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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI CHARLES EDUARDO ASSMANN AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DA NR-18 EM CANTEIROS DE OBRAS DE SANTA ROSA Santa Rosa 2015 CHARLES EDUARDO ASSMANN AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DA NR-18 EM CANTEIROS DE OBRAS DE SANTA ROSA Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Fernando Wypyszynski Santa Rosa 2015 CHARLES EDUARDO ASSMANN AVALIAÇÃO DO ATENDIMENTO DOS REQUISITOS DA NR-18 EM CANTEIROS DE OBRAS DE SANTA ROSA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora. Santa Rosa, 09 de novembro de 2015 Prof. Fernando Wypyszynski Especialista pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões - Orientador Prof. Eder Claro Pedrozo Coordenador do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ BANCA EXAMINADORA Prof. Fernando Wypyszynski (UNIJUÍ) Especialista pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Profª. Marcelle Engler Bridi (UNIJUÍ) Mestre pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Aos meus pais, a base de minha existência, e a minha namorada Patrícia, pela paciência e incentivo nos momentos difíceis. AGRADECIMENTOS Aos meus pais José Marcelo e Zenaide, por todo o amor, carinho e dedicação durante a minha vida. Agradeço por todo o esforço realizado podendo me dar conforto e educação para me tornar a pessoa que sou hoje. Sou o que sou por causa de vocês. Ao meu querido avô Isédio (in memoriam), pelos ensinamentos e principalmente por todo o carinho que sempre me ofereceu. A minha namorada Patrícia, pela paciência, compreensão e principalmente pelo apoio e incentivo na hora das dificuldades e nos momentos difíceis, obrigado. Ao Prof. Fernando Wypyszynski, orientador deste trabalho, pelas ideias, pelo apoio, confiança e incentivo na realização desta pesquisa. Agradeço a Profa. Marcelle Engler Bridi, pelas excelentes ideias, e, principalmente pelas críticas construtivas, que me motivaram para a realização deste trabalho. Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin RESUMO ASSMANN, C. E. Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2015. Segurança e Saúde no Trabalho (SST) são ciências multidisciplinares destinadas a estudar alternativas que tornem qualquer atividade livre de oferecer riscos a quem a estiver realizando. Conforme dados estatísticos do setor da construção civil, este, é um dos setores que apresenta elevados índices de acidentes. Isto ocorre devido a não observância e a falta de cumprimento das normas regulamentadoras, em especial a NR 18, norma específica de segurança para a indústria da construção. Este trabalho faz referência a conceitos de gestão de segurança e de acidentes do trabalho segundo normas técnicas, e considerações efetivadas por diversos pesquisadores. Além disso, a pesquisa relaciona dados estatísticos a fim de demonstrar como as normas regulamentadoras desde sua criação auxiliaram na redução dos acidentes de trabalho no Brasil. A NR 18 representa a principal norma regulamentadora com relação as condições de segurança na construção civil. Pesquisas realizadas em várias cidades brasileiras, através da aplicação de uma lista de verificação do atendimento dos requisitos da norma, demonstram uma evolução na observação dos itens da NR. Entretanto, apesar de existir legislação específica, a mesma não é atendida em sua totalidade pelas empresas. Este trabalho traz resultados relevantes, com base em levantamentos realizados no município de Santa Rosa, objetivando trazer uma referência das condições de segurança em obras selecionadas, e uma análise dos resultados trazendo os pontos em que estas obtiveram deficiências em relação a norma. Palavras-chave: Acidentes, NR 18, Segurança, Trabalho. ABSTRACT ASSMANN, C. E. Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Santa Rosa, 2015. Safety and Health (OSH) are multidisciplinary science designed to study alternatives that make any free activity pose risks to those who are performing. According to statistics from the construction industry, this is one of the sectors that has high rates of accidents. This is due to non- compliance and lack of compliance with regulatory standards, especially NR 18, specific safety standard for the construction industry. This work refers to security management concepts and work accidents according to technical standards, considerations and effect by several researchers. In addition, the research related statistical data in order to demonstrate how the appropriate standard since its inception helped in reducing work-related accidents in Brazil. The NR 18 is the main regulatory standard regarding security conditions in construction. Research carried out in several Brazilian cities, by applying a checklist of compliance with the standard requirements, demonstrate an evolution in the observation of items of NR, and however, although there is specific legislation, it is not fulfilled in its entirety by companies. This paper presents relevant results, based on surveys conducted in the municipality of Santa Rosa, aiming to bring a reference of the security situation in selected works, and an analysis of the results by bringing the point where they obtained deficiencies regarding the norm. Keywords: Accidents, NR – 18, Security, Work. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Gráfico comparativo entre as pesquisas...............................................................27 Figura 2: Delineamento de pesquisa....................................................................................29 Figura 3: Anexo I da NR-28................................................................................................31 Figura 4: Notas dos canteiros ............................................................................................ 34 Figura 5: Distribuição das notas ........................................................................................ 35 Figura 6: Distribuição das penalidades .............................................................................. 36 Figura 7: Distribuição das notas por categorias ................................................................ 38 Figura 8: Bebedouro localizado no pavimento .................................................................. 40 Figura 9: Bebedouro localizado na obra ............................................................................ 40 Figura 10: Banheiro sem mictório ..................................................................................... 41 Figura 11: Papel higiênico e lixeira com tampa ................................................................ 41 Figura 12: Refeitório ......................................................................................................... 42 Figura 13: Refeitório ......................................................................................................... 42Figura 14: Vestiário ........................................................................................................... 43 Figura 15: Proteção periférica ........................................................................................... 44 Figura 16: Falta de Proteção periférica.............................................................................. 44 Figura 17: Aberturas no piso com fechamento .................................................................. 46 Figura 18: Escada com corrimão ....................................................................................... 46 Figura 19: Plataformas com tela ........................................................................................ 47 Figura 20: Plataformas ...................................................................................................... 47 Figura 21: Escada de mão sem fixação ............................................................................. 48 Figura 22: Fechamento provisório do poço do elevador ................................................... 48 Figura 23: Andaime sem proteção ..................................................................................... 50 Figura 24: Andaimes suspensos mecânicos....................................................................... 50 Figura 25: Elevador ........................................................................................................... 53 Figura 26: Torre fixada na estrutura .................................................................................. 53 Figura 27: Quadro com identificação ................................................................................ 56 Figura 28: Serra Circular ................................................................................................... 56 Figura 29: Placa sinalizando uso de EPI ........................................................................... 60 Figura 30: Local sem sinalização ...................................................................................... 60 Figura 31: Extintor de incêndio ......................................................................................... 61 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Notas por categorias .......................................................................................... 37 Tabela 2: Notas por itens das áreas de vivência ................................................................ 39 Tabela 3: Notas por itens de proteções contra quedas ....................................................... 43 Tabela 4: Notas por itens dos elevadores .......................................................................... 52 Tabela 5: Notas por itens das instalações elétricas, máquinas e equipamentos ................ 55 Tabela 6: Notas por itens dos procedimentos gerenciais ................................................... 57 Tabela 7: Notas por itens dos elementos gerais ................................................................. 59 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ART Anotação de Responsabilidade Técnica CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas DRT Delegacia Regional do Trabalho EPC Equipamento de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual INSS Instituto Nacional de Seguridade Social MTE Ministério do Trabalho e Emprego NBR Norma Brasileira NR Norma Regulamentadora PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 16 1.1 PROBLEMA ................................................................................................................ 18 1.1.1 Questões de Pesquisa .............................................................................................. 19 1.1.2 Objetivos de Pesquisa ............................................................................................. 19 1.1.2.1 Objetivo geral..........................................................................................................19 1.1.2.2 Objetivos específicos..............................................................................................19 1.2 DELIMITAÇÃO .......................................................................................................... 19 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 20 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 21 2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DE SST ....................................................................... 21 2.1.1 Segurança e Saúde no Trabalho ............................................................................ 21 2.1.2 Acidente do Trabalho ............................................................................................. 22 2.2 NORMATIZAÇÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO ..................... 23 2.2.1 NR - 18 ..................................................................................................................... 24 2.3 RESULTADOS DE PESQUISAS ANTERIORES ..................................................... 26 3 MÉTODO DE PESQUISA .......................................................................................... 28 3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA .................................................................................. 28 3.2 DELINEAMENTO ...................................................................................................... 29 3.2.1 Revisão Bibliográfica .............................................................................................. 30 3.2.2 Revisão da Lista de Verificação da NR -18 .......................................................... 30 3.2.3 Coleta de Dados ....................................................................................................... 31 3.2.4 Análise e Interpretação dos Resultados ................................................................ 32 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 33 4.1 ANÁLISE GERAL ...................................................................................................... 33 4.2 ANÁLISE POR TÓPICOS .......................................................................................... 36 4.2.1 Áreas de vivência .................................................................................................... 39 4.2.1.1 Fornecimento de água potável nos locais de trabalho........................................39 4.2.1.2 Instalações Sanitárias ....................................................................................... 40 4.2.1.3 Local para refeições .......................................................................................... 41 4.2.1.4 Vestiário ............................................................................................................ 42 4.2.2 Proteções contra quedas de altura ........................................................................ 43 4.2.2.1 Proteção Periférica ........................................................................................... 44 4.2.2.2 Serviços em telhados e coberturas .................................................................... 45 4.2.2.3 Aberturas no piso .............................................................................................. 45 4.2.2.4 Corrimão das escadas permanentes .................................................................45 4.2.2.5 Ancoragem ........................................................................................................ 46 4.2.2.6 Plataforma de proteção ..................................................................................... 47 4.2.2.7 Escadas, rampas e passarelas ........................................................................... 48 4.2.2.8 Poço do elevador ............................................................................................... 49 4.2.2.9 Andaimes ........................................................................................................... 49 4.2.2.10 Andaimes fachadeiros ........................................................................................ 50 4.2.2.11 Andaimes simplesmente apoiados ..................................................................... 51 4.2.2.12 Andaimes suspensos mecânicos ........................................................................ 51 4.2.3 Elevadores ............................................................................................................... 51 4.2.3.1 Elevador de passageiros ................................................................................... 52 4.2.3.2 Elevador de carga ............................................................................................. 52 4.2.3.3 Posto do guincheiro .......................................................................................... 53 4.2.3.4 Torre do elevador .............................................................................................. 53 4.2.3.5 Plataforma do elevador ..................................................................................... 54 4.2.3.6 Elevador de cremalheira ................................................................................... 54 4.2.4 Instalações elétricas, máquinas e equipamentos .................................................. 54 4.2.4.1 Armações em aço .............................................................................................. 55 4.2.4.2 Instalações elétricas .......................................................................................... 55 4.2.4.3 Máquinas e equipamentos ................................................................................. 56 4.2.4.4 Central de carpintaria ....................................................................................... 57 4.2.5 Procedimentos gerenciais ....................................................................................... 57 4.2.5.1 PCMAT .............................................................................................................. 58 4.2.5.2 Comunicação prévia ......................................................................................... 58 4.2.6 Elementos gerais ..................................................................................................... 59 4.2.6.1 Escavações ........................................................................................................ 59 4.2.6.2 Sinalização de segurança .................................................................................. 60 4.2.6.3 Tapumes e galerias ........................................................................................... 61 4.2.6.4 Proteção contra incêndio .................................................................................. 61 4.2.6.5 Equipamentos de proteção individual (EPI) ..................................................... 62 4.2.6.6 Armazenamento e estocagem de materiais ....................................................... 62 4.2.6.7 Ordem e limpeza ............................................................................................... 63 5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 64 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 66 ANEXO A – LISTA DE VERIFICAÇÃO DA NR 18 .................................................. 69 16 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 1 INTRODUÇÃO A Segurança e Saúde no Trabalho (SST) encontra-se em irregular evolução (FONSECA, 2007). Esta ciência surgiu devido aos elevados índices de doenças e de acidentes sofridos por trabalhadores ao longo da história, devido as precárias condições em que o trabalho era concretizado (SALIBA, 2004). Segundo Saliba (2004) até iniciar-se a Revolução Industrial havia poucos relatos sobre acidentes e doenças do trabalho. Com o advento das máquinas, a produtividade aumentou, e, consequentemente, junto com ela surgiram os riscos de acidentes e de doenças relacionados ao trabalho (SALIBA, 2004). Naquela época, o trabalho era realizado focado apenas na produção, sendo que houve um notável aumento do número de agravos relacionados ao trabalho, decorrentes do uso crescente de máquinas, do acúmulo de operários em locais confinados, das longas jornadas laborais, da utilização de crianças nas atividades industriais, além das péssimas condições de salubridade nos ambientes fabris (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011). Ao mesmo tempo, os trabalhadores não recebiam qualquer tipo de informação ou treinamento acerca dos riscos ambientais existentes em suas atividades, tampouco recebiam equipamentos de proteção individual (EPI) para proteger sua integridade física (SALIBA, 2004). “A Construção é um dos ramos de atividade mais antigos do mundo” (SAMPAIO, 1998, p. 13). De acordo com Sampaio (1998) desde os tempos das cavernas até hoje, a indústria da construção passou por amplas transformações em praticamente todas as suas áreas, o que trouxe consigo grandes obras por todo o mundo. Para que tudo isso se concretizasse, muitas vidas foram ceifadas, provocadas por acidentes e doenças, causadas principalmente pela falta de controle e ações em SST (SAMPAIO, 1998). “A Construção Civil é uma das atividades econômicas críticas em relação aos riscos de acidentes, apresentando consequentemente uma elevada frequência e gravidade de acidentes” (MALLMANN, 2008, p. 12). As condições de segurança do trabalho na construção civil brasileira sempre foram muito precárias (FILGUEIRAS et al, 2015). Segundo Noronha (2009), no que se refere aos aspectos relacionados à segurança no trabalho, quando comparados às demais indústrias, a indústria da construção civil apresenta-se como um dos setores mais deficitários, levando-se em 17 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa conta os altos índices de acidentes do trabalho, geralmente acompanhados de lesões graves e óbitos. Para Saliba (2004) a indústria da construção apresenta elevados indicadores de acidentes devido as suas características dinâmicas em que os riscos são múltiplos e variáveis em cada fase do processo. Este setor contribui significativamente nos dados e estatísticas referentes a acidentes do trabalho, inclusive muitos com afastamento e também com óbitos. Conforme dados informados pelo Ministério da Previdência Social, a Indústria da Construção contabilizou no ano de 2013 um total de 61.889 acidentes de trabalho, representando 8,62% dos acidentes ocorridos no Brasil (BRASIL, 2013). Mallmann (2008) justifica que esse quadro na construção se deve, em parte, a algumas características próprias do setor, como, por exemplo, mudanças que ocorrem constantemente no ambiente de trabalho e a alta rotatividade da mão-de-obra. Levando em consideração apenas os empregados formalmente vinculados aos CNAES (Classificação Nacional de Atividade Econômica) que integram a Construção e os dadosdos últimos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho do Instituto Nacional de Seguridade Social INSS, morrem mais de 450 trabalhadores no setor, a cada ano, no país (FILGUEIRAS et al, 2015). Com o intuito de mudar este cenário e reduzir os altos índices de acidentes e de óbitos na construção civil, o Ministério do Trabalho criou a NR 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Segundo dados estatísticos disponíveis no Anuário Estatístico da Previdência Social (Brasil, 2013), percebe-se algumas melhorias com o passar dos anos, como redução no número de óbitos e diminuição na incidência de acidentes de trabalho. O interesse no tema surge a partir do interesse profissional na área de engenharia de segurança do trabalho, onde o autor deste atua como técnico de segurança do trabalho, e que pretende especializar-se seguindo carreira no futuro. Considera-se uma excelente oportunidade de agregar conhecimento, explorando a segurança do trabalho, uma área de extrema importância para a construção civil, tendo em vista que atualmente é um dos ramos de atividade econômica com elevados índices de acidentes de trabalho em nosso país, levando a óbito muitos trabalhadores. Além disso, a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tem autoridade plena para aplicar autos de infração e até mesmo embargar obras que ofereçam riscos iminentes 18 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 aos trabalhadores, ou que não atendam aos requisitos da Norma Regulamentadora 18 (Brasil, 2015). Estas medidas podem interferir claramente nos dispêndios da obra, através de custos que não estavam previstos em orçamento, prejudicando o andamento da obra (FILGUEIRAS et al, 2015). 1.1 PROBLEMA Segundo Silva et al. (2014) a construção civil enfrenta problemas com acidentes de trabalho devido às características das atividades que abrangem o setor: como o manuseio de materiais pesados e cortantes, trabalhos em alturas e diversos riscos que acarretam inúmeros acidentes ou lesões ao trabalhador. Neste sentido, surgiu o interesse em criar metodologias que fossem capazes de avaliar a segurança, e apurar quais os pontos críticos existentes nos canteiros de obras possíveis de causar acidentes. Saurim (2000), Mallmann (2008), Alvarenga (2009), Noronha (2009) entre outros realizaram pesquisas para avaliar o grau de atendimento dos requisitos da Norma Regulamentadora nº 18 (NR 18) - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, em obras de diversas cidades brasileiras. O resultado destes estudos resultou em ótimas ferramentas de avaliação, o que evidenciou o baixo nível de atendimento da norma por parte das empresas em geral, além de uma notável evolução, com o passar dos anos. Este trabalho dirige-se a aplicação de uma lista de verificação com o intuito de avaliar o nível de atendimento dos requisitos da NR-18 nos canteiros de obras localizados no município de Santa Rosa. Através desta pesquisa pretende-se obter uma referência para o município de Santa Rosa que permita futuramente através de novas pesquisas constatar a evolução ou o retrocesso com o passar dos anos. Além disso, pretende-se evidenciar quais os requisitos da norma que apresentam os maiores índices de não conformidade com a norma. 19 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa 1.1.1 Questões de Pesquisa Após a identificação do problema, chegou-se a seguinte questão de pesquisa: qual é o grau de atendimento da NR-18 em canteiros de obras de edificações de Santa Rosa? 1.1.2 Objetivos de Pesquisa 1.1.2.1 Objetivo Geral Verificar o nível de atendimento da NR-18 em construções de edificações verticais localizados em Santa Rosa, para demonstrar as condições de segurança do trabalho nos canteiros de obra. 1.1.2.2 Objetivos Específicos: a) Verificar quais são os pontos críticos, ou seja, onde as obras apresentam os maiores índices de não conformidade com a norma NR 18; b) Constatar se as medidas de segurança já existentes nas obras, estão realmente de acordo com a legislação de segurança e saúde no trabalho, e se atendem aos itens da norma; c) Estimar o valor da penalidade que seria aplicado nas obras, referente aos itens da norma que não estão sendo cumpridos; d) Apresentar as empresas avaliadas os resultados da pesquisa, com o intuito de auxiliar na implementação de ações que visem a melhoria das condições de segurança do trabalho e atendam aos requisitos da NR 18. 1.2 DELIMITAÇÃO A pesquisa foi direcionada para obras de edificações multifamiliares localizadas no município de Santa Rosa, sendo que os itens da NR 18 analisados foram somente aqueles que competem de acordo com o tipo dos canteiro de obras, e etapas existentes no dia das visitas. Aqueles itens que não eram aplicáveis, foram desconsiderados. 20 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 As avaliações que originaram os dados desta pesquisa foram realizados em empresas selecionadas, que possuíram interesse em verificar o nível de atendimento e que apresentaram empenho em implantar melhorias nos canteiros de obras. Foi realizada apenas uma visita em cada obra avaliada, assim não coletou-se informações de fases que não estavam sendo executadas naquele período. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho está estruturado em 5 capítulos. Neste primeiro capítulo foram apresentados o contexto, o problema, questões de pesquisa, objetivos e delimitações. No capítulo 2 é realizada a revisão a bibliografia, onde abordou-se alguns aspectos conceituais, normatização em segurança e saúde no trabalho, normas regulamentadoras, com ênfase na NR – 18, tema principal deste trabalho. Além disso, traz trabalhos anteriores realizados, apresentando metodologias e resultados que foram utilizados como referência para esta pesquisa. No terceiro capítulo é apresentado a metodologia de pesquisa utilizada, apresentando as atividades, e a maneira como a mesma foi desenvolvida. No capítulo 4, há a apresentação e discussão dos resultados obtidos. No capítulo 5, são apresentadas as conclusões do trabalho. 21 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A revisão a bibliografia oportunizou ao autor do trabalho uma melhor lucidez e compreensão da importância e da relevância do tema abordado no mesmo. Por outro lado oportunizou a possibilidade de descobrir e entender as dificuldades encontradas por aqueles que dedicam sua vida profissional a área de Segurança e Saúde no Trabalho. Além disso, esta busca por conhecimento oferece elementos imprescindíveis para a interpretação de itens da norma e a sua aplicação. 2.1 ASPECTOS CONCEITUAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO (SST) Neste item são abordados conceitos básicos de segurança e saúde no trabalho, de forma a tornar compatível a compreensão das dificuldades e dos objetivos da gestão da segurança. 2.1.1 Segurança e Saúde no Trabalho “A gestão da segurança e saúde no trabalho consiste em um conjunto de medidas e ações aplicadas para prevenir acidentes e doenças ocupacionais nas atividades das empresas ou estabelecimentos” (ZOCCHIO, 2002 apud BRIDI, 2012). Segundo Rocha (1999, p. 31): [...] O objetivo geral da segurança do trabalho é garantir que as atividades se desenvolvam conforme planejado sem perigo paraos trabalhadores, eliminando também os riscos e qualquer outro fator que possa levar o trabalhador a sofrer qualquer tipo de acidente ou incidente. De acordo com Saliba (2004, p. 19) “a segurança do trabalho é a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de risco operacionais”. Desta forma, ao analisar antecipadamente os potencias riscos existentes em determinada atividades, pode-se prevenir contra acidentes já conhecidos (RIGOLON, 2013). Do ponto de vista da prevenção, o acidente do trabalho é o mais abrangente, incluindo também os quase acidentes e os acidentes que não provocam lesões, mas que geram outros danos como perda de tempo ou danos materiais (SALIBA, 2004). 22 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 2.1.2 Acidente do Trabalho A NBR 14280 - Cadastro de Acidente do Trabalho (ABNT, 2001, p. 2) define acidente do trabalho como “ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, de que resulte ou possa resultar lesão pessoal”. Entende-se como acidentes os acontecimentos anormais, imprevistos e involuntários que causam danos físicos ou materiais (CHAGAS; SALIM; SERVO, 2011). Por outro lado, Saurin (2002) discorda deste conceito, afirmando ser inadequado generalizar como um evento imprevisto, tendo em vista que muitos acidentes são previsíveis. Desta forma, Saurin (2002) define acidente como a ocorrência não planejada, imediata ou não, decorrente da influência mútua do ser humano com o seu ambiente físico e social de trabalho e que provoca lesões e/ou danos materiais. Saurim (2002) classifica esta definição em três aspectos: a) Ao citar que os acidentes são eventos não planejados, é reconhecido o papel de acaso na sua ocorrência; b) Os acidentes não tem relação exclusivamente com o meio ambiente físico do trabalho (máquinas, ferramentas e condições de iluminação e ruído, por exemplo), mas envolvem, também, o meio ambiente social (organização do trabalho) dentro do qual o trabalho é realizado; c) Os acidentes apenas com danos materiais também são considerados acidentes de trabalho. Almeida e Binder (2000, apud Rigolon, 2013), reforçam que os acidentes do trabalho são fenômenos previsíveis, portanto podem ser adotadas medidas de prevenção com o intuito de minimizar ou evitar a repetição de episódios semelhantes e a ocorrência de novos incidentes. Acidente também é definido pela NBR 18801 - Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho como um evento ou conjunto de eventos de ocorrências anormais, ou qualquer intervenção no processo normal de trabalho, que resultem em consequências que possam causar lesões ao trabalhador (ABNT, 2010). 23 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Segundo Morais (2011, p. 4): [...] Acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, contando desde a hora em que o trabalhador se desloca de sua casa para o trabalho, até quando o trabalhador torna a se deslocar do trabalho até sua casa, desde que ele não altere seu itinerário, a menos que este itinerário seja alterado por motivo inerente ao próprio trabalho. 2.2 NORMATIZAÇÃO EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO As Normas Regulamentadoras foram aprovadas em 8 de junho de 1978, pelo Ministério do Trabalho, através da Portaria 3.214 (BRASIL, 1978). Atualmente são 36 as NR, relativas à segurança e medicina do trabalho. Estas são de observância obrigatória pelas empresas privadas e públicas e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 2015). Destaca-se neste contexto, a Norma Regulamentadora nº 18 (NR-18) - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. A criação das NR, foi um marco para a segurança do trabalho no Brasil. A partir daí, teve início um maior controle, e uma redução significativa nos índices de acidentes de trabalho em nosso país. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social (Brasil, 2013), na década de 80 houve uma redução média de 29,04% nos acidentes. Já na década seguinte teve uma redução média de 57,94%, ou seja, nos anos 90 os acidentes foram reduzidos pela metade (BRASIL, 2013). Contudo, apesar do surgimento de normas e ferramentas visando melhorar as condições de segurança no trabalho, e o aumento da fiscalização pelos órgãos competentes, a partir dos anos 2000, houve um retrocesso na prevenção de acidentes (BRASIL, 2013). O Anuário Estatístico da Previdência Social (Brasil, 2013) demonstra que o número médio anual de acidentes que na década de 90 que era de 470.210, passou a ser 512.275, tendo um aumento de 8,95%. 24 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 2.2.1 NR - 18 Estabelecendo diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e organização, a NR 18 objetiva a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho construção civil (WELTER, 2014). Esta norma, foi criada junto com as demais 28 NR, através da portaria 3.214, com a nomenclatura de “Obras de construção, demolição e reparos”. Devido a ocorrência de altos índices de acidentes nesse setor, e dando encadeamento a um plano governamental de avaliação periódica das Normas Regulamentadoras, o governo resolveu nomear uma comissão tripartite, com participação de representantes do governo, dos trabalhadores e dos empresários, para reavaliá-la (ARAÚJO, 2002). Em 1995 a norma sofreu uma reformulação, passando a receber o seguinte título: Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Essa alteração da norma trouxe consigo a criação do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho (PCMAT), ferramenta que visa a prevenção de acidentes nos canteiros de obras. Segundo Simon (2012), a NR 18 obriga todas as obras com mais de 20 trabalhadores a implantar o PCMAT. “Embora não estejam obrigadas a elaborar o programa, as obras menores devem seguir as determinações de segurança da NR-18, realizando inclusive o treinamento dos funcionários em função dos riscos envolvidos” (SIMON, 2012, p. 34). Conforme Rocha (1999) o PCMAT é de fundamental importância dentro do contexto da norma, por destacar a visão gerencial da segurança nos canteiros de obra por meio de um plano de segurança. Segundo a NR 18, o PCMAT deve contemplar as exigências contidas na NR 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. O PPRA, de acordo com a NR 9 (Brasil, 2015) é um programa que visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, contendo as etapas de antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. De acordo com a CLT (BRASIL, 1977), em seu artigo 163 prevê a implantação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), devendo estar em conformidade com as exigências do Ministério do Trabalho e Emprego. Conforme a NR 18, empresas que possuem na 25 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa mesma cidade 1 (um) ou mais canteiros de obra ou frentes de trabalho, com menosde 70 (setenta) empregados, deve organizar CIPA centralizada. No entanto, empresas que tiverem 1 (um) ou mais canteiros de obra ou frentes de trabalho com 70 (setenta) ou mais empregados em cada estabelecimento, fica obrigada a organizar CIPA por estabelecimento (BRASIL, 2015). A CIPA tem por objetivo, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 5, a prevenção de acidentes e doenças que possam se originar do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador (BRASIL, 2015). Por outro lado, a NR 18 traz que é obrigação das empresas fornecer aos trabalhadores, gratuitamente, EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, consoante as disposições contidas na NR 6 - Equipamento de Proteção Individual - EPI. Outro requisito de extrema importância é a aplicação dos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), como por exemplo, proteção guarda corpo, extintores de incêndio, linhas de vida, entre outros. Segundo Rocha (1999, p. 111), “a Norma deveria procurar modificar a atual filosofia predominante, que dá mais importância e evidência ao uso de EPI do que a prática do EPC. Além disso, a norma 18 (BRASIL,2015) prevê que todos os empregados devem receber treinamentos admissional e periódico, visando a garantir a execução de suas atividades com segurança. Este Treinamento deve ter carga horária de 6 horas, e deve conter os seguinte itens: a) informações sobre as condições e meio ambiente de trabalho; b) riscos inerentes a sua função; c) uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI; d) informações sobre os Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC, existentes no canteiro de obra. 26 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Quanto ao treinamento e a qualificação dos trabalhadores Rocha (1999, p. 29) afirma que: [...] Em relação à falta de qualificação do trabalhador, a sua relação com os acidentes é clara, visto que o mesmo não está preparado para desenvolver as suas atividades, principalmente quando diversas das que normalmente executa. A solução para esse problema está no trabalho de qualificação e treinamento dos operários de forma que eles possam utilizar procedimentos adequados para a produção e segurança. Welter (2014), refere que estudos realizados recentemente evidenciam que apesar dos esforços realizados pelo governo, sindicatos, classes, especialistas em segurança do trabalho, e instituições de pesquisa, a NR 18 ainda encontra obstáculos para ser praticada nos canteiros de obra brasileiros. Muitas das exigências da NR 18 não são cumpridas, entre outras causas, pela falta de planejamento da atividade e conscientização de sua importância, contando que algumas são de baixo custo, breves e simples de serem executadas nas próprias obras (ROCHA, 1999). 2.3 RESULTADOS DE PESQUISAS ANTERIORES Com o intuito de avaliar o cumprimento por parte das empresas dos itens exigidos pela NR 18, Saurin et al. (2000) realizaram uma pesquisa em Porto Alegre/RS que teve como finalidade colaborar com melhorias que pudessem ser implantadas ou modificadas na norma regulamentadora. Foi elaborada e aplicada uma lista de verificação, constando os requisitos cobrados pela NR 18 em diversos canteiros de obras de empresas de construção. Posteriormente, no ano de 2002, foram avaliadas obras em diversas cidades gaúchas como Porto Alegre, Santa Maria, Passo Fundo, além de municípios de outros estados como Fortaleza/CE, Salvador/BA e Feira de Santana/BA. Outros estudiosos também realizaram pesquisas semelhantes, até mesmo utilizando a mesma metodologia utilizada por Saurin (2000), porém realizadas em períodos posteriores ao trabalho deste, com o intuito de comparar os resultados com o trabalho já apresentado. Mallmann (2008) em Porto Alegre/RS, Alvarenga (2009) e Noronha (2009) em Belém/PA apresentaram trabalhos em que os canteiros de obras avaliados obtiveram resultados médios superiores em comparação com o realizado anteriormente por Saurim. 27 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Segundo Mallmann (2008) nas obras avaliadas, as notas apresentam uma escala que pode variar de 1 a 10, de acordo com seu desempenho, conforme os itens da NR18. No estudo realizado por Saurin (2000), os canteiros de obras apresentaram a nota 5,2, em uma escala de 1 a 10. Mallmann (2008) em sua pesquisa apresentou uma pequena evolução, com nota de 6,5. Por outro lado, as pesquisas efetivadas por Alvarenga e Noronha, ambas em 2009, demonstraram notas ainda melhores, 7,4 e 8,91, respectivamente. Segundo Noronha (2009), comparando-se os resultados expressos na Figura 01, percebe-se que, quando se considera o cumprimento legal da NR-18, sem outros critérios, houve melhora significativa entre 2000 a 2009, passando de (5,2) em 2000, para (6,5) em 2008 e para (7,4) e (8,91) em 2009, para os itens selecionados do escopo deste estudo, o que segundo a autora traduz um avanço da ordem de 71,34%, conforme ilustrado na Figura 1. Figura 1: Gráfico comparativo entre as pesquisas Fonte: NORONHA (2009) 28 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 3 MÉTODO DE PESQUISA Segundo Ludke e André (1986), para a realização de uma pesquisa é preciso promover um confronto entre dados, evidências e informações coletadas sobre determinado assunto e o conhecimento teórico acumulado a respeito dele. Desta forma pode-se definir método como a observação sistemática dos fenômenos da realidade através de uma sucessão de passos, orientados por conhecimentos teóricos, buscando explicar determinadas questões, suas correlações e aspectos não-revelados (GOLDENBERG,1997). Há diversos métodos de pesquisa citados e descritos pela literatura, entretanto há alguns que se fazem mais adequados para determinados temas a serem abordados. Desta forma buscou-se através de técnicas apropriadas e convenientes para o desenvolvimento da pesquisa. 3.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA O método de pesquisa empregado neste trabalho, foi através de levantamento (survey) para gerar dados quantitativos. Segundo Freitas et al. (1998), a pesquisa survey pode ser definida como a obtenção de informações, dados, características, ações, e até mesmo opiniões de determinados grupos de pessoas. Neste contexto, uma das principais características deste método é o interesse em se produzir descrições quantitativas, ou seja, traduzir em números determinadas informações através de um instrumento predefinido (FREITAS et al., 1998). Quanto aos modelos, neste contexto destaca-se o método Survey interseccional. A principal característica deste modelo é que a coleta dos dados ou informações pretendidas é realizada em um único intervalo de tempo, no caso da utilização de questionário, onde a recepção das respostas do questionário ocorre durante um intervalo de dias que é considerado como único (BABBIE, 1999). Segundo Babbie (1999), este é o método usualmente mais utilizado. Assim, existem dois tipos básicos de amostragem, a probabilística e a não probabilística (FERREIRA; MARTINS, 2011). Segundo Babbie (1999), o princípio que motiva a amostragem probabilística é que para uma amostra se tornar representativa da população selecionada, todos os membros dela devem ter igual oportunidade de serem selecionados para a amostra. Por outro lado, o método de amostragem não probabilística é utilizada em situações em que a amostragem 29 ______________________________________________________________________________Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa probabilística seria dispendiosa demais ou quando a representatividade exata não é necessária (BABBIE, 1999). O método de amostragem utilizado nesta pesquisa foi o interseccional não probabilístico e seguiu as seguintes etapas: Escolha de um questionário de verificação, atualização do mesmo, definição das obras em que o mesmo seria aplicado, aplicação do mesmo nestas obras, processar os dados obtidos após a aplicação do Check List, e análise e interpretação dos resultados. 3.2 DELINEAMENTO A pesquisa dividiu-se em várias etapas, que serão desenvolvidas em sequência, sendo ambas paralelas a revisão bibliográfica. Estão dividas nos seguintes itens: a) Revisão Bibliográfica; b) Revisão da lista de verificação da NR - 18; c) Coleta de dados; d) Análise e interpretação dos resultados; e) Divulgação dos resultados as empresas interessadas. Figura 2: Delineamento da pesquisa Fonte: autoria própria 30 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 3.2.1 Revisão Bibliográfica A revisão a bibliografia referente a segurança e saúde no trabalho oportuniza o entendimento e a compreensão de sua aplicação, bem como discernir as dificuldades e problemas enfrentados pela área (MALLMANN, 2008). Além disso, segundo Mallmann (2008) o estudo oferece subsídios para a interpretação de itens da norma e a importância de sua aplicação. 3.2.2 Revisão da Lista de Verificação da NR -18 A lista de verificação utilizada na pesquisa desenvolvida por Saurim et al (2000) e revisada por Mallmann (2008) dispõe de três alternativas a serem preenchidas: “Sim”, “Não” e “Não Aplicável”. As respostas “Sim” indicam que os itens da NR 18 estão sendo cumpridos, enquanto as respostas “Não” representam que estes itens estão em desacordo com a norma. Já as respostas “Não aplicável” representam que determinados itens não são necessários devido ao tipo ou a etapa em que a obra se encontra e/ou demais exceções no momento da coleta dos dados. A lista de verificação foi novamente atualizada, incluindo itens importantes que surgiram através de portarias posteriores a data da última atualização do questionário, sendo que foram incluídos 32 itens, somados aos 201 já existentes, chegou-se a um total de 233 itens. A lista de verificação foi inserida em uma planilha que possibilita calcular a nota de obra na escala de zero a dez, sendo que dez é a nota máxima, indicando total adequação a NR 18. Além disso, para os itens com resposta “Não”, estimou-se o valor da penalidade para cada item não cumprido, por obra avaliada e o valor total das penalidades, incluindo todas as obras analisadas. As infrações são calculadas da seguinte maneira: para cada item não cumprido há um peso que varia de 1 a 4, conforme a sua gravidade, prevista no anexo I da Norma Regulamentadora 28 (figura 3) e o número de empregados do empreendimento. O auto de infração que as obras estão sujeitas a receber é o somatório do valor de todos os itens que não foram atendidos. 31 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Figura 3: Anexo I da NR 28 Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL, 2015) 3.2.3 Coleta de Dados Entrou-se em contato diretamente com as maiores e principais empresas construtoras do município que tivessem obras de edificações verticais para a coleta dos dados. Deste modo, foi aplicada a lista de verificação naquelas que demonstraram interesse em examinar as suas obras. Foram analisadas no máximo duas obras por empresa, de modo que as características de uma não prevalecessem sobre as demais. A lista de verificação foi aplicada em 8 obras das 4 empresas participantes. As obras levantadas encontravam-se nos mais diversos estágios como estrutura, alvenaria, revestimentos externo e interno, somente estrutura, estrutura e alvenaria. Durante as visitas nas obras houve o acompanhamento de mestres de obras, operários e técnicos de segurança do trabalho que auxiliaram na conferência para o correto preenchimento dos itens de verificação. Ao mesmo tempo, foram tiradas fotos dos canteiros de obras, a fim de comprovar determinadas situações ocorridas nos levantamentos. 32 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 3.2.4 Análise e Interpretação dos Resultados Os dados foram transferidos para a planilha eletrônica e foram geradas as notas por obra, e a nota geral de todos os canteiros, obtendo-se o grau de cumprimento da NR 18. Do mesmo modo, foram analisados os itens que obtiveram resultados negativos e procurou-se avaliar as dificuldades que as empresas possuem para o cumprimento de determinados requisitos. Além disso, as notas dos itens foram agrupadas por tópicos, obtendo-se uma nota média para cada um, levando-se em consideração as notas de todas as obras. Para a obtenção das notas para cada um dos itens utilizou-se a metodologia descrita nas instruções da ferramenta utilizada nas avaliações. As notas de cada elementos são o número de itens assinalados “sim” multiplicado por dez, dividido pelo número de itens aplicáveis. Por exemplo, se há disponíveis quatro itens para verificação em determinado elemento, destes dois foram assinalados “sim”, um assinalado “não” e um assinalado “não se aplica”, teremos a seguinte equação para gerar a nota: 2×10÷3= 6,67. Para a obter a nota geral de cada obra, multiplicou-se o número total de itens assinalados “sim”, dividindo-se o valor obtido pelo número total de itens aplicáveis em toda a lista de verificação. Já a nota geral de todas as obras avaliadas é a média da nota de todas aquelas que foram avaliadas. 33 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS A apresentação dos resultados obtidos nos levantamentos realizados divide-se em duas partes: o primeiro expõe um diagnóstico geral das 8 obras, já a segunda parte analisa detalhadamente cada um dos itens avaliados individualmente. 4.1 ANÁLISE GERAL Na avaliação geral dos canteiros de obras levantados, estes obtiveram nota média de 7,2. Isto significa que os mesmos atenderam 72,0% dos itens aplicáveis da lista de verificação da NR 18. Apesar das obras se encontrarem em estágios significativamente avançados, o que possibilitaria a inclusão de grande parte dos itens da lista de verificação, observou-se que 40,8% dos itens listados não foram aplicáveis nas mesmas. Isto se deve principalmente as obras se encontrarem em etapas diferentes, ou o porte das obras, como pode ser citado por exemplo o fato de apenas 3 das obras visitadas possuírem elevador de cargas e/ou pessoas, sendo que os itens referentes a esta exigência tornavam-se sem aplicação nas demais obras. Outros itens que tornaram- se não aplicáveis foram referentes as instalações móveis e as gruas, pois não havia existência destas em nenhuma das obras avaliadas. Além disso, nenhum dos canteiros de obra tinham pelo menos 70 empregados, ficando desobrigados de possuir CIPA estabelecida na obra. Quanto aos principais motivos responsáveis pelo não cumprimento de parte dos itens da NR 18, destacam-se a falta de informação das empresas, de engenheiros, técnicos e demais envolvidos nas atividades. Muitos dos itens da norma, eram desconhecidos ou interpretados de maneira errônea.Além disso há casos de negligência em relação as adaptações nos canteiros de obras, para atender aos dispostos na norma, com alegações que isso tornaria inviável o trabalho, que exige custo financeiro elevado, ou seja, falta de conhecimento da importância da prevenção de acidentes e de doenças decorrentes do trabalho. As notas obtidas pelos canteiros de obras avaliados estão disponíveis na Figura 4. 34 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Figura 4: Notas dos canteiros Fonte: Autoria própria A maior nota obtida nos canteiros avaliados foi 8,9. A mais baixa foi de 5. O coeficiente de variação encontrado nesta amostra foi de 18,19%. A média foi de 7,2. Desta forma, percebe-se que há um equilíbrio entre a distribuição das notas das obras, tendo três obras com notas entre 8 e 9, uma na faixa entre 7 e 8, e as demais em faixas localizadas abaixo da média, como pode ser visto na figura 5, um histograma com a classificação das notas em determinados intervalos. Pode ser observado que as notas ficam distribuídas em apenas cinco faixas de notas, que variam de 4 a 9. 8,9 8,6 8,4 7,6 6,7 6,6 5,8 5 OBRA 1 OBRA 2 OBRA 3 OBRA 4 OBRA 5 OBRA 6 OBRA 7 OBRA 8 Notas 35 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Figura 5: Distribuição das notas Fonte: Autoria própria Com relação a estimativa de penalidade pelo não cumprimento dos itens da norma, chega-se ao um valor médio aproximado de 76.266,75. Já o valor total encontrado é de aproximadamente 610.134,00, ambos calculados de acordo com a NR 28, em UFIR. Este valor é referente aos itens da NR 18 que não estavam sendo cumpridos nos canteiros no momento da visita, levando em consideração todas as obras. Na figura 6 pode-se analisar o valor estimado por obra. Analisando-se o gráfico da figura 6, e realizando uma comparação com o gráfico já visto na figura 4, onde apresenta-se as notas por canteiros, pode-se chegar à conclusão que o valor das penalidades é maior naquelas obras que obtiveram as menores notas. Por outro lado, percebe-se que esta não é uma regra, pois há obras que obtiveram notas inferiores que outras, e penalidades menores que as mesmas, ou notas superiores com penalidades maiores. Este fato pode ser explicado pelo fato da NR 28 classificar com peso as infrações, de acordo com a sua gravidade. As infrações de peso 4, refletem em um valor de penalidade superior as demais. 0 1 2 3 0 a 1 1 a 2 2 a 3 3 a 4 4 a 5 5 a 6 6 a 7 7 a 8 8 a 9 9 a 10 Bloco Histograma Freqüência 36 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Figura 6: Distribuição das penalidades Fonte: Autoria própria Esta ocorrência fica explícita na figura 6. Desta forma destaca-se a obra 3, que mesmo obtendo uma nota inferior as obras 1 e 2, chegou a um valor de penalidade inferior. Além disso, cita-se a obra 4, que apesar de obter uma nota superior as obras 5 e 6, alcançou um valor de penalidade mais alto que as outras duas. 4.2 ANÁLISE POR TÓPICOS Realizou-se um agrupamento dos tópicos em classes, para facilitar a análise dos dados. Dividiu-se nas seguintes categorias: Áreas de Vivência; Proteções contra Quedas de Altura; Elevadores; Instalações Elétricas, Máquinas e Equipamentos, Procedimentos Gerenciais e Elementos Gerais. Na tabela 1, apesenta-se as notas de adequação aos itens da NR 18 destes grupos acima mencionados. 43164 50615 42256,5 88219 77467,5 80576,5 113511 114325 0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 OBRA 1 OBRA 2 OBRA 3 OBRA 4 OBRA 5 OBRA 6 OBRA 7 OBRA 8 Penalidade / UFIR 37 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Tabela 1: Notas por categorias CATEGORIAS NOTAS Elementos gerais 8,30 Elevadores 8,21 Inst. Elétricas, máquinas e equipamentos 7,24 Proteções contra quedas em altura 7,07 Áreas de vivência 6,93 Procedimentos gerenciais 6,45 Fonte: Autoria própria Percebe-se que os agrupamentos que têm notas distantes da média são Elevadores e Elementos Gerais, que se destacam de forma positiva. Com notas mais baixas, destacam-se negativamente Áreas de Vivência e Procedimentos gerenciais. Isto evidencia a falta de interesse das construtoras em relação ao cumprimento de itens que dependem excepcionalmente de sua gerência, além de não oferecer áreas de vivência compatíveis com a exigência da norma. A seguir, a figura 7 apresenta a média das notas dos trinta e sete elementos analisados pela Lista de verificação. Os itens que obtiveram as maiores notas são aqueles referentes aos elevadores, escavações e armazenagem e estocagem de materiais, destacando-se sobre os demais tópicos. Chamou a atenção as baixas notas referentes a itens como ancoragem, PCMAT, serviços em coberturas e telhados, posto do guincheiro e máquinas e equipamentos. 38 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Figura 7: Distribuição das notas por categorias Fonte: Autoria própria 6,2 6,3 8,2 6,5 7,5 2,8 8,7 9,5 3 8,6 8,5 9,4 5,6 6,4 6 8,8 9,7 9,6 0 10 10 10 6,2 8,2 5,3 9,2 5,4 7,5 10 6,1 9,3 5,7 9,4 9,8 7,9 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ÁREAS DE VIVÊNCIA Água potável Instalações sanitárias Local para refeições Vestiário PROTEÇÕES CONTRA QUEDAS EM ALTURA Proteção Periférica Serviços em telhados Aberturas no piso Corrimão das escadas permanentes Ancoragem Plataforma de proteção Escadas, rampas e passarelas Poço do elevador Andaimes Andaimes fachadeiros Andaimes simplesmente apoiados Andaimes suspensos mecânicos ELEVADORES Elevador de passageiros Elevador de carga Posto do guicheiro Torre do elevador Plataforma do elevador Elevador de Cremalheira INST. ELÉTRICAS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Armações em aço Instalações elétricas Máquinas e equipamentos Central de carpintaria PROCEDIMENTOS GERENCIAIS Pcmat Comunicação prévia ELEMENTOS GERAIS Escavações Sinalização de segurança Tapumes e galerias Proteção contra incêndio EPI Armazenamento e estocagem de materiais Ordem e limpeza 39 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa 4.2.1 Áreas de vivência Este tópico obteve uma nota média de 6,93. As maiores notas foram 10 e as menores 3,1 e 5. O item referente a instalações móveis não foi analisado devido ao fato de nenhuma das obras visitadas conter este tipo de instalações. A tabela 2 mostra as notas individuais por item analisado. Tabela 2: Notas por itens das áreas de vivência Elementos Nota média Nota máxima Nota mínima Instalações móveis - - - Água potável 6,2 10 5 Instalações sanitárias 6,3 9,4 3,1 Local para refeições 8,2 9,1 5,5 Vestiário 6,5 10 5,7 Fonte: Autoria própria 4.2.1.1 Fornecimento de água potável nos locais de trabalho Este componente mede a disponibilidade de água potável nos canteiros de obras, de forma a atender todos os trabalhadores. Em geral, todas as obras havia o fornecimento de água potável aos trabalhadores. Este item obteve notas máximas de 10 e mínimas de 5, obtendo uma média de 6,2 pontos. Em 50% dos canteiros,havia disponibilidade de bebedouros. Destas em apenas 12,5% havia bebedouro nos pavimentos de modo que os operários não precisassem percorrer 15 metros no plano vertical ou 100m no plano horizontal. Nos demais a água era fornecida por meio de garrafas armazenadas junto as geladeiras localizadas no refeitório. As figuras 8 e 9 mostram a boa prática referente aos bebedouros, de acordo com a NR 18. 40 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Figura 8: Bebedouro localizado no pavimento Figura 9: Bebedouro localizado na obra Fonte: Autoria Própria Fonte: Autoria Própria 4.2.1.2 Instalações Sanitárias Este elemento tende a verificar as condições em que se encontram as instalações sanitárias nos canteiros, de modo que estejam dimensionadas de acordo com o número de operários da obra, e contemplem todas as diretrizes previstas em norma. As instalações sanitárias geraram notas que variaram de 9,4 até 3,1, com média de 6,3. Neste quesito destaca-se negativamente que 37,5% dos canteiros obtiveram notas muito distantes da média. Este fato comprova a falta do cumprimento por boa parte dos canteiros avaliados, de itens referentes a conservação, higiene e limpeza. De forma geral, em todos os canteiros havia chuveiros, lavatórios e vasos sanitários. Porém em muitos casos estes não estão dispostos em quantidade suficiente a atender a norma. Desta forma, houve 4 canteiros (50%) em que não havia disponibilidade de mictórios, como pode ser visto na figura 10. Quanto a ventilação das instalações sanitárias, constatou-se que em 75% dos canteiros avaliados, a mesma não atendia o previsto na norma, que exige ventilação adequada. Houve casos em que não havia nenhuma janela nas instalações. 41 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Figura 10 – Banheiro sem mictório Figura 11 – Papel higiênico e lixeira com tampa Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Como ponto positivo, pode ser destacado o fato de todos os chuveiros oferecerem água quente, e que em todos os canteiros havia a disponibilidade de papel higiênico e lixeiras com tampas, como pode ser visualizado na figura 11. Por outro lado, em apenas 25% das obras havia suporte para toalha e sabonete nos locais para banho. Outro ponto negativo é em relação a estas instalações é que em 50% dos casos as paredes adjacentes aos chuveiros não são de material que resista a água e possibilite a lavagem e desinfecção. 4.2.1.3 Local para refeições Este tópico avalia os locais destinados a refeições dos operários. Das áreas de vivência este foi o local que obteve as melhores notas, atingindo uma média de 8,2. As notas variaram de 9,1 a 5,5. Destaca-se que 75% dos canteiros obtiveram notas iguais ou acima da média. De modo geral, todos os canteiros dispunham de lixeiras, lavatórios próximos, fogões para aquecimento de alimentos, e geladeiras. Nas figuras 12 e 13 pode-se visualizar imagens de locais destinados as refeições. 42 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 Figura 12 - Refeitório Figura 13 - Refeitório Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Entretanto houve alguns itens que não foram cumpridos, como em alguns casos, de não haver bancos em quantidade suficiente a todos os trabalhadores, falta de fechamento do local para não permitir a entrada de pequenos animais ou isolar das áreas de produção, outros não contendo mesas com material lavável. 4.2.1.4 Vestiário Este elemento avalia o local destinado a troca de roupas dos operários, armazenamento de itens particulares bem como guarda de objetos pessoais. Quanto aos vestiários, os canteiros tiveram notas que variam de 10 a 5,7 pontos, estando dentro da faixa média das áreas de vivência. Todos os canteiros de obras possuíam vestiário, porém havia falhas como a falta de cadeados para o fechamento dos armários, roupas e pertences pessoais jogados em qualquer lugar, ou pendurados nas paredes, como pode ser visto na figura 14. 43 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Figura 14 - Vestiário Fonte – Autoria própria 4.2.2 Proteções contra quedas de altura Este tópico obteve uma nota média de 7,1, estando muito próximo da média geral. As maiores notas foram 10 e as menores 0. A tabela 3 mostra as notas individuais por item analisado. Tabela 3 – Notas por itens de proteções contra quedas Elemento Nota média Nota máxima Nota mínima Proteção Periférica 7,5 10 5 Serviços em telhados e coberturas 2,8 5 0 Aberturas no piso 8,7 10 0 Corrimão das escadas permanentes 9,5 10 8 Ancoragem 3 8 2 Plataforma de proteção 8,6 10 2,5 Escadas, rampas e passarelas 8,5 10 7,1 Poço do elevador 9,4 10 5 Andaimes 5,6 10 5 Andaimes fachadeiros 6,4 7,1 5,7 Andaimes simplesmente apoiados 6 10 5 Andaimes suspensos mecânicos 8,8 9,2 8,3 Fonte: Autoria própria 44 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 4.2.2.1 Proteção Periférica Este tópico trata de proteções constituídas por barreiras físicas que impeçam a queda de pessoas e de materiais nas periferias das obras. Nesta avaliação obteve nota média de 7,5, sendo um dos itens que está levemente acima da média geral. As notas encontradas nas obras, referente a estas proteções, variam de 10 a 5. Estas proteções não são utilizadas durante toda a execução da estrutura. Costumeiramente antes de sua execução, utiliza-se linhas de vida, constituídas por cabos de aço, que atendem toda a periferia da edificação. Estas ficam a uma determinada distância da periferia, onde devem ser fixados os cintos de segurança, limitando o acesso do trabalhador nas extremidades, impossibilitando quedas. A maior dificuldade deste método é que muitas vezes os trabalhadores esquecem de prender o cinto nestes cabos, além destes não protegerem contra quedas de materiais que possam ocorrer nas edificações. Figura 15 – Proteção periférica Figura 16 – Falta de Proteção periférica Fonte: Autoria Própria Fonte: Autoria Própria De modo geral, a maioria dos canteiros apresentou proteções periféricas compostas de madeira, contendo guarda-corpo principal, intermediário e rodapé de acordo com a norma, como visto na figura 15. Em alguns casos não havia partes destas proteções em pontos isolados das obras, como pode-se ver na figura 16. Alegou-se que era pelo motivo de quebra da madeira, ou pelo fato de dificultar as atividades naquele local. 45 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa 4.2.2.2 Serviços em telhados e coberturas Este elemento possibilita avaliar a adoção de medidas de segurança em trabalhos executados em telhados e coberturas. Os itensreferentes a serviços em telhados e coberturas trouxeram resultados insatisfatórios, tendo como nota média apenas 2,8 pontos, tendo como nota máxima 5 e mínima 0, o que significa que em alguns casos nenhum dos itens deste tópico estavam sendo atendidos. Aproximadamente 43% dos canteiros avaliados não atendiam a nenhum dos quesitos avaliados neste item. Os demais obtiveram nota 5, o que significa que apenas a metade dos itens vinham sendo cumpridos. 4.2.2.3 Aberturas no piso Este tópico avalia a existência de fechamento de aberturas existente no piso das edificações, que podem ocasionar quedas de pessoas e materiais. O elemento apresentou resultados positivos, de modo que atingiu a nota média de 8,7, uma das mais altas referentes ao grupo de proteção contra quedas. De modo geral, 7 das obras que representam 87,0%, apresentaram as aberturas no piso devidamente fechadas, algumas adotando malha de aço fixa na estrutura além de fechamento com madeira. A figura 17 evidencia a boa prática adotada pelos canteiros. 4.2.2.4 Corrimão das escadas permanentes Este item avalia a existência de proteção contra quedas em escadas fixas utilizadas para a circulação dos trabalhadores. Estas proteções são compostas de corrimão, sendo o superior a 1,20m do piso, intermediário a 0,70m do piso e o rodapé deve partir do piso e ter 0,20m. O item obteve a nota mais alta dos elementos de proteção contra quedas, o que significa que a maioria dos canteiros esteve atendendo estes requisitos da norma. Neste elemento 75% dos canteiros obteve nota 10, o que caracteriza que as mesmas atendiam todos os itens referentes a 46 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 corrimão das escadas permanentes. A figura 18 mostra um exemplo de boa prática existente em uma das obras avaliadas. Figura 17 – Aberturas no piso com fechamento Figura 18 – Escada com corrimão Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria 4.2.2.5 Ancoragem Este tópico avalia o emprego de dispositivos para a ancoragem de sistemas de segurança para fixação de andaimes e cabos de segurança. As notas referentes a este item, variaram de 8 a 2, com média 3. Obteve-se uma nota média muito baixa, pois a maioria dos canteiros não dispõe deste tipo de procedimento. A baixo nível de atendimento não se refere apenas a existência de dispositivos de ancoragem, pois 62% das obras possuíam tal sistema. Entretanto, itens como existência destes em todo o perímetro da edificação e constar no projeto estrutural, tornaram o nível de atendimento a este tópico muito baixo, pois a maioria das empresas não atendiam a estes itens. Os dispositivos de ancoragem tornam-se uma preocupação apenas quando surgem as etapas da obra em que o seu uso é necessário, sendo que em grande parte dos casos realizou-se perfurações 47 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa na estrutura para a fixação destes dispositivos, principalmente quando utilizados os andaimes suspensos mecânicos. 4.2.2.6 Plataforma de proteção Este elemento verifica a utilização de plataformas de proteção, que ficam distribuídas em torno da edificação, com a finalidade de impedir a queda de materiais e pessoas. Através do resultado da avaliação foi possível perceber a preocupação das empresas quanto ao cumprimento deste item, pois é possível visualizar do lado externo da obra a existência ou não destas plataformas, podendo chamar a atenção da fiscalização e até mesmo deixar uma imagem negativa da construtora. As notas para este tópico foram muito boas, conquistando uma média de 8,6, sendo que 50% dos canteiros obtiveram nota 10 neste quesito. Percebe-se que as plataformas de modo geral atendem aos requisitos da norma, sendo interrompidos apenas em locais onde é instalado o elevador ou guincho. Figura 19 – Plataformas com tela Figura 20 – Plataformas Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria Por outro lado, foi possível observar que em 28% dos canteiros que possuíam plataformas primárias e secundárias, não continham fechamento entre as mesmas com tela, fato que acabou 48 _____________________________________________________________________________________________ Charles Eduardo Assmann (assmann.c@bol.com.br). Trabalho de Conclusão de Curso. Santa Rosa DCEENG/UNIJUÍ, 2015 descontando o bom desempenho deste quesito. Nas figuras 19 e 20 podem ser vistas plataformas existentes nos canteiros, bem como a tela entre duas plataformas. 4.2.2.7 Escadas, rampas e passarelas Este item avalia o emprego de escadas, rampas e passarelas para a movimentação de materiais e pessoas em locais com diferença de nível. Estes elementos obtiveram notas boas, tendo uma média de 8,5, o que significa que 85% dos itens destes elementos estavam sendo cumpridos na data dos levantamentos. Observou-se boas práticas em algumas obras, em que a escada de mão encontrava-se fixada em ambos os pisos, além de dispor de corrimão para auxiliar nas subidas e descidas. Verificou-se que em todas as obras a madeira utilizada para escadas e rampas estava livre de pintura que encobrisse nós ou rachaduras, e que na maioria dos canteiros as escadas estavam adequadas. Figura 21 - Escada de mão sem fixação Figura 22 – Fechamento provisório do poço do elevador Fonte: Autoria própria Fonte: Autoria própria 49 ______________________________________________________________________________ Avaliação do Atendimento dos Requisitos da NR-18 em Canteiros de Obras de Santa Rosa Por outro lado, observou-se que em 37,5% dos canteiros, escadas de mão não ultrapassavam 1 metro do piso superior, o que pode representar risco de queda de trabalhadores. Além disso, em 25% das obras, haviam escadas de mão que não estavam fixadas no piso superior e inferior, afim de evitar escorregamento. Houve um caso especifico, ilustrado na figura 21, em que a escada de mão localizada próxima a periferia encontrava-se sem fixação, tornando-se um risco grave e iminente aos trabalhadores. 4.2.2.8 Poço do elevador Este elemento avalia a adoção de proteções temporárias nos poços dos elevadores, afim de evitar quedas de trabalhadores. Este item obteve uma ótima nota, alcançando 94,0% de atendimento. Cabe salientar que sete obras obtiveram nota 10 neste quesito, comprovando que este é um item que é cumprido à risca pelas construtoras. Foram encontrados diversos tipos diferentes de proteções. Entre elas pode-se citar a proteção mais usual, com guarda-corpo de madeira, outra como demonstra a figura 22, foi com a utilização de guarda corpo com portão metálico. Uma proteção muito bem utilizada, adotou-se guarda-corpo de madeira e além disso, foi concretada junto a laje no poço uma malha de aço para impedir a queda de materiais de um pavimento a outro. 4.2.2.9 Andaimes Este tópico avalia dois itens que se aplicam a todos os tipos de andaimes. O primeiro avalia as condições dos pisos de trabalho dos mesmos, já o segundo verifica existência de sistemas de guarda-corpo e rodapé, bem como tela de arame para dar sustentação a quem estiver na área de trabalho. As notas referentes e estes quesitos ficaram com uma média de 5,6, variando de 10 a 5. De modo geral, em todos os canteiros o piso de trabalho
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