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Erro de Tipo - Parte I

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Direito Penal
Professor: PÉRICLES PINHEIRO
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ERRO DE TIPO
Introdução
Tratamento original do Código Penal de 1940
Erro de fato: recaía apenas sobre a situação fática.
Erro de direito: recaía sobre o direito, sobre a proibição do comportamento e abrangia o
erro sobre elementares normativas do tipo penal.
Tratamento atual ( após a reforma da parte geral de 1984)
Erro de tipo: é o erro sobre os elementos constitutivos do tipo penal. O erro de tipo pode
abranger tanto situações que antes eram erro de fato quanto algumas que eram erro de
direito.
Erro de proibição: é o erro sobre a ilicitude do fato.
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Previsão legal
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite
a punição por crime culposo, se previsto em lei.
Conceito
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo
penal.
É chamado de erro de tipo essencial.
E o erro sobre as qualificadoras?
1ª corrente: o erro de tipo incide sobre elementares e circunstâncias do tipo penal. Logo, o
erro sobre as qualificadoras e as causas de aumento é considerado erro de tipo essencial.
2ª corrente: o erro sobre qualificadoras, causas de aumento e agravantes é considerado erro
de tipo acidental. Tal erro não afasta o dolo, mas é relevante para o direito penal.
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Erro de tipo Erro de Proibição
É a falsa percepção da realidade acerca dos elementos
constitutivos do tipo penal.
É a falsa percepção sobre o caráter ilícito do fato típico
praticado.
O agente não sabe o que faz. O agente sabe o que faz, mas não sabe que seu
comportamento é contrário à ordem jurídica.
Exemplos:
1) O agente leva uma mala alheia pensando ser a mala de sua
propriedade.
2) O caçador que atira em direção ao que supõe ser um animal
bravio, matando outro caçador.
3) Um amigo pede a uma mulher para levar uma caixa fechada
com remédios do interior para a capital. Dentro da caixa há
cápsulas de comprimidos em cujo interior há drogas. A mulher,
supondo levar remédios, transporta drogas.
Exemplos:
1) Uma mulher grávida, proveniente de um país em que
o aborto é permitido, ingere abortivo, crendo que não é
proibido fazê-lo.
2) Um indígena que que nunca havia saído de sua tribo
veio para a cidade e trouxe substância típica da tribo.
Todavia, tal substância é considerada droga e o indígena
não sabia.
3) Um turista que, em águas jurisdicionais brasileiras,
intencionalmente molesta cetáceos, mas não sabe que a
conduta é tipificada como crime no artigo 1º da Lei
7.643/1987, com pena de 2 a 5 anos de reclusão e multa.
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Questão de prova - Durante uma festa rave, Bernardo, 19 anos, conhece Maria, a qual diz ter 18 anos
de idade. Na mesma noite, eles vão para um hotel e mantém relações sexuais. No dia seguinte,
Bernardo é surpreendido pela chegada de policiais militares no hotel, que realizam sua prisão em
flagrante, informando que Maria tinha apenas 13 anos.
Bernardo, então, é encaminhado para a Delegacia, apesar de esclarecer que acreditava que Maria era
maior de idade, devido a seu porte físico, em razão de sua alegação e pelo fato de que era proibida a
entrada de menores de 18 anos na festa rave.
Diante da situação narrada, Bernardo agiu em
a) erro de tipo, tornando a conduta atípica.
b)erro de tipo, afastando o dolo, mas permitindo a punição pelo crime de estupro de vulnerável
culposo.
c)erro de proibição, afastando a culpabilidade do agente pela ausência de potencial conhecimento da
ilicitude.
d) erro sobre a pessoa, tornando a conduta atípica.
e) erro de tipo permissivo, gerando causa de redução de pena.
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Obs – O conhecimento a respeito dos elementos constitutivos do tipo penal pode ser divisível
em hipóteses em que o erro atinge apenas parte deles.
Crime complexo – Ex: O sujeito inicia um furto – que é o que pretende realizar, sob a forma de
punga, ou seja, a subtração da carteira de outra pessoa no metrô. A vítima, percebendo a
ação, somente não reage porque interpreta a expressão facial do autor como um olhar
intimidatório (de ameaça). Nesse caso, o autor se engana quanto à ameaça que realiza, pois
não se dá conta da sua existência.
Qualificadora – Ex: No crime de favorecimento da prostituição (art. 228 do CP), se o agente
atrai à prostituição pessoa que não sabe ser sua filha, deixa de incidir a qualificadora do
parágrafo 1º.
Causa de aumento de pena – Ex: O sujeito, dolosamente, mata vítima maior de 60 anos.
Todavia, não tinha condição nenhuma de conhecer a idade da vítima. Nesse caso, não incidirá
a causa de aumento do parágrafo 4º do art. 121 do CP.
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