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BIOSSEGURANÇA E QUALIDADE DOS SERVIÇOS DE SAÚDE AULA 2 Profª Nathaly Tiare Jimenez da Silva Dziadek CONVERSA INICIAL Estudamos anteriormente o papel da gestão de biossegurança na garantia de um ambiente de trabalho seguro, mesmo com todos os riscos ainda presentes. Afinal, existem situações, materiais e equipamentos capazes de minimizar a probabilidade de acidentes ou doenças ocupacionais, causados pela exposição do trabalhador a determinado agente, ainda que não seja possível eliminar o risco. Entendemos, assim, que é preciso administrar e gerenciar os riscos da melhor forma. Ao longo do processo de gerenciamento e administração, é preciso trabalhar com prevenção, planejamento e criação de barreiras. Também é essencial contar com a atuação de órgãos ligados à saúde do trabalhador, em especial o SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e o Cipa (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), além de programas e processos relacionados, a exemplo de certas ferramentas em gestão de biossegurança, como PPRA (Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais), PCMSO (Programa de Prevenção dos Riscos Ambientais) e mapas de risco. TEMA 1 – SESMT No Brasil, há diversos órgãos relacionados com a saúde do trabalhador. A NR 4, do Ministério do Trabalho e Emprego (TEM), estabelece critérios para a organização do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). A NR 4 tem a finalidade de reduzir os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, exigindo que os SESMT sejam compostos pelos seguintes profissionais especializados em segurança do trabalho: médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho. Algumas empresas contam também com o profissional fisioterapeuta do trabalho, ainda que não haja obrigatoriedade legal para tanto, conforme a OHSAS/ISO 45001. Profissionais do SESMT podem ser contratados da empresa ou terceirizados, quando a empresa contrata o serviço de uma empresa de medicina ocupacional. A quantidade de profissionais participantes do SESMT, segundo exigência da NR 4, muda de acordo com o número de trabalhadores da empresa e com o risco da atividade (conforme o CNAE – Código Nacional de Atividade Econômica). No caso dos hospitais, o grau de risco é 3, definido pelo Quadro I da NR 4. A quantidade de membros em uma instituição de grau 3 será proporcional ao número de empregados, como podemos ver a seguir. Tabela 1 – Dimensionamento dos SESMT em serviços de saúde Conforme diretrizes da NR 4, as atividades do SESMT devem ter como princípio básico o trabalho com prevenção, antecipando-se às situações de risco. O grupo de profissionais especializados em segurança do trabalho que compõe esse núcleo deve, a fim de reduzir e sempre que possível eliminar os riscos à saúde dos trabalhadores, garantir a aplicação eficaz de conhecimentos técnicos de engenharia de segurança e medicina ocupacional. De certa forma, o ponto de partida para o gerenciamento é a análise de riscos. Outra tarefa básica de extrema importância é orientar os trabalhadores quanto ao uso de EPIs (Equipamento de Proteção Individual) e quanto a registro correto e adequado de acidentes de trabalho. O SESMT tem o objetivo de proteger a integridade física dos trabalhadores, à medida em que previne acidentes ocupacionais. Para isso, é preciso trabalhar com todos os trabalhadores o tema da segurança do trabalho, por meio de alertas, informativos, instruções de trabalho, treinamentos e palestras sobre o surgimento de novas doenças ocupacionais e sobre riscos relacionados à atividade profissional, incluindo formas de evitar um acidente, desde pequenos incidentes a acidentes de grandes proporções. Ainda é preciso instruir os trabalhadores sobre a primeira assistência no caso de um acidente, e também sobre sinais e sintomas comuns de uma doença ocupacional. O SESMT deve ser ativo, comprometido e organizado, e não somente atender à legislação, sem preocupar-se com efeitos práticos – ou seja, promovendo procedimentos que não condizem com a realidade. Para uma maior efetividade das ações de incentivo à prevenção de acidentes do trabalho, é preciso criar, implantar e incentivar uma cultura de segurança, para a qual é imprescindível o envolvimento de todos. O SESMT deverá manter uma relação próxima com a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa). TEMA 2 – CIPA A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar o trabalho compatível, permanentemente, com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador (Prodam, 2021). Devem possuir Cipa as empresas, de direito público ou privado, instituições beneficentes, sociedades de economia mista, enfim, todos os locais que tiverem trabalhadores (Prodam, 2021) A Cipa será composta por representantes do empregador e dos empregados, de acordo com o dimensionamento previsto no Quadro I da NR 5, ressalvadas as alterações disciplinadas em atos normativos para setores econômicos específicos. Os representantes dos empregadores, titulares e suplentes, serão por eles designados. Os representantes dos empregados, titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto, do qual participem, independentemente de filiação sindical, exclusivamente os empregados interessados (Prodam, 2021). Na tabela a seguir, vemos quantos funcionários devem fazer parte da comissão de acordo com a quantidade de colaboradores da empresa. Tabela 2 – Dimensionamento dos SESMT em serviços de saúde Fonte: Elaborado com base em Brasil, 1978. O mandato dos membros eleitos da Cipa é de um ano, podendo haver reeleição. O trabalhador cipeiro ganha estabilidade de um ano, sendo vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa, segundo o disposto no art. 5.8 da NR 5. É também vedada aos membros da Cipa a “descaracterização das atividades normais da empresa”, como transferência para outro estabelecimento sem sua anuência. Segundo a NR 5, as atribuições da Cipa são (Brasil, 1978): a) identificar os riscos do processo de trabalho, e elaborar o mapa de riscos, com a participação do maior número de trabalhadores, com assessoria do SESMT, onde houver; b) elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na solução de problemas de segurança e saúde no trabalho; c) participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das prioridades de ação nos locais de trabalho; d) realizar, periodicamente, verificações nos ambientes e condições de trabalho visando a identificação de situações que venham a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e) realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco que foram identificadas; f) divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança e saúde no trabalho; g) participar, com o SESMT, onde houver, das discussões promovidas pelo empregador, para avaliar os impactos de alterações no ambiente e processo de trabalho relacionados à segurança e saúde dos trabalhadores; h) requerer ao SESMT, quando houver, ou ao empregador, a paralisação de máquina ou setor onde considere haver risco grave e iminente à segurança e saúde dos trabalhadores; i) colaborar no desenvolvimento e implementação do PCMSO e PPRA e de outros programas relacionados à segurança e saúde no trabalho; j) divulgar e promover o cumprimento das Normas Regulamentadoras, bem como cláusulas de acordos e convenções coletivas de trabalho, relativas à segurança e saúde no trabalho; 3 l) participar, em conjunto com o SESMT, onde houver, ou com o empregador, da análise das causas das doenças e acidentes de trabalho e propor medidas de solução dos problemas identificados; m) requisitar ao empregadore analisar as informações sobre questões que tenham interferido na segurança e saúde dos trabalhadores; n) requisitar à empresa as cópias das CAT emitidas; o) promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho – SIPAT; p) participar, anualmente, em conjunto com a empresa, de Campanhas de Prevenção da AIDS. TEMA 3 – MAPA DE RISCO Representado por meio de gráficos de riscos possíveis e existentes no ambiente de trabalho, desenvolvido com base em estudos das condições de trabalho e em ações do trabalhador. O mapa de risco foi regulamentado no Brasil em 17 de agosto de 1992, pela Portaria n. 5 do Ministério do Trabalho e Emprego. Cabe à Cipa, em ação conjunta com o SESMT, a responsabilidade pela elaboração do mapa de risco, que estabelece situações de segurança e saúde no ambiente de trabalho. Elaborado com base na planta baixa do local de trabalho, esse mapa deverá ser colocado em um local de fácil visualização pelos trabalhadores. Também deverá ser atualizado sempre que necessário, sendo adaptado de acordo com mudanças que possam levar a riscos no ambiente de trabalho. O trabalhador deverá ser informado sempre que houver necessidade de uma ação mais cautelosa em relação aos perigos identificados no mapa, com vistas a diminuir ou anular os acidentes de trabalho. Trata-se, assim, de uma ferramenta básica de segurança do trabalho, que beneficia todos os trabalhadores envolvidos, a empresa e o país. Da perspectiva do trabalhador, o mapa fornece dados importantes sobre os riscos aos quais se expõe em sua jornada, o que reforça a importância do uso dos equipamentos de proteção, por exemplo. Os protocolos aumentam a segurança, pois protegem aspectos fundamentais, como vida, saúde e capacidade vida ativa profissional. Da perspectiva do empregador, mais do que cumprir disposições legais, essa ferramenta informa os riscos aos quais seus colaboradores estão expostos, e assim é possível diminuir faltas por adoecimento, reduzir custos e aumentar a qualidade e a produtividade. Da perspectiva do país, o mapa ajuda na redução de gastos previdenciários com afastamentos e aposentadorias por invalidez. 3.1 AGENTES DE RISCO E SUAS CORES Quadro 1 – Grupos de riscos Fonte: https://www.prometalepis.com.br/ 3.2 ELABORAÇÃO DO MAPA DE RISCO Com diferentes cores e tamanhos, os riscos são desenhados no mapa. Cada setor da empresa tem um mapa separado com análise e detalhamento completo do espaço, colocado no local correspondente. Classificados por tamanhos, os círculos determinam o grau de risco, que pode ser pequeno, médio ou grande. Figura 1 – Mapa de risco Fonte: Saúde Ocupacional Brasil, [S.d.]. Quando há mais de um risco possível no mesmo local, basta identificar um na cor adequada e isso será o suficiente. No entanto, também é possível identificar até cinco riscos diferentes em um ponto, representado por um círculo dividido em critério de incidência. Figura 2 – Riscos do ambiente de trabalho Fonte: Prometal, [S.d.]. 3.3 ESTRUTURA DO MAPA A Cipa conta com a participação e orientação da SESMT (Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) para a elaboração do mapa. Ouve os trabalhadores como forma de estimular a participação na prevenção dos acidentes, contribuindo com informações, por exemplo, os riscos a que são expostos os trabalhadores durante a jornada. Vejamos algumas etapas para a elaboração do mapa pertencentes, com destaque para a troca de informações entre os trabalhadores (Brasil, 1978): a) conhecer o processo de trabalho no local analisado: os trabalhadores: número, sexo, idade, treinamentos profissionais e de segurança e saúde, jornada; os instrumentos e materiais de trabalho; as atividades exercidas; o ambiente. b) identificar os riscos existentes no local analisado, conforme a classificação da tabela mostrada anteriormente; c) identificar as medidas preventivas existentes e sua eficácia: medidas de proteção coletiva; medidas de organização do trabalho; medidas de proteção individual; medidas de higiene e conforto: banheiro, lavatórios, vestiários, armários, bebedouro, refeitório, área de lazer. d) identificar os indicadores de saúde: queixas mais frequentes e comuns entre os trabalhadores expostos aos mesmos riscos; acidentes de trabalho ocorridos; doenças profissionais diagnosticadas; causas mais frequentes de ausência ao trabalho. e) conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local; f) elaborar o Mapa de Riscos, sobre o layout da empresa, indicando através de círculo: o grupo a que pertence o risco [...]; o número de trabalhadores expostos ao risco, o qual deve ser anotado dentro do círculo; a especificação do agente (por exemplo: químico – sílica, hexano, ácido clorídrico; ou ergonômico-repetitividade, ritmo excessivo) que deve ser anotada também dentro do círculo; a intensidade do risco, de acordo com a percepção dos trabalhadores, que deve ser representada por tamanhos proporcionalmente diferentes de círculos. TEMA 4 – PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL (PCMSO) O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) estão previstos na legislação do Ministério do Trabalho e Emprego. Todas as regras da implantação e obrigatoriedade do PCMSO estão descritas na Norma Regulamentadora n. 7 da Portaria n. 3.274/1978. A função dessa norma é promover a saúde dos trabalhadores de todas as empresas. Mais do que prevenir e diagnosticar de forma precoce as doenças ocupacionais, o PCMSO deve identificar e acompanhar também as patologias em estágios mais avançados. O PCMSO deverá ser formulado com base nos riscos específicos de cada ambiente de trabalho. Por exemplo, em um serviço de saúde, no qual encontraremos profissionais expostos a riscos biológicos, associados ou não a acidentes com perfurocortantes, é preciso, no momento da realização de exames periódicos (além do exame clínico), realizar exames laboratoriais para detecção de possível contaminação por vírus da hepatite B, C, HIV e sífilis. Outro exemplo: trabalhadores expostos a riscos físicos, como ruídos (que devem ser controlados com a medição de decibéis), deverão fazer como exame complementar uma audiometria, para monitorização de condição auditiva. O responsável pela elaboração do PCMSO e pela emissão do laudo é um médico do trabalho. Cada ambiente de trabalho tem suas características próprias, de modo que devem apresentar seus próprios documentos de segurança do trabalho. Portanto, mesmo que diferentes ambientes da empresa tenham atividades semelhantes, pode haver riscos diferentes, havendo a necessidade de uma mesma empresa apresentar PCMSO específico para cada unidade. 4.1 EXAMES DO PCMSO Para definir quais exames de saúde ocupacional serão necessários, é fundamental conhecer o ambiente, os riscos e as atividades do trabalhador, o que é possível através do PPRA. Independentemente do fato de serem exigidos por lei ou de serem necessários como exames complementares, são ferramentas de extrema importância para proteger a integridade física dos trabalhadores. Vejamos os exames do PCMSO obrigatórios nas empresas (Morsch, 2018): Admissional (ASO): esse exame é realizado antes que o trabalhador inicie as suas atividades na empresa. Tem como objetivo relatar seu estado de saúde e a sua aptidão ao trabalho, sendo também uma ferramenta para diagnóstico de outras patologias. O médico do trabalho poderá incluir ações mais efetivas no programa de controle médico e saúde ocupacional, que preservem o estado geral de saúde ou, pelo menos, não agravem a doença. Ainda, o exame admissional deve ser o marco zero que serve como parâmetro para condutas e controles médicos posteriores, permitindo uma comparação com as condições gerais iniciais de saúde. O ASO deve incluir entrevista com o trabalhador (anamnese ocupacional) e testes físicos e mentais para avaliar as condições geraisde saúde do colaborador. Periódico: os exames periódicos, realizados da mesma forma que nos exames admissionais, servem para rastrear e acompanhar doenças ocupacionais. Acontecem de acordo com as funções específicas do trabalhador e os riscos a que está exposto, em geral a cada 12 meses. Retorno ao trabalho: a NR-07 orienta que funcionários afastados por mais de 30 dias consecutivos sejam examinados antes de retornar às atividades profissionais, não importando a causa do afastamento. Esse exame tem o objetivo de atestar se o funcionário está realmente em condições de reassumir o posto. Também pode constatar agravos à saúde não relacionados ao trabalho. Mudança de função: quando um trabalhador é promovido ou transferido para outro departamento, é provável que se sujeite a novos riscos ocupacionais. Nesses casos, a legislação prevê que seja examinado antes da mudança de função. Demissional: quando há o desligamento do colaborador, independentemente do motivo, ele deve ser avaliado. O exame demissional engloba entrevista, exame físico e mental. Se o exame evidenciar alterações que sugerem agravos à saúde do colaborador, a empresa contratante deverá pagar indenização determinada pela Justiça. O médico do trabalho precisa conhecer bem a atividade profissional do colaborador, para indicar, além dos exames básicos mencionados, quais exames complementares previstos na legislação trabalhista são necessários. Essa situação é necessária em algumas funções, em que o colaborador está exposto a riscos específicos. Vejamos alguns exemplos de exames complementares: Audiometria; Espirometria; Radiografia; Eletrocardiogramas; Eletroencefalogramas; Acuidade visual; Exames laboratoriais. Dados coletados durante a análise de risco do ambiente fornecem as informações necessárias para a elaboração do PCMSO, feita pelo Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA). Os programas de saúde trabalham em sintonia para garantir um ambiente de trabalho seguro. Para isso, o primeiro passo é a elaboração do PPRA. TEMA 5 – PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA) Em qualquer empresa, a elaboração e a implantação do PPRA são processos obrigatórios, independentemente do número de funcionários ou do grau de risco das atividades. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), segundo definição constante na NR n. 9: visa à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. (Brasil, 1978) O PPRA é constituído por diversas etapas. Deve sempre buscar prevenir, reduzir ou eliminar os diferentes tipos de riscos constantes no ambiente de trabalho. A responsabilidade de elaboração, implementação, acompanhamento e avaliação do PPRA é normalmente delegada ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT). No entanto, no item 9.3.1.1 da NR 9, fica claro que qualquer pessoa ou equipe indicada pelo empregador pode fazê- lo. Em seu item 9.2, a NR 9 apresenta determinações para a elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, que deve conter, no mínimo, a seguinte estrutura (Brasil, 1978): a) planejamento anual com estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; b) estratégia e metodologia de ação; c) forma do registro, manutenção e divulgação dos dados; d) periodicidade e forma de avaliação do desenvolvimento do PPRA. [...] Deverá ser efetuada, sempre que necessário e pelo menos uma vez ao ano, uma análise global do PPRA para avaliação do seu desenvolvimento e realização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas e prioridades. [...] deverá estar descrito num documento-base, contendo todos os aspectos estruturais [com suas alterações e ficar disponível para acesso imediato às autoridades competentes se solicitado]. [...] o cronograma [...] deverá indicar claramente os prazos para o desenvolvimento das etapas e cumprimento das metas estabelecidas do PPRA. Quanto a seu desenvolvimento, a NR 9 preconiza que o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais deverá incluir as seguintes etapas: a) antecipação e reconhecimentos dos riscos; b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle; c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores; d) implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia; e) monitoramento da exposição aos riscos; f) registro e divulgação dos dados. [...] O reconhecimento dos riscos ambientais deverá conter os seguintes itens, quando aplicáveis: a) A sua identificação; b) A determinação e localização das possíveis fontes geradoras; c) A identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propagação dos agentes no ambiente de trabalho; d) A identificação das funções e determinação do número de trabalhadores expostos; e) A caracterização das atividades e do tipo da exposição; f) A obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; g) Os possíveis danos à saúde relacionados aos riscos identificados, disponíveis na literatura técnica; h) a descrição das medidas de controle já existentes. A principal diferença entre os dois programas é que o PCMSO busca a proteção da saúde do trabalhador, enquanto o PPRA, além disso, tem como função a manutenção dos recursos ambientais e a proteção do meio ambiente. NA PRÁTICA É possível eliminar todos os riscos? Quais medidas devem ser tomadas para isso? Qual a importância da atuação dos órgãos relacionados à saúde do trabalhador? FINALIZANDO Vimos em nossa aula que, quando tratamos de biossegurança, é preciso sempre trabalhar com antecipação, atuando de forma preventiva. Os acidentes e/ou doenças ocupacionais podem ter sequelas irreversíveis, daí a necessidade de medidas que antecipem os riscos. Assim, os empregadores têm o dever de seguir o que é preconizado pelas NRs e pelos programas de saúde ocupacional, garantindo até mesmo que ambientes insalubres sejam seguros aos trabalhadores. Nesse sentido, é sempre importante garantir a adesão dos empregados às medidas propostas, com conscientização de seus direitos e de seus deveres ligados ao quesito segurança. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Trabalho. Portaria n. 3.214, de 8 de junho de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 6 jul. 1978. PRODAM. A CIPA: comissão interna de prevenção de acidentes. 2021. Disponível em: <http://www.prodam.am.gov.br/institucional/cipa/a-cipa-comissao-interna-de-prevencao-de- acidentes/#:~:text=A%20Comiss%C3%A3o%20Interna%20de%20Preven%C3%A7%C3%A3o,promo%C 3%A7%C3%A3o%20da%20sa%C3%BAde%20do%20trabalhador>. Acesso em: 3 jan. 2021. MORSCH, J. A. Exames PCMSO. Telemedicina Morsch, 26 nov. 2018. Disponível em: <https://telemedicinamorsch.com.br/blog/exames-pcmso>. Acesso em: 3 jan. 2021.