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Aula 4 Balanço patrimonial: ativo não circulante Marcello Sartore de Oliveira 2 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Meta Apresentar os subgrupos do ativo não circulante. Explicar o arrenda- mento mercantil, o ajuste a valor presente e o teste de recuperabilidade. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. identificar os subgrupos do ativo não circulante; 2. praticar o arrendamento mercantil através do seu tratamento con- tábil, 3. aplicar o ajuste a valor presente; 4. aplicar o teste de recuperabilidade. Pré-requisitos Para você entender bem esta aula, precisará ter estudado a Aula 3. 3 Contabilidade Avançada I Introdução Conforme já exposto em aulas anteriores, a Contabilidade, por ser uma ciência social, vem sofrendo bastantes alterações para se adequar aos padrões internacionais. Na presente aula, analisaremos os subgrupos do ativo não circulante, já com as novas regras de nossa contabilidade. Veremos, ainda, que, com o advento da Lei 11.638/2007, foi introduzida a necessidade de realizar os ajustes a valor presente na escrituração contábil para demonstrar o valor real da operação na data de emissão do demonstrativo financeiro. Portanto, abordaremos também o ajuste a valor presente. Outro assunto importante, que merece nossa atenção, é o CPC 06 (R1) – operações de arrendamento mercantil. Esse pronunciamento tem por objetivo estabelecer, para arrendatários e arrendadores, políticas contábeis e divulgações apropriadas a aplicar em relação a arrendamen- tos mercantis. Desse modo, vale muito a pena estudarmos esse assunto já com suas novas regras. Por fim, estudaremos o teste de recuperabilidade de ativos. Com a convergência aos padrões internacionais, foi introduzido, na contabili- dade brasileira, o teste de recuperabilidade de ativos (ou teste de impair- ment) (CPC 01 (R1)), cujo objetivo é verificar se os ativos reconhecidos nas demonstrações contábeis não estão evidenciados a um valor supe- rior aos benefícios que irão proporcionar à entidade. Ativo não circulante realizável a longo prazo (ANCRLP) (continuação da aula passada) Terminamos a aula passada falando que o ARLP é composto pelos direitos realizáveis após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. Dentre os direitos realizáveis após o término do exercício social se- guinte, podemos incluir também as despesas pagas de forma antecipada, quando o direito de usufruí-las se estender após o final do próximo ano. 4 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Despesas antecipadas Na Lei 6.404/76, não há qualquer previsão acerca da classificação das despesas antecipadas no realizável a longo prazo. Entretanto, nada impede que a despesa antecipada seja classificada nesse subgrupo (AN- CRLP), caso sua realização ocorra após o término do exercício social seguinte. Um exemplo comum é o de assinatura de revistas com prazo de 24 meses. Se o prazo desse contrato iniciar, por exemplo, no dia 1º de outubro de 2015 e terminar dia 30 de setembro de 2017, no valor de R$12.000,00, sendo pago de forma antecipada, teremos que: • os três meses de 2015 (outubro a dezembro) serão classificados, em 31/12/2015, como despesa com periódicos no valor de R$1.500,00. • no balanço patrimonial do dia 31/12/2015, teremos despesas an- tecipadas de curto prazo (AC) de R$ 6.000,00 (valor mensal de R$ 500,00 x os 12 meses de 2016), e despesas pagas antecipadamente de longo prazo, no valor de R$ 4.500,00 (R$ 500,00 x 9 meses de 2017). Figura 4.1.: No balanço patrimonial de 31/12/2016, as despesas antecipadas de curto prazo aparecerão no ativo circulante, e as despesas pagas anteci- padamente de longo prazo, no ativo não circulante realizável a longo prazo. 5 Contabilidade Avançada I Investimentos O art. 179, III, da Lei 6.404/76, afirma que os investimentos são as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qual- quer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se desti- nem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Como exemplos de participações permanentes em outras socieda- des temos participações permanentes em coligadas e controladas, parti- cipações em outras sociedades. Como exemplo de direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante e que não se destinam à manutenção da atividade da companhia ou da empresa, temos terrenos (não utilizados), obras de arte. Figura 4.2: Como podemos observar no balanço, existem dois tipos de con- tas no investimentos: participações permanentes e as contas não classificá- veis no ativo circulante, e que não se destinam à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Participações permanentes De acordo com Ferreira (2012), a partir da adoção no Brasil de nor- mas internacionais de contabilidade, uma participação só é permanente quando não mantida de forma temporária ou para fins especulativos. 6 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Portanto, se a empresa resolve investir em outra organização, mas com o intuito de alienar esse investimento, mesmo que a intenção seja para longo prazo, a participação terá caráter especulativo, sendo classi- ficada como temporária no ativo circulante ou não circulante realizável a longo prazo. Podemos dizer, de uma forma bem simples, que o termo aliena- ção, na contabilidade, significa a transferência de um ativo que não seja mercadoria. Uma empresa de revenda de combustível que transfere a outrem um maquinário, por exemplo, na ver- dade, não está vendendo esse maquinário (sua mercadoria é combustível), e sim o alienando a terceiros. Se, ao realizar a aquisição, a empresa não tiver a intenção de vender o investimento, a participação terá caráter estratégico, sendo, dessa manei- ra, classificada como permanente no ativo não circulante Investimentos. Figura 4.3: Observe um esquema de como funciona a classificação dos ati- vos a partir da intenção de venda. 7 Contabilidade Avançada I Ferreira (2012) relata que são classificadas no ativo não circulante investimentos – como participações permanentes em outras so- ciedades – as participações em coligadas; em controladas, em ou- tras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum, e em outras sociedades cujas participações não sejam temporárias ou especulativas. Classificação residual do ativo - Direitos de qualquer natureza não classificáveis no AC e que não se destinam à manutenção da atividade da companhia ou da empresa Vamos dar um pouco mais de atenção aqui ao que podemos cha- mar de classificação residual do ativo. Percebam que, caso os direitos de qualquer natureza (bens e direitos) não sejam classificados no ativo circulante, ARLP (conforme a doutrina), e nem se destine à manuten- ção das atividades operacionais da empresa (subgrupos imobilizado ou intangível), devemos classificá-los em investimentos. Como exemplos, temos terrenos (não utilizados), obras de arte, pro- priedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futura utili- zação como propriedade para investimentos; edifício que seja proprie- dade da entidade e que seja arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais etc. Terreno , quando não utilizado nas atividades da empresa, será classificado como investimento. Quando passar a ser utilizado, será imobilizado. Portanto, terreno adquirido para futuras instalações será classifi- cado como investimento, mas, quando se iniciarem as obras, pas- sará a ser imobilizado!!! 8 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Para o CPC 28, propriedade para investimento é a propriedade (terre- no ou edifício – ouparte de edifício – ou ambos) mantida (pelo proprie- tário ou pelo arrendatário, em arrendamento financeiro) para auferir aluguel ou para valorização do capital ou para ambas, e não para: a) uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para fina- lidades administrativas ou b) venda no curso ordinário do negócio. Ainda de acordo com o CPC 28, item 8, são exemplos de proprieda- des para investimento, classificadas no ativo não circulante investimento: a) terrenos mantidos para valorização de capital a longo prazo e não para venda a curto prazo no curso ordinário dos negócios; b) terrenos mantidos para futuro uso correntemente indeterminado (se a entidade não tiver determinado que usará o terreno como proprie- dade ocupada pelo proprietário ou para venda a curto prazo no curso ordinário do negócio, o terreno é considerado como mantido para va- lorização do capital); c) edifício que seja propriedade da entidade (ou mantido pela entida- de em arrendamento financeiro) e que seja arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais; d) edifício que esteja desocupado, mas mantido para ser arrendado sob um ou mais arrendamentos operacionais; e) propriedade que esteja sendo construída ou desenvolvida para futu- ra utilização como propriedade para investimento. Imobilizado Conforme o art. 179, IV, da Lei 6.404/76, são classificados no imo- bilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. São exemplos móveis e utensílios, semoventes, máquinas, imóveis, veículos, equipamentos, terrenos de uso, veículos objeto de arrenda- mento mercantil financeiro, etc. a) Do conceito de imobilizado, podemos extrair três observações: Arrendamentos operacionais São o leasing financeiro e o leasing operacional, conforme veremos mais adiante, ainda nesta aula. Bem corpóreo Possui existência física, material, pode ser visto ou tocado (direito autoral, direito ao crédito, o software, direito de herança etc..). Já o bem incorpóreo é aquele que tem existência abstrata, e que, portanto, não pode ser visto ou tocado (direito autoral, direito ao crédito, o software, direito de herança, etc...) 9 Contabilidade Avançada I constituído somente por bens corpóreos/tangíveis (os incorpóreos passaram a integrar o ativo intangível); destinados à manutenção das atividades da companhia; bens que estiverem na posse da companhia, mesmo não sendo de sua propriedade, desde que a empresa possua os benefícios, riscos e controle desses bens. b) constituído somente por bens corpóreos / tangíveis (os incorpóreos passaram a integrar o ativo intangível); Na primeira observação, não temos dúvidas, pois o imobilizado é formado por bens corpóreos. Cabe realçar que, apesar de a Lei 11.638/07 estabelecer que os bens incorpóreos, destinados à atividade da empresa, passaram a ser classifi- cados no intangível, a Deliberação CVM 565/2008, que aprova o Pronun- ciamento CPC 13, classifica a conta “benfeitorias em imóveis de terceiros”, que registra os gastos efetuados em imóveis e propriedades alugados de terceiros no Imobilizado, quando os gastos não forem restituíveis e quando classificáveis como ativo. Benfeitorias em imóveis de terceiros são as construções, restaura- ções, reformas, acréscimos etc. em bens de propriedade de terceiros, mantidos a título de locação ou de empréstimos. Exemplo: edificação construída em terreno alheio. Para Ferreira (2012, p. 265), caso haja o direito à restituição dos va- lores gastos com as benfeitorias em propriedade de terceiros, o correto é registrar o crédito correspondente no ativo circulante ou no realizável a longo prazo. a) Destinados à manutenção das atividades da companhia; Já em relação aos bens destinados à manutenção das atividades da companhia, vale apontar o exemplo dos terrenos. Caso não seja uti- lizado pela empresa, será classificado no investimento. Entretanto, se for empregado nas atividades da companhia, mesmo que destinado a estacionamento dos funcionários, será imobilizado. b) Bens que estiverem na posse da companhia, mesmo não sendo de sua propriedade, desde que a empresa possua os benefícios, riscos e controle desses bens Na terceira observação, há um detalhe muito importante. A Lei 11.638/07 trouxe outra novidade, alterando o inciso IV do artigo 179, da L.6404/76, ao classificar em imobilizado os direitos oriundos de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle de bens corpóreos. 10 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Essa nova redação do inciso V está relacionada aos registros de ope- rações de bens corpóreos que são objeto de leasing, no caso o financeiro. Ativo não circulante intangível De acordo com o Art. 179, inciso VI da Lei das S.A, classificam-se no ativo não circulante intangível os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Podem ser reconhecidos no intangível os seguintes bens: marcas de propaganda, softwares, protótipos, direitos autorais, receitas, conces- sões obtidas de serviço público etc. Figura 4.4: Note que os bens que pertencem à conta intangível são bens incorpóreos, ou seja, não possuem substância física. A Lei 11.638/07 trouxe a separação dos bens corpóreos ou tangíveis dos bens incorpóreos ou intangíveis. Após a edição da lei, os bens cor- póreos, utilizados na atividade operacional da companhia, ficam classi- ficados no imobilizado, enquanto que os incorpóreos, também utiliza- dos na atividade da companhia, no intangível.Tabela 4.1: Comparação entre as contas investimento, imobilizado e intangível quanto à classi- ficação dos bens corpóreos/tangíveis e incorpóreos/intangíveis. Repa- re que a conta investimentos pode conter tanto bens corpóreos quanto bens incorpóreos. 11 Contabilidade Avançada I Ativo Não Circulante - ANC Bens: Corpóreos(c)/Incor póreos (I) Destinados à atividade da companhia¹ ? Investimentos (C) E (I) Não Imobilizado (C) Sim Intangível (I) Sim 1 - E que não se destinem à comercialização. O CPC 04 define um ativo intangível como um ativo não monetário identificável e sem substância física. Ativo monetário é aquele representado por dinheiro ou por direitos a serem recebidos em uma quantia fixa ou determinável de dinheiro. Ainda de acordo com o CPC 04, um ativo para ser registrado como Intangível, precisa ser identificável, controlado e gerador de benefícios econômicos futuros, que podem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. a) Identificação A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, para diferenciá-lo do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Um ativo satisfaz o critério de identificação, em termos de definição de um ativo intangível, quando: • for separável, ou seja, puder ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou jun- to com um contrato, ativo ou passivo relacionado, independente da intenção de uso pela entidade; ou • resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, independen- temente de tais direitos serem transferíveis ou separáveis da entidade ou de outros direitos e obrigações. b) Controle Ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill) Excesso de preço pago pela compra de um empreendimento ou patrimônio sobre o valor de mercado de seus ativos líquidos. Assim, por exemplo, se uma empresa for avaliada pelo valor de mercado em R$ 500.000,00 e um comprador, interessado no negócio, resolve pagar R$ 600.000,00, teremos aqui um goodwill de R$ 100.000,00.Esse ágio pode ser considerado como a soma de vários itens não identificáveis, como capital intelectual, marca, lealdade dos clientes, bons fornecedores, tecnologia. 12 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefí- cios econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade de a entidade controlar os benefícios econômicos futuros de ativo intan- gível advém de direitos legais que possam ser exercidos num tribunal. A ausência de direitos legais dificulta a comprovação do controle. No entanto, a imposição legal de um direito não é uma condição impres- cindível para o controle, visto que a entidade pode controlar benefícios econômicos futuros de outra forma. No que se refere a tribunal, cabe um exemplo: vamos supor que uma empresa tenha direito à utilização exclusiva de uma determinada mar- ca. Caso algum terceiro queira usufruir dessa marca, com produtos de mesmo nome, a empresa prejudicada poderá ingressar em um tribunal e requerer o reconhecimento de seu direito. A simples possibilidade de poder se valer do juízo para persecução de direitos comprova que a sociedade exerce o controle sob o ativo. c) Benefício econômico futuro Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível po- dem incluir a receita da venda de produtos ou serviços, redução de cus- tos ou outros benefícios resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propriedade intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção futuros em vez de aumen- tar as receitas futuras. Fase de pesquisa e de desenvolvimento Pesquisa é a investigação original e planejada realizada com a expecta- tiva de adquirir novo conhecimento e entendimento científico ou técnico. Desenvolvimento é a aplicação dos resultados da pesquisa ou de outros conhecimentos em um plano ou projeto visando à produção de materiais, dispositivos, produtos, processos, sistemas ou serviços novos ou substancialmente aprimorados, antes do início da sua produção co- mercial ou do seu uso. Ainda de acordo com o CPC 04 (R1), nenhum ativo intangível deve ser reconhecido na fase de pesquisa, devendo todo gasto efetuado ser tratado como despesa. Já em relação à fase de desenvolvimento, é possível o reconhecimen- to de um intangível, desde que atendidas as condições estabelecidas no 13 Contabilidade Avançada I Pronunciamento do CPC 04 (R1). É importante frisar que, se a sociedade não conseguir diferenciar a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento, deverá tratar todo gasto como despesa, e não como intangível. E agora? Não estou conseguindo diferenciar a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento! Caso, em uma atividade ou mesmo na prova, você não consiga diferenciar a fase de pesquisa da fase de desenvolvimento, deverá tratar todo o gasto como despesa. Arrendamento mercantil (Leasing) Leasing ou arrendamento mercantil é a operação realizada com características especiais, em que o cliente escolhe o bem de sua prefe- rência, o fornecedor negocia o preço e, ao assinar o contrato, solicita à empresa de leasing que compre este bem para ser utilizado pelo cliente. Tendo cumprido todas as obrigações contratuais, ao final do prazo do arrendamento, o cliente terá o direito a três opções: comprar o bem, renovar o contrato ou devolver o bem à empresa de leasing. O CPC 06 (R1) tem por objetivo estabelecer, para arrendatários e arrendadores, políticas contábeis e divulgações apropriadas a aplicar em relação aos arrendamentos mercantis, financeiro e operacional. O arrendamento mercantil pode ser classificado em financeiro ou operacional. Leasing financeiro É a operação na qual a arrendatária (cliente) tem a intenção de ficar com o bem ao término do contrato, exercendo a opção de compra pelo valor contratualmente estabelecido. Leasing Aluguel de um ativo fixo (máquinas, equipamentos, veículos etc.) por um prazo determinado. Arrendador Proprietário do bem que será arrendado ao arrendatário, portanto, um banco ou sociedade de arrendamento mercantil. A empresa de leasing. Arrendatário Quem recebe o bem do arrendador, portanto, o cliente. 14 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • A arrendadora (empresa de leasing) receberá do cliente a totali- dade dos valores investidos no contrato de conformidade com o que foi estipulado. O risco da obsolescência e as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado são de responsabilidade do cliente. De acordo com o CPC 06 (R1), arrendamento mercantil financeiro é aquele em que há transferência substancial dos riscos e benefícios ine- rentes à propriedade de um ativo. O título de propriedade pode ou não vir a ser transferido. Portanto, é importante destacar que, no arredamento mercantil fi- nanceiro ou leasing financeiro, a propriedade legal do bem é do arren- dador (banco), sendo que o arrendatário (cliente) possui, tão somente, a posse do bem. Caso uma pessoa, física ou jurídica, adquira um veículo financiado através de leasing financeiro, no documento CRV de seu veículo, po- pularmente conhecido como “DUT”, constará que a propriedade desse bem é da financeira. Na parte inferior do documento, virá uma obser- vação que se trata de um leasing. Portanto, legalmente, o bem pertence ao banco (arrendador). Mas quem de fato possui o risco, benefício e o controle desse veícu- lo? A pessoa física/ jurídica arrendatária! Atendendo às novas regras contábeis, bem como aos princípios de contabilidade, que determina que a essência das transações deve preva- lecer sobre seus aspectos formais, cabe ao arrendatário registrar o veículo em seu imobilizado, mesmo que no documento oficial conste a financeira como proprietária. Para Moraes Júnior (2013), o inciso IV tem por intuito abranger o arrendamento mercantil financeiro (leasing financeiro), que é um acor- do pelo qual o arrendador transmite ao arrendatário, em troca de um pagamento ou uma série de pagamentos, o direito de usar um ativo por um período de tempo acordado. Leasing operacional No leasing operacional, a arrendatária, a princípio, não tem a inten- ção de adquirir o bem ao final do contrato. Assim, após a utilização 15 Contabilidade Avançada I do bem pelo prazo estabelecido e cumpridas todas as suas obrigações contratuais, a arrendatária poderá, ao final do contrato, ter as seguintes opções: devolver o bem à arrendadora, prorrogar o prazo do contrato ou exercer a opção de compra do bem pelo seu valor de mercado, à época de tal opção. O operacional, conforme o pronunciamento técnico, é um arrenda- mento mercantil diferente de um arrendamento mercantil financeiro, ouseja, no arrendamento mercantil operacional, não há a transferência substancial dos riscos e benefícios inerentes à propriedade de um ativo. Leasing financeiro x leasing operacional Dessa maneira, os riscos e benefícios do ativo ficam com o arrendatá- rio, no arrendamento mercantil financeiro. E os riscos e benefícios ficam com o arrendador, no arrendamento mercantil operacional. A classificação de um arrendamento mercantil como arrendamento mercantil financeiro ou arrendamento mercantil operacional depende da essência da transação e não da forma do contrato. Exemplos de situações que, individualmente ou em conjunto, leva- riam normalmente um arrendamento mercantil a ser classificado como arrendamento mercantil financeiro são, além da análise de a quem ca- bem os riscos e benefícios, as cinco características que determinam o tipo de arrendamento, conforme o item 10 do CPC 06 (R1): 1. O arrendamento mercantil transfere a propriedade do ativo para o arrendatário no fim do prazo do arrendamento mercantil; 2. O arrendatário tem a opção de comprar o ativo por um preço que seja suficientementemais baixo do que o valor justo à data em que a opção se torne exercível, de forma que, no início do arrendamento mer- cantil, seja razoavelmente certo que a opção será exercida; 3. O prazo do arrendamento mercantil refere-se à maior parte da vida econômica do ativo, mesmo que a propriedade não seja transferida; 4. No início do arrendamento mercantil, o valor presente dos paga- mentos mínimos do arrendamento mercantil totaliza, pelo menos substancialmente, todo o valor justo do ativo arrendado; e 5. Os ativos arrendados são de natureza especializada de tal forma que apenas o arrendatário pode usá-los sem grandes modificações. 16 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Contabilização No caso de arrendamento mercantil operacional, que é uma operação de locação de um determinado equipamento, temos a seguinte contabilização: D - Despesa com arrendamento operacional (resultado) C – Caixa/bancos/contas a pagar (AC ou PC) Exemplo: A empresa Estrela Solitária realiza uma operação de arrendamento mercantil operacional, com prazo de 12 meses, ten- do como objeto um veículo no valor de R$ 30.000,00. O pagamento será realizado em 12 parcelas de R$ 500,00. Assim, teremos o seguinte lançamento contábil: D- Despesa com arrendamento operacional (resultado) C – Caixa/bancos/contas a pagar (AC ou PC) ......500,00 Cabe destacar que, conforme Moraes Júnior (2013), os pagamentos do arrendamento mercantil operacional serão reconhecidos de forma line- ar (valor igual para todos os meses do período do contrato), como despe- sas do período, pelo regime de competência. Já, se o arrendamento contratado no exemplo fosse o arrendamento mercantil financeiro, que nada mais é do que uma operação de compra financiada, então a contabilização seria: D – Máquina D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PC/PNC) C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC/PNC) Exemplo: A empresa Cometa Glorioso S/A realizou, em 31/12/2014, uma operação de arrendamento mercantil operacional, com prazo de 24 meses, tendo como objeto um veículo no valor de R$ 30.000,00. O pagamento será realizado em 24 parcelas de R$ 1.500,00. D – Veículo ........ 30.000,00 D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PC)...3.000,00 D – Encargos financeiros a transcorrer (retificadora do PN- CLP)...3.000,00 C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC)....18.000,00 C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PNCLP)....18.000,00 17 Contabilidade Avançada I No começo do prazo de arrendamento mercantil financeiro, o ar- rendatário deve reconhecer o ativo, que terá o mesmo valor contábil do passivo (com a conta redutora encargos financeiros a transcorrer), pelo menor entre os seguintes valores: a) valor justo da propriedade arrendada ou b) valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil. Dessa maneira, se, no exemplo anterior, o valor presente das pres- tações fosse de R$ 28.500,00, e o valor justo do veículo arrendado fosse de R$ 30.000,00, o valor que lançaríamos a débito, referente ao veículo, seria de R$ 28.500,00, e os encargos totalizariam R$ 7.500,00. Teremos os seguintes lançamentos referentes ao pagamento das prestações: D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar C – Caixa/bancos......1.500,00 Em relação ao reconhecimento da despesa financeira: D – Despesa financeira C - Encargos financeiros a transcorrer.....312,50 Com a passagem do tempo, o que era longo prazo passa a ser curto prazo, e os lançamentos contábeis, em 31/12/2015, serão os seguintes: Em relação ao arrendamento mercantil financeiro a pagar: D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PNCLP) C - Arrendamento mercantil financeiro a pagar (AC)....18.000,00 Quanto aos encargos financeiros a transcorrer: D - Encargos financeiros a transcorrer (PNCLP) C - Encargos financeiros a transcorrer (AC)....3.000,00 E, por fim, tendo em vista que se trata de um veículo, devemos regis- trar a depreciação. D- Despesa de depreciação C -Depreciação acumulada Quanto ao prazo de depreciação, se houver a convicção de que o arren- datário irá obter o bem no fim do contrato, usaremos a vida útil do bem. Caso contrário, iremos utilizar o prazo do contrato, dos dois o menor. 18 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Atividade 1 Atende ao objetivo 1 (ESAF/ Analista da Receita Federal /2007) Determinada empresa, cujo exercício social coincide com o ano-calen- dário, pagou a quantia de R$ 1.524,00 de prêmio de seguro contra in- cêndio no dia 30 de setembro de 2007. A apólice pertinente a essa transação cobre riscos durante o período de primeiro de outubro de 2007 a 30 de setembro de 2008. Considerando o princípio da competência de exercícios, o contador da empresa registrou o pagamento dos gastos na conta seguros a vencer. No balanço patrimonial de 31 de dezembro de 2007, após as apropria- ções de praxe, o saldo desta contadeverá ser de a) R$ 1.260,00. b) R$ 381,00. c) R$ 1.055,00. d) R$ 1.172,20. e) R$ 1.143,00. Resposta comentada Lançamento em 30/09/2007: D – Despesa antecipada de seguros/seguros a vencer (AC) ....1.524,00 C – Caixa ....1.524,00 Lançamentos mensais: 30/10/2007: D – Despesas com seguros (resultado)....1524,00/12 meses = 127,00 C – Seguros a vencer (AC)....127,00 Em 31/12/2007, teremos: Seguros a vencer = 1524,00 – (127,00 x 3 meses) = 1.143,00 Gabarito: letra E 19 Contabilidade Avançada I Atividade 2 Atende ao objetivo 1 (IDECAN/DETRAN/RO/Contador /2014) Uma empresa contratou um seguro contra incêndios em 30 de junho de 2013, cuja vigência é de 1º de julho de 2013 a 30 de junho de 2014. O valor do prêmio pago foi de R$ 4.800,00. De acordo com o regime de competência de exercícios e considerando que o período contábil da empresa coincide com o ano-calendário, qual é o lançamento contábil correto a ser realizado na empresa no dia 31 de dezembro de 2013, para apropriar a parcela da despesa do prêmio que beneficiou o exercício? a) D – Seguros pagos antecipadamente 4.800,00 C – Caixa 4.800,00 b) D – Seguros pagos antecipadamente 4.800,00 C – Despesas de seguros 4.800,00 c) D – Despesas de seguros 2.400,00 C – Seguros pagos antecipadamente 2.400,00 d) D – Caixa 2.400,00 C – Seguros PAGOS ANTECIPADAMENTE 2.400,00 e) D – Despesas de SEGUROS 4.800,00 C – Caixa 4.800,00 Resposta comentada Lançamento em 30/06/2013: D – Despesa antecipada de seguros/seguros a vencer (AC) ....4.800,00 C – Caixa ....4.800,00 20 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Lançamentos mensais a partir de 31/07/2013: D – Despesas com seguros (resultado)....4.800,00/12 meses = 400,00 C – Seguros a vencer (AC)....400,00 Em 31/12/2013, teremos as contas abaixo com os seguintes saldos: Despesas com seguros (resultado) = 400,00 x 6 meses = 2.400,00 Seguros a vencer = 4.800,00 – (400,00 x 6 meses) = 2.400,00 Gabarito: letra C Atividade 3 Atende ao objetivo 2 (FCC/Analista de Gestão – Contabilidade/SABESP/2014) Em 01/01/2013, a empresa Full S.A. adquiriu um caminhão pipa por meio de arrendamento mercantil financeiro. O caminhão será pago em quatro prestações anuais, iguais e consecutivas de R$ 50.000 cada, ven- cendo a primeira em 31/12/2013. Na data da aquisição, o valor justo era R$ 170.000 e o valor presente das prestações era R$ 173.000. Sabendo que a taxa efetiva de juros era de 6,83% ao ano, que a vida útil do caminhão pipa era de dez anos e que a empresa pretende ficar com o bem no final do contrato, a empresa Full S.A. reconheceu, no ano de 2013, uma despesa a) financeira de R$ 13.660. b) financeira de R$ 11.611. c) financeira de R$ 11.816. d) de depreciação de R$ 17.300. e)financeira de R$ 7.500. Resposta comentada No começo do prazo de arrendamento mercantil financeiro, o arren- datário deve reconhecer o ativo, que terá o mesmo valor contábil do 21 Contabilidade Avançada I passivo (com a conta redutora encargos financeiros a transcorrer), pelo menor entre os seguintes valores: valor justo da propriedade arrendada ou valor presente dos pagamentos mínimos do arrendamento mercantil. Portanto, AMF igual a R$ 170.000,00. A despesa de depreciação, refe- rente ao prazo de 10 anos, seria de R$ 17.000,00. Despesa financeira = R$ 170.000,00 x 6,83% = R$ 11.611,00 Gabarito: letra B Atividade 4 Atende ao objetivo 1 (FCC/TCE-AM - adaptada) São contas pertencentes ao ativo Intangível: a) concessões, direitos sobre recursos minerais e patentes. b) derivativos, direitos sobre recursos minerais e reflorestamento. c) reflorestamento, benfeitorias em propriedades de terceiros e patentes. d) benfeitorias em propriedades de terceiros, derivativos e concessões. e) sistemas e aplicativos, reflorestamento e direitos sobre recursos minerais. Resposta comentada Segundo, então, a Fundação Carlos Chagas, benfeitorias em imóveis de terceiros seriam classificadas como imobilizado. Gabarito: letra A Ajuste a valor presente 22 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • De acordo com Viceconti e Neves (2013, p. 333) ajustes a valor pre- sente são ajustes efetuados em ativos e passivos monetários em função do valor do dinheiro no tempo. O ajuste a valor presente (AVP) foi regulamentado pelo Pronuncia- mento técnico nº 12 do Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC). Antes desse pronunciamento técnico, quando uma entidade reali- zava, por exemplo, uma venda de R$ 200.000,00 para recebimento em dois anos, a contabilidade efetuava o lançamento considerando este va- lor como receita de vendas daquele ano. D – clientes C – Receita de vendas...200.000,00 Com o AVP, a contabilidade deve repetir o lançamento, uma vez que o fato gerador da venda de fato ocorreu, mas não com o valor de R$ 200.000,00. Tendo em vista que somente iremos receber os R$ 200 mil daqui a dois anos, teremos, então, que calcular quanto vale esse dinheiro na data presente/atual. Portanto, esse valor será trazido a valor presente, através da conta AVP. Dessa maneira, a receita de vendas será reduzida e os tributos, incidentes sobre as vendas, também. Conforme a Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07, temos, no ar- tigo 183, inciso VIII, a seguinte informação: Os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo se- rão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando hou- ver efeito relevante. Já o artigo 184, inciso III, informa o seguinte “As obrigações, encargos e riscos classificados no passivo não circulante serão ajustados a seu va- lor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante”. Dessa maneira, podemos perceber que o AVP se aplica, sempre, aos ativos e passivos de longo prazo, bem como aos de curto prazo, mas somente quando estes forem relevantes. Já o item 21 do CPC 12 afirma que: Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efei- to relevante, devem ser ajustados a valor presente com base em taxas de desconto que reflitam as melhores avaliações do merca- 23 Contabilidade Avançada I do quanto ao valor do dinheiro no tempo e os riscos específicos do ativo e do passivo em suas datas originais. Ajuste a valor presente no ativo Como exemplo, podemos apontar o seguinte caso: A empresa XZ realiza uma venda de mercadoria a longo prazo, 24 meses, no valor de R$ 200.000,00. Se a empresa tivesse realizado a venda à vista, teria recebido o valor de R$ 176.000,00. Dessa maneira, percebe-se que os R$ 24.000,00 são, na verdade, os juros cobrados pelo prazo para a realização do pagamento. Antes do AVP: D – Clientes (LP)....200.000 C – Receitas de vendas....200.000 Após o AVP: D - Clientes (LP).....200.000 C – Receitas de vendas...176.000 C–AVP/Juros ativos a vencer (ANCRLP retificadora)... 24.000 No balanço patrimonial, teremos as seguintes contas com seus respectivos saldos: ANC – Realizável a longo prazo Clientes......200.000 (-) AVP/Juros ativos a vencer.....24.000 Então, o valor presente será de R$ 176.000,00. Pelo regime de competência, iríamos reconhecer mensalmente a re- ceita referente ao ajuste, da seguinte maneira: D – AVP/Juros ativos a vencer (ANCRLP – retificadora)....1.000 (24.000/24 meses) C – Receita financeira/juros ativos....1.000 Lançamento contábil no momento do recebimento: D - Caixa/bancos (ativo circulante) C – Clientes (AC) ....... 200.000 24 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • O AVP, além de reduzir a receita bruta de vendas, acaba, também, por reduzir a carga tributária incidente sobre as vendas. Outra característica do AVP é que passamos a ter uma conta re- tificadora incidente sobre o valor do direito, o que ocasiona uma maior fidedignidade à informação contábil-financeira. Ajuste a valor presente no passivo Já em relação às contas do passivo, podemos apontar o seguinte exemplo: A empresa XYY S/A comprou, em 01/02/2015, mercadorias a prazo, por R$ 200.000,00, com pagamento previsto para 30/01/2017. Sabe-se ainda que, utilizando determinada taxa de juros, o valor presente desta operação passa a ser de R$ 176.000,00. Dessa maneira, percebe-se que a diferença de R$ 24.000,00 são os juros cobrados devido à concessão de um prazo para o pagamento da mercadoria. E esses juros, por representarem um valor a mais a ser pago, serão tratados como despesas financeiras, devendo ser apropria- dos ao resultado mensalmente até a data do pagamento. Lançamento contábil: D – Mercadorias..... 176.000 D – AVP/Juros a vencer (PNC LP – retificadora) ....24.000 C – Fornecedores (ANC ELP) ....200.000 No passivo não circulante, teríamos as seguintes contas: PNC – Exigível a longo prazo Fornecedores......200.000 (-) AVP/Juros a vencer.....24.000 Então, o valor presente de fornecedores será de R$ 176.000,00. 25 Contabilidade Avançada I Pelo regime de competência, iríamos reconhecer mensalmente a despesa referente ao ajuste da seguinte forma: D - Despesa de juros (resultado) C - AVP/Juros a vencer (PNC LP – retificadora) ....1.000 Lançamento contábil no momento do pagamento: D - Fornecedores (passivo circulante) C – Caixa/bancos (AC) ....... 200.000 Testes de recuperabilidade O teste de recuperabilidade (ou impairment test) tem por objetivo evitar que um ativo esteja registrado por um valor maior que o seu valor recuperável. Portanto, o teste tem por intuito verificar se o ativo não está desvalorizado em relação ao valor real. Conforme o item 8 do CPC 01 (R1), o ativo está desvalorizado quan- do seu valor contábil excede seu valor recuperável. Já o valor contábil, de acordo com o item 6 do mesmo CPC, é o mon- tante pelo qual o ativo está reconhecido no balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação, amortização ou exaustão acumulada e ajuste para perdas. De acordo com Viceconti e Neves (2013, p. 344), Para que as demonstrações contábeis reflitam de forma verda- deira o valor dos ativos da entidade, é necessário que, periodica- mente, a entidade faça testes para avaliar se os futuros benefícios econômicos que esse ativo possa lhe proporcionar apresentam um valor maior do que o seu valor contábil. A Resolução 1.110/2007, que aprovou o Pronunciamento Técnico nº 1 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis, estabelece a obrigatorie- dade da aplicação do teste de recuperabilidade a todo ativo, bem como as unidades geradoras de caixa. Pelo item 6, do CPC 01, unidade geradora de caixa é o menor grupo identificável de ativos que gera entradas de caixa, entradas essas que são, em grande parte, independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos de ativos.Viceconti e Neves (2013) explicam que, mui- 26 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • tas vezes, um ativo isolado não produz entradas de caixa, mas somente em conjunto com outros ativos, daí a necessidade do conceito de unida- des geradoras de caixa. Ludícibus et al. (2010, p. 236) esclarecem que um ativo faz parte de uma unidade geradora de caixa quando proporciona benefícios econômicos para a entidade exclusivamente operando em combinação com outros ativos. Ainda de acordo com os autores, um ativo ou grupo de ativos cujo produto é utilizado internamente, desde que seja possível a venda dessa produção em um mercado ativo, forma uma unidade geradora de caixa. Para Magalhães et al. (2009, p. 305), geralmente uma unidade gera- dora de caixa será definida em um nível inferior ao de um segmento de negócios [...]. Uma unidade geradora de caixa não deverá ser maior que um segmento de negócios. Esses autores dão como exemplos de unidade geradora de caixa uma li- nha de produto, uma fábrica, uma loja, uma cidade ou região, uma concessão. Teste de recuperabilidade não se limita ao imobilizado e intangí- vel, conforme previsto na Lei 6.404/76, e sim a todo o ativo e às unidades geradoras de caixa. O teste de recuperabilidade consiste em comparar os valores recu- peráveis de ativos e unidades geradoras de caixa com os seus respec- tivos valores contábeis.Portanto, para realizarmos o teste de recupera- bilidade, devemos comparar o valor realizável de um ativo com o seu valor contábil. Figura 4.5: Teste de recuperabilidade 27 Contabilidade Avançada I Ainda de acordo com o item 6, do CPC 01, valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso. Então, valor recuperável é o maior entre: a) valor líquido de venda; b) valor em uso. Valor líquido de venda pode ser definido como o valor justo do ativo menos os custos adicionais diretamente atribuíveis à sua venda; Já valor em uso, conforme o item 06 do CPC 01, é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. Figura 4.6: Esquema valor recuperável Caso o valor recuperável (VR) do ativo seja menor que o seu valor contábil (VC), a entidade deverá registrar uma perda por desvalorização do ativo. Figura 4.7: Esquema perda por desvalorização 28 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Entretanto, se o valor recuperável for maior que o valor contábil, ne- nhum ajuste precisa ser feito. Figura 4.8: Esquema de ausência de ajuste. Exemplo: (FCC/2013/DPE-RS/Analista Contabilidade) A Cia. Inoxidável possuía, em 31/12/2012, em seu ativo imobiliza- do, um autoforno utilizado na produção de aço, com as seguintes infor- mações, após o reconhecimento da despesa de depreciação referente ao exercício de 2012: Custo de aquisição: R$ 1.000.000,00 (-) Depreciação acumulada: R$ 200.000,00 (=) Valor contábil do ativo: R$ 800.000,00 Ao realizar o teste de impairment, a Cia. obteve as seguintes informações: Valor em uso do autoforno: R$ 720.000,00. Valor justo líquido de despesas de venda: R$ 500.000,00. Ao elaborar as demonstrações contábeis referentes ao exercício fi- nanceiro de 2012, a Cia. Inoxidável a) não fez nenhum ajuste (não reconheceu perda por impairment). b) reconheceu uma perda por impairment no valor de R$ 80.000,00. c) reconheceu uma perda por impairment no valor de R$ 280.000,00. d) reconheceu uma perda por impairment no valor de R$ 300.000,00 e) reconheceu uma perda por impairment no valor de R$ 500.000,00. 29 Contabilidade Avançada I Resposta comentada Inicialmente realizamos o teste de recuperabilidade (impairment) compa- rando o valor recuperável (VR) com o valor contábil (VC) do ativo (VR x VC). No caso, a questão informou que o VC do bem é R$ 800.000,00. Quanto ao VR, devemos verificar qual é o maior entre o valor em uso (720.000) e o valor líquido de venda (500.000). Portanto, o VR é de R$ 720.000,00. Desse modo, como o VC (800.000) é maior que o VR (720.000), te- remos que registrar uma perda por desvalorização, com o seguinte lançamento contábil: D – Perda por desvalorização de ativos (despesa)....80.000,00 C – Ajuste para perdas por desvalorização de ativos (ativo – retificado- ra)....80.000,00 R$ 800.000,00 – R$ 720.000,00 = R$ 80.000,00 Gabarito: letra A. Ainda utilizando o exemplo acima, o novo valor contábil do equipa- mento (ativo) será o seguinte: Custo de aquisição: ..............................................R$ 1.000.000,00 (-) Depreciação acumulada: ..................................(R$ 200.000,00) (-) Ajuste para perda por desvalorização .................(R$80.000,00) (=) Valor contábil do ativo: R$ 720.000,00 Periodicidade da aplicação do teste A Companhia deve verificar, no mínimo anualmente, se existem evi- dências de que um ativo tenha sofrido desvalorização. Independentemente de existir ou não qualquer indicação de redução ao valor recuperável, deve-se testar, no mínimo anualmente, a redução ao valor recuperável de um ativo intangível com vida útil indefinida ou de um ativo intangível ainda não disponível para uso, comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável. Esse teste de redução ao valor recuperável pode ser executado a qual- quer momento no período de um ano, desde que seja executado, todo ano, 30 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • no mesmo período. Ativos intangíveis diferentes podem ter o valor recupe- rável testado em períodos diferentes. Entretanto, se tais ativos intangíveis foram inicialmente reconhecidos durante o ano corrente, devem ter a redução ao valor recuperável testada antes do fim do ano corrente. Deve, ainda, testar, anualmente, o ágio pago por expectativa de ren- tabilidade futura (goodwill) em combinação de negócios. Atividade 5 Atende ao objetivo 3 (FCC/2009/SEFAZ-SP/ Agente Fiscal de Rendas - Gestão Tributária) Uma empresa tem inscrito um saldo relevante em seus ativos, na conta valores a receber. Nesse caso, a empresa deverá a) ajustar os recebíveis a valor presente, lançando os ajustes a valor pre- sente em conta de despesa financeira. b) provisionar o ajuste a valor presente, criando uma retificadora da conta que originou a operação inicial. c) ajustar os recebíveis pela taxa Selic, lançando o valor do ajuste em conta de patrimônio líquido. d) calcular proporcionalmente o valor do desconto a valor presente me- diante aplicação de taxa média anual praticada pela empresa e creditar direto no saldo de recebíveis. e) ajustar os recebíveis, calculando seu valor presente e registrando-o em conta de receita financeira. Resposta comentada Conforme visto nesta aula: AVP se aplica, sempre, aos ativos e passivos de longo prazo, bem como aos de curto prazo, mas somente quando estes forem relevantes. Gabarito: letra A 31 Contabilidade Avançada I Atividade 6 – Atende ao objetivo 3 (VUNESP/2014/SP-URBANISMO/Analista Administrativo) No que tange ao ajuste a valor presente – AVP, conforme previsto no CPC12, ativos e passivos monetários, com juros implícitos ou explícitos embutidos, devem ser mensurados a) pelas regras dos ativos e passivos financeiros, considerando ainda a limitação imposta pelos instrumentos financeiros. b) pelo seu valor de liquidação, considerando o valor do custo inicial de investimento. c) pelo seu valor presente, quando do seu reconhecimento inicial, por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo (fair value). d) pelo seu valor inicial, acrescido dos referidos juros, trazidos a valor de mercado, uma vez que se trata de fluxo de caixa operacional. e) pelo seu valor corrente, quando do seu reconhecimento inicial e valo- rização do seu preço de resgate; dos dois, o menor. Resposta comentada CPC 12 - Mensuração,Diretrizes Gerais, item 9: “Ativos e passivos mo- netários com juros implícitos ou explícitos embutidos devem ser men- surados pelo seu valor presente quando do seu reconhecimento inicial, por ser este o valor de custo original dentro da filosofia de valor justo (fair value)...” Gabarito: letra C 32 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Atividade 7 Atende ao objetivo 3 (CESPE/2010/ABIN/Oficial Técnico de Inteligência/ Ciências Contá- beis) O critério para avaliação de elementos do passivo não circulante – obrigações, encargos e riscos – é o método de ajuste ao valor presente, apenas se houver efeito relevante no resultado. ( ) Certo ( ) Errado Resposta comentada Errado, pois ocorrerá também no longo prazo. Atividade 8 Atende ao objetivo 1 Impostos a serem pagos no exercício seguinte aparecem no: a) passivo circulante; b) passivo exigível a longo prazo; c) resultado de exercícios futuros; d) ativo circulante; e) patrimônio líquido, como redutoras deste grupo. Resposta comentada Passivo circulante, pois é uma obrigação a ser paga no exercício social seguinte. 33 Contabilidade Avançada I Atividade 9 Atende ao objetivo 2 (FGV/ Auditor Fiscal da Fazenda Estadual/SEFAZ-RJ/2008) Em consonância à Resolução CFC 921/01, determine o valor do passivo circulante da cia. arrendatária a ser apurado logo após o reconhecimen- to contábil do contrato de arrendamento mercantil firmado entre ela e a entidade arrendadora, segundo o qual a arrendatária se obriga a pagar cinco prestações anuais e iguais no valor unitário de R$ 8.500,00, mais o valor da opção de compra no montante de R$190,76 ao final do quinto ano, juntamente com a última prestação anual; e a arrendadora se obri- ga a entregar, nesse ato, o bem arrendado (um veículo que será utilizado para arrendatária em suas atividades operacionais normais). Sabe-se que: • o contrato foi firmado em 31/12/2008; • a primeira prestação venceu em 31/12/2009 e todas as demais presta- ções vencem no dia 31 de dezembro dos anos subsequentes; • o valor de mercado do bem arrendado, à vista, é R$ 30.000,00; • a taxa de juros implícita no contrato é 13% ao ano. • balanço patrimonial da cia. arrendatária apurado em 31/12/2008 imediatamente antes de o contrato em tela ter sido reconhecido con- tabilmente é o seguinte: ativo circulante...............20.000,00 realizável a longo prazo.....30.000,00 ativo permanente.............50.000,00 passivo circulante............15.000,00 exigível a longo prazo.......25.000,00 patrimônio líquido...........60.000,00 ----------------------------------------------------------------------------- a) R$ 3.900,00 b) R$ 8.500,00 c) R$ 15.000,00 34 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • d) R$ 19.600,00 e) R$ 23.500,00 Resposta comentada Encargos financeiros a transcorrer (PC)......30.000,00 x 13% = 3.900,00 Encargos financeiros a transcorrer (PC)....3.900, Encargos financeiros a Transcorrer (PNC LP)... Lançamento em 31/12/2008 D – veículo ........ 30.000,00 D – encargos financeiros a transcorrer/EFT (retificadora do PC)...3.900,00 D – EFT (retificadora do PNCLP)...8.790,76 C – arrendamento mercantil financeiro a pagar/AMF (PC).... 8.500,00 C – AMF a pagar (PNCLP).... 34.190,76 (8.500x4+190,76(vr residual)) Passivo circulante Dividas anteriores 15000 Arrendamento a pagar 8500 Encargos financeiros a transcorrer (3900) Passivo 19600 Gabarito: letra D Atividade 10 Atende ao objetivo 2 (FCC/ Auditor Fiscal da Fazenda Estadual/ SEFAZ-PI/2015) Em 31/12/2013, a cia. transportadora adquiriu um caminhão por meio de um contrato de arrendamento mercantil financeiro. O contrato será pago em cinco parcelas anuais, iguais e consecutivas de R$ 80.000,00, vencendo a primeira parcela em 31/12/2014. 35 Contabilidade Avançada I Sabe-se que o valor presente das prestações, na data de início do con- trato de arrendamento, era R$ 288.000,00 e que, se a cia. transportadora tivesse adquirido o caminhão à vista, teria pagado R$ 300.000,00 (valor justo). A vida útil do caminhão é de cinco anos, o valor residual espera- do no final desse prazo será zero e a empresa utiliza o método das cotas constantes para cálculo da depreciação. Com base nessas informações, a cia. transportadora reconheceu a) despesa no valor de R$ 80.000,00 em 2014. b) receita financeira no valor de R$ 12.000,00 em 31/12/2013. c) um ativo no valor de R$ 300.000,00 em 31/12/2013. d) um passivo no valor de R$ 400.000,00 em 31/12/2013. e) um ativo no valor de R$ 288.000,00 em 31/12/2013. Resposta comentada Lançamento em 31/12/2013: D – Veículo ........ 288.000,00 D – Encargos financeiros a transcorrer/EFT (retificadora do PC)...22.400,00 D – EFT (retificadora do PNCLP)...89.600,00 C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar/AMF (PC).... 80.000,00 C – AMF a pagar (PNCLP).... 320.000,00 Em 31/12/2014: D - Arrendamento Mercantil Financeiro a Pagar C – Caixa/Bancos......80.000,00 Em relação ao reconhecimento da despesa financeira: D – Despesa financeira C - Encargos financeiros a transcorrer.....22.400,00 Gabarito: letra E 36 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Atividade 11 Atende ao objetivo 2 (2014/CFC/Técnico em contabilidade) Uma sociedade empresária adquiriu um ativo imobilizado por meio de arrendamento mercantil financeiro em 60 parcelas mensais de R$ 1.000,00 cada. O valor presente das prestações equivale ao valor justo do ativo arrenda- do que é de R$ 43.500,00. No momento da aquisição, a sociedade empresária deve reconhecer: a) Um ativo de R$60.000,00. b) Um ativo de R$60.000,00 e uma despesa financeira de R$16.500,00. c) Um ativo de R$43.500,00 e uma despesa financeira de R$16.500,00. d) Um ativo de R$43.500,00. Resposta comentada No momento da realização do AMF: D – Imobilizado ........ 43.500,00 D – Encargos financeiros a transcorrer PC/PNC(retificadora do PC/ PNC)...16.500,00 C – Arrendamento mercantil financeiro a pagar (PC/PNC).... 60.000,00 No próximo mês: D - Arrendamento mercantil financeiro a pagar C – Caixa/bancos......1.000,00 D – Despesa financeira C - Encargos financeiros a transcorrer.....(16.500,00/60 meses) ....275,00 Observa-se que a questão pede no momento da realização do arrenda- mento mercantil financeiro, portanto, não se utiliza despesa financeira. Gabarito: letra D 37 Contabilidade Avançada I Atividade 12 Atende ao objetivo 1 (ESAF/AFRF-2001) Aplicações em investimentos temporários que apresentem características de liquidez imediata são classificadas no ativo como: a) valores realizáveis; b) investimentos; c) não circulante; d) permanente; e) disponível. Resposta comentada Ativo circulante é dividido em: - disponibilidades -> caixa, banco, aplicações financeiras de liquidez imediata, numerário em trânsito. - direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente - aplicações dos recursos em despesas do exercício seguinte. Gabarito: letra E Atividade 13 Atende ao objetivo 1 (2015/FUNESP/TJ/MS/Juiz Substituto) Considerando-se o balanço patrimonial e a classificação das contas do ativo nas sociedades por ações, é correto afirmar que as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e as apli- cações de recursos em despesas do exercício seguinte serão classificados 38 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • a) em investimentos; b) no intangível; c) no ativo circulante ;d) no ativo imobilizado; e) no ativo realizável. Resposta comentada Conforme correção da questão anterior: O ativo circulante é dividido em: - disponibilidades -> caixa, banco, aplicações financeiras de liquidez imediata, numerário em trânsito. - direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente - aplicações dos recursos em despesas do exercício seguinte. Gabarito: letra C Atividade14 Atende ao objetivo 1 (2010/CESGRANRIO/EPE/ Analista de Gestão - Contabilidade) De acordo com o art. 178, da Lei no 6.404/76, “no balanço, as contas serão classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da Companhia”. No ativo, as contas serão dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados, e serão classificadas no(s) a) ativo realizável a longo prazo: disponibilidades, direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente e aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte. b) ativo imobilizado: direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empre- 39 Contabilidade Avançada I sa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de ope- rações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e o controle desses bens. c) ativo circulante: direitos realizáveis após o término do exercício se- guinte, assim como os derivados de vendas, adiantamentos ou emprés- timos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia. d) intangível: participações permanentes em outras sociedades e direi- tos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. e) investimentos: direitos que tenham por objeto bens incorpóreos des- tinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Resposta comentada Conforme o art. 179, IV, da Lei no 6.404/76, são classificados no imo- bilizado os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfi- ram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens. Gabarito: letra B Atividade 15 Atende ao objetivo 1 (2014/AOCP- EBSERH/HUSM-UFSM/Analista Administrativo Contabilidade) Benfeitorias em imóveis de terceiros devem ser reconhecidas como a) ativo circulante – estoque;b) passivo circulante – obrigações diversas;c) ativo não circulante – imobilizado;d) ativo não circulante – investimentos permanentes;e) ativo não circulante – intangível. 40 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Resposta comentada Apesar de a Lei 11.638/07 estabelecer que os bens incorpóreos, destinados à atividade da empresa, passaram a ser classificados no intangível, a Delibera- ção CVM 565/2008 que aprova o Pronunciamento CPC 13 classifica a con- ta “Benfeitorias em Imóveis de Terceiros” – que registra os gastos efetuados em imóveis e propriedades alugados de terceiros – no imobilizado, quando os gastos não forem restituíveis e quando classificáveis como ativo. Benfeitorias em imóveis de terceiros são as construções, restaurações, reformas, acréscimos etc. em bens de propriedade de terceiros, manti- dos a título de locação ou de empréstimos. Exemplo: edificação constru- ída em terreno alheio. Para Ferreira (2012, p. 265), caso haja o direito à restituição dos valo- res gastos com as benfeitorias em propriedade de terceiros, o correto é registrar o crédito correspondente no ativo circulante ou no realizável a longo prazo. Gabarito: letra C Atividade 16 Atende ao objetivo 1 (2009/FCC/TJ-PI/Técnico Judiciário – Contabilidade) É uma conta de ativo sujeita à amortização: a) marcas e patentes; b) recursos florestais próprios; c) terrenos; d) jazidas minerais; e) benfeitorias reembolsáveis em imóveis de terceiros. Resposta comentada A alternativa E apresenta erro, pois a questão informa que as benfeitoras são reembolsáveis. As benfeitorias em imóveis de terceiros só poderão 41 Contabilidade Avançada I ser amortizadas se a entidade não for ressarcida pelo gasto efetuado com a benfeitoria e se o contrato tiver duração limitada. Gabarito: letra A Atividade 17 Atende ao objetivo 1. (FCC/2014/TRF - 4ª REGIÃO/Técnico Judiciário – Contabilidade) A Cia. A Bola da Vez S.A. realizou as seguintes transações durante o mês de maio de 2014: I. compra de equipamentos industriais, à vista, para serem utilizados no processo produtivo; ii. obtenção de empréstimos para serem liquidados integralmente (prin- cipal e juros) em outubro de 2016; iii. compra de equipamentos especiais, à vista, para serem revendidos durante 2014. IV. compra de 100% da Cia. Passou a Vez S.A. para fins de diversificação de atividade econômica. A Cia. A Bola da Vez S.A. reconheceu as transações I, II, III e IV, respec- tivamente, como ativo a) não circulante, passivo não circulante, ativo não circulante e ativo circulante. b) não circulante, passivo circulante, ativo circulante e ativo não circulante. c) circulante, passivo não circulante, ativo não circulante e ativo não circulante. d) circulante, passivo circulante, ativo circulante e ativo circulante. e) não circulante, passivo não circulante, ativo circulante e ativo não circulante. 42 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Resposta comentada I. Compra de equipamentos industriais, à vista, para serem utilizados no processo produtivo. Equipamento para utilizar no processo é ANC Imobilizado. II. Obtenção de empréstimos para serem liquidados integralmente (principal e juros) em outubro de 2016. Empréstimos de longo prazo são classificados como PNC. III. Compra de equipamentos especiais, à vista, para serem revendidos durante 2014. Equipamentos para revenda é estoque, portanto, AC. IV. Compra de 100% da Cia. Passou a Vez S.A. para fins de diversifica- ção de atividade econômica. Compra de ações é ativo não circulante da categoria investimento. Gabarito: letra E Atividade 18 Atende ao objetivo 1 (Analista Petroquímica SUAPE 2012 – Cesgranrio) No artigo 179 da lei 6.404/76, encontra-se: Os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exer- cidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. O texto acima indica que os bens nele citados devem ser classificados no: a) ativo circulante / despesas antecipadas do exercício seguinte b) ativo circulante / direitos realizáveis c) ativo não circulante / imobilizado d) ativo não circulante / intangível e) ativo não circulante / realizável a longo prazo 43 Contabilidade Avançada I Resposta comentada Conforme analisado nessa aula, e por ser uma questão literal (texto da lei) a resposta é a alternativa D. Atividade 19 Atende ao objetivo 1 (Analista BNDES 2011 – Cesgranrio) O item VII do artigo 183 da Lei das Sociedades Anônimas, atualizada até 2011, determina que os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajusta- dos somente quando houver: a) provisão para perdas; b) redução ao valor justo; c) efeito relevante; d) perdas imprevistas; e) vencimento antecipado. Resposta comentada Conforme a Lei 6.404/76, alterada pela Lei 11.638/07, temos, no artigo 183, inciso VIII, a seguinte informação: os elementos do ativo decorren- tes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. Gabarito: letra C 44 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • Atividade 20 Atende ao objetivo 4 (Analista Previdenciário – Contabilidade – FCC/2015) A Cia. Sofitel possuía, em 31/12/2014, em seu ativo intangível, uma pa- tente com vida útil indefinida, com as seguintes informações em reais: Custo de aquisição ..................................................................... 1.200.000,00 (−) Perda por impairment ............................................................ 200.000,00 (=)Valor contábil do ativo ........................................................ 1.000.000,00 Ao realizar o teste de recuperabilidade do ativo (teste de impairment) em 31/12/2014, a Cia. obteve as seguintes informações em reais: Valor em uso do ativo ................................................................ 1.050.000,00 Valor justo líquido das despesas de venda .................................. 900.000,00 Com base nessas informações, em 31/12/2014, a Cia. Sofitel reconheceu a) um ganho por reavaliação de R$ 50.000,00. b) uma perda por impairment de R$ 150.000,00. c) uma reversão da perda por impairment de R$ 50.000,00. d) uma perda por impairment de R$ 100.000,00. e) uma reversão da perda por impairment de R$ 200.000,00. Reposta Comentada: O valor contábil é de R$100.000 Valor em uso e valor justo líquido de despesas de venda, dos dois, o maior = 1.050.000 (Valor líquido de venda); Valor recuperável > Valor contábil = Não lançamos nada, apenas deve- mos reverter a perda, caso exista, até o limite do valor de custo; Valor recuperável < Valor contábil = Registra uma perda; Tendo em vista que o valor contábil é menor que o valor justo, apenas reverto a perda. Desse modo, revertemos a perda por desvalorização re- conhecida no valor de R$ 50.000,00 (o limite máximo de reversão seria de R$ 200.000). 45 Contabilidade Avançada I Conclusão Na presente aula conhecemos o subgrupo do ativo não circulante e estudamos, também, o arrendamento mercantil, ajuste de avaliação patrimonial e, por último, o teste de recuperabilidade. Quanto ao subgrupo do ativo não circulante, apontamos a classifica- ção das contas, bem como a maneira de contabilizá-las. Quanto ao arrendamento mercantil, ele pode ser entendido como o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arren- dadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio dela. Como já discutimos em aula passada, o Brasil vem adotando Nor- mas Internacionais de Contabilidade, com o intuito de permitir a convergência da contabilidade nacional ao padrão internacional for- mulado pelo IASB. Desse modo, em consequência da adoção dessas novas regras, discutimos nesta aula a nova forma de contabilização do arrendamento mercantil. Outra alteração significativa, em decorrência da aprovação da Lei 11.638 de 2007 (marco inicial da adoção das regras contábeis internacio- nais), é a conta “Ajuste de Avaliação Patrimonial” (AAP), que é o resulta- do do valor da avaliação dos bens em relação ao seu valor justo, sendo que o valor justo é a quantia pela qual um ativo pode ser trocado, ou um pas- sivo liquidado, por duas partes dispostas a isso e independentes entre si. Atenta a essas novas regras, a presente aula apresenta a forma atual de entendimento e de se contabilizar o ajuste de avaliação patrimonial. Por fim, esperamos que você tenha aprendido, também embasado nas novas regras contábeis, o teste de impairment ou teste de recupe- rabilidade, que tem por objetivo apresentar de forma prudente o valor real líquido de realização de um ativo. Vimos que a essência do teste de recuperabilidade é evitar que um ativo esteja registrado por um valor maior que o valor recuperável. Resumo Prezados alunos, nesta aula terminamos de estudar os subgrupos do ativo não circulante já com as regras introduzidas pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09. 46 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • No início da aula, tratamos da despesa antecipada no ativo realizável a longo prazo, quando o direito de usufruí-las se estender após o final do ano seguinte. Continuamos a aula falando do investimentos, em que apontamos a relevância da intenção ou não de venda do investimento para sua clas- sificação no balanço patrimonial. Você se lembra do diagrama de inten- ção de vendas? Intenção de Venda SIM/Temporária NÃO/Permanente Curto Prazo Longo Prazo AC ANC RLP ANC INVESTIMENTOS Tabela 01: Intenção de Vendas – ANC Investimentos Figura 4.9: Intenção de vendas. Dando prosseguimento ao estudo, analisamos os subgrupos imobili- zado e intangível, que são formados por bens corpóreos e incorpóreos, respectivamente, e destinados à atividade da companhia. Observamos que o arrendamento mercantil (leasing) é um tipo de aluguel de um ativo fixo (equipamentos, veículos, computadores, etc) por um prazo determinado. Nesse momento da aula, também analisa- mos as diferenças entre o financeiro e o operacional. Diferenças entre o leasing financeiro e o leasing operacional: quando os riscos e benefícios do ativo ficam com o arrendatário, estamos fa- lando de arrendamento mercantil financeiro. Se os riscos e benefícios ficam com o arrendador, estamos falando de arrendamento mercantil operacional. Examinamos que o ajuste a valor presente são ajustes efetuados em ativos e passivos monetários em função da variação do valor do dinhei- ro no tempo. O CPC-12 define que, em termos de meta a ser alcançada, ao se apli- car o conceito de valor presente, deve-se associar tal procedimento à 47 Contabilidade Avançada I mensuração de ativos e passivos, levando-se em consideração o valor do dinheiro no tempo e as incertezas a eles associados. Analisando os itens 9 e 21 do CPC 12, podemos dizer que o devido ajuste ao valor presente é necessário quando: Tabela 4.1 Ativos e Passivos Juros implícitos ou explícitos embutidos Efeito é relevante Curto Prazo Sim Sim Longo Prazo Sim Indiferente Por fim tratamos do teste de recuperabilidade (impairment test), que tem por objetivo evitar que um ativo esteja registrado por um valor maior que o seu valor recuperável. Portanto, o teste tem por intuito verificar se o ativo não está desvalorizado em relação ao seu valor real. O item 8 do CPC 01 (R1) diz que o ativo está desvalorizado quando seu valor contábil excede seu valor recuperável. Já o valor contábil, de acordo com o item 6 do mesmo CPC, é o mon- tante pelo qual o ativo está reconhecido no balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação, amortização ou exaustão acumulada e do ajuste para perdas. O teste de recuperabilidade consiste em comparar os valores recuperá- veis de ativos e unidades geradoras de caixa, com os seus respectivos valo- res contábeis. Portanto, para realizarmos o teste de recuperabilidade, de- vemos comparar o valor realizável de um ativo, com o seu valor contábil. Informações sobre a próxima aula Na próxima aula você estudará o passivo circulante e o não circulan- te, e iniciaremos o estudo do patrimônio líquido. Até lá! Referências Ferrari, Ed Luiz. Contabilidade Geral.13. ed. Niterói: Editora Impetus, 2013. Ferreira. Ricardo J. Contabilidade Básica. 11. ed. Rio de Janeiro: Editora Ferreira, 2014. 48 Aula 4 • Balanço patrimonial: ativo não circulante Aula 4 • Aula 4 • IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Ativos intangíveis. In: IUDÍCIBUS, Sérgio de; MAR- TINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS, Ariovaldo dos. Manual de con- tabilidadesocietária. São Paulo: Atlas, 2010. MACHADO, Paulo José; MORAES, Wilson José Ozório; RELVAS, Tâ- nia Regina Sordi. IFRS 3 – Combinação de negócios. In: ERNEST & YOUNG; FIPECAFI. Manual de normas internacionais de contabilidade. São Paulo: Atlas, 2009. NIYAMA, Jorge Katsumi; SILVA, César Augusto Tibúrcio. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2008. NETO, João Estevão Barbosa; DIAS, Warley de Oliveira; PINHEIRO, Laura Edith Taboada. Impacto da Convergência para as IFRS na Análise Financeira: um estudo em empresas brasileiras de capital aberto. Con- tabilidade Vista & Revista, Belo Horizonte, v. 20, n. 4, p. 131-153, out./ dez. 2009. OLIVEIRA, Justino. Contabilidade geral para concursos públicos. 1. ed. Niterói: Editora Impetus, 2013.
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