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JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • o exame do tórax se inicia pela avaliação das MÃOS, pois muitas doenças pulmonares se manifestam nas mãos • cianose (fenômeno de reynauld); baqueteamento digital; impregnação pela fumaça do cigarro EXAME DO TÓRAX • posicionamento adequado: sentado (sempre que possível), deitado, semi – recostado ou de pé • exposição do tórax (tirar a roupa) • inspeção estática e dinâmica: varia de acordo com o que está sendo avaliado PROJEÇÕES PULMONARES NA PAREDE ANTERIOR DO TÓRAX • HEMITÓRAX DIREITO: possui 3 lobos (superior direito, médio direito e inferior direito) • HEMITÓRAX ESQUERDO: possui 2 lobos (superior esquerdo e inferior esquerdo) -ÂNGULO DE LOUIS: ou ângulo de esterno, é um importante ponto anatômico formado pela junção do manúbrio com o corpo do osso esterno. Ele está à altura da 2 costela (2º arco costal). Dessa forma, ao encontrar o ângulo de louis e identificar o 2º arco costal, palpa-se para baixo até encontrar o 4º arco, que divide o lobo superior direito do médio. JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P LIMITES ANATÔMICOS DOS PULMÕES • SUPERIOR: 2 cm acima da borda medial da clavícula • INFERIOR: ao nível do 6º arco costal na linha hemiclavicular • Divisão anterior do lobo superior direito e do lobo médio: 4º arco costal (linha paraesternal direita) -ângulo de louis PROJEÇÕES PULMONARES NA PARTE POSTERIOR DO TÓRAX • O lobo médio não tem representação na parte posterior do tórax • LIMITE INFERIOR: Para encontrar a transição dos limites inferiores dos pulmões para a região lombar (fim da ausculta pulmonar e do exame dos pulmões): palpar a escápula; colocar 4 dedos horizontalmente, abaixo da ponta da escápula. • Obs: a espinha da escápula delimita a transição entre lobos superiores esquerdo e direito dos inferiores JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P ETAPAS DO EXAME 1. INSPEÇÃO • ESTÁTICA: aquilo que poderia ser visualizado apenas com uma “foto” -formatos de tórax -abaulamentos, retrações, lesões cutâneas -circulação colateral • DINÂMICA: aquilo que só poderia ser visualizado com um “vídeo” -frequência (tem a ver com a gravidade do quadro) e ritmo respiratório -sinais de esforço respiratório 2. PALPAÇÃO 3. PERCUSSÃO 4. AUSCULTA INSPEÇÃO ESTÁTICA • Posição da traqueia: deve estar equidistante dos músculos ECOM (esternocleidomastóideo). Se estiver desviada para algum dos lados, sugere patologia que empurra o mediastino • Lesões cutâneas – como cicatrizes • Formas do tórax – o tórax normal possui o diâmetro ântero posterior menor que o látero- lateral • Tórax em tonel (comum na DPOC) • Tórax de pombo ou peito em quilha (alterações do esterno; alterações no ventrículo direito); normalmente é um problema estético congênito e raramente causa alguma disfunção respiratória JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • Pectus escavatum ou tórax em funil • Cifoescoliose – desvio da coluna vertebral – induz hipoventilação, que evolui para cor pulmonale TÓRAX EM TONEL – observe o diafragma em formato anormal (reto ao invés de convexo), pelo aumento do volume dos pulmões – como consequência: mau funcionamento do aparelho respiratório CIFOESCOLIOSE – desvio lateral e posterior da coluna – redução da funcionalidade do tórax ALTERAÇÕES DA PAREDE TORÁCICA • GINECOMASTIA: desenvolvimento de tecido glandular (e não adiposo) abaixo das aréolas em mamas masculinas • Retirar a roupa do paciente para devida palpação JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P LINHAS DO TÓRAX ANTERIORMENTE • REGIÃO SUPRACLAVICULAR E INFRACLAVICULAR: acima e abaixo da clavícula • REGIÃO MAMÁRIA E INFRAMAMÁRIA – divididas pela linha que passa no apêndice xifoide; e limite superior da região mamária (linha que passa no 3 arco costal) • REGIÃO ESTERNAL: composta por esterno e manúbrio POSTERIORMENTE • REGIÃO SUPRAESCAPULAR, ESCAPULAR E INFRAESCAPULAR: em cima, nela própria e abaixo da escápula • REGIÃO INTERESCAPULOVERTEBRAL ESQUERDA E DIREITA: bordas internas das escápulas e coluna vertebral LATERALMENTE • REGIÃO AXILAR (acima da linha horizontal que passa pelo apêndice xifoide) • REGIÃO INFRAAXILAR (abaixo dessa linha) JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P INSPEÇÃO DINÂMICA RITMO RESPIRATÓRIO -ATÍPICO (usual): frequência constante -TAQUIPNEIA: aumento da frequência respiratória (acima de 20 irpm) -DISPNEIA SUSPIROSA: não tem diagnóstico particular; geralmente está relacionado a ansiedade; inspiração mais profunda -DE BIOT OU ANÁRQUICO: irregular; volumes respiratórios maiores e menores; frequências variadas; sugere disfunção do SNC -DE CANTANI (aumenta o volume e a frequência resp – hiperpneia – profundo e rápido): acidose metabólica -DE KUSSMAUL (respira profundamente com pausas): acidose metabólica -DE CHEYNE-STOKES: regularidade – volume aumenta, progressivamente diminui e faz apneia - associado a casos de IC grave SINAIS DE ESFORÇO • Tiragem intercostal: movimento de retração da musculatura entre as costelas durante a inspiração, enquanto a parede superior do tórax e o abdome se expandem. Isso ocorre como resultado da excessiva pressão negativa no interior da cavidade torácica e indicam a presença de sofrimento respiratório grave • Tiragem subcostal: parede torácica inferior retrai-se quando a criança INSPIRA. A tiragem subcostal ocorre quando a criança necessita fazer um esforço muito maior do que o normal para respirar. Na respiração normal, toda a parede torácica (superior e inferior) e o abdome se movem • Retração na fúrcula esternal JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • Uso de musculatura acessória cervical: são músculos auxiliares da respiração, utilizados somente em inspirações forçadas ou quando a pessoa está em sofrimento respiratório. Os músculos acessórios principais são o Esternocleidomastóideo , os Escalenos (Anterior, Médio e Posterior), o Peitoral Menor e o Serrátil Anterior • Batimentos de asas de nariz: consiste no alargamento e na abertura das narinas durante a respiração; mais comum em crianças • Respiração paradoxal: Em vez de se mover para fora ao respirar, a parede torácica ou abdominal se move para dentro. -o normal é que na inspiração o tórax se expanda e o abdome protraia. Se ele retrair, significa alguma disfunção ventilatória, com comprometimento de diafragma CORNAGEM • Ruído auscultatório intenso e de timbre grave que se ouve sob o tórax, ou mesmo à distância, quando existe uma estenose ou obstrução da traqueia ou da porção inicial dos brônquios principais. PALPAÇÃO • Pesquisa de pontos dolorosos • Expansibilidade • Frêmito toracovocal • Frêmito pleural OBS: - DOR PARIETAL: piora com movimentação, palpação e respiração e é bem localizada - DOR PLEURÍTICA: não piora com palpação, pela estrutura ser profunda; piora com respiração e é bem localizada PESQUISA DE PONTOS DOLOROSOS • Fazer a palpação do ponto doloroso, procurando saber se é na parede torácica e o que é, se é uma fratura costal, se é uma dor pleurítica, se é invasão por tumor EXPANSIBILIDADE • Verificar se os pulmões estão sendo preenchidos simetricamente pelo volume de ar inspirado – avaliar se o funcionamento da caixa torácica está adequado • Fazemos isso nas porções superiores e inferiores do tórax, tanto anteriormente quanto posteriormente • A que é mais visível é a porção torácica inferior e posterior • Colocamos as mãos, com o indicador apontando para o oco axilar, de um lado e do outro, e os polegares na linha média. Eles tem que ficar equidistantes à linha da coluna vertebral JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • Na medida em que o paciente inspirar profundamente, as nossas mãos serão impulsionadas lateralmente, fazendo com que os polegares se afastem significadamente da linha média, o que indica pulmões normais.Se caso os polegares se afastarem pouco ou nada, sugere que a dinâmica do enchimento da caixa torácica está prejudicada (pode ser só de um lado ou dos 2) • Redução da expansibilidade bilateral: exemplo: paciente com tórax em tonel – o tórax dele já está muito preenchido, o volume pulmonar já está bem alterado. Portanto, ao inspirar, haverá pouca alteração do volume torácico, fazendo com que os polegares quase não se mexam. • Redução da expansibilidade unilateral: paciente com derrame pleural a direita – pulmão direito não consegue insuflar, pois o espaço está ocupado pelo derrame • Identificar, então, o aumento do volume da caixa torácica e o fluxo ventilatório, se está reduzido/normal e simétrico ou não FRÊMITO TORACOVOCAL • Percepção tátil da vibração das cordas vocais transmitidas à parede torácica • As vibrações são geradas na laringe, e vão passando pelas vias aéreas retrogradamente, perdendo sua intensidade. Quando chega no parênquima pulmonar, se expande radialmente para a parede torácica • Posiciona-se a região palmar diretamente sobre a pele (e não sobre a roupa), a mão pode estar na vertical ou na horizontal; pedir para o paciente falar 33 em tom alto • A intensidade da vibração vai reduzindo na medida em que vai passando para as vias aéreas inferiores e diminui também quando recoberta por parênquima pulmonar; portanto, na via aérea central (paraesternal), que não é recoberta por parênquima, a intensidade é maior • A região 1 é de maior intensidade que a 2, que está mais abaixo, e maior que a 3, que está mais lateralmente; portanto, ao comparar regiões, deve-se comparar 1 com 1, 2 com 2 e 3 com 3 • A ausência, diminuição ou aumento de vibração sugere comprometimento do parênquima pulmonar. Por exemplo: ausência – se o indivíduo está com pneumotórax à direita, se fizermos a pesquisa, o frênico vai estar ausente, pois o pneumotórax faz um colapso no pulmão, reduzindo essa vibração. Aumento – pneumonia extensa no hemitórax direito – parte do pulmão consolidada transmite melhor a vibração • Por esses motivos, o frêmito ajuda na construção de um diagnóstico JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • O limite INFERIOR é o apêndice xifoide – podendo chegar um pouco embaixo dele na região da lingueta dos pulmões • NÃO FAZEMOS A PESQUISA DO FREMITO, PERCUSSÃO OU AUSCULTA SOBRE ESTRUTURAS ÓSSEAS, exceto costelas. Não fazemos sobre a escápula, nem coluna vertebral, nem esterno -ANTERIOR -POSTERIOR • Pesquisa na região supraescapular e assim por diante, por movimentação em barra grega (seguindo as setas) • Limite inferior: 4 dedos horizontais abaixo da ponta escápula PERCUSSÃO • Produzir vibrações na parede torácica que transmitem aos órgãos e tecidos subjacentes JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P • O tórax é composto das seguintes estruturas: o arcabouço ósseo, as partes moles (incluindo tecido pulmonar, musculatura, tecido subcutâneo e pele) e o ar contido nos pulmões. À percussão do tórax, todas essas estruturas, em conjunto, produzem um som, que é chamado de som claro pulmonar ou simplesmente som normal. Esse som altera-se de acordo com a relação entre a quantidade de ar e de tecido. • SOM CLARO ATIMPÂNICO (pulmão normal) • SOM MACIÇO: sugere derrame pleural, condensação, atelectasia • SOM SUBMACIÇO: superposição do pulmão com o fígado • SOM HIPER-RESSONANTE: enfisematoso • SOM TIMPÂNICO: pneumotórax -A TÉCNICA • Paciente sentado, se possível • Unha do médico não pode estar grande • Um dedo médio apoiado sobre o tórax e o outro em 90º fazendo golpes sobre o primeiro • O movimento deve ser só do punho e não do braço • Ir golpeando os espaços intercostais ora de um lado, ora de outro e ir comparando os sons obtidos • Desce em barra grega, como no frêmito • Não se deve percutir em estruturas ósseas OBS: onde o coração encontra com o tórax o som é maciço, e onde o fígado encontra com parênquima pulmonar, o som é submaciço JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P AUSCULTA PULMONAR -PARTICULARIDADES • Cuidados com a biossegurança – paciente vai respirar / tossir e pode transmitir doenças por gotículas ou aerossol • Observar a manobra ventilatória orientada – pedir o paciente para respirar profundamente pela boca, pois é mais fácil auscultar dessa maneira • A memória auditiva é importante – o que é normal? • Considere as características anatômicas e o biotipo do paciente – observar mucosas e pele – se o paciente está hidratado, corado • Realize a ausculta com conhecimento da anatomia AUSCULTA DA REGIÃO TORÁCICA ANTERIOR • REGIÃO CERVICAL – em amarelo – NÃO FAZER! • REGIÃO SUPRACLAVICULAR – em azul – pode até fazer, pois os sons pulmonares chegam até aqui, mas em geral não fazemos • REGIÃO PULMONAR – ausculta propriamente dita -HEMITÓRAX DIREITO -HEMITÓRAX ESQUERDO AUSCULTA DA REGIÃO TORÁCICA POSTERIOR • Acima da escápula • Entre a escápula e a coluna vertebral • Abaixo da escápula (4 dedos) JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA • Os sons auscultados variam de acordo com a localização anatômica • Os ruídos são de menor intensidade no parênquima pulmonar • Os ruídos são também de menor intensidade conforme descem as vias aéreas, porque como a traqueia se divide nos brônquios e assim por diante, a quantidade de vias para que o ar passe e portanto o diâmetro se torna maior, fazendo com que o fluxo aéreo se torne menos turbilhonar, gerando um ruído mais discreto EXEMPLO: se o diâmetro da traqueia for de 1cm, e o dos brônquios tiverem 0,7 cada um, juntos eles possuem 1,4, fazendo com que o ar passe de maneira menos intensa RUÍDOS/SONS NORMAIS • TRAQUEAL: sem finalidade prática • BRONQUEAL: sem finalidade prática; são muito intensos e com timbre bem agudo • BRONCOVESICULAR: são considerados como intermediários; mais delicados; os sons inspiratórios e expiratórios tem duração aproximada, podendo ocorrer ou não um período de silencio entre eles • VESICULAR: “murmúrio vesicular” - é suave, com timbre grave, auscultado durante a inspiração de modo contínuo, sem pausa durante a expiração. Desaparece no início da expiração (terço inicial) JULIA NUNES PAPM 3 MED 104 – III P RUÍDOS ADVENTÍCIOS • CONTÍNUOS: sibilos e roncos – roncos: originam-se nas vibrações das paredes brônquicas quando ocorre estreitamento desses ductos. Aparecem na inspiração e expiração, predominando nessa última. Sibilos – também se originam dessas vibrações e são disseminados por todo o tórax quando desencadeados na asma e na bronquite. • DESCONTÍNUOS: crepitações finas e grossas -crepitações finas: pneumonia. Edema agudo de pulmão/congestões pulmonares; audíveis no final da inspiração; sons agudos; curta duração; não se modificam -crepitações grossas: audíveis no inicio da inspiração e em toda a expiração; sons mais graves; se modificam com a tosse (pode ficar inaudível); comum em bronquiectasias, atelectasias por decúbito e pneumonia em fase tardia • BRONCOFONIA (se ausculta a voz sem nitidez, condensação pulmonar – RI, neoplasias), EGOFONIA (é uma broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de uma cabra), PECTORILÓQUIA AFÔNICA (voz cochichada) • GRASNIDO RUÍDOS ANORMAIS • GRANDES VIAS AÉREAS: estridor: som produzido pela semi obstrução da laringe ou traqueia. São sons de maior duração e frequência mais baixa, com tonalidade grave. Audíveis sem esteto, e mais comuns na inspiração • PLEURA: atrito pleural RESUMO DESCRITIVO DO EXAME DE UM PACIENTE NORMAL
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