Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 1 Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Marcello Sartore de Oliveira 58 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Meta Apresentar o conceito de participação societária, evidenciando sua im- portância, trabalhando nos critérios de avaliação de participações per- manentes; método de equivalência patrimonial e pelo valor justo, apon- tando as alterações na legislação pertinente. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. identificar os tipos de participações societárias; 2. aplicar o método de equivalência patrimonial em investimentos em coligadas e controladas; 3. registrar contabilmente os dividendos decorrentes das participações societárias; 59 Contabilidade Avançada I Introdução Prezado aluno, você que já passou pela contabilidade básica e interme- diária, iniciará o estudo da contabilidade avançada, já com um tema de grande relevância no cenário contábil, que são os investimentos so- cietários e o método da equivalência patrimonial. Como sabemos, um dos principais objetivos da contabilidade é oferecer informações úteis a respeito da vida das entidades, e, para isso, órgãos nacionais e inter- nacionais buscam, por meio de muitos estudos e pesquisa, melhorar a qualidade da informação contábil. Dessa maneira, o modo de avaliar os investimentos em outras sociedades tem despertado, ao longo dos anos, bastante atenção, uma vez que as empresas, além de praticarem suas próprias atividades, geralmente, participam do capital de outras entidades, com o intuito, dentre outros, de diversificar seus riscos e otimizar resultados. Participações societárias As participações societárias são ações de sociedades anônimas ou quotas de sociedades limitadas que uma determinada empresa, deno- minada investidora, adquire de outra, denominada investida. Tais par- ticipações podem ser classificadas em ativo circulante ou em ativo não circulante, nos subgrupos realizável a longo prazo ou investimento, de- pendendo da intenção de venda pela investidora. Figura 1.1: Investidora e investida em uma participação societária 60 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Tipos de participações societárias Participações societárias temporárias Ocorrem quando a investidora possui a intenção de vender, visto que essas participações possuem natureza especulativa. Podem ainda ser divididas em destinadas à negociação (quando já estão aptas a se- rem negociadas) ou disponíveis para venda (somente serão negociadas quando o mercado estiver favorável ou quando a investidora precisar de dinheiro). Conforme Ferrari (2013), essas participações são consideradas, entre outros tipos, instrumentos financeiros e reguladas pelo CPC 38, 39 e 40, sendo classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo, dependendo do prazo de realização. Participações societárias permanentes Ocorrem quando a investidora adquire ações ou quotas de outra em- presa sem o intuito de alienar essa participação. Diferentemente da tem- porária, a participação permanente possui natureza estratégica, uma vez que representa uma extensão da atividade econômica da investidora. Essas espécies de participações societárias são classificadas no grupo ativo não circulante, subgrupo investimentos. Podem ser classificadas em ações de coligadas, ações de controladas eações de controladas em conjunto. Além disso, cabe destacar que, conforme legislação do Imposto de Renda, alguns tipos de participações devem ser sempre consideradas permanentes, independentemente do intuído intuito de vendas. São elas: a) participações em coligadas ou controladas; b) participações decorrentes de incentivos fiscais; c) participações em sociedades por quotas. Ferrari (2013) explica que, para o fisco, a aquisição de quotas de ou- tras sociedades deve ser classificada como participações permanentes, devido à impossibilidade de negociar esses títulos no mercado de valo- res mobiliários. 61 Contabilidade Avançada I Sociedades coligadas O conceito previsto no § 1º do artigo 243 da Lei 6404/76 diz que são co- ligadas as sociedades nas quais a investidora tem influência significativa. De acordo com o mesmo artigo, em seu parágrafo 4º, considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la. Entretanto, o § 5º afirma que é presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante (ações ordinárias) da investida, sem controlá-la. Portanto, de acordo com a Lei 6404/76, são coligadas as empresas nas quais a investidora possua influência significativa ou que tenha pre- sunção de influência. De acordo com o CPC 18 (R2), item 5, se o investidor mantém direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), 20% ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência signi- ficativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o contrário. Por outro lado, se o investidor detém, direta ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), menos de 20% do poder de voto da investida, presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa influência possa ser claramente demonstrada. A propriedade substancial ou majoritária da investida por outro investidor não necessariamente im- pede que um investidor tenha influência significativa sobre ela. Para Moraes Júnior (2013), pode ocorrer de uma empresa ter 8% do capital votante da investida, mas, por outras circunstâncias, ter influên- cia significativa. Assim, essas empresas seriam coligadas. Continua Moraes Junior (2013) dizendo que, por outro lado, apesar da influência com mais de 20% do capital votante da investida, também pode existir uma empresa com 30% do capital votante da investida, mas que, por outras circunstâncias, não tenha influência significativa (é pre- cisa provar a influência). Desse modo, as empresas não são coligadas. Conforme o item 6 do mesmo CPC, a existência de influência signi- ficativa por investidor geralmente é evidenciada por uma ou mais das seguintes formas: a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; Capital votante (ações ordinárias) São aquelas que proporcionam participação nos resultados econômicos de uma empresa e conferem a seu titular o direito de voto em assembleia. Cabe destacar que o capital a ser considerado na presunção é o votante (ações ordinárias). Essa espécie de capital é tão somente utilizada para saber se vamos ou não aplicar a equivalência patrimonial. Pronunciamento técnico CPC 18 (R2) Investimento em coligada, em controlada e em empreendimento controlado em conjunto. Correlação às normas internacionais de contabilidade – IAS 28 (IASB – BV 2012). 62 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decsões sobre dividendos e outras distribuições; c) operações materiais entre o investidor e a investida; d) intercâmbio de diretores ou gerentes; e) fornecimento de informação técnica essencial. Há ainda que ressaltar o direito de voto potencial, ou seja, se a in- vestidora possui valores mobiliários (opções de compra de ações, bônus de subscrição, debentures conversíveis em ações etc.) que podem ser facilmente convertidos em ações com direito a voto. Sendo assim, os votos potenciais devem ser levados em consideração no momento de se verificar o percentual de participação da investidora na investida. Se a investidora Glorioso S/A,por exemplo, possui 10% das ações com direito a voto (capital votante) de uma investida, possuindo, ainda, opções de compra de ações da investida capazes de gerar mais 12% de ações com direito a voto, para efeito de influênciasignificativa, a princí- pio, as empresas são coligadas, uma vez que a participação da investido- ra no capital votante da investida alcançou 22%. Sociedades controladas Em consonância com o § 2º do artigo 243 da Lei 6404/76, considera- -se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou atra- vés de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegu- rem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Para Ferrari (2013), a doutrina entende que, para ocorrer o con- trole, é necessário que a investidora tenha direta ou indiretamente mais de 50% do capital votante da investida, ou seja, mais de 50% das ações ordinárias. Nas controladas, para haver o controle, a investidora tem que possuir mais de 50% do capital votante da investida. Nas coligadas, há a presun- ção de influência significativa quando a investidora possui mais de 20% do capital votante da investida, mas sem ter o controle. A legislação declara em ter mais de 20% do capital votante, mas sem realizar o controle, mas a doutrina entende que, para ter controle, é ne- cessário que se possua mais de 50% do capital votante. Doutrina Conjunto de estudos e teorias desenvolvido pelos especialistas com o objetivo de sistematizar e interpretar as normas vigentes e de conceber novos institutos contábeis. 63 Contabilidade Avançada I Dessa maneira, é possível ter controle com menos de 50% do capital votante?A resposta é sim.Isso ocorre quando os demais acionistas são muito pulverizados e não votam em conjunto, acarretando, assim, que um sócio, mesmo não tendo a maioria do capital votante, possua pre- ponderância nas deliberações sociais. Controle indireto X participação indireta No nosso estudo, o importante é o conceito de controle e não de propriedade. Vejamos um exemplo: Uma empresa A possui 80% do capital votante da empresa B, sendo que esta possui 55% do capital de C. Dessa maneira, teremos as seguintes conclusões: a) A empresa A controla diretamente B; b) A empresa B controla diretamente C; c) A empresa A controla indiretamente, através de B, a empresa C com 55%; d) A participação indireta de A em C é de 44% (80% x 55%). Outro exemplo: Figura 1.2: Participação indireta: A possui 30% do capital votante de B, que possui 30% de C. A possui, ainda, 60% de D, sendo que D, possui 70% de C. Desse modo, podemos afirmar que a participação indireta da empre- sa A em C é de 51% (30% x 30% = 9%; 60% x 70% = 42%; 42% + 9% = 51%) Deliberações Decisões tomadas pelos sócios em assembleia ou reunião sobre assuntos de interesse da sociedade. 64 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Join venture Join venture pode ser conceituado como um negócio do qual duas ou mais empresas têm controle conjunto. O item 16 do CPC 19 (R2) assevera que empreendimento contro- lado em conjunto (joint venture) é um negócio em que as partes que detêm o controle conjunto do negócio possuem direitos sobre os ativos líquidos do negócio. Essas partes são denominadas empreendedores em conjunto. Atividade 1 Atende ao objetivo 1 1)(TRF-2003-Esaf) Considere as empresas e sua participação no capital de outra, conforme descrito abaixo. Investidora Investida Participação Alfa -> Beta 80% Alfa -> Gama 90% Beta -> Lâmina 10% Beta -> Ômega 10% Gama -> Ômega 90% Assinale a opção correta. a) A empresa Alfa controla indiretamente a empresa Ômega. b) A empresa Alfa controla indiretamente a empresa Lâmina. c) A empresa Beta controla a empresa Lâmina. d) A empresa Beta controla a empresa Ômega. e) A empresa Gama controla a empresa Beta. 2) Aplicações em investimentos temporários que apresentem caracterís- ticas de liquidez imediata são classificadas no ativo como: a) valores realizáveis b) investimentos 65 Contabilidade Avançada I c) não circulante d) imobilizado e) circulante. Resposta comentada 1) Letra A. A empresa Alfa controla diretamente a empresa Beta, uma vez que possui 80% de participação. Beta não controla Ômega, eis que participa somente com 20% desta. Entretanto, Alfa controla diretamen- te Gama (90%) e esta controla diretamente Ômega (80%). Dessa manei- ra, Alfa controla indiretamente Ômega com 80%! Vale destacar que estamos nos referindo a controle, e não à participação. Se fosse participação, então Alfa possuiria (90% x 80%) 72% de Ômega. 2) Como já exposto, essas participações são consideradas, entre outros tipos, instrumentos financeiros e reguladas pelo CPC 38, 39 e 40, sendo classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo, dependendo do prazo de realização. Formas de avaliação das participações societárias Participações societárias temporárias O inciso I do artigo 183 da Lei 6404/76 estabelece que, no balanço patrimonial, as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive de- rivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo cir- culante ou no realizável a longo prazo, serão avaliados pelo seu valor justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou dispo- níveis para venda. Conforme Neves e Viceconti (2003), investimentos temporários são os adquiridos com a intenção de revenda e têm, geralmente, caráter es- peculativo. Podem ser classificados no ativo circulante (AC) ou no ativo não circulante realizável a longo prazo (ANC ARLP). Entretanto, no caso das participações societárias temporárias, de- pendendo da intenção do investidor (se é para venda ou negociação), a contabilização será apresentada de formas distintas. Valor justo O CPC 30 (R1) define valor justo, de uma forma bem sucinta, como valor normal de mercado. 66 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Investimentos destinados à negociação São os investimentos destinados à negociação imediata. Para Ferrari (2013), a contabilização para ajuste a valor justo ocorre- rá em contrapartida com uma conta de resultado, que poderá ser cha- mada de ajuste a valor justo, sendo conta de despesa, caso debitada, ou conta de receita, se creditada. Continua Ferrari (2013) afirmando que: 1) Quando o valor justo aumentar em relação ao valor já contabilizado: D – ativos financeiros destinados à negociação C – receita de ajuste a valor justo (outras receitas) 2) Quando o valor justo diminuir em relação ao valor já contabilizado: D – despesa de ajuste a valor justo (outras despesas) C – ativos financeiros destinados à negociação Investimentos destinados à venda São os investimentos destinados à negociação futura, normalmente classificada no ativo não circulante realizável a longo prazo. Ferrari (2013) continua afirmando que a contabilizaçãopara ajuste a valor justo ocorrerá em contrapartida com uma conta do patrimônio líquido: ajuste de avaliação patrimonial. Seguem as duas possibilidades: 1) Quando o valor justo aumentar em relação ao valor já contabilizado: D – ativos financeiros destinados à venda C – ajuste de avaliação patrimonial 2) Quando o valor justo diminuir em relação ao valor já contabilizado: D – ajuste de avaliação patrimonial C – ativos financeiros destinados à venda Para melhor compreensão do assunto, segue o exemplo: Em 01/05/2010, a empresa Estrela Solitária realizou compra, na bol- sa de valores, de 10.000 ações da empresa Camanducaia, por R$ 3,00 cada. Cabe informar que a investidora classificou as ações como des- tinadas à venda. Em 31/12/2010, as ações estavam cotadas a R$ 3,50. Sendo assim, demonstre como ficou a contabilização desses fatos. 67 Contabilidade Avançada I 01/05/2010 D – ativos financeiros destinados à venda C – bancos: 30.000,00 31/12/2010 (avaliação a valor justo) D – ativos financeiros destinados à venda C – ajuste de avaliação patrimonial:5.000,00 (10.000 x R$0,50) Caso, em 31/12/2010, o valor da ação tivesse diminuído paraR$2,75: 31/12/2010 (avaliação a valor justo) D – ajuste de avaliação patrimonial C – ativos financeiros destinados à venda: 2.500,00 (10.000 x 0,25) Agora, vamos imaginar que a intenção da Estrela Solitária, ao adqui- rir as ações, fosse negociação. Como ficaria a contabilização? 01/05/2010 D – ativos financeiros destinados à negociação C – bancos: 30.000,00 31/12/2010 (avaliação a valor justo) D – ativos financeiros destinados à negociação C – receita de ajuste a valor justo: 5.000,00 (10.000 x R$ 0,50) Caso houvesse a diminuição do valor da ação para, por exemplo, R$ 2,75: 31/12/2010 (avaliação a valor justo) D – despesa de ajuste a valor justo (outras despesas) C – ativos financeiros destinados à negociação: 2.500,00 68 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Figura 1.3: Quadro resumo das participações temporárias. Participações societárias permanentes As participações societárias permanentes podem ser classificadas em não coligadas e não controladas ou coligadas, controladas, empresa do mesmo grupo e controle comum. Participações societárias em não coligadas e não controladas Pela Lei 6404/76, art. 183, No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] III - os investimentos em participação no capital social de outras sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250 (método de equivalência patrimonial), pelo custo de aquisição, deduzi- do de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a companhia, de ações ou quotas bonificadas; [...] Então, pelo artigo 183, III, podemos perceber que, fora os casos de equivalência patrimonial, usaremos o custo de aquisição. 69 Contabilidade Avançada I De acordo com o art. 248 da Lei 6404/76, No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coli- gadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial [...]. Portanto, para a Lei das Sociedades Anônimas, os investimentos em coligadas, controladas, empresa do mesmo grupo e controle comum se- rão avaliados pelo método de equivalência patrimonial, enquanto que os demais casos de investimentos permanentes, pelo custo de aquisição. Entretanto, o item 9 do CPC 38 determina que os investimentos que não são avaliados por equivalência patrimonial devem ser avaliados pelo seu valor justo (de forma sucinta, seria o valor de mercado), sendo admissível a avaliação pelo método do custo apenas quando os instru- mentos não tiverem preço de mercado cotado em um mercado ativo ou cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade. Percebam que a Lei das Sociedades Anônimas, em seu art. 183, III, admite apenas MEP e custo, enquanto que o CPC 38 admite MEP, valor justo e, de forma excepcional, custo. Sendo assim, fica a pergunta: qual caminho deve ser seguido: acom- panhar o pronunciamento técnico, no caso o CPC 38, que é emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), uma entidade autô- noma criada pela Resolução CFC nº 1.055/05, ou seguir a determinação da Lei das Sociedades Anônimas, criada pelo Congresso Nacional? Aparentemente, a resposta correta seria seguir a Lei 6.404/76. Toda- via, a doutrina recente, baseada no art. 177, § 5º, entende que a própria Lei das Sociedades por Ações, implicitamente, determina que as normas do Comitê de Pronunciamentos Contábeis devem ter preferência sobre a referida lei nos pontos de divergência (FERRARI, 2013). Quadro 1.1: Resumo - Avaliações em participações permanentes Avaliações Pela Lei 6.404/76 Pelo CPC Participações permanentes MEP Custo de aquisição¹ MEP Valor justo Custo de aquisição² ¹ Quando não for por MEP (coligadas, controladas, quando do mesmo grupo ou com controle comum); ² de forma excepcional. 70 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Ferrari (2013) afirma que, se uma empresa adquire ações de outra que não se constitua em coligada ou controlada (incluindo a joint venture), esses instrumentos patrimoniais podem ser classificados no ativo circu- lante, no ativo realizável a longo prazo ou no ativo investimentos, depen- dendo da intenção de vender a curto prazo, de vender a longo prazo ou de não vender. Entretanto, independentemente disso, são ativos financeiros dentro do alcance do CPC 38 quanto à forma de reconhecimento e men- suração e devem, regra geral, ser avaliados pelo valor justo e não pelo custo de aquisição, muito menos deduzidos de qualquer provisão, termo este que, conforme CPC 25, é exclusivo de contas do passivo. Participações societárias coligadas, controladas, empresa do mes- mo grupo e controle comum Conforme mencionado, os investimentos em Coligadas, Controla- das, empresa do Mesmo Grupo e Controle Comum serão avaliadas pelo Método de Equivalência Patrimonial. Avaliação pelo método da equivalência patrimonial De acordo com o item 2 da Deliberação CVM 605/2009, Método de equivalência patrimonial é o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atri- buída ao investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. O resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos resultados gerados pela investida. Já o item 3 do CPC 18 (R2) afirma que método de equivalência patri- monial é o método de contabilização por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para refletir a alteração pós-aquisição na participação do investidor sobre os ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor in- cluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em ou- tros resultados abrangentes da investida. A equivalência patrimonial é baseada no fato de que os resultados e quaisquer variações patrimoniais de uma controlada ou coligada devem ser reconhecidos (contabilizados) no momento de sua geração, inde- pendentemente de serem ou não distribuídos. 71 Contabilidade Avançada I Conforme Moraes Júnior (2013), o valor do investimento avaliado pela MEP é obtido aplicando-se a porcentagem de participação no capi- tal social sobre o valor do patrimônio líquido da investida. Cálculo da equivalência patrimonial Calcular a equivalência patrimonial é aplicar o percentual de parti- cipação que a investidora possui na investida, que será sempre em relação ao capital total da investida, enão sobre o capital votante. A utilização do capital votante é tão somente para saber se vamos ou não aplicar a equivalência patrimonial. Então, para calcular a equivalência patrimonial, é necessário apli- car o percentual de participação em relação ao capital total da investida sobre o patrimônio líquido (PL) também da investida. Inicialmente, conforme deliberação acima, o investimento é reco- nhecido pelo custo e, posteriormente, ajustado pelo reconhecimento da participação atribuída ao investidor nas alterações do patrimônio líqui- do da investida. Portanto, o reconhecimento do investimento ocorre na data da aqui- sição, quando já é possível verificar se houve, eventualmente, algum ágio ou deságio (compra vantajosa). Para melhor compreensão desse assunto, segue exemplo em que não há ágio ou deságio. Em 01/05/2013, a investidora ABC adquire, por R$ 70.000,00, , 70% da investida XYZ, cujo patrimônio líquido era de R$ 100.000,00. Sendo assim, como deve proceder a investidora? R: Deve aplicar o percentual de participação ao PL da investida: 70% x R$ 100.000,00 = R$ 70.000,00. Tendo em vista que a investidora pagou exatamente R$ 70.000,00, não pagando nada a mais, não falaremos em ágio. Comotambém 72 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • não pagou nada a menos, também não podemos falar em deságio (compra vantajosa). Lançamento contábil D – Ações de controladas (ANC Investimentos) C – BCM: 70.000,00 Caso a investidora tivesse pagado R$ 75.000,00 pelo investimen- to acima, haveria uma diferença positiva entre o custo de aquisição e o valor contábil do investimento, que é de R$ 70.000,00 (70% de R$ 100.000,00). Essa diferença positiva significa que a participação teria ocorrido com ágio por rentabilidade futura (goodwill). Com isso, o lançamento ficaria assim: D – ações de controladas (ANC Investimentos): 70.000 D – ágio em participações permanentes (ANC Investimentos): 5.000 C – bancos: 75.000 Cabe destacar que as contas ações em controladas e ágio em partici- pações permanentes serão classificadas no ANC Investimentos. Conforme Moraes Júnior (2013, p. 570), O ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), representado pela diferença positiva entre o valor pago (ou va- lores a pagar) e o montante líquido proporcional adquirido do valor justo dos ativos e passivos da entidade adquirida só é clas- sificado no subgrupo de Intangíveis no balanço consolidado, visto que o goodwill é da investida (a capacidade de geração de rentabilidade futura é da investida), pago pela adquirente. A in- vestidora registrará esse ágio como parte do custo de seu investi- mento, no sub-grupo Ativo Não Circulante “Investimentos”. Esse ágio não será amortizado, mas o investimento poderá sofrer o teste de recuperabilidade. Ferreira (2014) relata que a participação é desdobrada em valor de patrimônio líquido (no exemplo, 70% do PL) e ágio (custo de aquisição – participação sobre o PL). Investimentos ações de controladas: 70.000 ágio de participações permanentes: 5.000 73 Contabilidade Avançada I Agora, se ABC tivesse desembolsado R$ 67.000 pela participação de 70% da investida XYZ, que possui PL de R$100.000, haveria uma dife- rença negativa de R$ 3.000 entre o custo de aquisição e o valor contábil do investimento. Essa diferença negativa significa que a participação teria ocorrido com deságio. Diferentemente do tratamento contábil do ágio (classificado como ANC Investimentos), o deságio vai para o resultado como receita. No MEP, sempre que o patrimônio líquido da investida variar, a in- vestidora deverá ajustar o valor do investimento. Ferrari (2013, p. 1073) afirma que “a expressão ``equivalência patri- monial` significa que o PL da investidora varia de forma `equivalente` (proporcional) ao PL da investida”. Desse modo, em geral, no encerramento de cada exercício social, a investidora deve avaliar o investimento pelo valor de patrimônio lí- quido da coligada ou controlada, de modo a readequar o valor contábil de seu investimento e determinar o possível resultado na equivalência patrimonial. Variações do PL devido a outros resultados abrangentes No caso de variações no PL da investida não geradas por lucros ou prejuízos, mas sim por outros resultados abrangentes (ajuste de avaliação patrimonial, aumento de capital, ajuste de exercícios anteriores etc.), a investidora irá reconhecer por equivalência pa- trimonial no momento em que tais variações forem geradas, não necessariamente na data do encerramento do exercício social. Para isso, aplicamos o percentual de participação ao PL da inves- tida e, em seguida, comparamos o resultado obtido com o valor atual do investimento. 74 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • O objetivo do MEP é que o valor contábil do investimento daquela investidora sempre reflita a aplicação do percentual de participação ao capital investido. Sempre que o patrimônio líquido da investida for alterado, a investi- dora precisará rever o valor contábil de seu investimento. Fatores como apuração de resultado na investida (lucro ou prejuízo), ajuste de exercícios anteriores, ajuste de avaliação patrimonial, aumento de capital ou qualquer outro que provoque alteração no patrimônio lí- quido da investida vão provocar reflexo na investidora. O caso clássico é a apuração do resultado, enquanto que os demais são os outros resultados abrangentes, conforme item 3 do CPC 18 (R2). Caso, por ventura, ocorra um aumento de valor no PL da investi- da, teremos resultado positivo na equivalência patrimonial (outras receitas operacionais). Para uma melhor compreensão, recorreremos aos exemplos. Ex.1: Retornando ao caso da empresa ABC, que adquire 70% da investida XYZ por R$ 70.000, cujo patrimônio líquido era de R$ 100.000,00. Inicialmente o registro seria, conforme já demonstrado: D – ações de controladas (ANC Investimentos) C – BCM: 70.000,00 Agora, vamos supor que, no final do exercício social seguinte, a in- vestida apurou um lucro de R$ 60.000. Portanto, a investida passou a ter um PL de R$ 160.000. Como no MEP, sempre que o patrimônio líquido da investida variar, a investidora deverá ajustar o valor do investimento. Desse modo, a investidora, sabendo do lucro de R$ 60.000 na inves- tida, vai aplicar o percentual de participação ao novo PL da investida, passando agora para R$ 112.000.(160.000 x 70%). Vai pegar esse R$ 112.000 e vai comparar com o que ele tinha antes; R$ 70.000. E, assim, vai descobrir que ele precisa aumentar o valor de seu investimento em R$ 42.000. D – ações de controladas (ANC Investimentos) C – resultado positivo na equivalência patrimonial: 42.000,00 75 Contabilidade Avançada I Poderia, também, aplicar o percentual de participação diretamente sobre a variação do PL, que, no caso, foi apenas o lucro, no valor de R$ 60.000 (70% x 60.000 = 42.000). Após esse lançamento, teremos: ativo não circulante investimentos ações de controladas: 112.000,00 Entretanto, pode acontecer de a alteração no PL da investida ser uma redução de valor, em que teremos resultado negativo na equivalência patrimonial (outras despesas operacionais). Ex.2: Imaginemos, agora, que não houve lucro, e sim um prejuízo líquido de R$ 30.000,00. O PL da investida terá o valor de R$ 70.000,00: 1) Aplicação do MEP ((100.000 - 30.000) x 70%) = 49.000,00 2) (-) VC Anterior (70.000,00) (=) Resultado negativo na EP(21.000,00) Dessa maneira, a conta que registra o investimento deve ser diminuí- da por crédito em R$ 21.000,00, para que o seu saldo seja equivalente ao valor de patrimônio líquido da participação na investida. A contrapar- tida desse ajuste, via de regra, é como resultado operacional negativo. Assim, deve a investidora lançar: D – resultado negativo de equivalência patrimonial (despesa) C – ações de controladas: 21.000,00 (70% x 30.000 de prejuízo) Após esse lançamento, teremos: ativo não circulante investimentos ações de controladas: 49.000,00 Pode acontecer, ainda, que a investida tenha uma alteração em seu PL, não devido ao resultado do exercício, mas em decorrência, por exemplo, de um ajuste de avaliação patrimonial (outros resultados abrangentes). Ex. A investida XYZ contabilizou um aumento em seu PL de R$10.000,00 em decorrência de um ajuste de avaliação patrimonial. As- sim sendo, deve a investidora realizar o seguinte registro contábil: D – investimento em controlada C – outros resultados abrangentes – ajuste de avaliação patrimonial (70% x 10.000): 7.000 76 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • A apuração do resultado da equivalência patrimonial ocorre, em geral, no encerramento do exercício social, após a apuração do resultado do exercício, sendo antes da constituição de reservas e distribuição de dividendos. Relevância De acordo com o § único do artigo 247 da Lei 6404/76, considera-se relevante o investimento: a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil for igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor do patrimônio líquido da companhia; b) no conjunto das sociedades coligadase controladas, se o valor contábil for igual ou superior a 15% (quinze por cento) do valor do pa- trimônio líquido da companhia. Devido às alterações trazidas pela Lei 11/638/07 e 11.941/09, o artigo 248 da Lei 6.404/1976 não mais menciona a relevância como critério para avaliação pelo método da equivalência patrimonial. Sendo assim, os investimentos que possuam as características narradas no art. 248 da referida lei (investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob contro- le comum) serão avaliados pelo MEP, independentemente do quanto o seu valor contábil represente em relação ao PL da investidora. Atividade 2 1. (ISS-SP/FCC/2012) O investimento em controlada, que representa participação no capital votante de 60% e no capital social de 50%, deve ser aumentado em R$ 60.000,00 se a investida tiver apurado lucro no exercício de R$ 100.000,00. ( ) Certo ( ) Errado 77 Contabilidade Avançada I 2. (Analista CVM/2003 – FCC Adaptada) A Cia. Omega comprou, à vis- ta, ações representativas de 20% do capital votante da Cia. Delta, tendo pago o equivalente a R$ 350. 000,00 na transação. Na ocasião, o Patrimô- nio Líquido da investidora montava a R$3.000.000,00, e o da investida, a R$1.500.000,00. Pode-se concluir, diante dos fatos expostos, que: (A) a Cia. Delta e a Cia. Omega não são coligadas. (B) o investimento na Cia. Delta não é relevante para a Cia. Omega. (C) houve pagamento de ágio por rentabilidade futura (goodwill) na aquisição do investimento. (D) a Cia. Omega deve avaliar o investimento na Cia.Delta pelo custo de aquisição. (E) o investimento efetuado na Cia. Delta tem caráter temporário. Resposta comentada 1. Errado, pois capital votante é utilizado apenas para saber se iremos aplicar a equivalência patrimonial. Sendo assim, devemos trabalhar com a porcentagem sobre o capital social. Portanto, o investimento na controlada deve ser aumentado em R$ 50.000 (100.000 x 50%). 2. Alternatica C. A diferença positiva significa que a participação foi realizada com ágio por rentabilidade futura (goodwill). Contabilização dos dividendos– Dividendos pelo método do custo de aquisição Pela legislação do Imposto de Renda, os dividendos recebidos até seis meses a partir da data de aquisição do investimento avaliado pelo custo de aquisição devem ser registrados como redução do custo de aquisição do investimento permanente, sem afetar o resultado da investidora. 78 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • Os dividendos recebidos após seis meses da data de aquisição do referido investimento devem ser registrados como receita operacional. Desse modo, seguem os lançamentos contábeis: Tabela 1.2: Lançamentos na investidora I – dividendos recebidos até seis meses; II – dividendos recebidos após seis meses: D – caixa (ativo circulante) D – caixa (ativo circulante) C – participações permanentes (ANC - Investimentos) C – receita de dividendos (receita) Entretanto, Ferrari (2013) entende que a regra acima, desde 2010, não é mais válida “contabilmente”, uma vez que o CPC 30 (R1) – Recei- tas – determina que os dividendos (não decorrentes de investimentos avaliados por equivalência patrimonial) devem ser reconhecidos como receitas quando for estabelecido o direito de o acionista receber o res- pectivo valor. Isso, ainda de acordo com Ferrari, independe da época em que o investimento foi adquirido, não fazendo, portanto, alguma diferença se antes ou após seis meses. Dessa maneira, os dividendos de investimentos que não sejam ava- liados pelo MEP, portanto, a valor justo (ou custo, na impossibilidade de se determinar de forma precisa o valor justo), devem ser reconhecidos como receita. Pelo exposto, embasado nas novas regras trazidas pelo CPC (CPC 30 (R1) e item 55b do CPC 38), os dividendos recebidos de investimentos não avaliados pelo MEP passam a ter o seguinte registro contábil, inde- pendentemente da data de aquisição: D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante) C – receita de dividendos (outras receitas) Dividendos pelo método de equivalência patrimonial Após a apuração do resultado do exercício e do resultado da equi- valência patrimonial, os dividendos recebidos de investimento ava- liado pelo MEP serão sempre contabilizados como redução do valor do investimento. 79 Contabilidade Avançada I Registro contábil: D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante) C – investimentos permanentes (ANC - Investimentos) Atividade 3 Atende ao objetivo 3 1. (Susep – 2010 – Esaf) A Companhia Epson adquiriu da Companhia Ypsilon 30% de seu patrimônio líquido, que é representado unicamente pela conta Capital, cujo valor é R$ 200 mil. Sabemos que a compra, no início do período, foi realizada por R$ 60 mil; que as companhias Ep- son e Ypsilon são empresas coligadas; que o investimento é considerado relevante; e que o lucro líquido do período, antes da distribuição de di- videndos, foi de R$ 100 mil, na empresa Ypsilon e de R$ 80 mil, na em- presa Epson. Sabemos também que a assembleia geral de cada empresa mandou contabilizar a distribuição de 40% do lucro como dividendos. Com base nas informações acima, pede-se indicar por quanto deverá ser avaliado o investimento no Balanço Patrimonial da Companhia Ep- son no fim do período. O valor da avaliação será: a) R$ 78.000,00. b) R$ 42.000,00. c) R$ 90.000,00. d) R$ 72.000,00. e) R$ 102.000,00. 2. (AFC-CGU-2004 – Adaptada – Esaf) A Arvorebrás tem um patri- mônio líquido de R$ 1.500.000,00 e possui 18% das ações emitidas pela Piauí Queijos & Doces. O investimento não é considerado relevante nem avaliado por equivalência patrimonial. No fim do exercício social, a investida apurou lucro líquido de R$ 25.000,00 e destinou 40% para o pagamento de dividendos. Ao receber a comunicação desses fatos, a investidora deverá contabilizar: a) débito de ativo permanente 4.500,00 a crédito de receitas 4.500,00; b) débito de ativo circulante 4.500,00 a crédito de receitas 4.500,00; 80 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • c) débito de ativo permanente 1.800,00 a crédito de resultado do exer- cício 1.800,00; d) débito de ativo circulante 1.800,00 a crédito de resultado do exercício 1.800,00; e) débito de ativo permanente 2.700,00 débito de ativo circulante 1.800,00 a crédito de resultado 4.500,00. Resposta comentada 1. Inicialmente iremos calcular e registrar a equivalência patrimonial (o enunciado da questão informa que as empresas são coligadas): participação de 30% lucro da investida: r$100.000; D – investimentos permanentes C – receita de equivalência patrimonial: (30% x 100.000) ...30.000 Após o resultado da equivalência patrimonial, iremos calcular e re- gistrar o recebimento dos dividendos: dividendos – 40% do lucro; D - dividendos a receber/caixa C - investimentos permanentes ((30% x 100.00) x 40%): 12.000 Alternativa A. O investimento, antes do encerramento do exercício, era de R$ 60.000 e houve um acréscimo de R$18.000 (30.000 – 12.000) no período, totalizando 78.000,00. 81 Contabilidade Avançada I 2. Alternativa D. Os dividendos de investimentos que não sejam avalia- dos pelo MEP terão o seguinte lançamento: D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante) C – receita de dividendos (outras receitas) O valor dos dividendos a receber é: ((18% x 25.000) x 40%) = 1.800 Conclusão As participações societárias, classificadas em temporárias ou per- manentes, contam com o método de avaliação pelo valor justo ou pela equivalência patrimonial. Como já é regra na contabilidade, percebe- mos, mais uma vez, a necessidade de o profissional contábil acompa- nhar as atualizações da legislação, pois, no presente estudo, discutimos as alterações referentes às participações societárias instituídas pelo Co- mitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. Compreendido isso, vamos à atividade final.Atividade Final Atende aos objetivos 1, 2 e 3. 1. Responda: a) O que são investimentos temporários e onde são classificados no balanço patrimonial? b) O que são investimentos permanentes e onde são classificados no balanço patrimonial? c) O que é método de valor justo? d) O que é método da equivalência patrimonial? e) Quais são as empresas avaliadas pelo MEP? f) Defina empresas controladas. g) Defina empresas coligadas. 82 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • h) Defina ágio. i) Defina deságio. Resposta comentada a) São investimentos em que a investidora possui a intenção de vender, visto que essas participações possuem natureza especulativa. Essas par- ticipações são consideradas, entre outros tipos, instrumentos financei- ros, sendo classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo, dependendo do prazo de realização. b) Ocorrem quando a investidora adquire ações ou quotas de outra em- presa sem o intuito de alienar essa participação, sendo classificados no ANC Investimentos. c) É a quantia pela qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo 83 Contabilidade Avançada I liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso em transação sem favorecimento. d) Pelo método de equivalência patrimonial, um investimento em co- ligada e em controlada é inicialmente reconhecido pelo custo, e o seu valor contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a aquisição. e) Empresas coligadas, controladas, quando do mesmo grupo ou com controle comum. f) É a entidade na qual a controladora, diretamente ou por meio de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. g) Sociedades nas quais a investidora tem influência significativa (quan- do a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la). Presunção de influência significativa: investidora é titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la. h) É a diferença positiva entre o valor pago (ou valores a pagar) e o mon- tante líquido proporcional adquirido do valor justo dos ativos e passivos da entidade adquirida. Como exemplo, temos o ágio pago por expecta- tiva de rentabilidade futura (goodwill). i) Deságio representa a diferença negativa entre o valor pago (ou valores a pagar) e o montante líquido proporcional adquirido do valor justo dos ativos e passivos da entidade adquirida, sendo registrado como receita no período em que o investimento foi adquirido. 2. A empresa Estrela Solitária adquiriu investimentos nas respectivas empresas: Investidas Total do capital votante Capital votante em poder da investidora Empresa Alfa 100.000 12.000 Empresa Beta 100.000 16.000 Empresa Charles 1.000.000 70.000 Empresa Delta 400.000 220.000 Empresa Echo 200.000 120.000 84 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • A Estrela Solitária participa do conselho de administração da empresa Charles. Nos casos acima, quais desses investimentos serão avaliados pelo MEP e quais ser20ão pelo método de valor justo? Ilustração: favor inserir 20 linhas para resposta. Resposta comentada A Estrela Solitária participa com 12% de Alfa, portanto não é coligada e nem controlada, sendo avaliada pelo método de valor justo. O mesmo ocorre com Beta, eis que não atinge a presunção de influência significativa (20%). Em relação à empresa Charles, apesar de a Estrela Solitária possuir ape- nas 7% do total do capital votante, participa do conselho de adminis- tração, o que significa que possui influência significativa (investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas finan- ceira ou operacional da investida, sem controlá-la). Dessa maneira, são coligadas, e, por isso, o método de avaliação será o MEP. Quanto à Delta, a participação atinge 55% do capital votante, o que sig- nifica controle. Sendo assim, investimento avaliado pelo MEP. E, por fim, na Echo, a participação chega a 60%, logo, MEP. 3. (TRT/FCC/2012) Considere as seguintes operações realizadas pela Cia. Compra Tudo: I. Aquisição de 20% de ações preferenciais da Cia. A, com o objetivo de diversificar suas operações, mas não possuindo influência na adminis- tração da mesma. II. Aquisição de 15% do total das ações da Cia. B, adquirindo so- mente ações ordinárias, com o objetivo de assegurar fornecimento de matéria-prima (o acionista controlador possui 51% do capital votante). III. Aquisição de 40% do total das ações da Cia. C, adquirindo apenas ações ordinárias, com o objetivo de aumentar sua participação de mer- cado (o acionista controlador possui 51% ou mais do capital votante). Sabendo que as Cias. A, B e C possuem o Capital Social formado por 50% de ações preferenciais e 50% de ações ordinárias, é correto afirmar que a Cia. 85 Contabilidade Avançada I a) A é avaliada pelo custo por ser considerada coligada. b) B é avaliada pelo custo por não ser considerada coligada ou controlada. c) C é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada. d) A é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada. e) B é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada. Resposta comentada Alternativa E. Percebe-se na questão que o capital social é formado por 50% de ações ordinárias (capital votante). Assim sendo: I – O enunciado fala em ações preferenciais, o que não é relevante quan- do se fala em MEP. A presunção de influência significativa refere-se a 20% do capital votante (= ações ordinárias). II – Adquiriu 15% do total das ações, sendo que comprou somente ações ordinárias. Como existem apenas 50% de ações dessa espécie, 15% equi- valem a 30% do total das ações ordinárias. Vale lembrar que, para veri- ficar se as empresas são coligadas ou controladas, trabalhamos com as ações ordinárias (capital votante) e, no caso da questão, a Cia B possui 50 (desconsiderar a porcentagem apenas para melhor compreensão do 86 Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial Aula 1 • Aula 1 • tema) ações ordinárias, tendo a Cia Compra Tudo adquirido 15. Por conseguinte, Compra Tudo atingiu 30% do total das ações ordinárias da Cia B. Portanto, aqui, há a presunção de influência significativa, o que as tornam coligadas. III – Adquiriu 40% do total de 50%, o que equivale a 80% das ações com direito a voto. Logo, Cia. C é controlada. 4. (MPE–RS–Assessor-Contabilidade–adaptada-2008–FCC) A Cia. Es- telar registra, em seu permanente, uma participação de 10% das ações preferenciais de uma determinada empresa, sobre a qual não detém in- fluência significativa. Os dividendos, quando distribuídos pela investida ao final do exercício de 2008, serão registrados pela investidora a: a) crédito da conta participações em sociedades controladas e coligadas. b) débito de resultados não operacionais em investimentos avaliados pelo método de custo. c) crédito de participação nos resultados de coligadas avaliadas por equivalência patrimonial. d) débito de participações societárias em sociedades coligadas. e) crédito de uma conta de receita. Resposta comentada Lançamento referente a dividendos não avaliados pelo MEP: D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante) C – receita de dividendos (outras receitas) Alternativa E. Conforme o lançamento acima, percebemos que ocorre um crédito na conta de receita de dividendos. [ 87 Contabilidade Avançada I Resumo Na presente aula, discutimos a respeito das participações temporá- rias e permanentes, de quando usar o método da equivalência patri- monial (MEP), aplicável a investimentos em coligadas – investidas nas quais a investidoratem influência significativa na administração; em controladas – investidas nas quais a investidora tem preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores por ter a maioria do capital votante; e, também, em investimentos – em que a investidora e as investidas são parte do mesmo grupo de socieda- de ou estão sob controle comum. Vimos, também, que aplicar a equivalência patrimonial é aplicar o percentual de participação que a investidora possui na investida, sempre lembrando que esse percentual de participação é em relação ao capital total da investida, e não do votante. Por fim, tratamos da aplicação do método de equivalência patrimo- nial, como por exemplo, sobre o resultado do exercício, a questão do ágio, deságio e dos dividendos. Referências bibliográficas FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impe- tus, 2013. FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Edi- tora Ferreira, 2014. MORAES JÚNIOR, José Jayme. Contabilidade Geral. 4. ed. Rio de Janei- ro: Editora Elsevier, 2013. NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E.V. Contabilidade Avançada. 7 ed. São Paulo: Frase, 2003. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula, você estudará as regras gerais das demonstrações contábeis, bem como identificar quais as demonstrações financeiras obrigatórias. Até lá!
Compartilhar