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11/08/2021 Antropologia Cultura e instituições sociais Elias Barreiros • Unidade de Ensino: 2 • Competência da Unidade: Capacitar para a reflexão sobre a diversidade cultural; a relação entre igualdade e diferença; discutir o lugar das instituições na sociedade • Resumo: Trata do conceito de cultura, da reflexão sobre a diversidade e o que nos torna diferentes. • Palavras-chave: Diversidade; cultura; instituições • Título da Teleaula: Cultura e instituições sociais • Teleaula nº: 2 Contextualização Diante da formulação de métodos e objetos de análises, tanto sociologia quanto a antropologia passam a se debruçar sobre uma diversidade de temas presentes na vida social. As investigações sobre as relações entre indivíduo e sociedade levam diversos autores a elaborarem conceitos e estratégias de análise, como por exemplo, os intensos debates sobre a cultura e sobre as instituições sociais. A perspectiva funcionalista: Malinowski e Radcliffe-Brown A perspectiva funcionalista: Malinowski e Radcliffe-Brown O Funcionalismo é uma corrente da teoria social que vê a sociedade como um conjunto de instituições sociais que desempenham funções específicas de modo a garantir a integração e continuidade do todo social. • Crítica à visão evolucionista, argumentando que ela se baseia em conjecturas sobre o passado histórico da humanidade, que dificilmente poderiam ser comprovadas. • Na perspectiva funcionalista, o estudo científico das sociedades deve privilegiar a análise da organização social no presente ou num tempo claramente delimitado. 1 2 3 4 5 6 11/08/2021 A perspectiva funcionalista: Malinowski e Radcliffe-Brown Um dos problemas do Funcionalismo é não levar em conta os conflitos sociais, vendo-os como “disfunções” de algo que não está indo bem, e não como parte da sociedade. Nesse sentido, o Funcionalismo não questiona as desigualdades de poder. A perspectiva estruturalista: Lévi-Strauss A perspectiva estruturalista: Lévi-Strauss • Claude Lévi-Strauss -> estudo dos mitos - buscou encontrar uma estrutura comum em todas as sociedades, que é pensamento lógico • Tabu do incesto – primeira regra social O homem é como um jogador que tem nas mãos, ao se instalar à mesa, cartas que ele não inventou, pois o jogo de cartas é um dado da história e da civilização (...). Cada repartição das cartas resulta de uma distinção contingente entre os jogadores e se faz à sua revelia. Quando se dão as cartas, cada sociedade assim como cada jogador as interpreta nos termos de diversos sistemas, que podem ser comuns ou particulares: regras de um jogo ou regras de uma tática. E sabe-se bem que, com as mesmas cartas, jogadores diferentes farão partidas diferentes, ainda que, limitados pelas regras, não possam fazer qualquer partida com determinadas cartas. (LÉVI-STRAUSS, 1999, p. 98-99) Cultura na perspectiva estruturalista Cultura é um sistema simbólico, no qual se incluem a linguagem, a arte, a ciência, a religião, as regras matrimoniais e as normas econômicas, não estando subordinada ao utilitarismo ou aos aspectos materiais da vida social. Cultura na perspectiva estruturalista • A perspectiva estruturalista não subordina a cultura à satisfação das necessidades básicas. • Por exemplo: Segundo Lévi-Strauss, as espécies de plantas e animais não são conhecidas apenas porque são boas para comer, mas porque são sobretudo boas para pensar. 7 8 9 10 11 12 11/08/2021 A perspectiva hermenêutica: Clifford Geertz Cultura em Geertz • Cultura -> símbolos públicos; • Cultura -> um texto que precisa ser interpretado, não havendo uma explicação única e universal, mas a possibilidade de diferentes interpretações; Cultura em Geertz A cultura é vista como texto e contexto, assim, o mais importante não é tanto o que as pessoas fazem, mas os significados que elas atribuem ao que fazem. A perspectiva hermenêutica: Clifford Geertz O ser humano é um animal ligado a teias de significados criadas por ele próprio. Aos antropólogos, caberia buscar a interpretação desses significados que permeiam os modos de se expressar e as formas de comportamento. Cultura Apresentando a SP “Mesmo embrulhado dentro de uma bela camisa, dentro de mim eu continuava sendo um habitante da floresta! Por isso costumo repetir aos rapazes de nossa casa: 'Talvez vocês estejam pensando em virar brancos um dia? Mas isso é pura mentira! Não fiquem achando que basta se esconder nas roupas deles e exibir algumas de suas mercadorias para se tornar um deles!'" (KOPENAWA, D. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, p. 289). 13 14 15 16 17 18 11/08/2021 Problematizando a SP A partir das discussões sobre os aspectos simbólicos e materiais da cultura, podemos refletir sobre a fala de Davi Kopenawa, e nos questionarmos o seguinte: O que nos torna pertencentes a uma cultura? Resolvendo a SP Como vimos, a cultura é dinâmica, não é pura, ou seja, ela tem influências de outras culturas e está em constante transformação. Nesse sentido, não é errado fazer uso de símbolos de outras culturas e fazemos isso o tempo todo, seja ao comer comida japonesa, deitar-nos numa rede – que foi inventada pelos índios –, usar determinada tecnologia, dançar tango, falar inglês etc. Mudança cultural Cite três exemplos de mudança cultural. Igualdade e diferenças Igualdade e diferenças As diferenças entre as pessoas se dá por questões biológicas, mas fundamentalmente por questões sociais e culturais. Alguns conceitos nos ajudam a pensar sobre essas diferenças, como o de etnocentrismo e relativismo cultural, trataremos deles a seguir: 19 20 21 22 23 24 11/08/2021 “etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo, e todos os outros são pensados e sentidos por meio dos nossos valores, modelos e definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.” (ROCHA, 1988, p. 5). Relativismo Cultural O relativismo cultural ou relativização é a compreensão de que cada cultura tem sua lógica e deve ser olhada a partir de seu próprio sistema de referências. Cada uma está de acordo com o contexto no qual está inserida e, portanto, tem sua própria coerência. Identidade, igualdade e diferenças Identidade, igualdade e diferenças O conceito de identidade, de maneira geral, pode ser descrito como o sentimento de pertencimento a um grupo, compartilhando regras e condutas próprias. Identidade, igualdade e diferenças • A identidade é dinâmica, está em constante transformação, não devendo ser tomada como algo fixo, único e imutável. • A identidade não é algo biológico. Identidade e direitos • A identidade tem uma conotação política: ao se identificar, as pessoas, ao mesmo tempo em que se diferenciam de outros grupos, lutam por reconhecimento e direitos 25 26 27 28 29 30 11/08/2021 Instituições sociais: continuidades e transformações Instituições sociais: continuidades e transformações Em que medida a família, a religião e o Estado configuram nossa visão de mundo? Como conciliar a liberdade individual com o pertencimento a grupos sociais mais amplos e com regras próprias? Quais são os desafios que isso pode trazer? Família Abordar formas diversas da família em diferentes sociedades, em grupos sociais distintos vivendo num mesmo país, e as mudanças pelas quais passa essa instituição ao longo da história, leva cientistas sociais e historiadores a considerar que o correto seria utilizar essa palavra sempre no plural: famílias. Religião A religião é constituída por um conjunto de regras seguidas por todos os membros daquele grupo, as quais implicam maneiras coletivas de pensar, agir e ser, tidas como corretas e verdadeiras pelos participantes. Estado Max Weber é um agrupamento político, com regras próprias, delimitadopor um território, e que tem o monopólio do uso legítimo da força. Karl Marx entende que o Estado surge para garantir a propriedade privada e os interesses da classe dominante. Apropriação Cultural 31 32 33 34 35 36 11/08/2021 Apresentando a SP Eu estava na estação com o turbante toda linda, me sentindo diva. E eu comecei a reparar que tinha bastante mulheres negras, lindas aliás, que tavam me olhando torto, tipo ‘olha lá a branquinha se apropriando da nossa cultura’, enfim, veio uma falar comigo e dizer que eu não deveria usar turbante porque eu era branca.(...) Tirei o turbante e falei ‘tá vendo essa careca, isso se chama câncer, então eu uso o que eu quero! Adeus’. Peguei e saí e ela ficou com cara de tacho’. Desde então, Thauane, você deu entrevistas, foi xingada e foi elogiada nas redes sociais. (BRUM, 2017). Problematizando a SP Se você tivesse que tomar uma posição sobre a polêmica, qual seria? Quais argumentos usaria para defender ou criticar o uso do turbante pela moça branca? Tente pensar em outros exemplos de apropriação cultural. Por que você acha que eles existem? O que as pessoas buscam ao se apropriar desses símbolos? O sentido deles muda quando é usado por pessoas de uma cultura diferente da qual eles se originaram? Por quê? Resolvendo a SP • A cultura é dinâmica, não é pura; • Apropriação cultural; • As culturas são atravessadas por relações de poder e desigualdade; • Elemento político: o uso desse símbolo cultural. Apropriação cultural Cite exemplos de apropriação cultural. 37 38 39 40 41 42 11/08/2021 Recapitulando • Tratamos do conceito de cultura; • culturas são dinâmicas e hibridas; • Discutimos os conceitos de etnocentrismo e relativismo cultural; • Abordamos as instituições sociais; a relação entre indivíduo e sociedade. 43
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