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PORTUGUÊS EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Texto I Detector de mentira por e-mail. Cientistas norte-americanos garantem que criaram método para identificar uma mentira contada em mensagens eletrônicas (Revista Língua, nº 18, 2007 – Texto adaptado) Cientistas da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, anunciaram no fim de fevereiro, início de março, ser capazes de identificar uma mentira contada por e-mail. Analisando cinco características de textos falaciosos, identificaram “pistas” que mentirosos deixam em textos escritos. Segundo os cientistas, a margem de acerto nos testes é de 70%. Os conhecimentos podem ser condensados em um programa de computador disponível já a partir do próximo ano. Textos falsos têm, por exemplo, 28% mais palavras que textos verdadeiros, descobriram os cientistas. Mas a ocorrência de frases casuais, que possam despertar ambigüidade, é bem menor nos verdadeiros que nos mentirosos. Mais detalhadas que as verdades, mentiras são contadas por meio daquilo que os pesquisadores chamam de “expressão de sentido”, como “sentir”, “ver”, e “tocar” – usadas para criar um cenário que nunca existiu. Mentirosos desconfortáveis com a própria lorota tenderiam ainda a usar palavras com sentido negativo, como “triste”, “estressado”, “irritado”. [...] O professor Jeff Hancock, coordenador do estudo, disse que, mais que ajudar as pessoas a identificar mentirinhas privadas contadas por seus parceiros amorosos, a pesquisa pode ter diversos usos públicos. 01. A leitura global do texto nos permite inferir que o autor quer: A) chamar a atenção para uma descoberta revolucionária: a mentira por e-mail pode estar com os seus dias contados. B) mostrar que a mentira é comum nos e-mails: todos mentem porque não serão descobertos. C) enfatizar que há recursos modernos para o homem se esconder atrás de uma cortina, a da mentira eletrônica. D) lembrar de que a mentira faz parte da vida dos homens: tanto faz mentir como dizer a verdade, não há problemas. 02. No texto: “Detector de mentira por e-mail” predominam as marcas de um texto: A) narrativo. C) descritivo. B) dissertativo. D) narrativo-argumentativo. TEXTO II Não existe essa coisa de um ano sem Senna, dois anos sem Senna ... Não há calendário para a saudade. (Adriane Galisteu, no Jornal do Brasil) 03. Segundo o texto, a saudade: a) aumenta a cada ano. b) é maior no primeiro ano. c) é maior na data do falecimento. d) é constante. e) incomoda muito. 04. A segunda oração do texto tem um claro valor: a) concessivo c) causal b) temporal d) condicional e) proporcional 05. A repetição da palavra não exprime: a) dúvida c) tristeza b) convicção d) confiança e) esperança TEXTO III Passei a vida atrás de eleitores e agora busco os leitores. (José Sarney, na Veja) 06.Deduz-se pelo texto uma mudança na vida: a) esportiva c) profissional b) intelectual d) sentimental e) religiosa 07.O autor do texto sugere estar passando de: a) escritor a político d) senador a escritor b) político a jornalista e) político a escritor c) político a romancista 08.Infere-se do texto que a atividade inicial do autor foi: a) agradável c) simples b) duradoura d) honesta e) coerente 09.O trecho que justifica a resposta ao item anterior é: a) e agora c) passei a vida b) os leitores d) atrás de eleitores e) busco 10.A expressão que não pode substituir o termo agora é: a) no momento c) presentemente b) ora d) neste instante e) recentemente Português - Prof. JocelenePág. 01 PORTUGUÊS - LEI 5.810/94 TEXTO IV Os animais que eu treino não são obrigados a fazer o que vai contra a natureza deles. (Gilberto Miranda, na Folha de São Paulo, 23/2/96) 11.O sentimento que melhor define a posição do autor perante os animais é: a) fé c) solidariedade b) respeito d) amor e) tolerância 12.O autor do texto é: a) um treinador atento d) um adestrador consciente b) um adestrador frio e) um adestrador filantropo c) um treinador qualificado 13.Segundo o texto, os animais: a) são obrigados a todo tipo de treinamento. b) fazem o que não lhes permite a natureza. c) não fazem o que lhes permite a natureza. d) não são objeto de qualquer preocupação para o autor. e) são treinados dentro de determinados limites. Texto V 14. O humor provocado pela tirinha se estabelece pela leitura: (A) do primeiro quadrinho, somente. (B) do segundo quadrinho, somente. (C) do terceiro quadrinho, somente. (D) do primeiro e do terceiro quadrinhos. (E) do segundo e do terceiro quadrinhos. TEXTO VI Segunda maior produtora mundial de embalagem longa vida, a SIG Combibloc, principal divisão do grupo suíço SIG, prepara a abertura de uma fábrica no Brasil. A empresa, responsável por 1 bilhão do 1,5 bilhão de dólares de faturamento do grupo, chegou ao país há dois anos disposta a brigar com a líder global, Tetrapak, que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado. Os estudos para a implantação da fábrica foram recentemente concluídos e apontam para o Sul do país, pela facilidade logística junto ao Mercosul. Entre os oito atuais clientes da Combibloc na região estão a Unilever, com a marca de atomatado Malloa, no Chile, e a italiana Cirio, no Brasil. (Denise Brito, na Exame, dez./99) 15) Segundo o texto, a SIG Combibloc: a) produz menos embalagem que a Tetrapak. b) vai transferir suas fábricas brasileiras para o Sul. c) possui oito clientes no Brasil. d) vai abrir mais uma fábrica no Brasil. e) possui cliente no Brasil há dois anos, embora não esteja instalada no país. 16) Segundo o texto: a) O Mercosul não influiu na decisão de instalar uma fábrica no Sul. b) a SIG Combibloc está entrando no ramo de atomatado. c) a empresa suíça SIG ocupa o 2º lugar mundial na produção de embalagem longa vida. d) a Unilever é empresa chilena. e) a SIG Combibloc detém 2/3 do faturamento do grupo. 17) Os estudos apontam para o Sul porque: a) o clima favorece a produção de embalagens longa vida. b) está próximo aos demais países que compõem o Mercosul. c) A Cirio já se encontra estabelecida ali. d) nos países do Mercosul já há clientes da Combibloc. e) o Sul é uma região desenvolvida e promissora. 18) " ... que detém cerca de 80% dos negócios nesse mercado." Das alterações feitas nessa passagem do texto, a que não mantém o sentido original é: a) a qual detém cerca de 80% dos negócios em tal mercado. b) que possui perto de 80% dos negócios nesse mercado. c) que detém aproximadamente 80% dos negócios em tais mercados. d) a qual possui aproximadamente 80% dos negócios nesse mercado. e) a qual detém perto de 80% dos negócios nesse mercado. 19) " ... e apontam para o Sul do país ... " O trecho destacado só não pode ser entendido, no texto, como: a) e indicam o Sul do pai b) e recomendam o Sul do país c) e incluem o Sul do país d) e aconselham o Sul do país e) e sugerem o Sul do país Português - Prof. JocelenePág. 02 PORTUGUÊS Prova de Soldado/Fadesp Está chegando perto "Ando cansada de espreitar da janela de meu carro para ver se o carro vizinho me aponta a metralhadora ou se é apenas um conhecido me cumprimentando" Lya Luft Houve um tempo em que o sonho da maioria das pessoas era morar numa casa em rua calma e arborizada. Hoje queremos edifício em rua movimentada e... sorte em relação à violência, que chega cada dia mais perto. Na minha infância (leia-se década de 40), a primeira violência de que tive notícia foi o assassinato de um motorista de táxi. Táxi, chamado então, se não me engano, de carro de praça, era raramente usado. Os motoristas eram pois personagens conhecidos da gente. Aquelefoi enforcado por bandidos, depois colocado no porta-malas do seu carro e levado pela cidade enquanto eles iam para a "zona" – lugar obscuro para uma criança de então, que os adultos evitavam explicar criando mais confusão –, bares e outros. Muitas noites insones passei, apavorada, no escuro, imaginando aquele defunto ambulante. Alguém comentou que ele tinha grandes olhos azuis e risada alegre. Aquele morto no seu porta- malas povoou muitas noites insones da criança que fui, ele e eu de olhos arregalados no escuro. Hoje, notícias de violência fazem parte do cotidiano de meus netos e netas, por mais sossegada e protegida que seja a sua vida. Mesmo numa cidade não tão grande nem perigosa como Rio e São Paulo, jornal, noticiosos de TV e rua de bairro são cenário de assalto, medo e morte. E nem nos ocorre deixar que essas crianças façam o que seus pais faziam nesse mesmo bairro: andar de bicicleta na calçada, jogar futebol em terreno baldio, brincar na rua, ir a pé para a escola, pegar ônibus para ir ao centro. Homens bem vestidos, metralhadoras modernas e granadas de mão invadem condomínios aparentemente seguros. Temos de um lado os marginais, de outro os chiques: o terror cada vez mais perto. Onde as autoridades redescobrem seu poder e sua função, essas organizações começam a ser desmanteladas, mas é um trabalho duro e complexo. Se tivesse recursos (escrever livro não dá para tais luxos), eu colocaria segurança na porta de cada uma das pessoas que amo, ainda que nenhuma delas possua algo que possa atrair bandidos. E, se tivesse filhos solteiros, faria o que nunca fiz quando os tinha em casa: só dormiria quando todos estivessem salvos debaixo do nosso teto. O morto no escuro do porta-malas talvez nem me assustasse se eu fosse criança hoje. Vivemos a banalização da morte absurda. Neste país a cada semana morrem várias dezenas de civis inocentes e policiais corajosos. Aqui se morre mais do que na Guerra do Iraque, tantos jovens são assassinados que em breve seremos um país de velhos. Estou cansada do medo generalizado que vai disseminando uma generalizada tristeza. Cansada de espreitar da janela do meu carro para ver se do carro vizinho me apontam a metralhadora ou se é apenas um conhecido me cumprimentando. Cansada de não saber se o menino pedinte tem na mão uma navalha, se o carro atrás do meu não vai me fechar ali adiante, se... se... se... Não vivo em pânico, apesar do que escrevo aqui. Não sou particularmente covarde. Nem singularmente ousada. Sou uma mulher comum que já viveu bastante, viu bastante, mas nada que de longe se pareça com o que hoje experimentamos, nas cidades grandes e pequenas: a violência cada vez mais perto. A bela ideia de colocar 700 cruzes na Praia de Copacabana simbolizando os mortos por violência no Rio em apenas alguns dias devia ser repetida por todo o país. Em praias, praças, ruas, parques. Lá estariam, vigilantes, as vítimas dessas mortes tão evitáveis, a nos alertar de que, com vontade real de acabar com essa guerra civil, o terror sem remédio terá remédio. Educação, emprego, aconselhamento familiar, controle muito maior das drogas, leis mais severas, polícia mais valorizada, autoridade firme e corajosa, determinação de todos e menos palavrório. Ou logo nos crescerão orelhas e rabos: com focinho trêmulo e olhinhos assustados, seremos ratos apavorados disparando pelas ruas, entrando sorrateiramente nos edifícios e casas, espiando o mundo através de grades e olhos mágicos, organizando nossos lares como minishoppings dos quais só se sai por obrigação: com comida pré-pronta, diversão cibernética, amizades idem, e lá fora uma trágica paisagem de cruzes. http://veja.abril.com.br/280307/ponto_de_vista.shtml 01. Segundo Lya Luft, a violência (A) faz parte da vida de todos os brasileiros, mesmo daqueles que levam uma vida sossegada e protegida. (B) pode ser mantida longe, se as pessoas puderem se refugiar em condomínios seguros, protegidos por seguranças armados. (C) está cada vez mais perto das cidades onde as autoridades redescobrem seu poder e sua função, combatendo as organizações criminosas. (D) ainda está longe das cidades menores, onde crianças podem andar de bicicleta na calçada, jogar futebol em terreno baldio, brincar na rua, ir a pé para a escola, pegar ônibus para ir ao centro. Português - Prof. JocelenePág. 03 PORTUGUÊS - LEI 5.810/94 02. Embora declare não ser particularmente covarde, Lya Luft tem medo da “guerra civil” instalada no Brasil. Essa ideia só não aparece no enunciado (A) “...se tivesse filhos solteiros, faria o que nunca fiz quando os tinha em casa: só dormiria quando todos estivessem salvos debaixo do nosso teto”. (B) “Se tivesse recursos (escrever livro não dá para tais luxos), eu colocaria segurança na porta de cada uma das pessoas que amo, ainda que nenhuma delas possua algo que possa atrair bandidos”. (C) “Educação, emprego, aconselhamento familiar, controle muito maior das drogas, leis mais severas, polícia mais valorizada, autoridade firme e corajosa, determinação de todos e menos palavrório”. (D) “Estou cansada do medo generalizado que vai disseminando uma generalizada tristeza. Cansada de espreitar da janela do meu carro para ver se do carro vizinho me apontam a metralhadora ou se é apenas um conhecido me cumprimentando”. 03. Apesar da tristeza e do desânimo, a autora (A) acredita que a violência pode ser combatida e aponta soluções para isso. (B) propõe que casas e edifícios reforcem a segurança com grades e seguranças armados. (C) defende a ideia de que o homem, para se afastar do terror, precisa voltar a morar em cidades menores, de ruas calmas e arborizadas. (D) julga possível viver com mais tranquilidade, desde que os cidadãos organizem suas vidas para não precisarem sair de suas casas a não ser por obrigação. 04. Na passagem “entrando sorrateiramente nos edifícios e casas, espiando o mundo através de grades e olhos mágicos, organizando nossos lares como minishoppings dos quais só se sai por obrigação: com comida pré-pronta, diversão cibernética, amizades idem, e lá fora uma trágica paisagem de cruzes”, a autora descreve um tipo de vida caracterizado, principalmente, pelo(a) (A) isolamento e pelo medo. (B) acomodação e pelo conforto. (C) conciliação e pela segregação. (D) sociabilidade e pela comodidade. 05. Em “... autoridade firme e corajosa, determinação de todos e menos palavrório”, Lya Luft reconhece que tem havido, em relação às medidas contra a violência, muito(a) (A) oratória e muita eficiência. (B) prolixidade e muita ação concreta. (C) palavreado inútil e pouca ação efetiva. (D) retórica produtiva e providências esparsas. 06. O texto de Lya Luft é uma crônica. Sobre esse gênero textual, só não se pode dizer que (A) contém ironia e humor. (B) é um registro de acontecimentos do cotidiano. (C) o autor escreve como se estivesse dialogando com o leitor. (D) o autor interpreta e analisa dados da realidade por meio de conceitos abstratos. 07.No trecho “E, se tivesse filhos solteiros, faria o que nunca fiz quando os tinha em casa: só dormiria quando todos estivessem salvos debaixo do nosso teto”, o futuro do pretérito foi utilizado para indicar um(a) (A) fato já consumado. (B) ação anterior a outra já passada. (C) fato incerto, duvidoso ou impossível de se realizar. (D) ação que poderá se realizar, agora ou no futuro, dependendo de certa condição. 08. Quanto às regras de ortografia e acentuação gráfica, é incorreto afirmar que, em (A) “lugar obscuro para uma criança de então”, a palavra “obscuro” tem três sílabas. (B) “com focinho trêmulo e olhinhos assustados”, há um dígrafo na palavra “trêmulo”. (C) “Aquele morto no seu porta-malas povoou muitas noites”, há um hiato na palavra “povoou”. (D) “espiando o mundo através de grades”, a palavra “através” é acentuada porser oxítona terminada em “e”. 09. No enunciado “Hoje queremos edifício em rua movimentada”, existe um (A) objeto direto. (C) agente da passiva. (B) objeto indireto. (D) predicativo do sujeito. 10. Em “Homens bem vestidos, metralhadoras modernas e granadas de mão invadem condomínios aparentemente seguros”, o sujeito é (A) oculto. (C) composto. (B) simples. (D) indeterminado. 11. Quanto à semântica das palavras, não está correto afirmar que (A) “adivinhar” é sinônimo de “espreitar” em “Cansada de espreitar da janela do meu carro...”. (B) “desocupado” conserva o mesmo sentido de “baldio” em “... jogar futebol em terreno baldio...”. (C) “ignorado” poderia substituir “obscuro” em “... para a ‘zona’ – lugar obscuro para uma criança de então...”. (D) “zelosas” tem o mesmo sentido de “vigilantes” em “Lá estariam, vigilantes, as vítimas dessas mortes tão evitáveis...”. Português - Prof. JocelenePág. 04 PORTUGUÊS 12. Há uma palavra formada por derivação parassintética no enunciado (A) “Vivemos a banalização da morte absurda”. (B) “... seremos ratos apavorados disparando pelas ruas...”. (C) “Lá estariam, vigilantes, as vítimas dessas mortes tão evitáveis...”. (D) “... autoridade firme e corajosa, determinação de todos e menos palavrório”. 13. No enunciado “enquanto eles iam para a ‘zona’ – lugar obscuro para uma criança de então”, a expressão em destaque poderia ser substituída, sem prejuízo de sentido, por (A) “em tal caso”. (C) “daquele tempo”. (B) “desse gênero”. (D) “nessa situação”. 14. Há uma sequência predominantemente descritiva no seguinte fragmento de texto: (A) “Na minha infância (leia-se década de 40), a primeira violência de que tive notícia foi o assassinato de um motorista de táxi”. (B) “Não vivo em pânico, apesar do que escrevo aqui. Não sou particularmente covarde. Nem singularmente ousada. Sou uma mulher comum que já viveu bastante, viu bastante...”. (C) “Se tivesse recursos (escrever livro não dá para tais luxos), eu colocaria segurança na porta de cada uma das pessoas que amo, ainda que nenhuma delas possua algo que possa atrair bandidos”. (D) “Neste país a cada semana morrem várias dezenas de civis inocentes e policiais corajosos. Aqui se morre mais do que na Guerra do Iraque, tantos jovens são assassinados que em breve seremos um país de velhos”. 15. Em relação ao emprego da crase, é incorreto afirmar que, em (A) “por mais sossegada e protegida que seja a sua vida”, não há crase por causa do pronome possessivo. (B) “ir a pé para a escola, pegar ônibus para ir ao centro”, não há crase na locução “a pé” porque “pé” é uma palavra masculina. (C) “...essas organizações começam a ser desmanteladas”, não há crase porque o verbo que segue a preposição está no infinitivo. (D) “edifício em rua movimentada e... sorte em relação à violência”, a crase assinala a fusão da preposição “a”, exigida por “relação”, com o artigo “a” que acompanha “violência”. Prova de oficial/ Fadesp Educação e violência televisiva Nos EUA, programas de TV convenientes às crianças já podem ser selecionados automaticamente. Na França, cada programa é aberto com uma tarja verde (livre), laranja (atenção!) ou vermelha (não recomendado). Embora o sistema apareça na tela em menos de cinco segundos, pesquisa comprovou que 80% dos telespectadores sabem o que significam as tarjas. No Brasil, apenas a TV Globo adverte, por áudio, que o programa é recomendável a crianças a partir de determinada idade. Cientistas e educadores constatam que muitas crianças não têm condições de diferençar a ficção da realidade. Afinal, quem de nós não acreditou em Papai Noel ou na existência da Branca de Neve? Certas cenas de filmes suscitam angústia nos telespectadores infantis, levando-os ao estresse precoce (insônia, diarréia, pavor etc.). A UNESCO pretende desenvolver um programa de educação para a imagem, a ter início com os desenhos animados. Fala-se, hoje, em "inteligência televisual" das crianças. Daí a importância de conexões entre escola e TV. No Brasil as crianças passam, em média/dia, 4 horas na escola e 4h30min diante da TV! Há escolas brasileiras que começam a dar os primeiros passos na educação para a imagem. Os alunos gravam em vídeo os anúncios e, depois, repassam na classe e debatem. Esse recurso ajuda a desenvolver um distanciamento crítico frente à publicidade. Minha geração educou-se, nos anos 50 em Belo Horizonte, em cineclubes. Os debates que se seguiam à exibição dos filmes favoreciam a nossa educação artística e política. Porém, falar em consciência crítica nessa onda de globalização que assola o Planeta é quase um palavrão. Prejudica os interesses de quem se empenha em formar, não cidadãos, mas consumidores. Nossa geração tinha referências altruístas: Jesus, Maria, São Francisco e, mais tarde, Gandhi, Luther King, Che Guevara etc. Éramos educados no idealismo, no sonho de mudar o mundo e fazer todas as pessoas felizes. Os paradigmas atuais são quase todos egocêntricos, violentos ou excessivamente erotizados: o exterminador do futuro, Rambo/Schwarzenegger, tartarugas Ninja, moças do Tchan etc. A educação resulta da confluência de ações da família, da religião, da escola e da mídia. Seu papel é interiorizar valores, padrões e normas de comportamento, e a ótica pela qual se encara a realidade, a vida, a história. Ocorre que, hoje, com a mercantilização crescente da mídia, mais interessada em entretenimento que em cultura (vide os programas Português - Prof. JocelenePág. 05 PORTUGUÊS - LEI 5.810/94 dominicais na TV, que levam ao paroxismo a imbecilização), o interesse em transformar as crianças em consumidoras precoces se sobrepõe ao empenho em incutir-lhes ética, amor ao próximo, cidadania e valores espirituais. O resultado são seres humanos agressivos, inseguros quanto às suas referências, medrosos diante do futuro e dependentes – da família, da droga ou de amizades que são cúmplices em veredas obscuras... É bom relembrar o caso dos rapazes que, há tempos, em Brasília, acenderam a pira de nossos preconceitos e queimaram um índio pataxó. Vale a pergunta: o que ouviam, em casa, seus pais comentarem sobre índios, mendigos, negros e desocupados? Acredito que o modo como a família se refere aos demais segmentos da sociedade influi decisivamente na ótica que os filhos têm de seus semelhantes. Se uma patroa trata sua empregada doméstica como se fosse uma escrava, não deveria ficar surpresa se sua família demonstra nojo frente a pessoas subalternas e tem vergonha de fazer trabalhos domésticos, como lavar, varrer etc. Os pais são sempre modelos para uma criança. É verdade que a TV é, hoje, uma máquina de incentivo à violência. Porém, não descarreguemos sobre ela toda a culpa por nossas omissões. Uma boa educação familiar reduz o impacto que ela pode ter sobre as crianças. Pesquisa recente revela que, por ano, uma criança assiste, na TV, cerca de 18 mil assassinatos (telejornais, filmes e desenhos). Se os pais nunca debatem com os filhos o conteúdo dos programas, é possível que eles se tornem mais vulneráveis. Contudo, quem reage coletivamente a programa de TV? Quem escreve para os patrocinadores dos programas antiéticos? Quem deixa de comprar os seus produtos? Muitas vezes a falta de uma educação melhor dos mais jovens tem como causa principal a omissão dos adultos. Passivos, tornamo-nos cúmplices de tudo o que condenamos nessa cultura hedonista e violenta. Só a consciência de cidadania, a defesa dos direitos humanos e uma efetiva participação na vida social podem nos salvar de um futuro menos bárbaro. *Frei Betto é escritor e teólogo. Artigo divulgado no site Mídia da Paz (http://www.midiadapaz.org) e originalmente publicado em www.hypertexto.com.br.Com base no texto, assinale a única alternativa que completa corretamente as questões de 01 a 15. 01. Da leitura do texto, pode-se concluir que, para Frei Betto, (A) a televisão é a única responsável pela incitação à violência. (B) cabe à família e à escola lutar contra os efeitos nocivos da televisão. (C) é absolutamente desnecessário implementar a censura televisiva no Brasil. (D) os programas televisivos estabelecem paradigmas confiáveis para a educação infantil. 02. Frei Betto considera difícil desenvolver o senso crítico nas novas gerações, porque a (A) TV exibe cerca de 18 mil assassinatos por ano. (B) globalização impõe modelos únicos de comportamento e pensamento. (C) escola se recusa a fornecer valores altruístas, padrões e normas de comportamento. (D) mercantilização crescente da mídia deixa de lado o entretenimento, em favor da erotização. 03. Frei Betto, entre outras coisas, (A) critica um sistema que transforma as crianças em consumidoras precoces. (B) defende a importância da televisão como instrumento de educação artística e política. (C) constata que no Brasil a maioria das crianças segue a contento um programa de educação para a imagem. (D) mostra os resultados de pesquisas que responsabilizam os meios de comunicação pelo alto índice de criminalidade. 04. O que mais surpreende, quanto ao papel da televisão no Brasil, é o fato de (A) os programas dominicais levarem ao paroxismo a imbecilização. (B) as crianças passarem mais tempo diante da TV do que na escola. (C) certas cenas de filmes suscitarem angústia nos telespectadores infantis e adultos. (D) os espectadores serem advertidos quanto aos programas com cenas de violência e sexo. Português - Prof. JocelenePág. 06 http://www.midiadapaz.org/ PORTUGUÊS 05. Releia a seguinte passagem do texto: “Se os pais nunca debatem com os filhos o conteúdo dos programas, é possível que eles se tornem mais vulneráveis.” O enunciado implícito que poderia dar continuidade a esse trecho, sem interferir na coerência do texto, é (A) à omissão dos adultos. (B) a telejornais, filmes e desenhos. (C) à efetiva participação na vida social. (D) aos efeitos negativos da violência televisiva. 06. O único enunciado em que não há referência à responsabilidade dos adultos na formação das crianças é: (A) “Porém, não descarreguemos sobre ela toda a culpa por nossas omissões”. (B) “Passivos, tornamo-nos cúmplices de tudo o que condenamos nessa cultura hedonista e violenta”. (C) “Cientistas e educadores constatam que muitas crianças não têm condições de diferençar a ficção da realidade”. (D) “Vale a pergunta: o que ouviam, em casa, seus pais comentarem sobre índios, mendigos, negros e desocupados?”. 07. Com relação à estrutura e à organização textual, pode-se afirmar que, no texto “Educação e violência televisiva”, predomina a intenção de (A) informar o leitor. (B) defender um ponto de vista, uma opinião. (C) referir características de pessoas, objetos e situações. (D) relatar fatos e acontecimentos sequenciados cronologicamente. 08. No que se refere às relações de retomada de sentido, não é correto afirmar que, em (A) “Seu papel é interiorizar valores, padrões e normas de comportamentos...”, o pronome “seu” retoma “educação”. (B) “... da família, da droga ou de amizades que são cúmplices em veredas obscuras...”, a palavra “que” retoma “amizades”. (C) “...não deveria ficar surpresa se sua família demonstra nojo frente a pessoas subalternas...”, o pronome “sua” retoma “empregada doméstica”. (D) “Certas cenas de filmes suscitam angústia nos telespectadores infantis, levando-os ao estresse precoce...”, o pronome “os” retoma “telespectadores infantis”. 09. Quanto às regras de ortografia e acentuação gráfica, não é correto afirmar que (A) as palavras “suscitam” e “crianças” apresentam dígrafos. (B) há ocorrência de hiato em “confluência”, “conteúdo” e “reage”. (C) a palavra “recomendável” é acentuada porque é proparoxítona. (D) “artística”, “cúmplices” e “domésticos” são acentuadas em razão da mesma regra. 10. Em relação ao uso dos sinais de pontuação, é correto afirmar que, em (A) “Fala-se, hoje, em ‘inteligência televisual’ das crianças”, as aspas simples indicam citação. (B) “levando-os ao estresse precoce (insônia, diarreia, pavor etc.)”, os parênteses introduzem uma explicação. (C) “... dependentes – da família, da droga ou de amizades que são cúmplices em veredas obscuras...”, o travessão indica mudança de interlocutor. (D) “Minha geração educou-se, nos anos 50 em Belo Horizonte, em cineclubes”, as vírgulas separam o aposto. 11. Há um desvio em relação às recomendações da gramática normativa no enunciado (A) “É verdade que a TV é, hoje, uma máquina de incentivo à violência”. (B) “Há escolas brasileiras que começam a dar os primeiros passos na educação para a imagem”. (C) “Passivos, tornamo-nos cúmplices de tudo o que condenamos nessa cultura hedonista e violenta”. (D) “Pesquisa recente revela que, por ano, uma criança assiste, na TV, cerca de 18 mil assassinatos...”. 12. Para o autor do texto, vivemos em uma cultura “hedonista”. Isso significa dizer que se trata de uma cultura em que as pessoas (A) desrespeitam a ética e os princípios morais. (B) empenham-se na busca da cidadania e de valores espirituais. (C) dedicam-se à busca do prazer e procuram evitar o sofrimento. (D) valorizam a consciência crítica e abominam a mercantilização. Português - Prof. JocelenePág. 07 PORTUGUÊS - LEI 13. Quanto às noções de sintaxe, é correto afirmar que, em (A) “Embora o sistema apareça na tela em menos de cinco segundos...”, o verbo “aparecer” é intransitivo. (B) “Certas cenas de filmes suscitam angústia nos telespectadores infantis...”, o verbo “suscitar” é apenas transitivo direto. (C) “... tornamo-nos cúmplices de tudo o que condenamos nessa cultura hedonista e violenta”, há um desvio de regência verbal. (D) “Acredito que o modo como a família se refere aos demais segmentos da sociedade influi decisivamente na ótica que os filhos têm de seus semelhantes”, há três orações. 14. No enunciado “Embora o sistema apareça na tela em menos de cinco segundos, pesquisa comprovou que 80% dos telespectadores sabem o que significam as tarjas”, o elemento coesivo sublinhado (A) introduz uma explicação. (B) expressa uma concessão. (C) assinala uma relação de adição. (D) estabelece uma relação de conclusão. 15. No que concerne à morfologia, é correto afirmar que (A) as palavras “antiético”, “inseguro”, “preconceito” são formadas por derivação parassintética. (B) a palavra “quem”, no trecho “Quem deixa de comprar os seus produtos?”, é um pronome indefinido. (C) há uma conjunção comparativa no fragmento de texto “Acredito que o modo como a família se refere...”. (D) o verbo “descarregar”, no trecho “Porém, não descarreguemos sobre ela toda a culpa”, está no imperativo negativo. Português - Prof. JocelenePág. 08
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