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CCE0159- Teoria Eletromagnética 1 Aula 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Dielétricos Dielétricos são substâncias não condutoras (ausência de elétrons livres) e que possuem poucas cargas disponíveis para condução. AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância P - Qual o comportamento do dielétrico quando colocadas em uma região de campo elétrico? • O campo elétrico externo polariza as moléculas apolares (não se encontram polarizadas) no sentido oposto ao campo e consequentemente tanto as moléculas apolares como polares se orientam, isto é, são polarizadas. R – Há um processo de polarização, com redução do campo elétrico. • A polarização produz então um grande dipolo, que é o somatório de todos os dipolos atômicos ou moleculares, capaz de reduzir o campo elétrico. • Se o dielétrico não puder suportar o campo elétrico externo, os elétrons poderão ser separados, produzindo a ionização das moléculas, fazendo com que o dielétrico se torne um condutor. Esse processo é chamado de ruptura do dielétrico. ✓ O exemplo mais interessante de ruptura dielétrica é a formação de raios das descargas atmosféricas. A tabela ao lista um número de dielétricos com suas permissividades relativas e suas tensões de ruptura . AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância ✓ Cada substância que forma um dielétrico é caracterizada pelo máximo campo elétrico que pode suportar 𝑬𝒎𝒂𝒙, antes da ruptura, ao qual se dá o nome de rigidez dielétrica. EXEMPLO 1 – Suponha que um par de placas de um capacitor, preenchida com mica, deva suportar uma ddp de 6 kV. Queremos trazer as placas tão próximas quanto pudermos sendo uma camada de separação de mica, sem ruptura do dielétrico. Pede-se determinar a distância mínima de espessura do dielétrico, para que não haja seu rompimento. Solução: 𝐸 = 𝑉 𝑑 𝑑 = 30 μm AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância 200MV/m = 6 𝑘𝑉 𝑑 𝑉 = 𝐸 . 𝑑 AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Condições de fronteira (ou contorno) na interface entre dois dielétricos O objetivo é analisar o comportamento dos campos na fronteira entre um par de dielétricos. Para dois dielétricos de características diferentes, são estabelecidas duas condições de fronteira para interfaces dielétrico-dielétrico: (1ª Condição) A componente tangencial E é contínua através da interface entre os dois dielétricos. 𝐸𝑡1 𝐸𝑡2 Fronteira AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância (2ª Condição) A componente normal de D é descontínua através da interface entre os dielétricos, sendo valor de tal descontinuidade dado por |𝝆𝒔|. ➢ Havendo carga livre na fronteira, e escolhendo o versor para o dielétrico 2: 𝐷𝑛1 𝐷𝑛2 Fronteira ➢ Não havendo cargas livre na interface (𝜌𝑠 = 0): 𝜌𝑠 AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância 𝑡𝑔𝜃1 𝑡𝑔𝜃2 = 𝜖𝑟1 𝜖𝑟2 Se há incidência de campo elétrico entre os meios, formando ângulo com o eixo normal à superfície, então é valida a relação: 𝑚𝑒𝑖𝑜 1 𝑚𝑒𝑖𝑜 2 𝜖𝑟2 𝜖𝑟1 𝜃1 𝜃2 𝐸2 𝐸1 𝜖𝑟1 𝑁 𝜃1 𝜖𝑟2 𝜃2 𝑡𝑔𝜃1 = 𝜖𝑟1 𝑁 𝑡𝑔𝜃2 = 𝜖𝑟2 𝑁 AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Exemplo: Um campo elétrico com intensidade de 15,0 kV/m oriundo de um dielétrico com constante dielétrica igual a 12, meio 1, incide na fronteira com um dielétrico cuja constante dielétrica é igual a 1, meio 2, formando um ângulo de 30° com a normal à fronteira entre os dois meios. Determine: (a) o campo elétrico tangencial no meio 2; (b) o ângulo que o campo elétrico resultante no meio 2 faz com a normal. 𝑚𝑒𝑖𝑜 1 𝑚𝑒𝑖𝑜 2 𝜖𝑟2 = 1 𝜖𝑟1 = 12 𝜃1 = 30° 𝐸𝑡1 = 𝐸𝑡2 𝐸𝑡1 = 𝐸𝑡2 = 15 × 𝑠𝑒𝑛30° = 7,5 𝑘𝑉/𝑚 𝐸1 = 15 𝑘𝑉/𝑚 𝜃2 =? 𝐸2 𝑡𝑔𝜃1 𝑡𝑔𝜃2 = 𝜖𝑟1 𝜖𝑟2 𝑡𝑔30 𝑡𝑔𝜃2 = 12 1 𝑡𝑔𝜃2 = 0,048 𝜃2 = 2,7° (𝑎) (𝑏) Solução: AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Condições de fronteira (ou contorno) entre um dielétrico e um bom condutor Usando as condições de fronteira pra um par de dielétricos: Não existe componente tangencial de campo elétrico na fronteira de um bom condutor. Num bom condutor, como 𝐸 = 0 , a primeira condição de contorno se torna: 𝐸𝑡1 = 0 Para a segunda condição de contorno, a densidade de fluxo também é zero dentro do condutor, então: 𝐷𝑛 = 𝜌𝑠 Capacitância (C) Aplicando uma ddp a um par de condutores separados por um dielétrico (capacitor de placas planas). A carga positiva (+Q) se acumulará na superfície da base da placa superior e quantidade igual de carga negativa (-Q) se acumulará na superfície do topo da placa inferior, formando uma distribuição de cargas nas placas. Observação: Sobre as placas, as densidades de carga são uniformes. Sendo A a área entre as placas, então: 𝐷𝑛 = ±𝜌𝑆 = ± 𝑄 𝐴 = ± 𝐶𝑉 𝐴 Os sinais ± dão a direção de 𝐷𝑛. AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância A quantidade de carga que se acumula como função da ddp aplicada é chamada capacitância (C). Onde Q é a carga na placa; V é a ddp entre as placas superior e inferior. A unidade de capacitância é o farad (F), definido como um Coulomb por volt. 1 farad (F) = 1 (C / V) 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) Portanto, capacitância pode ser definido como a capacidade de um capacitor de armazenar energia. AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Um dispositivo usado para armazenar carga e, consequentemente energia elétrica, é conhecido como capacitor. ± 𝑄 𝐴 = ± 𝐶𝑉 𝐴 Capacitância (C) (Cont.) A capacitância depende apenas da geometria do sistema e das propriedades do(s) dielétrico(s) envolvido(s). Isso pode ser verificado pela situação a seguir: Conforme a figura, a carga total +Q no condutor 1 e a carga –Q no condutor 2 criam um fluxo elétrico, estabelecendo os campos D e E. • O que acontece com os campo D e E se dobrarmos as cargas? • O que acontece com a capacitância? Os campo D e E também são dobrados e, consequentemente, também é dobrada DDP entre os condutores. Portanto, a razão Q/V se mantém fixa. Logo, a capacitância é constante para um mesmo material dielétrico. Resposta: AULA 16 : Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância 7.3 – Cálculo da Capacitância • Determinação da capacitância entre duas placa paralelas • Determinação da capacitância em um capacitor esférico • Determinação da capacitância em um capacitor cilíndrico AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Será desprezando os efeitos de dispersão do fluxo nas bordas. Sobre as placas, as densidades de carga são uniformes: 𝐷𝑛 = ±𝜌𝑆 = ± 𝑄 𝐴 = ± 𝐶𝑉 𝐴 Determinação da capacitância entre duas placa paralelas Entre as placas, D é uniforme e aponta de +𝜌𝑠 para −𝜌𝑠, (direção −𝑎𝑧) Então: 𝐷 = 𝑄 𝐴 (−𝑎𝑧) → 𝐸 = 𝑄 𝜖0. 𝜖𝑟 𝐴 (−𝑎𝑧) AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância A é a área de cada placa e d é a distância entre elas. 𝝆𝒔 −𝝆𝒔 O potencial da placa superior em relação à placa inferior é: 𝑉𝑎𝑏 = −න 𝑏 𝑎 𝐸. 𝑑𝑙 Determinação da capacitância entre duas placa paralelas (Cont.) ➢ A capacitância entre duas placas paralelas será: 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) 𝐶 = 𝑄 𝑄𝑑 𝜖0. 𝜖𝑟 𝐴 𝐶 = 𝜖0. 𝜖𝑟 𝐴 𝑑 AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância A é a área de cada placa e d é a distância entre elas. ∴ 𝑟𝑖 = 𝑎 𝑟𝑒 = 𝑏 𝑟𝑖 𝑟𝑒 Determinaçãoda capacitância em um capacitor esférico 𝐸 = 𝑘𝑄 𝑟2 Onde: 𝑘 = 1 4𝜋𝜖0 A ddp entre as placas é dada por: 𝑉𝑎𝑏 = −න 𝑏 𝑎 𝐸. 𝑑𝑟 A capacitância é: 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) 𝐶 = 𝑄 𝑘𝑄 1 𝑎 − 1 𝑏 𝐶 = 𝑎𝑏 𝑘 𝑏 − 𝑎 (𝐹) Lei de Gauss: ර𝐷. 𝑑𝑠 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 𝐸. 𝜖0. 4𝜋𝑟 2 = 𝑄 AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância = −𝑘𝑄න 𝑏 𝑎 𝑑𝑟 𝑟2 = +𝑘𝑄 1 𝑟 𝑎 𝑏 = 𝑘𝑄 1 𝑎 − 1 𝑏 ∴ 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) 𝑉𝑎𝑏 = −න 𝑏 𝑎 𝐸. 𝑑𝑟 𝐶 = 𝑎𝑏 𝑘 𝑏 − 𝑎 Uma extensão deste exemplo é o cálculo da capacitância de uma esfera condutora isolada com raio a. O potencial de uma esfera carregada é A capacitância pode ser calculada obtendo-se o limite da capacitância do condutor esférico quando 𝑏 → ∞ 𝐶 = 𝑄 𝑘𝑄 1 𝑎 − 1 𝑏 = 1 𝑘 1 𝑎 − 1 ∞ 𝐶 = 4𝜋𝜖0𝑅 Determinação da capacitância em um capacitor esférico (Cont.) 𝑉𝑎𝑏 = 𝑘𝑄 1 𝑎 − 1 𝑏 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) 𝑟𝑖 = 𝑎 𝑟𝑒 = 𝑏 𝑟𝑖 𝑟𝑒 AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância ⟹ Curiosidade: com esta expressão é que foi calculada a capacitância média da terra. Raio médio da terra = 6.371 km. Determinação da capacitância em um capacitor cilíndrico O capacitor cilíndrico é formado por duas superfícies cilíndricas coaxiais de raios a e b, de comprimento L contendo cargas +Q e –Q. O fluxo do campo elétrico entre as superfícies cilíndricas, pela lei de Gauss é ර𝐷. 𝑑𝑆 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 ර𝐸. 𝑑𝑆 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 𝜖0 𝐸. 2𝜋𝑟𝐿 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 𝜖0 𝐸 = 2𝑘𝑄 𝐿𝑟 𝑉𝑎𝑏 = −න 𝑏 𝑎 𝐸. 𝑑𝑟 = − 2𝑘𝑄 𝐿 න 𝑏 𝑎 𝑑𝑟 𝑟 = − 2𝑘𝑄 𝐿 𝑙𝑛 𝑟 𝑎 𝑏 = − 2𝑘𝑄 𝐿 ln 𝑎 − ln 𝑏 = 2𝑘𝑄 𝐿 ln 𝑏 − ln 𝑎 = 2𝑘𝑄 𝐿 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 𝐶 = 𝑄 𝑉 (𝐹) 𝐶 = 𝐿 2𝑘𝑙𝑛 𝑏 𝑎 𝐸 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 𝜖02𝜋𝑟𝐿 𝐸 = 𝑄𝑒𝑛𝑣 × 2 𝜖02𝜋𝑟𝐿 × 2 𝐸 = 2𝑄 𝜖04𝜋𝑟𝐿 𝐶 = 𝑄 2𝑘𝑄 𝐿 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Onde: 𝑘 = 1 4𝜋𝜖0 Exercício AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Dois condutores cilíndricos coaxiais, cujo condutor interno possui raio ‘a’ e o condutor externo raio ‘b’, formam um cabo coaxial, dividido em duas seções, como mostrado na figura. A primeira seção é preenchida com um dielétrico de permissividade relativa 𝜖𝑟, enquanto o segundo é preenchido pelo ar (𝜖0 = 8,854 × 10 −12 Τ𝐹 𝑚 ). Calcule a capacitância equivalente do cabo por unidade de comprimento, considerando a os espaçadores indicados na figura. AULA 16: Materiais Dielétricos e Capacitância Eletromagnetismo Materiais Dielétricos e Capacitância Na região do cabo preenchido pelo dielétrico: 𝐶𝑑 = 2𝜋𝜖𝐿 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 = 2𝜋𝜖0𝜖𝑟𝑦 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 Na região do cabo preenchido pelo ar: 𝐶𝑎𝑟 = 2𝜋𝜖0𝐿 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 = 2𝜋𝜖0(𝑙 − 𝑦) 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 Capacitância equivalente: 𝐶𝑒𝑞 = 𝐶𝑑 + 𝐶𝑎𝑟 𝐶𝑒𝑞 = 2𝜋𝜖0 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 𝜖𝑟𝑦 + (𝑙 − 𝑦) Não faz sentido os condutores estarem em série. Os condutores, interno e externo, estão em paralelo pois se aplicarmos uma tensão V0 entre as partes condutoras, essa tensão será a mesma em todo o cabo. Solução: 𝐶 = 𝐿 2𝑘𝑙𝑛 𝑏 𝑎 = 2𝜋𝜖𝐿 𝑙𝑛 𝑏 𝑎 Onde: 𝑘 = 1 4𝜋𝜖0 A capacitância para um cabo coaxial é: 𝜖𝑟 = 𝜖 𝜖0 𝜖 = 𝜖0.. 𝜖𝑟 Assuntos da próxima aula: Continuação de Materiais Elétricos e Capacitância
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