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A história da atuação de psicólogos brasileiros na área da Psicologia Jurídica inicia-se na década de 1960, com o reconhecimento da profissão. Os primeiros trabalhos foram realizados na área criminal, de forma lenta e gradual, por meio de serviços informais e voluntários, sendo que apenas em 1984, através da Lei de Execução Penal (Lei Federal nº 7.210/84), o psicólogo passou a ser reconhecido legalmente pela instituição penitenciária. Porém, a história demonstra que a preocupação com a avaliação do criminoso, principalmente quando se trata de um doente mental delinquente, surgiu bem antes da década de 60. Na Idade Média, ao “louco” era permitido circular com certa liberdade, e os atendimentos médicos eram restritos aos poucos que podiam pagar. Já a partir do século XVII, a loucura passou a ser caracterizada por uma necessidade de exclusão aos doentes mentais e àqueles que ameaçassem a ordem da razão e da moral da sociedade. Dessa forma, casas de internação foram criadas, as quais eram muito cruéis. Então, a partir do século XVIII, na França, Pinel realizou a revolução institucional, liberando os doentes de suas cadeias e oferecendo assistência médica para eles. Após esse período, os psicólogos clínicos começaram a colaborar com os psiquiatras nos exames psicológicos legais e em sistemas de justiça juvenil. Assim, o sujeito passou a ser visto com mais compreensão, o que ofereceu forças ao psicodiagnóstico. Os pacientes foram classificados em diferentes graus: um grau mais severo e o outro mais ameno, ficando os indivíduos menos severos sob a responsabilidade dos psicólogos, e os mais severos, sob a responsabilidade dos psiquiatras. Os psicodiagnósticos eram vistos como instrumentos que forneciam dados matematicamente comprováveis para a orientação dos operadores do Direito, pois nessa época os testes psicológicos surgiram e os psicólogos foram vistos como testólogos (mas vale lembrar que os testes correspondem a apenas um dos recursos de avaliação psicológica). Psicólogos na Alemanha e na França desenvolveram trabalhos empíricos-experimentais sobre o testemunho (Psicologia do Testemunho) e sua participação nos processos judiciais. Esse histórico reforça a proximidade do Direito e da Psicologia por meio da área criminal. Entretanto, outro campo de ascensão até os dias atuais é a participação do psicólogo nos processos de Direito Civil. Vale lembrar que a admissão desses profissionais na área jurídica ocorreu apenas em 1985, após a realização do primeiro concurso público com este objetivo. Dentro do Direito Civil, destaca- REFERÊNCIA: Artigo “Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação”, escrito por Vivian de M. Lago, Paloma Amato, Patrícia A. Teixeira, Sonia L. R. Rovinski e Denise R. Bandeira. se o Direito da Infância e Juventude (atuação no Juizado da Infância e Juventude – antigo Juizado de Menores), inicialmente com tarefas básicas, como a perícia psicológica nos processos cíveis, de crime e, eventualmente, nos processos de adoção. Contudo, o trabalho do psicólogo foi ampliado e hoje abrange atividades na área pericial, acompanhamentos e aplicação das medidas de proteção ou medidas socioeducativas. Outro histórico importante foi a criação do Núcleo de Atendimento à Família (NAF), em 1997, com o objetivo de oferecer a casais e famílias com dificuldades de resolver seus conflitos um espaço terapêutico que os auxilie a assumir o controle sobre suas vidas, colaborando, assim, para a celeridade do Sistema Judiciário. Em suma, a aproximação do Direito e da Psicologia se deu em razão da preocupação com a conduta humana. Na Psicologia Jurídica predominam-se as atividades de confecção de laudo, pareceres e relatórios. O psicólogo também pode, por meio do resultado da avaliação, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pelo litígio judicial, mas nunca determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados, pois cabe ao juiz a decisão judicial. Entretanto, além da avaliação psicológica pode haver atuação no: Direito da Família; Direito da Criança e do Adolescente (os dois compõe o Direito Civil); Direito Penal; e Direito do Trabalho. 1. Separação e divórcio: quando os processos de separação e divórcio são litigiosos, ou seja, quando não há acordo entre as partes, faz-se importante a atuação do psicólogo enquanto mediador ou para a realização de uma avaliação psicológica, cabendo a este profissional buscar os motivos que levaram o casal ao litígio e os conflitos subjacentes que impedem um acordo em relação à partilha de bens, guarda de filhos etc. Em casos que julgar necessário, o psicólogo poderá encaminhar uma(s) da(s) parte(s) para o psiquiatra. 2. Regulamentação de visitas: com a separação ou o divórcio, pode surgir uma necessidade na reformulação do horário de visitas de uma das partes ao filho do casal. Assim, cabe ao psicólogo contribuir por meio de avaliações com a família, objetivando esclarecer os conflitos e informar ao juiz a dinâmica presente nesta família, com sugestões das medidas que podem ser tomadas. 3. Disputa de guarda: em casos de disputa pela guarda do(s) filho(s), confere ao psicólogo a responsabilidade de realizar uma perícia psicológica para que se avalie qual dos genitores tem melhores condições de exercer esse direito. Por ser um assunto delicado, o psicólogo tem que REFERÊNCIA: Artigo “Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação”, escrito por Vivian de M. Lago, Paloma Amato, Patrícia A. Teixeira, Sonia L. R. Rovinski e Denise R. Bandeira. estar sempre ciente de questões como guarda compartilhada, síndrome de alienação parental, falsas acusações de abuso sexual etc. 1. Adoção: os psicólogos participam do processo de adoção por meio de uma assessoria constante para as famílias adotivas, tanto antes quanto depois da colocação da criança. A equipe técnica do juizado deve saber recrutar candidatos para as crianças que precisam de uma família e ajudar os postulantes a se tornarem pais capazes de satisfazer às necessidades de um filho adotivo. O estudo psicossocial é primordial para garantir o cumprimento da lei, prevenindo assim a negligência, o abuso, a rejeição ou a devolução. Além do trabalho desenvolvido junto ao Juizado, também há profissionais que trabalham nas Fundações de Proteção Especial, com o objetivo de oferecer um cuidado especial capaz de diminuir os efeitos da institucionalização, proporcionando aos abrigados uma vivência que se aproxime à realidade familiar. REFERÊNCIA: Artigo “Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação”, escrito por Vivian de M. Lago, Paloma Amato, Patrícia A. Teixeira, Sonia L. R. Rovinski e Denise R. Bandeira.
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