Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 Fundação Getúlio Vargas - FGV Pós-Graduação- MBA Direito do Consumidor Professor Marcos Cesar de Souza Lima, M.Sc souzalimaadvs@openlink.com.br marcoscesardesouzalima@gmail.com mailto:souzalimaadvs@openlink.com.br 3 Currículo Resumido do Professor Marcos Cesar de Souza Lima, Ms Advogado. Consultor Jurídico do Rocha & Calderon Advogados Associados,Doutorando m Direito Pela Universidade Federal Fluminense(UFF) Mestre em Direito Pela Universidade Gama Filho (UGF). Especialista em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade Gama Filho (UGF), Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Faculdade Nacional de Direito (UFRJ/FND).Professor da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro(EMERJ), Professor da Fundação Escola do Ministério Publico do Estado do Rio de Janeiro(FEMPERJ),Professor de Direito Civil dos cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Gama Filho (UGF). Professor dos Cursos de Pós – Graduação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Professor convidado dos cursos de pós-graduação da PUC-RJ, Coordenador dos cursos de Pós- Graduação em Direito Civil e Processo Civil da Universidade Candido Mendes (UCAM). Professor de Direito Civil e Direito do Consumidor dos cursos de Graduação e Pós-Graduação da Universidade Veiga de Almeida (UVA). Coordenador Geral e Acadêmico dos cursos de Pós-Graduação em Direito da Universidade Gama Filho (UGF) na Cidade de São Paulo (SP). Coordenador Acadêmico do Instituto de Pesquisa em Ciências Políticas e Jurídicas (IPOJUR /SP). Áreas de Magistério: Direito Civil e Direito do Consumidor 4 Teoria Geral do Direito das Obrigações .1 Obrigação: Conceito “ Obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, em regra economicamente apreciável, em proveito de alguém que, por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude da lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão” (Clóvis Bevilaqua). “ Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio” (Washington de Barros Monteiro). 5 Elementos da obrigação a) Sujeitos da obrigação: * ativo: credor ou crédito * passivo: devedor ou débito B) Vinculo Juridíco C) Prestação: Dar, fazer ou não fazer alguma coisa 6 Direito Contratual. Teoria Geral dos Contratos Conceituação: * Contrato em sentido amplo: É todo negócio jurídico que se forma pelo concurso de vontades. * Contrato em sentido restrito: Designa acordo de vontades produtivo de efeitos obrigacionais. Conteúdo dos contratos * Pela concepção subjetivista: O contrato é composto por direitos e obrigações das partes. * Pela concepção objetivista: O contrato é composto de preceitos que visam a conduta das partes. 7 DIREITO DO CONSUMIDOR 8 INOVAÇÕES DO CDC. • Resp. objetiva para fornecedor-art.12 e 14 • Boa fé objetiva-art. 4,III • Revisão ou Modificação dos Contratos-art.6, V • Inversão do ônus da prova-art.6,VIII • Vicio de informação-art.30 • Desconsideração da personalidade. Jurídica art.28 9 Aplicação do Código do Consumidor - Há relação de consumo ? - Produto/serviço com defeito ou vício? - Prática ou cláusula abusiva ? 10 Como identificar uma relação de consumo ? 11 DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO RELAÇÃO DE CONSUMO FORNECEDOR (ART.3 CAPUT) PRODUTO (ART.3,§1) SERVIÇO (ART.3,§2) CONSUMIDOR ART.2, CAPUT (PADRÃO) EQUIPARAÇÃO (ART.2,P.ÚNICO, 17 e 29) 12 CONSUMIDOR Qual o conceito jurídico de consumidor ? 13 Consumidor conceito • Art. 2º - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviço como destinatário final. 14 Consumidor • Característica • adquirir ou utilizar produto/serviço • destinatário final(para uso próprio sem comercialização) 15 Consumidor padrão • destinatário final • O que se entende por destinatário final ? É retirar o bem do mercado, vale dizer: adquirir o produto para uso próprio ou de sua família, sem comercializar. 16 • Um ônibus da empresa Lentos & Barbeiros LTDA, desgovernado colide com um muro de uma creche escolar, causando lesões nos passageiros e crianças da referida creche ... 17 • Os passageiros são consumidores ? • E as crianças ? 18 CONSUMIDOR • Art. 17 - Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. 19 FORNECEDOR QUAL O CONCEITO JURÍDICO DE FORNECEDOR ? 20 FORNECEDOR • Art. 3º - Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 21 FORNECEDOR • § 1º - Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. • § 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 22 FORNECEDOR • CARACTERÍSTICAS • ATIVIDADE (habitualidade) • REMUNERAÇÃO (lucro) 23 • Comprador de objeto utilizado para prestar serviços não é considerado consumidor final O contrato de leasing para a compra de equipamento que será utilizado para prestar serviços não caracteriza uma relação de consumo. Esse é o entendimento, por maioria, da Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça. De acordo com a Seção, a empresa que adquire um objeto para prestar serviços não pode ser considerada “consumidora final”. Essa compra, na realidade, é um insumo à atividade da empresa. Superior Tribunal de Justiça 24 Artigo 4º - Política Nacional de Relações de Consumo • Quando se fala em “política nacional de relações de consumo”, o que se busca é a “harmonia” das sobreditas “relações de consumo”, se por um lado se preocupa com o atendimento das necessidades básicas dos consumidores (respeito à sua dignidade, saúde, segurança e aos seus interesses econômicos, almejando- se a melhoria de sua qualidade de vida), por outro visa as boas relações comerciais, a proteção da livre concorrência, do livre mercado, da tutela das marcas e patentes, inventos e processos industriais, programas de qualidade e produtividade. • Enfim, é uma política que diz respeito ao mais perfeito relacionamento entre consumidores e fornecedores. 25 Artigo 4º Princípio I - Vulnerabilidade do Consumidor • “O consumidor é o elo mais fraco da economia, e nenhuma corrente pode ser mais forte do que o seu elo mais fraco.” (Henry Ford) • O princípio da vunerabilidade, pressupõe que o consumidor é hipossuficiente. • O protótipo do consumidor carente, não está em condições de fazer valer as suas exigências em relação aos produtos e serviços que adquire, pois tem como característica carecer de meios adequados para se relacionar com as empresas com quem contrata. • É tamanha a desproporção entre os meios que dispõem as empresas e o consumidor normal, que este tem imensas dificuldades de fazer respeitar os seus direitos. • Já dizia Adam Smith, em seu livro “Riqueza das Nações”, que a produção deve ser orientada para as necessidades do consumidor (demanda) e não ser voltada para a produção em si mesma (oferta). 26 Artigo 4º Princípio I - Vulnerabilidade do Consumidor • O desenvolvimento tecnológico gerou métodos sofisticados de produção por parte das empresas, incluindo as transnacionais, acentuando-se a desproporção entre produtor e consumidor, ficando este numa situação de inferioridade maior devido à dificuldade de informações, inclusive, sobre como reivindicar seus direitos. • Em caso de reivindicá-los, os meios de que dispõe são reduzidos face à forçaeconômica dos produtores e fornecedores. • Portanto, há necessidade do consumidor ser tutelado legalmente nesta relação. Por exemplo, atualmente, se adquirimos um aparelho de som fabricado por uma empresa do Japão, não há necessidade de irmos ao Japão ou contratarmos um advogado no Japão. • Resolve-se o problema diretamente com o fornecedor, que reclamará do distribuidor, este do importador e este da empresa, fabricante do aparelho de som, que tem sua fábrica no Japão. 27 Artigo 4º Princípio III - Harmonização dos Interesses dos Fornecedores e Consumidores • Harmonia – para haver a harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo há necessidade de nivelá-los, tratando desigualmente os desiguais e assim alcançando o equilíbrio. • Para que isso aconteça deve haver consciência de que há uma terceira força no mercado, além da indústria e do trabalho: o consumidor. • Quando o consumidor passa a interferir no mercado, com repercussões sobre a produção tanto sob o ponto de vista da qualidade e quantidade como da necessidade, o mercado se tornará mais eficiente sem desperdício econômico. • A redução das desigualdades é condição “ sine qua non” para a harmonização e equiparação entre consumidor e produtor. A força dos consumidores deve ser reconhecida e se fazer sentir no mercado. 28 Banco Real é condenado por cobrança indevida no DF • A cobrança indevida de parcelas de anuidade de cartão de crédito não solicitado gerou a condenação do Banco Real, no Distrito Federal, ao pagamento de R$3.045,00 a um cliente • Banco Real enviou cartão de crédito sem autorização do usuário, que pagou três anuidades de R$15,00 • Cliente alega que mesmo tendo os valores das anuidades estornados, estes agravaram sua situação financeira obrigando-o a fazer uso do limite do cheque especial, suportando altíssimas taxas de juros 29 STJ estipula indenização de R$ 20 mil a consumidor por danos morais • A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) estipulou indenização de R$ 20 mil, a ser pago pelo Clube dos Diretores Lojistas do Rio de Janeiro, por danos morais, a Antonio Paulo da Silva, por ter seu nome inserido no cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) sem a comunicação prévia sobre a inscrição, exigida pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC) 30 Banco deve indenizar correntista perseguido pelo gerente • O correntista Gilberto Francisco Martins Pinho deve ser indenizado em R$ 12 mil pelo Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), porque foi perseguido por um dos gerentes da empresa. • O gerente provocou o bloqueio da conta e do cartão de Pinho, a redução do limite de crédito e a devolução de cheques dele. Motivo: queria se vingar da mulher do cliente, sua professora na universidade. CONTINUA 31 • A decisão do TJ manteve parte do entendimento de primeira instância. O relator, desembargador José Mazoni Ferreira, confirmou a existência dos danos morais a partir da premissa que é necessário existir bom relacionamento entre cliente e instituição financeira por ele escolhida. "A quebra dessa confiança, por meio de atos injustificados, com o intuito de dificultar o dia-a-dia do correntista, como foi o caso dos autos, é que autoriza o reconhecimento do dano moral", afirmou. 32 Dos Direitos Básicos do Consumidor Art. 6° São direitos básicos do consumidor 33 Defeito ou vício ? • Conceito de produto defeituoso: • “Art. 12 – • § 1º - O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, ...” 34 Defeito ou vício ? • Conceito de serviço defeituoso • Art. 14 - • § 1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, ..... 35 Defeito ou vício ? • Produto de qualidade inferior é defeituoso ? • Art. 12 • § 2º - O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. 36 Defeito ou vício ? • E o serviço ? • Art. 14 • § 2º - O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. 37 Responsabilidade Civil do fornecedor • Responsabilidade civil objetiva • Teorias da responsabilidade civil • Causas de exclusão da responsabilidade 38 Responsabilidade do fornecedor • Art. 12 - O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 39 Responsabilidade do fornecedor • Art. 14 - O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. 40 Responsabilidade do comerciante • Subsidiária - produto com defeito - art. 13 • Art. 13 - O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: • I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; • II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; • III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. 41 Responsabilidade civil do profissional liberal • Art. 14 – • § 4º - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. 42 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE • Art. 12 • § 3º - O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: • I - que não colocou o produto no mercado; • II - que embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; • III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 43 CAUSAS DE EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE • Art. 14 • § 3º - O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: • I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; • II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. 44 Defeito ou vício ? • produto/serviço • defeito • Acidente de consumo 45 Defeito ou vício ? • Produto/serviço • c/ defeito ofensa a int. física • produto/serviço ofensa a int. econ. • c/ vício 47 • A decisão baseou-se no Código de Defesa do Consumidor: "o fabricante é responsável pela falha e manipulação dos seus produtos". • A ação de responsabilidade civil foi proposta por Tereza Regina e seu marido, o motorista Marcelo Casagrande, na 11ª Vara Cível da Capital. No dia 8 de julho, a juíza Lindalva Soares Silva julgou procedente o pedido do casal e fixou em R$ 12 mil a reparação por danos morais. Na sentença, a juíza excluiu do processo a distribuidora e a loja de animais, onde os biscoitos foram comprados. • A dona-de-casa e seu marido recorreram da sentença pedindo o aumento do valor da indenização e a Pedigree entrou com recurso para anular a sentença. Na sessão do dia 1º de dezembro, a 11ª Câmara acolheu, por unanimidade, o voto do relator e manteve parte da sentença, atendendo apenas ao pedido do casal. A Pedigree ainda terá que pagar as custas do processo e os honorários dos advogados. (Proc. nº 2005.001.43124 - com informações do TJ-RJ). 50 A empresa alegou que, no dia anterior ao acidente, a vítima participou de uma aula explicativa sobre os preceitos de segurança da corrida, inclusive sobre a forma como o piloto deveria prender os cabelos, e que a estudante foi negligente ao tomar o lugar da irmã na corrida e não ter usado o macacão. Alegou ainda que foi dada uma bandeirada para que a estudante parasse quando seus cabelos se soltaram, mas ela não respeitou. Os desembargadores Dárcio Lopardi Mendes (relator), Valdez Leite Machadoe Dídimo Inocêncio de Paula entenderam que a empresa agiu de forma negligente, pois não acompanhou o exercício da atividade que lhe dizia respeito, deixando ocorrer um dano que poderia ser evitado. Segundo o relator, cabia à empresa, “além de orientar o piloto, exigir e obrigar a utilização de todo o equipamento recomendado. Além disso, observando que o piloto possuía cabelos longos, deveria também determinar que o colocasse para dentro do macacão, sendo que, no caso, a vítima sequer pilotava de macacão, utilizando somente touca, protetor cervical e capacete”. Os desembargadores entenderam que os sócios Laura Maria Carvalho Figueiredo e José Augusto Sampaio) também devem se responsabilizar pela indenização pleiteada pela vítima, já que a empresa “encerrou suas atividades e exalou como um ‘gás’ na atmosfera, não comunicou à junta comercial ou quem quer que seja, incorrendo em irregularidade como a violação do contrato e da lei, ato flagrante em detrimento dos direitos do consumidor”. (Proc. n° 2.0000.00.509648-6/000 - com informações do TJ- MG). PROPAGANDA ENGANOSA Art. 36 do C D C 52 CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR • Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal. • Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para informação dos legítimos interessados, os dados fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à mensagem. 53 • Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. • § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. 54 • § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. • § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou 55 Práticas e cláusulas abusivas • Prática abusiva • art. 39 CDC • práticas comerciais • são taxativas ? • Cláusula abusiva • art. 51 CDC. • contrato de adesão • são taxativas ? 56 Produto da China Quem nunca teve um problema de consumo e acabou enganado justamente por não conhecer seus direitos? A artista plástica Antonine Fessenko conseguiu mudar as regras desse jogo, graças à informação. Associada do Idec, ela comprou um espremedor de frutas da marca Black & Decker no dia 18 de julho do ano passado. Quarenta dias depois, o produto, que ainda estava no período de garantia dado pelo fabricante, quebrou. Antonine procurou uma autorizada e foi informada de que o aparelho era fabricado na China e não havia peças de reposição no mercado. A associada relata que ficou surpresa: “Nem sabia que o espremedor não era feito no Brasil”. No mesmo dia, ela ligou para o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) da empresa. A orientação foi completamente diferente: o produto deveria ser levado para o conserto. Passados 30 dias após o espremedor ter sido encaminhado novamente à autorizada – prazo limite para a resolução do problema, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC) –, a paciência de Antonine acabou. Ela já tinha entrado em contato com o SAC várias vezes e ouvido as mais diversas desculpas: “As peças vão chegar em três dias” ou “As peças estão vindo do Sul”. A artista plástica conta que ligou para a empresa mais uma vez e exigiu uma solução imediata. Acuada, a funcionária da empresa, a mesma que cuidou do caso desde o início, teve de assumir que realmente a fabricante não tinha peças de reposição, mas a consumidora receberia um espremedor novo do mesmo modelo. 57 Como Antonine negou a proposta, a atendente acrescentou que, pela lei, o consumidor não poderia recusar um aparelho novo. Por meio da orientação do Idec, ela descobriu que essa alegação não era verdadeira. A associada enviou então um modelo de carta de reclamação à Black & Decker. Desta vez, a funcionária da empresa apressou-se em ligar para a consumidora. Informou que se esqueceu de dizer que Antonine tinha o direito de ter o seu dinheiro de volta. “Se eu não fosse associada do Idec, teria de engolir o espremedor feito na China. Não queria um produto fabricado naquele país por vários motivos: por não ter sido produzido por mão-de-obra brasileira, pela exploração de trabalho que existe por lá e, além do mais, inevitavelmente teria de trocar de novo o aparelho em um ou dois meses”, conclui a associada. Como agir Segundo o artigo 18 do CDC, se o defeito não for resolvido em 30 dias, o consumidor pode exigir uma das três opções: a substituição do produto por outro da mesma espécie em perfeitas condições de uso; a restituição imediata da quantia paga monetariamente atualizada; ou o abatimento proporcional do preço. 58 Vitória rara Carlos Machado diz ser um apaixonado pela defesa do consumidor. Após muito estudo, pela demanda do trabalho e também por interesse pessoal, o subsecretário do II Juizado de Defesa do Consumidor de Salvador, Bahia, conseguiu um feito raro contra uma empresa de assistência privada à saúde: a cobertura da cirurgia de miopia, mesmo tendo grau inferior a 7,5. Segundo uma resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a operadora deve arcar com a intervenção cirúrgica para distorções a partir de 7,5 graus. Em 2001, Machado pediu autorização ao seu plano, Sul América, para realizar a operação. A empresa negou. Segundo a Sul América, o contrato vedava a cirurgia expressamente. Machado leu o contrato e viu que realmente a cobertura excluía a ceratotomia. “Eu não compreendia o que queria dizer esse termo, a operadora disse ser o nome da técnica de cirurgia de miopia. Ainda assim, enxerguei uma abusividade, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor determina que o contrato seja escrito numa linguagem de fácil entendimento”, explicou. Como a operadora não cedeu, Machado recorreu à Justiça pedindo uma das condições: ou uma liminar para realizar a operação ou pagaria pela cirurgia, mas exigiria a restituição do dinheiro em dobro (já que se tratava de uma cobrança abusiva). Apesar de não exercer a profissão de advogado – o subsecretário é formado em direito –, ele mesmo fez sua queixa, ação e sustentação no Juizado Especial, e acabou conseguindo a liminar. 59 A Sul América resistiu e apresentou as mais diferentes argumentações nas três instâncias em que o processo percorreu, citando inclusive a resolução da ANS. “No dia da operação, três ou quatro advogados tentaram me convencer de que eu acabaria gastando mais se fizesse o procedimento por meio judicial, porque ninguém ganhou esse tipo de causa e eu ainda teria de pagar as custas do processo”, conta. Machado não se intimidou e foi em frente. Realizou a operação, e quem saiu perdendo foi a Sul América, derrotada nas três instâncias do processo, que já está encerrado e arquivado. Entre as argumentações do subsecretário, a principal envolvia a resolução da ANS. Para ele, o grau estabelecido pela agência é ilegal por conflitar com a norma pública de proteção ao consumidor, ou seja, condiciona o tratamento à piora do quadro do paciente. Seu caso abriu um precedente nos tribunais. De acordo com Machado, sob sua orientação mais três pessoas conseguiram, por intermédio da Justiça, que o plano de saúde arcasse com a cirurgia de miopia. “Concordo que é difícil para o cidadão comum se defendersozinho, mas a principal arma é o conhecimento. 60 Makro é multado por se negar a receber pagamento em dinheiro ! A empresa pode se utilizar de “passaporte” para controlar o acesso de clientes cadastrados, mas não pode proibir a aquisição de produtos mediante pagamento em dinheiro. A decisão é da 2ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que confirmou que o Supermercado Makro é obrigado a aceitar pagamento de mercadorias com dinheiro em espécie. A ação iniciou-se a partir da reclamação de um cliente no Procon-DF de que o supermercado teria se recusado a receber pagamento em dinheiro. O Makro foi notificado a pagar multa no valor de mil Ufirs. Insatisfeito com a punição ingressou com ação anulatória de débito fiscal, considerada procedente em primeira instância - desconstituindo-se, dessa forma, a notificação e declarado inexistente o débito. Apesar de considerarem legal a exigência do “passaporte Makro” para a compra de produtos vendidos pela empresa, os desembargadores entendem que a exigências e que o pagamento seja feito com cheque representa um empecilho à circulação da moeda corrente, situação vedada pela legislação em vigor. Para a 2ª Turma, o Código de Defesa do Consumidor proíbe expressamente os estabelecimentos comerciais de se negarem a receber dinheiro, em reais, como forma de pagamento. A leitura está no artigo 39, inciso IX do CDC: “É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas, recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais”. 61 Por outro lado, os desembargadores decidiram que não há nenhuma ilicitude na exigência de cadastro e na entrega dos cartões. “Justificam-se os cadastramentos daqueles que manifestam interesse em adquirir os produtos porque a empresa tem autonomia para escolher com quais empresas de crédito lhe é oportuno estabelecer convênio”, afirmaram. O problema estaria, então, em deixar de receber a moeda corrente como forma de pagamento. Ultrapassada a questão da ilegalidade ou não da exigência do passaporte, os julgadores da 2ª Turma consideraram “irregular” e “até mesmo abusiva” a recusa do real - moeda do País - para aquisição de qualquer produto: “Atos dessa natureza são atentatórios à própria função do comerciante em disponibilizar, de forma universal, a circulação de mercadorias e riquezas” - conclui o julgado. (Proc. nº 2000.01.105.118-67 - com informações do TJDFT). 62 Abuso recorrente As cobranças indevidas lideram o ranking de atendimento do Idec no segmento de telefonia. Entre os assuntos com maior número de reclamações e consultas está a cobrança de contas que já foram pagas. Foi o que aconteceu com o associado e gerente de vendas Vicente Expedito do Prado. Surpreendido com o corte de sua linha telefônica às vésperas do fim de semana, Vicente entrou em contato com a Telefônica e descobriu que o motivo do cancelamento do serviço era um débito de junho de 2002 que, conforme a atendente da empresa, não tinha sido quitado. Sem qualquer aviso prévio, a linha foi suspensa mais de um ano depois, em julho de 2003. Para religá-la, a funcionária da Telefônica exigiu que o associado apresentasse o comprovante de pagamento do débito de R$ 189,87 ou que pagasse a conta. Vicente argumentou que já tinha quitado a fatura, porém, não tem o hábito de guardar comprovantes antigos. “A atendente até chegou a alegar que existe uma lei que obriga o consumidor a guardar esse tipo de documento por cinco anos. No entanto, o volume de papel é muito grande. Imagine arquivar o comprovante de tudo que pago: aluguel, mensalidade escolar etc.”, desabafa o associado. O gerente de vendas resolveu, então, procurar o Idec em busca de auxílio para resolver a questão. Ele foi orientado a enviar uma carta à empresa e recebeu o retorno em uma semana. “Um funcionário da Telefônica me ligou, assumindo que o sistema da empresa acusou indevidamente o atraso do pagamento”, conta ele. O associado foi informado de que receberia uma segunda via da fatura telefônica de agosto de 2003, na qual seria descontado o valor de R$ 190,00. A diferença, segundo a operadora, seria para compensar o engano. 63 Conta Compulsória Em outubro de 2005, a costureira Quitéria Maria Gomes, de 36 anos, recebeu em casa dois funcionários do banco Banespa Santander com uma proposta de abertura de conta. Quitéria aceitou e ainda fez um seguro de vida no valor de R$ 11,00 mensais. A proposta seria analisada e, se não houvesse nenhum problema, dentro de 15 a 20 dias ela receberia em casa o talão de cheques e o cartão magnético. Negócio fechado, esperou pelo cumprimento da promessa. Após 40 dias, ela pensou que a proposta havia sido recusada e nem quis saber o que havia acontecido. Em junho deste ano veio a surpresa: um telefonema do banco informando um débito de R$ 600,00 em aberto. Quitéria foi à agência, solicitou um extrato e pediu explicações. Soube que a conta aberta em 2005 estava em pleno vigor e que, para o pagamento do seguro de vida, o banco havia concedido um cheque especial com limite de R$ 500,00 na abertura da conta. Informaram ainda que o talão de cheques e o cartão haviam sido entregues, conforme combinado. 64 “Eu continuei dizendo que não tinha movimentado a conta durante todo esse período e aguardaria a emissão do extrato, que demorou cerca de 15 dias”, conta Quitéria, indignada. E mais: ela descobriu que seu nome estava na lista da Centralização dos Serviços Bancários (Serasa). “Quando vi o extrato, soube que o banco havia liberado um cheque especial para cobrir o débito do seguro. Enquanto tinha dinheiro, eles foram descontando, quando a conta ficou negativa, partiram para a cobrança”, conta. A costureira nunca recebeu um extrato ou qualquer contato do banco. O Santander reconheceu o problema, mas não resolveu. O setor de cobrança continuou a ligar para Quitéria. Foi advertida de que, se não pagasse a dívida, seu caso seria encaminhado ao departamento jurídico. Por meio de um amigo da família, ela e o marido souberam da existência do Idec. Entraram em contato, associaram-se e descobriram que a atitude do banco era completamente ilegal. Receberam ainda um modelo de carta para ser enviada ao banco. Quando Quitéria foi entregar a carta na agência do Banespa em Itaquera, mais uma surpresa: após ler a carta, o gerente negou-se a protocolá-la, alegando que poderia ter problemas futuros. 65 Quitéria foi embora desnorteada. Para seu espanto, duas horas depois, recebeu um telefonema do mesmo gerente dizendo que o problema seria resolvido em no máximo dez dias. Depois de cinco dias, nova ligação afirmando que tudo estava resolvido. O nome de Quitéria também foi retirado da lista da Serasa. “Conhecer os seus direitos foi fundamental, pois sem isso o banco sairia ganhando por conta do poder de pressão que exerce”, afirma, aliviada. 66 • DAS SANÇOES PENAIS NO CDC • Art. 61 a 80 67 Fonte: www.idec.org.br COM BASE: Código de Defesa do Consumidor , Artigo 66) O QUE PRESCREVE O ARTIGO 66 do CDC: Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, quantidade segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: PENA: Detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa. 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. 2º - Se o crime é culposo; PENA: Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. 68 Fonte: www.idec.org.br CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” 69 CASO NÚMERO 3 Fonte: www.idec.org.br DESCRIÇÃO DO CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” Os fabricantes de adoçantes e bebidas light ou diet desrespeitam o Código deDefesa do Consumidor (CDC) ao não divulgarem a informação de risco à saúde ao consumidor em suas embalagens. Em todos 24 adoçantes de mesa analisados, nenhum deles trazia a comunicação sobre o limite de consumo diário. O mesmo ocorreu com 25 Bebidas dietéticas e 4 sucos em pó convencionais Eles comentem um erro ao não divulgarem o limite de consumo diário, onde o grande risco está no fato de o consumidor ultrapassar a IDA (Ingestão Diária Aceitável) do edulcorante sem saber. 70 CASO NÚMERO 3 Fonte: www.idec.org.br DESCRIÇÃO DO CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” Proibido nos Estados Unidos, mas utilizado no Brasil, o ciclamato sódico pode comprometer a saúde do consumidor, pois há indícios de que seja responsável por alterações genéticas e atrofia testicular!!!!!!. O produto é contra-indicado para hipertensos e portadores de problemas renais. No Brasil, ele é encontrado em vários refrigerantes como Coca-Cola Light Lemon, Sprite Zero, Dolly Guaraná Diet, Guaraná Diet, Soda Limonada Diet Antarctica, entre outros. Se uma criança (de 30kg) consumir 1 lata de Sprite Zero, já excedeu o seu limite diário de ciclamato. O mesmo ocorre se um homem (70kg) consumir 2,8 latas de Coca-Cola Light Lemon ou se uma mulher (55kg) consumir 2 latas de Dolly Guaraná ou Limão Diet. O Código de Defesa do Consumidor prevê que o consumidor tenha informações claras e precisas sobre o produto e seus riscos 71 COM BASE: Código de Defesa do Consumidor , Artigo 63) O QUE PRESCREVE O ARTIGO 63 do CDC: Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a nocividade ou periculosidade de produtos nas embalagens , nos invólucros, recipientes ou publicidade: PENA: Detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa. 1º - Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de alertar, mediante recomendações escritas ostensivas, sobre a periculosidade do serviço a ser prestado. 2º - Se o crime é culposo; PENA: Detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. 72 CASO NÚMERO 3 Fonte: www.idec.org.br DESCRIÇÃO DO CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” Determinação: Aos órgãos reguladores • Obrigar, no âmbito nacional e do Mercosul, a declaração das quantidades de edulcorantes usados na formulação de todos os alimentos que os contenham; • Determinar também que cada produto com aditivo informe em seu rótulo as sua respectivas IDAs. Aos fabricantes Declarar em seus rótulos as quantidades de todos os aditivos usados na formulação de seus produtos, especialmente em relação aos edulcorantes contidos em adoçantes de mesa, bem como de suas respectivas IDAs, mesmo que tal declaração não seja exigida por normas específicas 73 CASO NÚMERO 3 Fonte: www.idec.org.br DESCRIÇÃO DO CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” Respostas das empresas A Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas não Alcoólicas (ABIR), representando o Sistema Coca-Cola do Brasil, a American Beverage Company - AmBev (Antárctica e Pepsi-Cola) e a Rede Bull, concordou com a necessidade de mais informações, mas discorda que o rótulo seja o melhor meio de divulgar a informação sugerindo que devam ser veiculadas pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Essa também foi a resposta da Gold Nutrition (Assugrin, Doce Menor, Gold e Tal Qual) e da Nova América (União Light). A Boehringer Ingelheim (Finn) esclarece que já informa as quantidades dos edulcorantes utilizados e as quantidades máximas de consumo diário, embora não julgue a informação relevante para os consumidores. A Lightsweet (Magro, Stevia Plus) afirmou que estuda a possibilidade de acrescentar as informações solicitadas à rotulagem de seus produtos. A Steviafarma (Stevita) julga que segue as normas vigentes. A DM Farmacêutica não enviou sua resposta. 74 CASO NÚMERO 3 Fonte: www.idec.org.br DESCRIÇÃO DO CASO 3: “Adoçantes e bebidas light desrespeitam o Código de Defesa do Consumidor” Respostas das empresas Se alguns responderam que as informações sobre os edulcorantes estão disponíveis nos SACs. No entanto, pesquisa do Idec com os SACs das empresas para verificar a capacidade desses serviços em informar o IDA dos edulcorantes deixaram muito a desejar. Atendendentes da Coca-Cola, DM Farmacêutica, Dolly, Gold Nutrition, Lightsweet e Stevita Industrial não sabiam o que responder. 75 76 Campeão Brasileiro de 2012 Obrigado!!!!!
Compartilhar