Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A N I C O L E M A L H E I R O S - M E D I C I N A NICOLE MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI Doença de Parkinson Atinge todos os grupos étnicos e classes socioeconômicas, com cerca de 100 a 200 casos por 100.000 habitantes. Com aumento da incidência e prevalência com a idade. É uma doença degenerativa, causada pela morte de neurônios dopaminérgicos da substância nigra que apresentam inclusões intracitoplasmáticas conhecidas com corpúsculos de Lewy, que leva a uma redução da modulação da dopamina estriatal, com uma a taxa de morte dos neurônios de cerca de 10% ao ano. A diminuição da dopamina nas fibras nigroestriatais, cessa a atividade moduladora das mesmas, causando a inibição dos núcleos talâmicos, o que acaba por diminuir a atividade da via direta e aumentar a da via indireta. Essas alterações geram um aumento na atividade do pálido media, inibindo os neurônios talamocorticais o que gera os sintomas hipocinéticos característico da DP. Os principais sintomas são: tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada e anormalidades posturais Existem outras alterações presentes em outros núcleos do tronco cerebral como o núcleo motor dorsal do vago, córtex cerebral e mesmo neurônios periféricos, como os do plexo mioentérico. O que explica os sintomas de alterações do olfato, distúrbios do sono, hipotensão postural, constipação, mudanças emocionais, depressão, ansiedade, sintomas psicóticos, prejuízos cognitivos e demência, dentre outros. Por ser uma doença progressiva, acarreta incapacidade grave após cerca de 10 a 15 da manifestação inicial da doença. O tratamento é de alto custo. A neuroproteção na DP é uma meta ainda não atingida até o momento e nenhum medicamento pode ter recomendação na prática clínica com este propósito. Diagnóstico: Os sintomas variam de um paciente para o outro e o diagnóstico da DP requer a identificação de alguma combinação dos sinais motores cardinais (tremor de repouso, bradicinesia, rigidez com roda denteada, anormalidades posturais). NICOLE MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI Para isso o paciente deve apresentar: lentidão dos movimentos (bradicinesia), 1 critério necessário e pelo menos 3 critérios de suporte positivo. • Critérios necessários para diagnóstico de DP: − Bradicinesia (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo) − Rigidez muscular − Tremor de repouso (4-6 Hz) avaliado clinicamente − Instabilidade postural não causada por distúrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou proprioceptivos • Critérios negativos (excludentes) para DP: − História de AVC de repetição − História de trauma craniano grave − história definida de encefalite − Crises oculogíricas 212 Doença de Parkinson Doença de Parkinson − Tratamento prévio com neurolépticos − Remissão espontânea dos sintomas − quadro clínico estritamente unilateral após 3 anos − Paralisia supranuclear do olhar − Sinais cerebelares − Sinais autonômicos precoces − Demência precoce − Liberação piramidal com sinal de Babinski − Presença de tumor cerebral ou hidrocefalia comunicante − Resposta negativa a altas doses de levodopa − Exposição a metilfeniltetraperidínio • Critérios de suporte positivo para o diagnóstico de DP (3 ou mais são necessários para o diagnóstico): − Início unilateral − Presença de tremor de repouso − Doença progressiva − Persistência da assimetria dos sintomas − Boa resposta a levodopa − Presença de discinesias induzidas por levodopa NICOLE MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI − Resposta a levodopa por 5 anos ou mais − Evolução clínica de 10 anos ou mais Tratamento: No caso da DP o tratamento primário não é possível devido à ausência fatores de risco e marcadores, já o tratamento secundário, realizado após o diagnóstico, busca reduzir a progressão, parar ou mesmo reverter a morte neuronal. Assim, o tratamento da DP deve visar à redução da progressão da doença (neuroproteção) e o controle dos sintomas (tratamento sintomático), objetivando a melhora dos sintomas motores e da qualidade de vida. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da doença, sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo. Outro fator é que o grau de resposta aos medicamentos vai decrescendo com a progressão da doença e novos sintomas vão surgindo, por isso na maioria dos casos é necessária a combinação de fármacos de diferentes classes para melhor controle dos sintomas. Fármacos que podem ser usados: • Levodopa/carbidopa: comprimidos de 200/50 mg e 250/25 mg Levodopa/benserazida: comprimidos ou cápsulas 100/25 mg e comprimidos de 200/50 mg • Bromocriptina: comprimidos ou cápsulas de liberação retardada de 2,5 e 5 mg • Pramipexol: comprimidos de 0,125, 0,25 e 1 mg • Amantadina: comprimidos de 100 mg • Biperideno: comprimidos de 2 mg e comprimidos de liberação controlada de 4 mg • Triexifenidil: comprimidos de 5 mg • Selegilina: comprimidos de 5 e 10 mg • Tolcapona: comprimidos de 100 mg • Entacapona: comprimidos de 200 m Fluxograma de Tratamento Doença de Parkinson NICOLE MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI Impactos do Parkinson na vida do cuidador e do paciente: O cuidador encontra-se numa situação desafiante que o estimula a buscar meios de adaptação e enfrentamento em detrimento dessa nova realidade cotidiana, já que, após o recebimento do diagnóstico surgem diversas incertezas sobre a vida de quem está sendo cuidado, bem como de sua própria. É preciso estar sensível para a necessidade de reservar um tempo para si, para a realização do autocuidado, para sentir-se bonito (a) e bem, pois como foi expresso, a própria saúde é uma preocupação latente, principalmente, pelo fato dessa função muitas vezes ser solitária. Devido às condições degenerativas da DP, é preciso entender o processo e discutir sobre os cuidados paliativos com os indivíduos que são acometidos por doenças crônicas. O prognóstico da DP também exige que o cuidador forneça e receba mais apoio físico, emocional e social do que quando comparado ao estágio inicial. Além disso, com o aumento da demanda por cuidados, pode haver um impacto financeiro na renda familiar, pois, por vezes, os cuidadores necessitam desistir do emprego, causando uma grave perda de renda direta. O apoio de outros sujeitos ao cuidador da pessoa com a DP é fundamental para amenizar os desafios do processo de cuidar, uma das estratégias pode ser a inserção do cuidador em grupos de apoio mútuo, que favorecem a troca de experiências e sentimentos por pessoas que vivenciam situações semelhantes, muitos cuidadores tem percebido esses grupos como um instrumento valioso. NICOLE MALHEIROS – MEDICINA FUNORTE XXXI
Compartilhar