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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE DE FARMÁCIA DOCENTES: Ana Cristina Baetas Gonçalves, Janaína Gell de Pontes Vieira, Marciene Ataíde de Andrade. DISCENTE: Bianca Almeida de Almeida DISCIPLINA: PROJETO INTEGRADOR ACADÊMICO-PROFISSIONAL III (PIAP) FICHA TÉCNICA DA PLANTA ALIMENTICIA NÃO CONVENCIONAL Moringa oleífera. 0- Introdução: A Moringa oleífera Lam. é uma leguminosa perene e arbórea com origem no continente asiático, mais especificamente no norte da Índia, Afeganistão e Paquistão e países no continente africano, vem sendo cultivada no Brasil desde 1950 pelo seu baixo custo de produção e sua capacidade de adaptação a solos áridos sendo predominante no Nordeste brasileiro como Maranhão, Piauí e Ceará. A M. oleífera se caracteriza por seus diversos usos como tratamento de água, alimentação, medicina tradicional além de fins industriais. Por ter quase todas as suas partes usadas como alimento: caule, flor, folha e vagem, a M. oleífera é considerada como PANC e é aliada no combate á desnutrição em países subdesenvolvidos devido ao seu valor nutricional. (ALMEIDA, 2018) 1- NOME CIENTÍFICO/SINONÍMIA CIENTÍFICA Nome científico : Moringa oleífera Lam. Sinonímia científica: M pterygosperma Gaert., M. moringa (L.). (TEIXEIRA, 2012). 2- NOME VULGAR/SINONÍMIA VULGAR Brasil: Moringa, quiabo-de-quina, acácia-branca Índia: Horseradish tree ou rabanete picante (TEIXEIRA, 2012). 3- ASPECTOS BOTÂNICOS • ALTURA : 5m a 12m; • FORMATO : copa aberta (sombrinha) • TRONCO: 10cm a 30cm de espessura com casca esbranquiçada e esponjosa; • FOLHAS: formato de pena, de cor verde-pálido, são compostas e tripinatas. Medindo de 30cm a 60cm de comprimento com 3 a 9 folíolos nas pontas terminais; • FLORES: perfumadas, de cor branco ou creme, medindo 2,5cm de diâmetro apresentando estames amarelos; • FRUTO: pendulares, de cor marrom de formato triangular e achatado nas extremidades, medindo de 30cm a 120cm de comprimento contendo cerca de 20 sementes envoltas com polpa. • SEMENTES: de formato globóide, de tonalidade escura medindo 1cm de diâmetro. (TEIXEIRA, 2012). -CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA • REINO: Plantae • CLASSE: Magnoliopsida • SUBCLASSE:Dilleniidae • ORDEM: Brassicales • FAMILIA: Moringaceae • GÊNERO: Moringa • ESPÉCIE: Moringa oleífera L. (PEREIRA, 2014) 4- IMAGEM Figura 1. Folhas Figura 2. Vagem fechada. Foto:David Pessanha Siqueira Foto:David Pessanha Siqueira Figura 3. Vagem aberta Figura 4. Árvore Figura 6. Flores. Foto: Yara Pereira Foto:David Pessanha Siqueira Foto:David Pessanha Siqueira Figura 6. Semente. Foto: Yara Pereira 5- DADOS QUÍMICOS Os metabolitos secundários são compostos orgânicos que exercem funções ecológicas essenciais para a manutenção da aptidão das plantas atuando como protetores em resposta a fatores abióticos como estresse hídrico e/ou exposição à luz UV e bióticos como a herbivoria, que é um tipo de interação onde um animal se alimenta de partes vivas da planta. Além de contribuir para o provimento de compostos bioativos usados para fins medicinais.(SILVA, 2018). Nesse viés, foi identificado quais metabolitos secundários estão presentes no extrato etanólico das folhas da M. oleífera como mostra tabela 1. Fonte: Saraiva (2018). Gopalakrishnan et al. (1980) detectaram um teor de carotenoides de 33,9 µg.g - 1 nas folhas da Moringa oleífera, que são pigmentos naturais responsáveis pela cor dos vegetais. São formados por oito unidades de isopreno (C5H8) sendo relevantes para saúde devido suas funções biológicas, alguns tem a capacidade de se converterem em vitamina A, desempenhando assim, um importante papel nutricional. O β-caroteno é o carotenóide pro vitamina A mais relevante presente nas folhas da Moringa oleífera . Os carotenóides encontrados, neoxantina, violaxantina, β-caroteno e luteína têm o potencial de contribuir para a conservação natural dos alimentos, onde as folhas frescas são usadas para preservar alimentos contra a oxidação. Tabela 2- Principais características dos carotenóides isolados de folhas de Moringa oleífera. (Fonte: Teixeira, 2014) 6- DADOS BIOLÓGICOS E FARMACOLÓGICOS A Moringa oleífera apresentou inúmeros efeitos farmacológicos entre eles há o efeito hipoglicemiante onde Jaiswal et al. (2009) demonstrou que o extrato aquoso das folhas foi eficaz na redução da glicose no sangue de ratos diabéticos, este efeito esta relacionado com a propriedade antioxidante do extrato, uma vez que o estresse oxidativo é um fator determinante para doenças crônicas como a diabete, o extrato aquoso das folhas apresentou enzimas responsáveis pela supressão de radicais livres, como a catalase. Essa atividade hipoglicemiante também foi notificada por Francis et al. (2004), onde o extrato metanólico dos frutos da M. oleífera responsável por estimular a liberação de insulina em células β do pâncreas de roedores. Panda et al. (2013) isolou um alcaloide das folhas de moringa que demonstrou um efeito cardioprotetor em estudos in vivo e in vitro, usando isoproterenol como agente cardiotóxico . O extrato etanólico das folhas se mostrou eficiente na diminuição da pressão sanguínea em ratos, devido aos compostos ativos encontrados nesse extrato, esse mecanismo se dá por intermédio de antagonismo aos canais de cálcio, responsáveis por diminuir a concentração de cálcio livre intracelular nas células musculares lisas, levando a vasodilatação. (GILANI et al., 1994). Extratos aquosos e alcoólicos das flores da M. oleífera foi identificado quercetina um flavonoide encarregado pelo efeito hepatoprotetor (GILANI et al., 1994). Hamza (2010) reportou que o extrato alcoólico das sementes da acácia-branca foi eficiente na inibição de fibrose em fígados de ratos devido sua atividade antioxidade e anti-inflamatória, além de diminuir a ativação das células armazenadoras de gordura no fígado. As folhas da M. oleífera mostraram atividade antitumoral, onde se identificou fitoquimicos propícios para tal atividade, como o isotiocianato , que inibiu a ativação do vírus Epstein-Barr, promotor de tumor.( MURAKAMI et al., 1998). Houve relatos da utilização das sementes para tratar infecções fúngicas como ‘’pé-de-atleta’’, os estudos demonstraram que as células do fungo (Trichophyton rubrum) quando tratadas com extrato etanólico de sementes da M. oleífera, após um período de 24horas, apresentaram um rompimento na sua estrutura levando à morte celular ( CHUANG et al.,2007). KHASAR et al., (1999 )demonstrou que o extrato metanólico das raízes foi responsável por deprimir o sistema nervoso central causando um efeito analgésico potencializando o efeito da morfina. MANAHEJI et al., (2011) identificou que o extrato metanólico das folhas e raízes da acácia-branca se mostrou eficaz na redução de hiperalgesia térmica e mecânica em artrite induzida em ratos, mostrando se potencial antiartrítico. 7- DADOS NUTRICIONAIS A M. oleífera detêm propriedades nutricionais relevantes e quase todos os seus constituintes são utilizados como alimento se tornando uma forte aliada para combater a desnutrição, especialmente onde a planta é encontrada: países subdensenvolvidos. Não raro é usado termos como ‘’ Árvore do milagre” , ‘’Salvadora dos pobres” e ‘’Árvore da vida” para se referir a M. oleífera . O seu conteúdo em proteínas, vitaminas e minerais são expressivos, sendo consideradaum dos melhores vegetais perenes. Notou-se que cem gramas de folhas frescas é suficiente para suprir as necessidades diárias de cálcio, 80% da necessidade de ferro e metade das proteínas , além de possuírem aminoácidos essenciais é também considerada como suplemento de potássio e vitamina do complexo B. Em crianças, 20 g de folhas frescas supre a necessidade em vitaminas A e C. Uma colher (sopa) corresponde em média 40% de cálcio, 23% de ferro, 14% de proteínas e algumas vitaminas necessárias para crianças de 1-4 anos de idade. Já em gestantes e lactantes, 6 colheres de sopa de pó das folhas da acácia- branca satisfazem suas necessidades de ferro e cálcio. (TEIXEIRA, 2012). Tabela 3 – Composição nutricional de folhas frescas e secas de Moringa oleífera , valores expressos em 100 gramas de porção comestível. 8- ASPECTOS TOXICOLÓGICOS De acordo com a Organização Mundial da Saúde, uma determinada substância é considerada tóxica quando a Dose Letal Mediana (DL50) é menor que 1000 ppm em A. salina , dose que é medida em miligramas da substância por quilograma de massa corporal dos indivíduos (mg/kg= ppm).Foi observado que a DL50 das folhas in natura é de 12,734mg/kg e 5,925mg/kg em folhas secas da M. oleífera, sendo considerada atóxicas pela OMS.( CÂMARA, 2019). Estudos toxicológicos demonstram que as folhas da acácia-branca são seguras quando ingeridas oralmente em concentrações menores que 1600mg/kg, sendo recomendado que não ultrapasse a dose diária de 70 mg ( ALMEIDA, 2018). 9- USO POPULAR E CULINÁRIO O uso da M. oleífera se dá tanto na culinária quanto fins medicinais e industriais, sendo propicio o seu cultivo em quintais e áreas próximas a cozinha a fim de facilitar o seu uso em sopas, molhos e saladas na índia e África . Suas folhas detêm um sabor agradável o que leva a ser amplamente consumida em sopas, guisados e pratos variados, agregando um leve sabor picante. A vagem que a PANC apresenta pode ser consumida fresca e quando cozida têm um sabor semelhante a ervilha, as sementes por sua vez são cozidas com sal tendo um sabor aproximado ao grão de bico, podendo também ser ingeridas torradas e suas flores são comumente usadas em saladas. ( HELBIOV, 2007). No Brasil ela é comumente usada para fins ornamentais . 10- RECEITA ILUSTRADA 11- CURIOSIDADES As sementes da Moringa oleífera vem sendo empregada para tratamento de água em regiões onde agua potável é escassa e acarreta várias doenças para a população local. Um estudo realizado por Borgo et al., (2017) demosntrou que o uso das sementes foram eficaz na diminuição da Unidade Nefelómetrica de Turbidez (UNT), um parâmetro no controle de qualidade da água, no qual se utilizou 1 semente para 500ml de água. Tabela 4- Valores de turbidez para as amostras de água Fonte: Borgo (2017) Apesar do uso da semente da M. oleífera ser considerado promissor devido a diminuição da turbidez da água, o menor valor que se obteve foi de 44 UNT, o valor permitido para ser considerada potável é de 5UNT. Fig n. Amostras de água. Da esquerda para direita: Amostra do Rio Doce, amostras de 8, 12, 24 horas após o tratamento. Fonte: Borgo (2017). 12- REFERÊNCIAS • ALMEIDA, Marta Sofia Marques de. Moringa oleifera Lam., seus benefícios medicinais, nutricionais e avaliação de toxicidade. 2018. Tese de Doutorado. Universidade de Coimbra. • BORGO, C. et al., Tratamento de água com semente da Moringa oleífera . Blucher Chemical Engineering Proceedings. v. 4, n.1, p. 48-50, 2017. • CÂMARA, Gabriel Barbosa et al. Caracterização físico-química, toxicológica e nutricional das folhas da Moringa oleifera Lam secas e in natura. Research, Society and Development, v. 8, n. 11, p. 17, 2019. • CHUANG, P. H. et al., Antifungal activity of crude extracts and essential oils of Moringa oleífera Lam. Bioresource Technology, v. 98, p. 232-236, 2007. • FRANCIS, J. A. et al., Insulin secretagogues from Moringa oleífera with cyclooxygenase enzyme and lipid peroxidation inhibitory activities. Helvetica Chimica Acta, v. 87, p. 317-326, 2004. • GILANI, A. H. et al., Pharmacological studies on hypotensive and spasmolytic activities of purê compounds from Moringa oleífera. Phytotherapy Research, v. 8, p. 87-91, 1994. • GOPALAKRISHNAN, P. K. et al., Drumstick (Moringa oleífera): a multipurpose Indian vegetable. Journal of Economic Botany. V. 34(3), p.276-283, 1980. • HAMZA, A. A. Ameliorative effects of Moringa oleífera Lam seed extract on liver fibrosis in rats. Food and Chemical Toxicology. v. 48, p. 345-355, 2010. • JAISWAL, D. et al., Effect of Moringa oleífera Lam. leaves aqueous extract theraphy on hyperglycemic rats. Journal of Ethnopharmacology, v. 123, p. 392-396, 2009. • MURAKAMI, A. et al., Niaziminin, a thio carbamate from the leaves of Moringa oleífera, holds a strict structural requirement of inhibition of tumor promotor- induced Epstein-Barr vírus activation. Planta Medica, v. 64, p. 319-323, 1998. • PANDA, S. et al., Cardioprotective potential of N.<alpha>-L-rhamnopyranosyl vincosamide, an índole alkaloid, isolated from the leaves of Moringa oleífera in isoproterenol induced cardiotoxic rats: In vivo and in vitro studies. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters. v. 23, p.959-962, 2013 • PEREIRA, Mirella Leite. Aspectos estruturais, farmacológicos e toxicológicos de Mo-CBP4, uma proteína ligante à quitina de Moringa oleifera com atividade anti-inflamatória e antinociceptiva via oral. 2014. • SARAIVA, L. C. F. et al., Triagem fitoquímica das folhas de Moringa oleífera. Boletim Informativo Geum. V. 9, n. 2, p. 12-19, 2018. • SILVA, R. R. Relações da irradiância com o crescimento e compostos fenólicos em plantas de Moringa oleífera, 2018. • TEIXEIRA, Estelamar Maria Borges. Caracterização química e nutricional da folha de Moringa (Moringa oleifera Lam.). 2012.
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