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Página 1 de 9 Conceitualmente, a DM é definida como sendo um distúrbio de metabolismo intermediário caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos. O metabolismo intermediário é aquele ao qual serão submetidas todas as substâncias digeridas e absorvidas pelo sistema digestório, composto por uma série de reações anabólicas e catabólicas de macromoléculas. FISIOLOGIA A insulina é um hormônio produzido nas células beta das ilhotas pancreáticas e parte da sua produção é liberada constantemente (em níveis basais) na circulação sanguínea. No entanto, sempre que a gente faz uma refeição, a taxa desse hormônio no sangue aumenta muito, formando um pico de insulina (estado pós-prandial). Como ocorre essa liberação? A glicose entra nas células beta do pâncreas por meio de uma proteína GLUT-2, estimulando a secreção de insulina. Além disso, toda vez que nos alimentamos, o corpo produz as incretinas (GLP-1 e GIP), peptídeos gastrointestinais que são capazes de aumentar a resposta pancreática à glicose, liberando mais insulina. A partir daí, o que a insulina faz é se ligar ao seu receptor nas células do corpo e induzir a translocação de vesículas contendo a proteína GLUT-4 para a membrana plasmática. A GLUT-4 funciona como um “canal de glicose“, permitindo a entrada dessa substância nas células, possibilitando tanto a glicólise (principalmente em hepatócitos e miócitos) para geração de energia, e a gliconeogênese (armazenamento do excesso de glicose em glicogênio, no fígado). Por outro lado, a insulina também estimula que parte desse excedente de glicose passe por um processo conhecido como lipogênese, que consiste em transformá-la em ácido graxo para que esse seja direcionado aos adipócitos, onde serão transformados em triglicérides. contra insulínicos e estados de jejum São 4 os hormônios com ação contrária à da insulina: glucagon, adrenalina, cortisol e GH. Dentre esses, o glucagon é o mais relevante, sendo estimulado pela hipoglicemia (jejum) a aumentar os níveis de glicose no sangue, por meio dos processos de glicogenólise e gliconeogênese. Além disso, os hormônios contra insulínicos também atuam sobre os lipídios estimulando o processo de lipólise, que consiste em quebrar os triglicérides para liberar ácido graxo e esses, então, poderem ser utilizados pelas células como fonte de energia através da beta- oxidação. Qual a principal importância da manutenção da glicemia em um valor constante? Garantir sempre o suporte adequado de glicose para os neurônios – são células que não precisam da insulina para absorver glicose, de forma que tanto uma hiper quanto uma hipoglicemia podem afetar seu funcionamento. FISIOPATOLOGIA O defeito na produção de insulina ou o defeito em seus receptores leva a interpretação de um “constante estado de jejum“, no qual a glicose não consegue entrar nas células para ser transformada em energia e o organismo entende que o problema está na quantidade de glicose – assim, aumentando sua produção por meio dos hormônios contra insulínicos. DM 1 Doença autoimune e poligênica, na qual os linfócitos T CD8 invadem as ilhotas pancreáticas e atacam seletivamente as células beta. Acomete crianças, adolescentes e adultos jovens, igualmente em ambos os sexos. Observação! Aproximadamente 90% dos DM 1 apresentam alterações nos genes HLA. Porém, apenas essa alteração não é suficiente para desenvolver a diabetes, também são necessários fatores ambientais. SUBTIPOS: são detectados autoanticorpos no sangue (anti-ilhota, anti- insulina, anti-GAD, antitirosina-fosfatase, anti-transportador de zinco) não são detectados autoanticorpos no sangue DM 2 Forma mais comum da doença, correspondendo a cerca de 90 – 95% dos casos. Se trata de um problema de bases genéticas que é precipitado por fatores ambientais e que pode se caracterizar por uma deficiência de secreção ou pela resistência insulínica (principal). Devido ao fato de a insulina não estar agindo de forma eficiente, o organismo responde provocando hiperplasia e hipertrofia das células beta, no intuito de aumentar a oferta de insulina. Em uma fase inicial, esse mecanismo consegue “compensar“ a deficiência na ação da insulina. Porém, esse estado de hiperprodução faz com que as células beta pancreáticas entrem e exaustão e parem de funcionar. Como ocorre a liberação de insulina no paciente com DM2? A insulina possui uma liberação bifásica, formada por uma fase rápida (pós- prandial) e uma fase lenta (“basal“ - jejum). No paciente portador de DM2, ocorre perda da primeira fase de liberação da insulina (fase rápida), fazendo com que a primeira glicemia que se altere mediante a presença da doença seja a glicemia pós-prandial. DM gestacional A placenta é um órgão capaz de produzir diversos hormônios hiperglicemiantes. Dessa forma, por si só, a gestação já é uma condição potencialmente diabetogênica e, quando associada a fatores de risco, pode acabar levando a diabetes. CLÍNICA MÉDICA II diabetes mellitus data: 18 / 08 / 21 Página 2 de 9 DM LADA Funciona como uma espécie de DM 1 com destruição lenta e progressiva das células beta pancreáticas, se manifestando apenas entre 30 – 50 anos. Se diferenciam da DM 2 pela presença de autoanticorpos no sangue. DM mody Forma de diabetes monogênico (herança autossômica dominante) não autoimune, com graus variáveis de disfunção da célula beta. A DM MODY altera a produção de alguns fatores que interferem na regulação da glicose. Como suspeitar? Pela existência de mais de 3 gerações acometidas em idade precoce. FATORES DE RISCO Acantose nigrans: lesão de pele hiperpigmentada decorrente de hiperinsulinemia e que normalmente aparece nas regiões de dobras (axila, pescoço, virilha, entre outros locais). QUADRO CLÍNICO DM 1 Por conta da própria fisiopatologia de ser uma doença autoimune, a DM tipo I acaba se manifestando mais cedo, de modo que a grande maioria dos pacientes com essa condição são diagnosticados ainda crianças ou adolescentes (geralmente entre os 10-15 anos). Geralmente os pacientes são magros e irão desenvolver um quadro agudo e clássico, apresentando os típicos 4Ps da diabetes: • poliúria (aumento do volume urinário) • polidipsia (aumento da sede) • polifagia (aumento da fome) • perda ponderal Explicando: se o paciente é diabético, ele tem uma hiperglicemia, daí, com mais glicose no sangue, mais glicose é excretada através da urina. E como ela é uma substância osmoticamente ativa, o paciente acaba perdendo mais água através do trato urinário (poliúria). A partir daí, ele começa a desidratar e é isso que explica o aumento da sensação de sede (polidipsia). Por outro lado, o fato de as células não estarem recebendo glicose para produzir energia é interpretado pelo corpo como sendo um estado de jejum, levando, então, ao aumento da sensação de fome (polifagia). Além disso, esse mesmo estado de jejum também acaba estimulando os hormônios contra insulínicos que, entre outras coisas, promovem a lipólise, levando à perda ponderal. Atenção! Por vezes, o paciente DM 1 vai ter uma destruição grande e rápida das células beta, de modo que 1/3 deles podem iniciar o quadro já com cetoacidose diabética. CETOACIDOSE DIABÉTICA: Como o paciente DM 1 tem níveis de insulina muito baixos, o estado de jejum que ele desenvolve acaba sendo muito intenso, bem como a ação dos contra insulínicos. A partir daí, a produção de ácidos graxos aumenta e o fígado inicia a cetogênese. O problema é que dos 3 corpos cetônicos produzidos, 2 são ácidos (aceto acético e beta- hidroxibutírico). Dessa maneira, aumenta-se a quantidade de íons H+ no sangue, levando a um ânion-gap elevado (diferença entre as quantidades de íons positivos e negativos no sangue) e manifestações como: • hipocalemia (troca de íons das bombas H+/K+presentes nas células) • hálito cetônico (a acetona é o 3º grupo cetônico produzido, inócuo ao organismo) • respiração de Kussmaul (tentativa do pulmão de reverter a acidose por meio da respiração) • gastrointestinal (dor abdominal, náuseas e vômitos) (1) pacientes mais novos, (2) indivíduo magro; (3) presença dos 4ps; (4) glicemia > 250 mg/dL; (5) presença de autoanticorpos; (6) não respondem bem aos antidiabéticos orais, (7) peptídeo C < 0,1 ng/dL ou ausente. Atenção! Peptídeo C: componente da pró-insulina que é liberado quando ocorre a quebra dessa molécula. No entanto, como na DM 1 praticamente não há produção do hormônio, os níveis de peptídeo C são geralmente indetectáveis. DM 2 Nesse caso, 80% dos pacientes são obesos (a obesidade está relacionada a resistência insulínica). É uma condição progressiva e assintomática, fazendo que o diagnóstico seja tardio (por volta de 45 anos, quando o paciente começa a apresentar os 4Ps). (1) pacientes mais adultos; (2) presença dos 4Ps, (3) sobrepeso / obesidade; (4) glicemia < 200mg/dL; (5) ausência de autoanticorpos; (6) peptídeo C > 0,1ng/dL; (7) respondem bem a antidiabéticos orais A DM 2 vem sozinha? Não! Existem outras doenças associadas a fisiopatologia da resistência a insulina, levando o paciente a um alto risco cardiometabólico (síndrome metabólica). Página 3 de 9 SÍNDROME METABÓLICA: Conjunto de fatores de risco que se manifestam num indivíduo e aumentam as chances de desenvolver, sobretudo, doenças cardiovasculares. Caracteriza-se de que condições como obesidade, hipertensão, alterações na glicose, nos triglicerídeos e no colesterol estão unidas por um elo em comum, a resistência a insulina. Diagnóstico (IDF): critério obrigatório + pelo menos 2 critérios adicionais • critério obrigatório: obesidade central (H > 102 cm / M > 88 cm) • critérios adicionais: ▪ TG ≥ 150 mg/dL (ou em tratamento) ▪ HDL ≤ 40 mg/dL (H) e ≤ 50 mg/dL (M) ▪ PA ≥ 130 x 85 mmHg ▪ glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL complicações agudas A principal complicação aguda da DM no serviço de emergência é a hiperglicemia, que pode ser justificada por 2 quadros: ou uma Cetoacidose Diabética (CAD) ou um Estado Hiperosmolar Hiperglicêmico (EHH). CETOACIDOSE DIABÉTICA: Mais comum em pacientes DM 1. Os pacientes costumam ser mais jovens (normalmente entre 20-29 anos) e eles abrem o quadro de forma abrupta com hipotensão, taquicardia e taquipneia - podendo apresentar um padrão respiratório de Kusmaull - hálito cetônico e, em cerca de 20% dos casos, há ainda algum rebaixamento do nível de consciência. Além disso, um outro sintoma muito frequente nos casos de CAD é a dor abdominal muitas vezes associada com náuseas e vômito. ESTADO HIPEROSMOLAR HIPERGLICÊMICO: Mais comum em pacientes DM 2. Os pacientes são frequentemente mais velhos (> 40 anos) e o quadro clínico típico é mais arrastado, então o paciente já vinha há vários dias apresentando os 4Ps da diabetes, até o momento em que atinge uma desidratação bem acentuada e sofre um rebaixamento de consciência. Qual a grande diferença entre as duas condições, se ambas apresentam hiperglicemia? A gasometria arterial. Na cetoacidose, a gasometria vai apresentar uma acidose do tipo metabólica por ânion gap aumentado e isso é lógico, já que o motivo de o sangue está ficando acidificado é a maior produção H+ na forma de corpos cetônicos. Já no estado hiperosmolar, esse achado da gasometria não aparece uma vez que no EHH ainda há uma produção de insulina suficiente para inibir a liberação de glucagon - que é quem induz a produção dos compostos ácidos. crônicas A hiperglicemia compromete a estrutura vascular e essa lesão vascular acaba levando a uma série de complicações, classificadas em 2 grupos: Microvasculares: lesão endotelial devido ao aumento da inflamação pelo estresse oxidativo. Causa alterações da vasodilatação e lesões graves como trombose e leitos vasculares incompetentes. • retinopatia diabética • nefropatia diabética • neuropatia diabética • pé diabético Página 4 de 9 Macrovasculares: a inflamação, juntamente com a glicolisação de proteínas e aceleração do processo aterosclerótico propicia a aceleração do processo aterotrombótico, gerando obstruções a longo prazo que levam a insuficiência sanguínea e comprometimento de leito vascular. • DAC • doenças cerebrovasculares • arteriopatia periférica diagnóstico diabetes pré-diabetes Atenção! Rastreio de diabetes: o rastreio só deve ser feito em pacientes que tenham idade ≥ 45 anos e / ou obesidade + pelo menos 1 fator de risco. tratamento metas laboratoriais tratamento não farmacológico O tratamento farmacológico corresponde àquela velha mudança do estilo de vida (MEV). Ele está indicado para todos os pacientes diabéticos ou pré-diabéticos e envolve: • adequação alimentar através de dietas com baixo nível calórico • atividade física (150min/sem) • cessação do tabagismo tratamento farmacológico O tratamento farmacológico, por sua vez, consiste na administração de drogas antidiabéticas, ganhando bastante espaço quando a MEV sozinha não é suficiente para dar conta de controlar a DM e para manter a estabilização clínica após o controle com a insulina. Com isso em mente, então, temos que existem 8 principais classes de medicamentos disponíveis para o tratamento da diabetes: BIGUANIDAS: A única representante dessa classe é a metformina, sendo indicada para todos os pacientes com DM que não tenham contraindicação (1ª droga de escolha) É um medicamento oferecido de graça pelo SUS, com alta capacidade de baixar a Hb glicada (1,5 – 2,0 pontos). o principal de todos é sobre o fígado, reduzindo a gliconeogênese hepática, que é a maior responsável pelos altos níveis glicêmicos no paciente diabético. Além disso, em menor escala, ela também retarda a absorção intestinal de carboidratos e aumenta a translocação de GLUT-4 na periferia (especialmente em células musculares), o que diminui a resistência insulínica. insuficiência renal com Clcr < 30 mL/min, doença hepática crônica, ICC descompensada, SPOC, sepse, acidose grave e gestação. gastrointestinais (diarreia, náusea, gosto metálico), dor abdominal, diarreia, empachamento → os efeitos gastrointestinais são reduzidos pela formulação Xr – liberação lenta do medicamento • quase não tem risco de causar hipoglicemia • promove perda de peso (2 – 3 kg) em uso prolongado • benefício cardiovascular e de mortalidade por todas as causas • seguro na insuficiência hepática, na IC e na IRC (exceto em formas mais descompensadas, podendo gerar acidose lática) Página 5 de 9 deficiência de vitamina B12 (sempre monitorar). pelo menos 2 – 2,5 g / dia (4cps de 500mg ou 3cps de 850mg / dia), após as refeições GLITAZONAS / TIAZOLIDINEDIONA: Tem como principal representante a pioglitazona que é a nossa segunda opção de droga quando o paciente tem contraindicação ou não respondeu bem à metformina. efeito genômico (ou seja, vai demorar semanas para agir): ela vai atuar sobre um receptor nuclear conhecido como PPAR-γ (peroxisome proliferator-activated receptor-γ), que está relacionado aos tecidos adiposo e muscular, promovendo o metabolismo da glicose e também a produção de adipócitos - além de diminuir a resistência insulínica nos tecidos adiposo e muscular, também está relacionado a uma maior formação de adipócitos (e, por isso, ganho de peso) nas regiões periféricas do corpo. insuficiência cardíaca (NYHA III ou IV), insuficiência hepática, gestação, alcoolistas edema periférico, IC, ganho de peso, infecção de trato respiratório alto, sinusite / faringite, fraturas distais em idosos • pode ser utilizada em IRC leve ou moderada • reduzem bem a glicada • baixo risco de hipoglicemia •potencial benefício cardiovascular • baixo custo • pode ser usada na esteato-hepatite não alcoólica • ganho de peso (porém com diminuição de gordura visceral) • risco na insuficiência cardíaca pelo acúmulo de líquido • não recomendado na insuficiência renal pelo acúmulo de líquido • CA de bexiga ? • aumento do LDL SULFONILURÉIAS: Juntamente com as biguanidas, é uma das classes mais utilizadas no tratamento da DM, sendo as principais drogas: tolbutamida, gliclazida, glibenclamida, glimepirida. atuam sobre as células beta do pâncreas, permitindo o influxo de cálcio e a degranulação das vesículas com insulina. Ou seja, são medicamentos que só tem efeito nos pacientes que ainda tem células beta preservadas – não indicadas em estágios mais avançados da doença. → o aumento da secreção independe da alimentação (por isso elevado risco de hipoglicemia) insuficiência renal, insuficiência hepática, gestação, DMG e amamentação hipoglicemia (cuidado ao prescrever para idosos), ganho de peso Observação! Glicazida: é a mais moderna, não apresenta tanto risco de hipoglicemia e pode ser utilizada para pacientes com doença renal. • reduzem bem a glicada • possuem baixo custo • alto risco de hipoglicemia • ganho de peso • neutras em ASCVD, ICC e IRC GLINIDAS: Classe representada pela repaglinida e pela nateglinida. atuam de forma muito semelhante às sulfonilureias, promovendo a secreção de insulina pelo mesmo mecanismo de ação. Observação! As glinidas possuem meia-vida muito curta, atuando apenas sobre os momentos de pico de insulina, mas não sobre o nível basal desse hormônio – ou seja, são drogas que não podem ser utilizadas isoladamente. Página 6 de 9 gestação hipoglicemia (em menor intensidade que as sulfonilureias) e ganho de peso deve ser prescrita sempre para utilização após as refeições (meia-vida curta). INIBIDORES DE DPP-4: Representada pela vidagliptina, sitagliptina e saxagliptina. inibem a enzima DPP-4, cuja função é degradar as incretinas que foram liberadas após a alimentação. Sem sofrer degradação, as incretinas têm o seu efeito prolongado, ou seja, há um maior estímulo à liberação de insulina (mas dependente da presença de glicose) e menor estímulo a liberação do glucagon. alergias (no geral, são bem tolerados) e doença hepática grave nasofaringite, cefaleia e / ou tontura, diarreia, urticária, angioedema e pancreatite • pouco relacionados a hipoglicemia • segurança e tolerabilidade • neutra no peso • custo • reduzem pouco a Hb glicada • são neutras em desfechos cardiovasculares ou renais • artralgias • pancreatite ? ANÁLOGOS DE GLP-1: Sendo representada pela exenatida e pela liraglutida, principalmente. atua mimetizando uma das incretinas (no caso, o GLP-1) e, assim, estimulando a liberação de insulina. Além disso, atuam no esvaziamento gástrico, aumentando a saciedade. alergias (geralmente bem tolerados) náuseas, possibilidade de pancreatite aguda injetável • baixo risco de hipoglicemia (seu efeito depende dos níveis de glicose) • reduzem o peso – podem ser utilizados para tratamento da obesidade • redução discreta da PA • redução de eventos cardiovasculares • proteção renal (redução de albuminúria) • reduzem a glicada em 1,0 ponto • não necessitam de ajuste pela função renal • custo • aplicação subcutânea • sintomas gastrointestinais • pancreatite ? CA medular de tireoide ? colelitíase ? • sua administração deve ser subcutânea – diferentemente das outras drogas INIBIDORES DE SLGT-2: Classe representada pela dapaglifozina. Diminuem até 1 ponto de Hb glicada. atuam inibindo uma proteína renal conhecida como SGLT-2, inibindo a reabsorção de glicose do filtrado – aumenta glicosúria e, consequentemente, reduz os níveis glicêmicos do paciente, favorecendo também a perda de peso. candidíase recorrente, comprometimento renal (TFG < 45) glicosúria, maior risco de ITU (maior concentração de glicose no trato urinário) Página 7 de 9 • redução discreta do peso • redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pessoas com diabetes e DCV • redução da internação por IC • baixo risco de hipoglicemia • melhora os desfechos renais (TFG > 45) • reduz PAS de 4 – 6 mmHg • aumenta em 7x o risco de cetoacidose euglicêmica (porém continua sendo um desfecho raro) • infecções genitoruinárias • hipotensão postural • gangrena de Fournier • aumento de LDL • custo INSULINOTERAPIA: Para que se entenda a insulinoterapia, é importante lembrar que a insulina tem uma concentração basal que se mantém ao longo do dia, porém apresenta picos após as refeições. O objetivo da insulinoterapia é criar uma associação que mimetize esse gráfico. Atenção! Em se tratando de SUS, a única opção de tratamento com insulina que está disponível é a associação entre uma insulina basal de ação intermediária (NPH) com uma insulina prandial de ação rápida (regular). tratamento e comorbidades Para o tratamento de DM + comorbidades, é interessante sempre associar o uso de metformina a alguma outra medicação a depender de qual doença esse paciente apresenta. doença cardiovascular aterosclerótica Em caso de ASCVD, as medicações de escolha para diminuir risco cardiovascular são 2: os inibidores de SGLT-2 e os análogos de GLP- 1 (primeira escolha para acompanhar a metformina no tratamento em casos desses pacientes) Inibidores SGLT-2 (-glifozinas): • empaglifozina (melhores resultados cardiovasculares) • canaglifozina • dapaglifozina Análogos de GLP-1 (-glutidas): • liraglutida (dose: 1.8 mg/dL) – melhor desfecho cardiovascular • semaglutida (dose: 0.5 – 1 mg/wk) ▪ atenção a retinopatia! • dulaglutida (dose: 1.5 mg/wk) A piolgitazona possui potencial benefício de diminuir o risco cardiovascular. Já as sulfoniluréias, os IDPP-4 e as insulinas são neutros em relação a proteção cardiovascular. RISCO CARDIOVASCULAR NA DM: pelo menos 1 dos critérios abaixo + DM • idade ≥ 57 (M) ou 50 (H) • > 10 anos de DM • DAC < 65 anos (M) ou < 55 anos (H) em parente de 1º grau • síndrome metabólica • hipertensão arterial • tabagismo ativo • nefropatia, neuropatia ou retinopatia diabética • aterosclerose subclínica algum dos eventos abaixo, clinicamente manifestos • síndrome coronariana aguda • AVC isquêmico / AIT • doença arterial obstrutiva periférica • qualquer revascularização, amputação não traumática de membros inferiores • obstrução > 50% em qualquer artéria Observação! Aterosclerose subclínica: a pesquisa de aterosclerose subclínica só deve ser feita naqueles pacientes que não possuem critérios “claros“ para risco cardiovascular alto ou muito alto. • escore de cálcio coronariano > 10 Agatston • placa na carótida (espessura intima-média) > 1,5mm • angiotomografia de coronárias com presença de placa • índice tornozelo-braquial < 0,9 • presença de aneurisma de aorta abdominal Página 8 de 9 ALVO DE COLESTEROL E CONDUTA: • LDL < 100 • não HDL < 130 • queda de pelo menos 30% no colesterol • estatina: qualquer uma • LDL < 70 • não HDL < 100 • queda de pelo menos 50% • estatina: alta potência • LDL < 50 • não HDL < 80 • queda de pelo menos 50% • estatina: alta potência ▪ artosvastatina 40 – 80 ▪ rosuvastatina 20 – 40 ▪ sinva + ezetimiba 40 / 100 • uso de AAS associado (75 – 325 mg – redução de eventos cardiovasculares) insuficiência cardíaca As drogas mais benéficas em relação a IC, para serem utilizadas conjuntamente a metformina são os inibidores de SLGT-2 (principalmente se FE < 45%) – menor porcentagem de internação por IC. Inibidores SGLT-2 (-glifozinas):• empaglifozina (jardiance - 25mg) • canaglifozina (invokana - 300mg) • dapaglifozina (forxiga - 10mg) Drogas como análogos de GLP-1, sulfonilureias e IDPP-4 são neutras em relação a IC e drogas como pioglitazonas e saxagliptina (IDPP-4) são maléficas. SITUAÇÕES ESPECIAIS: 1. se o paciente não tolera ISGLT-2 ou se TFG < 45 – optar por AGLP- 1 com benefício em doenças cardiovasculares 2. se o paciente mantém Hb glicada estiver acima do alvo: • evitar pioglitazona pela retenção de líquido • associar outro IDPP-4 (sem ser saxgliptina) insuficiência renal A droga de 1ª escolha é o ISLGT-2 ou a liraglutida (análogo de GLP-1) • empaglifozina (jardiance - 25mg) • canaglifozina (invokana - 300mg) • dapaglifozina (forxiga - 10mg) • liraglutida (victoza – 1,8 mg) Essas drogas devem ser usadas principalmente se houver presença da nefropatia diabética (TFG < 60, albuminúria). NEFROPATIA DIABÉTICA: A nefropatia diabética progride de forma mais grave no DM1, porém o número absoluto de pacientes em diálise por DM2 é maior. O rastreio com taxa de filtração glomerular e pesquisa de albuminúria deve ser feito: • DM1 após 5 anos de diagnóstico • DM2 no momento do diagnóstico (muito tempo assintomático, com evolução insidiosa) Atenção! A presença de nefropatia diabética marca elevado risco cardiovascular e de outras complicações como retinopatia diabética. hipoglicemia Lembrar: pacientes com risco de hipoglicemia – déficits cognitivos, idosos e comorbidades • rever alvo de Hb glicada (alvo de até 8%) – se complicações micro / macrovasculares, baixa expectativa de vida e hipoglicemias graves Quando aumentar o alvo de HB glicada? insulinas e sulfonilureias (se precisar fazer insulina, suspender sulfonilureias – nunca fazer junto!) IDPP-4, AGLP-1, ISGLT-2 e pioglitazona SITUAÇÕES ESPECIAIS: 1. se for necessário fazer sulfonilureias: glimepirida ou gliclazida (evitar glibenclamida – fornecida pelo SUS) 2. se for necessário fazer insulina: optar pelas mais modernas (glargina, detemir, degludeca) obesidade As drogas de primeira escolha são AGLP-1 e ISGLT-2 (para serem usadas associadas ou sozinhas). Observação! Os análogos de GLP-1 já são comercializados com previsão em bula para emagrecimento: • liraglutida 3mg – perda de 8kg / média • liraglutida 1.8mg – perda de 3kg / média • AGLP-1 • ISGLT-2 • neutro no peso: IDPP-4 • ganho de peso: sulfonilureias, pioglitazona, insulina Página 9 de 9 SITUAÇÕES ESPECIAIS: 1. mantém glicada acima do alvo: IDPP-4 2. glicada muito alterada: admitir ganho de peso para controlar DM2 custo Como segunda opção após a metformina, as sulfonilureias são as medicações mais baratas (glibenclamida fornecida pelo SUS). • glimepirida e gliclazida: mais modernas, dão menos hipoglicemia, com alto poder de reduzir a glicada, bom custo-benefício OUTRAS OPÇÕES: hipertensão e diabetes altas doses podem piorar o controle diminuem a progressão e incidência de nefropatia diabética e podem aumentar a creatinina transitoriamente (sem significado clínico). → são nefroprotetores e diminuem a progressão pela HAS e DM2 CONSIDERAÇÕES: 1. MEV com redução de peso pode ajudar nas duas comorbidades • perder 5% do peso, pode gerar queda de 20 – 30% da pressão e 2% da glicada • análogos de GLP-1 ajudam nesse contexto 2. inibidores SGLT-2 promovem discreta perda de peso e diminuição de PA 3. alvo pressórico na DM: 130 x 80 mmHg COMORBIDADE METFORMINA + (droga escolha) ASCVD ISGLT-2 / AGLP-1 IC ISGLT-2 I. RENAL ISGLT-2 / liraglutida hipoglicemia IDPP-4 / AGLP-1 / ISGLT-2 / pioglitazona evitar: insulina e sulfonilureia obesidade AGLP- 1 / SGLP-2 HAS ISGLT-2 CONTEÚDO: anotações da aula Diabetes e Doenças Associadas disponibilizada pela disciplina, ministrada por Daniel Sant’Anna Super Material Sanarflix – Diabetes Mellitus MEDCode – Manejo DM (ambulatorial) SBEM – Síndrome Metabólica
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