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APG 17 – S9P1 Bagagem Extra 1. Caracterizar o ciclo de vida do Plasmodium; · O ciclo de vida do parasita da malária envolve dois hospedeiros. Ao se alimentar de sangue, a fêmea do mosquito Anopheles infectada pelos plasmódios inocula os esporozoítos no hospedeiro humano. · Lá, os esporozoítos amadurecem para esquizontes. Os esquizontes se rompem, liberando merozoítos. Essa replicação inicial no fígado é chamada de ciclo exoeritrocítico · Os merozoítos infectam os eritrócitos. Então, o parasita multiplica-se assexuadamente (o chamado ciclo exoeritrocítico). Os merozoítos se desenvolvem em trofozoítos em estagio de anel. Alguns, então, amadurecem para esquizontes. Os esquizontes se rompem, liberando merozoítos. · Alguns trofozoítos se diferenciam em gametócitos. · Ao se alimentar de sague, um mosquito Anopheles ingere os gametócitos masculinos (microgametócitos) e femininos (macrogametócitos), dando inicio ao ciclo esporogônico. · No estomago no mosquito, os microgametas penetram nos macrogametas produzindo zigotos. · Os zigotos tornam-se moveis e alongados, evoluindo para oocinetes. Esses invadem a parede do intestino médio do mosquito, onde se desenvolvem em oocistos. · Os oocistos crescem, rompem-se e liberam esporozoítos, os quais se deslocam para as glândulas salivares do mosquito. A inoculação em um novo hospedeiro humano perpetua o ciclo de vida da malária. 2. Identificar a epidemiologia e etiologia da malária, destacando a importância do impacto ambiental; · A malária é uma doença infecciosa transmitida por mosquitos e causada por protozoários parasitários do gênero Plasmodium. · Ela é prevalente nos países de clima tropical e subtropical. · Também conhecida como sezão, paludismo, maleita, febre terçã e febre quartã. · O vetor da doença é o Anopheles, um mosquito parecido com um pernilongo que pica principalmente ao entardecer e à noite; Agentes Epidemiológicos: · Grave problema de saúde publica; · Quase 50% da população mundial; · Mais de 109 países e territórios; · Maioria dos casos ocorre em áreas rurais; · Um milhão de mortes por ano; · A Amazônia legal é a área endêmica no Brasil; · Afeta crianças, gravidas e idosos; 3. Descrever a fisiopatologia e complicações da malária correlacionando com as manifestações clínicas; Um dos pilares que determina a gravidade da Malária é a destruição dos eritrócitos com a liberação de citocinas, podendo levar a um possível quadro de toxicidade. Assim, a sintomatologia clássica está diretamente correlacionada com os acessos maláricos, que ocorrem em períodos regulares. É válido ressaltar que esses acessos nem sempre são regulares, especialmente nas áreas endêmicas, quando as chances de infecção por diferentes espécies de Plasmodium são maiores. Os acessos maláricos: Os picos febris dos acessos maláricos estão relacionados com a finalização do Ciclo Esquizogônico do parasita, com consequente rompimento das hemácias e liberação de seu conteúdo. Sendo dividido nas seguintes fases: · Fase 1: apresenta início súbito e é marcada por uma intensa sensação de frio e calafrios (condizentes com a elevação da temperatura), tremores incontroláveis, náuseas, vômitos, palidez e “pele fria”, sendo que a duração média está entre uma a duas horas. · Fase 2: ocorre no pico de temperatura (39-41º C), e se manifesta através de um calor intenso, rosto afogueado, delírios, náuseas e vômitos, com duração entre duas a oito horas. · Fase 3: marcada pela queda da temperatura, com presença de sudorese abundante, “sensação de alívio”, prostração e sono. A duração média é de cerca de três horas. Todos os paroxismos são acompanhados por cefaleia, mialgias, náuseas e vômitos. O intervalo de tempo entre os picos febris depende da espécie de plasmódio causadora da infecção. Pigmento malárico: eles ocorrem devido a ruptura das hemácias, sendo formados por produtos oriundos do metabolismo do parasito, mais especificamente pela HEMOZOÍNA, um composto altamente tóxico. Esse composto é liberado na corrente sanguínea e se deposita em alguns órgãos, onde desencadeia uma série de respostas do organismo, justamente por conta de sua toxicidade. QUADRO CLÍNICO · Período de incubação: de sete a trinta dias dependendo da espécie; · Sintomas iniciais: cefaleia, mialgia, sensação de cansaço e mal estar; · A produção de citocinas e pirogênios é o que causa uma febre muito elevada. Porem essa febre é alternante de acordo com o ciclo do eritrócito e pela explosão de hemácias. Depois de certo tempo, esse ciclo entra em sincronia e ficara se repetindo em certo intervalo de tempo dependendo da espécie. · Acesso malárico ou ataque paroxístico: são os períodos de febre acentuada; - Falciparum, Ovale e Vivax: 48h em 48h (febre terçã); - Malariae: 72h em 72h (febre quartã) - sinal muito importante: presença de anemia hemolítica. · Tremores, calafrios e febre coincidem coma liberação dos parasitas. · Um pigmento marrom derivado da hemoglobina e característico da malária é chamado de hematina, que é liberado pela ruptura dos eritrócitos e responsável pela coloração do baço, fígado e medula óssea. · A ativação de mecanismos de defesa do hospedeiro leva ao desenvolvimento de marcante hiperplasia de fagócitos mononucleares produzindo esplenomegalia maciça e hepatomegalia ocasional. SINAIS E SINTOMAS · Dor abdominal intensa (ruptura de baço, mais frequente em P. vivax); · Mucosas amareladas, icterícia (não confundir com mucosas hipocoradas); · Mucosas muito hipocoradas (avaliada fora do ataque paroxístico febril); · Redução do volume de urina a menos de 400 mL em 24 horas; · Vômitos persistentes que impeçam a tomada da medicação por via oral; · Qualquer tipo de sangramento; · Falta de ar (avaliado fora do ataque paroxístico febril); · Extremidades azuladas (cianose); · Aumento da frequência cardíaca (avaliar fora do acesso malárico); · Convulsão ou desorientação (não confundir com o ataque paroxístico febril); · Prostração (em crianças); · Comorbidades descompensadas. 4. Discorrer o diagnostico, exames e seus achados; EXAMES LABORATORIAIS · Gota espessa: sua técnica baseia-se na visualização do parasito por meio de microscopia óptica, após coloração pelo método de Walker, permitindo a diferenciação específica dos parasitos, a partir da análise da sua morfologia, e dos seus estágios de desenvolvimento encontrados no sangue periférico. · Esfregaço sanguíneo: possui baixa sensibilidade, porém, este método permite, com mais facilidade, a diferenciação específica dos parasitos a partir da análise de sua morfologia e das alterações provocadas no eritrócito infectado, tendo, portanto, grande relevância epidemiológica. · Teste rápido: são testes imunocromatográficos (trocar por -> Baseiam-se na detecção de antígenos dos parasitos por anticorpos mono e policlonais, que são revelados por método imunocromatográfico). · Técnicas moleculares: as técnicas moleculares mais utilizadas para o diagnóstico da malária são o Nested PCR ou PCR convencional e o PCR em tempo real. No entanto, em virtude do custo elevado, da necessidade de infraestrutura e mão de obra especializada seu uso ainda é restrito a laboratórios de referência. CLÍNICOS · Anamnese PROFILAXIA · Uso de repelentes, telas e mosquiteiros. · Quimioprofilaxia (mefloquina) para viajantes especiais que viajam para áreas de imensa transmissão · Combate ao vetor · Medidas de saneamento básico · Vacinas ACHADOS LABORATÓRIAIS · Anemia grave; · Hipoglicemia; · Acidose metabólica; · Insuficiência renal; · Hiperlactatemia; · Hiperparasitemia (> 250.000/mm3 para P. falciparum). 5. Explicar o tratamento para a malária; O tratamento da malária visa atingir o parasito em pontos chave do seu ciclo evolutivo, os quais podem ser didaticamente resumidos em: a) Interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável pela patogenia e manifestações clínicas da infecção; b) destruição de formas latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoitos) das espécies P.vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias; c) Interrupção da transmissão do parasito, pelo usode drogas que impedem o desenvolvimento de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos). Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma delas agindo de forma especifica, tentando impedir o desenvolvimento do parasito no hospedeiro. DROGAS ANTIMALÁRICAS: · Cloroquina (embora algumas cepas de P. falciparum já apresentem resistência); · Derivados de Artemisinina; · Quinina; · Quinina associada a Clindamicina; · Primaquina- embora essa seja a droga de escolha para o tratamento de infecções causadas por algumas espécies, é contraindicada para gestantes e crianças com idade inferior a seis meses. Referências: NEVES, DP. Parasitologia Humana. 11ª ed. São Paulo Atheneu, 2005. BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 9. Ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016. CORRÊA, Tatiana dos Santos. Malária e suas principais complicações: aspectos fisiopatológicos. 2013. FLETCHER, Tom E, and N J Beeching. “Malaria.” Journal of the Royal Army Medical Corps vol. 159,3 (2013). MATHISON, Blaine A, and Bobbi S Pritt. “Update on Malaria Diagnostics and Test Utilization.” Journal of clinical microbiology vol. 55,7 (2017). World Health Organization. Guidelines for the treatment of malaria, 3rd edition. WHO, Geneva 2015.
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