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Autora: Profa. Angeles Treitero García Cônsolo Colaboradoras: Profa. Solimar Garcia Profa. Cláudia Ferretto Palladino Comércio Eletrônico Professora conteudista: Angeles Treitero García Cônsolo Doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP (2014). Foi participante do grupo de pesquisa Um Computador por Aluno (UCA), no programa Educação: Currículo. Possui mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital pela PUC-SP (2008). É especialista em Gestão de Processos Comunicacionais pela ECA-USP (2004), em Língua e Literaturas Espanholas pela Unibero (2003) e em Comunicação e Mercado pela Cásper Líbero (2000). Possui graduação em Comunicação Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM (1985). Atua como assessora em Educação e Comunicação e professora universitária da Universidade Paulista (UNIP) do ensino superior na modalidade presencial e a distância. Possui experiência nas áreas: Publicidade, Propaganda, Marketing, Comunicação, Educação, Metodologia, Ciências Sociais. Atua na docência desde o ano 2000 e hoje é pesquisadora de temas como: dispositivos móveis, comunicação e sociedade. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) C755c Cônsolo, Angeles Treitero García. Comércio eletrônico / Angeles Treitero García Cônsolo. 2. ed. São Paulo: Editora Sol, 2020. 184 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Gerenciamento de negócios. 2. Marketing digital. 3. Privacidade e segurança das informações. I. Título. CDU 658.84 U423.42 – 20 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Rose Castilho Vitor Andrade Sumário Comércio Eletrônico APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 GERENCIAMENTO DE NEGÓCIOS NA ERA DIGITAL ............................................................................ 11 1.1 Um pouco de história sobre a internet ....................................................................................... 11 1.2 Alguns destaques sobre a era digital............................................................................................ 14 1.3 Gerenciamento de negócios ............................................................................................................ 16 1.4 Gerenciamento de negócios na era digital ................................................................................ 17 1.4.1 Quanto às funções gerenciais ............................................................................................................ 18 1.4.2 O que há de novo no Sistema de Informações Gerenciais? .................................................. 19 1.4.3 O que muda na tecnologia e os impactos empresariais? ....................................................... 19 1.4.4 O que muda para as pessoas e quais os impactos empresariais? ....................................... 21 1.4.5 As plataformas móveis emergentes ................................................................................................ 21 1.5 Cadeia de suprimentos....................................................................................................................... 22 1.5.1 Movimentação de materiais ............................................................................................................... 25 1.5.2 Cadeia de suprimento e rede de entrega de valores ................................................................ 27 1.5.3 Inteligência dos negócios .................................................................................................................... 30 2 CENÁRIO ATUAL DO COMÉRCIO ELETRÔNICO..................................................................................... 33 2.1 Alguns pontos históricos sobre o comércio eletrônico......................................................... 33 2.2 Cenário atual da internet .................................................................................................................. 35 2.2.1 Automação comercial ........................................................................................................................... 36 2.2.2 Automação em supermercados ........................................................................................................ 36 2.2.3 Automação em panificação e confeitaria .................................................................................... 36 2.2.4 Automação industrial ........................................................................................................................... 37 2.2.5 Automação bancária ............................................................................................................................. 37 2.2.6 Automação nas residências ................................................................................................................ 38 2.3 Tecnologia da informação ................................................................................................................ 38 2.3.1 Tecnologia da informação e o comércio eletrônico ................................................................. 41 2.3.2 Negócio a negócio: business-to-business (B2B) ........................................................................ 41 2.3.3 Negócio ao consumidor: business-to-consumer (B2C) .......................................................... 42 2.3.4 Negócio a empregados: business-to-employee (B2E) ............................................................. 43 2.3.5 Consumidor ao consumidor: consumer-to-consumer (C2C) ............................................... 44 2.3.6 Consumidor ao negócio: consumer-to-business (C2B) .......................................................... 45 2.3.7 Negócio ao governo: business-to-government (B2G) ............................................................ 45 2.3.8 Governo a governo: government-to-government (G2G) ...................................................... 45 2.3.9 Governo ao cidadão: government-to-citizen (G2C) ................................................................ 45 2.4 Comércio eletrônico no Brasil e no mundo ............................................................................... 46 2.4.1 Por que o comércio eletrônico vem crescendo tão rapidamente? ..................................... 48 Unidade II 3 O NOVO CONSUMIDOR................................................................................................................................. 53 3.1 Outros dados importantes para analisar o comportamento do consumidor .............. 56 3.2 O comportamento do consumidor on-line ...............................................................................58 3.3 O perfil do consumidor on-line ...................................................................................................... 60 4 PLANEJAMENTO DE LOJA VIRTUAL .......................................................................................................... 69 4.1 O que é uma loja virtual? .................................................................................................................. 69 4.2 Formatos de lojas virtuais ................................................................................................................. 70 4.3 Planejamento e implantação de e-commerce ......................................................................... 71 4.3.1 Escolha da plataforma .......................................................................................................................... 74 4.3.2 Modelos de cobranças comerciais para o provedor ................................................................. 77 4.4 Instalação da infraestrutura com e-commerce ....................................................................... 77 4.4.1 Funcionalidades da plataforma ........................................................................................................ 78 4.4.2 Gestão de conteúdo .............................................................................................................................. 86 4.5 Estruturas e aplicações ...................................................................................................................... 87 4.6 Ambiente digital ................................................................................................................................... 88 4.6.1 O que é um modelo integrado de comércio eletrônico? ........................................................ 91 Unidade III 5 PRIVACIDADE E SEGURANÇA DAS INFORMAÇÕES ........................................................................... 97 5.1 Métodos de proteção ........................................................................................................................100 5.1.1 Autenticação ...........................................................................................................................................100 5.1.2 Transação eletrônica segura .............................................................................................................101 5.1.3 Criptografia .............................................................................................................................................101 5.1.4 Firewall ......................................................................................................................................................103 5.1.5 Privacidade no correio eletrônico ..................................................................................................104 5.2 Fraudes no comércio eletrônico ...................................................................................................104 6 MARKETING DIGITAL E O COMÉRCIO ELETRÔNICO .........................................................................111 6.1 O que é marketing? ...........................................................................................................................111 6.2 O novo cenário de marketing na era digital ...........................................................................116 6.3 Marketing digital e o comércio eletrônico ..............................................................................117 6.4 Pesquisas e métricas em comércio eletrônico ........................................................................120 6.4.1 O que é pesquisa? ................................................................................................................................ 120 6.4.2 O que são métricas? ............................................................................................................................ 123 6.4.3 Alguns sistemas mensuração de dados ...................................................................................... 124 6.5 Ferramentas do Google para o comércio eletrônico ...........................................................130 Unidade IV 7 COMÉRCIO ELETRÔNICO E AS PEQUENAS EMPRESAS ...................................................................139 7.1 Comércio eletrônico em operações: franquias e atacados ...............................................145 8 E-COMMERCE: B2B, SOCIAL COMMERCE E MOBILE COMMERCE ............................................146 8.1 E-commerce em operações B2B ..................................................................................................146 8.2 Social commerce.................................................................................................................................153 8.2.1 Alguns tipos de social commerce .................................................................................................. 156 8.3 Cenário da tecnologia móvel.........................................................................................................158 8.3.1 Algumas características da tecnologia móvel .......................................................................... 159 8.4 Mobile commerce e mobile payment.........................................................................................163 8.4.1 Mobile payment ................................................................................................................................... 165 9 APRESENTAÇÃO Quando falamos em comércio eletrônico, parece que tudo é muito fácil, pois vemos tantas pessoas falarem na internet sobre construção de sites, e tudo se torna aparentemente muito simples. Entretanto, quando nos aprofundamos no assunto em si, percebemos que, se queremos estar nesse mundo, o mundo on-line, precisamos ter muita atenção com todas as questões com as quais nos deparamos. É necessário entender: como funciona o e-commerce, quais são as ferramentas disponíveis e como trabalhar com elas a nosso favor; quem são nossos consumidores e como localizá-los; quais são as tecnologias disponíveis que existem no mercado; quais são os custos; quais são as métricas que existem; como está o mercado de mobile. Enfim, é preciso entender uma infinidade de coisas para, de fato, compreender o que está acontecendo no mercado, com o consumidor e com as tecnologias. Assim, esta disciplina tem como objetivo geral mostrar a estratégia do comércio eletrônico, suas vantagens e dificuldades. Como objetivos específicos, apresentar as tecnologias existentes para sua implantação e operação, bem como os tipos de problemas ocorridos no aspecto de segurança das operações e insatisfação de clientes nas empresas praticantes desse tipo de comércio, conhecer o perfil do público-alvo e conhecer o que são pesquisas e métricas em comércio eletrônico. Para tanto, destaca-se o conteúdo programático conforme segue: gerenciamento de negócios na era digital; cenário atual do comércio eletrônico; o novo consumidor; planejamento de loja virtual; privacidade e segurança; marketing digital e o comércio eletrônico; comércio eletrônico e as pequenas empresas, franquias etc.; e-commerce em operações B2B; social commerce; e, por fim, mobile commerce e mobile payment. INTRODUÇÃO Caro aluno, este livro-texto se refere ao estudo sobre o comércio eletrônico. Temos como propósito fazer com que você consiga montar um e-commerce de qualquer natureza. Essa montagem do negócio eletrônico pode servir somente com um exercício prático ou mesmo para seu o próprio negócio. Desta forma, este material apresenta inicialmente um conteúdo teórico para que você entenda um pouco mais o que antecede ao que se conhece sobre a tecnologia que vivenciamos nos dias atuais. Assim, falaremos sobre o gerenciamento da era digital, contando um pouco da história da internet, o cenário atual dos negócios eletrônicos, a questão da tecnologia da informaçãoe de comunicação e sua importância para o desenvolvimento do e-commerce atual. Depois, acentuaremos o comportamento do novo consumidor e uma estrutura dos passos mais importantes sobre o planejamento de uma loja virtual. Discutiremos um pouco sobre a segurança e a privacidade no comércio eletrônico, o marketing digital e suas métricas, ou seja, procuramos trazer ferramentas que facilitam e ajudam a mensuração de resultados pelo profissional de marketing. 10 Apresentaremos, ainda, o funcionamento do comércio eletrônico para pequenas empresas e franquias. Você verá também algumas pesquisas referentes ao que está acontecendo na atualidade e, por fim, falaremos sobre a mobilidade e sua relevância para o e-commerce. Bons estudos e aproveite bastante. 11 COMÉRCIO ELETRÔNICO Unidade I 1 GERENCIAMENTO DE NEGÓCIOS NA ERA DIGITAL Caro aluno, antes de iniciarmos a abordagem do assunto de que trataremos neste livro-texto, é necessário trazermos informações que são de suma importância para entender os negócios na era digital. Vamos discorrer sobre alguns aspectos, como o surgimento da Internet e o desenvolvimento da informática e da telefonia. Todo esse conjunto de fatores foram de extrema relevância e colaboraram para que houvesse o crescimento do comércio eletrônico que se conhece hoje. Você sabe como começou a internet? 1.1 Um pouco de história sobre a internet O que você conhece hoje por internet teve início no fim dos anos de 1962, a partir de quando se iniciam os estudos sobre o conceito de rede galáxica e começa o desenvolvimento do conceito de redes computadorizadas. Um dos primeiros registros de interações com computadores, já voltado para as redes sociais, aconteceu por meio de uma série de memorandos escritos por J. C. R. Licklider, do Massachussets Institute of Technology (MIT), em agosto de 1962, que discutia o conceito da rede galáxica. Licklider acreditava que vários computadores poderiam estar interconectados globalmente e que muitas pessoas poderiam acessar dados e programas de qualquer local rapidamente. Em essência, o conceito foi muito parecido com a internet de hoje. O pesquisador começou no projeto em outubro de 1962 e foi o primeiro organizador do programa de pesquisa de computador da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Darpa – Defense Advanced Research Projects Agency), que foi criada em fevereiro de 1958 por militares e pesquisadores americanos sob a supervisão do presidente. Enquanto estava trabalhando nesse projeto, ele convenceu seus sucessores e vários outros pesquisadores da importância do conceito de redes computadorizadas. Leonard Kleinrock, do MIT, publicou o primeiro trabalho sobre a Teoria de Trocas de Pacotes, em julho de 1961, e o primeiro livro sobre o assunto em 1964. Kleinrock convenceu outros pesquisadores e cientistas da possibilidade teórica das comunicações usando pacotes em vez de circuitos, o que representou um grande passo para tornar possíveis as redes de computadores. Outra questão vital foi fazer os computadores se comunicarem. Em 1965, pesquisadores conectaram um computador TX-2, localizado em Massachusetts, nos Estados Unidos, com um Q-32, na Califórnia, a partir de uma linha discada de baixa velocidade, criando o primeiro computador de rede do mundo. O resultado desse experimento foi a comprovação de que computadores poderiam trabalhar bem juntos, 12 Unidade I rodando programas e recuperando dados em máquinas remotas, quando necessário, mas o circuito do sistema telefônico era totalmente inadequado para o intento. Foi o primeiro momento em que se pensou que, para o sistema funcionar, seria necessário modernizar as redes de telefonia. No fim de 1966, começa o desenvolvimento do conceito das redes computadorizadas, no qual foi elaborado um plano para a Arpanet, publicado em 1967. Na conferência na qual se publica esse trabalho, os pesquisadores descobrem que já existem outros estudos pelo mundo com o mesmo princípio. No fim de 1969, quatro servidores estavam conectados na Arpanet, e, mesmo naquela época, os trabalhos se concentravam tanto na rede em si como no estudo das possíveis aplicações da rede, conceito este que se estende até os dias atuais. Nos anos que se sucederam, vários computadores foram rapidamente adicionados à Arpanet e os grupos de trabalho desenvolveram um protocolo servidor a servidor funcionalmente completo e outros softwares de rede. Assim nasceu o que conhecemos hoje por internet. Inicialmente, a intenção era de um projeto de pesquisa militar e de pesquisas universitárias (Arpa: Advanced Research Projects Agency, ou Agência de Projetos de Pesquisa Avançada, em tradução livre), no período da Guerra Fria. No início, a ideia era conectar o Pentágono aos mais importantes centros universitários de pesquisa americanos, para permitir não só a troca de informações rápidas e protegidas, mas também para instrumentalizar o país com uma tecnologia que possibilitasse a sobrevivência de canais de informação no caso de uma guerra nuclear. Você sabe o que foi a Guerra Fria? Guerra Fria é o nome que foi dado ao período histórico de grandes disputas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a então chamada União Soviética, compreendendo o intervalo entre o fim da Segunda Guerra Mundial (1945) e a extinção da União Soviética (1991). Foi um conflito de ordem política, militar, tecnológica, econômica, social e ideológica entre as duas nações e suas zonas de influência. A denominação “guerra fria” se deu em virtude de não haver guerra direta entre as duas superpotências, dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear. O objetivo central durante a primeira metade da Guerra Fria foi a corrida armamentista pela construção de um grande arsenal de armas nucleares, estabilizando-se entre as décadas de 1960 e 1970. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi criada em 1922 pelos bolcheviques, liderados por Lênin, como uma das consequências da Revolução Russa de 1917. Os países que faziam parte da União Soviética eram os seguintes: no continente europeu, Rússia, Estônia, Letônia, Lituânia, Belarus, Ucrânia, Moldávia, Geórgia, Armênia e Azerbaijão; no continente asiático, parte da Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Uzbequistão, Tadjiquistão e Turcomenistão. Os pesquisadores do projeto jamais poderiam imaginar que a internet cresceria tanto quanto cresceu. A tecnologia utilizada na época para transmissão de dados foi criada com o nome de WAN (wide area networks, ou redes de área larga), mas a linguagem utilizada nos computadores ligados em rede era muito complicada, como também a tecnologia existente era extremamente precária. Por isso, na época, o potencial de alastramento da internet não podia nem ser imaginado pelas pessoas envolvidas nas pesquisas. 13 COMÉRCIO ELETRÔNICO Durante as décadas de 1970, foram realizados novos estudos com objetivos de melhoria nos programas utilizados nos computadores em rede. O e-mail (electronic mail) tornou-se o primeiro uso da internet entre os pesquisadores. A troca de informações via e-mail possibilitava uma comunicação fácil entre os pesquisadores, como também a troca de informações dentro das universidades. Quando termina o risco da Guerra Fria entre a União Soviética e os Estados Unidos, o governo americano deixou de investir nas pesquisas; assim, as aplicações comerciais da internet começaram a acontecer na década de 1980, com os primeiros provedores de serviço da internet (ISP – international service providers, ou provedores de serviços internacionais), possibilitando ao usuário comum a conexão com a rede mundial de computadores de dentro de sua casa. A virada fundamental se deu nos anos 1970. O desenvolvimento e a comercialização do microprocessador dispararam diversos processos econômicos e sociais de grande amplitude. Eles abriram uma nova fase na automação da produção industrial: robótica, linhas de produção flexíveis, máquinas industriais, controles digitais e outros. Presenciaramtambém o princípio da automação de alguns setores terciários, como bancos e seguradoras. Desde então, a busca sistemática de ganhos de produção por meio de várias formas de uso de aparelhos eletrônicos, computadores e redes de comunicação de dados aos poucos foi tomando conta do conjunto das atividades econômicas. Essa tendência continua até nossos dias, chegando à tecnologia digital. Lembrete A internet foi um dos principais meios que fez com que se desenvolvesse toda a comunicação que existe nos dias atuais. Como mostra a figura, a evolução chegou à palma das mãos. Figura 1 14 Unidade I 1.2 Alguns destaques sobre a era digital Você sabia que os anos de 1980 e 1990 foram muito importantes para a computação? Nessa época, com o desenvolvimento tecnológico, surgiu a microinformática, trazendo os computadores pessoais (PC – personal computer), porque, até então, as pessoas usavam computadores de mesa ou desktop. Posteriormente, com a popularização da internet, presenciou-se a transformação do PC nos computadores coletivos (CC) conectados ao ciberespaço. Para as organizações nacionais ou multinacionais, a internet resolve questões muito valiosas com a obtenção das informações em nível local, regional e mundial, possibilitando tomar conhecimento dos fatos que acontecem em todos os lugares do planeta no mesmo instante em que estão se processando. Esse fato, para as grandes corporações, é de fundamental importância para a agilidade nos negócios, a tomada de decisões e a obtenção de maiores lucros. Neste início de século XXI, estamos vivenciando um período de grande transformação com a tecnologia móvel e da conexão contínua. Muitas pessoas não desligam seus celulares nem à noite, ficando 24 horas conectadas. É um período que se constitui por uma rede móvel e de indivíduos nômades que circulam em espaços físicos e virtuais. Para fazer parte desse espaço, um nó (ou seja, uma organização ou uma pessoa) não necessariamente precisa compartilhar o mesmo espaço geográfico com outros nós da rede móvel, transformada em “espaços híbridos”, criados pela junção entre lugares diferentes e conectados ao mundo virtual. Observação Indivíduo nômade é aquele que não tem habitação fixa, que vive permanentemente mudando de lugar. Hoje em dia existem os nômades digitais, que são pessoas que trabalham com a internet, normalmente executam atividades como freelancers, trabalhando como fotógrafos, designers, desenvolvedores de software ou qualquer outro tipo de trabalho que possa ser realizado independentemente de sua localização física. Essa nova tecnologia está presente em todas as áreas da sociedade, mas principalmente na empresarial, chegando à gestão das organizações, o que vai influenciar no comércio eletrônico. Tudo isso vem trazendo muitas discussões, reflexões e inovações no mercado corporativo. Para esclarecer melhor o que foi dito, podemos exemplificar com um caso ocorrido com uma aluna. Vamos dizer que ela se chamasse Flor, somente para ilustrar. Flor trabalhava em uma empresa da qual era responsável por um determinado setor. Possuía um aparelho celular e notebook, os quais foram disponibilizados para sua utilização a serviços da própria organização. Ficou muito feliz pela generosidade da empresa em que trabalhava. 15 COMÉRCIO ELETRÔNICO Os dias foram se passando, o trabalho foi sendo realizado e ela começou a perceber que recebia mensagens em todos os lugares que estava e a qualquer hora do dia ou da noite. Ela precisava estar pronta para responder ou dar atenção e responder às mensagens que recebia. Também percebeu que seu chefe tinha controle e sabia quando ela estava dentro ou fora da sala do setor em que trabalhava. Se demorava a voltar, por qualquer motivo, logo já era comunicada e questionada sobre o tempo que estava fora da sala. Enfim, depois de algum tempo, ela pôde perceber que as informações que a empresa obtinha estavam tanto on-line como off-line. Ou seja, presente fisicamente ou não, a empresa, seu chefe, sabia onde ela estava e Flor tinha que dar conta das informações. A tecnologia fez com que os espaços se tornassem híbridos, ou seja, misturados. Você viu que, no caso apresentado, o chefe sabia onde Flor estava mesmo sem ele estar próximo a ela. Ao mesmo tempo, percebemos que ela precisa ficar conectada o tempo inteiro, mesmo que não queira, pois precisa estar pronta para responder e atender qualquer mensagem que recebe. Figura 2 Voltando ao nosso tema central, essa tecnologia pode ser caracterizada por uma comunicação integrada, como mostra a figura anterior, na qual são reunidas várias linguagens, o que foi denominado hipertexto, introduzindo várias linguagens ao mesmo tempo, tais como: a escrita, por meio de textos; a audiovisual, por meio de vídeos; o som, por meio de mensagens auditivas; ou ainda a imagética, por meio de fotos ou figuras. Essa comunicação integrada distribuída nos meios digitais (computadores ou dispositivos móveis) fez com que o ser humano desenvolvesse a habilidade de compreender uma linguagem não linear. Observação Na linguagem linear, as letras e os sons que a constituem não se sobrepõem, mas se sucedem destacadamente um após o outro, no espaço da linha escrita ou no tempo da fala. Ou seja, cada letra e cada som aparece num momento distinto do outro. Existe um começo, um meio e um fim. Em 16 Unidade I outras palavras, é impossível sobrepor uma letra à outra. É o que acontece neste texto que você está lendo. Uma letra vem após a outra, senão você não vai entender o que está escrito aqui. Na linguagem não linear, ao contrário, vários signos podem ocorrer simultaneamente. Por exemplo: quando você vê uma foto não existe um começo, meio ou fim. Você vai ver primeiro aquilo que mais chama a atenção ou várias coisas ao mesmo tempo. Assim, toda essa tecnologia vai refletir diretamente no gerenciamento dos negócios. 1.3 Gerenciamento de negócios Um gestor de negócios necessita entender o papel dos diversos tipos de Sistemas de Informação (SI) existentes nas empresas modernas. Em geral, todos os sistemas são importantes para apoiar a tomada de decisões e realização das atividades de trabalho existentes nos diversos níveis organizacionais. Vejamos alguns SI: • Sistemas de Informação Financeira e Contábil: esses dois sistemas são responsáveis pela administração de ativos financeiros visando ao retorno do investimento. Os ativos financeiros são termos bastante utilizados nas áreas contabilísticas e financeiras para designar bens, valores, créditos e direitos. Os principais tipos de ativos incluem, por exemplo: ações – frações do capital de uma determinada empresa; moeda e câmbio – negociação de moedas oriundas de diversos países, normalmente negociadas em pares no mercado Forex (exemplo: dólar e euro, dólar australiano e iene etc.). Vamos explicar mais detalhadamente esses dois sistemas para que você possa entender melhor – lembrando que ambos sistemas compartilham problemas acompanhando o que possuem e o que necessitam: — Sistema de Informação Financeira: esta é uma área que se encarrega de identificar novos ativos financeiros, por exemplo: ações, títulos e dívidas, através de informações externas. — Sistema de Informação Contábil: este é o setor responsável pela manutenção e gerenciamento de registros financeiros, por exemplo, os recibos ou folhas de pagamentos para prestar contas aos seus recursos. • Sistemas de Recursos Humanos: é o setor responsável por atrair, identificar, gerenciar e selecionar colaboradores potenciais, desenvolver talentos e potencialidades com foco no trabalho. Por exemplo: contratação de novos funcionários, desenvolvimento e plano de carreira. • Sistemas de Informação para Gerenciamento de Relações com Clientes e Sistema da Cadeia de Suprimento: para coordenar processos que abrangem diferentes funções empresariais, inclusive compartilhadas com clientes e outros parceiros da cadeia de suprimento. Como podemos ver, na imagem a seguir, uma pessoarepresentada pela figura de um gerente com seus colaboradores, compartilhando informações. 17 COMÉRCIO ELETRÔNICO Figura 3 1.4 Gerenciamento de negócios na era digital Você entendeu o que é a era digital? Como já foi dito, a era digital é caracterizada por uma tecnologia da conexão contínua, que se constitui por uma rede móvel de pessoas e de tecnologias. A informação flui por toda a rede a uma velocidade constante. O resultado de tudo isso é uma grande alteração, por exemplo, na forma de como as pessoas se comunicam, comparado aos processos anteriores. Assim, as organizações modernas mantêm, em certa medida, uma rede na qual tudo está conectado com todos. A empresa está conectada a todos os departamentos, que, por sua vez, estão conectados com as pessoas, que estão conectadas aos processos, fornecedores, clientes e outros que venham a seguir. E na sua empresa, é assim também? Com todas essas modificações, evidentemente o gerenciamento na era digital se tornou muito mais complexo, tendo em vista a quantidade de informações disponíveis nos sistemas de informações. Para garantir o gerenciamento na era digital, é preciso que os membros de toda a cadeia trabalhem em conjunto para atingir a mesma meta e coordenar melhor os processos do negócio. Assim, as empresas estão recorrendo ao processo colaborativo com o uso de tecnologias digitais como internet, intranet e extranet para capacitar as organizações a desenvolver, montar e gerenciar os produtos durante seu ciclo de vida. Muitas empresas modernas são proprietárias e responsáveis por sua própria rede, o que diminui custos e também facilita o compartilhamento de informações, tanto com o público interno como com o externo. Algumas empresas, por exemplo, montam suas próprias redes sociais, o que ajuda e facilita a comunicação para o envio de qualquer tipo de informação para esses públicos. Essas empresas fornecem plataformas de redes sociais denominadas white label, que permitem aos seus clientes construírem suas próprias redes sociais e adaptarem essas redes a uma variedade de propósitos. Existem também modelos de rede social script clone, que são semelhantes aos gigantes da internet, como Facebook Clone, Instagram Clone etc. 18 Unidade I Alguns exemplos de redes sociais corporativas: • O Ning fornece uma plataforma para você criar redes sociais sofisticadas com um mínimo esforço. É muito fácil para você lidar. • O KickApps fornece uma plataforma para você integrar componentes de redes sociais em sites existentes. • O CrowdVine e o Haystack são opções viáveis para a organização que está à procura de redes sociais simples para melhorar a comunicação on-line personalizada. • O CollectiveX é mais adequado para grupos existentes que desejam colaborar on-line. • O GoingOn fornece uma solução híbrida promissora, com recursos compartilhados por Ning e KickApps. As empresas atualmente querem estar conectadas com o maior número de pessoas possível, pois isso pode ser traduzido em informação, basta gerenciar. Como mostra a imagem a seguir, uma pessoa interligada com vários departamentos, pessoas e empresa. Figura 4 1.4.1 Quanto às funções gerenciais Segundo Yanaze (2011, p. 73), o processo de gerenciamento inclui cinco funções administrativas: • Planejamento: significa estabelecer objetivos e metas, como também traçar as estratégias para alcançar o desejado. 19 COMÉRCIO ELETRÔNICO • Organização: para alcançar o que foi proposto no planejamento, a empresa deverá alocar e acionar os recursos necessários, isto é, os inputs. Para você alocar esses recursos, existem algumas ferramentas, tais como: orçamento, organograma e descrição de funções, normas e manuais e fluxograma. • Direção e coordenação: assim que são definidos os objetivos, as metas e as estratégias, o gerente deverá formular as diretrizes e os procedimentos de direção e coordenação para garantir as condições de trabalho apropriado, a motivação, a capacitação, o envolvimento e o comprometimento dos recursos humanos da empresa incluídos no planejamento. • Controle: as atividades de controle da empresa, a qual é bastante moderna, constituem-se em monitoramento. O controle deverá ser constante e é claro que o foco deverá ser para as operações previstas no planejamento, com objetivo de melhorar os processos, correção dos procedimentos, prevenção de possíveis erros, redefinição de objetivos e metas, quando necessários, entre outros. • Análise de viabilidade econômico-financeira: após serem percorridas as etapas anteriores de planejamento, da organização dos recursos, da definição dos mecanismos de coordenação e dos paramentos e ferramentas de controle, falta somente avaliar a viabilidade econômico-financeira da implementação das estratégias e das ações mercadológicas previstas, antes de iniciar o plano de ação. 1.4.2 O que há de novo no Sistema de Informações Gerenciais? O gestor, além de ser responsável por todas as atividades mencionadas, tem que ter ciência e conhecer as transformações que estão acontecendo no mundo neste início de século XXI. Para Laudon e Laudon (2010, p. 6), algumas questões são pontuais no novo sistema, tais como: • A plataforma digital móvel que está surgindo. • O crescimento dos softwares on-line como serviços. • O crescimento da computação em nível, no qual um número crescente de softwares empresariais são executados na internet. Ainda segundo os autores, o que há de novo nos Sistemas de Informação Gerenciais (SGI) são três áreas bastante significativas: a tecnologia, as pessoas e as organizações. 1.4.3 O que muda na tecnologia e os impactos empresariais? As plataformas de computação em nuvem aparecem como uma das áreas de inovação, assim, muitas tarefas que eram realizadas de forma física e presencial, como o armazenamento de informações, agora podem ser feitas pela própria internet. Para Laudon e Laudon (2010), é um arranjo flexível de computadores na internet que começa a desempenhar tarefas tradicionalmente realizadas por computadores empresariais. 20 Unidade I Observação Você sabe o que é computação em nuvem? Com certeza muitos de vocês sabem e a utilizam. A computação em nuvem, ou cloud computing, em inglês, é uma tecnologia que permite o acesso a documentos salvos de um computador que tenha o aplicativo instalado de qualquer lugar e plataforma por meio da internet. Pode ser tanto em computador ou celular. É um aplicativo que permite que você guarde os seus documentos pelo tempo que quiser, mesmo que o seu computador ou celular seja trocado ou esteja indisponível. Temos como exemplo: • Dropbox: permite sincronizar todos os documentos que você deseja no serviço de nuvem e também manter seus dados atualizados com o HD do seu computador. Através do aplicativo, é possível visualizar o documento de qualquer lugar. • Google Drive: oferece diversos serviços em nuvem. O sistema, além do armazenamento, oferece várias ferramentas no estilo do pacote Office, que possibilitam redigir textos, criar e editar planilhas e até criar e visualizar apresentação de slides on-line. Também são possíveis o envio e o compartilhamento de fotos, vídeos e documentos. • Software como um serviço: várias aplicações empresariais importantes estão disponíveis na internet, e não mais como um sistema fechado. Por exemplo: comércio eletrônico, no qual toda a transação comercial pode ser realizada por um software, sem a interferência de uma única pessoa. • Plataformas digitais móveis para competir com o sistema computacional: a Apple, por exemplo, abre seu software do iPhone para os desenvolvedores e usuários corporativos. Ali eles podem baixar aplicativos para apoio e colaboração, serviço baseado em localização e comunicação com os colegas de trabalho. Também equipamentos como Netbooks e tablets conectados à rede, mais baratos e leves que os PCs são oferecidos ao mercado, tornando-se um forte segmento. Lembrete O armazenamento na nuvem é a possibilidade de gravar qualquer documento ou fotoem um disco rígido (hard disk – HD) que poderá estar a quilômetros de distância de seu computador pessoal. O benefício é que é possível acessar todos os documentos de qualquer lugar do mundo, através de um computador ou dispositivo móvel. 21 COMÉRCIO ELETRÔNICO 1.4.4 O que muda para as pessoas e quais os impactos empresariais? São muitas as mudanças e impactos da evolução na era digital. Os gerentes adotam a colaboração on-line e software de redes sociais para melhorar a coordenação, os colaboradores e o compartilhamento de conhecimento. Segundo Laudon e Laudon (2010), alguns sites, como Google Apps, Google Sites, Windows SharePoint e Services, entre outros, são utilizados por mais de 100 milhões de profissionais em todo o mundo, com objetivo de manter blogs, gerenciar projetos, fazer reuniões on-line, como também manter perfis pessoais, favoritos sociais e comunidades on-line. As aplicações de inteligência empresarial aceleram painéis de dados analíticos interativos mais poderosos. Estes oferecem informações de toda a natureza em tempo real, o que resulta no aumento de controle sobre a gestão e a tomada de decisão. Por exemplo, algumas empresas de transportes já possuem um aplicativo no qual é possível visualizar o trajeto, a localização e a data exata da entrega da mercadoria. Tudo isso é realizado on-line e o cliente pode acompanhar toda a movimentação do produto comprado. Reuniões virtuais se proliferam. Cada vez mais, os gestores adotam as tecnologias de videoconferência pela web para reduzir gastos de locomoção ou estadia, por exemplo, em viagens enquanto aumentam a colaboração e a rapidez na tomada de decisão. As aplicações da web são amplamente adotadas pelas empresas, o que permite aos funcionários a interação através de comunidades on-line, utilizando blogs, wikis e serviços de mensagens de texto, vídeo ou voz instantâneas, como a utilização do WhatsApp. Redes sociais, como Facebook ou MySpace, criam novas ferramentas, mais interativas, com objetivo de que a empresa e os clientes fiquem mais próximos. Além disso, o teletrabalho ganha espaço e força no ambiente profissional. Tanto a internet como os netbooks ou equipamentos móveis sem fio viabilizaram o trabalho remoto com um número crescente de pessoas fora do escritório tradicional. Segundo Laudon e Laudon (2010), 55% dos negócios norte-americanos têm alguma forma de programa de trabalho remoto. Por fim, há cocriação do valor de negócio, ou seja, a grande fonte do valor dos negócios passa da produção para a solução e as experiências, como também de recursos internos para redes de fornecedores e colaboração com os clientes. 1.4.5 As plataformas móveis emergentes As plataformas móveis dos dispositivos móveis com conexão à internet não servem apenas para o entretenimento. Elas representam uma nova plataforma de computação emergente baseada na nanotecnologia, com novos hardwares e softwares. Gestores, atualmente, utilizam constantemente essa tecnologia para coordenar e monitorar os trabalhos diários de seus colaboradores. Essas plataformas também estão servindo para a comunicação com a equipe e disponibilizar informações para a tomada de decisão cotidiana. Por exemplo, muitos gestores usam o WhatsApp para se comunicar com seus colaboradores, ou seja, é uma ferramenta que está sendo usada até para a tomada de decisão. 22 Unidade I Dessa forma, segundo Laudon e Laudon (2010, p. 7), os gerentes passam a usar as tecnologias da web – das quais interagem com redes sociais, ferramentas de colaboração e wikis – para a tomada de decisões de forma muito mais rápida. Ainda segundo os autores, conforme muda o comportamento da gestão, muda também como o trabalho é organizado, coordenado e avaliado. Também são conectados os colaboradores com suas equipes e, consequentemente, com os projetos. As redes sociais estão onde o trabalho é realizado, onde os planos são executados e onde os gerentes gerenciam. Os colaboradores passam a se encontrar em espaços de colaboração mesmo em continentes e fusos horários distintos. Nesses espaços virtuais acontecem as reuniões, o que resulta em grande vantagem para as organizações em termos de gastos em movimentações de funcionários de um lugar para outro. Ou seja, passam a não existir os limites geográficos, pois tudo acontece na rede. O desenvolvimento das ferramentas de computação em nuvem e o crescimento das plataformas móveis resultam em maior credibilidade nos teletrabalhos, trabalho remoto e tomada de decisão distribuída. Essa mesma plataforma significa que as empresas podem terceirizar um volume maior de trabalho e confiar em mercados (em vez de empregados) para construir valor. Significa também que as empresas podem contribuir com os fornecedores e clientes na criação de novos produtos ou no aprimoramento de produtos existentes (LAUDON; LAUDON, 2010, p. 7). Um lado negativo dessa questão é o lado do empregado. Talvez aumentem muito mais as diferenças sociais? E os países mais pobres, como ficam? São muitas questões, caro aluno, que só serão respondidas com maior aplicação de todas essas mudanças e com as experiências que forem acontecendo. Com todas essas alterações, também muda a cadeia de suprimentos. 1.5 Cadeia de suprimentos Suprimento significa “ato ou efeito de acrescentar, de suplementar; de adicionar” (SUPRIMENTO, 2009). E cadeia significa “série de elos, anéis ou argolas, entrelaçados, formando um conjunto flexível e resistente, para prender, amarrar, sustentar, transmitir forças mecânicas etc.” (CADEIA, 2009). Uma vez que estamos falando de uma cadeia de suprimentos nas organizações, significa um entrelaçamento de atividades, processos e ações que são necessárias para manter e organizar essa cadeia em qualquer empresa, seja ela grande, seja pequena. É natural que em uma multinacional a quantidade de processos seja muito maior, entretanto, todas as organizações possuem uma cadeia de suprimentos. Para administrar tal tarefa, que é bastante complexa, denominou-se o termo supply chain management, traduzido ao português como gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM). O termo foi definido, em 1994, pelo International Center of Competitive Excellence (ICCE), como a integração dos processos do negócio, desde o usuário final até os fornecedores originais que proporcionam os produtos, os serviços e as informações, a fim de agregar valor para o cliente. 23 COMÉRCIO ELETRÔNICO De acordo com Christopher (1997, p. 25), “SCM é a integração dos processos industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente”. Quando falamos de suprimentos, sempre nos vem à mente a logística, área em que essa expressão é muito mais mencionada. Para melhor compreensão desse conceito, vamos falar um pouco sobre a história da logística. A expressão logística tem sua origem da palavra logistique, que é derivada de uma patente do exército francês que era responsável por fazer toda a movimentação, alojamento e acampamento das tropas em atividades do século XVII. Por esse motivo, o termo passou a significar a arte prática de movimentar exércitos. No período da II Guerra Mundial, a expressão se difundiu com maior amplitude, tendo em vista a necessidade de grande provisão de alimentos, como também da administração de tudo de que os exércitos necessitavam, tanto em material bélico como em suprimentos pessoais ou instalações temporárias. Essas ações garantiam a vantagem competitiva em relação aos oponentes. Em outros momentos, as atividades realizadas na área logística já obtiveram outras nomenclaturas, inicialmente entrando em um campo mais amplo da área da administração, sendo utilizados os nomes administração de materiais, suprimento físico, distribuição física, cadeia de suprimento, engenharia de distribuição e, posteriormente, com denominações mais específicas da área, como: logística interna, logística empresarial, logísticade marketing e logística distribuição. Assim, vários nomes apareceram e provavelmente aparecerão outros com o mesmo objetivo, ou seja, a gestão e fluxo de produtos desde sua origem até seu consumo. Ballou (1993, p. 24) define: A logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o consumidor final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. A logística é uma atividade bastante complexa e que envolve várias áreas da organização, pois gerencia o estoque dos materiais, o transporte, os armazéns que a empresa possui e, por consequência, os espaços úteis; ainda faz a gestão dos inventários, toda a movimentação dos materiais dentro da empresa e, para finalizar, administra a entrega dos produtos ao cliente. Pode-se observar que a logística no mundo contemporâneo mudou de concepção. Atualmente, envolve todas as atividades, desde a matéria-prima até o consumidor final. O conceito que antes era usado para uma estratégia militar foi introduzido em uma estratégia empresarial, deixando de ter um enfoque apenas operacional para adquirir um caráter estratégico. Nas organizações, tornou-se uma forma de gerenciar e integrar todas as operações internas de uma empresa, relacionadas com o fluxo e a movimentação dos produtos, com a finalidade de organizar, controlar e atender o cliente da melhor maneira possível. 24 Unidade I A partir dos anos de 1960, desenvolvem-se vários fatores importantes que se inter-relacionam de forma direta e indireta à ampliação da área mercadológica e logística, tais como o capitalismo massificado, a pulverização das empresas pelo mundo, os estudos de marketing e, consequentemente, surge a necessidade de compreender melhor o comportamento do consumidor. Teve início uma grande preocupação por parte das empresas com relação ao tempo de entrega, à qualidade do produto, ao preço, isto é, à competitividade que o mercado exige, entre outras questões. Nesses períodos passa-se a dar maior atenção para as análises de custo referente aos procedimentos e gestão da logística, o que resultou em diversificação dos canais de distribuição. Já nos anos de 1980, com a globalização bastante presente pelo mundo e com muitas e grandes marcas do mercado internacional – como Nestlè, Unilever, Coca-Cola, IBM e muitas outras –, a competitividade, bastante presente no mundo corporativo, começa a pressionar o mercado interno brasileiro. Assim, como uma forma de prevenção e adaptação a essas mudanças e transformações, a logística empresarial se divide em três grandes áreas: administração de materiais, movimentação de materiais e distribuição física. Administração de materiais A administração de materiais será utilizada em vários momentos, tais como na gestão de produtos que aparecem em pequenas quantidades; pode auxiliar e visualizar as necessidades de compra de novas matérias-primas; tem a condição de orientar a empresa a adotar técnicas de fabricação sustentável, como o Just-in-Time (JIT); e ainda possibilita a redução de preços dos produtos acabados. Ou seja, todas essas questões poderão ser resolvidas tendo em vista a adoção de uma estratégia de redução de estoques. Saiba mais Just-in-Time (JIT): é um termo usado na administração de produção e que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa. É um termo inglês que significa, literalmente, “na hora certa” ou “momento certo”. O sistema Just-in-Time (JIT) é uma metodologia que pode ser aplicada em qualquer tipo de organização, de pequeno, médio ou grande porte, e é muito importante para auxiliar a reduzir estoques e os custos decorrentes dos processos de logística. Para saber mais sobre o tema, leia: MONDEN, Y. Sistema Toyota de produção: uma abordagem integrada ao just in time. Porto Alegre: Bookman, 2015. O livro foi consagrado como um best-seller e, para quem gosta do assunto, vale a pena a leitura. 25 COMÉRCIO ELETRÔNICO Figura 5 – A logística organizacional Como mostra a figura, as empresas, de forma geral, possuem estoques que alcancem suas necessidades, pois, se for guardada uma quantidade maior de materiais do que a necessária, a organização acaba tendo prejuízo, pois material parado é dinheiro sem retorno, pelo menos momentaneamente. 1.5.1 Movimentação de materiais Refere-se à própria movimentação dos materiais em pequenas ou grandes distâncias. Por exemplo: supermercados que entregam mercadorias em residências muitas vezes se negam a enviá-las caso a quantidade seja muito pequena, tendo em vista o custo que isso lhe ocasiona. Para Ballou (1993, p. 172), o termo movimentação de materiais significa: Transportar pequenas quantidades de bens por distâncias relativamente pequenas, quando comparadas com as distâncias na movimentação de longo curso executadas pelas companhias transportadoras. É atividade executada em depósitos, fábricas e lojas, assim como no transbordo entre modais de transporte. Figura 6 – Movimentação de estoque 26 Unidade I A movimentação pode envolver vários equipamentos e ela sempre tem um custo, que pode ser pequeno ou grande. De qualquer forma, esse custo deve ser colocado nos orçamentos. Distribuição física Um sistema de distribuição física consiste de um conjunto de decisões sobre o número, a localização e o tamanho dos armazéns, políticas de frete e políticas de estoque. Cada possível sistema de distribuição física implica um custo total de distribuição, dado pela expressão: D = T + FW + VW + S Em que: D = Custo total de distribuição do sistema proposto. T = Custo total de frete do sistema proposto. FW = Custo fixo total de armazém do sistema proposto. VW = Custos variáveis totais de armazenagem do sistema proposto. S = Custo total de vendas perdidas devido à demora média de entrega dentro do sistema proposto. A escolha do sistema de distribuição física pressupõe o exame dos custos totais de distribuição, associados com os diferentes sistemas propostos e a seleção do sistema que minimize o custo total de distribuição. Para Ballou (1993, p. 55), a distribuição física é a área da logística empresarial que “trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos. É considerada a área mais importante porque absorve cerca de dois terços dos custos logísticos”. Figura 7 – A distribuição por meio de embarcação 27 COMÉRCIO ELETRÔNICO A distribuição pode ser feita de várias formas, por terra, ar ou mar, e cada uma delas terá um custo que dependerá dos objetivos da empresa. A logística é, portanto, a junção de quatro atividades para uma empresa: a aquisição de materiais, a movimentação, a armazenagem e a entrega dos produtos transformados. Todas essas atividades são realizadas com um único objetivo, o de oferecer aos clientes produtos ou serviços de alto nível e com maior valor agregado. Assim, não se pode tratar a logística como algo independente e específico. É uma área bastante importante que necessita de uma pessoa especializada em gestão da cadeia de suprimentos, pois remete a um processo estratégico de uma organização, porque lida com previsão da demanda, seleção dos fornecedores, fluxo de materiais, contratos, estuda informações e movimentações financeiras, cria novas instalações, como fábricas, armazéns e centros de distribuição, relaciona-se com clientes e trata também de questões mais amplas, como a economia, a sociedade e o meio ambiente. Dessa forma, a cadeia de abastecimento é algo que abrange várias áreas e todas interligadas, correspondendo ao conjunto de processos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores os desejarem (BERTAGLIA, 2009, p. 5). Com o desenvolvimento da tecnologiada informação (TI), esse processo de controle feito para a cadeia de abastecimento ficou muito mais fácil e eficiente em comparação aos tempos passados. Para Bowersox e Closs (2010), a gestão integrada da logística ou gestão da cadeia de suprimentos se beneficia de tecnologias específicas, tais como: o intercâmbio eletrônico de dados (EDI), computadores pessoais, inteligência artificial e sistemas especialistas, comunicações e código de barras e leitura óptica. Com todo esse sistema integrado, ficou muito mais fácil para as organizações fazerem seus planejamentos e atividades de forma sistemática, levando aos seus consumidores uma cadeia de valores. Exemplo de aplicação A cadeia de suprimentos passou por uma série transformações desde que se iniciaram os estudos sobre o assunto. Faça um pequeno estudo a respeito dos procedimentos da empresa em que você trabalha. Verifique como se dá a cadeia de suprimentos, analise a tecnologia que é usada, quais são as habilidades que as pessoas que trabalham nesse departamento precisam ter. Enfim, faça um apanhado geral para você ter uma ideia sobre o que está acontecendo nessa área. 1.5.2 Cadeia de suprimento e rede de entrega de valores A grande maioria das organizações não entrega uma cadeia de valores aos seus clientes sozinha. Essas organizações precisam trabalhar em parcerias com outras empresas com objetivo de criar uma rede mais ampla para conseguir alcançar esse objetivo. Para Kotler e Armstrong (2007, p. 304): 28 Unidade I Gerar um produto ou serviço e disponibilizá-los aos compradores requer a construção de relacionamentos não somente com os clientes, mas também com fornecedores e revendedores na cadeia de suprimento da empresa. Essa cadeia de suprimento consiste em parceiros “nos níveis acima” e “nos níveis abaixo”. Ainda segundo os autores, a cadeia nos “níveis acima” são as empresas que fornecem as matérias-primas, os componentes, as peças, as informações, as finanças e o conhecimento especializado necessário para criar um produto ou serviço. A cadeia nos “níveis a baixo” da cadeia de suprimento são as empresas que focam nos canais de marketing ou canais de distribuição que se voltam para os clientes. Os parceiros do marketing para baixo, como os atacadistas ou os varejistas, compõem uma conexão vital entre a empresa e seus clientes. Uma amostra de colaboração adveio da proposta de “empresa enxuta” e talvez mais claramente do programa correlato de resposta eficiente ao consumidor (ECR, sigla em inglês para Efficient Consumer Response) no setor supermercadista. Um exemplo marcante de mentalidade enxuta é o ECR. Esse sistema baseia-se em “parcerias cooperativas” entre varejistas e fabricantes que se comprometem a colaborar para a redução de custos na cadeia de suprimentos. Três anos após o lançamento nos Estados Unidos, 90% das empresas no setor supermercadista haviam adotado o ECR. Lançado em 1996, no Reino Unido, seus adotantes incluíam seis grandes varejistas e os principais fabricantes de produtos de consumo não duráveis (HOOLEY; PIERCY; NICOULAUD, 2011, p. 326). Os principais elementos do ECR são (HOOLEY; PIERCY; NICOULAUD, 2011): • Gerenciamento por categoria. • Promoção mais eficiente com ofertas especiais em substituição ao apreçamento baseado em valor. • Sistemas de reabastecimento contínuo e cross-docking para reduzir e possivelmente eliminar estoques no canal. • Intercâmbio eletrônico de dados para automatização de pedidos e fluxo de informações. • Mudança organizacional (algumas empresas substituem a área de vendas por uma nova área de desenvolvimento de negócios com clientes). O ECR é uma arma poderosa que comprovadamente reduz custos na cadeia de suprimentos, mas tem sido criticada por reduzir o leque de opções dos consumidores e da concorrência e por restringir o desenvolvimento estratégico dos fabricantes. 29 COMÉRCIO ELETRÔNICO Observação O cross-docking é definido como um sistema de distribuição no qual a mercadoria recebida em um armazém ou centro de distribuição não é estocada, como seria prática comum até pouco tempo atrás, mas imediatamente, ou pelo menos o mais rapidamente possível, preparada para o carregamento e para a distribuição ou expedição a fim de ser entregue ao cliente ou consumidor. Muitas mudanças ocorreram nos processos de gestão, entretanto, a mudança mais significativa talvez tenha sido na procura das estratégias que motivassem a cadeia de valor. A cadeia de valor é conceituada por Porter (apud CHRISTOPHER, 1997, p. 9): A vantagem competitiva não pode ser compreendida olhando-se para uma firma como um todo. Ela deriva das muitas atividades discretas que uma firma desempenha projetando, produzindo, comercializando, entregando e apoiando seu produto. Cada uma dessas atividades pode contribuir para a posição de custo relativo da firma e criar a base para a diferenciação [...] A cadeia de valor desdobra a firma em suas atividades estrategicamente relevantes, para compreender o comportamento dos custos e as fontes de diferenciação existentes ou potenciais. Uma firma ganha vantagem competitiva executando estas atividades estrategicamente importantes de maneira mais barata ou melhor do que seus concorrentes. Ainda segundo o autor, essa cadeia de valor está relacionada com todas as atividades executadas dentro da organização com o objetivo de alicerçar seu valor para com o cliente. O valor é construído por dois grupos de atividades: • Atividades primárias: são funções da empresa, como produção, distribuição, comercialização ou o marketing e a propaganda de um produto. • Atividades de apoio: estão relacionadas com a compra de matéria-prima, desenvolvimento de um software, gestão de recursos humanos, planejamento financeiro ou contábil, ou seja, a gestão geral da empresa. Essas atividades podem ser resumidas como um ambiente saudável, não competitivo, que resulta da junção entre a empresa, os clientes e os fornecedores. Desta maneira, os fornecedores são considerados como parceiros, o que gera um resultado bastante positivo no relacionamento com a organização e seus próprios clientes. Assim, essa interação acrescentará um valor positivo ao produto, formando o que é denominado cadeia de valor. 30 Unidade I Como você pode perceber, essa integração de atividades da cadeia de valor representa algo bastante significativo, é um instrumento de ligação entre as atividades internas da empresa e as atividades realizadas entre os fornecedores, clientes e consumidores. Esse processo resulta no que se denominou gestão de cadeia de suprimentos ou logística integrada, ou seja, a gestão do suprimento dos materiais e da distribuição de produtos, hoje batizada de supply chain management ou administração da cadeia de suprimentos. É a técnica de levar produtos e serviços dos pontos de origem aos pontos de destino. Enquanto logística é mais comumente usada para designar apenas a distribuição de produtos. No entanto, não seria errado, ainda hoje, definir logística, quase sinônimo de administração da cadeia de suprimentos, de modo a abranger as três áreas: suprimento físico dos insumos, movimentação interna dos materiais, distribuição física dos produtos e, de forma linear, técnica de movimentar materiais e/ ou pessoas, fazendo-os chegar ao seu destino, em bom estado, na quantidade necessária, no momento certo, ao menor custo total possível. Segundo Kotler e Armstrong (2007), por meio do gerenciamento da cadeia de suprimento, muitas empresas estão fortalecendo suas conexões com os parceiros ao longo de toda a cadeia. Elas sabem que seu sucesso na construção de relacionamentos com o cliente está fundamentado não apenas em seu desempenho, mas também no desempenho de toda a sua cadeia de suprimento em relação à dos concorrentes. Essas empresas tratam tanto fornecedores ou distribuidores como parceiros na entrega de valor para os próprios consumidores. Por exemplo, a empresa Boticário trabalha em estreito contato com fornecedores cuidadosamenteselecionados para aumentar a qualidade e a eficiência de seus produtos. Como também trabalha com suas concessionárias em sistema de franquias, que podem oferecer produtos de primeira linha para atrair os clientes e fazer com que eles retornem sempre. Assim, além do gerenciamento da cadeia de suprimento, as organizações estão sabendo que precisam de parceiros estratégicos se quiserem ser eficientes. Para Kotler e Armstrong (2007), no competitivo ambiente global, é impossível caminhar sozinho. Está havendo uma explosão de alianças estratégicas em praticamente todos os setores e serviços do mundo corporativo. Com todo esse cenário de transformação, as organizações que possuem uma administração moderna necessitam obter o foco voltado para o que se denomina inteligência dos negócios. Você já ouviu falar nessa expressão? 1.5.3 Inteligência dos negócios Caro aluno, você já ouviu falar em inteligência dos negócios? Alguns de vocês com certeza sim, outros ainda não. Talvez já tenha ouvido falar no termo Business Intelligence, denominação que vem da língua inglesa e que significa Inteligência de Negócios. A expressão Business Intelligence (BI), cujo conceito surgiu na década de 1990, refere-se ao processo de coleta, organização, análise, compartilhamento e monitoramento de informações 31 COMÉRCIO ELETRÔNICO que oferecem suporte à gestão de um determinado negócio. Também está relacionada com um sistema de informações que tem o propósito de ajudar na tomada de decisão, pois se refere à coleta de dados que pode ser, por exemplo, dos clientes, concorrentes, fornecedores ou potenciais futuros clientes. A inteligência de negócios tem como objetivo a criação de uma estrutura de dados brutos, transformando esses dados em informações úteis, as informações em conhecimento e o conhecimento em sabedoria, para que a organização possa criar valor a partir desses sistemas, aplicando o conhecimento no contexto empresarial. Podemos afirmar que o Business Intelligence (BI) é um sistema que integra várias fontes de informação para se definirem as estratégias de atuação da empresa. Também existem outras ferramentas, como o data warehouse e o data mining, que servem para o gerenciamento de grandes bancos de dados. Data warehouse (DW) A tradução literal para o português do termo é armazém de dados. Trata-se de um banco de dados criado com a finalidade de concentrar informações gerenciais baseadas no conteúdo de outros bancos de dados da empresa. Trata-se de um conjunto de dados para apoio às decisões gerenciais, baseado em assuntos, integrado e variável com objetivos gerenciais. A característica principal do DW é a armazenagem de grandes quantidades de informações empresariais em uma modelagem denominada dimensional, que facilita a execução de consultas e a realização de análises com vários graus de relacionamento, agilizando o processo de tomada de decisão. Por exemplo: vendas de um determinado produto por região nos cinco últimos anos. Podem estar inclusas informações sobre sexo, faixa etária, classe sociais, entre outros. Ou seja, irá existir um entrelaçamento de todas as informações armazenadas. Normalmente as informações são filtradas e preparadas para dar maior rapidez à análise e evitar o uso dos demais bancos de dados utilizados na operação diária da companhia. Data mining Esse conceito surgiu com objetivo de melhorar o uso das informações armazenadas em um data warehouse, utilizando algoritmos inteligentes que possam selecionar os padrões mais relevantes para certas aplicações. Dentro desse contexto, existem algumas técnicas, como árvore de decisão, algoritmos genéticos e redes neurais. É uma mineração de informações em um grande banco de dados, como a seleção de certos potenciais consumidores por meio de perfis ou histórico de transações comerciais. O data mining é um sistema que tem por objetivo permitir a realização de inferências entre os cruzamentos das informações. Em certa medida, prevê possíveis fatos e correlações que não podem ser explicitadas pelas análises simples das grandes quantidades de dados armazenadas no DW ou mesmo em data marts. 32 Unidade I São dados que estão relacionados com outros, formando uma grande rede de informações para a tomada de decisões. Figura 8 – Rede de informação e armazenamento Também existe outra ferramenta denominada data mart (DM), que pode ser entendido como um DW departamental, ou seja, é um data warehouse com menor capacidade, podendo ser destinado a uma determinada área ou a um pequeno conjunto de áreas de negócios da organização. Por exemplo: o DW foi desenvolvido para proporções maiores, como a coleta de dados de uma organização na íntegra, enquanto o DM é dirigido para questões menores, como um departamento, análise de um tipo de produto, a área de marketing, entre outros. Ou seja, questões específicas. Também são utilizadas as ferramentas de análise conhecidas por On-Line Analytical Processing (Olap). As informações originariamente podem estar em sistemas da própria empresa, como nos sistemas de processamento de transações, ou podem estar em outras fontes, como sistemas obsoletos, planilhas eletrônicas, web services ou arquivos textuais. Elas devem ser organizadas de forma a estarem centralizadas e disponíveis para os usuários em qualquer horário e em qualquer local. A utilidade dessa tecnologia está na integração das informações de variadas fontes, a partir de tecnologias específicas e proporcionando a realização de análises, emissão de relatórios, consultas e cruzamentos de dados. Nesse contexto, essa tecnologia prevê o desenvolvimento de técnicas para formatação, captura e armazenamento das informações de forma adequada, de acordo com as necessidades dos usuários, transformando os bancos de dados em depósitos estruturados de informações que independem de sua origem. Essas tecnologias procuram a construção de armazenamento de todos os dados possíveis da organização representados em um modelo único de dados. Outras análises também são realizadas, como a identificação de padrões sequenciais, ou seja, uma pessoa que toma um sorvete necessita tomar um copo de água, uma sequência de atitudes. A análise por classificação de dados pode ser, por exemplo, escolher uma faixa etária que consome um determinado produto. E também é realizada a agregação, por exemplo, agregar todas as compras efetuadas por 33 COMÉRCIO ELETRÔNICO uma pessoa em um mês para saber quanto dinheiro ela necessita em trinta dias. Todas essas análises são utilizadas no data mining. Então, a aplicação do modelo de dados é realizada na organização por meio de algoritmos que apoiam a organização na identificação de padrões, como comportamento de um determinado tipo de consumidor on-line, evitando ocorrências de fraudes, promovendo venda de produtos associados ou definindo limites de crédito pessoais, por exemplo. A partir de todo esse desenvolvimento no sistema de informação, foi possível a evolução no cenário do comércio eletrônico que se possui neste início de século. 2 CENÁRIO ATUAL DO COMÉRCIO ELETRÔNICO Caro aluno, você já fez compras eletronicamente? Provavelmente sim, muitas pessoas na atualidade fazem suas compras sem sair de casa. Mas, é claro, que nem sempre foi assim. 2.1 Alguns pontos históricos sobre o comércio eletrônico O homem sempre se utilizou de processos referentes ao comércio, essa atividade sempre existiu desde que surgiram as sociedades. O processo de compra e venda de produtos ou serviços nem sempre foi realizado por meio da troca por dinheiro, como é hoje. Em tempos remotos, essa atividade era praticada pelos fenícios, árabes, assírios e babilônios, só que as trocas eram feitas por outros produtos. Depois desse período, os processos foram sendo incrementados com a troca por pedras preciosas e metais. Os produtos já não eram trocados mais por outros. Isso foi resultado das grandes expedições e a descobertas dos novos mundos, como a América. Posteriormente, vamos ter o desenvolvimentocientífico e, consequentemente, o industrial, que irão contribuir para o avanço dos meios de comunicação e de transportes, os quais foram sendo melhorados e aperfeiçoados, tornando-se muito mais rápidos. Tudo isso gerou a facilidade de convívio com outros países e povos diferentes, abrindo maior espaço e incentivos para os processos de compra e venda entre países diferentes. Entretanto, os primeiros vendedores viajantes demoravam semanas ou até meses para chegar de um ponto a outro. Isso fazia com que os produtos de uma região a outra sempre fossem novidade. Somente a partir do século XX, com o desenvolvimento dos produtos eletrônicos, com a rede mundial de computadores e a popularização da internet, os diferentes tipos de produtos e serviços chegam simultaneamente, em velocidade rápida, em todo o mundo. Sem dúvida, todos esses elementos foram responsáveis por disseminar informações e grandes mudanças. Pode-se dizer que toda essa tecnologia é uma característica do mercado da informática, como também os softwares e hardwares servem para incentivar e ampliar o comércio pela rede. Sem esses avanços não seria possível obter o comércio eletrônico como ele existe na atualidade. O comércio eletrônico surgiu com a evolução das tecnologias na internet, com o objetivo de complementar o processo de vendas e aumentar os lucros das organizações, principalmente das multinacionais, a fim de auxiliar no processo da economia globalizada por meio de parcerias e negócios. 34 Unidade I Figura 9 – Comércio eletrônico Existe uma tendência de que o comércio eletrônico cresça cada dia mais, pois a internet, os equipamentos e a rede de comunicação se desenvolvem cada vez mais, surgindo novidades a todo o momento. Como já dissemos anteriormente, a sociedade está passando por várias transformações, caro aluno. Vivemos hoje em uma sociedade da informação ou era digital, na qual muitas pessoas não escrevem mais à mão, não escrevem mais cartas, não utilizam agendas de papel, dificilmente usam papel e caneta. Para alguns, tudo isso é coisa do passado. Uma pessoa, quando é contratada em uma empresa, obrigatoriamente tem que saber lidar com um computador, assim como a agilidade e manuseio que certos profissionais têm que ter com relação a alguns softwares. Algumas pessoas nem sequer usam o dinheiro físico para transacionar mercadorias, já sendo substituído por informações de débito e crédito em contas e cartões. Assim, podemos afirmar que a sociedade está passando por muitas mudanças estruturais e até culturais. Várias profissões estão passando por grandes transformações, como os professores, médicos, vendedores, agricultores, entre outros. A internet representa uma revolução cultural dentro das organizações. Barreiras geográficas não existem mais, tanto funcionários como dirigentes se comunicam a qualquer hora, não importando nem fuso horário, nem local, bastando ter acesso à internet. Os colaboradores trocam dados e informações, decisões e conhecimento entre si e com seus fornecedores, revendedores ou clientes com muita agilidade, criando uma nova cultura: a cultura digital. A forma de comercialização de mercadorias também está passando por uma revolução, tendo em vista que, como você sabe, a internet está disponível 24 horas por dia, com alcance global, sempre com informações para quem quiser acessá-las, a um custo relativamente baixo, com um mercado mundial crescente. As pessoas podem realizar suas compras a qualquer hora do dia ou da noite, sem precisar enfrentar condições adversas de horários, trânsito ou ainda de não ser bem atendido por um vendedor mal-humorado. As compras estão em nossas mãos, no momento que quisermos. 35 COMÉRCIO ELETRÔNICO Figura 10 – Compras a qualquer momento Não quer dizer que, por conta de todo esse desenvolvimento tecnológico ou da internet, não haja mais problemas. Pelo contrário, existem vários. No entanto, fica impossível viver sem toda essa parafernália tecnológica ou ser um analfabeto digital, pois estaríamos sendo excluídos do mundo atual. 2.2 Cenário atual da internet No início dos anos 2000, discutia-se sobre o impacto das novas tecnologias de comunicação e informação (TICs) e, principalmente, da popularização da internet. A discussão alcançava questionamentos sobre a sobrevivência dos outros meios de comunicação, como televisão, jornal, rádio ou cinema. Afinal, o que seria deles em comparação com toda essa tecnologia? Os questionamentos iam mais longe: e a economia ou a cultura, como ficariam? Segundo dados de uma pesquisa realizada pela agência We Are Social (DAMASCENO, 2015), em uma população global de 7,2 bilhões de pessoas, pelo menos 3 bilhões usam a internet. Entre elas, mais de 2 bilhões interagem com redes sociais. A telefonia móvel se tornou uma das principais formas de acesso. Ainda segundo a pesquisa, aproximadamente 3,6 bilhões de pessoas são usuárias exclusivas dos dispositivos móveis. Números esses que continuam crescendo cada dia mais. Falando especificamente do Brasil, temos mais da metade da população, 110 milhões de pessoas, utilizando a internet e são mais de 270 milhões de usuários de aparelhos de telefonia móvel, destas últimas, 96 milhões possuem perfis em redes sociais. Ao todo, 78 milhões de pessoas acessam seus perfis nas redes por meio dos dispositivos móveis (DAMASCENO, 2015). Com todo esse desenvolvimento, vivenciamos a automação em vários setores da sociedade. Isto é, um sistema automático de controle e atuação pelo qual os mecanismos verificam seu próprio funcionamento, efetuando medições e introduzindo correções, sem a necessidade da interferência humana. Nas empresas, automação é sinônimo de autonomia nos processos, otimização do trabalho, mais segurança, maior competitividade e maior rapidez. Com a globalização e a forte concorrência entre as empresas, foram valorizadas as questões referentes à automação com propósitos de modernização dos processos industriais. Para atender a essa demanda, a automação está em várias áreas da sociedade. 36 Unidade I 2.2.1 Automação comercial A automação comercial pode ser compreendida como a informatização de processos comerciais, por exemplo: compras, vendas, controle de estoques, cadastro de clientes, consultas em bases de dados, entre outros. Todos esses processos são armazenados em um sistema de informações no qual os dados se entrelaçam para a tomada de decisões. As vantagens da automação comercial são muito claras. Através do uso de processos mecânicos e computadorizados, é possível atingir, por exemplo, taxas de eficiência mais altas, o que resulta em registros de maior qualidade e também sugere menores taxas de erro e diminuição do tempo das tarefas. Para fortalecer a ideia de rapidez, vamos imaginar o controle de estoque de uma pequena mercearia sem o uso de computadores. Provavelmente seriam necessárias folhas e folhas de papel, além de muito tempo para anotar todas as entradas e saídas de produtos. Com os avanços obtidos com a automação comercial, foi possível melhorar os processos de grandes corporações, redes de lojas, supermercados e muitos outros comércios largamente espalhados pelo planeta. Esses avanços são frutos da mecânica e da melhoria nas tecnologias de informação e de comunicação. A automação comercial é cada vez mais aplicada na gerência e execução de processos industriais. Os braços mecânicos constituem um ótimo exemplo dessa aplicação. 2.2.2 Automação em supermercados A tecnologia da informação (TI) disponibiliza ferramentas para auxiliar no armazenamento, processamento e na comunicação de dados dos supermercados, podendo dar suporte à entrada de mercadorias, atuar automaticamente em cálculo de custo, controle de estoque, formação do preço de venda, contas a pagar e livros contábeis. A automação pode auxiliar também, por exemplo, nos casos de bonificações concedidas pelo fornecedor e o supermercado precisa ter o registro adequado para gerar promoções na loja. Outra vulnerabilidade que pode acontecer
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