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Educação especial 5 Crianças com necessidades especiais 7 A Educação Especial no Brasil 8 A importância da ludicidade na educação 10 Educação especial inclusiva e ludicidade 12 O JOGO E O BRINCAR NA EDUCAÇÃO 14 O JOGO APLICADO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 18 O DESENVOLVIMENTO DOS JOGOS NO CONTEXTO DAS NECESSIDADES ESPECIAIS 22 O brincar como prática lúdica 25 A contribuição do lúdico do desenvolvimento da criança 26 O brincar no desenvolvimento de crianças com necessidades educacionais especifica do ensino fundamental 27 LEIS E POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL 29 OBSERVAÇÃO NA ESCOLA 34 ESTRATÉGIAS LÚDICAS NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 43 A BRINQUEDOTECA NA ESCOLA ESPECIAL 69 HISTÓRICO DAS BRINQUEDOTECAS 71 OBJETIVOS DA BRINQUEDOTECA 72 TIPOS DE BRINQUEDOTECAS 75 OS DIFERENTES ESPAÇOS DA BRINQUEDOTECA 78 ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS 81 ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS NA SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAL 84 DINÂMICA PARA TRABALHAR PRECONCEITO E EXCLUSÃO 92 CONSIDERAÇÕES FINAIS 95 Referências 99 Educação especial A Educação Especial é o ramo da educação voltado para o atendimento e educação de pessoas com alguma deficiência. Preferencialmente em instituições de ensino regulares ou ambientes especializados (como por exemplo, escolas para surdos, escolas para cegos ou escolas que atendem a pessoas com deficiência intelectual). São também considerados público-alvo dessas escolas crianças com transtornos globais de desenvolvimento ou com altas habilidades/superdotação de acordo com o art. 58 da Lei de diretrizes e bases da educação nacional, nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, que diz: “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.” A educação especial é uma educação organizada para atender especifica e exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O ensino especial tem sido alvo de críticas por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. Assim, os objetivos da educação especial são os mesmos da educação em geral. O que difere, entretanto, é o atendimento, que passa a ser de acordo com as diferenças individuais do aluno. Ela se desenvolve em torno da igualdade de oportunidades, atendendo às diferenças individuais de cada criança através de uma adaptação do sistema educativo. Dessa forma, todos os educandos podem ter acesso a uma educação capaz de responder às suas necessidades. O Ensino Especial tem ganhado visibilidade nas últimas duas décadas devido ao movimento de educação inclusiva, mas tem sido também alvo de críticas por sua exclusividade e por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. O termo "educação especial" denomina tanto uma área de conhecimento quanto um campo de atuação profissional. De um modo geral, a educação especial lida com aqueles fenômenos de ensino e aprendizagem que não têm sido ocupação do sistema de educação regular, porém têm entrado na pauta nas últimas duas décadas, devido ao movimento de educação inclusiva. Historicamente, a educação especial vem lidando com a educação e aperfeiçoamento de indivíduos que não se beneficiaram dos métodos e procedimentos usados pela educação regular. Dentro de tal conceituação, no Brasil, inclui-se em educação especial desde o ensino de pessoas com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, passando pelo ensino de jovens e adultos, alunos do campo, quilombolas e indígenas, até mesmo o ensino de competências profissionais. Assim, os objetivos da educação especial são os mesmos da educação em geral. O que difere, entretanto, é o atendimento, que passa a ser de acordo com as diferenças individuais do aluno. Por outro lado, as escolas com educação especializada contam com materiais, tecnologia, equipamentos e professores especializados. enquanto o sistema regular de ensino ainda precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. Dentre os profissionais que trabalham ou atuam em educação especial, estão: educador especial, educador físico, pedagogo, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, psicopedagogo, neuropsicopedagogo, dentre outros. Crianças com necessidades especiais Crianças com necessidades especiais são aquelas que, por alguma diferença no seu desenvolvimento, requerem certas modificações ou adaptações complementares ou suplementares no programa educacional,visando torná-las autônomas e capazes de serem mais independentes possíveis para que possam atingir todo seu potencial. As diferenças podem advir de condições visuais, auditivas, mentais, intelectuais ou motores singulares, de condições ambientais desfavoráveis, de condições de desenvolvimento neurológico, psicológico ou psiquiátrico específicos. Reuven Feuerstein afirma que a inteligência pode ser "ensinada". A Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural, elaborada por ele, afirma que a inteligência pode ser estimulada em qualquer fase da vida, concedendo ao indivíduo (mesmo considerado inapto) a capacidade de aprender. Seu próprio neto (portador de síndrome de Down) foi auxiliado por seus métodos. No Brasil, muitas são as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais, dificuldades de acessibilidade e falta de tecnologias assistivas, principalmente nas escolas que estão realizando a inclusão de alunos com deficiências no ensino regular. Ser uma criança especial é ser uma criança diferente, e essa diferença está também no professor atuante na área ou seja fazer e ser diferente. A Educação Especial no Brasil É importante contextualizar a Educação Especial desde os seus primórdios até a atualidade, para que se perceba que as escolas especiais são as principais responsáveis pelos avanços da inclusão, longe de serem responsáveis pela negação do direito de as pessoas com necessidades educacionais especiais terem acesso à educação. Januzzi (1992), em seu levantamento sobre a história da Educação Especial no Brasil, concluiu que sua origem se deu basicamente em instituições, com atendimento registrado em São Paulo, desde 1600, ainda no Brasil Colônia, e que foi se expandindo timidamente. Assim, a Educação foi sendo o centro de atenção e preocupação apenas nos momentos e na medida exata em que dela sentiram necessidade os segmentos da sociedade. O início da Educação Especial se deu no Brasil, no momento em que a sociedade vivia sob a influência do liberalismo, que sustentou as tendências republicanas e abolicionistas (MAZZOTTA,1996). De acordo com esse autor, são dois os períodos na evoluçãoda Educação Especial no Brasil. O primeiro, de 1854 a 1956, em que se verificavam iniciativas oficiais e particulares isoladas, tendo este período a fundação do "Imperial Instituto para Meninos Cegos", atual Instituto Benjamin Constant, o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos e o segundo, que abrange de 1957 a 1993, que teve as iniciativas oficiais de âmbito nacional. A partir de 1958, observa-se um investimento técnico-financeiro junto às secretarias de educação e instituições especializadas, por parte do Ministério da Educação, e um estímulo às campanhas nacionais, visando à educação de pessoas com necessidades educacionais especiais (JANUZZI, 1992). Omote (1999) afirma que, paralelamente ao crescimento da rede privada, houve uma expansão de ofertas aos alunos com necessidades educacionais especiais em classes especiais, salas de recursos, unidades de ensino itinerante, na década de 70, com a criação de Serviços de Educação Especial em todas as secretarias Estaduais de Educação. Contudo, tais serviços serviram mais para atender à demanda de alunos vitimados pelo fracasso escolar do ensino comum do que, propriamente, para oportunizar acesso aos alunos com necessidades educacionais que estavam fora da escola. Apesar desse crescimento, Bueno (1993) alega que o número de crianças atendidas pela Educação Especial foi pequeno, tanto em termos de oferta de vagas nas escolas públicas, quanto em relação ao número de atendimentos oferecidos pela rede privada. A Educação Especial passou então a exercer, conforme aponta Bueno (1993), um duplo papel, atendendo, por um lado, à democratização do ensino, à medida que ampliava as oportunidades educacionais para a clientela que não se beneficiava dos processos educacionais regulares. Por outro lado, ela também respondia por um processo de segregação da criança considerada diferente, legitimava a ação seletiva da Educação Regular, funcionando como dois subsistemas paralelos e sem ligação um como outro: o da Educação Comum e o da Educação Especial. A necessidade de uma política de Educação Especial foi se delineando nos anos 70, quando o Ministério da Educação assumia que a clientela da Educação Especial era a que requeria cuidados especiais no lar, na escola e na sociedade. Em 1986, a expressão "alunos excepcionais" foi substituída por "alunos portadores de necessidades especiais" (BUENO, 1993). A Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, organizada pelo Governo da Espanha em cooperação com a UNESCO, resultou na Declaração de Salamanca (1994), que é um dos documentos mais importantes sobre a questão da inclusão escolar. Essa declaração aborda os Princípios, a Política e a Prática em Educação Especial. Foi elaborada a partir da Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e introduziu a questão do atendimento especial nas escolas regulares para as crianças com necessidades educativas especiais, tendo como um de seus pressupostos: O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em que todos os alunos aprendem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. As escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, garantindo um bom nível de educação para todo, através dos currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as várias comunidades (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 11). A Declaração de Salamanca defende que todos os alunos precisam estar na escola e precisam ser respeitados em seus ritmos de aprendizagem, apresentando deficiência ou não. Ela valoriza o trabalho escolar e as relações estabelecidas entre os alunos. Discute sobre a atenção educacional que deve ser prestada aos alunos com necessidades educativas especiais, enfatizando que todas as crianças, independentemente de suas características, têm direito à educação. E devem ser reconhecidas as suas necessidades para a promoção de sua aprendizagem. Sugere que todos os alunos precisam estar na escola, tendo ou não deficiência. A escola precisa tomar atitudes para bem receber esses alunos, sendo uma delas construir adaptações estruturais assim como curriculares. Em 1996, a Lei Federal 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, ajustou-se à legislação federal e apontou que a educação das pessoas com deficiência deve dar-se, preferencialmente, na rede regular de ensino. Em 1998, o Ministério da Educação - MEC lança documento contendo as adaptações que devem ser feitas nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais), a fim de colocar em prática estratégias para a educação de alunos com deficiência. E, em 2001, o Ministério publica as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. A importância da ludicidade na educação A educação dá-se em qualquer lugar, na família, em indústrias, escolas, instituições esportivas, hospitais, em todos os cantos do mundo. Nessa perspectiva, Freire (1999, p. 25) afirma que: “ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou a sua construção”. Nesse sentido, deve-se entender a educação como um progresso dinâmico e flexível, que possibilite ao ser humano interagir diretamente com a sociedade, desenvolver suas potencialidades, decidir sobre seus objetos e ações. Sendo assim, o lúdico pode ser considerado uma ferramenta positiva no desenvolvimento e no estímulo da educação. O lúdico faz parte da nossa base epistemológica desde a pré-história, pois já havia sinais de ludicidade, diretamente ligada à afetividade, a cultura e ao lazer (CABRERA; SALVI, 2005, p. 2). A palavra ‘lúdico’ vem do latim “ludus”, que significa “jogo”. Para Dantas (1998, p. 111),“[...] o termo lúdico refere-se à função de brincar (de uma forma livre e individual) e jogar (no que se refere a uma conduta social que supõe regras)”. Compreende-se que o jogo é parte integrante do cotidiano do indivíduo, podendo ser encontrado em diversas atividades que podem integrar o seu dia a dia ao longo da história da humanidade. Assim, encontra-se o lúdico na filosofia, na arte, na pedagogia, na poesia e em diversas formas que utiliza para se expressar. Depreende-se, então, dessa colocação que, em sua essência, o lúdico, tendo como atividades as brincadeiras e os jogos, não precisa, necessariamente, de um vencedor e um perdedor. Comumente, se pensa que uma atividade lúdica é uma atividade divertida. Poderá sê-lo ou não. O que caracteriza uma atividade lúdica é a “plenitude da experiência” que ela propicia a quem a pratica. É uma atividade em que o sujeito se entrega à experiência sem restrições mentais, de qualquer tipo. Existem atos divertidos que não são lúdicos para todos os participantes de uma experiência. Por exemplo, quando, num grupo de amigos, alguns realizam uma prática de “tirar sarro” dos outros. Isso pode até ser divertido, mas não tem nada de lúdico,pois manifesta o poder de uns sobre os outros e, pior, um poder desqualificador. O que mais caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem a vivencia em seus atos, como, por exemplo, quando nos entregamos totalmente a uma atividade que possibilita a abertura de cada um de nós para a vida (LUCKESI, 2016). Para Freitas e Salvi (2015), o lúdico é uma estratégia insubstituível para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e na progressão das diferentes habilidades operatórias, além disso, é uma importante ferramenta de progresso pessoal e de alcance de objetivos institucionais. Feijó (1992, p. 02) afirma que “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, fazendo parte das atividades essenciais da dinâmica humana caracterizada por ser espontânea, funcional e satisfatória”. Para Santos (1999), o lúdico é uma maneira que o indivíduo tem de expressar-se e integrar-se ao ambiente que o cerca. Por meio das atividades lúdicas, ele assimila valores, adquire conhecimento em diversas áreas do conhecimento, desenvolve o comportamento e aprimora as habilidades motoras. Também aprende a assumir responsabilidades e se torna sociável e mais crítico. Por meio do lúdico, o raciocínio é estimulado de forma prazerosa e a motivação para aprender é resgatada. A palavra ludicidade tem sido empregada em diversas áreas do conhecimento e em diversas situações. Não obstante a diversificação de seu emprego, o uso das atividades lúdicas está fortemente relacionado com habilidades peculiares que permitem ao professor diversificar sua metodologia, oportunizando uma forma prazerosa de ensino, pois o lúdico pode ser um excelente recurso pedagógico. Kishimoto (1999) fala sobre as percepções froebelianas na educação, do homem e da sociedade, pois estão intimamente vinculadas ao brincar [...] a brincadeira é uma atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e, ao mesmo tempo, típico da vida humana enquanto todo – da vida natural/interna do homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade, contentamento, descanso externo e interno, e paz com o mundo [...] a criança que brinca sempre, com determinação autoativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de autossacrifício para de seu bem e dos outros [...] O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação (FROEBEL apud, KISHIMOTO, 1999, p. 23). Brincando, a criança mostra que é dotada de criatividade, habilidade, imaginação e inteligência, compreende o que é ser ela mesma e, ao mesmo tempo, pertencer a um grupo social. Com a brincadeira, a criança descobre e vivencia a realidade de forma prazerosa. Experimenta diferentes maneiras e situações, tenta compreender, fazendo, refazendo, trocando de papéis. Brincando, aprende. No faz-de-conta, vive o mundo concretamente, pois confere aos brinquedos sentimentos reais de amor e agressão. O conhecimento é adquirido pela criação de relações e não por exposição a fatos e conceitos isolados, é através da atividade lúdica que a criança o faz. A participação da criança, a natureza lúdica e prazerosa, fornece dados relevantes no nosso agir, como educadores. O brinquedo encoraja a criança a reconhecer as limitações do elemento competitivo. O ser humano nasce com o espírito para brincar. Jogos ou divertimentos, sem orientação de um animador consciente, ao invés de educar ou proporcionar alegria sadia entre as crianças, podem estimular a delinquência infantil e juvenil. A criança que não consegue bons resultados na sala de aula e já vem de casa com problemas de ajustamento e insegurança é capaz de encontrar nos jogos um bom meio para a satisfação das suas necessidades emocionais, entregando-se ao jogo com naturalidade, expressando as suas alegrias e temores, sem restrições artificiais. Segundo Perrenoud, Quando as crianças de origem popular que frequentam uma sala de aula ativa contam sua jornada na escola, seus pais podem ter a impressão de que os filhos brincam o dia inteiro, que não se exige deles nenhum esforço, que não se impõe a eles nenhum limite e, portanto, que não aprendem nada. A escola em que se aprende brincando, em que a aquisição dos conhecimentos não é sinônimo de sofrimento, de esforço e de competição, é uma escola que, geralmente, a geração dos pais não conheceu. Para aqueles que não estão familiarizados com as psicologias da moda, para aqueles cuja experiência do trabalho escolar e profissional torna pouco crível e mesmo incompreensível à ideia de que é possível aprender brincando, as novas pedagogias parecem pouco sérias. Sabe-se, em todas as classes sociais, que ela sem dúvida pretende tornar as crianças mais felizes, fazer com que elas vão à escola sem angústia, com prazer (PERRENOUD, 2001, p. 129). Educação especial inclusiva e ludicidade A escola é entendida como sendo de todos, independentemente de origem social, de religião ou de etnia. Os alunos com necessidades especiais de aprendizagem recebem atendimento individualizado, de modo que possam superar suas dificuldades. Essas adaptações favoreceram uma ação docente que visa à promoção e ao desenvolvimento de todos os alunos, com necessidades educativas especiais ou não. A escola deve repensar o seu papel, modificar os critérios de avaliação, as atividades, elaborar e atualizar o seu projeto político pedagógico, de maneira que contemple a sua ação enquanto escola inclusiva. A educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. Trata-se de uma reestruturação da cultura, da prática e das políticas vivenciadas nas escolas, de modo que estas respondam à diversidade de alunos. É uma abordagem humanística, democrática, que percebe o sujeito e suas singularidades, tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social de todos. Uma escola é inclusiva quando todos da equipe escolar – diretores, professores,secretaria, serviços gerais – participam ativamente desse projeto . A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida quando observa as seguintes providências: preparação e dedicação dos professores; apoio especializado para os que dele necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes (CARVALHO, 1999, p. 52). O aluno com deficiência, na convivência com seus pares da mesma idade, estimula seu desenvolvimento cognitivo e social, demonstrando maior interesse pelo ambiente que o cerca e apresenta comportamentos próprios para sua idade. O professor deve estar atento à interação estabelecida entre os alunos com e sem deficiências, promovendo não só as aprendizagens acadêmicas, mas também o relacionamento entre eles e o aumento da autoestima da criança com deficiência, auxiliando sua integração na classe. A segregação ou integração dependem do tipo de relação estabelecida entre a pessoa com deficiência e aquela que não a apresenta (RODRIGUES, 2008). Para tanto, as atividades lúdicas podem tornar-se uma ferramenta positiva na facilitação dessa relação. A atividade lúdica é uma importantefonte ao educador, trazendo informações sobre os interesses de seus alunos, suas interações, suas habilidades de adaptação às regras etc. Com base nessas observações, o educador tem a oportunidade de programar atividades pedagógicas direcionadas (LIMA, 1991). Ao programar as atividades, é interessante que o educador associe também alguns questionamentos relativos às limitações, às necessidades especiais, à idade, às preferências, às capacidades e a outras particularidades, visando o prazer e os efeitos positivos que o jogo proporciona na Educação Especial Inclusiva. Outra questão importante, além de tratar-se de um dos pontos de preocupação dos educadores infantis, refere-se à organização de um espaço adequado para a realização da atividade, para que o jogo possa ser explorado em sua totalidade. A inclusão do aluno que apresenta alguma limitação tem que ser realizada de maneira que ele se sinta incluído na escola, participe das atividades que são desenvolvidas na escola, como está nos PCN, “é fundamental que o aluno se sinta valorizado e acolhido em todos os momentos de sua escolaridade e, no ciclo inicial, em que seus vínculos com essa instituição estão se estabelecendo, o fato de poder trazer algo de seu cotidiano, de sua experiência pessoal, favorece sua adaptação à nova situação” (BRASIL, 1997, p. 47). Qualquer tipo de atividade lúdica, brincadeiras, jogos ou brinquedos cantados, favorece o processo de inclusão, pois, durante a brincadeira, há o processo de integração entre as crianças, elas estão aprendendo a compartilhar, a ser cooperativas umas com as outras, a respeitar os limites impostos por elas mesmas que participam da brincadeira ou do jogo, “a ludicidade constitui um traço fundamental das culturas infantis. Brincar não é exclusivo das crianças, é próprio do homem e uma das suas atividades sociais mais significativas” (NHARY, 2006). O JOGO E O BRINCAR NA EDUCAÇÃO O brincar é inerente ao cotidiano da criança. Enquanto o adulto se expressa através de palavras, à criança se expressa através de suas brincadeiras. A esse respeito Makarenko (apud Lima, 2010, p. 3) esclarece que “o jogo é tão importante na vida da criança como é o trabalho para o adulto, daí o fato de a educação do futuro cidadão se desenvolver antes de tudo no jogo”. O fato de ingressar na escola não significa que a criança deve abandonar essa característica, afinal, conforme pondera Friedmann (2006), o brincar é uma atividade que lhe é inerente e necessária a fim de que possa explorar o novo e conquistar conhecimentos e habilidades. De acordo com Almeida (2010, p. 1), “a capacidade de brincar faz parte do desenvolvimento, sendo imprescindível para a sobrevivência psíquica e para o avanço social do homem”. Esse brincar, essa vontade de descobrir o novo, de fantasiar a realidade e de se envolver com os elementos que o cercam, caracterizam o aluno como um ser em potencial, capaz de construir a sua aprendizagem. Nesse contexto o brincar é fundamental para o desenvolvimento, sendo “a principal atividade das crianças quando não estão dedicadas às suas necessidades de sobrevivência (repouso, alimentação, etc).” (MACEDO; PETTY; PASSOS, 2005, p. 13). Considerando a vital importância do brincar, o professor deve explorar as inúmeras possibilidades de atuação nesse campo, trabalhando atividades que sejam de interesse do aluno e que promovam suportes e diretrizes vitais para a efetivação do processo de ensino e aprendizagem. O brincar proporciona uma liberdade de expressão, de discussão de situações, de estabelecimento de regras e experimentação de soluções que são imprescindíveis para o crescimento do sujeito. De acordo com Pedroza (2005), através da brincadeira a criança tem a possibilidade de experimentar novas formas de ação e exercitá-las, sendo criativa ao passo que imagina situações, reproduzindo momentos e interações importantes de sua vida, resignificando-os. Entre as brincadeiras, o jogo se apresenta como recurso eficaz de construção de conceitos e conhecimentos, conforme destacado a seguir: Enquanto fato social, o jogo assume a imagem, o sentido que cada sociedade lhe atribui. É este o aspecto que nos mostra por que o jogo aparece de modos tão diferentes, dependendo do lugar e da época. Outros aspectos relacionados ao trabalho, à inutilidade ou à educação da criança emergem nas várias sociedades em diferentes tempos históricos. Enfim, cada contexto social constrói uma imagem de jogo conforme seus valores e modo de vida, que se expressa por meio da linguagem. (KISHIMOTO, 2010,p. 106). A partir dessa concepção, “os jogos representam uma fonte de conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmo, contribuindo para o desenvolvimento de recursos cognitivos e afetivos que favorecem o raciocínio, a tomada de decisões, a solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo.” (LOPES, 2000, p. 35). A este respeito, Murcia (2005, p. 10) analisa que “o jogo está intimamente ligado à espécie humana. (...) O jogo é um facilitador da comunicação entre os seres humanos”. O comportamento lúdico nasce com a criança e cresce com o seu interesse e curiosidade de explorar o mundo que a cerca. O jogo proporciona ao ser humano um interesse pelo conhecimento, e é justamente essa fonte de trabalho que o professor deve explorar, pautando seu planejamento em atividades onde a criança possa externar suas habilidades e suas dificuldades, para a partir daí traçar uma linha de trabalho onde o sucesso da aprendizagem seja o objetivo maior. Convém ressaltar que o jogo constrói significativamente os saberes, propiciando a formação e o desenvolvimento intelectual. Assim sendo, é importante que o educador; ao se utilizar dos benefícios trazidos pelo jogo; tenha claramente definidos os objetivos a serem alcançados bem como os jogos adequados ao contexto. Sob esse enfoque, os jogos devem ser amplamente utilizados no processo ensino-aprendizagem, a saber: (...) o jogo corresponde a um impulso natural da criança, e neste sentido satisfaz uma necessidade interior, pois o ser humano apresenta uma tendência lúdica. A atitude do jogo apresenta dois elementos que a caracterizam: o prazer e o esforço espontâneo. E é esse aspecto de envolvimento emocional que torna o jogo uma atividade com forte teor motivacional, capaz de gerar um estado de vibração e euforia. A situação do jogo mobiliza os esquemas mentais: sendo uma atividade física e mental, o jogo aciona e ativa as funções psiconeurológicas e as operações mentais, estimulando o pensamento. O jogo integra as várias dimensões da personalidade: afetiva; motora e cognitiva. (RIZZI; HAYDT, 2002, p.11) . Considerando um pouco a respeito das visões psicológicas em relação ao jogo, Vygotsky (apud Moratori, 2003, p. 10), analisa que o lúdico influencia fortemente o desenvolvimento da criança. “É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração.” Sob esse enfoque se institui uma conexão ativa entre o jogo e a aprendizagem, na qual o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com as quais mantêm contatos regulares. No que diz respeito à concepção piagetiana, os jogos se estabelecem como um exercício das ações individuais já aprendidas, gerando um sentimento de prazer pela ação lúdica em si e pelo domínio sobre as ações. “Portanto, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança.” (PIAGET apud MORATORI, 2003, p. 10). Sintetizandoos conceitos psicológicos supracitados, Flemming (2004, p. 5) pondera que “a Teoria de Piaget, pode auxiliar na adequação de jogos e a Teoria de Vygotsky pode auxiliar no dimensionamento das regras do jogo, na adequação dos jogos competitivos e em equipes.” A descontração promovida pelo ato de brincar auxilia a criança a vencer etapas e dificuldades. A esse respeito Cordazzo e Vieira (2007) consideram que: Algumas vezes as crianças não alcançam um determinado rendimento escolar esperado, ou apresentam algumas dificuldades de aprendizagem porque determinados aspectos do seu desenvolvimento estão em déficit quando comparados com sua idade cronológica. Nestes casos, a brincadeira é uma ferramenta que pode ser utilizada como estímulo dos processos de desenvolvimento e de aprendizagem. Alguns exemplos de brincadeiras que estimulam o desenvolvimento físico e motor podem ser: os jogos de perseguir, procurar e pegar. A linguagem pode ser estimulada pelas brincadeiras de roda e de adivinhar. O aspecto social pode ser estimulado pelas brincadeiras de faz-de-conta, jogos em grupos, jogos de mesa e as modalidades esportivas. O desenvolvimento cognitivo pode ser estimulado com a construção de brinquedos, com os jogos de mesa, de raciocínio e de estratégia. (...) A brincadeira é uma ferramenta suporte para estimular o desenvolvimento infantil e a aprendizagem no contexto escolar. (CORDAZZO; VIEIRA, 2007, p. 9). De fato, o jogo possibilita a aproximação do sujeito ao conteúdo científico “através da linguagem, informações, significados culturais, compreensão de regras, imitação, bem como pela ludicidade inerente ao próprio jogo, assegurando assim a construção de conhecimentos mais elaborados.” (MOURA apud ALVES, 2010, p. 1). Apesar da importância dos jogos no contexto educacional, muitos professores ainda resistem em utilizá-lo como estratégia eficaz para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. A esse respeito Fortuna (2010) destaca que: Muitos educadores buscam sua identidade na oposição entre brincar e estudar: os educadores de crianças pequenas, recusando-se a admitir sua responsabilidade pedagógica, promovem o brincar; os educadores dasdemais séries de ensino promovem o estudar. Outros tantos, tentando ultrapassar esta dicotomia, acabam por reforçá-la, pois, com frequência, a relação jogo-aprendizagem invocada privilegia a influência do ensino dirigido sobre o jogo, descaracterizando-o ao sufocá-lo. (FORTUNA, 2010, p. 3). Partindo desse pressuposto, o professor não deve adotar uma postura radical frente à utilização dos jogos, mas antes, compreender a dinâmica e eficácia de sua aplicação, conforme descrito a seguir: Os jogos favorecem o domínio das habilidades de comunicação, nas suas várias formas, facilitando a auto-expressão. Encorajam o desenvolvimento intelectual por meio do exercício da atenção, e também pelo uso progressivo de processos mentais mais complexos, como comparação e discriminação; e pelo estimulo à imaginação. Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados através do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo. (GIOCA, 2001, p. 22). Nesse contexto, o professor deve se preocupar com alguns detalhes como a organização do ambiente e a prévia preparação dos alunos para a aplicação dos jogos, a fim de que não encarem esse momento como um simples passatempo, mas como uma oportunidade de construção do seu conhecimento. De acordo com Brenelli (apud Pavanello e Cawahisa, 2010): Os progressos que as crianças podem apresentar por meio do uso de jogos somente acontecem quando, em sala de aula, se cria um “espaço para pensar”. Ou seja, os desenvolvimentos cognitivo, afetivo e pedagógico só acontecerão se a criança encontrar na escola um lugar para experimentar o prazer da atividade lúdica, o domínio de si, a criatividade, a afirmação da personalidade e a valorização do eu. (BRENELLI apud PAVANELLO; CAWAHISA, 2010, p. 9). É válido ressaltar que não existem receitas que garantam uma aprendizagem significativa. No entanto, cabe ao professor buscar novos métodos, novas atitudes; elaborando aulas diversificadas, onde o lúdico e o concreto estejam presentes como recursos metodológicos. Dessa forma é possível construir um processo ensino -aprendizagem que possibilite ao aluno contextualizar o conteúdo com as atividades desenvolvidas no seu cotidiano, ao passo que assimila a importância dos conteúdos ministrados. “Um dos objetivos da escola é a formação de cidadãos críticos e com capacidade de resolver problemas. Então, a postura do professor e suas intervenções devem ser direcionadas para que isso aconteça”. (GERMANO, 1999, p.222). É primordial que o aluno se apresente como um sujeito ativo na construção de sua aprendizagem e não um simples espectador. Para tanto, faz-se necessário que se disponibilize um espaço onde os conflitos e as diferenças se explicam,promovendo a construção de novas formas de ver, sentir, entender, organizar e representar o mundo, respeitando as diferenças. Na sociedade atual, cresce a reivindicação pela participação e autonomia, mediante o desejo de afirmação da singularidade de cada um. Isso significa encarar os problemas do sistema educacional como um todo, assumindo a escola como instância social de contradições que propiciam o debate construtivo, promovendo efetivas aprendizagens na formação de cidadãos. O JOGO APLICADO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA A educação numa democracia é o principal meio de instrumentalização do indivíduo para o exercício de suas funções na sociedade. Logo, é de vital importância que as diretrizes norteadoras da proposta pedagógica da escola contemplem todos os alunos sem exceção. Dessa forma, a educação inclusiva “produz novos conceitos e técnicas de reeducação e reabilitação, ao mesmo tempo em que constitui outras formas de sujeitos.” (FLEURI, 2003, p. 5). Sob esse prisma, Stainback (1999) ressalta que a Educação Inclusiva se apóia em uma visão ampliada do processo de ensino e de aprendizagem. Parte do princípio de que todos podem aprender e de que suas diferenças devem ser respeitadas e trabalhadas. Por isso é que a escola comum se torna um lugar fecundo “para a construção de novos referenciais para esses sujeitos, pois é na convivência com seus pares, que não apresentam as mesmas particularidades, que eles podem aprender novas noções e habilidades”. (PROJETO INCLUIR, 2006, p.9). Partindo desse pressuposto, as escolas inclusivas devem reconhecer as necessidades de todos os alunos, se adaptando aos diferentes estilos e ritmos de aprendizagem; além de assegurar respostas educacionais adequadas por meio de um currículo flexível, uma boa organização escolar, diversificação de recursos e entrosamento com suas comunidades. Sob o ponto de vista legal, educacional, político e filosófico, o direito à Educação Inclusiva está assegurado, mas se faz necessário buscar a coerência entre o discurso legal e a prática. Nesse contexto, um dos objetivos principais é a busca de soluções “para a convivência e a familiaridade com as pessoas com deficiência, derrubando as barreiras físicas, sociais, psicológicas e instrumentais que as impedem de circular no espaço comum.” (ARANHA, 2000, p. 45). E nesta busca de respostas para atender à diversidade, a proposta pedagógica se apresenta mais rica, visando uma educação de qualidade para todos. A Educação Inclusiva, não se resume na simples observância mecânica da lei. Antes, requer uma mudança de postura, de percepção e de concepção dos sistemas educacionais. As modificações necessárias devem abranger atitudes, perspectivas, organização e ações de operacionalização do trabalho educacional. Os educadores que se comprometem com tais requisitos são capazes de transformar as salas deaula em espaços prazerosos, onde tanto eles como os alunos são cúmplices de uma aventura entre o aprender, o aprender a aprender e o aprender a pensar. O clima das atividades favorece ações comunicativas entre os alunos e entre estes e seus professores. Essas ações são muito bem definidas por Fleuri (2003): Não se trata de reduzir o outro ao que nós pensamos ou queremos dele. Não se trata de assimilá-lo a nós mesmos, excluindo sua diferença. Trata- se de abrir o olhar ao estranhamento, ao deslocamento do conhecido para o desconhecido, que não é só o outro sujeito com quem interagimos socialmente, mas também o outro que habita em nós mesmos. (FLEURI, 2003, p. 9). Face às dificuldades impostas pelo processo, a inclusão escolar se apresenta como um movimento contra políticas já institucionalizadas como corretas e absolutas. Deve promover um repensar, uma ressignificação da consciência, conforme analisa Stainback (1999, p. 48): “a arte de facilitar a adesão à inclusão envolve o trabalho criativo com este estado de elevação da consciência, redirecionando a energia estreitamente relacionada ao medo para a resolução de problemas”, promovendo assim a reconsideração dos limites, dos relacionamentos, das estruturas e dos benefícios. Nesse contexto, a formação do educador deve estar associada a uma prática reflexiva e uma mudança de postura, para que as legislações que regem a inclusão não sejam vistas como uma imposição, mas como garantia ao direito de todos a uma educação de qualidade. Um educador consciente e politizado tem claro e definido em sua prática pedagógica a concepção de sujeito, de sociedade e de aprendizagem condizentes com os ideais de uma educação cidadã. Tal postura se torna possível mediante um projeto político-pedagógico que defina claramente: seu papel de conhecer, reconhecer e programar a sua tarefa de criação positiva de formas de trabalho, que respondam às particularidades de seus educandos; tanto as particularidades pessoais de gênese biológica quanto as que são construídas na vida social, nas relações concretas de vida de cada um. (PADILHA, 2000, p. 4). No que tange a metodologia aplicada, o professor precisa implementar ações que se apresentem eficientes e eficazes. “Considerar a pessoa como anterior e mais significativa do que sua deficiência é considerá-la, em relação às demais pessoas, com igualdade de valor.” (CARVALHO, 1999, p. 57). Nesse contexto, a aplicação do lúdico na educação se apresenta como agradável e adequada. Sob esse enfoque, o aprendizado deve acontecer dentro de um ambiente que seja agradável e atrativo aos aprendizes, além de respeitar os diferentes níveis de raciocínio e as habilidades que são próprias de cada etapa do desenvolvimento humano. Com a utilização dos jogos o professor pode propiciar aos alunos a vivência em equipe, desenvolver a criatividade e a imaginação, além de proporcionar oportunidades de auto-conhecimento, de descobertas de potencialidades, promover a formação da auto-estima e a prática de exercícios de relacionamento social. Mas, para isso ocorrer, deve estar convencido de que o jogo é um instrumento cognitivo e afetivamente significativo e que pode trazer enriquecimento das atividades pedagógicas.” (OLIVEIRA, 2003, p. 123-124). Conforme conclui Mrech (2008, p. 1), o fundamental é perceber o aluno em toda a sua “singularidade, captá-lo em toda a sua especificidade, em um programa direcionado a atender as suas necessidades especiais. É a percepção desta singularidade que vai comandar o processo e não um modelo universal de desenvolvimento.” O DESENVOLVIMENTO DOS JOGOS NO CONTEXTO DAS NECESSIDADES ESPECIAIS As práticas de ensino tradicionais não contribuem para a aprendizagem de todos os alunos, “desta forma ao se pensar em formação continuada de professores, sobretudo de maneira colaborativa, a que se considerar que o lúdico deve permear o processo ensino aprendizagem.” (CAPELLINI; LANGONA; FONSECA, 2010, p. 1). Através do ato de brincar a criança tem a capacidade de criar, imaginar, cooperar, de ter auto estima e com isso confiar em si mesma. A este respeito, Vigotsky apud Mrech (2008, p. 3), pondera que “a arte de brincar pode ajudar a criança portadora de necessidades educativas especiais a desenvolver-se, a comunicar-se com os que a cercam e consigo mesmo.” As atividades lúdicas e exploratórias, os jogos e as brincadeiras, ajudam a reconhecer as potencialidades de cada um, a desenvolver o raciocínio, a usar os gestos para exprimir idéias, pensamentos e emoções e permitem que a criança entre em contato com seu próprio corpo e com suas possibilidades de movimentação, desenvolvendo assim sua consciência corporal e seu autoconhecimento. Os jogos educativos podem despertar na criança “a curiosidade e principalmente, o interesse em aprender, além de melhorar a auto-confiança. Os jogos podem ser empregados em uma variedade de propósitos dentro do contexto de aprendizado.” (MARTUCCI; FRÈRE; OLIVEIRA, 2010, p. 1). De fato, “é possível mediante o brincar, formar indivíduos com autonomia, motivados para muitos interesses e capazes de aprender rapidamente.” (CAPELLINI; LANGONA; FONSECA, 2010, p. 2). Alguns desses recursos são elaborados para atender transtornos específicos. Sob esse prisma, inúmeros jogos têm sido desenvolvidos a fim de proporcionarem ao professor valiosos recursos didáticos capazes de incrementar a sua prática pedagógica no contexto inclusivo. A título de exemplo, destacam-se os softwares dispondo de técnicas eficientes com o objetivo de cativar a atenção e melhorar a concentração de portadores de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), além de aprimorar suas capacidades mentais como a memória, a sua visão espacial, entre outras. Um desses jogos aborda as aventuras de um garoto chamado Ted, cuja dinâmica de funcionamento é basicamente a seguinte: Ele brinca o dia inteiro pela cidade, montado sobre seu cavalinho-de-pau com rodinhas; e, vê nas recompensas, a sua chance de conseguir um dinheiro extra para poder comprar um cavalo de verdade e, tornar-se um cowboy legítimo. Eis que Ted decide encarar a jornada rumo à captura dos bandidos e encontrar, além do ouro, também Mei, a bela filha do prefeito. Ted precisa, a partir de então, interagir com as demais personagens da vila para conseguir coletar informações sobre onde esconderam-se os bandidos e quais seriam os seus pontos fracos. A busca se prolonga até que Ted consiga capturar o líder dos bandidos, recuperar o ouro roubado e resgatar a bela Mei. Para prosseguir no jogo a criança deve compreender o texto que é exibido e, utilizar as informações fornecidas para ter um bom desempenho. Outra capacidade trabalhada consiste em identificar determinadas palavras que estão em destaque no texto e, associá-las à objetos concretos disponíveis no cenário. Durante o jogo, palavras contidas nas frases são destacadas e a história é temporariamente travada, até que as crianças associem à um objeto disponível no cenário. Este tipo de atividade está diretamente relacionada ao desenvolvimento de algumas das capacidades de leitura. (MARTUCCI; FRÈRE; OLIVEIRA, 2010, p. 2). Cabe destacar que o processo de ensino-aprendizagem pautado nessa perspectiva lúdica, tem a criatividade como a mola propulsora, além de ser uma alternativa ao enfrentamento dos desafios apresentados. Com respeito ao aluno surdo, os principais recursos utilizados nesse trabalho, segundo Redondo e Carvalho (2001, p. 28-30), são atividades de imitação, jogos, desenhos, dramatizações, brincadeiras de faz-de-conta e histórias infantis. Tais atividades possibilitam, ao mesmo tempo, a aquisição de linguagem e a aprendizagem de conceitos e regras de um código de comunicação, aspectos importantíssimos para o processode integração escolar. A partir dessas situações espontâneas de relacionamento, o professor e também os pais, podem realizar atividades e brincadeiras que estimulem a interação com a criança, mantendo sua atenção e ajudando-a a se expressar a partir de gestos, sinais, atitudes corporais e linguagem oral. As crianças com perda auditiva necessitam de mais estímulos, de mais repetições e de mais vivências; incluindo material concreto e visual que sirva de apoio para garantir a assimilação de conceitos novos. A partir do momento em que ela percebe que cada coisa ou pessoa tem um nome, seu progresso se torna mais rápido. O jogo, o brincar de faz-de-conta e o relato de histórias infantis são experiências que permitem ampliar seu âmbito de informações, ajudando-a a buscar, a pedir, a fazer perguntas, enriquecendo cada vez mais sua comunicação. Vale ressaltar que “a compreensão e a realização de uma tarefa exigem da criança surda um grande esforço de atenção” (MARQUES, 1999, p. 56). Sendo assim, é compreensível que ela não goste de fazer exercícios de articulação durante muito tempo. O ideal é apresentar esses exercícios disfarçados, na forma de jogos e brincadeiras. Além disso, apesar de ser conveniente aproveitar situações lúdicas para favorecer a aquisição linguística, não se pode esquecer que tal estimulação não tem por objetivo criar um ouvinte falante, suprimindo ou ignorando as características peculiares do aprendiz em foco. É importante destacar que a atividade lúdica infantil inclui também brincadeiras que não têm qualquer técnica em particular, sendo simples exercícios. Quanto aos jogos com características específicas, é importante destacar que: Os jogos como “faz-de-conta” abrem espaço, progressivamente, para os jogos com regras. (...) Através dos jogos de regras, a criança cria condições de superar as próprias limitações, visto que a repetição provoca a segurança de que aprendeu o exercício, logo depois passa a explorar novo exercício até conseguir dominá-lo e novamente expandir sua capacidade. (GIL et al., 2002, p. 7). Dessa forma, segundo os supracitados autores, a utilização dos jogos como prática pedagógica na educação inclusiva resulta em grandes benefícios e conquistas para os alunos no que diz respeito à construção de sua aprendizagem, entre eles: (a) aumento considerável da oralidade dos alunos visto que a criança não se sente constrangida e nem ameaçada, afinal ela está simplesmente participando de uma brincadeira com seus colegas e não há motivo algum para se envergonhar; (b) maior capacidade de concentração advinda da adequação dos jogos aos conteúdos apresentados, servindo também como atividades de fixação; e, (c) maior cooperação entre colegas. Sendo assim, “é necessário que o jogo deixe de ser visto apenas como um recurso de emergência no final de uma aula conturbada para ocupar o seu papel principal: ser o eixo do processo inclusivo.” (id: 2002, p. 9). Esses pequenos exemplos demonstram que a escola deve utilizar os jogos e as brincadeiras como recursos que possibilitem atribuir um caráter lúdico ao ensino. O brincar como prática lúdica A criança se expressa através de suas brincadeiras, o fato da criança entrar para a escola não significa que ela deva abandonar essas características conforme pondera Friedmann (2006) o brincar é uma atividade que lhe é inerente e necessária afim de que possa explorar o novo e tomar conhecimentos e habilidades. Já Kishimoto (1999, p.10) refere o brincar como: “ “A forma pura da inserção da criança na sociedade. Do ponto de vista sociológico, os hábitos, os costumes, as regras, as leis, a moral, a ética e a linguagem são assimilados pela criança por meio da brincadeira e do uso do brinquedo.” O brincar é necessário para o desenvolvimento do sujeito a fim de que possa explorar o novo, conquistar conhecimentos e habilidades, esse brincar a vontade de descobrir o novo, de fantasiar a realidade de se envolver com os elementos como caracterizam o aluno um ser em potencial capaz de construir sua aprendizagem. O brincar proporciona a prática da liberdade de expressão que contribui para o crescimento do sujeito. De acordo com Pedrosa (2005), através da brincadeira a criança tem possibilidade de experimentar novas formas de ação e de exercitá-las, sendo criativa ao passo que imagina situações, reproduzindo momentos e interações importantes de sua vida, oportunizando um novo significado. De fato o brincar possibilita a aproximação do sujeito ao conteúdo através da linguagem, informações, compreensão de regras, assegurando a construção de conhecimento. A contribuição do lúdico do desenvolvimento da criança O ato de brincar facilita o processo de aprendizagem da criança, pois ela consegue ter mais autonomia e criatividade. O brincar o faz parte de uma forma na aprendizagem a tornando prazerosa para a criança. Vygotsky( 1998, p.137) ainda afirma que“ a essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. E essas relações influenciam a forma de ver o mundo ou ações futuras, sendo importante do desenvolvimento. De acordo com Vygotsky (1998), na brincadeira do faz-de-conta, a criança brincar de cozinha, escolinha, de cavalo de madeira. Na utilização dessas brincadeiras a criança tem comportamento além do tradicional, sendo grande fonte de desenvolvimento. Sabe-se que a atividade lúdica é importante tanto para o aluno como para os com necessidades específicas de aprendizagem, pois o brincar faz parte do ser humano. É cultural a criança brincar durante a infância, na brincadeira que a criança usa a imaginação e se divertem uma com as outras. Ressaltando que o lúdico não é a única alternativa para melhorar o processo ensino-aprendizagem, que ajuda melhorar os resultados, pois educadores que têm interesse em fazer mudanças. Considerando que a criança com deficiência intelectual têm mais dificuldade em assimilar conteúdos abstratos, faz-se necessário o uso de material concreto para facilitar a construção do conhecimento, sendo as brincadeiras um meio de proporcionar a aprendizagem no ato do brincar no qual a criança cria,interage com seus colegas e professores. De acordo com Pedrosa (2005), através da brincadeira a criança tem a possibilidade de exercitar nova ações de estimular a criatividade ao passo que imagina situações, reproduzindo momentos importantes da sua vida. O brincar no desenvolvimento de crianças com necessidades educacionais especifica do ensino fundamental As crianças utilizam o brincar para exteriorizar suas emoções, construindo o mundo do seu modo. Acriança ao brincar se expressa por meio de gestos, os quais estão cheios de significados, o brincar o prepara para futuras atividades de trabalho, estimulando sua auto estima. Nenhuma criança brinca só para passar tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas, ansiedades. O que está acontecendo com mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é sua linguagem secreta, que devemos respeitar mesmo se não a entendemos. (GARDNEI apud FERREIRA; MISSE; BONADIO, 2004, p. ) Para Vygotsky (1998), aprendizagem está interligada desde o primeiro dia de vida. Dessa formaque o aprendizado da criança, em relação a brincadeira “[...] devido a agenda diária as crianças têm vivenciado pouco as brincadeiras, prejudicando seu desenvolvimento [...]” É preciso insistir no ato de brincar não é fundamental somente para o desenvolvimento no ensino, mas também para desenvolver a identidade, autonomia do indivíduo, promovendo a comunicação semeando a inclusão de uma forma mais ampla, garantindo que através da brincadeira a criança possa se expressar com mais facilidade potencializando sua imaginação (LOPES, 2006). Segundo (VYGOTSKY, 1997 ), as crianças com necessidades especiais o seu desenvolvimento difunde-se mais na área das funções superiores, do que nas áreas inferiores. Nessa estrutura, salienta-se que as funções superiores são mais educáveis, que as funções superiores estão ligadas ao orgânico, enquanto que os elementares são fulminados pelos grupos sociais. Através do brincar, é possível ensinar coisas essenciais para a vida diária de uma criança com necessidades específicas como atravessar uma rua, comer alimentos saudáveis, higiene pessoal, rotinas do dia-a-dia, podendo realizar sem nenhuma ou com pouca ajuda (LOPES, 2006). A brincadeira tem que ser feita de uma forma que a criança sinta-se a vontade, para assimilar os pontos positivos, para ela a brincadeira quando se torna entediante, desagradável ela não consegue contemporizar de forma positiva por isso o profissional tem que estar atento, para não frustrar a criança de modo que ela não queira mais participar (BORGES,1994). A prática cotidiana prova nos dias de hoje, que essas atividades vêm aumentando e ganhando espaço nas escolas, mas vale lembrar que mesmo que tenha muito conhecimento desses recursos, sem realizá-los de forma coerente não vai servir de nada, lembrando que o papel do professor é de total importância, é ele que irá mediar as brincadeiras, impor as regras e espaços e respeito entre os colegas (BRAGA, 2005). LEIS E POLÍTICAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL Nas leis temos a concretização dos nossos direitos, direitos estes que foram garantidos através de muita luta da população ao longo dos anos. E isso não foi diferente para os portadores de necessidades especiais, para que tivessem seus direitos garantidos, serem respeitados, vistos como cidadãos. Para isso, também teve que ocorrer manifestações da sociedade, o povo teve que expressar sua indignação perante o governo para que esse começasse a ver os deficientes como parte da sociedade. Foi necessária a manifestação da sociedade e do mundo em geral que não aceitava mais a exclusão dos portadores de necessidades no ambiente social, do fato deles, muitas vezes, terem seus direitos negados pelo governo. Em meio a manifestações nacionais e internacionais é que começou a ocorrer mudança, na qual se começava a visualizar o deficiente como sujeito, como qualquer outro na sociedade, que tem limitações leves ou severas, mas, independente das limitações, devem ser respeitados por todos, e terem seus direitos garantidos perante a lei. Além de alguns acontecimentos em favor da inclusão do deficiente, ocorreu a organização de congressos internacionais importantes para se discutir ações em favor dos portadores de necessidades especiais. Desses congressos três, declarações importantes foram promulgadas, que aprovaram conquistas para todas as pessoas, independente de terem ou não alguma deficiência, seja ela motora, sensorial, intelectual. Os encontros internacionais originaram as seguintes declarações: a Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948); Declaração Mundial de Educação para Todos (1990); e a Declaração de Salamanca (1994). A Declaração Universal dos Direitos do Homem não é exatamente uma lei, porém estabelece direitos a humanidade, independente dos aspectos referente à nacionalidade, religião, cor, sexo, política, enfim, de uma forma mais abrangente esclarece em um documento oficial os direitos comuns para todos os cidadãos, inclusive a garantia de educação para todos, sendo assim, incluiu os educandos que têm alguma deficiência. Vejamos abaixo alguns fragmentos dessa declaração. Todo ser humano, em todas as suas dimensões, é o centro e o foco de qualquer movimento para a sua promoção. O princípio é válido, tanto para as pessoas normais e para as ligeiramente afetadas como, também, para as gravemente prejudicadas, que exijam uma ação integrada de responsabilidade e de realizações pluridirecionais. Todo ser humano conta com possibilidades reais, mínimas que sejam, de alcançar pleno desenvolvimento de suas habilidades e de adaptar-se positivamente ao ambiente normal. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM apud CORRÊA, 2005, p.55-56) Percebemos que na Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948) o foco é o ser humano independente de suas limitações, não importa se é uma pessoa dita “normal” ou que tenha alguma deficiência, a declaração estabelece pontos comuns para todos os seres humanos, garantindo o direito de desenvolver suas habilidades físicas, mentais, emocionais, enfim, direito ao respeito, de estar em um ambiente comum para todos, de participar da vida em sociedade. Principalmente em uma instituição de ensino, na qual possibilita desenvolver as habilidades do alunado, e a inserção social do mesmo. A Declaração Mundial de Educação para Todos (1990), garante educação para todos independente das possíveis dificuldades ou limitações que o sujeito apresente. (MIRANDA, 2003, p.7) Declaração de Salamanca (1994), essa declaração é o resultado da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, que ocorreu na Espanha e teve como foco a questão da educação para crianças com necessidades especiais. A declaração diz: Todas as crianças têm direito fundamental à educação e deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível adequado de conhecimento. Cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem que lhes são próprias. Os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo que tenham em vista toda a gama dessas diferentes características e necessidades. As pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso à escola regular que deverão integrá-las numa pedagogia centrada na criança, capaz de atender a essas necessidades. As escolas regulares, com essa orientação integradora, representam os meios mais eficazes de combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade integradora e alcançando educação para todos, além de proporcionar uma educação efetiva à maioria das crianças e melhorar tanto a eficiência como a relação custo-benefício de todo o sistema educativo. (UNESCO, 1994) A Declaração ratifica que a criança tem o direito à educação, de desenvolver suas habilidades sejam elas cognitivas, motoras, emocionais; que é necessário que haja uma integração da criança que tem alguma deficiência com as ditas “normais”, que ela seja realmente incluída no ambiente escolar. Sendo que suas limitações devem ser respeitadas por todos, pois cada criança tem sua particularidade, seu ritmo deaprendizagem diferenciado uns dos outros, então é necessário se pensar formas que poderiam ajudar nesse processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais. Durante muito tempo era de responsabilidade do setor privado atender as pessoas deficientes em ambientes específicos. Só a partir do fim da década de 50 e início da década de 60, que tivemos realmente uma política voltada para educandos “excepcionais”, assim que eram chamados nessa época. Nesse período o governo federal assumiu o atendimento dos educandos “excepcionais”, ocorrendo assim campanhas que duraram até 1972. (MIRANDA, 2003, p. 6) Referente ao aspecto legal, a questão da educação especial foi realmente pensada pela primeira vez na Lei de Diretrizes e Bases 4.024/61 e 5.692/71, (Idem p.6) lei que estabelecia que a educação dos portadores de necessidades especiais, foi assim que passaram a ser chamados nessa época, deveria se enquadrar ao sistema geral de educação. Não devendo ser algo totalmente diferenciado, pois eram os educandos especiais que deveriam se moldar, se adaptar ao sistema de ensino nacional de certa forma, e não a instituição de ensino se preparar para incluir o aluno especial. Na Constituição Federal de 1988, fica claramente assegurado o direito dos portadores de necessidades especiais, no artigo 208, como podemos ver abaixo. Constituição Federal, Título VIII. Art. 208 III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV –inciso 1º- O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo. V – Acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; Podemos perceber que é dever do governo oferecer ensino gratuito, inclusive para os educandos portadores de necessidades especiais. A Constituição de 1988 deixa claro que o ensino deve ser oferecido em uma rede regular, e que sejam desenvolvidas as capacidades desses alunos, respeitando seus limites sejam eles físicos, mentais, sensoriais. Atualmente a nossa legislação descreve no Capítulo V, os direitos dos educandos especiais, nos art. 58,59 e 60, artigos estes que encontramos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que incluiu em 20 de dezembro de 1996, a educação especial no contexto efetivo da educação em âmbito nacional. Nesses artigos deixa-se claro a educação para os portadores de necessidades especiais, como devem ser as formas de organização no território nacional. Como podemos verificar abaixo no capítulo V. Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais. § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. § 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil. Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo. (LDBEN, 1996) Além das leis que acima foram brevemente apontadas para termos uma ciência da evolução da legislação e políticas voltadas para os portadores de necessidades especiais, das conquistas legais, podemos verificar alguns direitos também no Estatuto da criança e do adolescente (ECA), lei federal nº 8069/90, no art.54. Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente: III – atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; Tanto a Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), estão ratificando que a educação dos educandos portadores de necessidades especiais deve ser oferecida pelo Governo, em uma rede regular de ensino. Para que esses alunos tenham contato com crianças ditas “normais”, que sejam integrados na sociedade, não sejam excluídos de alguma forma, que não tenham seus direitos negados, e para que isso aconteça o melhor lugar para termos essa integração e acabarmos com qualquer tipo de discriminação é no ambiente escolar, pois a escola além de ser uma instituição que nos media a aprendizagem, nos socializa. É importante citar também o artigo 15, do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). Art.15. A criança e o adolescente têm direito a liberdade, ao respeito e a dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição. Como qualquer cidadão na sociedade a criança e adolescente também têm direitos, e as crianças deficientes, apesar de terem algum tipo de limitação são crianças que estão aprendendo, se desenvolvendo na medida em que permanecem em contato com outras crianças, superando seus limites, sendo vistas e respeitadas como sujeitos que são na sociedade. Além dessas leis temos a lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, que materializa normas de proteção para as pessoas que tem alguma limitação, que encontramos na Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, regulamentada no Decreto nº 3. 298/99, não só consolida formas de proteção aos portadores de deficiência, como assegura o exercício dos seus direitos. No Capítulo I, diz: Art. 2o Cabe aos órgãos e às entidades do Poder Público assegurar à pessoa portadora de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação,à saúde, ao trabalho, ao desporto, ao turismo, ao lazer, à previdência social, à assistência social, ao transporte, à edificação pública, à habitação, à cultura, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e econômico. (DECRETO, nº3. 298/99, da lei nº7. 853/89) Todas as leis ou políticas voltadas para garantir os direitos dos portadores de deficiência são importantes, pois todos esses direitos não foram alcançados tão facilmente, e sim através de anseios e luta da sociedade para que fossem assegurados os direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais. Conferências em âmbito internacional ocorreram, políticas foram pensadas para que houvesse a inclusão das pessoas que têm alguma deficiência, nas escolas sejam elas públicas ou privadas, incluindo-as na sociedade para que possam exercer sua cidadania na medida do possível, independente da deficiência. Para que esses direitos sejam concretizados nada melhor que o ambiente escolar, que é democrático, que é um espaço de socialização, reflexão, aprendizagem. A escola é um ambiente que pode trabalhar para que as diferenças e diversidades sejam aceitas e respeitadas. OBSERVAÇÃO NA ESCOLA Essa pesquisa tem caráter qualitativo e conta com as observações das práticas dos docentes e discentes no cotidiano da escola como forma de coleta de dados. Sendo assim, o trabalho de campo desta pesquisa foi realizado em uma escola municipal de Niterói, que existe desde 2004, no qual se trabalha com o processo de inclusão do alunado que tem alguma limitação. Esta instituição de ensino não terá o nome identificado, igualmente não será identificado o nome das professoras e dos educandos. O trabalho de observação realizado nesta escola durou três meses, com visitas duas vezes por semana especificamente para a realização desta pesquisa. Relacionar estas observações às teorias aqui apresentadas sobre educação inclusiva e ludicidade foi o ponto central deste trabalho de modo a atingir o principal objetivo expresso no próprio título da monografia: a ludicidade no processo de inclusão de alunos especiais no ambiente educacional. A escola escolhida como lócus da pesquisa trabalha com o processo de inclusão, tendo alunos com várias deficiências, cadeirantes, com paralisia cerebral, deficiência múltipla, surdo, enfim, no total a escola tem no primeiro segmento do ensino fundamental 40 alunos do 1º ciclo e 45 alunos do 2º ciclo. Os alunos com alguma limitação estão inseridos em uma classe regular juntamente com os educandos “normais”, para que haja interação entre eles, colaborando para a socialização do alunado especial. A observação foi realizada em uma turma do 4º ano do primeiro segmento do ensino fundamental. Os alunos têm mais ou menos a mesma faixa etária, no caso do aluno cadeirante que está incluído nesta classe, ele é três anos mais velho que a média da turma, que é de nove a dez anos, mas, fisicamente, ele aparenta ter onze anos. Ele tem um desenvolvimento cognitivo satisfatório, a sua deficiência não afetou a parte cerebral. O educando em questão sabe ler e escrever, porém, muitas vezes, ele demora para terminar as atividades, então é respeitado o tempo do educando, a professora de apoio não força, vai conversando, estimulando para que ele prossiga nas atividades. É importante que o educando portador de necessidade especial conviva com outras crianças da sua idade, pois a inclusão dele no ambiente escolar traz benefícios tanto para ele como para os demais alunos ditos “normais”, que vão conviver com o “diferente”, vão respeitá-los, independente do grau de deficiência do colega. Foi isso que pude observar nesta escola. Alunos jogando dama durante a aula de educação física O trabalho da escola de inserir o aluno especial em uma classe comum de ensino e não separá-lo em uma sala a parte é essencial para a vida social do portador de necessidade especial, para que ocorra a interação do mesmo com o ambiente escolar, “é melhor para qualquer criança conviver em classes heterogêneas- frequentadas por portadores ou não de deficiência, para que ela possa integrar-se com a riqueza das diferenças que todos nós possuímos” (RIBAS, 1996, p.111), do que ser enclausurada em uma sala de aula a parte ou em casa. Essa escola pública do município de Niterói tem acessibilidade arquitetônica para os deficientes físicos, com rampas, elevador. E também tem adaptações para os demais educandos especiais, para os deficientes auditivos tem as turmas bilíngües, no qual não só os professores dessas turmas dominam a língua de sinais, outros alunos e alguns funcionários também a dominá pelo que foi observado. Há também professores de apoio, para trabalhar com os outros alunos especiais, estes dão uma atenção mais significativa aos educandos especiais. Já que segundo Miranda: A democratização do ensino será possível partir do momento em que os espaços físicos, as metodologias e os materiais didáticos e, sobretudo, a capacitação dos docentes, estiverem beneficiando e proporcionando uma educação efetivamente de qualidade para todos. (MIRANDA, 2003, p.17). Então, para termos uma inclusão de qualidade dos alunos especiais, somente a lei não é suficiente, é necessário se pensar nos espaços físicos da instituição que irá receber este aluno especial, nos materiais didáticos para que os professores desenvolvam um trabalho de qualidade com os educandos. E isso foi encontrado na escola na qual foi realizado o trabalho de campo, além das adaptações físicas, o alunado cadeirante tem a mesa apropriada para acomodar a cadeira do deficiente físico. A professora de apoio fica em sala de aula acompanhando e desenvolvendo as atividades com o alunado especial, enquanto o professora titular trabalha com os demais educando. Pelo que foi observado nas turmas na qual encontra-se inserido um aluno com alguma limitação, há uma professor (a) de apoio dando suporte para o educando especial, para que assim sejam desenvolvidas as suas habilidades, sempre respeitando a limitação do educando. Analisando o que foi observado em sala de aula o aluno cadeirante encontra-se incluído no ambiente educacional, independente do fato do educando não conseguir acompanhar o ritmo da turma, em relação a conteúdos que são trabalhados, porém ele consegue desenvolver as atividades que lhes são atribuídas, pela professora de apoio. A professora titular média a aula para os demais, enquanto isso o educando especial tem o seu trabalho desenvolvido juntamente com a professora de apoio, que trabalha com atividades para estimular o raciocínio, a coordenação motora do aluno, que tem deficiência física, mas não foi afetada a parte cerebral de forma que o impossibilita no desenvolvimento cognitivo. A professora de apoio faz um trabalho com o objetivo de contribuir para que esse aluno se torne independente na sala de aula, que consiga caminhar com a turma
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