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14 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Para nós estudantes do curso de Serviço Social, escrever sobre a 
História do Serviço Social no Brasil, lutas, conquistas, a ditadura, os 
congressos e militâncias foram de grande contribuição para nossa formação 
profissional. 
 
Expressar no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tudo aquilo que 
aprendemos durante a graduação e poder apontar nossas inquietações sobre a 
Política de Saúde brasileira que não reconhece o assistente social como um 
profissional da equipe mínima na atenção à Saúde da Família. Para tanto foi 
necessário um aprofundamento bibliográfico para melhor compreender o 
assunto. 
 
A escolha do tema Saúde da Família surgiu a partir do cotidiano das 
autoras como agente comunitária de saúde, auxiliar de enfermagem e 
estagiário no NASF, em uma unidade do município de Guarulhos, podendo-se 
apontar algumas situação. 
 
Nos últimos anos, assistimos a uma reestruturação do sistema de saúde 
brasileiro, o modelo centrado na cura e no profissional médico passa a 
enfatizar a promoção, proteção e recuperação da saúde. O PSF – Programa 
Saúde da Família que foi introduzido no Brasil em 1994, pelo Ministério da 
Saúde, tendo como precursor o PACS - Programa de Agente Comunitário 
estabelecendo um relacionamento mais próximo com a população. 
 
Contextualizar que a criação do NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da 
Família é uma diretriz do MS – Ministério da Saúde para os municípios, de 
acordo com a Portaria 154/2008, após a implantação do ESF fez-se necessário 
à implantação destes Núcleos de Apoio, onde os profissionais dão suporte as 
equipes de saúde da família, na diretriz do MS o município deve optar pelo 
modelo de NASF de acordo com seu número de habitantes, a Portaria 
disponibiliza dois modelos de NASF, onde Guarulhos optou pela implantação 
15 
 
 
 
do NASF 2, com o mínimo de profissionais, sendo que o NASF 1 teria uma 
gama maior de profissionais para atendimento a população. 
 
Neste contexto, esta pesquisa exploratória tem como objetivo refletir 
sobre o as políticas de saúde na atenção básica apontando a importância e 
necessidade da inserção do assistente social na equipe da Saúde da Família. 
 
 Este TCC está estruturado da seguinte forma: 
 
- Capítulo I: História do Serviço Social no Brasil. Discute-se os 
conflitos entre o proletariado e a burguesia. A implantação do Serviço Social se 
dá no decorrer desse processo histórico, não como medidas coercitivas por 
parte do Estado e sim, da iniciativa particular e de grupos e frações de classes 
que se manifestam principalmente por meio da Igreja Católica. Neste cenário a 
questão social configura-se de diversas maneiras. 
 
- Capítulo II – Serviço social na área da saúde. Apresenta-se a 
história do Serviço Social no tocante a Saúde e, a implantação de Programas 
específicos como a Estratégia em Saúde da Família e o Núcleo de Apoio à 
Saúde da Família. 
 
Por fim, no Capítulo III – A Inserção do assistente social na 
Estratégia em Saúde da Família apresenta-se algumas considerações sobre 
a necessidade da Inserção do profissional, por ser um profissional qualificado 
para leitura de realidade e intervenção na garantia de direitos da classe 
trabalhadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
 
CAPITULO I 
 
 
 
 
A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
1. CAPÍTULO I: A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NO BRASIL 
 
O Brasil a partir da década de 1930 entrou em um período de 
desenvolvimento econômico, e isso refletiu no aumento da renda per capita, 
dos salários reais e do consumo. Com isso deu-se o vasto crescimento da 
população e da urbanização que trouxe consigo problemas de assistência, 
educação, habitação, saneamento básico, de infraestrutura e tantos outros. Na 
medida em que a industrialização avançava, crescia a concentração da renda, 
ampliando-se as desigualdades sociais, aumentando tensões nas relações de 
trabalho e agravando-se a questão social. 
 
Nesta década o Estado brasileiro era regido pela Constituição Brasileira 
de 1891, onde se negava a intervir nos conflitos entre patrões e empregados e 
não se admitia a intervenção direta do Estado na economia, atuava 
simplesmente como um regulador das forças econômicas, administrando, 
cobrando impostos, fornecendo meios de comunicações e transportes baratos 
para a circulação de mercadorias. 
 
O governo populista, que assumiu o poder logo após a Revolução de 
1930, reconheceu a existência da questão social, que passou a ser uma 
questão política, a ser enfrentada e resolvida pelo Estado. 
 
A partir do momento em que a sociedade burguesa vê como ameaça a 
luta defensiva do operário à exploração abusiva a que é submetido, há a 
necessidade que o controle social da exploração da força de trabalho seja feito 
pelo Estado, através de uma regulamentação jurídica do mercado de trabalho. 
Diante disso começam aparecer às leis sociais para responder aos movimentos 
sociais desses operários, pois ao exporem o problema, exigem modificações 
na composição de forças dentro do Governo e no relacionamento deste com as 
classes sociais, portanto, podemos dizer que a questão social é a formação da 
classe operária dentro do cenário político e de seu reconhecimento para o 
Estado e das implantações de políticas que atendam seus interesses, sendo 
assim, a “questão social” constitui-se, essencialmente, da contradição entre 
burguesia e proletariado. 
18 
 
 
 
No decorrer desse processo histórico, da iniciativa particular de grupos e 
de frações de classe que se manifestam por intermédio da Igreja Católica 
ocorre à implantação do Serviço Social. As duas primeiras décadas são 
marcadas por manifestações operárias, em que o Estado e a elite republicana 
são dominados pelos setores burgueses e incapazes de tomar qualquer 
decisão em favor do proletariado. 
 
A preocupação do empresariado com o social aparece apenas a partir 
do término da Segunda Guerra Mundial e representa uma nova fase do 
capitalismo; a adesão às novas formas de dominação e controle do movimento 
operário será dada pelo populismo e desenvolvimento da Era Vargas. 
 
Com os grandes movimentos sociais fica então colocada definitivamente 
para a sociedade a “questão social” e a análise da posição da Igreja frente a 
esta, de maneira que, a Igreja seja vista não só como instituição social de 
caráter religioso, mas também, por sua participação na dinâmica da posição 
contrária de classe da sociedade na qual está inserida. 
 
Segundo Bravo (2006), relata que o desenvolvimento capitalista, tendo 
por núcleo central da acumulação a economia cafeeira, traz contraditoriamente 
o aprofundamento da industrialização, a urbanização acelerada, com a 
diferenciação social e a diversificação ocupacional resultantes da emergência 
do proletariado e da consolidação dos estratos urbanos médicos. 
 
O Estado Novo tem uma política vinculada a uma estrutura 
corporativista, em que reprime e destrói a organização política sindical 
autônoma. O Estado tem o objetivo de expandir a acumulação, intensificar a 
exploração da força de trabalho através das medidas de legislação social e 
sindical que estão relacionadas às redefinições das relações do Estado com as 
diferentes classes sociais. 
 
Neste cenário, a Igreja Católica ganha um campo de intervenção na vida 
social através da conjuntura política e social, visando desempenhar um 
importante papel para o novo regime e disputar a delimitação das áreas de 
19 
 
 
 
competências de controle social e ideológico com o objetivo de conquistar 
posições sólidas na sociedade civil. 
 
Na década de 30 surge em São Paulo o CEAS - Centro de Estudos e 
Ação Social, sob o controle e incentivo da Igreja, a partir do “Curso Intensivo de 
Formação Social para Moças”, promovido pelas Cônegas de Santo Agostinho, 
para o qual foi convidada a Mademoiselle Adéle Loneux, da EscolaCatólica de 
Serviço Social de Bruxelas. As atividades do CEAS se orientarão para a 
formação técnica especializada de quadros para a ação social e para a difusão 
da doutrina social da Igreja. 
 
Ainda nesta década, a partir dos esforços desenvolvidos por esse grupo 
e do apoio da Igreja, é fundado a Escola de Serviço Social de São Paulo. Além 
das atividades do CEAS começa a aparecer outro tipo de demanda, partindo 
de certas instituições estatais e são vistas como conquistas significativas. 
Organização parcial: o Serviço Social dos Casos Individuais, a Orientação 
Técnica das Obras Sociais, o Setor de Investigação e Estatística e o Fichário 
Central de Obras e Necessitados. O método central: Serviço Social de Casos 
Individuais passa a chamar Departamento de Serviço Social. 
 
Em 1935 cria-se o Departamento de Assistência Social do Estado, 
através da Lei n. 2497, de 24.12.35, onde a maior parte dos artigos é dedicada 
à assistência ao menor1. Apenas um único artigo se refere ao Serviço de 
Proteção ao Trabalhador. A gestão da assistência social adota uma formação 
técnica especializada desenvolvida pelas instituições particulares, além da sua 
intervenção na regulamentação do trabalho e da exploração da força de 
trabalho. Assim, o Estado regulamenta, incentiva e institucionaliza o trabalho 
dos Assistentes Sociais. 
 
 
1
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990, 
é a nova normatização jurídica brasileira que substituiu o nosso 2º Código de Menores, Lei 
Federal nº 6.697, de 12 de outubro de 1979. A alteração do ‘nome’ do corpo de normas - de 
Código para Estatuto -, o afastamento do uso do termo menor, substituído pelas categorias 
criança e adolescente, o advento da Doutrina de Proteção Integral, em substituição à Doutrina 
da Situação Irregular -consagrando a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. 
 
20 
 
 
 
Para atender as demandas do Estado a Escola de Serviço Social passa 
por rápidos processos de adequação. O portador dessa qualificação se 
transforma em um componente de força de trabalho, junto à divisão social e 
técnica do trabalho. 
 
2.1. Instituições Assistenciais e Serviço Social 
Em 1937, inicia-se uma fase marcada pela política industrial e um 
modelo corporativista. As entidades representativas da burguesia industrial e 
sua participação aparecem no quadro corporativo do Estado, que indicam 
delegados para planejar e programar as políticas estatais. 
 
A Legislação Social tem um papel importante na integração para 
regulamentar e disciplinar o mercado de trabalho, conquistando o avanço da 
subordinação do trabalho ao capital. 
 
O Estado procura a integração e a mobilização controladas dos 
trabalhadores urbanos e a falsificação burocrática de suas reivindicações. A 
paz social do Estado pressupõe o surgimento constante de novas instituições: 
Seguro Social, Salário Mínimo, Assistência Social, Justiça do Trabalho, dentre 
outras.O surgimento dessas grandes instituições sociais está ligada ao 
aprofundamento das contradições iniciadas a partir da Segunda Guerra 
Mundial juntamente com a crise política e social. 
 
Na carta Constitucional de 1934, fica clara a primeira legislação Federal 
a respeito dos Serviços Sociais, onde fica obrigatório assegurar o amparo aos 
desvalidos e se fixa a destinação de 19 das rendas tributáveis à maternidade e 
a infância. 
 
A primeira medida legal nesse sentido será dada em 1938 (Decreto-Lei 
n.525, de 01.07.30) que institui a organização nacional do Serviço Social, 
enquanto modalidade de serviço público. Cria-se, também, junto ao Ministério 
da Educação e Saúde, o Conselho Nacional de Serviço Social, com as funções 
de órgão consultivo do governo e das entidades privadas, e estudar os 
problemas do Serviço Social. (IAMAMOTO E CARVALHO, 2009, p.249). 
21 
 
 
 
 
Após 1939, aparece uma retomada capitalista exigindo do Estado uma 
maior intervenção no mercado de trabalho, surge o SENAI – Serviço Nacional 
de Aprendizagem Industrial, para responder à necessidade básica de 
qualificação de força de trabalho necessária a expansão industrial. 
 
Com a participação do país na Segunda Guerra Mundial, surge a 
primeira campanha assistencialista de nível nacional com a criação da LBA - 
Legião Brasileira de Assistência. 
 
O SENAI surge em 1942, através de um Decreto-Lei Federal a fim de 
organizar e administrar as escolas de aprendizagem para industriários, 
atribuindo à Confederação Nacional da Indústria a função de gerenciá-la, e 
está entre as primeiras instituições a incorporar e teorizar o Serviço Social, não 
apenas enquanto serviços assistenciais corporificados, mas também enquanto 
processos postos em prática para a obtenção de fins determinados, utilizando 
para tal as práticas e as técnicas de Caso e de Grupo. O Serviço Social no 
SENAI se destaca em dois pontos, na ação ideológica de ajustamento e na 
coordenação da utilização dos serviços assistenciais corporificados. 
 
O Estado e o empresariado apresentam uma mudança em seu 
comportamento assistencial, passando a ter atitudes de uma política mais 
envolvida representada por uma nova racionalidade. A educação e a saúde 
aparecem como consumo produtivo na produção, conservação e reprodução 
da força de trabalho. 
 
Como trabalhador assalariado o assistente social aparece como produtor 
de serviços que são necessários às existências e a maior produtividade dos 
trabalhos diretamente produtivos, fazendo parte teoricamente do quadro de 
funcionários na estrutura do SENAI. 
 
Tendo por base as experiências do SENAI, surge o SESI – Serviço 
Social da Indústria, que é oficializado em 1946, com a atribuição de estudar, 
planejar e executar medidas que favoreça para o bem estar do trabalhador na 
22 
 
 
 
indústria, fazendo parte da mudança da posição do empresariado em relação à 
questão social. 
A redemocratização2 de 1945 representa um momento importante da 
redefinição das formas de dominação política, apesar da manutenção de 
aspectos importantes da estrutura corporativa para a organização sindical dos 
trabalhadores urbanos e a desmoralização e o desmoronamento de uma série 
de mecanismo de controle e atenuação da repressão e principalmente à 
necessidade de legitimação do poder junto às grandes massas. 
 
Diante disso, o SESI surge como mais uma instituição assistencial 
através da desmoralização dos círculos operários e de outras formas de 
intervenção no movimento operário. No período de 1945 a 1946 aparecem às 
primeiras experiências de eleições democráticas, que contribui para o 
aparecimento de outras instituições, como a Fundação Leão XIII. 
 
Com a implantação e o desenvolvimento dessas grandes instituições 
sociais, são fornecidos mecanismos para a existência de um crescente 
mercado de trabalho, contribuindo para um desenvolvimento rápido do ensino 
de Serviço Social, e legitimando e institucionalizando a profissão e os 
profissionais de Serviço Social. Nesse sentido a LBA se torna um mecanismo 
importante para a reorganização do assistencial privado e o desenvolvimento 
do Serviço Social, além disso, forneceram um apoio as escolas especializadas 
existentes e facilitou o surgimento de escolas de Serviço Social nas capitais de 
diversos Estados, atuando junto ao movimento de ação social católica. 
 
O empresariado adere à política de controle social, porém procura fugir 
de suas responsabilidades reclamando do funcionamento integral por parte do 
Estado e aceitando apenas em última instância a participação que lhe é 
imposta pelo Estado. 
 
 
2
 No dia 2 de dezembro de 1945, foram realizadas eleições para a presidência da República e 
para a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Na ocasião, a chefia de governo 
estava a cargo de José Linhares, que em 30de outubro, em seguida à ação militar que depôs 
Getúlio Vargas e pôs fim ao Estado Novo, havia deixado a presidência do Supremo Tribunal 
Federal para assumir a presidência da República. 
 
23 
 
 
 
As novas posições da Ação Social Católica foram marcadas com o II 
Congresso Brasileiro de Direito Social em 1946. A partir daí, o Direito Social 
tem o papel de articular os diferentes grupos sociais de forma que estes se 
submetam ao bem comum. O Serviço Social é reafirmado como o elemento 
essencial para a intervenção entre capital e trabalho. 
 
[...] o profissional assumiu a execução de serviços sociais, pautado 
numa ação educativa e integrativa, visando suprir carências, 
solucionar problemas sociais, prevenir e, com base na atividade 
assistencial, buscou o enquadramento das relações sociais vigentes, 
reforçando a mutua colaboração entre capital e trabalho (CESAR, 
1999, p.170). 
Para o funcionamento do SESI o empresariado fica legalmente obrigado 
a uma contribuição mensal equivalente a 2% da folha de pagamento sob a 
intervenção do Estado. 
 
O SESI tem por objetivo a prestação de serviços assistenciais e o 
desenvolvimento de relações industriais alcançando uma parcela da população 
urbana, além de ser a primeira instituição com recursos e sob a direção do 
empresariado. 
 
A construção industrial e o trabalho coletivo que se realiza no SESI 
viabilizam as passagens técnicas sociais utilizadas pelos assistentes sociais, 
de diversas direções, a mecanismo de controle social e político de uso 
estendido. O Serviço Social deixa de se ater apenas as atividades de 
coordenação dos serviços assistenciais para se vincular mais profundamente 
ao enfrentamento direto entre o capital e o trabalho. 
 
As práticas sociais desenvolvida no SESI são caracterizadas pela 
radicalização na utilização como instrumento de composição e organização 
autônoma da classe operária e de lutas políticas anticomunistas. 
 
 
 
 
24 
 
 
 
2.2. O Resgate Teórico e Metodológico 
A partir da década de 60 foram reformuladas e redimensionadas as 
condições dos procedimentos profissionais. Os governos de Juscelino 
Kubitschek e Jânio Quadros tinham uma concepção de desenvolvimento 
humanista, que valoriza o profissional Assistente Social. Diante da demanda 
apresentada à profissão é necessária a qualificação dos profissionais para a 
inserção no mercado de trabalho. Assim, o Serviço Social caracterizado então 
por práticas sob orientação de instrumentos e técnicas tradicionais, houve um 
movimento interno na categoria que constrói os fundamentos, que vem a ser na 
década de 1970 o Movimento de Reconceituação do Serviço Social. 
 
[...] essencial e estruturalmente, esta perspectiva faz-se legatária das 
características que conferiam à profissão o traço microscópico da sua 
intervenção e a subordinam a uma visão de mundo que deriva do 
pensamento católico tradicional; mas o faz com um verniz de 
modernidade ausente no anterior tradicionalismo profissional, à base 
das mais explícitas reservas aos limites dos referenciais de extração 
positivista.” (NETTO, 2009, p.157). 
 
O Serviço Social tinha duas vertentes, uma que defendia a manutenção 
da origem conservadora adaptada às mudanças embasadas no modelo norte-
americano psicanalista-tecnicista (caso, grupo e comunidade), e outra que 
sugeria mudanças, questionando delicadamente as estruturas sociais e tendo 
sua base ligada a Igreja Católica. No entanto, ambas as vertentes 
apresentavam traços conservadores do Serviço Social. 
 
A demanda do governo, na década de 1960, em relação aos 
profissionais assistentes sociais exigia uma ação no sentido de controle da 
população, de forma a adequá-la e submetê-la a ordem do governo ditatorial 
numa conjuntura de repressão, aumento da concentração de renda, de 
desemprego, inflação e de diminuição do poder de compra dos salários. 
 
[...] os Assistente Sociais consolidam importantes posições e campos 
de atuação no interior do equipamento social. [...] Apenas nas áreas 
ligadas a projetos e programas que se valem dos métodos de DC – 
Desenvolvimento de Comunidade e DOC - Desenvolvimento e 
25 
 
 
 
Organização de Comunidade se faz sentir essa preocupação. 
(IAMAMOTO E CARVALHO, 2009, p.343). 
 
Muitos profissionais se negavam a desenvolver essa prática, só a partir 
do Movimento de Reconceituação, segundo Netto (2009), é desenvolvida uma 
disputa entre projetos políticos que divergem no interior da profissão. Tal 
disputa é polarizada por três vertentes teórico-metodológicas denominadas: 
Modernizadora, Reatualização do Conservadorismo e Intenção de Ruptura. 
 
 De acordo com Iamamoto (2006) o movimento de Intenção de Ruptura 
possibilitou uma nova abordagem à profissão, uma apreensão construída pela 
categoria não mais atribuída como nos primórdios da profissionalização. Assim, 
o significado social da profissão é aprendido na complexidade das relações 
sociais que esta categoria estabelece na realidade, sendo necessária a sua 
compreensão na totalidade das relações sociais em várias dimensões do 
exercício profissional, na sua relação com o usuário e na relação com o seu 
empregador. 
[...] o significado social da profissão deve ser compreendido a partir 
do caráter contraditório da prática profissional nas relações sociais, 
na reprodução destas relações, na reprodução da própria sociedade 
capitalista, na sua totalidade, inclusive das suas contradições e 
antagonismos. 
 
Iamamoto (2006) e Martinelli (2007) afirmam que, o Serviço Social 
constitui uma instituição que emerge e se desenvolve no interior da sociedade 
capitalista, constituída e desenvolvida na dinâmica das relações sociais 
estabelecidas nesta. Sendo uma particularidade da mesma, por isso, não está 
fora desta dinâmica societária, uma vez que, é realizada e materializada nesta 
e consequentemente influi e participam na reprodução e materialização 
histórica desta ordem societária, de acordo com as características das relações 
sociais desenvolvidas nesta sociedade, apresentadas em contextos sócio- 
histórico determinados. 
 
Conforme as autoras, o exercício profissional do assistente social tem 
caráter interventivo, pois é demandado e contratado como profissional pelo 
capital, com o objetivo de intervir nas manifestações da “questão social” 
26 
 
 
 
sofridas pela classe trabalhadora. Neste contexto, destaca-se a importância do 
Projeto Ético-Político Profissional, o qual tem o objetivo de orientar o exercício 
profissional, a partir de princípios embasados na liberdade e na democracia e 
que prima por uma ação profissional comprometida com a classe trabalhadora 
e não pela defesa e manutenção da burguesia. 
 
Esse contexto que fortaleceu e impulsionou a vertente de Intenção de 
Ruptura a se tornar hegemônica na categoria e a assumir a direção da 
profissão, a partir da necessidade de construção da identidade profissional, os 
profissionais buscam outro arcabouço teórico que compreenda a sociedade 
burguesa e suas contradições. 
 
O Movimento de Reconceituação do Serviço Social constitui o processo 
que buscou romper com o Serviço Social tradicional, desenvolvendo entre a 
categoria um debate crítico em torno da profissão, os avanços teóricos e 
políticos que permeiam no cotidiano desta, expressos pelo Movimento de 
Reconceituação do Serviço Social, admitindo a importância da pesquisa 
científica e evidenciando um compromisso de classe, materializando a 
preocupação com a formação profissional, no tocante ao trabalho profissional, 
propondo o rompimento com a ideologia dominante e a vinculação do exercício 
profissional aos interesses dos usuários. 
 
[...] a ruptura com a herança conservadora expressa-se como uma 
procura, uma luta por alcançar novas bases de legitimidade da ação 
profissional do Assistente Social, que, reconhecendo as contradições 
sociais presentes nas condições do exercício profissional,busca-se 
colocar-se, objetivamente a serviço dos interesses dos usuários, 
Istoé, dos setores dominados da sociedade” (IAMAMOTO, 2000, 
p.37). 
 
As discussões desenvolvidas neste processo constituíram a base inicial 
da construção do Projeto Ético-Político Profissional, pela categoria, no seu 
movimento histórico. A proposta primária do Projeto Ético-Político Profissional é 
constituída pelo Código de Ética de 1986, posteriormente reformulado em 
1993, pela Reformulação da Lei que Regulamenta a profissão, tendo sua 
27 
 
 
 
complementação com as Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social, 
aprovadas pela categoria em 1996. 
 
Com o movimento de Reconceituação desenvolvido pela categoria, 
inicia-se o movimento de intenção de ruptura, ou seja, o processo que busca 
romper com o conservadorismo na profissão. No momento da formação 
profissional, o debate desenvolvido pela categoria neste contexto de discussão 
da profissão, coloca a necessidade de se discutir e avaliar o projeto de 
formação que orientava a formação dos profissionais. 
 
Assim, são colocadas as bases para o debate do projeto de Formação 
Profissional, processo que está no auge da aprovação do Novo currículo 
Mínimo para os Cursos de Serviço Social em 1982. Nossa reflexão será 
norteada por Iamamoto, que afirma: 
 
Pensar a formação profissional no presente é, ao mesmo tempo, 
fazer um balanço do debate recente do Serviço Social, indicando 
temas a serem desenvolvidas, pesquisas a serem estimuladas para 
decifrar as novas demandas que se apresentam ao Serviço Social 
(IAMAMOTO, p.169, 2000). 
 
Temos a partir de uma reflexão crítica o projeto de formação profissional 
de Serviço Social construído e implantado pela categoria na década de 1980, 
que buscava a ultrapassagem da visão endógena da profissão e da vida 
universitária, buscando historicizar o debate com uma visão crítica, 
identificando as particularidades do Serviço Social. 
Assim, a categoria mantém o debate com o objetivo de romper com o 
conservadorismo, por meio da intenção de ruptura, o qual o serviço social 
brasileiro consolida a sua maturidade intelectual, alcança o reconhecimento e 
validação acadêmica como área de produção de conhecimento, determina o 
seu estatuto profissional e o seu significado social, define a sua relação com as 
demais disciplinas da área das ciências sociais e humanas, e, sobretudo, 
constrói e defende objetivos legitimados por um projeto de sociedade na defesa 
da liberdade, da democracia, dos direitos sociais e das políticas sociais 
públicas. 
28 
 
 
 
 
A fundamentação teórica que orientou o currículo de 1982 é a teoria 
social de Marx, que apresentou a compreensão de que a realidade é dinâmica, 
e devia ser compreendida a partir do movimento da história, porém, era 
contraditório, pois na disposição das disciplinas em teoria, história e 
metodologia, reproduziu a compreensão da distinção entre teoria e prática. O 
que se verifica no currículo de 1982 é a inexistência de uma lógica histórica no 
processo de formação profissional pela disposição das disciplinas de forma 
particularizadas de Teoria e Metodologia e História do Serviço Social, somada a 
divisão entre teoria e prática disposta nas ementas das disciplinas. 
 
Atualmente o Projeto Ético-Político-Profissional, busca romper com o 
conservadorismo, tem caráter hegemônico na profissão, se apresentando 
numa contínua construção no interior da categoria profissional, num processo 
de fortalecimento e ampliação da preocupação dos profissionais. Porém, 
apesar de ser hegemônico e buscar romper com o conservadorismo, apresenta 
ao mesmo tempo, por parte da categoria profissional, diversas manifestações 
conservadoras. Contudo, foi nesse movimento que se deu a sustentação para 
se pensar numa formação profissional comprometida coma a luta dos 
trabalhadores e consolidada na aprovação das Diretrizes Curriculares de 1996. 
 
O movimento que a categoria profissional do Serviço Social vem 
desenvolvendo com maior ênfase a partir da década de 1980, no auge da 
formação profissional, buscou articular a Formação Profissional e a demanda 
posta a profissão pelo mercado de trabalho. A direção desta articulação, 
objetiva apreender as demandas postas à profissão no contexto nacional, tanto 
demandas de ordens estatais, empresariais, como das demandas postas pelos 
movimentos sociais com novas configurações ou como consequências das 
respostas formalmente desenvolvidas através das políticas sociais às 
manifestações da “questão social”. 
 
A reformulação do currículo de 1982, que culminou no currículo de 1996, 
representou um momento decisivo para pensar a formação profissional 
comprometida com um novo projeto ético-político, manifestando a ruptura com 
29 
 
 
 
o conservadorismo. O movimento de reformulação busca construir uma 
proposta de formação profissional que forme profissionais aptos a responderem 
às demandas contemporâneas, que se constituem como consequência das 
mudanças desenvolvidas no modo de produção capitalista, que alteraram 
radicalmente a esfera da produção e do Estado tendo como estopim o 
agravamento das manifestações da “questão social”. 
 
Segundo Iamamoto (2000, p.172) uma “Reforma Curricular atenta às 
transformações nos padrões de acumulação capitalista – produção e gestão da 
força de trabalho – nas estratégias de dominação e no universo da cultura”. As 
mudanças desenvolvidas nos padrões de produção e acumulação capitalista 
representam uma resposta à crise que o processo de acumulação capitalista 
passa a sofrer a partir da década de 1970, quando tinha sua base estrutural no 
modelo fordista/ keynesiano – padrão da produção rígida. 
 
Ainda segundo a autora estas mudanças visualizadas no ‘mundo do 
trabalho’, não são alheias ao Serviço Social, as mesmas também ocorrem na 
relação de trabalho do Assistente Social e ao mesmo tempo com o usuário dos 
serviços sociais. 
 
[...] formação profissional possibilite aos assistentes sociais 
compreender criticamente as tendências do atual estágio da 
expansão capitalista e suas repercussões na alteração das funções 
tradicionalmente atribuídas à profissão e no tipo de capacitação 
requerida pela ‘modernização’ da produção e pelas novas formas de 
gestão da força de trabalho; (IAMAMOTO, 2000, p.180). 
 
Sob as manifestações da “questão social”, com o processo de 
flexibilização do sistema capitalista, vêm sendo complexa em suas múltiplas 
expressões e determinações, o Serviço Social tem a sua demanda profissional 
aumentada, diversificada. 
 
Neste sentido, é colocada a necessidade de construção de um projeto 
de formação profissional apto a formar profissionais capazes de aprender este 
contexto e de responder às demandas apresentadas a profissão. Os caminhos 
30 
 
 
 
percorridos historicamente, através de debates desenvolvidos pela categoria e 
que fundamentaram a construção do Projeto Profissional atual, materializado 
nas diretrizes curriculares aprovadas pela categoria em 1996 tem como ponto 
de partida a construção do Currículo Mínimo3 do Serviço Social de 1982, este 
aprovado na Assembleia Nacional da ABESS4 em Natal – RN. 
 
O debate crítico do Currículo Mínimo de 1982 e a construção das 
Diretrizes Curriculares aprovadas em 1996 foram um processo desenvolvido 
coletivamente pela categoria em âmbito nacional realizados em 200 oficinas 
locais em unidades de ensino filiadas a ABESS, 25 oficinas regionais e duas 
nacionais, sob a coordenação da ABESS, no período de 1993 a 1996, com a 
participação do CFESS - Conselho Federal de Serviço Social, CRESS - 
Conselhos Regionais de Serviço Social e ENESSO - Executiva Nacional de 
Estudantes de Serviço Social. 
 
“A proposta das Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social 
apresenta como eixo central a “questão social” compreendendo que a 
perspectiva é, então, aprofundar a compreensão da‘questão social’ como 
elemento que dá concretude à profissão, ou seja, que é ‘sua base de fundação 
histórico-social na realidade’, e que nesta qualidade, portanto deve constituir o 
eixo ordenador do currículo.” (ABESS, 1997, p.20-21), ou seja, a formação 
profissional tem como objetivo capacitar e orientar os profissionais para intervir 
nas expressões da “questão social”. 
 
Outra questão, que é materializada através das diretrizes é a 
consolidação da hegemonia da vertente de intenção de ruptura, que representa 
a fundamentação da orientação do projeto ético–político profissional. 
 
 
 
3
 O currículo mínimo foi aprovado sob o Parecer 412/82 pelo Conselho Federal de Educação 
com prazo de dois anos para ser implementado nas escolas de Serviço Social. 
4
 Na ocasião denominada de ABESS – Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social. 
Atualmente, denominada de ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em 
Serviço Social, desde dezembro de 1998 quando houve a fusão da ABESS com o então 
CEDEPSS – Centro de Documentação e Pesquisa em Serviço Social. 
31 
 
 
 
CAPITULO II 
 
 
SERVIÇO SOCIAL NA ÀREA DA SAÚDE 
 
 
32 
 
 
 
3. O SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DA SAÚDE 
 
Iniciamos este capítulo com um breve relato sobre a História da Saúde 
no Brasil com a finalidade de apresentar as diretrizes do SUS - Sistema Único 
de Saúde, e abordarmos a implantação do ESF- Estratégia em Saúde da 
Família, junto com esse novo modelo de assistência insere-se como um apoio 
ao ESF o NASF- Núcleo de Apoio a Saúde da Família, o intuito é compreender 
como essas Políticas de Saúde foram implantadas e a inserção do Assistente 
Social dentro dessa política. 
 
3.1. A SAÚDE NOS ANOS DE 1920 a 2010 
 
A Assistência a Saúde dos trabalhadores se deu, através da 
industrialização nos países centrais, tendo como espelho a medicina social5, foi 
uma conquista da classe trabalhadora, para manutenção da ordem social 
capitalista e a mediação das relações entre classes sociais. 
 
Segundo Bravo (2006), a Saúde Pública, na década de 1920, adquire 
novo relevo no discurso do poder. Há tentativas de extensão dos seus serviços 
por todo o país. A reforma Carlos Chagas, de 1923, tenta ampliar o 
atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo uma das 
estratégias da União de ampliação do poder nacional no interior da crise 
política em curso, sinalizada pelos tenentes, a partir de 1922. 
 
Surge em 1920 as Políticas Sociais, para responder as questões sociais 
de uma forma orgânica e ordenada de ordem geral inclusive a de saúde que 
precisava ser aprimorada. Era necessário criar um modelo de assistência que 
atendesse as necessidades dos trabalhadores, os trabalhadores eram peças 
importantes no cenário político, com isso ocorreu a aceleração da urbanização 
e o aumento da classe trabalhara, e a precarização das condições de trabalho. 
 
 
5
 Medicina Social, um corpo de conhecimentos e ações, e métodos para adquirir 
conhecimentos e realizar ações referentes à atenção médica na sociedade. 
33 
 
 
 
É neste período que a saúde avança aonde viria beneficiar os 
trabalhadores das grandes indústrias visando à questão da higiene e saúde 
destes, assim nascem as CAPs - Caixas de Aposentadorias e Pensões, os 
trabalhadores contribuíam mensalmente com um valor, tendo como 
administrador desta alguém eleito pelo Presidente da República. 
 
A partir daí os trabalhadores passavam a ter direito a assistência médica 
curativa, pensão por morte para seus familiares no caso de falecimentos do 
trabalhador, auxílio invalidez e aposentadoria por tempo de serviço. 
 
Na década de 20 o governo começa a analisar que os modelos das 
CAPs, estavam aumentando os gastos para os seus financiadores, pois com a 
crescente massa de trabalhadores, isso se tornou um impasse no sistema 
financeiro já que uma parte da CAPs era financiada pela União então se 
pensou na separação de previdência e assistência social, diminuindo-se então 
os limites de atendimento médico hospitalar e farmacêutica. 
 
Nesta época a política de saúde era organizada em duas vertentes: 
saúde pública e medicina previdenciária, em que na saúde pública visava-se o 
mínimo as populações urbanas(campo), enquanto que, a medicina 
previdenciária só passou a funcionar a partir de 1966. 
 
A saúde pública tinha como um de seus primórdios as campanhas 
sanitaristas, interiorização das ações nas áreas de endemias rurais, em 
decorrência dos grandes fluxos de mão-de-obra para os grandes centros e 
combates as endemias. 
 
De acordo com Bravo (2006), a medicina previdenciária, que surgiu na 
década de 30, com a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), 
pretendeu estender para um número maior de categorias de assalariados 
urbanos e seus beneficiários como forma de “antecipar” as reivindicações 
destas categorias e não proceder a uma cobertura mais ampla. 
34 
 
 
 
Os IAP’s foram criados de acordo com a capacidade de organização, 
mobilização e importância da categoria profissional, processo de unificação dos 
IAPs já vinha sendo gestado desde 1941. 
 
Em 1960 foi promulgada a lei 3.807, denominada Lei Orgânica da 
Previdência Social, que veio estabelecer a unificação do regime geral da 
previdência social, destinado a abranger todos os trabalhadores sujeitos ao 
regime da CLT, excluídos os trabalhadores rurais, os empregados domésticos e 
naturalmente os servidores públicos e de autarquias e que tivessem regimes 
próprios de previdência. 
 
Segundo Oliveira e Teixeira Fleury (1986), apud Bravo (2006) p.94, a 
Saúde era para aqueles que tinham carteira assinada, houve uma extensão da 
cobertura para áreas urbanas, incluindo trabalhadores informais empregadas 
domésticas e trabalhadores autônomos. 
 
Após 1973, a cobertura previdenciária contempla os trabalhadores 
rurais, empregadas domésticas e trabalhadores autônomos passam a atender 
quase toda população urbana, as empresas começaram a implantar dentro dos 
grandes pólos industriais um complexo médico industrial conforme o 
capitalismo crescia maior era o controle por parte do Estado sobre os 
trabalhadores. 
 
O Estado começa a privilegiar a medicina privada, pois tinha passado a 
trazer lucro para o setor da saúde, devido à expansão do capitalismo no Brasil, 
com diferença no atendimento dos clientes. 
 
O bloco do poder instalado no aparelho estatal em 1964, não 
conseguindo, ao longo de dez anos, consolidar a sua hegemonia, 
precisou gradualmente modificar a sua relação com a sociedade civil. 
Houve a necessidade de estabelecer novos canais de mediação, que 
legitimassem a dominação burguesa e suas consequências políticas, 
econômicas e sociais (Bravo, 2006. p.94). 
 
35 
 
 
 
Através da pressão popular entre os anos de 1974 e 1979, o governo 
precisa equiparar o atendimento da saúde pública com um atendimento da 
saúde privada, que demandava um grande gasto, nesta época eram oferecidas 
pelo Estado as ações curativas, ou seja, ações que ajudam a compreender 
suas dificuldades e angústias, buscando possíveis soluções e alternativas de 
novos caminhos para alcançar melhoria na sua qualidade de vida. 
 
O Movimento Sanitário Brasileiro, a partir da década de 1970, intercedeu 
por transformações no sistema de saúde vigente, incluindo mudanças no 
modelo de atenção à saúde, com a adoção de medidas que permitissem e 
garantissem a participação da sociedade civil nas decisões. Nesta perspectiva, 
uma das principais reivindicações foi à criação de conselhos de saúde. Estes 
representaram na época de sua criação e institucionalização, demonstrações 
institucionais de um processo amplo de re-ordenamento das relações Estado-
sociedade. 
 
No Estado de São Paulo, nesta mesma época foi criada a Comissão de 
Saúde da região do Jardim Nordeste (zonaleste da cidade de São Paulo), que 
também foi responsável pela organização geral do Movimento de Saúde na 
região e pela dispersão em outros grupos comunitários da cidade desse tipo de 
discussão e atuação em torno da questão da cidadania e saúde. O Movimento 
de Saúde da Zona Leste (MSZL) tornou-se uma referência na área da 
participação popular em saúde e cumpriu um papel fundamental na criação e 
solidificação dos espaços institucionais de participação, que foram 
estabelecidos constitucionalmente em 1988. 
 
Na formação do movimento de saúde da zona leste acompanhamos 
um processo pelo qual uma carência é percebida como negação de 
um direito que provoca uma luta para conquistá-lo [...] alguns dos 
bairros mais pobres da periferia leste da capital, detectamos a 
presença de dois outros agentes cuja intervenção foi decisiva: a 
Igreja Católica e um grupo de médicos sanitarista (SADER, 2001, 
p.261). 
 
O papel dessa Comissão de Saúde era organizar a luta por meio de 
reuniões semanais realizadas na paróquia ou na casa de uma das mulheres 
36 
 
 
 
participantes. As reuniões eram abertas para quem quisesse participar e nelas 
eram discutidos temas como a situação do bairro, as reivindicações a serem 
feitas e a organização de assembleias públicas e de carreatas e caravanas 
para pressionar os dirigentes da Secretaria de Estado da Saúde (SES), de São 
Paulo. 
 
Como obra da luta do grupo, o Centro de Saúde do Jardim Nordeste foi 
inaugurado em 1979, em um imóvel alugado pela SES. No mesmo ano, foi 
criado o Boletim de Saúde para ser um veículo de comunicação entre a 
Comissão de Saúde e a população. 
 
Reivindicações em torno dos serviços de saúde já haviam sido 
levantadas antes. Em 1972 em grupo de mulheres do Jardim IV 
centenário, vila do bairro de São Mateus, havia começado a debates 
a falta de hospitais e centros de saúde na região. Depois de varias 
reuniões na igreja, elas foram em, elas foram à comissão até a 
Secretaria da Saúde levar a reivindicação de um centro de saúde 
para o bairro (SADER, 2001, pg.263/264). 
 
Após a instalação do Centro de Saúde e de seu funcionamento em 
bases consideradas satisfatórias, as reivindicações passaram a ser dirigidas 
para outras questões consideradas importantes pelo grupo. O objetivo era 
garantir as conquistas alcançadas e ampliar a área de atuação. Um modelo 
importante foi às reivindicações para a criação de um conselho supervisor, 
formado por moradores da região que usavam os serviços oferecidos pelo 
Centro de Saúde, para acompanhar o trabalho ali desenvolvido: “as demandas 
cruzaram a fronteira da área no sentido que expandiam o nível e o tipo das 
reivindicações”. 
 
Depois de várias reuniões na Igreja, levaram suas reivindicações a 
Secretaria de Saúde para ter um centro de saúde para o bairro. O movimento 
ganhou força com a chegada de médicos na comunidade, que transmitiu 
informações sobre as enfermidades e suas causas e qual seria o dever do 
Estado para assegurar a população. 
 
37 
 
 
 
Em face de tão sombria perspectiva, o Dr. Jackson comunicou que 
não seria preciso ir até a secretaria, porque já estava sendo 
providenciado um lugar melhor para a instalação de centro de saúde 
do Jardim Nordeste. Finalmente, em março de 1978, abriram o posto 
de saúde (SADER, 2001,pg.271). 
 
No âmbito da saúde os médicos tinham certa autoridade moral que fazia 
efeito sobre a população, apoiando atividades realizadas pela Pastoral da 
Saúde visitando favelas, promovendo cursos de primeiros socorros, 
orientações para gestantes, etc. 
 
Com base nas experiências anteriores perceberam que apenas o 
abaixo-assinado não tinha força suficiente para pressionar as autoridades, mais 
sim quando notarem que por trás do abaixo-assinado a população continua se 
organizando, consciente do direito e se mobilizem para continuar pressionando 
para alcançar seus objetivos, tendo assim um significado maior. 
 
Foi a partir de atendimentos feitos por médicos estudantes e sua 
professora nas dependências da igreja que a comunidade entendeu a 
insegurança do atendimento e que de fato precisavam de melhores condições 
de serviço de saúde. 
 
Em 1976 chegaram os primeiros 50 médicos sanitaristas da Rede 
Pública da Secretaria da Saúde, entre eles havia os que eram considerados de 
esquerda e os que predominavam. O que se pretendia era levar os 
conhecimentos sobre as causas sociais das doenças, a disposição 
demonstrada por alguns médicos de colocar em pratica o serviço de 
organização popular teria um papel decisivo na consolidação do movimento, 
fazendo uma ligação entre o Estado e os movimentos populares. 
 
O depoimento anterior, de um daqueles estudantes, já expressava 
certa visão crítica dos encaminhamentos propostos pelos agentes 
pastorais. No caso, considerava que o abaixo-assinado havia se 
tornado uma rotina sem maior eficácia além da auto-satisfação dos 
seus promotores. Porque ele havia simplesmente sido entregue ao 
agente pastoral, que o enviou às autoridades (SADER, 2001, p.265). 
38 
 
 
 
A década de 80 foi muito importante para os movimentos sociais por 
saúde porque as conquistas foram ampliadas, graças ao reconhecimento 
público das lideranças e ao fortalecimento da organização popular nas diversas 
regiões. O Movimento de Saúde da Zona Leste (MSZL), por exemplo, passou a 
definir, mais claramente, seus princípios e objetivos e sua relação com a 
política em geral, com os partidos políticos, com outras entidades civis, com os 
movimentos populares e com o Estado. 
 
Diante desses debates, as principais propostas eram que a saúde 
passasse a ser um direito social e dever do Estado, surge então à 
reestruturação da estratégia do sistema de saúde onde se pensa no 
reordenamento setorial com um novo olhar para a saúde individual e coletiva, 
usando as varias esferas de ordem municipal e Estadual através do 
financiamento efetivo das políticas de saúde onde o poder local será 
responsável pela gestão. 
 
Um marco histórico na questão da saúde foi a 8ª Conferência, onde 
houve uma grande participação da sociedade e, delegados os itens discutidos 
priorizavam o direito a saúde, esse debate fugiu a regra, pois a participação de 
entidades representativas com sindicatos, partidos políticos, associações não 
se esquecendo dos moradores foram proposto não somente um Sistema Único 
de Saúde6, mas Reforma Sanitária7. 
 
6
 O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. 
Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo 
acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Amparado por um conceito 
ampliado de saúde, o SUS foi criado, em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, para ser o 
sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros. Além de oferecer consultas, exames 
e internações, o Sistema também promove campanhas de vacinação e ações de prevenção e 
de vigilância sanitária – como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos –, 
atingindo, assim, a vida de cada um dos brasileiros. 
7
 No Brasil, a noção de Reforma Sanitária vem sendo associada à de movimento. Isso traz 
implicações importantes. Movimento significa processo, fenômeno dinâmico e inacabado. 
Sendo um processo em curso e sem final predeterminado, demarcar seu início também é 
tarefa complexa. A Reforma Sanitária brasileira tem sido objeto de estudo de vários 
pesquisadores da área da Medicina Social, que a partir de fins dos anos 70 passou a ser 
denominada, no Brasil, Saúde Coletiva. À produção desse conhecimento realizada no âmbito 
das universidades e pulverizada pelas diferentes unidades, associaram-se profissionais 
médicos militantes da rede pública de serviços na criação, em 76, do Centro Brasileiro de 
Estudos de Saúde, na reunião daquele ano da SBPC, então um importantefórum político dos 
cientistas brasileiros no combate ao autoritarismo vigente, constituiu-se o CEBES com a 
39 
 
 
 
A Assembleia Constituinte, com a relação à Saúde, transformou-se 
numa arena política em que os interesses se organizaram em dois 
blocos polares: os grupos empresariais, sob a liderança da 
Federação Brasileira de Hospitais [...] representadas pela Plenária 
Nacional pela Saúde na Constituinte, órgão que passou a congregar 
cerca de duas centenas de entidades representativas do setor 
(BRAVO, 2006. p.97). 
 
3.2. Reforma Sanitária 
 
O movimento da reforma sanitária culminou com a realização da 8a 
Conferência Nacional de Saúde, que ocorreu em março de 1986, com a 
participação de diversos setores da sociedade e na qual houve consenso sobre 
uma necessária e ampla reestruturação financeira, organizacional e institucional 
do setor saúde no Brasil indo ao encontro de uma ampliação do conceito de 
saúde. Assim, a saúde deveria estabelecer uma estreita relação com as 
condições de vida dos cidadãos, como moradia, alimentação, trabalho, lazer e 
renda. 
 
Após esta conferência, com a criação da Comissão Nacional da Reforma 
Sanitária, iniciou-se a implementação das políticas naquele momento 
sugeridas. O relatório obtido serviu de base para a Constituição de 1988, que 
preconiza um SUS - Sistema Único de Saúde. 
 
Esse novo modelo, inscrito na própria Constituição brasileira de 1988 no 
Art. n° 196 estabelece a saúde como direito de todos os cidadãos e dever do 
Estado, garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução 
do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
 
Pode-se dizer que três características definem o novo modelo: a criação 
de um sistema nacional de saúde, a proposta de descentralização e a criação 
de novas formas de gestão, que incluem a participação de todos os atores 
 
proposta de criação de uma revista - Saúde em Debate. O objetivo dessa publicação era 
veicular a nova perspectiva de análise da saúde, agora intimamente relacionada aos processos 
histórico-sociais. 
40 
 
 
 
envolvidos com a política (prestadores de serviços, trabalhadores, gestores e 
usuários), (VIANA e DAL POZ, 2012). 
 
Mas, (a regulamentação do SUS se dá apenas em 1990, a partir das Leis 
8.080 e a Lei 8.142), a chamada Lei Orgânica da Saúde (LOS), que cumprem 
legalmente a proteção e defesa da saúde garantida na Constituição. 
 
A Lei 8.080 dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e 
recuperação da saúde, e a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes e dá outras providências. Essa legislação regula as ações e 
serviços de saúde em todo território nacional, destaca a saúde como direito 
fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício; os fatores determinantes e 
condicionantes da saúde, entre eles a alimentação, a moradia, o saneamento 
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, educação, o transporte, o lazer e 
o acesso aos bens e serviços essenciais; princípios e diretrizes do SUS; 
atribuições, organização, direção do SUS em cada esfera de governo, além do 
financiamento, planejamento, recursos humanos e relacionamento com o setor 
privado. 
 
Vários estudos destacam a importância desta lei para país, como Minayo 
et al. mostra que este conceito ampliado de saúde relaciona-se diretamente 
com a melhoria da qualidade de vida da população, tendo como patamar 
mínimo e universal a satisfação das necessidades humanas elementares. 
 
No entanto, a lei 8080/90 teve de ser complementada devido aos vetos 
recebidos, tendo sido criada e 28 de dezembro de 1990, a lei 8.142. Esta lei 
dispõe sobre a participação da comunidade gestão do Sistema Único de Saúde 
e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área 
da saúde. Dispõe que o SUS contará em cada esfera de governo com a 
Conferência de Saúde e o Conselho de Saúde; alocação e repasse de recursos 
do Fundo Nacional de Saúde (FNS); bem como as exigências para receberem 
tais recursos. 
 
41 
 
 
 
A partir de 1991 foi criada as Normas Operacionais Básicas (NOB’s) com 
o objetivo de colocar em prática os princípios do SUS através de regimentos 
operacionais que regulamentam a descentralização através da municipalização 
da saúde. Foram editadas as “NOBs’ 01/91, 01/93 e a 01/96. E NOAS SUS 
01/2001 
 
A regulamentação do SUS, através das Leis Orgânicas da Saúde e 
Normas Operacionais Básicas, estabelece princípios e direciona a implantação 
de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, 
universalidade, integralidade da atenção e o controle social. Ao tempo em que 
incorpora em sua organização o princípio da territorialidade para facilitar o 
acesso das demandas populacionais aos serviços de saúde. E a possibilidade 
de extensão de acesso aos serviços de saúde aos mais pobres e excluídos aí 
se apresenta, pois o controle e a destinação de verba pública pela sociedade 
civil, realizado de forma democrática e com justiça social, tendem a diminuir as 
iniquidades (FRIEDRICH, 2005). 
 
Neste mesmo período o país atravessava um período de grandes 
mudanças com declínio de crescimento populacional, da taxa de fecundidade e 
taxas crescentes para o grupo de terceira idade. Além disso, do ponto de vista 
epidemiológico, houve uma transição gradual dos problemas de saúde, com o 
predomínio as doenças não infecciosas, podendo ser chamada de crônico- 
degenerativa, no lugar de mortalidade por doenças infecciosas. E o crescimento 
de causas externas, como homicídios e acidentes (VIANA e DAL POZ, 2012). 
 
Esse novo perfil da população interferiu na forma como setor saúde 
estava organizado, exigiu e ainda exige cada vez mais, a adoção de novos tipos 
de ações, equipamentos e intervenções. Como por exemplo, ações voltadas 
para a idade adulta e para a terceira idade. Ações estas não apenas voltada 
para cura, mas visando a prevenção e promoção de forma a auxiliar a 
população a conviver com estas doenças crônico- degenerativa e ter uma 
melhor qualidade de vida (VIANA e DAL POZ, 2012). 
 
42 
 
 
 
Esse contexto incidiu de forma bastante aguda na demanda e na oferta 
de saúde, e passou a ser denominado, nos anos 90, de crise da saúde. A crise 
da saúde é uma das razões mais fortes para a partir de 1995, fossem propostas 
mudanças no modelo assistencial operado por meio do Programa de Agentes 
Comunitários de Saúde (PACS) e Programa de Saúde da Família (PSF), 
provocando alterações na forma de organização dos serviços. Dessa forma, o 
PSF constitui uma estratégia de reforma do sistema de saúde no Brasil, tendo 
em vista que aponta para mudanças importantes na forma de remuneração das 
ações de saúde, nas formas de organização dos serviços e nas práticas 
assistenciais no plano local, e, portanto, no processo de descentralização 
(VIANA e DAL POZ, 2012). 
 
3.3. PROGRAMA DE AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE (PACS) 
 
Para colaborar com as mudanças no modelo assistencial, o PACS foi 
formulado em 1991 tendo como objetivo central de estender a cobertura de 
ações de saúde às populações rurais e das periferias urbanas e principalmente 
ao grupo materno-infantil, para contribuir com a redução da mortalidade infantil 
e mortalidade materna. Inicialmente implantado na região Nordeste, com ações 
de informação e educação em saúde direcionada a esse grupo, foi estendido à 
região Norte, onde a epidemia de cólera demandou a ação emergencial dos 
agentes comunitários no controle e prevenção da doença. 
 
O PACS tinha como objetivo geral: 
 
incorporar ao Sistema Único de Saúde, agentes 
comunitários de saúde para desenvolver ações básicasde 
saúde; identificar os fatores determinantes do processo 
saúde-doença; funcionar como elo de ligação entre a 
população e os serviços de saúde, contribuindo assim, 
com a comunidade, no processo de aprender e ensinar a 
cuidar da sua própria saúde” (BRASIL. 2012—E). 
 
 
43 
 
 
 
Desse modo, o programa assume o agente comunitário de saúde (ACS) 
como articulador dos serviços de saúde à comunidade, incluindo entre as suas 
atribuições o desenvolvimento de ações básicas de saúde e atividades 
educativas individuais e coletivas. Contribuiria, ainda, na produção de 
informações que possibilitassem a análise e o monitoramento da ação de 
saúde. Tornando-se peça importante para organização do serviço básico de 
saúde no município. Sendo responsável pelo acompanhamento de 400 a 750 
pessoas, dependendo das necessidades locais, que vivem no seu território de 
atuação, tendo suas atividades acompanhadas e orientadas por um enfermeiro 
da unidade de saúde, na proporção máxima de 30 agentes para cada 
enfermeiro, a qual atua como instrutor- supervisor, ministrando a capacitação 
desses ACS. Ressaltando que para a escolha do agente era considerado entre 
outras questões o fato de residir na área onde seria sua atuação, pois nada 
melhor do que o próprio morador para conhecer a realidade local. 
 
Dessa forma, pode-se afirmar que, o PACS auxiliou na implementação 
do SUS e na organização dos sistemas locais de saúde, pois o município que 
aderia ao programa era exigido certos requisitos. Entre eles estão o 
funcionamento dos conselhos municipais de saúde; a existência de uma 
unidade básica de referência do programa; a disponibilidade de um profissional 
de nível superior na supervisão e auxílio às ações de saúde e a existência de 
fundo municipal de saúde para receber os recursos do programa. Portanto, um 
instrumento de (re) organização dos modelos locais de saúde (VIANA e DAL 
POZ, 2012). 
 
3.4. IMPLANTAÇÃO DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
O quadro que se segue apresenta a sistematização da história do PSF 
no país. O mesmo foi elaborado pelo MS em comemoração aos 10 anos do 
PSF no Brasil e foi divulgado no Informe da Atenção Básica. 
 
 
 
 
44 
 
 
 
Momentos relevantes na história do PSF no Brasil: 
 
Final Década 80 Início da experiência de agentes comunitários de saúde pelo ministério da saúde (MS). 
 1991 Criação oficial do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Pelo MS. 
 1994 Realização do estudo: “Avaliação Qualitativa do PACS”. Criação do Programa de Saúde da Família (PSF). Primeiro documento oficial “Programa Saúde da 
Família: dentro de casa”. Criação de procedimentos vinculados ao PSF e ao PACS na Tabela do SIA/SUS. 
 1996 NOB 01/96 – Definição de novo modelo de financiamento para a atenção Básica à saúde com vistas à sustentabilidade financeira desse nível de atenção. 
Primeiro número dos “Cadernos de Saúde da Família: construindo um novo modelo.” 
 1997 Reforsus – Implantação dos Pólos de Capacitação, Formação e Educação Permanente de Recursos Humanos para Saúde da Família. Segundo documento 
oficial “PSF: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial”,dirigido aos gestores e trabalhadores do SUS e instituições de ensino. O PACS e PSF 
são incluídos na agenda de prioridades da política de saúde. Publicação da portaria MS/GM n. ° 1.882, criando o Piso de Atenção Básica (PAB). Publicação da 
Portaria MS/GM n. ° 1.886, com as normas de funcionamento do PSF e do PACS. 
 1998 O PSF passa a ser considerado estratégia estruturante da organização do sistema de saúde. Início da transferência dos incentivos financeiros ao PSF e ao 
PACS, do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais de Saúde. 
Primeiro grande evento: “I Seminário de Experiências Internacionais em Saúde da Família.” Edição do “Manual para a Organização da Atenção Básica.”, 
importante respaldo organizacional para o PSF. Definição, pela primeira vez, de orçamento próprio para o PSF, estabelecido no Plano Plurianual. 
 1999 Realização do 1.º Pacto da Atenção Básica. Segundo grande evento: “I Mostra Nacional de Produção em Saúde da Família- construindo um novo modelo.” 
Lançamento do 1. ° número da “ Revista Brasileira de Saúde da Família. Realização do estudo “ Avaliação da implementação e funcionamento do Programa 
Saúde da Família.” Edição da Portaria n. ° 1.329 que estabelece as faixas de incentivo ao PSF por cobertura populacional. 
 2000 Criação do Departamento de Atenção Básica para consolidar a Estratégia de Saúde da Família. Publicação dos Indicadores 1999 do Sistema de Informação da 
Atenção Básica. 
 2001 Edição da “Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS/01”, ênfase na qualificação da atenção básica. 
Terceiro evento: “II Seminário Internacional de Experiências em Atenção Básica / Saúde da Família”. Apoio à disponibilização de Medicamentos básicos para 
Equipe de Saúde da Família (ESF). Incorporação das ações de saúde bucal no PSF. Primeira fase do estudo: “Monitoramento das equipes de Saúde da Família 
no Brasil.” 
 2002 Quarto evento: “PSF – A saúde mais perto de 50 milhões de brasileiros”. Fase do estudo: “Monitoramento das equipes de Saúde da Família no Brasil.” 
 2003 Início da execução do Programa de Expansão e Consolidação da Estratégia de Saúde da Família (PROESF). Publicação dos Indicadores 2000, 2001 e 2002 do 
Sistema de Informação básica. 
 
Fonte: Brasil, 2012-C. Informe da Atenção Básica 21: dez anos de saúde da família Brasil. 
 
A implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil a partir da 
década de 1990 representou uma importante inflexão no padrão historicamente 
consolidado de organização dos serviços de saúde no país. Financiado com 
recursos fiscais, o SUS fundamentou-se em três princípios básicos: 
 
 Universalidade do acesso aos serviços em todos os níveis de 
assistência para todos os cidadãos brasileiros, independentemente 
de renda, classe social, etnia, ocupação e contribuição; 
 Descentralização em direção aos estados e municípios, com 
redefinição das atribuições e responsabilidades dos três níveis de 
governo; e 
 Participação popular no significado da política de saúde em cada 
nível de governo, bem como no acompanhamento de sua execução. 
 
Após as décadas de privilégio à atenção hospitalar, herança da medicina 
previdenciária, em que a alocação de recursos federais em estados e 
municípios se dava com base principalmente na produção de serviços e na 
45 
 
 
 
capacidade instalada, os esforços, programas e investimentos públicos 
passaram a se concentrar na atenção básica, com a adoção do Programa de 
Saúde da Família (PSF), por meio de incentivos financeiros específicos e da 
criação de mecanismos de transferência de recursos federais calculados com 
base no número de habitantes de cada município. 
 
Esses pressupostos, tidos como capazes de produzir um impacto 
positivo na orientação do novo modelo e na superação do anterior – 
calcado na supervalorização das praticas da assistência curativa, 
especializada e hospitalar, e que induz ao excesso de procedimento 
tecnológico e medicamentoso e, sobretudo, na fragmentação do 
cuidado encontram, em relação aos recursos humanos 
(Especialização em Saúde da Família, UNIFESP). 
 
A implantação do PSF é um marco na incorporação da estratégia de 
atenção primária na política de saúde brasileira, influenciado a formulação das 
políticas de saúde no Brasil, e seus princípios foram traduzidos no novo modelo 
de proteção social em saúde instituído com o SUS. Contudo, uma política 
específica, nacional, de atenção primária para todo o país nunca havia sido 
formulada, ainda que diversas experiências localizadas tenham sido 
implantadas de modo disperso. Surgido em 1994 e inicialmente voltado para 
estender a cobertura assistencial em áreas de maior risco social.Desde 1999, passou a ser considerado pelo Ministério da Saúde como 
uma estratégia estruturante dos sistemas municipais de saúde, com vistas a 
reorientar o modelo assistencial e imprimir uma nova dinâmica na organização 
dos serviços e ações de saúde. A ESF agrupa os princípios do SUS e se 
aborda os pressupostos da atenção primária em saúde, o primeiro contato, 
abrangência do cuidado, coordenação e orientação à família e às 
comunidades, procurando partir com a noção de uma atenção de baixo custo 
simplificada. 
 
[…] procurando reorganizar o processo de trabalho em saúde 
mediante operações Intersetoriais e ações de promoção, prevenção e 
atenção à Saúde, permitindo a gestores, profissionais e usuários do 
SUS compreender a dinâmica dos lugares e dos sujeitos 
46 
 
 
 
(individual/coletivo), desvelando as desigualdades sociais e a 
iniqüidades em saúde (Especialização em Saúde da Família, 
UNIFESP). 
 
O padrão preconiza uma equipe de saúde da família de caráter 
multiprofissional (médico generalista, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e 
agente comunitário de saúde) que trabalha com demarcação de território de 
abrangência, o cadastramento e acompanhamento da população residente na 
área. 
 
Almejar-se que a unidade de saúde da família constitua a porta de 
entrada ao sistema local e o primeiro nível de atenção, o que supõe a 
integração à rede de serviços mais complexos. Recomenda-se que cada 
equipe seja responsável por entre 600 e 1.000 famílias (2 400 a 4 500 
habitantes). A equipe deve conhecer as famílias do seu território de 
abrangência, identificar os problemas de saúde e as situações de riscos 
existentes na comunidade, tal como, elaborar um programa de atividades para 
enfrentar os determinantes do processo saúde/doença, desenvolver ações 
educativas e Intersetoriais relacionadas com os problemas de saúde 
identificados e prestar assistência integral às famílias sob sua responsabilidade 
no âmbito da atenção básica. 
De acordo com as orientações da estratégia de Saúde da Família as 
ações de cada um dos componentes da equipe ficaram assim estabelecidas: 
 Os ACS estabelecem a ligação entre as famílias e o serviço de saúde, 
realizando mapeamento das áreas, o cadastramento/diagnóstico, a 
identificação de micro áreas de risco e ações coletivas com vistas a mobilizar a 
comunidade. 
 O médico atende a todos integrantes de cada família, independente de 
sexo e idade, e desenvolve com os demais integrantes da equipe ações 
preventivas e de promoção da qualidade de vida da população. 
 O enfermeiro supervisiona o trabalho do agente comunitário e do auxiliar 
de enfermagem, realiza consultas na unidade de saúde, além de atender 
pessoas que necessitem de cuidados de enfermagem no domicílio. 
 O auxiliar de enfermagem realiza procedimentos de enfermagem na 
unidade de saúde e no domicílio, e executa ações de orientação sanitária. 
47 
 
 
 
 A implantação do ESF foi acelerada nos municípios de pequeno porte, 
com baixa ou nenhuma capacidade instalada. Entretanto, nos grandes centros 
urbanos, a implementação do ESF tem sido lenta, pois se encontrou com 
questões de maior complexidade relacionadas o agrupamento demográfico, ao 
elevado grau de exclusão no acesso aos serviços de saúde, a agravos de 
saúde típicos das grandes cidades e metrópoles e a uma oferta consolidada em 
uma rede assistencial desarticulada e mal distribuída. 
 
A grande questão diante destes trechos apresentados e como a equipe 
de saúde, discute os desdobramentos da Questão Social dentro da estratégia 
de saúde da família, em sua concepção, mudanças na dimensão 
organizacional do modelo assistencial ao constituir uma equipe 
multiprofissional responsável pela atenção à saúde de uma população 
circunscrita, definir o generalista como o profissional médico de atenção básica 
e instituir novos profissionais, a saber, os agentes comunitários de saúde, 
voltados para a ação comunitária, ampliando a atuação da equipe sobre os 
determinantes mais gerais do processo saúde-enfermidade. 
 
Perante algumas situações de saúde e adoecimento em nosso país, 
onde as doenças são definidas pelo perfil epidemiológico da população, frente 
a globalização, faz com que a população apresente agravos a saúde, onde 
surgem casos de violência sexual, doméstica, saúde mental, pobreza alto uso 
de drogas lícitas e ilícitas, entre outros agravantes. 
 
Tal função não basta em si mesma, e um aprofundamento é 
necessário para cada um se reconheça e reconheça também a 
atividade do outro e não perca de vista o trabalho compartilhado 
(Especialização em Saúde da Família, UNIFESP). 
 
 
Em 2008 o MS reconhece a necessidade de incluir novas categorias 
profissionais para atuar na atenção básica dando suporte as equipes da ESF. 
Através da portaria nº 154 de 24 de janeiro de 2008, cria-se os NASF - Núcleos 
de Apoio à Saúde da Família. 
 
48 
 
 
 
§ 3º do Art.1º - Os NASF devem buscar instituir a plena 
integralidade do cuidado físico e mental aos usuários do 
SUS por intermédio da qualificação e complementaridade 
do trabalho e das Equipes Saúde da Família (portaria 154 
de 24/01/2008). 
 
 
 
3.5. A experiência do município de Guarulhos na implantação dos 
NASF 
 
A cidade de Guarulhos, foi fundada 8 de Dezembro de 1560, é a 
segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo, sua população 
segundo o IBGE de 2011 é de 1.233.436 habitantes; é considerada a 9º cidade 
mais rica do Brasil. 
 
 Neste contexto, podemos apontar algumas expressões da Questão 
Social no município, condições de habitação precárias, devido ao crescimento 
desordenado, gerando a falta de saneamento e infraestrutura. Grande parte da 
população está em situação de vulnerabilidade, consequência da má 
distribuição da riqueza, sendo notória a diferença em alguns bairros tais como: 
Jd. Maia, Vila Galvão e Vila Rosália onde há belas praças, bosques e pontos 
de cultura e na periferia a população é paupérrima e não tem acesso as 
políticas sociais. 
 
O sistema de saúde de Guarulhos é dividido em quatro regiões de 
saúde: Região 1 – Centro, Região 2 – Cantareira, Região 3 – São 
João/Bonsucesso e Região 4 – Pimentas/Cumbica. A Atenção básica possui 
68 unidades de saúde, mas nem todas possuem a Estratégia da Saúde da 
Família, a cobertura populacional nesta modalidade é apenas de 20,13% 
segundo, dados da Secretaria saúde da Saúde do município. A maior parte 
configura-se como modelo tradicional, ou seja, a população vai a unidade de 
saúde espontaneamente. 
 
 
49 
 
 
 
 
Fonte: Secretaria Municipal de Saúde de Guarulhos - 2011 
 
 
 
 
 
 
 Região 1 
 Região 3 
 Região 4 
 Região 2 
50 
 
 
 
A Saúde da Família é uma estratégia de substituição de um modelo em 
que os trabalhadores da saúde atuam exclusivamente sobre a demanda 
espontânea de usuários, demanda essa majoritariamente voltada para a cura 
de doenças. Um modelo com ênfase no enfoque curativo, tratando o indivíduo 
como objeto de ação, com baixa capacidade de resolver problemas de saúde, 
saber e poder centrados no médico, acarretando desvinculação entre pessoal 
de serviço e comunidade, e uma relação de custo beneficio desvantajosa. Já o 
ESF busca um modelo plenamente sintonizado com os princípios da 
universalidade e equidade da atenção e da integralidade das ações, e acima de 
tudo, voltado à constante defesa da vida do cidadão. 
 
 O ESF é a tentativa de inversão do modelo tradicional e assim teria 
início, meio e fim, mas com sua implantação e implementação viu-se que esta 
reestruturação não teria término, pois este modelo ativo de atenção beneficia 
muitas pessoas. 
 
No Art. 7º da portaria 154/2008, é de competência das Secretarias de 
Saúde dos municípios e do distrito federal, a definição do território de atuação 
dos NASF, e as equipes de saúde da família a qual este NASF estará 
vinculado,também dentre estas competências esta, disponibilizar estrutura 
física adequada e garantir os recursos de custeio necessários ao 
desenvolvimento das atividades mínimas, assegurar o cumprimento da carga 
horaria, estabelecer estratégias para desenvolver parcerias com os demais 
setores, selecionar e contratar profissionais para o NASF. 
 
O município de Guarulhos em 2009, seguindo as diretrizes do MS – 
Ministério da Saúde fez a opção de implantação do NASF 2 que deverá ser 
composto no mínimo por 3 profissionais de nível superior não-coincidentes: 
Fisioterapeuta, Nutricionista, Psicóloga, Assistente Social, Educador Físico, 
Fonoaudiólogo e Terapeuta Ocupacional. 
 
Segundo a Portaria 154/2008 cada NASF deverá estar vinculado a 
no mínimo 3 equipes de ESF. Atualmente Guarulhos possui seis NASF 
cadastrados que recebem o valor mensal de R$ 6.000,00, o repasse é 
51 
 
 
 
realizado através do Fundo Nacional da Saúde para o Fundo Municipal de 
Guarulhos. 
 
Podemos ilustrar o atendimento do NASF de uma das Unidades do 
Município de Guarulhos, nesta unidade existem 9 equipes, onde tem-se 4 
completas e 5 incompletas, as equipes são consideradas incompletas por não 
terem na sua composição o Medico, sendo assim chamamos as de EACS – 
Estratégia Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde. 
 
Cada um desses NASF deve estar vinculado a um mínimo de oito e 
máximo de 20 equipes de Saúde da Família, exceto nos estados da 
Região Norte, onde o número mínimo passa a ser cinco (Caderno de 
Diretrizes do NASF, 2009 p. 20). 
 
O NASF tem como campo de atuação à promoção, prevenção e 
assistência, sendo: 
1º Campo: o atendimento compartilhado para uma intervenção 
interdisciplinar, com a troca de saberes, educação permanente e 
responsabilização mutuam, gerando experiência para ambos os profissionais 
envolvidos. Ênfase em estudo e discussão de casos e situações, realização de 
projeto terapêutico, bem como atendimento em conjunto. 
 
2º Campo: intervenções especificas do NASF com usuários e famílias, 
encaminhados pela equipe de saúde da família com discussões e negociação a 
priori entre profissionais responsáveis pelo caso, de forma que o atendimento 
individualizado pelo NASF se dê apenas em situações extremamente 
necessária. 
 
3º Campo: Ações comuns nos territórios de sua responsabilidade, 
desenvolvidas de forma articulada com as equipes saúde da família e outros 
setores, exemplos: desenvolvimento de projetos de saúde no território, apoio 
aos grupos, trabalhos educativos, de inclusão social, etc (escolas, creches, 
pastorais e outros). 
 
52 
 
 
 
O NASF, não é porta de entrada do sistema e surge com um viés 
técnico-pedagógico, ou seja, propor estratégias de como deliberar determinada 
situação, dessa maneira o conhecimento passa a ser difundido. Essa prática de 
expansão de conhecimento muda de região para região, e o método é aplicado 
de forma diferente para cada equipe conforme sua necessidade. 
 
São apresentadas estratégias de atendimento, por exemplo, a escola 
da região faz diversos encaminhamentos para fonoaudiólogo, esse profissional 
acumula um determinado número de encaminhamentos para serem atendidos, 
em seguida faz a convocação dos mesmos, reúnem-se então os usuários em 
uma roda de conversa, e através de técnicas ele consegue analisar quais 
usuários realmente necessitam de um atendimento especializado, com 
agendamento individual ou em grupo. 
 
Assim, um pediatra que fizesse apoio matricial a essa equipe teria 
que investir grande energia na dimensão técnico-pedagógica, 
compartilhando conhecimentos com a equipe para que ela pudesse 
se aproximar da resolutividade desejada para esses casos. Isso vale 
para um psicólogo, para um nutricionista ou para qualquer outro 
especialista que preste apoio para essa equipe (Caderno de 
Diretrizes do NASF, 2009 p. 12). 
 
Os acolhimentos são feitos pelo ACS em suas visitas domiciliares, onde 
esses profissionais encontram situações diversas como: abuso sexual, 
violência doméstica, contra idosos, crianças e adolescentes, estupro, 
abandono, dependentes químicos entre outros. A partir do relato do usuário, o 
profissional diante do seu conhecimento que é de nível fundamental faz as 
respectivas perguntas para colher informações detalhadas dos fatos. 
 
Diante do exposto pelo usuário, a enfermeira (o) responsável pelos 
agentes comunitários recolhe esses relatórios, sendo discutido o caso a equipe 
da ESF, não chegando a uma solução, passa-se então o caso para o NASF. 
 
Em tal contexto, as equipes dos NASF deverão atuar em conjunto 
com as equipes de Saúde da Família, apoiando-as para que possam 
incrementar não só a integralidade, mas também a resolutividade, a 
53 
 
 
 
qualidade do cuidado, as ações de promoção de saúde e o 
acompanhamento e monitoramento em seus diversos aspectos 
(Caderno Diretrizes do NASF, 2009, p.17). 
 
Após o matriciamento, são agendadas as visitas domiciliares com os 
profissionais do NASF, dependendo da necessidade de cada caso a visita é 
realizada pelo profissional especializado, por exemplo, o ACS identificou um 
caso de maus tratos de um idoso, realiza-se a visita com Assistente Social, na 
visita desse profissional ele identifica uma magreza extrema do idoso, então se 
solicita a visita da nutricionista. 
 
O profissional mais requisitado dentro da equipe do NASF é o Assistente 
Social, principalmente em áreas de vulnerabilidade social, em que a maioria 
das pessoas estão em habitações irregulares, existem também muitos casos 
de violência, diante disso criou-se então a atuação do assistente social no 
NASF, que podemos entender melhor através do Caderno de Diretrizes do 
NASF. 
 
[...] com discussão e negociação a priori com os profissionais da 
equipe de SF responsáveis pelo caso, de forma que o atendimento 
individualizado pelo Nasf se dê apenas em situações extremamente 
necessárias e, quando ocorrer, continuar mantendo contato com a 
equipe de SF, que não se descomprometeria com o caso, ao 
contrário, procuraria redefinir um padrão de seguimento 
complementar e compatível ao cuidado oferecido pelo Nasf 
diretamente ao usuário, ou à família ou à comunidade (Caderno de 
Diretrizes do NASF, 2009, p.20). 
 
O Assistente Social é o profissional capacitado para trabalhar com as 
questões do cotidiano. Através de uma visão especializada, consegue diante 
do cenário da atualidade visualizar as necessidades dos usuários, sendo ele 
capaz de planejar e realizar projetos junto a uma comunidade, onde estabeleça 
uma relação e identifique a real necessidade daquela população. 
 
Na área da Saúde é um profissional articulador, portador de 
conhecimentos, conforme lei No. 8.662 de 7 de Junho de 1993 que 
regulamenta a profissão, esse profissional tem habilidade de articulação entre 
54 
 
 
 
as secretarias e estratégias de atendimento para que o usuário tenha sua 
autonomia. 
 
O assistente social é um profissional que trabalha permanentemente 
na relação entre estrutura, conjuntura e cotidiano, contribuindo com 
as equipes na apreensão e na ação em face do cotidiano, no qual as 
determinações conjunturais se expressam e a prática se realiza 
(Caderno de Diretrizes do NASF, 2009 p.99). 
. 
Neste contexto, é possível refletir sobre a Inserção do Assistente Social 
na ESF, uma vez que a desprofissionalização esta acontecendo com a 
utilização de agentes comunitários de saúde e cuidadores para realizarem 
atividades profissionais (BRAVO, 2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
55 
 
 
 
CAPITULO III 
 
 
A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ESTRATÉGIA DA 
SAÚDE DA FAMÍLIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
56 
 
 
 
4. A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA ESTRATÉGIA DA SAÚDE 
DA FAMÍLIA 
Ao iniciarmos o estudo sobre a trajetória do Serviço Social, pudemos 
apreciar o seu percurso, que deixou de ser entendido como caridade,

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