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UNISL-AFYA NEUROANATOMIA Gabriele Ferreira da Silva Questionamento: 1.Qual a localização anatômica do cerebelo, tomando em conta a estrutura da caixa craniana e as flexuras da dura-máter? O cerebelo é uma região do cérebro localizada na fossa craniana posterior. Ele é dividido anatomicamente em dois hemisférios laterais denominados de hemisférios cerebelares e uma região mediana, denominada vérmis. Essa estrutura apresenta ainda uma região superficial, chamada de córtex cerebelar, uma parte intermediária, denominada de substância branca, e uma porção mais interna, onde são encontrados os núcleos do cerebelo ou núcleos centrais. 2.Tomando em conta o conhecimento da neuro-embriologia, qual a origem embriológica do cerebelo em relação ao tubo neural? Origina-se de espessamentos dorsais das placas alares do metencéfalo. No início do período fetal, os dois hemisférios cerebelares se unem dorsalmente, formando uma porção mediana, o verme. As partes laterais se expandem e começam a adquirir fissuras antes da metade da vida pré-natal. Comparativamente ao córtex cerebral, o córtex cerebelar se forma pela migração de células da zona matricial, formando as camadas sobrepostas.As células emigradas dispõem-se inicialmente em uma compacta camada cortical (camada granulosa externa), que de modo contrário ao córtex cerebral, ainda se prolifera na vida pós-natal. Essa intensa proliferação da camada granulosa externa é responsável pelo aumento da superfície do cerebelo. No sexto mês de vida intra-uterina.O cerebelo se liga ao mesencéfalo, à ponte e ao bulbo, pelos pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior, respectivamente, que são constituídos por feixes de fibras. A mielinização dos pedúnculos segue a ordem de formação, começando pelo inferior durante o segundo trimestre, depois pelo superior e, termina, com o médio, pouco antes do nascimento. 3. Qual a divisão filogenética do cerebelo (divisão baseada no desenvolvimento dos seres vivos) e suas funções respectivamente? O cerebelo pode ser dividido em 3 partes segundo ao seu desenvolvimento filogenético. Arquicerebelo: Evolutivamente, é a parte mais antiga do cerebelo e corresponde anatomicamente ao lóbulo floculo-nodular. É responsável por receber aferencia dos núcleos vestibulares, sendo responsável então pelo processamento da sensibilidade da gravidade. Lança fibras eferentes de volta para os núcleos vestibulares, que por sua vez, garantem o equilíbrio corporal e a motricidade ocular. Paleocerebelo: Também chamado de cerebelo espinhal, foi a segunda porção do cerebelo a surgi no desenvolvimento filogenético. Recebe aferencia dos tratos espinocerebelares e das fribras cuneocerebelares(oriundas do fascículo cuneiforme). Dessa forma essa porção faz conexão com a medula espinhal, sendo responsável por receber informações de propriocepção inconsciente e com isso modular o tônus muscular, organizar os movimentos de precisão de membros distais, a sinergia e a diadococinesia (capacidade de realizar movimentos rápidos alternados). Essa porção também recebe aferencia do núcleo mesencefalico do nevo trigêmeo responsável pela propriocepção da mastigação. Neocerebelo: Ultima porção do desenvolvimento filogenético do cerebelo e corresponde funcionalmente ao cérebro cerebelo. Recebe informações do córtex cerebral pela via cortico-ponto- cerebelar. Após o refinamento desses impulsos, o neocerebelo envia fibras para os núcleos ventro laterais do tálamo do lado oposto que seguirão para a região motora do córtex, de onde surge o trato corticoespinhal. Dessa forma essa porção do cerebelo está relacionada coordenação de atividades motoras, aprendizado motor, processamento de sentidos e também está relacionada a algumas funções cognitivas. 4. Qual a divisão anatômica cerebelar e suas funções? Consiste em dois hemisférios laterais unidos por uma parte media, o vermis. O cerebelo pode ser dividido pela fissura primaria em lobo anterior e posterior. Já o lobo posterior se divide do lobo floculo-nodular pela fissura póstero-lateral. Essa divisões anatômicas não correspondem as divisões funcionais do cerebelo, as quais está mais relacionado a divisão filogenética. Sendo assim, o lóbulo flóculo-nodulor corresponde ao vestibulocerebelo, estando relacionado a manutenção de equilíbrio, devido as aferencias oriundas dos núcleos vestibulares. O vermis e a zona intermédia dos hemisférios correspondem ao espinocerebelo, tendo conexões com a medula e sendo responsável pelo controle do tônus muscular, correção de movimento em execução, diadococinesia (capacidade de realizar movimento rápidos alternados), metria(pensar em algo e conseguir pega-lo) e sinergia (ação associado de dois ou mais órgão). As porções laterais dos hemisférios cerebelares têm conexões com o córtex cerebral, correspondendo funcionalmente ao cérebro-cerebelo, e está relacionada ao planejamento de movimentos sequenciais, aprendizado motor, processamento de sentido, controle de atos impulsivos e emoções e de algumas funções cognitivas. 5. Qual a vascularização do cerebelo (arterial e venosa)? A irrigação do cerebelo se dá por 3 aterias: artéria cerebelar superior, arteira cerebelar inferior anterior e artéria cerebelar inferior posterior. A artéria cerebelar superior vem da basilar e irriga a parte superior do cerebelo. A artéria cerebelar inferior anterior, também oriunda da basilar, irriga a parte anterior da face inferior do cerebelo. A artéria cerebelar inferior posterior, ramo das artérias vertebrais, irriga a porção inferior e posterior do cerebelo. Topograficamente, as veias que drenam o cerebelo distinguem-se em um grupo medial e lateral. O grupo medial drena o vermis e as suas partes vizinhas dos hemisférios cerebelares, sendo constituindo pela veia pré-central, veias superior e inferior do vermis e as porções mediais das veias cerebelares superior e inferior. O grupo lateral drena a maior parte dos hemisférios, sendo constituído pela veia petrosa e as porções laterais das veias cerebelares inferiores e superiores. Todas as veias do cerebelo possuem anastomoses entre si. 6. Quais as áreas de lesões no cerebelo que justifiquem o quadro clínico em foco? O cerebelo faz conexão com o tronco encefálico por meio de 3 pares de pedúnculos: os pêndulos cerebelares superior, médio e inferior. Pedúnculo cerebelar superior: contém principalmente tratos eferentes. Depois da decussação do pedúnculos cerebelares superior (Wernekinck), se ramifica em um ramo descendente menor, oriundo do núcleo fastigial e do núcleo globoso em direção a formação reticular que segue para a espinha pelo trato reticuloespinhal, e um ramo ascendente maior, oriundo do núcleo denteado em direção ao núcleo rubro, no mesencéfalo, e ao tálamo no diencéfalo. Também leva fibras aferentes oriundas do trato espinocerebelar anterior que terminam como fibras musgosas no vermis e na parte intermédia do Lobo anterior. Pedúnculo cerebelar médio: possui apenas fibras aferentes, oriundas dos núcleos pontinos que trazem informações do córtex cerebral, pelas fibras temporopontinas (feixe de Turck) e pelas fibras frontopontinas (feixe de Arnold), e terminam em fibras musgosas no hemisfério contralateral do cerebelo cortical ou cerebrocerebelo. Pedúnculo cerebelar inferior: contém tratos aferentes e eferentes. Possui fibras aferentes do trato espinocerebelar posterior e fibras cuneocerebelares, que são oriundas do tubérculo cuneiforme, as quais terminam como fibras musgosas no vermix e na zona intermédia do cerebelo(espinocerebelo). Recebe fibras dos núcleos vestibulares terminando no lóbulo flóclulo- nodular(vestibulocerebelo), no núcleo fastigial e na úvula do verme, partes do espinocerebelo. Possue aferência das fibras musgosas trigemiocerebelares, oriundas do núcleo do trigêmeo. Recebem fibras da oliva inferior, a qual recebe fibras da medula espinal e do córtex cerebral, e terminam como fibras trepadeiras no estratomolecular do córtex do cerebelo. Também possui fibras eferentes para a oliva inferior, oriundas do núcleo denteado. O quadro clínico pode ser justificado pela lesão no vermis e no hemisfério direito oriunda do AVE isquêmico, afetando o espinocerebelo e o cerebelo cortical direito, visto que lesões nessas áreas podem gerar os sintomas relatados, como nistagmo, distúrbios da fala, disdiadococinesia e ataxia do lado lesado. Além disso, a doença a síndrome de Friedreich afeta neurônios sensitivos localizador principalmente na medula espinal e os gânglios sensitivos da raiz dorsal. Sendo assim, é possível que tenha ocorrido lesão dos tratos espinocerebelares, o que compromete a propiocepção inconsciente que é levado ao cerebelo, prejudicando o equilíbrio do paciente e explicando a ataxia. 7. Em relação do cerebelo com a formação do IV ventrículo? A metade cranial do tecto do IV ventrículo é constituída por uma fina lamina de substância branca, o véu medular superior, que se estende entre os dois pedúnculos cerebelares superiores. Na constituição da metade caudal temos as seguintes formações: 8. Descreva a formação anatômica do IV ventrículo O IV (quarto) ventrículo origina da luz do rombencéfalo. Este é continuado pelo canal central da medula e se comunica com o espaço subaracnoide. É um fluido aquoso e incolor de composição química pobre em proteína que ocupa o espaço subaracnóideo e as cavidades ventriculares. O quarto ventrículo é uma cavidade localizada posteriormente à ponte, à metade superior do bulbo, e anteriormente ao cerebelo. Ele é contínuo com o aqueduto cerebral (mesencefálico, ou de Sylvius) acima, e o canal central da medula espinhal na metade superior do bulbo. Em cada lado, um estreito prolongamento, o recesso lateral, projeta-se ao redor do tronco encefálico; sua abertura lateral (forâmen de Luschka) encontra-se abaixo do flóculo cerebelar. Uma outra abertura mediana, que comunica o quarto ventrículo com o espaço subaracnóidea, recebe o nome de forame de Magendie. O IV ventrículo tem bordas laterais, um assoalho e um teto. As bordas laterais são formadas de cada lado do pedúnculo cerebelar superior e inferior, e tubérculos grácil e cuneato. O teto do quarto ventrículo é formado por uma fina lâmina de matéria branca. Abaixo está uma abertura mediana; o fluido cérebroespinhal flui através dessa abertura e aberturas laterais para dentro do espaço subaracnóidea. Pelo fato dessas serem as únicas comunicações entre os espaços ventriculares e subaracnóideo, seu bloqueio pode produzir um tipo específico de hidrocefalia. O assoalho do IV ventrículo, também conhecido como fossa romboide, é formado pela superfície dorsal da ponte e bulbo. O aqueduto cerebral é um estreito canal conectando o terceiro e o quarto ventrículos. Ele tem 1.5 cm de comprimento e 1-2 mm de largura. Seu assoalho é formado pelo tegmento do mesencéfalo. Seu teto consiste dos corpos quadrigêmeos do mesencéfalo e comissura posterior. A tela coróidea é uma camada de pia máter (meninge protetora do sistema nervoso) de grande vascularidade que se invagina próxima ao plano mediano dentro da cavidade do quarto ventrículo para formar o plexo coróide do quarto ventrículo 9. Quais as estruturas anatômicas que ligam e conectam as vias aferentes e eferentes do cerebelo com o tronco cerebral? As fibras extrínsecas são as de projeção do cerebelo, aferentes (de regiões diversas, como medula, tronco cerebral, diencéfalo) e eferentes (a maioria a partir dos núcleos cerebelares profundos), que constituem os pedúnculos cerebelares, destinados principalmente ao tronco cerebral e diencéfalo (principalmente o tálamo). 10. Qual a estrutura micro anatômica do córtex cerebelar (camadas e tipos celulares) e seus principais núcleos profundos e respectivas localização? Possui três camadas: Purkinje: possuem células piriforme e grandes, são dotadas de dendritos que se ramificam na camada molecular e um axônio que sai em direção oposta. Molecular: Formada por fibras de direção paralela e contém dois tipos de neurônios, as células granulares e as células em cesto. Granular: Formada por células granulares, células pequenas cujo citoplasma é muito reduzido. Núcleos do cerebelo: Os núcleos cerebelares profundos encontram-se incluídos na substância branca e compreendem os núcleos fastigial (medial ou do teto), globoso e emboliforme (intermediário ou interposito, da anatomia comparada) e denteado (ou lateral). Estes recebem colaterais de fibras pré-cerebelares e do córtex cerebelar e enviam projeções para estruturas diversas do encéfalo. O núcleo fastigial é o mais medial, recebe aferentes principalmente do vermis e projeta para os núcleos vestibulares e formação reticular. O núcleo interposito (globoso e emboliforme) fica situado em posição intermediária, recebe aferentes principalmente da região paravermiana e projeta para o núcleo vermelho (rubro) (NR) e outros núcleos do tronco cerebral, além de núcleos talâmicos. O núcleo denteado, o maior dos núcleos cerebelares, localiza-se mais lateralmente, recebe aferentes dos hemisférios cerebelares e projeta para o NR e outros núcleos do tronco cerebral, e para núcleos talâmicos. Os núcleos vestibulares correspondem a estruturas que podem ser consideradas análogas e funcionalmente equivalentes aos núcleos cerebelares profundos, estando relacionados com o lobo flóculonodular. Devem ser mencionados ainda núcleos especialmente importantes nas vias cerebelares, como o NR e os que fazem parte dos núcleos pré- cerebelares, como os núcleos da parte basal da ponte (núcleos pontinos) e o complexo olivar inferior. 11. Qual a relação dos núcleos profundos do cerebelo com a divisão filogenética do cerebelo? A relação se dá em função do circuito cerebelar básico , no qual as informações que chegam ao cerebelo de várias áreas do SN inicialmente agem sobre os neurônios dos núcleos centrais de onde saem as respostas eferentes do cerebelo.
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