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ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA: LEITE MATERNO Não há dúvidas que a amamentação é fundamental para a sobrevivência de muitos seres vivos (que inclusive são chamados de mamíferos). Os mamíferos correspondem a uma classe de animais que se caracterizam pela presença de glândulas mamárias, que nas fêmeas produzem leite para alimentação dos filhotes. E é nessa classe que encontramos nós, seres humanos, que nos primeiros meses de vida temos o leite materno como nossa fonte nutritiva. Mas antes de compreender sobre o leite materno, vamos entender melhor como funciona a anatomia e a fisiologia da mama. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MAMA A mama é o órgão característico dos mamíferos. Normalmente, ela é atrofiada no macho, enquanto que na fêmea é capaz de produzir e secretar leite, ou seja, a principal função dessa glândula é a produção do leite. São três diferentes tecidos que formam a mama: • Tecido glandular (parênquima); • Tecido conjuntivo; • Tecido adiposo; São órgãos pares, ou seja, o ser humano possui duas mamas, que se localizam na parte anterior do tórax. Sua forma varia com as características pessoais e genéticas de cada ser. Interessante saber que, numa mesma mulher, as mamas mudam a depender da idade dela e também de acordo com a paridade, que é o número de partos que ela já teve. O que determina a forma e a consistência da mama é a quantidade de tecido adiposo. Saiba também que, durante a gravidez e a amamentação, as mamas aumentam de tamanho, devido ao crescimento do tecido glandular. Anatomicamente, encontramos 8 estruturas compondo a mama: 1. Caixa toráxica; 2. Músculo peitoral; 3. Pele; 4. Gordura; 5. Lóbulos (tecido glandular), onde forma-se o leite; 6. Ductos (canais lactíferos), que conduz o leite dos lóbulos até o mamilo; 7. Aréola; 8. Mamilo LACTAÇÃO Desenvolvimento das mamas Durante a puberdade, os estrogênios vão estimular não somente o crescimento da parte glandular das mamas, ou seja, as células secretoras de leite ficam maiores, mas como também o depósito de gordura que dá a forma as mamas. Os estrogênios estimulam o crescimento do sistema de ductos das mamas Na gravidez, a placenta secreta grandes quantidades de estrogênios, que vão fazer com que o sistema de ductos representado acima comece a crescer e se ramificar. Saiba que outros hormônios também atuam nesse crescimento do sistema de ductos: GH, prolactina, glicocorticoides adrenais e insulina. A progesterona é necessária para o desenvolvimento total do sistema lóbulo-alveolar Quando o sistema de ductos está finalmente desenvolvido, a progesterona então age sinergicamente aos hormônios já citado, causando um crescimento adicional dos lóbulos mamários, devido a multiplicação dos alvéolos e o desenvolvimento da característica secretora das células nos alvéolos. A prolactina promove a lactação O estrogênio e progesterona, ao mesmo tempo que são responsáveis por todo esse desenvolvimento mamário, também são responsáveis pela inibição da secreção do leite. Somente a prolactina, secretada pela adeno-hipófise, pode estimular o início dessa secreção. Esse hormônio aumenta na concentração sanguínea da mãe a partir da quinta semana de gravidez até o nascimento do bebê, época em que já aumentou de 10 a 20 vezes o nível normal não grávido (por isso que é normal, por exemplo, pequenos mL de leite saírem pelo mamilos durante a gravidez, mesmo com a inibição dos hormônios sexuais femininos). Dias antes e também nos primeiros dias após o parto, o líquido que sai pelo mamilo é denominado colostro, que contém as mesmas concentrações de proteínas e lactose do leite, mas quase nenhuma gordura. Uma vez que o parto acontece, sai a placenta e ocorre a queda dos níveis de progesterona e estrogênio, gerando por consequência aumento nos de prolactina (isso já começa 48 horas a 72 horas depois do nascimento do filho), havendo agora a secreção do leite propriamente dito. Essa secreção requer suporte de outros hormônios como GH, cortisol, paratormônio e insulina, pois esses hormônios fornecem aminoácidos, ácidos graxos, glicose e cálcio, fundamentais para formação do leite. Depois que o bebê nasce, a prolactina retorna aos níveis basais e é secretada de forma intermitente: cada vez que o bebê amamenta o bebê, estímulos neuronais dos mamilos são conduzidos para o hipotálamo, causando um pico de 10 a 20 vezes da secreção de prolactina, que dura aproximadamente 1 hora. Se não tiver esse pico ou a amamentação não prosseguir, as mamas perdem a capacidade de produzir leite dentre de mais ou menos uma semana. O hipotálamo secreta o hormônio inibidor da prolactina O hipotálamo, em geral, secreta hormônios estimuladores dos hormônios na adeno-hipófise, certo? Correto. Porém, quando se trata da prolactina, o papel do hipotálamo é de inibição. Os núcleos arqueados do hipotálamo secretam um hormônio inibidor da prolactina, que é uma catecolamina chamada dopamina, que pode diminuir a secreção de prolactina pela adeno-hipófise em até 10 vezes. A supressão dos ciclos ovarianos femininos na nutriz por muitos meses após o parto A mulher permanece em amenorreia durante esse período de lactação. A razão disso parece ser que, os mesmos sinais neurais das mamas para o hipotálamo que provocam a secreção de prolactina durante o ato de sugar, também inibem a secreção do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Ou seja, FSH e LH não são produzidos e o ciclo menstrual não ocorre. PORÉM, após vários meses de lactação, em algumas mulheres, especialmente naquelas que amamentam seus bebês apenas parte do tempo, a hipófise começa a secretar hormônios gonadotrópicos suficientes para restabelecer o ciclo sexual mensal, embora a amamentação continue. O processo de ejeção (ou “descida”) na secreção de leite – a função da ocitocina Já vimos até aqui que o leite é PRODUZIDO nos alvéolos das mamas, mediante estímulo da prolactina. Porém, esse leite não flui facilmente para o sistema de ductos (isso é importante inclusive para que ele não vaze continuamente pelos mamilos). A ejeção do leite só ocorre mediante um hormônio chamado ocitocina, secretada pela neuro-hipófise. Quando o bebê começa a sugar, ele não recebe leite nenhum por mais ou menos 30 segundos. O ato de sugar traz estímulos neuronais no mamilo, que são conduzidos ao hipotálamo, onde desencadeia sinais neurais que promovem a secreção de ocitocina (e prolactina também!). A ocitocina cai no sangue e chega nas mamas, fazendo com que as células mioepiteliais, que ficam circundando as paredes externas nos alvéolos, se contraiam, assim transportando o leite dos alvéolos para os ductos. Duas coisas interessantes: o ato de sugar numa mama faz com que o leite flua não somente naquela mama, mas como também na outra e, quando a mãe simplesmente pensa no bebê ou escuta chorar, muitas vezes isso proporciona um sinal emocional suficiente para o hipotálamo provocar a ejeção de leite. OBS: como eu acabei de falar, o estímulo psicogênico é muito forte. É por isso mesmo que a mãe deve receber todo suporte, todo apoio nesse processo tão complexo que é a amamentação!! COMPOSIÇÃO DO LEITE E A DEPLEÇÃO METABÓLICA NA MÃE CAUSADA PELA LACTAÇÃO Em relação ao leite da vaca, o leite humano possui 50% mais lactose, porém cerca de 3 vezes menos concentração de proteína. No auge da lactação, a mulher forma 1,5 litro de leite por dia. Para tanto, muita energia é drenada da mãe: cerca de 750 kcal/L estão contidos no leite materno. Muitos metabólitos são perdidos pela mãe, como cerca de 50 gramas de gordura que entram no leite todos os dias, além de cerca de 100 gramas de lactose, que deve ser derivada da conversão da glicose materna. Por esses motivos, a mãe deve ingerir grandes quantidades de leite e deve ter uma ingestão adequada de vitamina D. As glândulas paratireoides damulher aumentam bastante, produzindo mais paratormônio, que descalcifica progressivamente os ossos para suprir as necessidades de cálcio e fosfato no sangue. PERCEBA ENTÃO QUE: A DESCALCIFICAÇÃO ÓSSEA MATERNA NÃO ERA UM GRANDE PROBLEMA NA GRAVIDEZ, PORÉM SE TORNA BEM IMPORTANTE DURANTE A LACTAÇÃO!! Além disso, o leite contém anticorpos e macrófagos que destroem a bactéria Escherichia coli, que, com frequência, causa diarreia letal em RN. Quando o leite da vaga é usado para fornecer nutrição ao bebê no lugar do leite materno, os agente protetores, no leite da vaga, geralmente são de pouco valor porque, normalmente, são destruídos em questão de minutos no ambiente interno do ser humano. Autor: Mário Souza/Medicina Unime (3º semestre)