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ANTIMICROBIANOS · Bases teóricas e uso clínico. · Diversos estudos têm demonstrado que aproximadamente 50% das prescrições médicas de antimicrobianos são feitas de forma inadequada. · O uso excessivo destes fármacos não apenas está associado à emergência e seleção de cepas de bactérias resistentes, mas também a eventos adversos, elevação dos custos e da morbi-mortalidade. PROPRIEDADES FARMACOLÓGICAS DOS ANTIMICROBIANOS (Farmacocinética e Farmacodinâmica) · O melhor antibiótico é aquele que com menor concentração inibitória mínima (pois quer dizer que ele consegue ser eficaz na menor quantidade possível, diminuindo a ocorrência de resistência bacteriana) MECANISMO DE AÇÃO B-LACTÂMICOS • Núcleo estrutural o anel ß-lactâmico, o qual confere atividade bactericida. • Os mecanismos de ação e de resistência são comuns a todos! • AÇÃO: interfere na síntese do peptideoglicano (responsável pela integridade da parede bacteriana). • Penetram na bactéria através das porinas presentes na membrana externa da parede celular bacteriana. • Não devem ser destruídos pelas ß-lactamases produzidas pelas bactérias. • Devem ligar-se e inibir as proteínas ligadoras de penicilina (PLP) responsáveis pelo passo final da síntese da parede bacteriana. Os mecanismos de resistência serão comuns a todos os beta-lactâmicos. ► penicilinas ► cefalosporinas ► carbapenens ► monobactans B-LACTÂMICOS (RESISTÊNCIA) • Produção de ß–lactamases pelas bactérias: enzimas que destroem o anel beta-lactâmico • Modificações estruturais das proteínas ligadoras de penicilina (PLP). • Diminuição da permeabilidade bacteriana ao antimicrobiano através de mutações e modificações nas porinas, proteínas que permitem a entrada de nutrientes e outros elementos para o interior da célula. PENICILINAS (CLASSIFICAÇÃO) • Penicilinas naturais ou benzilpenicilinas; • Aminopenicilinas; • Penicilinas resistentes às penicilinases; • Penicilinas de amplo espectro (inibidores de ß-lactamase). INDICAÇÕES: Pneumonias, otites e sinusites, faringites e epiglotites, Infecções cutâneas, meningites, bacterianas, infecções do aparelho reprodutor, endocardites bacterianas e Profilaxia. BENZILPENICILINA OU PENICILINAS NATURAIS Também acabam sendo a droga de escolha para algumas espiroquetas: ex.: sífilis ✓ Penicilina cristalina aquosa: exclusivamente IV ✓ Penicilina G procaína: IM ✓ Penicilina G benzatina: IM ✓ Penicilina V: VO Cobrem gram (+), gram (–) (lembrando que gram – tem grande capacidade de desenvolver beta-lactamase, criando resistência) e também cobrem anaeróbios; Penicilina cristalina: utilizadas para doenças de sistema nervoso central, pois atravessa a BHC (a penicilina benzatina não atravessa) Atualmente a Penicilina benzatina serve para: tratar sífilis (e não neurossífilis), profilaxia de febre reumática e eventualmente profilaxia para infecções de pele recorrente (PARAR DE DAR BENZETACIL PARA TUDO, pois é uma penicilina de depósito) AMINOPENICILINAS (SEMI-SINTÉTICAS) ✓ Ampicilina VO/IV: serve para todas aquelas indicações já citadas e também tem indicação para enterococos (quando sensível) ✓ Amoxacilina VO: quando associada com inibidor da beta-lactamase vira uma penicilina de amplo espectro PENICILINAS RESISTENTES ÀS PENICILINASES (ANTIESTÁFILOCÓCICAS) A melhor droga anti-estafilococos é a oxacilina! Quando falamos em estafilo dividimos em dois grupos, aqueles que são meticilinos sensíveis ou meticilinos resistentes. Nos meticilinos sensíveis o protótipo de tratamento será a oxacilina. Piperacilina + tazobactam: tem amplo espectro pois possuem beta-lactamase → assim são melhores para gram negativos, pois destruímos o mecanismo de resistência dessas bactérias → é a primeira com ação anti-pseudomonas PENICILINAS DE AMPLO ESPECTRO (INIBIDORES DE B-LACTAMASE) Piperacilina/tazobactan → ação antipseudomonas CEFALOSPORINAS 1ª GERAÇÃO Quanto mais você caminha nas gerações, mais você reforça sua cobertura para gram+. Elas tem grande cobertura para gram+ e uma certa dificuldade para gram (-). As gestantes podem tomar todas as penicilinas e cefalosporinas. Na verdade, todos os beta-lactâmicos podem ser dados para gestantes. São drogas que não tem ação anaerobicida, salvo uma exceção que é a cefoxitina. São muito utilizadas em profilaxias cirúrgicas. CEFALOSPORINA 2ª GERAÇÃO Cefoxitina → A única das cefalosporinas que tem uma ação para anaeróbio. CEFALOSPORINA 3ª GERAÇÃO Aqui você ganha um incremento ENORME de cobertura para GRAM (-). É uma das classes que mais induz resistência bacteriana • Cefotaxima • Ceftriaxona: não dá cobertura para pseudomonas • Ceftazidima → cobre pseudomonas Lembrando que as pseudomonas são todas resistentes a cefalosporinas de 3ª geração, salvo ceftazidima. CEFALOSPORINAS 4ª GERAÇÃO Tem uma resistência maior a betalactamase, tem cobertura maior ainda para gram (–) multirresistentes. Porém na prática clínica estamos percebendo que quase todas as bactérias multirresistentes estão resistentes ao cefepime. CARBAPENENS • Estáveis à maioria das ß– lactamases. • Ertapenem não tem atividade contra P. aeruginosa e A.baumannii → então não é uma droga boa, caindo em desuso. Porém com o tempo as bactérias desenvolveram as carbamapenases. As bactérias KPC são klebsielas produtoras de carbamapenazes; Cobre gram (-) de forma excelente, cobre gram (+) com algumas exceções e cobrem anaeróbios (sendo uma ótima drogas para anaeróbios). Na prática clínica o melhor é o meropenem 2g a cada 8 horas (dose plena). MONOBACTANS • Gran – (enterobacteriaceas). • Exclusiva para gram negativos Problema: Basicamente não podem ser usados isoladamente, pois sozinho é muito indutor de resistência, e preferencialmente tem que ser associado com algum ATB bactericida. QUINOLONAS • Inibem a atividade da DNA girase ou topoisomerase II, enzima essencial à sobrevivência bacteriana. • Assim como as cefalosporinas elas evoluem por geração • 1ª geração: ácido nalidíxico e ácido pipemídico: foram totalmente abolidos: risco de ruptura de ligamentos, deficiências ósseas, etc. • 2ª geração: norfloxacino, ciprofloxacino (mais usadas) Ciprofloxacino: tem poder antipseudomonas, dá boa cobertura para gram (-) e gram (+). É ao contrário, da segunda para a quarta geração nós perdemos a cobertura para gram (-). A moxifloxacino e levofloxacino dão cobertura para a parte respiratória: você amplia o espectro para germes atípicos, além da cobertura de gram (+) e gram (-). NÃO DÁ COBERTURA PARA ANAERÓBIOS. Levo e moxi além disso, tem facilidade de uso diário, pois são doses únicas diárias. AMINOGLICOSÍDEOS • Ligam-se à fração 30S dos ribossomos inibindo a síntese proteica ou produzindo proteínas defeituosas. •Resistência: alteração dos sítios de ligação no ribossomo; alteração na permeabilidade; modificação enzimática da droga. Aqui o carro chefe são bactérias gram (-); eles têm grande resistência a beta-lactamases, o problema é que são drogas que não conseguem atingir concentrações ideais em determinados tecidos. MACROLÍDEOS • Ação: inibição da síntese protéica dependente de RNA. • Bactérias atípicas: Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumophila, Chlamydia spp. • Resistência: ↓ da permeabilidade da célula ao antimicrobiano, alteração no sítio receptor da porção 50S do ribossoma e inativação enzimática. Vieram para dar cobertura para bactérias atípicas: mycoplasma, legionella e clamídia. Não tem cobertura para anaeróbios, cobertura muito fraca para gram – e cobertura ótima para gram + e germes atípicos. Droga boa para vias respiratórias. Também tem ação sobre o treponema, tem ação nas uretrites gonocócicas também tem ação excelente e demais outras doenças (até espiroquetas como a leptospirose, mesmo não sendo a droga de escolha, claro). NITROIMIDAZÓLICOS • Bactérias anaeróbicas estritas e certos protozoários como amebíase, tricomoníase e giardíase. • Ação: inativação do DNA, impedindo a síntese enzimática das bactérias. • A grande indicação é para anaeróbios: não cobre gram + nem gram negativo. Também é usado para tratar amebíase,estrongiloidiase, giardíase – então utiliza tanto para bactérias quanto para parasitas intestinais. Podemos usar até nas vulvovaginites para matar bem a gardnerella. LINCOSAMINAS • Ação: Inibem a síntese proteica nos ribossomos. • Resistência: alterações no sítio receptor do ribossoma. · Clindamicina VO/IV · Lincomicina: saiu do mercado A grande ação é para gram + e anaeróbios É bacteriostático, boa para tratar infecções de boca, infecções de pele (strepto, estafilo), vantagem de conseguir internar o paciente e depois trocar para medicação oral e mandar para casa. SULFONAMIDAS • Ação: bacteriostático (inibe o metabolismo do ácido fólico). • Pega gram + e – e não pega anaeróbios · Sulfametoxazol/trimetoprim · Sulfadiazina: também é utilizada para tratar alguns tipos de protozoários como a toxoplasmose Sulfadiazina: também foi muito usada para tratar paracoco CLORANFENICOL • Ação: inibindo a síntese proteica da bactéria. • Indicação: infecções por enterococos resistentes à vancomicina, salmoneloses, ricketsioses ou erlickiose, alternativa nas meningites. Droga que antigamente foi muito usada e hoje não mais. Tem risco de desenvolvimento de aplasia de medula quando em uso prolongado. GLICOPETÍDEOS • Inibe a síntese do peptideoglicano, além de alterar a permeabilidade da membrana citoplasmática e interferir na síntese de RNA citoplasmático. ► Vancomicina IV - 1g a cada 12 horas ► Teicoplamina IV/IM Só dão cobertura para gram (+) resistentes a oxacilina Pode causar disfunção renal, então tem que tomar muito cuidado Tem penetração subótima no SNC (porém ainda assim conseguem penetrar). OXAZOLIDINONAS • Ação: inibição da síntese proteica (bacteriostática). • Linezolida VO/IV → são caras Exclusiva para gram (+) ESTREPTOGRAMINAS • Ação: inibe a síntese proteica bacteriana. • Indicação: estafilococos resistentes a oxacilina e vancomicina. · Quinopristina e Dalfonopristina= 7,5 mg/kg (8/8h ou 12/12h) Excelente para gram (+), porém não emplacou, é uma droga que teve um uso subótimo e acabou meio que saindo do mercado. TETRACICLINAS •Espectro: bactérias gram-positivas, gram-negativas aeróbias e anaeróbias, espiroquetas, riquétsias, micoplasma, clamídias e alguns protozoários. • Inibição: síntese proteica. Muito usadas! Boas quando sabemos enquadras na indicação certa. Com o advento das resistências bacterianas, tem indicações em doenças específicas Não tem ação potente contra anaeróbias; hoje temos usado como opção terapêutico a aminociclina que é derivada da tetraciclina em infecções mais resistentes (porém sempre em associação) Tetraciclina trata gonorreia, clamídia, donovanose, linfogranuloma venéreo, doença do carrapato, espiroquetas (leptospirose em casos leves), etc. GLICILCICLINAS • Inibe a tradução proteica nas bactérias. • Espectro: gran + / Gran - / anaeróbio ( exceto P. aeruginosa e Proteus mirabilis). • Veio tentar dar um reforço para infecçõe multi-resistentes, o probelma é que não tem ação para pseudomonas Em infecções hospitalares a pseudomonas é um germe muito importante, então nesses casos, precisa da cultura para confirmar que ela não está presente (o que é uma dificuldade em cidades pequenas). Em estudos recentes: Aumentou o risco de morbi-mortalidade no tratamento de pneumonias hospitalares - É muito usada em infecções graves intra-abdominais por exemplo POLIMIXINAS Ação: interagem com a molécula de polissacarídeo da membrana externa das bactérias gram-negativa. Quando nada funciona contra os gram – entramos com as polimixinas. Tem a questão do ajuste de dose bem complicada, com toxicidade hepática, renal e cerebral importante - Não age contra proteus! DAPTOMICINA Ação: inibição da síntese de proteínas, DNA e RNA. Espectro: estafilococos resistentes à oxacilina e os enterococos. Não serve para pulmão: pois o surfactante pulmonar neutraliza a daptomicina Vai servir para infecções sanguíneas, pele, abdominais por exemplo.
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