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Introdução à Criminologia

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ESTUDO DO 
CRIME 
 
CRIMINOLOGIA 
A criminologia é uma ciência interdisciplinar (sociologia, psicologia, medicina legal, direito e etc.) e empírica, que se ocupa do estudo 
do crime, do delinquente, da vítima e dos mecanismos de controle social. Assim, a criminologia se aproxima do fenômeno criminal com o 
intuito de entender sua origem, suas causas, individuais e sociais e suas consequências. 
Obs.¹: As bancas adoram usar o termo “etiologia”, ou mesmo “etimologia”. Ele se refere ao estudo das causas da criminalidade. 
Obs.²: As bancas gostam de questionar se a criminologia é uma ciência normativa, dogmática, dedutiva. A resposta é NÃO! Esses são 
traços distintivos do direito penal, que o distanciam da criminologia. O direito penal se baseia em normas – é normativo; é construído 
em torno de uma série de princípios – é dogmático; parte de regras gerais que devem ser aplicadas a um caso concreto – é dedutivo. A 
criminologia, por sua vez, se baseia na observação da realidade – é empírica; não possui dogmas; parte do caso concreto para tentar, 
deles, formular hipóteses de generalização – é indutiva. Em suma, a criminologia é a ciência que, dentre outros aspectos, estuda as 
causas e as concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade. 
A política criminal se ocupará do fenômeno raciocinando, por exemplo, sobre a suficiência das atuais leis penais para o crime de furto; 
sobre a eficiência dos instrumentos manejados pelas instâncias de controle social; sobre as regras do processo criminal e de execução 
penal. Em apertada síntese, a política criminal constitui a sistematização de estratégias e meios de controle social da criminalidade, com 
o propósito de sugerir e orientar reformas na legislação positivada. 
O direito penal, por sua vez, se ocupa, basicamente, de punir o delinquente, aplicando àquele caso concreto regras penais genéricas, 
numa operação dedutiva. Obs.: o método silogístico é adotado pelo direito penal, mas não pela criminologia. 
 
 
ASPECTOS 
INTRODUTÓRIOS 
Criminologia › Indução › 
Parte-se do caso concreto 
para se tentar elaborar regras 
genéricas. 
Direito penal › Dedução › 
Parte-se de regras genéricas 
que devem ser aplicadas 
aos casos concretos. 
OBJETOS DA 
CRIMINOLOGIA 
DELITO 
DELINQUENTE 
VÍTIMA 
O conceito de delito para a criminologia não é o mesmo conceito utilizado pelo direito penal. Juridicamente, crime é o fato típico, ilícito e 
culpável. Ou seja, em resumo bem apertado, pode-se dizer que uma conduta é delitiva para o direito penal se ela se submete à 
descrição de uma norma penal proibitiva; não se encaixa em nenhuma das hipóteses de exclusão da ilicitude (estado de necessidade, 
legítima defesa, exercício regular do direito e estrito cumprimento do dever legal); e é reprovável. Para a criminologia, no entanto, os 
requisitos a serem preenchidos para que uma conduta seja considerada criminosa são outros. Segundo Salomão Shecaira, uma conduta 
para ser considerada crime pela criminologia deve apresentar: 
• incidência massiva na população (não devem ser consideradas criminosas as condutas isoladas, que não se reiteram). 
• incidência aflitiva (crime é algo que causa dor “não devem ser previstas como crimes condutas que não causem sofrimento”). 
• persistência espaço-temporal (deve-se distribuir pelo território ao longo do tempo, não devendo ser criminalizada). 
• inequívoco consenso social (necessidade de inequívoco consenso social sobre a razoabilidade de se criminalizar a conduta). 
A criminologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX, com o advento da filosofia positivista. A 
partir da segunda metade do século XIX, as teorias positivistas começam a ganhar força. Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos 
clássicos, os positivistas defendem a observação dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A 
ideia era aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era possível realizar essa aplicação em 
relação às normas, começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores identificam que aí nasce, verdadeiramente, a 
criminologia como ciência. Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do determinismo biológico 
ou do determinismo social. No determinismo biológico acredita-se que diferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais 
propensos ao crime. São doenças, patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são as 
características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Há, ainda, a visão correcionalista, para a qual o criminoso é um 
fraco, uma pessoa cuja vontade deve ser direcionada. O delinquente não é capaz de dirigir a sua vida, sendo necessária a 
intervenção do Estado, que deve adotar postura pedagógica e de piedade. Aqui se encaixam as reprovações, no ordenamento 
jurídico brasileiro, dos atos infracionais praticados por adolescentes. Para o marxismo, por sua vez, a sociedade é culpável pelo 
crime. O delinquente é vítima inocente e fungível (substituível) das estruturas econômicas injustas da sociedade. 
Em relação à vítima, os estudos criminais, de maneira geral, passaram por três grandes momentos. 
• Idade de ouro da vítima: Nessa época, havia a possibilidade de autotutela, ou seja, de fazer justiça pelas próprias mãos. Aqui se 
desenvolveu o processo penal acusatório, em que as funções de acusar, julgar e defender estavam em mãos distintas. 
• Neutralização do poder da vítima: teve no processo penal inquisitivo, no qual se concentra as funções de acusar e julgar no juiz. 
• Revalorização do poder da vítima: essa fase tem início no século XVIII e perdura até os dias atuais. Considera-se que a vítima 
havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. A vitimologia procura 
entender qual o papel desempenhado pela vítima no fenômeno criminal. 
- Vitimização primária: decorre direta e imediatamente da prática delitiva. Ex.: a pessoa que sofre uma lesão corporal. 
- Vitimização segundária: é o ônus que recai na vítima em decorrência da operação estatal para apuração e punição do crime. 
Ex.: além de sofrer as consequências diretas da conduta (vitimização primária), uma pessoa que é lesionada deverá seguir a uma 
delegacia de polícia, passar por um exame de corpo de delito, prestar depoimento em juízo, etc. 
- Vitimização terciária: é a provocada pelo meio social em decorrência da estigmatização trazida pelo tipo de crime. Exemplo 
clássico é a vítima de crimes contra a dignidade sexual, que, além de suportar o crime, sofre o preconceito de outras pessoas, que 
não a aceitam como anteriormente. 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTROLE SOCIAL 
OBJETOS DA 
CRIMINOLOGIA 
CRIMINOLOGIA 
ESTUDO DO 
CRIME 
 
Controle social é o conjunto de meios de intervenção, quer positivos, quer negativos, acionados por cada sociedade ou 
grupo social a fim de induzir os próprios membros a se conformarem às normas. Shecaira de modo conciso e bastante 
elucidativo, explica que controle social é o conjunto de mecanismos e sanções sociais que pretendem submeter o 
indivíduo aos modelos e normas comunitários. A dualidade mais comumente utilizada na criminologia é aquela que 
separa controle social formal de controle social informal. Como exemplos de freios sociais informais podem ser citados a 
família, a vizinhança, o trabalho, a igreja, a opinião pública, os clubes, as associações, os meios de comunicação de 
massa. Já os agentes de controle social formal são a polícia, o Poder Judiciário, a administração penitenciária, o sistema 
penal, etc. Percebe-se, assim, que as instâncias de controle social, sobretudo as informais, começaram a ser estudadas 
como fatores que influenciam a criminalidade de um determinado local. No entanto, não foiainda nessa oportunidade 
que o controle social se consolidou como objeto da criminologia. Isso viria a ocorrer algumas décadas mais tarde, 
sobretudo a partir dos anos de 1960, nos Estados Unidos, com o labelling approach, também conhecido como teoria do 
etiquetamento, teoria da rotulação social ou teoria interacionista. Rompendo com o ideal consensual de sociedade, o 
labelling propugnava que estudar a realidade social implicava estudar os processos de interação individual ocorridos no 
seio da própria sociedade. Ou seja, não se pode compreender o crime prescindindo do entendimento da própria reação 
social. O desvio não é uma qualidade intrínseca da conduta, mas um atributo que lhe é conferido por meio de complexos 
processos de interação social. É decisivo, então, para compreender o crime, compreender como funcionam os 
mecanismos sociais que atribuem o status de delinquente a alguém. 
DELITO 
DELINQUENTE 
VÍTIMA 
EVOLUÇÃO 
HISTÓRICA DA 
CRIMINOLOGIA 
ESCOLAS 
CRIMINOLÓGICAS 
ESCOLA 
CLÁSSICA 
A escola positivista teve três grandes influenciadores, que foram: Cesare Lombroso, Enrico Ferri e Garafalo. Em síntese, 
buscava-se entender como o homem se torna um criminoso e quais são os fatores que o circundam (interna e externamente) 
que o levam a ser um criminoso. Os influenciadores desta escola divergiam em suas opiniões, como: Lombroso preocupava 
com as características mentais ou físicas de algum antepassado, além da aparência do criminoso como fatores que 
determinavam à prática do crime. Para Ferri, o outro influenciador desta escola dizia que o indivíduo torna-se criminoso pelas 
condições sociais que o circundam. 
 
ESCOLA 
POSITIVISTA 
Os Clássicos partiram de duas teorias distintas: o jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da natureza eterna 
e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de Rousseau), em que o Estado surge a partir 
de um grande pacto entre os homens, no qual estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva. 
Algumas comparações entre as escolas clássica e positiva: 
a) Quando se fala em crime, para a escola clássica ele tem previsão legal, já para a escola positiva o crime é considerado 
um fato natural, decorrente de fatores sociais, físicos ou biológicos. 
b) O indivíduo é livre, inteligente, consciente e capaz de diferenciar entre o bem e o mal para a escola clássica, enquanto 
que para a escola positiva acontece o oposto, na qual o indivíduo torna-se um criminoso porque é influenciado. 
c) A escola clássica diz que o mal deve ser pago com outro mal, enquanto que para a escola positiva este mal tem como 
reação social onde a sociedade pune o criminoso de acordo com o grau de periculosidade determinando a pena a aplicar. 
d) A escola clássica nasceu como forma de combater e desestimular o absolutismo estatal através do direito penal, 
enquanto a escola positiva surgiu quando o foco dos estudos voltaram para o criminoso e a descobrir qual seria o motivo 
que o levaria a praticar determinado delito. 
ESCOLA 
CRÍTICA 
A criminologia Crítica teve seu surgimento baseada no marxismo, foi através das teorias políticas e econômicas do crime, 
que começou a analisar as causas sociais e institucionais causadoras daquele. Na perspectiva da criminologia crítica a 
criminalidade não é mais uma qualidade ontológica de determinados indivíduos, mediante uma dupla seleção: em primeiro 
lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente, e dos comportamentos ofensivos destes bens, descritos nos tipos 
penais; em segundo lugar, a seleção dos indivíduos estigmatizados entre todos os indivíduos que realizam infrações a 
normas penalmente sancionadas. Assim, nesse sentido, as teorias como o Labelling Aproach e a Reação social passaram a 
ser uma espécie de bases de defesa dos integrantes da Criminologia Crítica. Segundo tais teorias, os mecanismos usados 
para o controle da criminalidade não a detém, e sim, a causam. Pois é sabido que no momento em que os mecanismos 
que controlam a sociedade agem, acabam criando uma espécie de rotulagem dos delinqüentes, ou seja, acabam 
diferenciando eles dos demais a partir de uma reação social, ocorre um processo de discriminação, havendo a perpetuação 
delitiva, e a criação de subculturas, que levará a aproximação desses criminosos. 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIAS 
RELACIONADAS À 
CRIMINOLOGIA 
 
TEORIAS DO 
CONSENSO 
 
TEORIAS DO 
CONFLITO 
 
O grande marco dessas teorias é defender que a 
sociedade possui objetivos comuns a todos os 
indivíduos. Prega que existe um consenso entre os 
membros de uma comunidade quando esta age em 
um perfeito funcionamento. Entendem que a 
finalidade da sociedade é atingida quando há um 
perfeito funcionamento de suas instituições. 
Para essas teorias, não há na sociedade um senso 
comum. De fato, há objetivos definidos pela 
coletividade, mas esses objetivos são impostos por uma 
classe dominante sobre uma classe dominada. Os 
objetivos da sociedade são mutáveis durante o tempo. 
ESCOLA DE 
CHICAGO 
TEORIA DA ASSOCIAÇÃO 
DIFERENCIAL 
TEORIA DA 
ANOMIA 
TEORIA DA SUBCULTURA 
DELIQUENTE 
A premissa básica dessa Teoria assevera que o comportamento desviante era aprendido por associação. Ela combatia a ideia 
de que se tratasse de algo hereditário. Não se trata especificamente de uma ligação entre criminosos e não criminosos, mas 
sim de fatores favoráveis ou desfavoráveis ao delito. A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime 
não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, não sendo ele 
exclusividade destas. Surge, aqui, a análise dos crimes de colarinho branco. 
Teoria Espacial - a revitalização de espaços 
urbanos pode contribuir para redução da 
criminalidade. 
Teoria das janelas quebradas - assevera 
que os pequenos delitos devem ser reprimidos 
para que se evite uma proliferação de crimes 
mais severos. 
Teoria da tolerância zero – a teoria das 
“janelas quebradas” é diferente de uma política 
do tipo “tolerância zero”. Esta última adicionou 
como ingredientes a resposta dura da 
autoridade policial aos pequenos infratores e o 
aumento da eficiência do aparato de vigilância. 
Seu estudo baseava-se na teoria ecológica ou teoria da desorganização social, ou seja, 
como o espaço urbano pode influenciar o desenvolvimento da criminalidade, conhecida 
como “Antropologia Urbana”. O surgimento dessa Escola reflete o período marcado por 
grande migração e formação das grandes metrópoles. Aqueles que se mudavam para esses 
grandes centros tinham um choque cultural e a tendência é que se unissem na formação de 
“guetos”. Essa Teoria prega que um dos principais fatores que levam ao aumento da 
criminalidade é a ausência de um Controle Social Informal decorrente do crescimento 
exponencial das grandes metrópoles. O crescimento da cidade de Chicago ocorreu de 
maneira centrífuga (do centro para a periferia), viabilizando grandes problemas de 
criminalidade. As zonas mais periféricas contribuem para a proliferação de “gangues”. 
Muitas outras Escolas/Teorias criminológicas decorreram da Escola de Chicago, são elas: 
Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas, Teoria da Tolerância Zero. 
A sociedade transmite a seus cidadãos metas culturais, em contrapartida, lhe oferece meios (institucionalizados) para alcançá-las. 
Quando os meios não são suficientes para o atingimento das metas, ocorre uma situação de “anomia” (ausência de norma) em que as 
regras sociais são ignoradas. Merton criou um quadro que tenta justificar o comportamento dos indivíduos de acordo com as metas 
culturais (objetivos para atingir a 'felicidade') e os meios institucionalizados (“ferramentas” que o Estado oferece para alcançar a 
“felicidade”), quais sejam: conformidade; realismo; evasão/retraimento e inovação (para a anomia, aqui reside o indivíduo desviante, 
pois eleaceita as metas impostas pela sociedade, mas não enxerga os meios institucionais disponíveis para alcançá-las, assim, ele 
rompe com as normas “anomia” para buscar a “felicidade”). 
A subcultura delinquente estuda a gênese de grupos subculturais que não se encaixam nos padrões impostos pela sociedade, e 
por essa razão, adotam uma postura de inovação. Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela 
criminologia tradicional. Assim, o crime acaba por se tornar sinônimo de protesto ou forma de “aparecer”, de ter status e 
adquirir respeito diante da comunidade. Defende a existência de uma subcultura da violência, que faz com que alguns grupos 
passem a aceitar a violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Mais que isso, sustenta que algumas 
subculturas valorizam a violência, e, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis. 
 
TEORIA CRÍTICA OU 
RADICAL 
TEORIA DO LABELLING 
APPROACH, ETIQUETAMENTO, 
INTERACIONISMO SIMBÓLICO 
OU REAÇÃO SOCIAL 
Para essa teoria, o ponto central da criminalidade não é uma característica do comportamento humano, 
mas sim a consequência de um processo de estigmatização do indivíduo como criminoso. Logo, o 
delinquente só se diferencia do homem comum pela “etiqueta” que lhe é atribuída. A teoria entende que a 
criminalização primária (primeira ação delitiva) produz uma etiqueta (rótulo) de criminoso, o que acaba 
influenciando para a criminalização secundária (repetição de atos delitivos). 
Essa teoria consolidou-se ao criticar as posturas tradicionais da teoria do consenso, eis que, ancorada no 
pensamento marxista, acredita ser o modelo econômico adotado em determinado local o principal fator gerador 
da criminalidade. A Criminologia Crítica serviu de base para o surgimento de outras teorias criminológicas como 
o abolicionismo criminal, direito penal mínimo e o neorrealismo. 
· Abolicionismo Penal: Defende o fim as prisões e abolir o próprio Direito Penal, que pode ser substituído pelo 
diálogo, entendimento e solidariedade. Direito penal só serve para destacar as desigualdades sociais. 
· Direito Penal Mínimo (Criminologia Minimalista): Defende a redução drástica do Direito Penal, pois 
entende que ele na atual situação encontra-se apenas legitimando interesses de uma minoria. 
· Neorrealismo: Assevera que a criminalidade decorre da pobreza, não unicamente, mas somada a outros 
fatores como individualismo, competitividade, ganância, machismo, etc. Defende também uma menor 
discricionariedade por parte da Justiça, pregando que os crimes mais graves devem ser combatidos com 
resposta exemplar, aumentando assim a possibilidade de medidas cautelares detentivas. 
4 
 
 
REAÇÃO SOCIAL E 
PREVENÇÃO DA 
CRIMINALIDADE 
 
PREVENÇÃO DO 
DELITO 
 
A prevenção do delito consiste no conjunto de ações destinadas a evitar sua prática. Neste ponto, dois tipos de medidas são necessários para alcançar esta 
finalidade, a primeira atingindo indiretamente o delito e a segunda, diretamente. As medidas indiretas atuam sobre as causas do delito, e cessadas estas, cessam 
seus efeitos. O delito não é alcançado diretamente, mas sim suas causas das quais ele é o efeito. Estas medidas têm como alvo o indivíduo e o meio em que ele 
vive. Quanto ao indivíduo deve ser examinada a personalidade, o caráter e temperamento, com vistas a motivar sua conduta. No tocante ao meio social, é 
necessário seu estudo no maior raio de amplitude possível de modo a conjugar medidas sociais, políticas econômicas, etc., que proporcionem uma melhoria na 
qualidade de vida das pessoas. No Estado Democrático de Direito o saber criminológico tem como norte a orientação prevencionista, pois o interesse se volta a 
evitar o delito, e não em puni-lo. Existem programas dirigidos à prevenção primária, secundária e terciária, cuja compatibilidade os tornam complementares entre 
si. O estudo dos fatores inibidores e estimulantes do fenômeno criminal será decisivo na elaboração de programas prevencionistas. O desemprego, a miséria, a falta 
de assistência social, desigualdade, corrupção política, etc., são fatores que estimulam a criminalidade, enquanto a justiça social, garantia de trabalho, educação, 
saúde, democracia, igualdade de oportunidades, e outros direitos sociais consubstanciam, sem dúvida alguma, elementos recalcitrantes da criminalidade. 
PREVENÇÃO 
PRIMÁRIA 
 
PREVENÇÃO 
SECUNDÁRIA 
 
PREVENÇÃO 
TERCIÁRIA 
 
A prevenção primária consiste nos programas de prevenção destinados criar os pressupostos aptos a neutralizar as causas do 
delito, como a educação, e a socialização (enfoque etiológico). Incide assim sobre as causas do problema, quer dizer, na 
concretização de direitos fundamentais da população como do acesso a saúde, educação, moradia, trabalho, segurança, enfim, 
da qualidade de vida. Trata-se de instrumentos preventivos de médio a longo prazo. 
A prevenção secundária atua em momento posterior ao crime ou na sua eminência. Desta maneira conduz sua atenção para o momento e 
local em que fenômeno da criminalidade se revela, orientando-se pelos grupos que apresentam o maior risco de sofrer ou praticar o 
delito. Portanto, tem como foco setores da sociedade que podem sofrer com a criminalidade, e não o indivíduo, estando relacionado com a 
ação policial, programas de apoio, controle das comunicações, dentre outros instrumentos seletivos de curto a médio prazo. 
Incide sobre os condenados elaborando programas destinados a prevenir a reincidência. Sua realização se dá por meio de 
medidas alternativas, como os serviços comunitários, liberdade assistida, etc. Atua após a prática do crime revelando caráter 
punitivo e ressocializante, cuja finalidade é evitar a reiteração do comportamento delituoso. A prevenção terciária é insuficiente 
e parcial por não agir sobre as causas do delito. 
MODELOS DE 
REAÇÃO DO DELITO 
 
Não desnecessário afirmar que umas das maiores preocupações do Estado contemporâneo está concentrada na forma de reação ao delito. O programa adotado para 
controlar a criminalidade (política criminal) deve conter medidas oportunas e pertinentes a composição do conflito social. Em síntese, a prática de um delito provoca 
uma reação da sociedade em sentido contrário, existindo no presente três modelos: dissuasório, ressocializador e restaurador. 
MODELO CLÁSSICO 
OU DISSUASÓRIO 
 
O modelo clássico ou dissuasório, também denominado modelo retributivo, tem como base a punição do delinquente que deve ser 
intimidatória e proporcional ao dano causado. Os protagonistas neste modelo são o Estado e o delinquente, restando excluídos a vítima 
e a sociedade. As sanções penais somente são aplicadas aos imputáveis e semi-imputáveis, vez que os inimputáveis são submetidos a 
tratamento psiquiátrico. Procura persuadir o delinquente a não praticar o delito por meio da intimidação do sistema retributivo. A 
exclusão da vítima e sociedade por este modelo lhe rende severas críticas de Antonio García-Pablos de Molina, devido à importância que 
exercem no questionamento da gênese e da etiologia do delito, além de potencializar os conflitos ao invés de resolvê-los. 
MODELO 
RESSOCIALIZADOR 
 
Intervém na vida e pessoa do delinquente. Praticado o delito estará sujeito a uma punição, cuja finalidade não se limita ao castigo, vai 
mais longe, procura a reinserção social. Deste jeito, a participação da sociedade é muito importante neste processo de forma a prevenir 
e afastar estigmas. Tem-se um modelo humanista que defende a intervenção positiva no condenado, de modo a tornar possível sua 
volta, com dignidade, ao meio social. A reação ao delito passa a se preocupar com a utilidade do castigo, também para o delinquente. 
Avalia a efetividade do sistema sob o ponto de vista do real impacto da punição na pessoa do condenado, sem se preocupar com os 
ideais abstratos da pena. Por conseguinte, o paradigma ressocializador faz com que o Estado assuma a natureza social da 
criminalidade,não se conformando simplesmente com a retribuição do mal praticado, ou caráter preventivo das penas, exigindo uma 
intervenção positiva na pessoa do condenado, ou seja, do afastamento dos efeitos nocivos da punição. A partir desta premissa de 
melhoras no regime de cumprimento das penas, busca-se preparar o condenado a participar do corpo social sem traumas. 
Também conhecido como modelo integrador, recebe ainda a denominação de justiça restaurativa por buscar o restabelecimento do 
status quo ante dos protagonistas do conflito criminal. Com isso, visa recuperar o delinquente, proporcionar assistência à vítima, e 
restabelecer o controle social abalado pela prática do delito. A reparação do dano gera sua restauração. Este modelo visa solucionar o 
problema criminal por meio de ação conciliadora, que procura atender aos interesses e exigências de todas as partes envolvidas. Ao 
compreender o crime como um fenômeno interpessoal, defende que as pessoas envolvidas devem participar da solução do conflito por 
meios alternativos, distanciados de critérios legais, e formalismo. As vantagens de uma justiça comunitária é que a pacificação social do 
problema minimiza os efeitos da persecução tradicional, afastando o caráter ameaçador das penas, humilhações, e demais 
consequências malfazejas. A solução virá de partes legítimas, e por isso as chances de pacificação revelam-se elevadas. 
MODELO 
RESTAURADOR

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