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ANTES UM PROGRAMA, AGORA UMA ESTRATÉGIA Monitoria IV Giovanne Nobre ANTES UM PROGRAMA, AGORA UMA ESTRATÉGIA Monitoria IV Giovanne Nobre OBJETIVOS : • Como funciona a ESF e com foi criada; • Os princípios da atenção primária; • O que é o E-SUSAB e qual a sua importância; • O sistema de referência e contra referência; • O que é longitudinalidade no SUS. CRIAÇÃO DA ESF - ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA • 1978: APS –Atenção Primária à Saúde: proposta pela Conferência de Alma-Ata •1991: PAC - Programa de Agentes Comunitários da Saúde •1994: Criação do PSF - Programa Saúde da Família •1996: Norma Operacional Básica 01/96 •1998: PAB – Piso de Atenção Básica •2000/2003: Departamento de Atenção Básica e Secretaria de Atenção à Saúde, consolidação da ESF •2006: Governo emite a Portaria Nº 648 reconhecendo o PSF como uma estratégia. 1998: PAB – Piso de Atenção Básica O primeiro Bloco de Financiamento do SUS é a Atenção básica, que recebe recursos divididos em duas modalidades – o PAB fixo e PAB variável. O PAB fixo é uma valor que se mantém praticamente fixo e oscila de acordo com a população do seu município e o PAB variável irá variar de acordo com o desempenho do Gestor e da sua equipe. No início da criação do SUS, a grande maioria dos recursos que chegavam aos municípios vinham de um repasse fixo do Governo Federal, uma parcela fixa, que hoje, é conhecida como PAB fixo. Entretanto, o a política do Ministério da Saúde mudou e os recursos são divididos em PAB Fixo e PABVariável. PAB fixo: Parcela de Recursos fixa, calculado à partir da população da cidade. PAB variável: parcela variável do recurso federal que é repassada à medida que os municípios realizam ações e políticas de saúde específicas em suas cidade. A Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) tem como uma de suas principais atribuições participar da formulação e implementação das políticas de atenção básica e especializada e estabelecer as diretrizes para a organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) no país, observando os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). A SAS é responsável por apoiar financeiramente Estados, Municípios e Distrito Federal na organização das estratégias e ações da RAS, bem como por prestar cooperação técnica para o aperfeiçoamento da capacidade gerencial e operacional. Para desenvolver suas competências, a SAS é dividida em 7 departamentos e três institutos, além dos Hospitais Federais que se encontram no Rio de Janeiro, definidos pelo decreto nº 8.901, de 10 de novembro de 2016. RESUMO: No Brasil, a origem do PSF remonta criação do PACS em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva. Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, descentralização, integralidade e participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. QUAL A DIFERENÇA ENTRE ESTREATÉGIA E PROGRAMA ? ESTRATÉGIA PROGRAMA • O termo programa aponta para uma atividade com início, desenvolvimento e finalização. • Significa elaboração escrita do plano de atividades, propósitos e objetivos de um determinado assunto. • O ESF é uma estratégia de reorganização da atenção primária e não prevê um tempo para finalizar esta reorganização. • Significa plano, método, manobras ou estratagemas usados para alcançar um objetivo ou resultado específico. A COMPOSIÇÃO DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA Para a implantação da Estratégia de Saúde da Família, há necessidade de formação da equipe de saúde da família, que deverá estar composta por multiprofissionais responsáveis, no máximo, de 4.000 habitantes, sendo a média recomendada de 3.000 habitantes, com jornada de trabalho de 40 horas semanais para todos os seus integrantes e composta obrigatoriamente por uma equipe mínima. A EQUIPE DA SAÚDE DA FAMÍLIA: Segundo o Ministério da Saúde, deverá ser composta por uma equipe multiprofissional, no mínimo, por um médico de família, preferencialmente generalista, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis (6) agentes comunitários de saúde, o número de agentes deverá ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por agente comunitário e de 12 agentes por equipe de Saúde da Família. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental. COMO FUNCIONA A ESF • Funções: organização, responsabilização, resolução; • Equipe multiprofissional; • Atuam em áreas geográficas definidas; •Visitas domiciliares; • Prática do cuidado familiar ampliado; •Trabalho interdisciplinar e em equipe; AS FUNÇÕES: A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções especiais (MENDES 2002): Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população; Organização: visa organizar os fluxos e os contra fluxos dos usuários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de serviços de saúde; Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos usuários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam. PRINCÍPIOS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA • Primeiro contato; • Longitudinalidade; • Integralidade; • Coordenação; • Abordagem familiar; • Enfoque comunitário. PRIMEIRO CONTATO Para Starfield (2002), a APS deve ser a porta de entrada, ou seja, o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para o sistema de serviços de saúde. O acesso foi definido por Millman (1993) como “o uso oportuno de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis em saúde”. A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos serviços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para a primeira atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente acessível e disponível para não postergar e afetar adversamente o diagnóstico e manejo do problema de saúde. LONGITUDINALIDADE A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é definida como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos” (STARFIELD, 2002). É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do problema de saúde ou mesmo da existência de algum problema. Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos serviços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e adequada; menos doenças que podem ser prevenidas; melhor reconhecimento dos problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais baixos. Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão da clínica – diretrizes clínicas e gestão de patologias. INTEGRALIDADE A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de saúde da população e os recursos para abordá-las. A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de serviços paraas necessidades que devem ser atendidas em outros pontos de atenção. A integralidade da atenção é um mecanismo importante porque assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de saúde da população. Para tanto, faz-se necessário: O diagnóstico adequado da situação de saúde da população adscrita; O atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde – para dar conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; A organização das redes de atenção à saúde, para prestar atendimento às demais necessidades: a identificação de outros pontos de atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e terapêutico), o sistema logístico (transporte sanitário, central de agendamento de consultas e internamentos, prontuário eletrônico, etc.). COORDENAÇÃO Coordenação é um estado de estar em harmonia numa ação ou esforço comum. (STARFIELD, 2002). É um desafio para os profissionais e equipes de saúde da APS pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os prontuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da APS e especialistas. ABORDAGEM FAMILIAR Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros da família e dos seus problemas de saúde. Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto socioeconômico, dos valores, dos aspectos culturais e religiosos da sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias. Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade. ENFOQUE COMUNITÁRIO A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas, epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma complementar para ajustar os programas para que atendam as necessidades específicas de saúde de uma população definida. Para tanto, faz-se necessário: • Definir e caracterizar a comunidade; • Identificar os problemas de saúde da comunidade; • Modificar programas para abordar esses problemas; • Monitorar a efetividade das modificações do programa. No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orientação comunitária e possibilitam maior vínculo entre as equipes de saúde e as respectivas comunidades. A orientação comunitária diz respeito também ao envolvimento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de saúde, além das conferências de saúde. E-SUS AB O e-SUS é uma das estratégias do Ministério da Saúde para desenvolver, reestruturar e garantir a integração desses sistemas, de modo a permitir um registro da situação de saúde individualizado por meio do Cartão Nacional de Saúde. O nome, e-SUS, faz referência a um SUS eletrônico, cujo objetivo é sobretudo facilitar e contribuir com a organização do trabalho dos profissionais de saúde, elemento decisivo para a qualidade da atenção à saúde prestada à população. O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia para reestruturar as informações da saúde na Atenção Básica em nível nacional. A qualificação da gestão da informação é fundamental para ampliar a qualidade no atendimento à população. A estratégia e-SUS faz referência ao processo de informatização qualificada do SUS em busca de um SUS eletrônico. MODELO DE HIERARQUIZAÇÃO • Sistema de referência; • Sistema de contra referência. O SUS hierarquiza o sistema público de saúde em três níveis: baixa (unidades básicas de saúde), média (hospitais secundários e ambulatórios de especialidades) e alta complexidade (hospitais terciários). O paciente é atendido nas unidades de saúde de um ou outro nível, conforme a necessidade e a complexidade de seu quadro clínico. Assim, pacientes de alta complexidade atendidos, por exemplo, em unidades básicas de saúde ou em hospitais secundários, podem ser encaminhados (referência) para hospitais de alta complexidade (hospitais terciários). Depois de ter sua necessidade atendida e seu quadro clínico estabilizado, o paciente é reencaminhado (contra-referência) para uma unidade de menor complexidade, para dar seguimento ao tratamento. O modelo SUS de hierarquização do sistema e de referência e contra-referência do paciente procura garantir ao cidadão acesso aos serviços do sistema público de saúde - desde o mais simples até o mais complexo -, de acordo com as reais necessidades do tratamento. LONGITUDINALIDADE • Conceito Deriva da palavra longitudinal que é definida como “ lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou grupos de um período de anos”. (STARFIELD, 2002:247) É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de saúde e usuários em suas Unidades Básicas de Saúde, independente do problema de saúde ou até mesmo da existência de algum problema. A literatura destaca o potencial da longitudinalidade como possibilidade para conhecer o usuário, seu contexto social, hábitos de vida e problemas de saúde, permitindo intervenções adequadas e resolutivas. Desta forma, proporcionaria um cuidado integral, com ações de promoção em saúde e de prevenção de doenças, além da redução de uso de serviços de alta complexidade com a diminuição de custos no setor da saúde. (Kessler M, et al, Beneficios de la longitudinalidad como atributo de la Atención Primaria a Salud, 2016). • Benefícios • Menor utilização de serviços; • Melhor atenção preventiva; • Atenção mais oportuna e adequada; • Menos doenças preveníveis; • Melhor reconhecimento dos problemas dos usuários; • Menos hospitalizações; • Custos totais mais baixos; Os maiores benefícios estão relacionados: - Ao vínculo com o profissional ou equipe de saúde; - Ao manejo clínico adequado dos problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão da clínica – diretriz clínica e gestão de patologias.
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