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Aula 1
Investimentos Societários 
e Equivalência Patrimonial
Marcello Sartore de Oliveira
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Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
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Aula 1 • 
Meta
Apresentar o conceito de participação societária, evidenciando sua im-
portância, trabalhando nos critérios de avaliação de participações per-
manentes; método de equivalência patrimonial e pelo valor justo, apon-
tando as alterações na legislação pertinente. 
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
1. identificar os tipos de participações societárias;
2. aplicar o método de equivalência patrimonial em investimentos em 
coligadas e controladas;
3. registrar contabilmente os dividendos decorrentes das 
participações societárias;
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Contabilidade Avançada I
Introdução
Prezado aluno, você que já passou pela contabilidade básica e interme-
diária, iniciará o estudo da contabilidade avançada, já com um tema 
de grande relevância no cenário contábil, que são os investimentos so-
cietários e o método da equivalência patrimonial. Como sabemos, um 
dos principais objetivos da contabilidade é oferecer informações úteis 
a respeito da vida das entidades, e, para isso, órgãos nacionais e inter-
nacionais buscam, por meio de muitos estudos e pesquisa, melhorar a 
qualidade da informação contábil. Dessa maneira, o modo de avaliar 
os investimentos em outras sociedades tem despertado, ao longo dos 
anos, bastante atenção, uma vez que as empresas, além de praticarem 
suas próprias atividades, geralmente, participam do capital de outras 
entidades, com o intuito, dentre outros, de diversificar seus riscos e 
otimizar resultados.
Participações societárias
As participações societárias são ações de sociedades anônimas ou 
quotas de sociedades limitadas que uma determinada empresa, deno-
minada investidora, adquire de outra, denominada investida. Tais par-
ticipações podem ser classificadas em ativo circulante ou em ativo não 
circulante, nos subgrupos realizável a longo prazo ou investimento, de-
pendendo da intenção de venda pela investidora.
Figura 1.1: Investidora e investida em uma participação societária
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Tipos de participações societárias
Participações societárias temporárias 
Ocorrem quando a investidora possui a intenção de vender, visto 
que essas participações possuem natureza especulativa. Podem ainda 
ser divididas em destinadas à negociação (quando já estão aptas a se-
rem negociadas) ou disponíveis para venda (somente serão negociadas 
quando o mercado estiver favorável ou quando a investidora precisar 
de dinheiro).
Conforme Ferrari (2013), essas participações são consideradas, entre 
outros tipos, instrumentos financeiros e reguladas pelo CPC 38, 39 e 
40, sendo classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo 
prazo, dependendo do prazo de realização. 
Participações societárias permanentes
 Ocorrem quando a investidora adquire ações ou quotas de outra em-
presa sem o intuito de alienar essa participação. Diferentemente da tem-
porária, a participação permanente possui natureza estratégica, uma vez 
que representa uma extensão da atividade econômica da investidora.
Essas espécies de participações societárias são classificadas no grupo 
ativo não circulante, subgrupo investimentos. 
Podem ser classificadas em ações de coligadas, ações de controladas 
eações de controladas em conjunto.
Além disso, cabe destacar que, conforme legislação do Imposto de 
Renda, alguns tipos de participações devem ser sempre consideradas 
permanentes, independentemente do intuído intuito de vendas. São elas:
a) participações em coligadas ou controladas; 
b) participações decorrentes de incentivos fiscais; 
c) participações em sociedades por quotas.
Ferrari (2013) explica que, para o fisco, a aquisição de quotas de ou-
tras sociedades deve ser classificada como participações permanentes, 
devido à impossibilidade de negociar esses títulos no mercado de valo-
res mobiliários. 
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Contabilidade Avançada I
Sociedades coligadas
O conceito previsto no § 1º do artigo 243 da Lei 6404/76 diz que são co-
ligadas as sociedades nas quais a investidora tem influência significativa.
De acordo com o mesmo artigo, em seu parágrafo 4º, considera-se 
que há influência significativa quando a investidora detém ou exerce o 
poder de participar nas decisões das políticas financeira ou operacional 
da investida, sem controlá-la.
Entretanto, o § 5º afirma que é presumida influência significativa 
quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do 
capital votante (ações ordinárias) da investida, sem controlá-la.
Portanto, de acordo com a Lei 6404/76, são coligadas as empresas 
nas quais a investidora possua influência significativa ou que tenha pre-
sunção de influência.
De acordo com o CPC 18 (R2), item 5, se o investidor mantém direta 
ou indiretamente (por meio de controladas, por exemplo), 20% ou mais 
do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência signi-
ficativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o contrário. Por 
outro lado, se o investidor detém, direta ou indiretamente (por meio de 
controladas, por exemplo), menos de 20% do poder de voto da investida, 
presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa 
influência possa ser claramente demonstrada. A propriedade substancial 
ou majoritária da investida por outro investidor não necessariamente im-
pede que um investidor tenha influência significativa sobre ela. 
Para Moraes Júnior (2013), pode ocorrer de uma empresa ter 8% do 
capital votante da investida, mas, por outras circunstâncias, ter influên-
cia significativa. Assim, essas empresas seriam coligadas.
Continua Moraes Junior (2013) dizendo que, por outro lado, apesar 
da influência com mais de 20% do capital votante da investida, também 
pode existir uma empresa com 30% do capital votante da investida, mas 
que, por outras circunstâncias, não tenha influência significativa (é pre-
cisa provar a influência). Desse modo, as empresas não são coligadas.
Conforme o item 6 do mesmo CPC, a existência de influência signi-
ficativa por investidor geralmente é evidenciada por uma ou mais das 
seguintes formas:
a) representação no conselho de administração ou na diretoria 
da investida;
Capital votante 
(ações ordinárias)
São aquelas que 
proporcionam 
participação nos 
resultados econômicos de 
uma empresa e conferem 
a seu titular o direito de 
voto em assembleia. Cabe 
destacar que o capital a ser 
considerado na presunção 
é o votante (ações 
ordinárias). Essa espécie 
de capital é tão somente 
utilizada para saber se 
vamos ou não aplicar a 
equivalência patrimonial.
Pronunciamento técnico 
CPC 18 (R2)
Investimento em 
coligada, em controlada 
e em empreendimento 
controlado em conjunto. 
Correlação às normas 
internacionais de 
contabilidade – IAS 28 
(IASB – BV 2012).
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b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em 
decsões sobre dividendos e outras distribuições;
c) operações materiais entre o investidor e a investida;
d) intercâmbio de diretores ou gerentes;
e) fornecimento de informação técnica essencial. 
Há ainda que ressaltar o direito de voto potencial, ou seja, se a in-
vestidora possui valores mobiliários (opções de compra de ações, bônus 
de subscrição, debentures conversíveis em ações etc.) que podem ser 
facilmente convertidos em ações com direito a voto. 
Sendo assim, os votos potenciais devem ser levados em consideração 
no momento de se verificar o percentual de participação da investidora 
na investida.
Se a investidora Glorioso S/A,por exemplo, possui 10% das ações 
com direito a voto (capital votante) de uma investida, possuindo, ainda, 
opções de compra de ações da investida capazes de gerar mais 12% de 
ações com direito a voto, para efeito de influênciasignificativa, a princí-
pio, as empresas são coligadas, uma vez que a participação da investido-
ra no capital votante da investida alcançou 22%.
Sociedades controladas
Em consonância com o § 2º do artigo 243 da Lei 6404/76, considera-
-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou atra-
vés de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegu-
rem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o 
poder de eleger a maioria dos administradores.
Para Ferrari (2013), a doutrina entende que, para ocorrer o con-
trole, é necessário que a investidora tenha direta ou indiretamente 
mais de 50% do capital votante da investida, ou seja, mais de 50% das 
ações ordinárias.
Nas controladas, para haver o controle, a investidora tem que possuir 
mais de 50% do capital votante da investida. Nas coligadas, há a presun-
ção de influência significativa quando a investidora possui mais de 20% 
do capital votante da investida, mas sem ter o controle.
A legislação declara em ter mais de 20% do capital votante, mas sem 
realizar o controle, mas a doutrina entende que, para ter controle, é ne-
cessário que se possua mais de 50% do capital votante. 
Doutrina 
Conjunto de estudos 
e teorias desenvolvido 
pelos especialistas com o 
objetivo de sistematizar 
e interpretar as normas 
vigentes e de conceber 
novos institutos contábeis.
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Contabilidade Avançada I
Dessa maneira, é possível ter controle com menos de 50% do capital 
votante?A resposta é sim.Isso ocorre quando os demais acionistas são 
muito pulverizados e não votam em conjunto, acarretando, assim, que 
um sócio, mesmo não tendo a maioria do capital votante, possua pre-
ponderância nas deliberações sociais.
Controle indireto X participação indireta
No nosso estudo, o importante é o conceito de controle e não de 
propriedade. Vejamos um exemplo:
Uma empresa A possui 80% do capital votante da empresa B, sendo 
que esta possui 55% do capital de C. 
Dessa maneira, teremos as seguintes conclusões:
a) A empresa A controla diretamente B;
b) A empresa B controla diretamente C;
c) A empresa A controla indiretamente, através de B, a empresa C 
com 55%;
d) A participação indireta de A em C é de 44% (80% x 55%). 
Outro exemplo:
 
Figura 1.2: Participação indireta: A possui 30% do capital votante de B, que 
possui 30% de C. A possui, ainda, 60% de D, sendo que D, possui 70% de C.
Desse modo, podemos afirmar que a participação indireta da empre-
sa A em C é de 51% (30% x 30% = 9%; 60% x 70% = 42%; 42% + 9% = 
51%)
Deliberações
Decisões tomadas pelos 
sócios em assembleia ou 
reunião sobre assuntos de 
interesse da sociedade.
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Join venture
Join venture pode ser conceituado como um negócio do qual duas ou 
mais empresas têm controle conjunto. 
O item 16 do CPC 19 (R2) assevera que empreendimento contro-
lado em conjunto (joint venture) é um negócio em que as partes que 
detêm o controle conjunto do negócio possuem direitos sobre os ativos 
líquidos do negócio. Essas partes são denominadas empreendedores 
em conjunto.
Atividade 1
Atende ao objetivo 1
1)(TRF-2003-Esaf) Considere as empresas e sua participação no capital 
de outra, conforme descrito abaixo.
Investidora 
Investida 
Participação
Alfa -> Beta 80%
Alfa -> Gama 90%
Beta -> Lâmina 10%
Beta -> Ômega 10%
Gama -> Ômega 90%
Assinale a opção correta.
a) A empresa Alfa controla indiretamente a empresa Ômega.
b) A empresa Alfa controla indiretamente a empresa Lâmina.
c) A empresa Beta controla a empresa Lâmina.
d) A empresa Beta controla a empresa Ômega.
e) A empresa Gama controla a empresa Beta.
2) Aplicações em investimentos temporários que apresentem caracterís-
ticas de liquidez imediata são classificadas no ativo como:
a) valores realizáveis
b) investimentos
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Contabilidade Avançada I
c) não circulante
d) imobilizado
e) circulante.
Resposta comentada
1) Letra A. A empresa Alfa controla diretamente a empresa Beta, uma 
vez que possui 80% de participação. Beta não controla Ômega, eis que 
participa somente com 20% desta. Entretanto, Alfa controla diretamen-
te Gama (90%) e esta controla diretamente Ômega (80%). Dessa manei-
ra, Alfa controla indiretamente Ômega com 80%! 
Vale destacar que estamos nos referindo a controle, e não à participação. 
Se fosse participação, então Alfa possuiria (90% x 80%) 72% de Ômega. 
2) Como já exposto, essas participações são consideradas, entre outros 
tipos, instrumentos financeiros e reguladas pelo CPC 38, 39 e 40, sendo 
classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo prazo, 
dependendo do prazo de realização.
Formas de avaliação das participações societárias
Participações societárias temporárias
O inciso I do artigo 183 da Lei 6404/76 estabelece que, no balanço 
patrimonial, as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive de-
rivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo cir-
culante ou no realizável a longo prazo, serão avaliados pelo seu valor 
justo, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação ou dispo-
níveis para venda.
Conforme Neves e Viceconti (2003), investimentos temporários são 
os adquiridos com a intenção de revenda e têm, geralmente, caráter es-
peculativo. Podem ser classificados no ativo circulante (AC) ou no ativo 
não circulante realizável a longo prazo (ANC ARLP).
Entretanto, no caso das participações societárias temporárias, de-
pendendo da intenção do investidor (se é para venda ou negociação), a 
contabilização será apresentada de formas distintas.
Valor justo
O CPC 30 (R1) define 
valor justo, de uma forma 
bem sucinta, como valor 
normal de mercado.
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Investimentos destinados à negociação 
São os investimentos destinados à negociação imediata. 
Para Ferrari (2013), a contabilização para ajuste a valor justo ocorre-
rá em contrapartida com uma conta de resultado, que poderá ser cha-
mada de ajuste a valor justo, sendo conta de despesa, caso debitada, ou 
conta de receita, se creditada.
Continua Ferrari (2013) afirmando que:
1) Quando o valor justo aumentar em relação ao valor já contabilizado:
D – ativos financeiros destinados à negociação
C – receita de ajuste a valor justo (outras receitas)
2) Quando o valor justo diminuir em relação ao valor já contabilizado:
D – despesa de ajuste a valor justo (outras despesas)
C – ativos financeiros destinados à negociação
 Investimentos destinados à venda
São os investimentos destinados à negociação futura, normalmente 
classificada no ativo não circulante realizável a longo prazo.
Ferrari (2013) continua afirmando que a contabilizaçãopara ajuste 
a valor justo ocorrerá em contrapartida com uma conta do patrimônio 
líquido: ajuste de avaliação patrimonial. Seguem as duas possibilidades:
1) Quando o valor justo aumentar em relação ao valor já contabilizado:
D – ativos financeiros destinados à venda
C – ajuste de avaliação patrimonial
2) Quando o valor justo diminuir em relação ao valor já contabilizado:
D – ajuste de avaliação patrimonial
C – ativos financeiros destinados à venda
Para melhor compreensão do assunto, segue o exemplo:
Em 01/05/2010, a empresa Estrela Solitária realizou compra, na bol-
sa de valores, de 10.000 ações da empresa Camanducaia, por R$ 3,00 
cada. Cabe informar que a investidora classificou as ações como des-
tinadas à venda. Em 31/12/2010, as ações estavam cotadas a R$ 3,50. 
Sendo assim, demonstre como ficou a contabilização desses fatos.
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Contabilidade Avançada I
01/05/2010
D – ativos financeiros destinados à venda
C – bancos: 30.000,00
31/12/2010 (avaliação a valor justo)
D – ativos financeiros destinados à venda
C – ajuste de avaliação patrimonial:5.000,00 (10.000 x R$0,50)
Caso, em 31/12/2010, o valor da ação tivesse diminuído paraR$2,75:
31/12/2010 (avaliação a valor justo)
D – ajuste de avaliação patrimonial
C – ativos financeiros destinados à venda: 2.500,00 (10.000 x 0,25)
Agora, vamos imaginar que a intenção da Estrela Solitária, ao adqui-
rir as ações, fosse negociação. Como ficaria a contabilização?
01/05/2010
D – ativos financeiros destinados à negociação
C – bancos: 30.000,00
31/12/2010 (avaliação a valor justo)
D – ativos financeiros destinados à negociação
C – receita de ajuste a valor justo: 5.000,00 (10.000 x R$ 0,50)
Caso houvesse a diminuição do valor da ação para, por exemplo, R$ 
2,75:
31/12/2010 (avaliação a valor justo)
D – despesa de ajuste a valor justo (outras despesas)
C – ativos financeiros destinados à negociação: 2.500,00
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Figura 1.3: Quadro resumo das participações temporárias. 
Participações societárias permanentes
As participações societárias permanentes podem ser classificadas 
em não coligadas e não controladas ou coligadas, controladas, empresa do 
mesmo grupo e controle comum.
Participações societárias em não coligadas e não controladas
Pela Lei 6404/76, art. 183, 
No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os 
seguintes critérios:
[...]
III - os investimentos em participação no capital social de outras 
sociedades, ressalvado o disposto nos artigos 248 a 250 (método 
de equivalência patrimonial), pelo custo de aquisição, deduzi-
do de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor, 
quando essa perda estiver comprovada como permanente, e que 
não será modificado em razão do recebimento, sem custo para a 
companhia, de ações ou quotas bonificadas; [...]
Então, pelo artigo 183, III, podemos perceber que, fora os casos de 
equivalência patrimonial, usaremos o custo de aquisição.
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Contabilidade Avançada I
De acordo com o art. 248 da Lei 6404/76,
No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coli-
gadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de 
um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo 
método da equivalência patrimonial [...].
Portanto, para a Lei das Sociedades Anônimas, os investimentos em 
coligadas, controladas, empresa do mesmo grupo e controle comum se-
rão avaliados pelo método de equivalência patrimonial, enquanto que 
os demais casos de investimentos permanentes, pelo custo de aquisição.
Entretanto, o item 9 do CPC 38 determina que os investimentos que 
não são avaliados por equivalência patrimonial devem ser avaliados 
pelo seu valor justo (de forma sucinta, seria o valor de mercado), sendo 
admissível a avaliação pelo método do custo apenas quando os instru-
mentos não tiverem preço de mercado cotado em um mercado ativo ou 
cujo valor justo não possa ser mensurado com confiabilidade. 
Percebam que a Lei das Sociedades Anônimas, em seu art. 183, III, 
admite apenas MEP e custo, enquanto que o CPC 38 admite MEP, valor 
justo e, de forma excepcional, custo.
Sendo assim, fica a pergunta: qual caminho deve ser seguido: acom-
panhar o pronunciamento técnico, no caso o CPC 38, que é emitido 
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), uma entidade autô-
noma criada pela Resolução CFC nº 1.055/05, ou seguir a determinação 
da Lei das Sociedades Anônimas, criada pelo Congresso Nacional?
Aparentemente, a resposta correta seria seguir a Lei 6.404/76. Toda-
via, a doutrina recente, baseada no art. 177, § 5º, entende que a própria 
Lei das Sociedades por Ações, implicitamente, determina que as normas 
do Comitê de Pronunciamentos Contábeis devem ter preferência sobre 
a referida lei nos pontos de divergência (FERRARI, 2013).
Quadro 1.1: Resumo - Avaliações em participações permanentes
Avaliações Pela Lei 6.404/76 Pelo CPC
Participações 
permanentes
MEP 
Custo de aquisição¹
MEP 
Valor justo 
Custo de aquisição²
¹ Quando não for por MEP (coligadas, controladas, quando do mesmo 
grupo ou com controle comum);
² de forma excepcional.
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Ferrari (2013) afirma que, se uma empresa adquire ações de outra que 
não se constitua em coligada ou controlada (incluindo a joint venture), 
esses instrumentos patrimoniais podem ser classificados no ativo circu-
lante, no ativo realizável a longo prazo ou no ativo investimentos, depen-
dendo da intenção de vender a curto prazo, de vender a longo prazo ou de 
não vender. Entretanto, independentemente disso, são ativos financeiros 
dentro do alcance do CPC 38 quanto à forma de reconhecimento e men-
suração e devem, regra geral, ser avaliados pelo valor justo e não pelo 
custo de aquisição, muito menos deduzidos de qualquer provisão, termo 
este que, conforme CPC 25, é exclusivo de contas do passivo.
Participações societárias coligadas, controladas, empresa do mes-
mo grupo e controle comum
Conforme mencionado, os investimentos em Coligadas, Controla-
das, empresa do Mesmo Grupo e Controle Comum serão avaliadas pelo 
Método de Equivalência Patrimonial. 
Avaliação pelo método da equivalência patrimonial
De acordo com o item 2 da Deliberação CVM 605/2009, 
Método de equivalência patrimonial é o método de contabilização 
por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo 
e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da participação atri-
buída ao investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. O 
resultado do período do investidor deve incluir a parte que lhe cabe nos 
resultados gerados pela investida.
Já o item 3 do CPC 18 (R2) afirma que método de equivalência patri-
monial é o método de contabilização por meio do qual o investimento 
é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é ajustado para 
refletir a alteração pós-aquisição na participação do investidor sobre os 
ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor in-
cluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros 
resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em ou-
tros resultados abrangentes da investida.
A equivalência patrimonial é baseada no fato de que os resultados e 
quaisquer variações patrimoniais de uma controlada ou coligada devem 
ser reconhecidos (contabilizados) no momento de sua geração, inde-
pendentemente de serem ou não distribuídos.
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Contabilidade Avançada I
Conforme Moraes Júnior (2013), o valor do investimento avaliado 
pela MEP é obtido aplicando-se a porcentagem de participação no capi-
tal social sobre o valor do patrimônio líquido da investida.
Cálculo da equivalência patrimonial
Calcular a equivalência patrimonial é aplicar o percentual de parti-
cipação que a investidora possui na investida, que será sempre em 
relação ao capital total da investida, enão sobre o capital votante.
A utilização do capital votante é tão somente para saber se vamos 
ou não aplicar a equivalência patrimonial.
Então, para calcular a equivalência patrimonial, é necessário apli-
car o percentual de participação em relação ao capital total da 
investida sobre o patrimônio líquido (PL) também da investida. 
Inicialmente, conforme deliberação acima, o investimento é reco-
nhecido pelo custo e, posteriormente, ajustado pelo reconhecimento da 
participação atribuída ao investidor nas alterações do patrimônio líqui-
do da investida.
Portanto, o reconhecimento do investimento ocorre na data da aqui-
sição, quando já é possível verificar se houve, eventualmente, algum 
ágio ou deságio (compra vantajosa).
Para melhor compreensão desse assunto, segue exemplo em que não 
há ágio ou deságio. 
Em 01/05/2013, a investidora ABC adquire, por R$ 70.000,00, , 70% 
da investida XYZ, cujo patrimônio líquido era de R$ 100.000,00. Sendo 
assim, como deve proceder a investidora?
R: Deve aplicar o percentual de participação ao PL da investida:
70% x R$ 100.000,00 = R$ 70.000,00.
Tendo em vista que a investidora pagou exatamente R$ 70.000,00, 
não pagando nada a mais, não falaremos em ágio. Comotambém 
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não pagou nada a menos, também não podemos falar em deságio 
(compra vantajosa).
Lançamento contábil
D – Ações de controladas (ANC Investimentos)
C – BCM: 70.000,00
Caso a investidora tivesse pagado R$ 75.000,00 pelo investimen-
to acima, haveria uma diferença positiva entre o custo de aquisição e 
o valor contábil do investimento, que é de R$ 70.000,00 (70% de R$ 
100.000,00). Essa diferença positiva significa que a participação teria 
ocorrido com ágio por rentabilidade futura (goodwill).
Com isso, o lançamento ficaria assim:
D – ações de controladas (ANC Investimentos): 70.000
D – ágio em participações permanentes (ANC Investimentos): 5.000
C – bancos: 75.000
Cabe destacar que as contas ações em controladas e ágio em partici-
pações permanentes serão classificadas no ANC Investimentos.
Conforme Moraes Júnior (2013, p. 570),
O ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), 
representado pela diferença positiva entre o valor pago (ou va-
lores a pagar) e o montante líquido proporcional adquirido do 
valor justo dos ativos e passivos da entidade adquirida só é clas-
sificado no subgrupo de Intangíveis no balanço consolidado, 
visto que o goodwill é da investida (a capacidade de geração de 
rentabilidade futura é da investida), pago pela adquirente. A in-
vestidora registrará esse ágio como parte do custo de seu investi-
mento, no sub-grupo Ativo Não Circulante “Investimentos”. Esse 
ágio não será amortizado, mas o investimento poderá sofrer o 
teste de recuperabilidade.
Ferreira (2014) relata que a participação é desdobrada em valor de 
patrimônio líquido (no exemplo, 70% do PL) e ágio (custo de aquisição 
– participação sobre o PL).
Investimentos
ações de controladas: 70.000
ágio de participações permanentes: 5.000
73
Contabilidade Avançada I
Agora, se ABC tivesse desembolsado R$ 67.000 pela participação de 
70% da investida XYZ, que possui PL de R$100.000, haveria uma dife-
rença negativa de R$ 3.000 entre o custo de aquisição e o valor contábil 
do investimento. Essa diferença negativa significa que a participação 
teria ocorrido com deságio.
Diferentemente do tratamento contábil do ágio (classificado como 
ANC Investimentos), o deságio vai para o resultado como receita. 
No MEP, sempre que o patrimônio líquido da investida variar, a in-
vestidora deverá ajustar o valor do investimento. 
Ferrari (2013, p. 1073) afirma que “a expressão ``equivalência patri-
monial` significa que o PL da investidora varia de forma `equivalente` 
(proporcional) ao PL da investida”.
Desse modo, em geral, no encerramento de cada exercício social, 
a investidora deve avaliar o investimento pelo valor de patrimônio lí-
quido da coligada ou controlada, de modo a readequar o valor contábil 
de seu investimento e determinar o possível resultado na equivalência 
patrimonial. 
Variações do PL devido a outros 
resultados abrangentes
No caso de variações no PL da investida não geradas por lucros 
ou prejuízos, mas sim por outros resultados abrangentes (ajuste 
de avaliação patrimonial, aumento de capital, ajuste de exercícios 
anteriores etc.), a investidora irá reconhecer por equivalência pa-
trimonial no momento em que tais variações forem geradas, não 
necessariamente na data do encerramento do exercício social.
Para isso, aplicamos o percentual de participação ao PL da inves-
tida e, em seguida, comparamos o resultado obtido com o valor atual 
do investimento.
74
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
Aula 1 • 
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O objetivo do MEP é que o valor contábil do investimento daquela 
investidora sempre reflita a aplicação do percentual de participação ao 
capital investido.
Sempre que o patrimônio líquido da investida for alterado, a investi-
dora precisará rever o valor contábil de seu investimento.
Fatores como apuração de resultado na investida (lucro ou prejuízo), 
ajuste de exercícios anteriores, ajuste de avaliação patrimonial, aumento 
de capital ou qualquer outro que provoque alteração no patrimônio lí-
quido da investida vão provocar reflexo na investidora.
O caso clássico é a apuração do resultado, enquanto que os demais 
são os outros resultados abrangentes, conforme item 3 do CPC 18 (R2).
Caso, por ventura, ocorra um aumento de valor no PL da investi-
da, teremos resultado positivo na equivalência patrimonial (outras 
receitas operacionais).
Para uma melhor compreensão, recorreremos aos exemplos.
Ex.1: Retornando ao caso da empresa ABC, que adquire 70% 
da investida XYZ por R$ 70.000, cujo patrimônio líquido era de R$ 
100.000,00. Inicialmente o registro seria, conforme já demonstrado:
D – ações de controladas (ANC Investimentos)
C – BCM: 70.000,00
Agora, vamos supor que, no final do exercício social seguinte, a in-
vestida apurou um lucro de R$ 60.000. Portanto, a investida passou a ter 
um PL de R$ 160.000. 
Como no MEP, sempre que o patrimônio líquido da investida variar, 
a investidora deverá ajustar o valor do investimento.
Desse modo, a investidora, sabendo do lucro de R$ 60.000 na inves-
tida, vai aplicar o percentual de participação ao novo PL da investida, 
passando agora para R$ 112.000.(160.000 x 70%).
Vai pegar esse R$ 112.000 e vai comparar com o que ele tinha antes; 
R$ 70.000. E, assim, vai descobrir que ele precisa aumentar o valor de 
seu investimento em R$ 42.000.
D – ações de controladas (ANC Investimentos)
C – resultado positivo na equivalência patrimonial: 42.000,00
75
Contabilidade Avançada I
Poderia, também, aplicar o percentual de participação diretamente 
sobre a variação do PL, que, no caso, foi apenas o lucro, no valor de R$ 
60.000 (70% x 60.000 = 42.000).
Após esse lançamento, teremos:
ativo não circulante investimentos 
ações de controladas: 112.000,00
Entretanto, pode acontecer de a alteração no PL da investida ser uma 
redução de valor, em que teremos resultado negativo na equivalência 
patrimonial (outras despesas operacionais).
Ex.2: Imaginemos, agora, que não houve lucro, e sim um prejuízo 
líquido de R$ 30.000,00. O PL da investida terá o valor de R$ 70.000,00: 
1) Aplicação do MEP ((100.000 - 30.000) x 70%) = 49.000,00
2) (-) VC Anterior (70.000,00) 
 (=) Resultado negativo na EP(21.000,00) 
Dessa maneira, a conta que registra o investimento deve ser diminuí-
da por crédito em R$ 21.000,00, para que o seu saldo seja equivalente ao 
valor de patrimônio líquido da participação na investida. A contrapar-
tida desse ajuste, via de regra, é como resultado operacional negativo. 
Assim, deve a investidora lançar:
 D – resultado negativo de equivalência patrimonial (despesa)
 C – ações de controladas: 21.000,00 (70% x 30.000 de prejuízo)
Após esse lançamento, teremos:
ativo não circulante investimentos
ações de controladas: 49.000,00
Pode acontecer, ainda, que a investida tenha uma alteração em seu PL, 
não devido ao resultado do exercício, mas em decorrência, por exemplo, 
de um ajuste de avaliação patrimonial (outros resultados abrangentes).
Ex. A investida XYZ contabilizou um aumento em seu PL de 
R$10.000,00 em decorrência de um ajuste de avaliação patrimonial. As-
sim sendo, deve a investidora realizar o seguinte registro contábil:
D – investimento em controlada
C – outros resultados abrangentes – ajuste de avaliação patrimonial 
(70% x 10.000): 7.000
76
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
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A apuração do resultado da equivalência patrimonial ocorre, em 
geral, no encerramento do exercício social, após a apuração do 
resultado do exercício, sendo antes da constituição de reservas e 
distribuição de dividendos.
Relevância
De acordo com o § único do artigo 247 da Lei 6404/76, considera-se 
relevante o investimento:
a) em cada sociedade coligada ou controlada, se o valor contábil for 
igual ou superior a 10% (dez por cento) do valor do patrimônio líquido 
da companhia;
b) no conjunto das sociedades coligadase controladas, se o valor 
contábil for igual ou superior a 15% (quinze por cento) do valor do pa-
trimônio líquido da companhia.
Devido às alterações trazidas pela Lei 11/638/07 e 11.941/09, o artigo 
248 da Lei 6.404/1976 não mais menciona a relevância como critério 
para avaliação pelo método da equivalência patrimonial. Sendo assim, 
os investimentos que possuam as características narradas no art. 248 da 
referida lei (investimentos em coligadas ou em controladas e em outras 
sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob contro-
le comum) serão avaliados pelo MEP, independentemente do quanto o 
seu valor contábil represente em relação ao PL da investidora. 
Atividade 2
1. (ISS-SP/FCC/2012) O investimento em controlada, que representa 
participação no capital votante de 60% e no capital social de 50%, deve 
ser aumentado em R$ 60.000,00 se a investida tiver apurado lucro no 
exercício de R$ 100.000,00.
( ) Certo ( ) Errado
77
Contabilidade Avançada I
2. (Analista CVM/2003 – FCC Adaptada) A Cia. Omega comprou, à vis-
ta, ações representativas de 20% do capital votante da Cia. Delta, tendo 
pago o equivalente a R$ 350. 000,00 na transação. Na ocasião, o Patrimô-
nio Líquido da investidora montava a R$3.000.000,00, e o da investida, a 
R$1.500.000,00. Pode-se concluir, diante dos fatos expostos, que: 
(A) a Cia. Delta e a Cia. Omega não são coligadas.
(B) o investimento na Cia. Delta não é relevante para a Cia. Omega.
(C) houve pagamento de ágio por rentabilidade futura (goodwill) na 
aquisição do investimento.
(D) a Cia. Omega deve avaliar o investimento na Cia.Delta pelo custo 
de aquisição.
(E) o investimento efetuado na Cia. Delta tem caráter temporário.
Resposta comentada
1. Errado, pois capital votante é utilizado apenas para saber se iremos 
aplicar a equivalência patrimonial. Sendo assim, devemos trabalhar 
com a porcentagem sobre o capital social. Portanto, o investimento na 
controlada deve ser aumentado em R$ 50.000 (100.000 x 50%).
2. Alternatica C. A diferença positiva significa que a participação foi 
realizada com ágio por rentabilidade futura (goodwill).
Contabilização dos dividendos– 
Dividendos pelo método do custo de aquisição
Pela legislação do Imposto de Renda, os dividendos recebidos até seis 
meses a partir da data de aquisição do investimento avaliado pelo custo 
de aquisição devem ser registrados como redução do custo de aquisição 
do investimento permanente, sem afetar o resultado da investidora.
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Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
Aula 1 • 
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Os dividendos recebidos após seis meses da data de aquisição do 
referido investimento devem ser registrados como receita operacional. 
Desse modo, seguem os lançamentos contábeis:
Tabela 1.2: Lançamentos na investidora
I – dividendos recebidos até seis 
meses;
II – dividendos recebidos após seis 
meses:
D – caixa (ativo circulante) D – caixa (ativo circulante)
C – participações permanentes 
(ANC - Investimentos)
C – receita de dividendos (receita)
Entretanto, Ferrari (2013) entende que a regra acima, desde 2010, 
não é mais válida “contabilmente”, uma vez que o CPC 30 (R1) – Recei-
tas – determina que os dividendos (não decorrentes de investimentos 
avaliados por equivalência patrimonial) devem ser reconhecidos como 
receitas quando for estabelecido o direito de o acionista receber o res-
pectivo valor. Isso, ainda de acordo com Ferrari, independe da época 
em que o investimento foi adquirido, não fazendo, portanto, alguma 
diferença se antes ou após seis meses. 
Dessa maneira, os dividendos de investimentos que não sejam ava-
liados pelo MEP, portanto, a valor justo (ou custo, na impossibilidade de 
se determinar de forma precisa o valor justo), devem ser reconhecidos 
como receita. 
Pelo exposto, embasado nas novas regras trazidas pelo CPC (CPC 30 
(R1) e item 55b do CPC 38), os dividendos recebidos de investimentos 
não avaliados pelo MEP passam a ter o seguinte registro contábil, inde-
pendentemente da data de aquisição:
D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante)
C – receita de dividendos (outras receitas)
Dividendos pelo método de equivalência patrimonial
Após a apuração do resultado do exercício e do resultado da equi-
valência patrimonial, os dividendos recebidos de investimento ava-
liado pelo MEP serão sempre contabilizados como redução do valor 
do investimento.
79
Contabilidade Avançada I
Registro contábil:
D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante)
C – investimentos permanentes (ANC - Investimentos)
Atividade 3
Atende ao objetivo 3
1. (Susep – 2010 – Esaf) A Companhia Epson adquiriu da Companhia 
Ypsilon 30% de seu patrimônio líquido, que é representado unicamente 
pela conta Capital, cujo valor é R$ 200 mil. Sabemos que a compra, no 
início do período, foi realizada por R$ 60 mil; que as companhias Ep-
son e Ypsilon são empresas coligadas; que o investimento é considerado 
relevante; e que o lucro líquido do período, antes da distribuição de di-
videndos, foi de R$ 100 mil, na empresa Ypsilon e de R$ 80 mil, na em-
presa Epson. Sabemos também que a assembleia geral de cada empresa 
mandou contabilizar a distribuição de 40% do lucro como dividendos. 
Com base nas informações acima, pede-se indicar por quanto deverá 
ser avaliado o investimento no Balanço Patrimonial da Companhia Ep-
son no fim do período. O valor da avaliação será:
a) R$ 78.000,00. 
b) R$ 42.000,00. 
c) R$ 90.000,00. 
d) R$ 72.000,00. 
e) R$ 102.000,00.
2. (AFC-CGU-2004 – Adaptada – Esaf) A Arvorebrás tem um patri-
mônio líquido de R$ 1.500.000,00 e possui 18% das ações emitidas pela 
Piauí Queijos & Doces. O investimento não é considerado relevante 
nem avaliado por equivalência patrimonial. No fim do exercício social, 
a investida apurou lucro líquido de R$ 25.000,00 e destinou 40% para 
o pagamento de dividendos. Ao receber a comunicação desses fatos, a 
investidora deverá contabilizar: 
a) débito de ativo permanente 4.500,00 a crédito de receitas 4.500,00;
b) débito de ativo circulante 4.500,00 a crédito de receitas 4.500,00;
80
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
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Aula 1 • 
c) débito de ativo permanente 1.800,00 a crédito de resultado do exer-
cício 1.800,00;
d) débito de ativo circulante 1.800,00 a crédito de resultado do exercício 
1.800,00;
e) débito de ativo permanente 2.700,00 débito de ativo circulante 
1.800,00 a crédito de resultado 4.500,00.
Resposta comentada
1. Inicialmente iremos calcular e registrar a equivalência patrimonial (o 
enunciado da questão informa que as empresas são coligadas):
participação de 30%
lucro da investida: r$100.000;
D – investimentos permanentes
C – receita de equivalência patrimonial: (30% x 100.000) ...30.000
Após o resultado da equivalência patrimonial, iremos calcular e re-
gistrar o recebimento dos dividendos:
dividendos – 40% do lucro;
D - dividendos a receber/caixa
C - investimentos permanentes ((30% x 100.00) x 40%): 12.000
Alternativa A. O investimento, antes do encerramento do exercício, era 
de R$ 60.000 e houve um acréscimo de R$18.000 (30.000 – 12.000) no 
período, totalizando 78.000,00.
81
Contabilidade Avançada I
2. Alternativa D. Os dividendos de investimentos que não sejam avalia-
dos pelo MEP terão o seguinte lançamento:
D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante)
C – receita de dividendos (outras receitas)
O valor dos dividendos a receber é: ((18% x 25.000) x 40%) = 1.800
Conclusão
As participações societárias, classificadas em temporárias ou per-
manentes, contam com o método de avaliação pelo valor justo ou pela 
equivalência patrimonial. Como já é regra na contabilidade, percebe-
mos, mais uma vez, a necessidade de o profissional contábil acompa-
nhar as atualizações da legislação, pois, no presente estudo, discutimos 
as alterações referentes às participações societárias instituídas pelo Co-
mitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. 
Compreendido isso, vamos à atividade final.Atividade Final
Atende aos objetivos 1, 2 e 3.
1. Responda:
a) O que são investimentos temporários e onde são classificados no 
balanço patrimonial?
b) O que são investimentos permanentes e onde são classificados no 
balanço patrimonial?
c) O que é método de valor justo?
d) O que é método da equivalência patrimonial?
e) Quais são as empresas avaliadas pelo MEP?
f) Defina empresas controladas.
g) Defina empresas coligadas.
82
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
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h) Defina ágio.
i) Defina deságio.
Resposta comentada
a) São investimentos em que a investidora possui a intenção de vender, 
visto que essas participações possuem natureza especulativa. Essas par-
ticipações são consideradas, entre outros tipos, instrumentos financei-
ros, sendo classificadas no ativo circulante ou no ativo realizável a longo 
prazo, dependendo do prazo de realização.
b) Ocorrem quando a investidora adquire ações ou quotas de outra em-
presa sem o intuito de alienar essa participação, sendo classificados no 
ANC Investimentos.
c) É a quantia pela qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo 
83
Contabilidade Avançada I
liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso em transação 
sem favorecimento.
d) Pelo método de equivalência patrimonial, um investimento em co-
ligada e em controlada é inicialmente reconhecido pelo custo, e o seu 
valor contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da 
participação do investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados 
pela investida após a aquisição.
e) Empresas coligadas, controladas, quando do mesmo grupo ou com 
controle comum.
f) É a entidade na qual a controladora, diretamente ou por meio de 
outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de 
modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder 
de eleger a maioria dos administradores.
g) Sociedades nas quais a investidora tem influência significativa (quan-
do a investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das 
políticas financeira ou operacional da investida, sem controlá-la). 
Presunção de influência significativa: investidora é titular de 20% (vinte 
por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.
h) É a diferença positiva entre o valor pago (ou valores a pagar) e o mon-
tante líquido proporcional adquirido do valor justo dos ativos e passivos 
da entidade adquirida. Como exemplo, temos o ágio pago por expecta-
tiva de rentabilidade futura (goodwill).
i) Deságio representa a diferença negativa entre o valor pago (ou valores 
a pagar) e o montante líquido proporcional adquirido do valor justo dos 
ativos e passivos da entidade adquirida, sendo registrado como receita 
no período em que o investimento foi adquirido. 
2. A empresa Estrela Solitária adquiriu investimentos nas 
respectivas empresas:
Investidas
Total do capital 
votante
Capital votante em 
poder da investidora
Empresa Alfa 100.000 12.000
Empresa Beta 100.000 16.000
Empresa Charles 1.000.000 70.000
Empresa Delta 400.000 220.000
Empresa Echo 200.000 120.000
84
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
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A Estrela Solitária participa do conselho de administração da empresa 
Charles. 
Nos casos acima, quais desses investimentos serão avaliados pelo MEP 
e quais ser20ão pelo método de valor justo? 
Ilustração: favor inserir 20 linhas para resposta.
Resposta comentada
A Estrela Solitária participa com 12% de Alfa, portanto não é coligada e 
nem controlada, sendo avaliada pelo método de valor justo.
O mesmo ocorre com Beta, eis que não atinge a presunção de influência 
significativa (20%).
Em relação à empresa Charles, apesar de a Estrela Solitária possuir ape-
nas 7% do total do capital votante, participa do conselho de adminis-
tração, o que significa que possui influência significativa (investidora 
detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas finan-
ceira ou operacional da investida, sem controlá-la). Dessa maneira, são 
coligadas, e, por isso, o método de avaliação será o MEP.
Quanto à Delta, a participação atinge 55% do capital votante, o que sig-
nifica controle. Sendo assim, investimento avaliado pelo MEP.
E, por fim, na Echo, a participação chega a 60%, logo, MEP.
3. (TRT/FCC/2012) Considere as seguintes operações realizadas pela 
Cia. Compra Tudo: 
I. Aquisição de 20% de ações preferenciais da Cia. A, com o objetivo de 
diversificar suas operações, mas não possuindo influência na adminis-
tração da mesma. 
II. Aquisição de 15% do total das ações da Cia. B, adquirindo so-
mente ações ordinárias, com o objetivo de assegurar fornecimento de 
matéria-prima (o acionista controlador possui 51% do capital votante). 
III. Aquisição de 40% do total das ações da Cia. C, adquirindo apenas 
ações ordinárias, com o objetivo de aumentar sua participação de mer-
cado (o acionista controlador possui 51% ou mais do capital votante). 
Sabendo que as Cias. A, B e C possuem o Capital Social formado por 
50% de ações preferenciais e 50% de ações ordinárias, é correto afirmar 
que a Cia. 
85
Contabilidade Avançada I
a) A é avaliada pelo custo por ser considerada coligada.
b) B é avaliada pelo custo por não ser considerada coligada ou controlada.
c) C é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
d) A é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
e) B é avaliada por equivalência patrimonial por ser considerada coligada.
Resposta comentada
Alternativa E.
Percebe-se na questão que o capital social é formado por 50% de ações 
ordinárias (capital votante). Assim sendo:
I – O enunciado fala em ações preferenciais, o que não é relevante quan-
do se fala em MEP. A presunção de influência significativa refere-se a 
20% do capital votante (= ações ordinárias). 
II – Adquiriu 15% do total das ações, sendo que comprou somente ações 
ordinárias. Como existem apenas 50% de ações dessa espécie, 15% equi-
valem a 30% do total das ações ordinárias. Vale lembrar que, para veri-
ficar se as empresas são coligadas ou controladas, trabalhamos com as 
ações ordinárias (capital votante) e, no caso da questão, a Cia B possui 
50 (desconsiderar a porcentagem apenas para melhor compreensão do 
86
Aula 1 • Investimentos Societários e Equivalência Patrimonial
Aula 1 • 
Aula 1 • 
tema) ações ordinárias, tendo a Cia Compra Tudo adquirido 15. Por 
conseguinte, Compra Tudo atingiu 30% do total das ações ordinárias da 
Cia B. Portanto, aqui, há a presunção de influência significativa, o que 
as tornam coligadas.
III – Adquiriu 40% do total de 50%, o que equivale a 80% das ações com 
direito a voto. Logo, Cia. C é controlada.
4. (MPE–RS–Assessor-Contabilidade–adaptada-2008–FCC) A Cia. Es-
telar registra, em seu permanente, uma participação de 10% das ações 
preferenciais de uma determinada empresa, sobre a qual não detém in-
fluência significativa. Os dividendos, quando distribuídos pela investida 
ao final do exercício de 2008, serão registrados pela investidora a:
a) crédito da conta participações em sociedades controladas e coligadas. 
b) débito de resultados não operacionais em investimentos avaliados 
pelo método de custo. 
c) crédito de participação nos resultados de coligadas avaliadas por 
equivalência patrimonial. 
d) débito de participações societárias em sociedades coligadas. 
e) crédito de uma conta de receita.
Resposta comentada
Lançamento referente a dividendos não avaliados pelo MEP:
D – dividendos a receber/caixa (ativo circulante)
C – receita de dividendos (outras receitas)
Alternativa E. Conforme o lançamento acima, percebemos que ocorre 
um crédito na conta de receita de dividendos. [
87
Contabilidade Avançada I
Resumo
Na presente aula, discutimos a respeito das participações temporá-
rias e permanentes, de quando usar o método da equivalência patri-
monial (MEP), aplicável a investimentos em coligadas – investidas nas 
quais a investidoratem influência significativa na administração; em 
controladas – investidas nas quais a investidora tem preponderância nas 
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores 
por ter a maioria do capital votante; e, também, em investimentos – em 
que a investidora e as investidas são parte do mesmo grupo de socieda-
de ou estão sob controle comum. 
Vimos, também, que aplicar a equivalência patrimonial é aplicar o 
percentual de participação que a investidora possui na investida, sempre 
lembrando que esse percentual de participação é em relação ao capital 
total da investida, e não do votante.
Por fim, tratamos da aplicação do método de equivalência patrimo-
nial, como por exemplo, sobre o resultado do exercício, a questão do 
ágio, deságio e dos dividendos.
Referências bibliográficas
FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impe-
tus, 2013.
FERREIRA, Ricardo J. Contabilidade Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Edi-
tora Ferreira, 2014.
MORAES JÚNIOR, José Jayme. Contabilidade Geral. 4. ed. Rio de Janei-
ro: Editora Elsevier, 2013.
NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E.V. Contabilidade Avançada. 
7 ed. São Paulo: Frase, 2003.
Informações sobre a próxima aula
Na próxima aula, você estudará as regras gerais das demonstrações 
contábeis, bem como identificar quais as demonstrações financeiras 
obrigatórias. Até lá!

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