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unid_4 Prática Clínica no Processo de Cuidar da Saúde da Mulher, Criança e Adolescente

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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Unidade IV
7 O CUIDADO DA CRIANÇA HOSPITALIZADA E DE SUA FAMÍLIA: DOENÇA DO 
REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE) E PNEUMONIA
Iremos realizar a SAE por meio de um estudo de caso sobre a doença do refluxo gastroesofágico 
(DRGE) na infância. O foco será o processo de hospitalização e seu impacto para a criança e sua família.
Inicialmente, serão apresentados conceitos que subsidiam a compreensão e tomada de decisão para 
a prática clínica de enfermeiros envolvidos com o cuidado da família e restauração da saúde da criança.
O refluxo gastroesofágico (RGE) é definido como o retorno do conteúdo gástrico ao esôfago, com 
ou sem exteriorização. No decorrer do primeiro ano de vida, é considerado um processo fisiológico 
caracterizado por regurgitações e vômitos em bebês saudáveis. Tais manifestações podem ocorrer várias 
vezes ao dia, especialmente após a alimentação (NORTON; PENNA, 2000).
 Observação
Normalmente, o RGE fisiológico resolve‑se de forma espontânea, 
no entanto algumas crianças evoluem com sintomatologia adversa e 
complicações associadas, resultando em um quadro patológico denominado 
doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) (FERREIRA et al., 2014).
Cabe destacar a importância de distinguir DRGE do refluxo gastresofágico fisiológico na prática clínica, 
uma vez que o subdiagnóstico pode colocar a criança em risco devido à gravidade das complicações, 
assim como supervalorizar sintomas de crianças com RGE fisiológico pode expor a criança ao risco 
associado aos exames e intervenções desnecessárias (AMARAL, 2012).
A fisiopatologia da DRGE é multifatorial e complexa. No primeiro ano de vida, está associada à 
imaturidade dos mecanismos de defesa que protegem o esôfago. Esses mecanismos são: barreira 
antirrefluxo, depuração esofágica e fatores que levam à resistência da mucosa esofágica (AMARAL, 2012).
A barreira antirrefluxo é formada pelas estruturas que compõem a junção gastroesofágica: o esfíncter 
esofágico inferior (EEI), o diafragma crural, o ligamento frenoesofágico e o ângulo de His.
O EEI e o diafragma crural são fixados pelo ligamento frenoesofágico e constituem os componentes 
intrínsecos e extrínsecos da barreira antirrefluxo, respectivamente. Eles limitam a frequência e 
intensidade do retorno do conteúdo gástrico ao esôfago. Em recém‑nascidos e lactentes, a hipotonia e 
o relaxamento transitório inapropriado do EEI são os principais fatores causais do RGE (AMARAL, 2012).
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Em condições normais, o ângulo de His, formado pelo fundo gástrico e pela porção abdominal do 
esôfago, é agudo, dificultando assim a ocorrência de RGE. Já nos recém‑nascidos, o ângulo de His é 
obtuso e, portanto, predispõe o retorno de conteúdo gástrico ao esôfago.
Peristaltismo e saliva são mecanismos de defesa, pois contribuem com a depuração esofágica. O 
peristaltismo protege a mucosa esofágica da exposição excessiva ao refluxo gástrico e a saliva neutraliza 
o ácido refluído. Já a resistência da mucosa esofágica é determinada pela camada de muco, concentração 
de bicarbonato na saliva, tamponamento celular e fluxo sanguíneo.
A alteração desses mecanismos aumenta a exposição da mucosa esofágica ao material refluído e 
contribui para lesão da mucosa (AMARAL, 2012).
O material refluído, além de secreção gástrica, pode conter uma mistura de secreções biliares e 
pancreáticas provenientes do duodeno. Isto determina seu pH e o potencial de causar lesão à mucosa 
esofágica, especialmente quando enzimas proteolíticas estão presentes.
Crianças com comprometimento neurológico, patologias esofágicas congênitas, hérnia de hiato, 
obesidade, prematuridade e história familiar apresentam condições que predispõem ao desenvolvimento 
de formas graves de DRGE.
Fatores que aumentam a pressão abdominal, como soluço e posicionamento em bebês‑conforto, 
podem contribuir para a DRGE (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
As manifestações clínicas da DRGE na infância são bastante diversificadas e as crianças podem 
ser praticamente assintomáticas ou apresentar quadro complexo com sintomatologia vigorosa. As 
manifestações clínicas variam com a idade da criança e os principais sinais e sintomas para cada fase 
estão descritos no quadro a seguir (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
Quadro 23 – Principais manifestações clínicas da DRGE
Sintomas em lactentes Sintomas em pré‑escolares e escolares
Salivação e regurgitação Azia
Vômitos Dor abdominal
Crescimento insuficiente Dor no peito
Problemas respiratórios Tosse crônica
Hematêmese Disfagia
Apneia Asma noturna 
Choro excessivo, irritabilidade Pneumonia recorrente
Arqueamento das costas com extensão do pescoço
Fonte: Lammert; Wilson; Wilson (2014, p. 750).
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 Observação
Regurgitações são definidas como retorno de pequena quantidade de 
conteúdo gástrico para a faringe e boca sem esforço e diferencia‑se do 
vômito por não apresentar náuseas, desconforto abdominal e sintomas 
autonômicos e contração muscular torácica.
Vômitos frequentes, regurgitações e recusa alimentar comprometem o ganho de peso. Essa 
situação associada ao aumento do gasto energético nas manifestações respiratórias culmina em 
comprometimento do crescimento.
Uma manifestação específica e incomum é a síndrome de Sandifer, caracterizada pela postura de 
arqueamento das costas e hiperextensões repetidas da cabeça e pescoço. Ocorre em crianças pequenas 
e pode ser confundido com convulsões (AMARAL, 2012; LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
Os problemas respiratórios frequentemente associados à DRGE são: a otite média, a sinusite, a 
laringite e as pneumonias. Observam‑se tosse, respiração ofegante e ruidosa, estridor, engasgos, asfixia 
e apneia. Em algumas crianças, o broncoespasmo pode ser a única manifestação de DRGE.
As principais complicações da DRGE são:
• Esofagite: presença de lesões na mucosa esofágica causadas pelo refluxo.
• Estenose esofágica: constrição persistente do lúmem esofágico causada por edema e fibrose.
• Esôfago de Barret: metaplasia na qual o epitélio escamoso normal do esôfago inferior é substituído 
por epitélio colunar.
• Laringite.
• Pneumonias recorrentes.
• Anemia.
As complicações respiratórias são resultado da aspiração do conteúdo gástrico refluído para os 
pulmões para as vias aéreas superiores, assim como da acidificação intratraqueal, que, por estímulo de 
terminações nervosas, pode desencadear broncoespasmo. A aspiração de quantidade significativa de 
conteúdo gástrico leva à pneumonia aspirativa, asfixia e morte (NORTON; PENNA, 2000).
O diagnóstico da DRGE deve começar pela história clínica e exame físico. Quando a família relata 
que o bebê apresenta regurgitações frequentes, sem outras queixas, e não há alterações associadas, a 
hipótese é RGE fisiológico.
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Na presença de sinais sugestivos de DRGE, há necessidade de confirmação por exames complementares 
para documentar a presença da patologia e suas complicações, bem como para avaliar a terapêutica 
(FERREIRA et al., 2014).
O exame mais utilizado é a radiografia de esôfago, estômago e duodeno (REED). Outros exames 
como a cintilografia, a ultrassonografia do esôfago, a endoscopia digestiva alta, a monitorização do PH 
do esôfago (pHmetria), a impedanciometria intraluminal e o teste terapêutico empírico com supressão 
ácida são indicados para o diagnóstico de RGE na população pediátrica (FERREIRA et al., 2014).
Os objetivos do tratamento são a promoção do crescimento adequado, a cicatrização das lesões 
teciduais, o alívio dos sintomas e a prevenção das complicações associadas(FERREIRA et al., 2014).
As medidas terapêuticas para a DRGE incluem:
• Tratamento não medicamentoso: orientações sobre medidas antirrefluxo gastroesofágico, 
mudanças nos hábitos de vida e na alimentação como frequência, volume e espessamento da 
alimentação.
• Tratamento medicamentoso: supressão ácida por meio de inibidores de bomba de prótons e 
antagonistas do receptor H2 da histamina para aumentar o pH gástrico e prevenir refluxo ácido 
que é lesivo à mucosa esofágica. Os medicamentos que aumentam o tônus do EEI melhoram a 
depuração esofágica e promovem o esvaziamento gástrico e também são indicados.
• Tratamento cirúrgico: indicado para crianças com complicações graves, ou quando a criança não 
responde ao tratamento farmacológico. A fundoplicatura de Nissen é o procedimento cirúrgico 
mais frequentemente realizado.
Nos diversos níveis de atenção, o enfermeiro deve direcionar seus cuidados na identificação de 
crianças com sintomas sugestivos de RGE e encaminhar para avaliação especializada. Os cuidados de 
enfermagem envolvem a orientação da família para os cuidados domiciliares da criança com DRGE. Os 
pais precisam de informações seguras sobre a doença e terapêutica e o enfermeiro deve disponibilizar 
tempo e escuta atenta às dúvidas que surgirem (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
É importante conversar com os pais sobre o posicionamento do bebê. Embora existam evidências 
que a posição prona é a postura mais eficiente na redução de episódios de refluxo, está associada à 
síndrome da morte súbita na infância e por isso é preciso desencorajar a utilização dessa posição para 
o sono do bebê. A posição supina é recomendada, a cabeceira da cama ou berço deve ser elevada a 30º. 
Evitar cobertores e objetos macios (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
Em relação à alimentação, o aleitamento materno deve ser mantido. A mãe que amamenta 
é aconselhada a evitar o consumo de substâncias que exacerbam o refluxo gástrico como tomates, 
alimentos fritos e cafeína.
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Em caso de desmame, o bebê poderá receber fórmulas antirrefluxo ou espessamento da alimentação 
com cereal, pois diminuem os episódios de vômito e regurgitações. O orifício do bico da mamadeira deve 
ser aumentado para facilitar a sucção (LAMMERT; WILSON; WILSON, 2014).
Após a alimentação, manter o bebê sentado em assento infantil apropriado por pelo menos uma 
hora ou em berço com cabeceira elevada a 30º (FERREIRA et al., 2014).
Famílias com pré‑escolares e crianças maiores são aconselhadas para aumentar a frequência das 
refeições. Alimentos gordurosos devem ser evitados, pois tornam mais lento o esvaziamento gástrico.
O enfermeiro deve fornecer informações específicas sobre as medicações administradas para 
tratamento da DRGE.
Quando a criança não responde ao tratamento convencional e em situações particulares, a 
intervenção cirúrgica é necessária. As indicações para o tratamento cirúrgico são: atraso no crescimento, 
anomalias anatômicas, eventos ameaçadores da vida (apneia e aspiração), necessidade de tratamento 
farmacológico em longo prazo e em doses elevadas, estenose e esôfago de Barret.
Entre as cirurgias para tratamento da DRGE, a fundoplicatura de Niessen é o procedimento mais 
adotado para a população pediátrica. Nessa cirurgia, o fundo gástrico é passado por trás do esôfago 
a fim de envolver o esôfago distal e criar um reforço para o EEI e, consequentemente, diminuir os 
episódios de retorno do conteúdo gástrico ao esôfago (AMARAL, 2012).
A via laparoscópica é preferida em relação à abordagem convencional, especificamente por diminuir 
o tempo de internação pós‑operatório, apresentar menor taxa de complicações, reduzir o tempo de 
início da alimentação, reduzir a dor e apresentar melhor resultado estético.
A fundoplicatura de Nissen pode ser associada à colocação de botão de gastrostomia nos casos em 
que a criança apresenta disfunção do mecanismo de deglutição, frequentemente associada a problemas 
neurológicos (AMARAL, 2012).
Figura 27 – Suturas da fundoplicatura de Nissen passando através da musculatura esofágica
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Em decorrência das complicações, crianças com DRGE frequentemente são hospitalizadas em 
unidades pediátricas, especialmente por sintomas respiratórios associados à pneumonia por aspiração 
de conteúdo gástrico.
Em todo o mundo, as infecções respiratórias Agudas (IRAs) são a principal causa de morbidade em 
crianças. Estima‑se que crianças tenham entre de 4 a 6 IRAs por ano e somente 2‑3% dos casos evoluem 
para pneumonia. No entanto, a pneumonia é a principal causa de morte por IRAs. (DIRETRIZES..., 2007).
A população infantil é notadamente vulnerável às IRAs devido à imaturidade de seu sistema imunológico 
e ao tamanho das estruturas anatômicas que compõem o trato respiratório. Estas, por serem mais curtas, 
colaboram com migração rápida de patógenos para as vias inferiores. Elas também evoluem com maior 
gravidade de sintomas devido ao diâmetro reduzido das vias áreas inferiores que, associado ao edema das 
mucosas, causa estreitamento considerável e maior dificuldade respiratória (CONLON, 2014).
Os principais fatores de riscos são a desnutrição, a baixa idade e as comorbidades, baixo peso ao 
nascer, permanência em creche, episódios prévios de sibilos e pneumonia, ausência de aleitamento 
materno, vacinação incompleta, variáveis socioeconômicas e variáveis ambientais.
A pneumonia é uma inflamação do parênquima pulmonar. Pode ocorrer como uma doença primária 
ou como consequência de complicações de outras doenças, como a DRGE. Os principais agentes causais 
são vírus, bactérias, micoplasmas e aspiração de substâncias estranhas (CONLON, 2014).
A pneumonia por aspiração ocorre quando alimentos, líquidos, secreções, materiais inertes e 
componentes voláteis entram no pulmão e causam inflamação e pneumonite química. O risco de aspirar 
alimentos e líquidos é maior quando a criança apresenta incapacidade ou dificuldade de deglutição, 
DRGE ou está com sonda nasogástrica. Situações nas quais a criança respira rapidamente ou é forçada 
a comer enquanto chora são extremamente perigosas. A gravidade da lesão depende do pH do material 
aspirado (CONLON, 2014).
A aspiração de conteúdo gástrico, especialmente do ácido gástrico, provoca queimadura química 
das vias aéreas e pulmões e causa broncoconstrição, atelectasia, edema e hemorragia alveolar. 
Frequentemente, a mucosa irritada torna‑se foco de infecção bacteriana secundária (CONLON, 2014).
Os sinais clínicos da pneumonia por aspiração nem sempre são distinguíveis de outras formas de 
pneumonia bacteriana. Os sintomas incluem febre, mal‑estar, respiração rápida e superficial, tosse e dor 
torácica e abdominal.
O diagnóstico é realizado pela história clínica e exame físico. O exame de Raio‑X de tórax é complementar 
e o tratamento deve ser instituído independentemente do exame de Raio‑X (BRASIL, 2012a).
Os critérios para internação estão baseados na gravidade dos sintomas e nos critérios a seguir 
(BRASIL, 2012a).
• Idade < 2 meses.
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• Tiragem subcostal.
• Convulsões.
• Sonolência.
• Estridor em repouso.
• Desnutrição grave.
• Impossibilidade de ingestão de líquidos.
• Sinais de hipoxemia.
• Doença de base debilitante (por exemplo: cardiopatia, pneumopatia crônica, doença falcêmica).
• Derrame pleural, abscesso pulmonar, pneumatocele.
• Falha de terapêutica ambulatorial.
• Apoio familiar não favorável ao tratamento domiciliar da criança com quadro agudo.
Penicilina ou ampicilina/amoxicilina permanecem como os antibióticos mais efetivos e racionais para 
o tratamento da pneumonia comunitária em crianças.Para as crianças hospitalizadas, o tratamento é 
determinado pela história vacinal da criança e complicações como derrame pleural e abscesso pulmonar 
(BEDRAN et al., 2012).
Quadro 24 – Tratamento empírico intra‑hospitalar
Primeira opção Alternativa
Imunização completa e em local de 
baixa resistência a pneumococo Ampicilina ou penicilina Ceftriaxona
Imunização incompleta ou em local de 
alta resistência a pneumococo
Lactentes, risco de vida, complicações
Ceftriaxona
Fonte: Bedran et al. (2012, p. S45).
7.1 O impacto da doença e hospitalização para a criança e sua família
A doença e o processo de hospitalização afetam de forma singular todos os membros da família, 
especialmente quando a pessoa diretamente envolvida é uma criança. Pais, avós e irmãos vivenciam 
inúmeros sentimentos que vão desde impotência, dúvidas quanto à competência da equipe, necessidade 
de obter informações claras, medo, incerteza e, em alguns casos, luto pela perda.
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É certo que tais sentimentos diferem de indivíduo para indivíduo e de família para família, uma 
vez que as respostas à doença e hospitalização são influenciadas pela gravidade da doença, tipos de 
procedimentos envolvidos, sistemas de apoio disponíveis, comunicação entre os membros da família e 
habilidades de enfrentamento de cada sistema (MERK; MCELFRESH, 2014).
Para a criança que adoece, a hospitalização é um momento difícil, pois resulta em dor, lesão 
corporal, separação e perda de controle. Elas possuem recursos limitados de enfrentamento para 
lidar com fatores estressores e precisam que suas necessidades sejam atendidas para passar pela 
crise (MERK; MCELFRESH, 2014).
Cabe destacar que as reações das crianças à hospitalização são influenciadas pela idade de 
desenvolvimento, experiências prévias, capacidade inata de enfrentamento, gravidade da doença e 
sistemas de suporte.
Crianças que ainda não completaram 1 ano de idade estão envolvidas na construção de vínculo 
e confiança obtidos por meio de relacionamentos sustentadores com adultos que fornecem cuidados 
diários permeados de amor e atenção. Essa é a principal necessidade a ser atendida nessa fase do 
desenvolvimento. A hospitalização pode dificultar esse processo quando as pessoas significativas não 
podem ou não conseguem interagir com a criança, seja pela impossibilidade de estar presente, pelo 
sofrimento que afasta ou por barreiras institucionais (VERÍSSIMO et al., 2009).
As evidências científicas confirmam que crianças e adolescentes sofrem de ansiedade de separação 
quando hospitalizadas e apresentam manifestações específicas para cada fase de desenvolvimento. A 
separação prolongada entre pais e crianças com idades entre 6 meses e 30 meses de idade pode resultar 
em depressão anaclítica com sérias consequências para o desenvolvimento e saúde infantil (MERK; 
MCELFRESH, 2014).
No início, essas crianças ficam inconsoláveis. Gritam por seus pais e recusam atenção de qualquer 
outra pessoa. Os protestos são contínuos, podem durar dias e cessam apenas com a exaustão física. 
Quando essa fase se encerra, a depressão é evidente. Elas ficam inativas, tristes e perdem o interesse pelo 
ambiente. Muitos regridem para comportamentos anteriores, como chupar o dedo e recusam alimentos. 
Posteriormente, evoluem para o desapego e demostram comportamentos que podem ser confundidos com 
ajuste à perda. Parecem felizes, no entanto se desligam dos pais numa tentativa de aliviar o sofrimento.
Raramente, observa‑se desapego em situações de hospitalização prolongada, mas as fases de 
protesto e desespero são frequentemente observadas (MERK; MCELFRESH, 2014).
A ansiedade de separação é o maior estresse imposto pela hospitalização. Embora crianças maiores 
e adolescentes sejam mais capazes de lidar com a separação dos pais, o medo de separação da família e 
amigos é frequentemente relatado durante a hospitalização (MERK; MCELFRESH, 2014).
Dessa forma, a presença de pessoas significativas é de fundamental importância para minimizar 
o impacto da doença e hospitalização em crianças, uma vez que os relacionamentos sustentadores 
provêm segurança emocional e ajudam a lidar com dificuldades.
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Figura 28 – Importância da família para minimizar o impacto da hospitalização em lactentes
Outro aspecto a ser considerado no atendimento das necessidades de crianças e adolescentes 
hospitalizados é ajudá‑los a ter certo grau de controle das situações. Os lactentes tendem a controlar 
seu ambiente por meio do choro e riso. À medida que são compreendidos e suas necessidades são 
atendidas, desenvolvem confiança em si mesmos, no outro e no mundo. Durante a hospitalização, 
a redução do sentimento de controle ocorre quando a rotina prioriza as necessidades da equipe ou 
quando as solicitações dos lactentes são mal interpretadas (MERK; MCELFRESH, 2014).
Os infantes, definidos como crianças entre 1 e 3 anos de idade, estão em processo de construção 
da autonomia. São exploradores, egocêntricos e sentem‑se seguros com a regularidade da rotina diária. 
Durante a hospitalização, encontram muitas restrições que retiram da criança o controle de seu mundo. 
Perdem a previsibilidade dos acontecimentos, pois todos os detalhes diferem daqueles encontrados em 
casa. Em consequência dos escassos recursos emocionais, reagem de forma intensa, com negativismo, 
desobediência e crises de birra. Em geral, regridem para comportamentos anteriores, como uso de 
mamadeiras e fraldas quando já tinham feito conquistas nessas áreas.
Assim como os infantes, os pré‑escolares também perdem o controle do ambiente, especialmente 
pela restrição física e alteração de rotinas. Geralmente, associam doença e hospitalização à punição 
por algo que fizeram ou que imaginam terem feito. Isso é resultado do egocentrismo e pensamento 
mágico que limita sua capacidade de compreender os eventos. Sua percepção está baseada em sua 
própria experiência. Além disso, são incapazes de raciocinar logicamente sobre causa e efeito e, 
consequentemente, extrapolam a compreensão de um evento para todas as situações similares. Essa 
situação é comum nos contextos de atendimento em saúde. Caso o profissional de saúde utilize roupas 
brancas e o atendimento envolva procedimentos dolorosos, como coleta de sangue para exames 
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laboratoriais, todos os atendimentos subsequentes com pessoas usando branco serão dolorosos (MERK; 
MCELFRESH, 2014).
Para escolares, a tarefa é obter independência e produtividade e, nessa fase, eles são especialmente 
vulneráveis a situações que podem reduzir seus sentimentos de controle e poder. Durante a hospitalização, 
a falta de atividades produtivas e prazerosas, bem como a dependência são ameaças reais à segurança 
e controle. Já os adolescentes estão em busca de uma identidade pessoal. Para que essa conquista seja 
possível, lutam constantemente por independência e autoafirmação. A hospitalização gera dependência, 
impessoalidade e perda de controle. Normalmente separa o adolescente de seus sistemas de apoio, 
como o grupo de amigos. Eles podem reagir com rejeição, ausência de colaboração e afastamento 
(MERK; MCELFRESH, 2014).
O quadro a seguir lista medidas que podem ser adotadas para amenizar o impacto da ansiedade de 
separação e da perda de controle nas diferentes fases do desenvolvimento.
Quadro 25 – Medidas recomendadas para favorecer a adaptação da 
criança e adolescente no hospital
Grupo etário Medidas recomendadas
Lactente
Atender às necessidades de alimentação, higiene, eliminação, sono, estimulação e 
afeto, seguindo a rotina familiar sempre que possível.
Manter bom relacionamento com os pais.
Evitar rodízio da equipe de enfermagem no cuidadocom as crianças.
Abraçar, conversar, segurar as crianças de forma afetiva, incentivando a 
estimulação sensorial.
Incentivar a permanência de objetos transicionais com a criança, como chupetas, 
paninhos e outros objetos preferidos.
Ensinar os pais a se despedirem das crianças.
Encorajar os pais a estar presentes nos procedimentos.
Envolver os pais no cuidado do filho, estimulando‑os a participar dos cuidados 
prestados à criança.
Empregar todos os meios para dar segurança e conforto quando a criança for 
submetida a um procedimento doloroso: ficar algum tempo com o bebê antes 
de realizar o procedimento e falar o que vai ser feito com voz firme e agradável, 
oferecer chupeta, dar algo para ele olhar e permitir que a mãe fique perto 
conversando com ele durante o procedimento; acariciá‑lo, oferecer chupeta e dar 
colo logo após o procedimento.
Pré‑escolar
Evitar procedimentos invasivos desnecessários.
Promover atividades recreacionais ao ar livre e na unidade de internação.
Aceitar comportamentos de regressão (chupar o dedo, solicitar mamadeira, usar 
fraldas) e explicar aos pais os motivos dessa regressão.
Dar tempo para a criança fazer perguntas e respondê‑las em uma linguagem 
simples, concreta (utilizando desenhos, brinquedos ou objetos para demonstrar o 
que está sendo falado).
Explicar procedimentos hospitalares com o uso do brinquedo terapêutico.
Elogiar a colaboração da criança.
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Escolar
Envolver a criança no planejamento dos cuidados.
Incentivar o autocuidado.
Explicar os procedimentos e fazer uma pausa para a criança elaborar perguntas.
Orientar sobre as rotinas da unidade, informando sobre os limites estabelecidos.
Encorajar a criança a manter seus pertences em ordem.
Incentivar a verbalização.
Dar oportunidade para desenvolver atividades escolares.
Adolescentes
Respeitar a privacidade no atendimento de suas necessidades.
Permitir o uso de suas próprias roupas e a ingestão de alimentos favoritos 
respeitando as restrições nutricionais e estabelecendo limites, quando necessário.
Promover independência.
Promover o contato com amigos.
 Dar oportunidade para desenvolver e dar continuidade às atividades escolares.
Desenvolver programas de promoção à saúde.
Fonte: Sabatés (2008, p. 53‑54).
Os pais frequentemente são os adultos significativos com quem a criança construiu laços de afeto 
e confiança, no entanto, em situações de hospitalização, estão vulneráveis e precisam de cuidados 
profissionais, assim como as crianças.
Enfermeiros e profissionais de saúde estão cada vez mais atentos às necessidades da família em 
momentos de crise, adotando uma perspectiva de cuidado que vai além do atendimento da doença em 
si. O novo paradigma de atenção está focado em uma perspectiva de cuidado que inclui a criança e a 
família vivenciando a doença e a hospitalização de um dos seus membros.
A abordagem centrada na família é uma filosofia de cuidados que vem ao encontro desse novo 
paradigma de cuidado. Nessa abordagem, a família é reconhecida como uma constante na vida da criança 
e o papel dos serviços e profissionais de saúde é “apoiar, respeitar, encorajar e potencializar as forças e 
competências da família”. A criança é parte da família (PETTENGILL; RIBEIRO; BORBA, 2008, p. 37).
Parte‑se da premissa de que a família é a primeira responsável pelos cuidados de saúde de seus 
membros, no entanto, em situações de hospitalização, podem apresentar ruptura em sua unidade e 
dificuldades para o cuidado.
Dessa forma, o objetivo do cuidado é atender às demandas biológicas, psicológicas, sociais e 
espirituais da família, além de fortalecer o senso de competência e autonomia.
A prática do enfermeiro engajado com o cuidado centrado na família demanda:
• Compreender o que é família e como ela se define.
• Reconhecer a família como cliente.
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• Compreender o significado da hospitalização para a família.
• Conhecer as crenças da família.
• Conhecer as crenças do profissional.
• Avaliar a família da criança hospitalizada.
• Propor intervenções com a família.
A família pode ser definida de acordo com a proposta de Wright e Leahey: “Família é quem os 
sujeitos dizem que são” (WRIGHT; LEAHEY, 2008, p. 48).
Observe que essa definição não delimita a família pelos laços de consanguinidade e atribui à própria 
família a responsabilidade de determinar seus membros e, consequentemente, quem poderá participar 
do processo de hospitalização.
O enfermeiro precisa conhecer a família da criança que está sob seus cuidados e pode utilizar 
modelos de avaliação disponíveis para essa tarefa. O Modelo Calgary de Avaliação da Família (MCAF) 
possibilita avaliar a estrutura, o desenvolvimento e o funcionamento da família a fim de conhecer as 
forças, fraquezas e demandas que ela tem (WRIGHT; LEAHEY, 2008).
Instrumentos como o genograma e ecomapa podem ser usados no processo de avaliação. 
O genograma é um desenho da árvore familiar e permite reconhecer os membros da família e 
seus relacionamentos nas três últimas gerações. Já o ecomapa é um diagrama que representa 
uma visão geral da família e de seus relacionamentos intrafamiliar e desta com a comunidade 
(WRIGHT; LEAHEY, 2008).
 Saiba mais
O genograma e o ecomapa são valiosos instrumentos para a compreensão 
dos processos familiares de crianças hospitalizadas. Para conhecer mais 
sobre os símbolos para a representação do genograma e a estrutura do 
ecomapa, acesse:
BRASIL. Ministério da Saúde. Melhor em casa: a segurança do hospital 
no conforto do seu lar. Brasília: Ministério da Saúde, 2012c. v. 2. (Caderno 
de Atenção Domiciliar). Disponível em: <http://189.28.128.100/dab/docs/
geral/CAD_VOL2_CAP2.pdf>. Acesso em: 24 maio 2018.
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
ABUD, S. M. Instrumentos da abordagem familiar: genograma e 
ecomapa. [s.d.]. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
php/2117294/mod_resource/content/1/Texto%202%20genograma%20
e%20ecomapa.pdf>. Acesso em: 24 maio 2018.
PAULA, E. S. de; NASCIMENTO, L. C.; ROCHA, S. M. M. Religião e 
espiritualidade: experiência de famílias de crianças com Insuficiência 
Renal Crônica. Revista Brasileira de Enfermagem (Reben), Brasília, v. 62, 
n. 1, fev, 2009, p. 100‑106. Disponível em: <http://www.redalyc.org/
pdf/2670/267019601015.pdf>. Acesso em: 24 maio 2018.
Cabe destacar que o uso desses instrumentos demanda conhecimento e habilidades de comunicação 
e, portanto, eles devem ser usados por profissionais competentes, como o enfermeiro (BORBA; 
PETTENGILL; RIBEIRO, 2008).
Conhecer a experiência da família e os significados da doença e hospitalização é fundamental para 
o planejamento de intervenções efetivas que ajudem no enfrentamento da doença. Cada família tem 
uma perspectiva única do processo e possui crenças facilitadoras e limitadoras que norteiam suas ações 
e comportamentos.
As intervenções de enfermagem são ações terapêuticas que ocorrem no contexto de relacionamento 
entre o enfermeiro e a família. Nessa abordagem, a família não está subordinada às decisões da equipe 
multiprofissional, mas participa ativamente no processo decisório. O enfermeiro é um facilitador 
e busca promover mudanças para o fortalecimento da família nos domínios cognitivo, afetivo e 
comportamental (BORBA; PETTENGILL; RIBEIRO, 2008).
7.2 Caso clínico: admissão de lactente com DRGE e pneumonia em Unidade 
de Internação Pediátrica
Bruno, 4 meses e 15 dias, é admitido na Unidade de Internação Pediátrica, acompanhado da mãe, com 
hipótese diagnóstica de pneumonia e RGE, com acesso venoso periférico em mão esquerda recebendo 
soro de manutenção e pulseira de identificação em braço direito.Está em pausa alimentar; recebendo 
oxigênio por nebulização contínua com 8 lts/O2, sem máscara.
História atual da doença: segundo dados colhidos com a mãe, há presença de tosse e coriza há 
3 dias, sendo que, nas últimas 6 horas, apresentou piora do estado geral, dificuldade para mamar e 
temperatura corporal de 38,8 ºC.
História de saúde pregressa: a mãe, cuidadora principal, relata que o lactente nasceu a termo, 
parto normal, 2400 g, sem necessidade de internação. Refere que a criança foi desmamada aos 2 meses 
e que recebe leite integral (6 vezes/dia), que as vacinas estão atualizadas e que o lactente ainda não 
frequenta a creche. Mora em casa de alvenaria, com rede de esgoto. Relata que a criança chora muito, 
regurgita com frequência e que sempre está com o “peito chiando”.
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História da família: Rubens é o pai de Bruno, tem 33 anos de idade, arquivista, Ensino Médio 
incompleto. Silvia é a mãe, com 32 anos, trabalha em uma empresa como faxineira, Ensino Fundamental 
completo. Os pais estão juntos desde 2000, quando resolveram viver juntos. Silvia teve um relacionamento 
anterior com José, de 35 anos, de quem está separada desde 1998. Dessa união, tem 2 outros filhos, 
Davi, de 14 anos, estudante da 8ª série do Ensino Fundamental, saudável, e Breno. de 6 anos, que 
frequenta a Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) do bairro e está em processo de alfabetização. 
Davi e Breno não mantêm contato com o pai, que reside atualmente em Pernambuco. Os pais de Silvia 
vivem em Fortaleza e os pais de Rubens, no Mato Grosso do Sul; eles mantêm contato esporádico por 
telefone não têm conflitos entre si.
A família é católica e frequenta a igreja. Maria Helena é a madrinha de Bruno e é quem mais apoia 
Silvia, sendo sua amiga desde que chegou em São Paulo, há 16 anos. Os meninos mais velhos gostam 
da escola e têm um bom relacionamento com seus amigos. Silvia paga uma vizinha para cuidar de 
Bruno, enquanto ela trabalha. Silvia parecia estar muito ansiosa com a situação de Bruno, se iria ficar 
ainda muito tempo internado, por causa do emprego e dos outros filhos. Mas relatou que estava mais 
preocupada com a confirmação do diagnóstico de DRGE.
Exame físico: dormindo, fontanela anterior normotensa. Palidez cutânea, mucosa oral e ocular 
corada e hidratada. Turgor cutâneo mantido. Ausência de hematomas. Temperatura corporal: 38,3 ºC. 
Tórax simétrico, presença de MV bilateralmente, com roncos e estertores difusos e sibilos expiratórios. 
Presença de batimento de asa de nariz e tiragens intercostais. Respiração: 48 rpm. Sat O2: 96% com 
oxigênio e 86%. em ar ambiente: Ausculta cardíaca com BRNF em 2T, sem sopros. Frequência cardíaca: 
122 bpm. Pulsos periféricos palpáveis e finos. Perfusão periférica em 3 segundos. Abdome globoso, 
distendido, RHA+ e aumentados. Indolor à palpação. Peso atual: 5.480 g. Períneo íntegro. Fralda seca, no 
momento. Relato de sustenção do tronco e cabeça. Evidências de formação de vínculo afetivo.
Prescrição médica: pausa alimentar, soro de manutenção, Ceftriaxona EV, inalação com soro 
fisiológico 0,9% e Berotec, e nebulização contínua com 8 l de O2.
Quadro 26 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de 
enfermagem apresentados no caso do lactente Bruno
Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem
Características 
definidoras
Fator relacionado/fator 
de risco
AVP em mão esquerda
Hospitalização
Risco de infecção
Procedimento invasivo
Alteração da integridade 
da pele.
Exposição a doenças
Regurgitações 
frequentes Risco de aspiração
Esfíncter esofágico inferior 
incompetente 
Temperatura corporal: 
38,3 ºC Hipertermia Pele quente Processo infeccioso/doença
AVP em mão esquerda Integridade tissular prejudicada Tecido lesado
Agente mecânico/cateter 
periférico
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Peso atual: 5480 g
Recebe leite integral 
(6 vezes/dia)
Desmame
Nutrição desequilibrada: 
menor do que as 
necessidades corporais
Informações 
insuficientes
Peso do corpo abaixo 
do ideal
Ingestão alimentar 
insuficiente.
Fatores biológicos
Respiração: 48 rpm
BAN e tiragens 
intercostais
Padrão respiratório ineficaz
Padrão respiratório 
anormal
Taquipneia
Uso de musculatura 
acessória para respirar
Processo inflamatório
Roncos e estertores 
difusos. Sibilos 
expiratórios
Desobstrução ineficaz de 
vias aéreas
Ruídos adventícios 
respiratórios
Dispneia
Mudança na frequência 
respiratória
Infecção
Muco
Espasmo de via aérea
Palidez cutânea. SatO2: 
96% com oxigênio e 
86% em ar ambiente. 
FC: 122 bpm. FR: 48 
rpm
Troca de gases prejudicadas
Cor da pele anormal
Hipoxemia
Padrão respiratório 
anormal
Taquicardia
Mudanças na membrana 
alvéolo‑capilar
Não consegue mamar
FR: 48 rpm
Intolerância a atividade
Dispneia
Fadiga
Desequilíbrio entre a oferta 
e a demanda de oxigênio
Relato de choro 
constante, regurgitações 
frequentes e “chiados”
Deglutição prejudicada
3º estágio: esofágico
Regurgitações
Irritabilidade
DRGE
Preocupação materna 
com a doença, 
hospitalização e 
tratamento 
Processos familiares 
interrompidos
Crises situacionais 
(hospitalização)
Mudança do estado de 
saúde de um membro da 
família
Febre
Fralda seca
Taquipneia
Pausa alimentar
Risco de volume de líquidos 
deficiente
Desvios que afetam a 
ingestão de líquidos
Extremos de idade
Fatores que influenciam a 
necessidade de líquidos
Quadro 27 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os 
diagnósticos de enfermagem no caso do lactente Bruno
Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC)
Risco de infecção Controle de riscos
Proteção contra infecção
Controle da infecção
Risco de aspiração Prevenção da aspiração Posicionamento
Hipertermia Termorregulação
Controle da infecção
Controle do ambiente
Integridade tissular prejudicada Integridade tissular Cuidados com o local da incisão
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Nutrição desequilibrada: menor 
do que as necessidades corporais Estado nutricional do lactente
Controle do peso
Ensino: nutrição do lactente 4‑6 
meses
Padrão respiratório ineficaz Estado respiratório: ventilação
Monitoração respiratória
Administração de medicamentos
Desobstrução ineficaz de vias 
aéreas Permeabilidade das vias aéreas Aspiração de vias aéreas
Troca de gases prejudicadas Estado respiratório: troca gasosa
Oxigenioterapia
Monitoração respiratória
Intolerância a atividade Energia psicomotora
Controle do ambiente
Assistência no autocuidado
Deglutição prejudicada Estado da deglutição: fase esofágica
Posicionamento
Controle de medicamentos
Controle da nutrição
Processos familiares 
interrompidos Normalização familiar
Aconselhamento
Apoio emocional
Facilitação da presença da 
família
Risco de volume de líquidos 
deficiente Equilíbrio hídrico Controle hídrico
Quadro 28 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem 
identificados no caso do lactente Bruno
Diagnósticos de 
enfermagem Prescrição de enfermagem 
Risco de infecção
1. Implementar e praticar precauções padrão.
2. Encorajar família e profissionais a lavarem as mãos.
3. Monitorar local do cateter periférico quanto a sinais de flebite e infiltração.
4. Monitorar sinais e sintomas de complicações respiratórias: hipóxia, 
taquipneia, esforço respiratório, taquicardia e piora do estado geral.
5. Trocar equipos de soro e extensões conforme orientação do SCIH.
Risco de aspiração
1. Posicionar e supervisionar decúbito elevado a 30º.
2. Lateralizar o lactente durante as trocas de fralda, evitando aumento da 
pressão abdominal.
3. Manter decúbito elevado às trocas de roupas e fraldas.
4. Posicionar adequadamente em bebê‑conforto, mantendoelevação de 
tronco e cabeça.
Hipertermia
1. Manter ambiente fresco e arejado.
2. Administrar antitérmicos conforme prescrição médica.
3. Manter roupas confortáveis e apropriadas à temperatura ambiental.
Integridade tissular 
prejudicada
1. Monitorar local do cateter periférico quanto a sinais de flebite e infiltração.
2. Substituir curativo do acesso venoso conforme necessário ou segundo 
recomendação do SCIH.
3. Trocar dispositivo venoso conforme recomendação do SCIH ou se houver 
presença de complicações locais.
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Nutrição desequilibrada: 
menor do que as necessidades 
corporais
1. Controlar infusão do soro de manutenção.
2. Pesar a criança diariamente.
3. Fornecer orientações sobre medidas que diminuam os episódios de 
regurgitações.
4. Fornecer orientações sobre alimentação complementar para crianças com 
idade superior a 4 meses que foram desmamadas, em momento apropriado.
Padrão respiratório ineficaz
1. Posicionar e supervisionar decúbito elevado a 30º, mantendo posição 
neutra da cabeça e proporcionando eficiência respiratória e vias aéreas 
patentes.
2. Manter apoio (ninho), evitando deslize no berço e promovendo conforto.
3. Monitorar frequência, ritmo e profundidade respiratória a cada 2 horas.
4. Administrar antibióticos e broncodilatadores prescritos.
Desobstrução ineficaz de vias 
aéreas
1. Posicionar e supervisionar decúbito para facilitar a drenagem de secreções.
2. Aspirar as vias aéreas sempre que houver queda da saturação, ruídos 
adventícios ou desconforto respiratório.
3. Realizar percussão torácica para facilitar a drenagem das secreções.
4. Fornecer umidificação por meio de nebulizador, conforme prescrição 
médica.
5. Instilar SF 0,9% em narinas, na presença de sinais de obstrução nasal. 
Troca de gases prejudicadas
1. Monitorar saturação de oxigênio a cada 2 horas.
2. Fornecer oxigênio conforme prescrição médica.
Intolerância a atividade
1. Organizar a rotina de cuidados, evitando manipulação excessiva do 
lactente.
2. Monitorar disposição geral e nível de atividade.
3. Realizar mudança de decúbito.
4. Oferecer brinquedos/brincadeiras no leito.
Deglutição prejudicada
1. Fornecer orientações de alta escritas sobre cuidados domiciliares com 
a criança com RGE, especialmente, posicionamento, alimentação e 
administração de medicamentos, em momento apropriado.
2. Fornecer orientações sobre adequação do berço da criança para 
manutenção da posição elevada durante o sono, em momento apropriado.
3. Fornecer orientações sobre espessamento de alimentos da dieta da 
criança, em momento apropriado.
Processos familiares 
interrompidos
1. Promover cuidados centrado na família.
2. Criar espaço para expressão de dúvidas e sentimentos quanto à doença e 
hospitalização da criança.
3. Incentivar troca de acompanhantes para que a mãe possa descansar, voltar 
para casa e cuidar dos irmãos.
4. Estimular a participação da família nos cuidados com a criança.
5. Fornecer informações sobre a condição da criança.
6. Apoiar a família, fortalecendo‑os na resolução de problemas.
Risco de volume de líquidos 
deficiente
1. Controlar rigorosamente a infusão de soluções.
2. Monitorar turgor cutâneo, fontanela, perfusão periférica e diurese.
3. Pesar fraldas.
4. Realizar balanço hídrico.
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Unidade IV
8 O CUIDADO DA CRIANÇA DEPENDENTE DE TECNOLOGIA E SUA FAMÍLIA: 
TRAQUEOSTOMIA E TRANSIÇÃO PARA OS CUIDADOS DOMICILIARES
Realizaremos a SAE por meio de um estudo de caso sobre a criança com traqueostomia e o 
treinamento da família para os cuidados domiciliares. Inicialmente, serão apresentados conceitos que 
subsidiam a compreensão e tomada de decisão para a prática clínica de enfermeiros envolvidos com o 
planejamento e processo de alta.
Graças aos avanços nas pesquisas científicas, que permitiram o desenvolvimento de tecnologias 
médicas e dos cuidados com a saúde, foi possível sobreviver a condições de saúde potencialmente fatais.
Atualmente, crianças com condições graves de saúde e anteriormente consideradas sem prognósticos 
recebem tratamento de ponta que incorporam o uso de novas tecnologias. Esse é o caso de prematuros 
extremos e de crianças com condições crônicas e complexas, como as distrofias musculares e a fibrose cística.
Entende‑se por criança dependente de tecnologia aquelas que “dependem de dispositivo médico 
para compensar a perda de alguma função vital e que necessitam de substancial e contínuo suporte 
de enfermagem a fim de evitar a morte ou piora da condição” (UNITED STATES CONGRESS, 1987, p. 3, 
tradução nossa).
Cabe destacar que essa definição incorpora dois traços específicos desse grupo: cuidados 
especializados e necessidade de dispositivos tecnológicos. Essas duas características as diferenciam 
das de crianças que precisam apenas de cuidados adicionais, como comprometimento cognitivo, e 
das que requerem somente uso de equipamentos tecnológicos, como as que usam aparelho auditivo 
(GLENDINNING et al., 2001).
Ressalta‑se que essas crianças têm condições complexas que acometem várias funções vitais e que 
precisam de equipe de saúde multidisciplinar, suporte e serviços comunitários para que vivam em seu 
potencial mais saudável.
São classificadas em grupos conforme suas características clínicas:
Quadro 29
Grupos Características clínicas 
Grupo I Crianças dependentes de respiradores mecânicos pelo menos em parte do dia.
Grupo II Crianças que necessitam de administração prolongada de substâncias ou drogas intravenosas.
Grupo III Crianças com dependência diária de equipamento respiratório ou nutricional, incluindo traqueostomia.
Grupo IV
Crianças com dependência prolongada de outros equipamentos médicos que 
compensem as funções vitais e cuidados de enfermagem diários ou quase diários, como 
monitor de apneia, diálise renal, cateteres urinários, bolsas de colostomias e similares. 
Fonte: United States Congress (1987, p. 4, tradução nossa).
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Crianças pertencendo a um mesmo grupo ainda apresentam variações de causa, idade de início da 
dependência, duração, gravidade e frequência do uso de tecnologia.
Aqui, o foco será os cuidados de enfermagem para com as crianças que dependem de traqueostomia 
para manutenção da função respiratória.
 Observação
Define‑se traqueostomia como: “abertura cirúrgica da traqueia com 
inserção de uma cânula que possibilita troca direta com o ambiente 
externo” (DAL’ASTRA et al., 2017, p. 208).
A traqueostomia é um procedimento cirúrgico antigo que pode ser realizado de forma eletiva ou 
emergencial em crianças de qualquer idade, até mesmo em recém‑nascidos e lactentes (DAL’ASTRA 
et al., 2017).
As principais indicações de traqueostomia estão relacionadas ao alívio da obstrução das vias aéreas 
superiores, melhora da higiene pulmonar e manutenção da ventilação assistida prolongada. Atualmente, 
a indicação mais comum é a intubação prolongada, seguida da intubação para limpeza traqueobrônquica 
e malformações congênitas da via aérea (FRAGA; SOUZA; KRUEL, 2009).
Quadro 30 
Principais indicações de traqueostomia em crianças
Alívio da obstrução das vias 
aéreas superiores (VAS) 
• Anomalias da laringe e da traqueia.
• Condições neurológicas afetando a laringe.
• Traumas laríngeos internos e externos.
Higiene pulmonar
• Doenças neurológicas ou neuromusculares.
• Incoordenação da deglutição associada à aspiração em doenças neurológicas.
Manutenção da ventilação 
assistida 
• Após a segunda falha eletiva de extubação.
• Persistência de estridor ou disfonia após 72 horas de extubação.
As cânulas de traqueostomia são tubos curvos inseridos na abertura cirúrgica após suarealização. 
Há várias marcas de cânula no mercado, elas podem ser de material metálico ou plástico. São 
muito semelhantes em suas partes e compostas de presilhas, tubo, conector, obturador e lúmem 
(PICCOLO et al., 2002).
As presilhas são aberturas laterais encontradas nas asas da cânula por onde são passados fixadores 
que a mantêm localizada. O tubo fica no interior da traqueia. Já o obturador funciona como guia 
para facilitar a passagem da cânula de traqueostomia pela abertura cirúrgica. As cânulas plásticas 
possuem um conector para adaptação do circuito do ventilador ou de uma bolsa de pressão positiva 
conhecida como ambu.
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Unidade IV
Figura 29 – Cânula de traqueostomia Silastic
As cânulas de traqueostomia indicadas para a população pediátrica devem ser feitas de material 
que se moldam à traqueia e ao pescoço, como o plástico (PVC) ou o silicone (Silastic). Esses materiais 
são termossensíveis, isto é, amolecem conforme temperatura corporal, obedecendo ao contorno da 
traqueia. Elas também possuem angulação mais aguda que os tubos para adultos. Essas características 
visam prevenir pontos de pressão e, consequentemente, lesões na mucosa traqueal e na pele (DAL’ASTRA 
et al., 2017).
O plástico e o silicone dificultam a aderência de secreções no interior do tubo e por isso não 
possuem cânula interna. As cânulas podem ter balonetes ou cuffs, que, ao serem insuflados, 
diminuem a passagem de ar entre a parede da traqueia e o tubo, aprimorando a ventilação 
assistida. Outra função do balonete é reduzir transitoriamente as microaspirações de secreções 
(PICCOLO et al., 2002).
Cabe destacar que o balonete não é um dispositivo para fixação da cânula de traqueostomia. 
Quando em uso, a pressão do balonete precisa ser mensurada e não pode ultrapassar 20 cm – H20 ou 
15 mmHg. Esse cuidado é extremamente importante, uma vez que a balonetes hiperinsuflados pressionam 
a parede traqueal, reduzindo a irrigação local e levando à lesão isquêmica, e posteriormente, à estenose 
fibrótica (DAL’ASTRA et al., 2017).
A escolha do tamanho da cânula de traqueostomia leva em consideração o peso e a idade da criança. 
É importante considerar o diâmetro e o comprimento da cânula. Um diâmetro muito largo pode causar 
lesão ou isquemia da parede traqueal. Um comprimento curto da cânula pode favorecer a saída acidental 
do tubo ou formação de um falso trajeto. Já o uso de cânulas demasiadamente longas leva à lesão da 
carina traqueal e à intubação seletiva.
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Quadro 31 – Diâmetro de cânula de traqueostomia adequada para idade/peso
Idade/peso Cânula de traqueostomia recomendada (diâmetro interno em milímetros)
Prematuros e RN pesando <1.000 gramas 2,5 mm
Bebês pesando ente 1.000 g e 2.500 gramas 3,0 mm
RN entre 0 – 6 meses 3,0 – 3,5 mm
Lactentes entre 6 – 12 meses 3,5 – 4,0 mm
Lactentes entre 1 – 2 anos 4,0 – 4,5 mm
Maiores de 2 anos (Idade + 16)/4
Adaptado de: Dal’astra et al. (2017).
Na tabela anterior, a sigla RN significa recém‑nascido.
Cânulas de metal não são indicadas para crianças devido a sua rigidez, que aumenta o risco de lesão traqueal. 
São constituídas de uma parte externa fixada por cadarços ao redor do pescoço e por uma parte interna que 
pode ser removida para limpeza e retirada de secreções aderidas. Mesmo em cânulas com diâmetro apropriado, 
a parte interna da cânula de metal pode reduzir o lúmem e, consequentemente, levar à insuficiência respiratória.
É consenso entre especialistas brasileiros que a traqueostomia deve ser realizada em centro cirúrgico, 
sob anestesia geral, após realização do exame endoscópico de vias aéreas (EVA) para elaboração da proposta 
terapêutica futura e melhor planejamento do procedimento. O exame EVA deve ser feito logo após o 
procedimento quando houver impossibilidade de realização prévia à traqueostomia (AVELINO et al., 2017).
Durante o procedimento, cirurgiões optam pela colocação de pontos de reparo da parede traqueal, 
esses pontos são fundamentais em caso de saída acidental da cânula no pós‑operatório, pois, quando 
tracionados, permitem abertura e anteriorização do orifício traqueal, facilitando a recolocação da cânula 
(FRAGA; SOUZA; KRUEL, 2009).
No pós‑operatório, as crianças são monitoradas quanto a complicações como hemorragia local, 
edema, decanulação acidental, obstrução das vias aéreas e indícios de pneumotórax. A observação 
rigorosa e o uso de monitores ajudam no controle nesse período, uma vez que a criança pode não estar 
capacitada para indicar que precisa de ajuda (BROW, 2014).
Recomenda‑se manter à beira do leito cateteres de aspiração, sistema de aspiração com coletor, 
luvas, gaze estéril, tesoura, fixação e cânulas de traqueostomia extras, uma do mesmo tamanho que a já 
instalada e outra de tamanho menor (BROW, 2014).
Os cuidados de enfermagem no pós‑operatório envolvem:
• Manter a via aérea pérvia.
• Facilitação da remoção das secreções pulmonares.
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• Fornecimento de umidificação.
• Limpeza do estoma.
• Monitoração da capacidade de engolir.
• Prevenção de complicações.
A administração de líquidos intravenoso (IV) garante a hidratação adequada até que a criança possa 
ingerir quantidades suficiente de líquido (BROW, 2014).
A troca da cânula de traqueostomia é geralmente executada uma semana após a realização da 
traqueostomia para minimizar a formação de tecido de granulação. A rotina de trocas periódicas deve 
respeitar a orientação do fabricante da cânula e não deve exceder um mês. No Brasil, esse procedimento 
é realizado pelo cirurgião e a família recebe treinamento para fazer a troca da cânula em situações 
emergenciais (AVELINO et al., 2017; BROW, 2014).
Cabe destacar que a traqueostomia em crianças está associada a maior morbidade e mortalidade 
quando comparada ao adulto, especialmente quando há comorbidades graves, prematuridade e baixo 
peso. Na infância, a traqueia é menor e menos consistente, o que dificulta a realização do procedimento. 
A estimativa é que 0,5 e 2% das crianças submetidas à intubação e ventilação mecânica necessitem de 
traqueostomia (AVELINO et al., 2017).
As principais complicações pós‑operatórias precoces e tardias são: granuloma, infecção, obstrução 
da cânula, decanulação acidental e fístula traqueocutânea pós‑decanulação (DAL’ASTRA et al., 2017).
 Saiba mais
Conheça o 1° Consenso Brasileiro de Traqueostomia em Crianças:
AVELINO, M. A. et al. First Clinical Consensus and National 
Recommendations on Tracheostomized Children of the Brazilian Academy 
of Pediatric Otorhinolaryngology (ABOPe) and Brazilian Society of 
Pediatrics (SBP). Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 83, n. 5, p. 
498‑506, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/bjorl/v83n5/
pt_1808‑8694‑bjorl‑83‑05‑0498.pdf>. Acesso em: 24 maio 2018.
Crianças com traqueostomia podem ser cuidadas no contexto domiciliar depois que sua condição 
clínica estiver estabilizada. O propósito dos cuidados em casa é melhorar a qualidade de vida da criança 
e da família minimizando os efeitos do uso da tecnologia e doença (RICE, 2014).
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O processo de transição da alta hospitalar para os cuidados em casa requer treinamento da família 
para a realização de cuidados especializados. Durante o período de hospitalização, os membros da 
família são estimulados e inseridos nos cuidados para adquirir habilidades como: trocar a fixação 
da cânula de traqueostomia, aspirar secreções traqueais, manter vias aéreas umidificadas e fazer 
a limpeza peritraqueostomia (PICCOLO et al., 2002).
Além da aquisiçãodessas habilidades, a família precisa de orientações sobre como lidar com 
emergências, como a saída acidental da cânula de traqueostomia (PICCOLO et al., 2002).
A orientação e o fortalecimento da família para a rotina de cuidados diários com a criança é uma 
das atribuições do enfermeiro‑pediatra no processo de alta e transição para cuidados domiciliares. O 
objetivo final é atingido quando a família reconhece as necessidades da criança e torna‑se competente 
para realizar os cuidados (RICE, 2014).
Cabe destacar que algumas crianças com traqueostomia possuem dependência de tecnologia 
ventilatória e nutricional que requerem recursos médicos e cuidados adicionais envolvendo serviços de 
cuidados domiciliares especializados e cuidados de enfermagem 24 horas.
Estudaremos os cuidados da criança com traqueostomia que pode ser cuidada em casa por seus 
pais e familiares.
8.1 Transição do hospital para o cuidado domiciliar da criança com 
traqueostomia: treinamento de familiares
O plano de alta da criança com traqueostomia inclui o treinamento de familiares e instruções escritas 
específicas sobre a rotina de cuidados, materiais e equipamentos e manejo de situações emergenciais. 
Ao menos dois adultos precisam executar o treinamento para os cuidados domiciliares.
A rotina de cuidados inclui os cuidados específicos e cuidados do dia a dia de qualquer criança.
Os cuidados específicos são: avaliação do estoma e limpeza peritraqueostomia, fixação da cânula, 
umidificação das vias aéreas e aspiração traqueal.
A aspiração traqueal tem a finalidade de remover excesso de secreção e não deve ser feita em 
horários preestabelecidos. Recomenda‑se aos cuidadores realizarem a aspiração no mínimo ao acordar 
e antes de dormir (AVELINO et al., 2017).
A aspiração traqueal precisa ser executada sempre que a criança apresentar dificuldade para respirar, 
respiração ruidosa com presença de roncos, antes das refeições (se houver secreção) e quando houver 
sinais de obstrução da cânula de traqueostomia.
Os sinais de obstrução parcial da cânula de traqueostomia são aumento da frequência cardíaca, 
aumento do esforço respiratório, queda da saturação de oxigênio, cianose e elevação da pressão 
respiratória positiva do ventilador (BROW, 2014).
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No hospital, os pais aplicam técnica estéril durante o treinamento, no entanto, em casa, 
frequentemente, usa‑se a técnica estéril modificada ou técnica limpa. A American Thoracic Society 
recomeda a técnica estéril modificada (ATS, 2000).
• Técnica estéril: luva estéril e sonda de aspiração estéril.
• Técnica estéril modificada: luva limpa e sonda estéril. A mão dominante e enluvada não toca a 
ponta da sonda de aspiração a ser introduzida na cânula.
• Técnica limpa: mãos rigorosamente lavadas e sonda de aspiração reutilizada após desinfecção.
As sondas de aspiração estão disponíveis em uma variedade de tamanhos, sendo as numerações 6, 
8 e 10 as mais utilizadas em pediatria. Elas possuem uma porta lateral para que sejam introduzidas sem 
aspiração e removidas enquanto a sucção é aplicada.
Figura 30 – Sonda de aspiração. Observe a porta lateral sobre a gaze
O calibre da sonda de aspiração deve ser igual à metade do diâmetro da cânula de traqueostomia. O 
uso de sondas menores que o indicado prolonga o procedimento e causa hipóxia. Já as sondas maiores 
que o indicado podem lesar a parede traqueal (ATS, 2000).
Atenção deve ser dada à profundidade da aspiração para evitar traumas à traqueia provocados pelo 
contato com a ponta da sonda. Recomenda‑se mensurar previamente o comprimento da sonda a ser 
inserido utilizando a medida da cânula. O obturador pode ser usado para estimar o comprimento da 
cânula (ATS, 2000; BROW, 2014).
Há situações em que a sonda de aspiração deve ser inserida até encontrar resistência, como nos 
casos de obstrução da cânula traqueal.
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Para a prevenção de atelectasias, a pressão do vácuo deve variar entre 40‑60 mmHg para 
recém‑nascido e entre 80‑100 mmHg para lactentes e crianças (BROW, 2014).
 Observação
Cada aspiração traqueal não deve demorar mais que 5 segundos. Ensinar 
os pais a contar mil e um, mil e dois, mil e três em diante é uma estratégia 
simples para que controlem o tempo.
A instilação rotineira de solução salina na cânula de traqueostomia antes da aspiração não é 
recomendável. Pesquisas sustentam que a administração de solução salina antes da aspiração está 
relacionada à dessaturação de oxigênio durante o procedimento, ao aumento da frequência de 
pneumonia e à elevação da pressão intracraniana (BROW, 2014).
Para reduzir a hipóxia, recomenda‑se oferta de oxigênio a 100% antes ou depois da aspiração, 
usando máscara com bolsa de reserva de oxigênio ou ajustando a fração inspirada de oxigênio do 
ventilador (BROW, 2014).
Quadro 32– Descrição da técnica de aspiração traqueal para o treinamento dos familiares/
cuidadores de crianças com traqueostomia
1. Separe materiais: sonda adequada, luva, gaze e aspirador portátil. 
2. Lave as mãos. 
3. Converse com seu filho sobre a necessidade da aspiração. Um oxímetro pode ser usado para monitorar a 
saturação de oxigênio. 
4. Teste o aspirador e a extensão que irá conectar a sonda ao frasco coletor. Lembre‑se de manter a pressão do 
aspirador entre 40‑60 mmHg para recém‑nascido e entre 60‑100 mmHg para lactentes e crianças.
5. Técnica estéril: abra as embalagens da sonda e da luva deixando os materiais dentro das respectivas embalagens 
abertas. Calce a luva estéril na mão dominante. Não é necessário colocar luva na outra mão. Com a mão 
enluvada, pegue a sonda e a enrole em sua mão. Segure a porta lateral entre o polegar e o indicador da mão 
enluvada e a conecte à extensão do aspirador. Utilize a mão sem luva para segurar a extensão e facilitar a 
adaptação sonda – extensão.
6. Técnica estéril modificada: use luvas limpas e sonda estéril. Não toque a ponta da sonda durante todo o 
procedimento. Atenção ao conectar sonda e extensão para evitar contaminação.
7. Mensure a sonda utilizando o obturador. O comprimento a ser inserido deve corresponder ao tamanho da 
cânula. Não permita que a sonda encoste no obturador.
8. Introduza a sonda de aspiração no orifício da cânula de traqueostomia com a porta lateral aberta até o 
comprimento pré‑mensurado. Oclua a porta lateral da sonda, inicie a contagem para monitorar o tempo e siga 
removendo a sonda enquanto a secreção está sendo aspirada. A sonda deve ser totalmente removida em 5 
segundos.
9. Deixe seu filho descansar por 30‑60 segundos para permitir que a oxigenação volte ao normal. Ofereça oxigênio 
se indicado. Se a criança estiver em ventilação assistida, retorne sempre ao aparelho, entre uma aspiração e outra.
10. Repita o procedimento se houver secreção até que a traqueia fique limpa.
Fonte: Piccolo et al. (2002, p. 23).
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Porta de aspiração aberta
Figura 31 – Aspiração traqueal. Observe a inserção da sonda com a porta lateral aberta
A avaliação do estoma da traqueostomia inclui a observação de sinais de infecção e lesões. A pele 
deve ser mantida limpa e seca e crostas ao redor do estoma precisam ser delicadamente removidas. A 
área ao redor do estoma deve ser limpa diariamente, com maior ou menor frequência dependendo da 
quantidade de secreção e de complicações locais. Não há indicação do uso rotineiro de pomadas, exceto 
quando há sinais de inflamação e com indicação médica (AVELINO et al., 2017; BROW, 2014).
Curativos específicos e altamente absorventes como o Allevyn podem ser usados para controlar a 
umidade na região e prevenir lesões por atrito. Gazes também podem ser usadas em volta da cânula e, 
se usadas, devem ser substituídas sempreque houver acúmulo de secreção e umidade (BROW, 2014).
A limpeza da área pode ser feita com solução salina. Na presença de fios de sutura observados em 
cirurgias recentes, os pais devem ser orientados a substituir os adesivos que prendem os fios sempre que 
estiverem descolando.
Quadro 33– Descrição da técnica de limpeza periestoma para treinamento dos familiares/
cuidadores de crianças com traqueostomia
1. Separe os materiais: gaze e soro fisiológico.
2. Lave rigorosamente as mãos. No hospital, avalie a necessidade de luva estéril.
3. Retire as gazes ou o curativo que envolve a cânula de traqueostomia.
4. Limpe a área periestoma com movimento de 360 graus. 
5. Troque a gaze ao término do círculo.
6. Coloque um curativo ou gaze nova envolvendo a cânula.
Fonte: Piccolo et al. (2002, p. 27).
A cânula de traqueostomia é mantida por cadarços ou fixações de espuma com velcros ao redor do 
pescoço, são substituídas diariamente quando úmidas ou após o banho da criança. Para manter a segurança 
da criança e evitar decanulação acidental, esse procedimento deve ser realizado por duas pessoas.
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Durante a troca, os cadarços antigos só podem ser cortados e removidos quando os novos já 
estiverem firmemente presos com nó triplo (BROW, 2014).
Figura 32 – Fixadores da cânula traqueal. Fixação com aderência em velcro, cadarços e fixação com espuma e cadarço
Quadro 34– Descrição da técnica da troca da fixação da cânula 
para pais de crianças com traqueostomia
1. Separe materiais para a troca: cadarços ou fitas de velcro, tesoura sem ponta, gazes e soro fisiológico.
2. Lave rigorosamente as mãos.
3. Sem remover a fixação antiga, passe a fixação nova pelas presilhas e prenda nas laterais. Se utilizar cadarços, 
realize três nós. Não corte o cadarço rente ao nó, pois ele se desfaz.
4. Após, corte o cadarço sujo e retire‑o.
5. Verifique se a pele do pescoço está irritada, limpe a pele com solução salina. 
6. Verifique se há rachaduras na cânula de traqueostomia e comunique à equipe médica para realizar a 
substituição.
Fonte: Piccolo et al. (2002, p. 25).
As funções de umidificação e aquecimento do ar inspirado estão comprometidas na criança 
traqueostomizada e, consequentemente, as secreções podem se tornar espessas, com tendência à 
formação de rolhas de muco e risco de obstrução da cânula. O uso de aquecedores no inverno e do 
ar‑condicionado no verão altera a fluidez das secreções e aumenta a necessidade de umidificação 
(FRAGA; SOUZA; KRUEL, 2009).
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A melhor estratégia para manter a via aérea hidratada é uma boa ingestão hídrica. Equipamentos 
como nebulizadores e inaladores também são indicados para manter a umidade das vias aéreas. Durante 
o treinamento, os pais recebem orientações específicas para o uso e limpeza desses equipamentos 
(AVELINO et al., 2017; BROW, 2014).
Outra estratégia para umidificação das vias aéreas é o uso de filtros hidroscópicos, também 
conhecidos como trocadores de calor e umidade. O filtro é pequeno e, em seu interior, há uma camada 
de material com alta afinidade à água. Ele retém o calor e a água do ar expirado e, na inspiração 
seguinte, ele devolve para o ar inspirado a umidade e o calor retido. Pode conter filtro para poeira e 
bactérias. Sua indicação depende principalmente da quantidade de secreção e da função pulmonar 
da criança (BROW, 2014).
Antes da alta, os pais precisam reconhecer sinais de gravidade e demonstrar conhecimento sobre 
como agir em situações emergenciais como a obstrução da cânula e decanulação acidental.
Para diminuir as dificuldades, os pais devem:
• Ter o número do Serviço Médico de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em todos os telefones 
e celulares da casa.
• Chamar o Samu e iniciar atendimento imediato quando a criança apresentar sinais de obstrução 
da cânula ou decanulação acidental.
• Manter materiais para o cuidado organizados e com fácil acesso.
• Ter duas cânulas de traqueostomia: uma do mesmo número que a criança está usando e outra 
com numeração menor.
• Quando sair com a criança, levar uma mochila com materiais para atendimento de emergências, 
como cânulas extras, materiais para aspiração traqueal e ambu.
A saída acidental da cânula de traqueostomia requer ações imediatas, pois a via aérea pode 
colapsar, especialmente em crianças com traqueia flexível. A cânula deve ser prontamente reinserida 
no estoma aberto. Se não for possível a recolocação da cânula que se deslocou, uma de menor calibre 
deve ser inserida. A família receberá orientações para reposicionar a cânula com a criança posicionada 
adequadamente, mantendo hiperextensão cervical, expor o estoma afastando a pele com os dedos e 
lubrificando o orifício (AVELINO et al., 2017; BROW, 2014).
Se não houver sucesso na reinserção de uma cânula traqueal pelo estoma, medidas para o suporte 
básico de vida devem ser iniciadas (BROW, 2014).
O 1° Consenso Brasileiro de Traqueostomia em Crianças (apud AVELINO et al., 2017) disponibiliza 
uma lista de materiais de consumo sugerido para o cuidado domiciliar mensal.
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• 120 unidades de sondas uretrais (descriminar calibre).
• 120 unidades de ampolas (flaconetes de 10 ml) de soro fisiológico 0,9%.
• 60 pacotes de gazes estéreis (pacotes com 5 unidades).
• 3 caixas de luvas de procedimento.
• 1 unidade de micropore 25 mm x 10.
• 1 unidade de cadarço para fixação (a cada 3 meses).
• 1 vidro de 150 ml de álcool.
Além dos materiais anteriormente descritos, são recomendados: 1 ambu infantil com máscara de 
silicone e sem reservatório e materiais permanentes para urgências, 1 cânula de traqueostomia meio 
tamanho menor do que a em uso e xilocaína gel ou outro lubrificante para facilitar passagem da cânula 
(AVELINO et al., 2017).
Recomenda‑se que os serviços ofereçam no momento da alta um cartão identificando informações 
importantes para o cuidado da criança traqueostomizada como nome, idade, data de realização da 
traquestomia, número da cânula em uso, número da sonda de aspiração recomendada, profundidade 
recomendada para aspiração, identificação do médico e serviço de seguimento da criança e se a via 
aérea acima da traqueostomia se encontra pérvia ou não (AVELINO et al., 2017).
Crianças com traqueostomia devem ter suas necessidades de desenvolvimento asseguradas por 
meio de oportunidades que possibilitem um cotidiano muito semelhante ao das outras crianças, cercado 
de experiências adequadas e de cuidados que forneçam segurança emocional e respeito às diferenças, 
proteção física e prevenção de agravos à saúde, limites e participação em uma rede de social estável e 
amparadora (VERÍSSIMO et al., 2009).
Fortalecer a família é essencial para que as necessidades da criança com traqueostomia sejam 
atendidas e o enfermeiro deve agir para ajudá‑las no enfrentamento dessa tarefa (MARTINS; OLIVEIRA; 
SILVEIRA, 2011).
Sem a intenção de priorizar a necessidade de proteção física em detrimento das outras necessidades 
de desenvolvimento, alguns procedimentos precisam ser discutidos com os pais para garantir a segurança 
da criança durante os cuidados diários, especialmente no banho, quando um volume considerável de 
água pode entrar pelo orifício da traqueostomia.
Os pais precisam atentar‑se durante as brincadeiras para que, por curiosidade, outras crianças não 
puxem a cânula traqueal ou ainda objetos pequenos sejam introduzidos pelo orifício do tubo.
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Crianças com traqueostomia podem frequentar a escola, mas precisam de cuidados realizados por 
pessoa treinada duranteo período (AVELINO et al., 2017).
Falar com traqueostomia envolve passagem do ar entre a parede da traqueia e a cânula 
de traqueostomia em direção às cordas vocais, ao nariz e à boca. É possível em crianças com 
desenvolvimento adequado que usam cânulas menores que o diâmetro da traqueia e em crianças 
que usam válvulas fonatórias.
8.2 Caso clínico
Ana Beatriz, 5 meses, internada na Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, no 1º pós‑operatório 
de traqueostomia. Encontra‑se em berço com decúbito e grades elevadas, com pulseira de identificação 
em braço direito e oximetria de pulso contínua. Recebe soro de manutenção controlado por bomba de 
infusão por cateter periférico em mão. É mantido em bomba de infusão e nebulização contínua com 
5 litros de oxigênio. No momento está acompanhada da mãe, cuidadora principal. A criança nasceu 
pré‑termo, IG 35 semanas, peso 2.680 gramas e comprimento 47 cm. Evoluiu com estridor laríngeo, 
dificuldade de mamar e baixo ganho de peso. Faz acompanhamento com otorrinolaringologista que 
solicitou broncoscopia para determinar o diagnóstico de laringomalácia.
Ao exame físico: acordada, chorosa. Avaliação comportamental da dor (FLACC): escore 5. Recebeu 
fontanela anterior normotensa, corada, mucosa oral com saliva. Turgor cutâneo mantido e ausência 
de hematomas. Temperatura corporal 36,3 ºC. Presença de cânula de traqueostomia tipo Shiley, nº 
3,5, sem balonete e fixada com cadarços. Região periestoma com pequena quantidade de secreção 
serosanguilonenta e presença de pontos de reparo fixados à pele com micropore. Secreção traqueal 
em pequena quantidade de aspecto mucoide, espesso. Tórax simétrico, presença de MV bilateralmente, 
com roncos difusos. Respiração: 28 rpm. Sat O2: 98% com oxigênio e 89% em ar ambiente. Aceitou 
pequeno volume de leite, apresenta dificuldade para engolir. Ausculta cardíaca com BRNF em 2T, sem 
sopros. Frequência cardíaca: 104 bpm. Perfusão periférica < 3 segundos. Abdome globoso, flácido, 
RHA+. Indolor à palpação. Peso atual: 4.230 g. Períneo íntegro. Eliminações vesicointestinais presentes. 
Balanço hídrico: +50 ml. Recebe Cefalotina IV, soro de manutenção IV, Dipirona IV e oxigenioterapia. 
Prescrita dieta líquida.
História familiar: a família nuclear é formada por Ana Beatriz, pela mãe Rita, 26 anos e pelo pai, 
Fábio, 28 anos. Rita é esteticista, trabalha em um centro de estética e Fábio é engenheiro, trabalha em 
uma empresa. Ana Beatriz é a primeira filha do casal e a primeira neta da família. Os avós maternos 
e paternos moram na mesma cidade e possuem bom relacionamento. Os pais estão preocupados e 
inseguros com os cuidados com a traqueostomia após a alta hospitalar. O casal possui convênio médico 
fornecido pela empresa de Fábio.
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Quadro 35 – Diagnósticos de enfermagem identificados de acordo com os dados de 
enfermagem apresentados no caso da lactente Ana Beatriz
Dados de enfermagem Diagnóstico de enfermagem
Características 
definidoras
Fator relacionado/fator 
de risco
Ferida operatória
Cateter periférico em mão 
esquerda
Risco de infecção
Procedimento invasivo. 
Alteração da integridade da 
pele. Diminuição da ação 
ciliar. Exposição ambiental
Estoma traqueal
Presença de secreção 
serosanguinolenta 
periestoma
Integridade tissular 
prejudicada Tecido lesado Procedimento cirúrgico
Baixa aceitação do leite Risco de volume de líquidos deficiente
Desvio que afeta a ingestão 
de líquidos
Saturação de oxigênio: 89% 
em ar ambiente
Troca de gazes 
prejudicada Hipoxemia
Ausculta pulmonar com 
roncos difusos
Desobstrução ineficaz de 
vias aéreas
Ruídos adventícios 
respiratórios Secreções retidas
Baixo peso Risco de crescimento desproporcional Doença crônica
Uso de traqueostomia por 
tempo indeterminado
Risco de desenvolvimento 
desproporcional
Dependência de tecnologia
Distúrbio congênito
Prematuridade
Tubo traqueal, secreção 
espessa Risco de sufocação Lesão no pescoço
Dificuldade para ingerir
Baixa aceitação do leite
Risco de aspiração
Capacidade de deglutição 
prejudicada
Cirurgia de pescoço
Preocupação dos pais com 
os cuidados após alta
Tensão do papel do 
cuidador
Apreensão quanto à 
capacidade futura de 
fornecer cuidados
Complexidade das 
atividades de cuidado
Avaliação comportamental 
da dor (FLACC): escore 5
Chorosa
Dor aguda
Comportamento 
expressivo
Evidência de dor 
usando escala de dor
Agente lesivo físico
Quadro 36 – Resultados esperados e intervenções de enfermagem de acordo com os 
diagnósticos de enfermagem no caso da lactente Ana Beatriz
Diagnóstico de enfermagem Resultado esperado (NOC) Intervenções de enfermagem (NIC)
Risco de infecção Controle de riscos Proteção contra infecção
Integridade tissular prejudicada Integridade tissular Cuidados com o local da incisão
Risco de volume de líquidos 
deficiente Equilíbrio hídrico Controle hídrico
Troca de gazes prejudicada Estado respiratório: troca gasosa Oxigenioterapia
Desobstrução ineficaz de vias 
aéreas Permeabilidade das vias aéreas Aspiração das vias aéreas
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Unidade IV
Risco de crescimento 
desproporcional Crescimento Monitoração nutricional
Risco de desenvolvimento 
atrasado Desenvolvimento da criança Orientação antecipada
Risco de sufocação Estado respiratório: permeabilidade das vias aéreas
Controle de vias aéreas
Monitoração respiratória
Risco de aspiração Prevenção da aspiração
Posicionamento
Alimentação por mamadeira
Tensão do papel do cuidador Desempenho do cuidador: cuidados diretos
Ensino
Apoio familiar
Dor aguda Controle da dor
Administração de medicamentos
Distração
Quadro 37 – Prescrição de enfermagem de acordo com os diagnósticos de enfermagem 
identificados no caso da lactente Ana Beatriz
Diagnósticos de 
enfermagem Prescrição de enfermagem 
Risco de infecção
1. Implementar e praticar precauções padrão.
2. Encorajar família e profissionais a lavarem as mãos.
3. Trocar equipos de soro e extensões conforme orientação do SCIH.
4. Substituir cobertura do AVP conforme orientação do SCIH.
5. Observar sinais de complicações locais em mão esquerda.
6. Monitorar sinais inflamatórios em região periestoma: edema, dor, rubor e presença 
de secreção purulenta.
7. Monitorar sinais e sintomas de infecção respiratória: taquipneia, taquicardia, 
aumento do esforço respiratório, piora do estado geral, febre e coloração da secreção 
traqueal.
Integridade tissular 
prejudicada
1. Realizar limpeza periestoma com solução salina sempre que as gazes estiverem sujas 
ou úmidas.
2. Manter gazes periestoma para reduzir o atrito com as presilhas da cânula traqueal.
3. Observar e anotar presença de rubor, edema, sangramento e deiscência.
Risco de volume de líquidos 
deficiente
1. Pesar diariamente.
2. Pesar fraldas para controle de débito urinário.
3. Controlar administração do soro prescrito com bomba de infusão.
4. Monitorar e anotar o estado de hidratação: mucosa oral, turgor da pele, fontanela, 
perfusão periférica, adequação do pulso.
5. Monitorar ingestão da dieta líquida.
Troca de gazes prejudicada
1. Monitorar saturação de oxigênio com oximetria de pulso contínua.
2. Fornecer oxigênio conforme prescrição médica.
3. Posicionar em decúbito elevado.
4. Monitorar permeabilidade das vias aéreas.
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PRÁTICA CLÍNICA E PROCESSOS DE CUIDAR DA MULHER, CRIANÇA E ADOLESCENTE
Desobstrução ineficaz de vias 
aéreas
1. Realizar aspiração da traqueostomia quando necessário, utilizando técnica estéril, 
diâmetro adequado e comprimento pré‑mensurado da sonda.
2. Auscultar sons respiratórios antes e após aspiração.
3. Monitorar o estado de oxigenação durante a aspiração.
4. Oferecer oxigênio suplementar antes e após cada aspiração.
Risco de crescimento

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