde e para a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. 3. Estabelecer acordo com setor produtivo e parceria com a sociedade civil para a prevenção de DCNT e a promoção da saúde, respeitando o artigo 5.3 da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Decreto nº 5.658/2006) e suas diretrizes. 4. Criar estratégia de comunicação com o tema de promoção da saúde, prevenção de DCNT e seus fatores de risco e promoção de modos de vida saudáveis. 5. Implantar ações de promoção de práticas corporais/atividade física e modos de vida saudáveis para a população, em parceria com o Ministério do Esporte (Programa Academia da Saúde, Vida Saudável e outros). 6. Estimular a construção de espaços urbanos ambientalmente sustentáveis e saudáveis. 7. Ampliar e fortalecer as ações de alimentação saudável. 8. Promover ações de regulamentação para promoção da saúde. 9. Avançar nas ações de implementação e internalização das medidas legais da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. 10. Articular ações para prevenção e para o controle da obesidade. 11. Fortalecer ações de promoção da saúde e de prevenção do uso prejudicial do álcool. 12. Implantar um modelo de atenção integral ao envelhecimento ativo. III – Cuidado Integral de DCNT Objetivo Fortalecer a capacidade de resposta do Sistema Único de Saúde, visando à ampliação de um conjunto de intervenções diversificadas capazes de uma abordagem integral da saúde com vistas à prevenção e ao controle das DCNT. Estratégias 1. Definir linha de cuidado ao portador de DCNT, garantindo projeto terapêutico adequado, vinculação entre cuidador e equipe, assim como a integralidade e a continuidadeno acompanhamento. 2. Fortalecer o complexo produtivo da saúde para o enfrentamento das DCNT. 3. Fortalecer a rede de prevenção, diagnóstico e tratamento dos cânceres do colo de útero e de mama. 4. Ampliar, fortalecer e qualificar a assistência oncológica no SUS. 5. Desenvolver e implementar estratégias para formação profissional e técnica na qualificação das equipes de saúde para abordagem de DCNT. 6. Fortalecer a área de educação em saúde para DCNT. 7. Fortalecer e qualificar a gestão da rede de serviços, visando a qualificar os fluxos e as respostas aos portadores de DCNT. 8. Fortalecer o cuidado ao portador de doenças do aparelho circulatório na rede de urgência. Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil 2011- 2022 / Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 160 p. Compreender o rastreamento na AB de DCNT; Rastreamento de doenças crônicas mais comuns em Atenção Básica O cuidado com a vida humana revela significados, comportamentos e expressões de acordo com a cultura e o momento histórico e social vivido. Assim, há de se problematizar eventos, fatos, transformações que ocorreram com a passagem dos anos e recapturar a noção de que o diálogo entre o profissional, o usuário e a família é essencial para a incorporação de novas práticas, saberes e tecnologias. Sem perder de vista que os profissionais são responsáveis pela condução da relação dialógica entre eles e o usuário dos seus serviços, ambos desenvolvem potenciais e habilidades com a aceitação da ambiguidade, da discrepância entre as situações e o uso de tecnologias. O serviço de saúde usa a tecnologia quando alia vários conhecimentos científicos com o objetivo de encontrar a solução para um problema ou situação vivida na prática, isto ocorre no encontro entre ele, o usuário e sua família. Diante dessas observações, é possível reconhecer que o cuidado às pessoas com doenças crônicas exige do profissional mais do que conhecimentos sobre os aspectos biomédicos, exige também compreensão sobre como a doença crônica afeta a vida das pessoas, de suas famílias e das comunidades. Nessa perspectiva, a relação dialógica entre profissionais da saúde e pessoas com doenças crônicas, na qual ambos, contínua e dinamicamente, compartilham o momento vivido, torna-se uma referência. A hipertensão arterial e o Diabetes mellitus constituem-se nos principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório. As complicações mais frequentes decorrentes destes agravos são: o infarto agudo do miocárdio, o acidente vascular cerebral, a insuficiência renal crônica, a insuficiência cardíaca, as amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes perinatais. Com o propósito de identificar precocemente os casos, o Ministério da Saúde brasileiro criou mecanismos para acompanhar e controlar a hipertensão arterial e o Diabetes mellitus no âmbito da atenção básica e, desta forma, reduzir o número de internações hospitalares e a mortalidade em decorrência destes agravos. Neste sentido, assumiu o compromisso de executar ações em parceria com estados e municípios; com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia e Diabetes; com as Federações Nacionais de Portadores de Hipertensão Arterial e Diabetes e; com o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) para apoiar a reorganização da rede de saúde, para a melhoria da atenção às pessoas com estes agravos, por meio do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes mellitus. Em relação à Saúde do Adulto, preconizam-se atualmente as seguintes recomendações: Hipertensão Arterial Sistêmica: O rastreamento da HAS, por meio da aferição da pressão arterial, em indivíduos acima de 18 anos. Dislipidemia: O rastreamento da dislipidemia, por meio da dosagem sérica dos níveis de colesterol, é recomendado para homens acima de 35 anos e mulheres acima de 45 anos. O intervalo de rastreamento ainda é incerto. Homens com fatores de risco como diabetes, uso de tabaco, obesidade, história familiar de doença arterial coronariana antes dos 50 anos ou história pessoal de aterosclerose devem ser rastreados para dislipidemia a partir dos 20 anos. Diabetes mellitus Tipo II: Recomenda-se o rastreamento do Diabetes mellitus tipo II por meio da dosagem sérica de glicose em indivíduos com aumento dos níveis pressóricos acima de 135/80. Neoplasia de cólon: O rastreamento da neoplasia de cólon é recomendado por meio da pesquisa de sangue oculto nas fezes, sigmoidoscopia ou colonoscopia, deve-se iniciar dos 50 anos até os 75 anos de idade. A frequência de rastreamento é anual para pesquisa de sangue oculto nas fezes, a cada 5 anos para sigmoidoscopia e a cada 10 anos para a colonoscopia. Uso de tabaco: O rastreamento sobre o uso de tabaco é recomendado para os adultos e gestantes. Deve ser questionado o uso de tabaco em todo o encontro com estes usuários e eles devem ser encorajados a cessarem o tabagismo. Abuso de álcool: É recomendado o rastreamento do uso abusivo de álcool e o aconselhamento sobre o abandono do uso nos encontros com a população adulta. Pode-se usar o questionário de CAGE, nomenclatura derivada das questões: Cut down, Annoyed by criticism, Guilty e Eye-opener, que é utilizado para rastreamento de transtornos de uso de álcool em pronto-socorro. Referências: https://unasus.ufsc.br/atencaobasica/files/2017/11/modulo_9-saude_adulto_medicina-final-ficha-isbn.pdf BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 162 p. https://unasus.ufsc.br/atencaobasica/files/2017/11/modulo_9-saude_adulto_medicina-final-ficha-isbn.pdf Compreender o inquérito vigitel; Vigitel Compõe o sistema de Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) do Ministério da Saúde, juntamente com outros inquéritos, como os domiciliares e os voltados para a população escolar. Conhecer a situação de saúde da população é o primeiro passo para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência e a gravidade destas doenças, melhorando assim a saúde da população. A pesquisa Vigitel é realizada pela Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. O Vigitel foi implantado em 2006 em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal e tem como objetivo monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis por inquérito telefônico, além de descrever a evolução anual desses indicadores em nosso meio. As entrevistas telefônicas são realizadas anualmente em amostras da população adulta (18 anos ou mais) residente em domicílios com linha de telefone fixo. O Vigitel faz parte das ações do Ministério da Saúde para monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal. Entre as doenças crônicas não transmissíveis monitoradas por esse sistema estão: diabetes; câncer; cardiovasculares, como hipertensão arterial, que têm grande impacto na morbi-mortalidade e na qualidade de vida da população. O monitoramento dos fatores de risco e das principais doenças crônicas fornece informações importantes para o planejamento de políticas públicas de promoção e prevenção, além da avaliaçãode intervenções realizadas. Como exemplo, temos que os resultados do sistema de Vigilância de Fatores de Risco de DCNT embasaram a elaboração do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil 2011– 2022, e subsidiam o monitoramento periódico das metas propostas no mesmo. O Vigitel, dentro do sistema de vigilância, apoia também o monitoramento das metas do Plano Regional de DCNT (Organização Pan-Americana da Saúde - OPAS) e do Plano Global para o Enfrentamento das DCNT (Organização Mundial da Saúde). O sigilo das informações é garantido pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação) e pela Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde. Indicadores avaliados pelo Vigitel estão dispostos nos seguintes assuntos: tabagismo; excesso de peso e obesidade; consumo alimentar; atividade física; consumo de bebidas alcoólicas; condução de veículo motorizado após consumo de qualquer quantidade de bebidas alcoólicas; autoavaliação do estado de saúde; prevenção de câncer; morbidade referida. A duração média para responder ao questionário é de 12 minutos. Divulgação do dados do Vigitel Feita ao final de cada pesquisa, por meio de relatórios e publicações do Ministério da Saúde. Os primeiros resultados são divulgados pelo próprio Ministro da Saúde em entrevistas para jornais e redes de televisão. São divulgados apenas os resultados agrupados por capital do país/região de residência, sexo, idade e nível de escolaridade. Não são analisados ou divulgados dados individuais de cada entrevistado. OBS.: participação na pesquisa é voluntária, mesmo que comece a responder ao questionário, pode desistir da entrevista ou interrompê-la a qualquer momento. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil e do mundo. Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que as DCNT são responsáveis por 71% das 57 milhões de mortes ocorridas globalmente em 2016. No Brasil, as DCNT são igualmente relevantes, tendo sido responsáveis, em 2016, por 74% do total de mortes, com destaque para doenças cardiovasculares (28%), neoplasias (18%), doenças respiratórias (6%) e diabetes (5%). De acordo com a OMS, um pequeno conjunto de fatores de risco responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de doenças devida a essas enfermidades. Entre esses fatores, destacam-se o tabagismo, o consumo alimentar inadequado, a inatividade física e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Em razão da relevância das DCNT na definição do perfil epidemiológico da população brasileira, e pelo fato de que grande parte de seus determinantes é passível de prevenção, o Ministério da Saúde implantou, em 2006, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Essa implantação se fez por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), contando com o suporte técnico do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP). A atualização contínua desses indicadores torna-se imprescindível para o monitoramento das metas previstas no Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis no Brasil, 2011-2022, e também no Plano Regional, no Plano de Ação Global para a Prevenção e Controle das DCNT da Organização Mundial da Saúde, bem como no monitoramento de metas de DCNT da agenda 2030 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020. 137.
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