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UNIDADE 3 desafios contemporâneos

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Capítulo 3 – Existe ética no 
desenvolvimento tecnológico? 
Introdução 
O desenvolvimento tecnológico é apontado por 
muitos pensadores contemporâneos como o 
motor do progresso dos países. Afinal de contas, 
as nações com maiores índices de crescimento 
em ciência e tecnologia também são as com 
melhores índices de emprego, educação, saúde, 
transporte. Além disso, graças aos avanços 
tecnológicos dos últimos anos, mais pessoas têm 
acesso a produtos como notebooks, celulares, 
smartphones, tablets e fármacos para as mais 
diferentes doenças. E os prognósticos apontam 
que, no futuro, isso se intensificará ainda mais, 
abrangendo todos os aspectos da existência 
humana. Mas quais são, verdadeiramente, as 
consequências desse intenso desenvolvimento 
tecnológico? Ele traz somente benefícios às 
sociedades? E quais seus impactos no meio 
ambiente? É preciso se preocupar com questões 
éticas? 
Neste capítulo, vamos abordar o impacto do 
desenvolvimento tecnológico no meio ambiente, 
sobretudo, sua interface com o consumo e o 
consumismo. Também vamos estudar os 
principais marcos do desenvolvimento 
tecnológico e sua influência na organização 
social, especialmente a partir da expansão da 
internet. Vamos ver os avanços da ciência na 
área da saúde e as questões éticas que isso 
suscita. E, por fim, iremos refletir sobre a 
influência das tecnologias no mundo do trabalho, 
identificando os desafios impostos aos 
trabalhadores. 
Meio ambiente, consumo e ética 
O consumo faz parte da história humana e está 
associado à sobrevivência dos grupos sociais, 
como bem sugeriu o sociólogo Zygmunt Bauman 
(2012) em sua obra “Vida para consumo: a 
transformação das pessoas em mercadoria.” 
Produzir, estocar e trocar produtos tem sido 
algumas das principais atividades humanas 
desde a Pré-História. Durante muitos anos, o 
consumo visou suprir as necessidades humanas: 
compravam-se ou trocavam-se produtos que 
eram necessários à sobrevivência ou à condução 
da vida social. Mas essa maneira de consumir se 
modificou ao longo do tempo, principalmente 
após a Revolução Industrial, iniciada na 
Inglaterra no século XVIII. 
A partir da Revolução Industrial a oferta de 
produtos passou a ser mais abundante e barata. 
O consumo tornou-se a base da movimentação 
da economia. E é com o aumento do consumo 
que as empresas passam a obter lucros. O 
consumidor, então, torna-se central nesse 
processo, pois é preciso convencê-lo a comprar 
os novos produtos disponíveis no mercado. 
Gradativamente, ao longo do século XX, temos a 
passagem do consumo para o consumismo. Mas 
qual a diferença entre consumo e consumismo? 
Saiba mais 
No âmbito da natureza, são muitos os problemas 
ecológicos que resultam da sociedade atual, dos 
métodos de consumo de energia, de matéria-
prima e, principalmente, dos rejeitos dos 
produtos eliminados no ambiente. A título de 
exemplo, podem ser citados: desertificações, 
buracos na camada de ozônio, alteração da 
acidez dos mares, desgelo das calotas polares, 
alterações climáticas, alterações das correntes 
marítimas, improdutividade das terras, entre 
outros. Na realidade, esses exemplos citados são 
somente alguns dos problemas ambientais que 
ameaçam o ecossistema da Terra. 
O que se percebe na prática são os danos 
causados pelo consumismo desenfreado, que 
enfraquece a consciência do sustentável e se 
forma cada vez mais a mentalidade do ter em vez 
de preservar, porém, existem formas de produzir 
sustentavelmente, como é o caso das novas 
formas de energia, a reciclagem do lixo e o 
tratamento da água. 
 
Podemos observar que a sociedade em geral, 
bem como indústrias e empresas, 
principalmente esta última, trabalham para 
incluir o termo sustentabilidade, a fim de 
estabelecer o equilíbrio entre o consumo e a 
preservação, e um detalhe importante é que os 
consumidores estão preferindo produtos de 
empresas que desenvolvem projetos 
sustentáveis e isso consequentemente, está 
agregando valor aos produtos, incentivando 
ainda mais a produção sustentável, sabemos que 
é quase impossível recuperar o que foi 
danificado, mas ainda existe a possibilidade de 
desenvolver formas inteligentes de consumo 
sustentável. 
As diferenças entre consumo e consumismo 
Seguindo as reflexões de Bauman (2012, p. 25), 
o “consumismo é um tipo de arranjo social” 
baseado nos desejos e anseios das pessoas. Mas 
estes desejos não obedecem a uma reflexão 
autônoma dos indivíduos. Eles são fruto de 
construções sociais, impostas pelas empresas, 
com a ajuda de campanhas de marketing, que 
têm o objetivo de convencer as pessoas – agora 
transformadas em “consumidoras” – 
de que elas precisam de determinados 
produtos. Temos, então, um tipo de organização 
social em que o consumo tornou-se tão 
importante que passou a ser percebido 
como “o verdadeiro propósito da existência” 
(CAMPBELL, 2004, apud BAUMAN, 2012, p. 24). 
De acordo com Bauman (2012), se nas 
sociedades e períodos históricos marcados pela 
lógica do consumo, a qualidade e a durabilidade 
dos produtos eram requisitos importantes, nas 
sociedades marcadas pelo consumismo os 
valores que implicam no consumo são outros. A 
segurança de um bem durável é substituída por 
uma quantidade cada vez maior de desejos 
imediatos, que são sempre renovados e 
ampliados, com a substituição constante dos 
objetos de desejo. Um bom exemplo é a 
velocidade com que os produtos tecnológicos, 
como celulares e computadores, tornam-se 
obsoletos. Como desfecho dessas constatações, 
temos uma espécie de círculo vicioso em que 
novos desejos demandam novos produtos e 
novos produtos demandam novos desejos. 
Mas quais as consequências para o meio 
ambiente do consumo desenfreado? Os 
produtos que são vendidos nas lojas e 
supermercados pressupõem a utilização de 
recursos naturais, sendo que muitos não são 
renováveis. E se os produtos se tornam 
rapidamente obsoletos, isso significa que muitos 
vão parar na lata do lixo. Então, quanto mais 
consumimos, mais produzimos lixo. Quais as 
consequências para a natureza de uma produção 
descontrolada de lixo? 
Produção de bens de consumo e o meio 
ambiente 
Para sustentar uma sociedade baseada no 
consumo, a produção de bens deve ser cada vez 
mais intensa. O desenvolvimento tecnológico, 
sobretudo, nas últimas décadas, tem 
intensificado a produção desses bens. As 
empresas mais sofisticadas utilizam máquinas, 
computadores, robôs, dentre outras tecnologias 
para aumentar a sua produtividade. Com uma 
maior oferta e demanda de produtos, 
acompanhamos o aumento do uso dos recursos 
naturais, o avanço da emissão de gases 
poluentes e uma acentuada produção de lixo 
(LEONARD, 2011). 
O uso intensivo dos recursos naturais nem 
sempre é acompanhado dos cuidados que a 
atividade demanda. Um exemplo que ilustra essa 
questão refere-se ao que ficou conhecido como 
o “Desastre de Mariana”, no estado de Minas 
Gerais, em que o rompimento de uma barragem 
de rejeitos de mineração, em 2015, causou uma 
série de danos ambientais. A tragédia é fruto de 
uma exploração desenfreada dos recursos 
naturais, almejando o lucro sem as devidas 
preocupações com o meio ambiente. 
 
Outro recurso natural bastante utilizado em 
nossa sociedade é o petróleo, que ainda é uma 
das bases que possibilita o movimento da 
economia de diversos países, tanto como 
combustível para veículos automotores, como 
em seus diversos usos na indústria de materiais 
plásticos. No entanto, a queima de combustíveis 
fósseis é responsável pela emissão de grandes 
quantidades de CO2 (dióxido de carbono) no 
planeta, um dos principais gases responsáveis 
pelo efeito estufa e, consequentemente, pelo 
aquecimento global (GIDDENS, 2012). 
A produção de lixo é outra consequência do 
consumo desenfreado dos nossos tempos. Em 
todo o ciclo de produção de bens, que começa 
com o processo de extração de matérias-primas 
da natureza, até sua utilização e descarte, há a 
geração de lixo em estado gasoso, líquido e 
sólido. Além disso, um grande desafioenfrentado pelas cidades é o que fazer com a 
quantidade de lixo produzido diariamente, uma 
vez que seu descarte inadequado causa sérios 
danos ao meio ambiente. Um dos danos é a 
poluição dos mares e rios, que gera degradação 
da vida marinha e põe em risco o abastecimento 
de água potável (PEREIRA, 2011). Além disso, há 
a emissão de gases produzidos pelos lixões, que 
intensificam o aquecimento global e poluem os 
lençóis freáticos. Apesar disso, muitas pessoas 
ainda não têm consciência dos riscos à vida do 
planeta que o descarte incorreto do lixo 
representa, por isso sacolas plásticas e 
embalagens de todo o tipo são comumente 
encontrados jogados pelas ruas. 
Mas será que a produção de lixo e a poluição do 
planeta é um caminho sem volta? E o que nós 
podemos fazer para amenizar ou até mesmo 
frear essa situação? 
Possibilidades para reverter a degradação 
do meio ambiente 
As soluções para os problemas apontados 
anteriormente não são simples e exigem a 
sensibilização do maior número possível de 
pessoas e, também, dos nossos governantes. 
Como afirma Anthony Giddens (2012), é preciso 
impor limites à destruição do planeta e para 
tanto o engajamento das nações é 
imprescindível. Mas em escala individual, 
algumas atitudes, como as descritas a seguir, 
também podem ser adotadas para transformar 
nossa sociedade e colaborar com o planeta. 
Saiba mais 
Anthony Giddens descreveu um cenário limítrofe 
que chamou de paradoxo de Giddens: por mais 
que os prognósticos em relação ao futuro do 
planeta sejam desastrosos se não revertermos a 
destruição do meio ambiente, o conhecimento 
que temos acerca do fenômeno da mudança 
climática não é suficientemente forte para 
mudar os hábitos cotidianos que contribuem 
para este fenômeno. O paradoxo reside no fato 
de que, quando a mudança climática se fizer 
sentir ao ponto de modificar os hábitos da 
população, será demasiado tarde para freá-la . 
Uma atitude passível de ser adotada é repensar 
nosso modelo de consumo. É necessário que 
cada vez mais pessoas passem a praticar um 
consumo consciente, refletindo se os bens 
adquiridos são uma necessidade ou apenas um 
impulso consumista. Junto disso, é possível 
contribuir com a preservação dos recursos 
naturais ao buscar informações sobre a origem 
da matéria-prima dos bens que consumimos – se 
foram produzidos com baixo impacto ambiental, 
por exemplo, e se são recicláveis. Outra 
providência que tem sido empregada em cidades 
que buscam reduzir a emissão de gases 
poluentes é o estímulo ao uso do transporte 
público. 
CASO 
A cidade de Paris, na França, tem por prática dar 
gratuidade no transporte público em dias que a 
poluição na cidade alcança picos muito elevados, o 
que faz com que menos carros circulem, diminuindo a 
emissão de gases poluentes. No Brasil, há cidades em 
que a poluição alcança níveis até duas vezes 
superiores aos estabelecidos pela Organização 
Mundial da Saúde, como é o caso de São Paulo. Apesar 
disso, não são tomadas medidas como a adotada por 
Paris. Quais interesses estão em jogo quando medidas 
comprovadamente eficazes para o combate à poluição 
não são observadas no Brasil? É comum em nosso país 
que decisões importantes a respeito do meio 
ambiente sejam tomadas levando em consideração, 
primeiramente, interesses econômicos – como é o 
caso dos das empresas de transporte público – em 
detrimento de interesses de ordem social e ambiental. 
Nesse sentido, é necessário um amplo debate na 
sociedade civil e uma maior pressão sobre o poder 
público para que interesses econômicos não se 
sobreponham ao da maioria da população. 
Para além das ações individuais, também é 
preciso demandar ações voltadas para a 
preservação do meio ambiente, tais como leis 
que coíbam o desmatamento e a poluição do 
solo e dos rios. Adotar uma postura ética perante 
a natureza, tanto a nível individual quanto a nível 
institucional e governamental, é urgente para 
frear a degradação ambiental. Além da questão 
ambiental, o desenvolvimento tecnológico 
também tem impacto nas relações sociais, 
assunto de estudo do nosso próximo tópico. 
O impacto da tecnologia nas relações 
sociais 
As tecnologias são inerentes à vida do homem 
em sociedade. Embora o termo seja 
costumeiramente empregado para designar 
produtos modernos e sofisticados do tempo 
presente, tecnologia remete às técnicas, 
métodos, instrumentos, utensílios empregados 
na realização das atividades humanas. Se 
pensarmos nas ferramentas construídas com 
pedras lascadas, no período que remonta à Pré-
História, as ferramentas com pedras polidas 
representam uma tecnologia melhorada e as 
com metais, uma verdadeira transformação 
tecnológica. Comparando com as máquinas e os 
instrumentos do nosso tempo, as ferramentas 
do período histórico denominado Idade dos 
Metais parecem obsoletas. 
Mas será que o domínio tecnológico do presente 
não seria consequência de cumulativas 
invenções e descobertas realizadas ao longo do 
tempo? E, por outro lado, existiriam 
peculiaridades no desenvolvimento tecnológico 
contemporâneo? Na verdade, o homem sempre 
desenvolveu tecnologia, a novidade é a dinâmica 
que elas assumiram nas sociedades capitalistas 
atuais. 
Os grandes marcos tecnológicos das 
sociedades humanas 
A história das tecnologias é marcada por eventos 
importantes, que determinaram a sobrevivência 
da espécie humana no planeta e a forma de 
organização social. Na Pré-História, por exemplo, 
a descoberta do fogo foi fundamental para a 
sobrevivência do homem. Além de proteger do 
frio, possibilitou o cozimento dos alimentos e, 
posteriormente, trabalhar com os metais. Já a 
agricultura aumentou significativamente a 
oferta de alimentos e possibilitou fixar o homem 
em um território, que até então era nômade, 
colaborando para o surgimento dos primeiros 
povoados e cidades (CARVALHO, 2014). Com a 
fixação do homem e o desenvolvimento da 
agricultura, o tempo que antes era gasto na caça 
e na coleta passou a ser empregado em outras 
atividades, resultando em novas invenções. 
Ao longo do tempo, a invenção de objetos, a 
maneira de produzir os bens e a forma de 
organização social foram se transformando. É a 
Revolução Industrial o principal acontecimento 
que marca o início da sociedade capitalista 
moderna. Esse evento desencadeou profundas 
transformações na forma de produzir 
manufaturados, com a intensificação do uso de 
maquinas a vapor, novas formas de organizar a 
produção nas fábricas e dando início a produção 
de massa. Temos, então, um progresso 
acelerado da indústria, com destaque para a 
têxtil e a dos transportes, com o 
desenvolvimento das ferrovias (CASTELLS, 1999). 
A Revolução Industrial também colaborou para o 
surgimento do capitalismo e para a destruição 
dos modos de produção artesanais. Os países 
que, na esteira da Inglaterra, se 
industrializaram, logo experimentaram um 
crescimento econômico sem precedentes. Não 
obstante, os trabalhadores perderam o controle 
sobre o processo de trabalho. Se antes o 
trabalhador era o responsável pela concepção e 
construção dos produtos, agora ele não é 
proprietário dos meios de produção, não cabe a 
ele sua concepção e irá executar apenas uma 
parte do trabalho, alienando-se do processo e do 
produto final. Além disso, as primeiras fábricas 
desse período proporcionaram lucros 
extraordinários para seus proprietários, mas 
péssimos salários e condições de trabalho aos 
trabalhadores (HOBSBAWM, 1977). 
A chamada Segunda Revolução Industrial, no 
século XIX, é um desdobramento da primeira, 
porém com a participação proeminente dos 
Estados Unidos. Neste período, temos a 
intensificação de inovações importantes, que se 
mantêm até os dias atuais, tais como o emprego 
da energia elétrica, a utilização do petróleo nos 
motores a combustão, as novas ligas 
metálicas mais resistentes e maleáveis. É nesse 
contexto que surgem os primeiros protótipos e 
os primeiros automóveis são comercializados. 
Novos métodos gerenciais tambémremontam a 
este período, buscando organizar 
as empresas para aumentar a sua 
produtividade. O norte-americano Frederick 
Taylor é uma das personalidades mais 
marcantes, ele elaborou uma obra chamada 
“Princípios da administração científica”, 
publicada em 1911, considerada um marco na 
história da administração. Nela, Taylor detalha 
como 
deve ser uma administração científica, busca
ndo a 
eficiência da empresa. Até mesmo os mínim
os gestos dos trabalhadores são estudados por 
Taylor, buscando fazer com que se produza mais 
em menos tempo . 
Na primeira metade do século XX, ocorre a 
consolidação e expansão 
do uso das tecnologias desenvolvidas ao longo 
do século anterior. Os países mais 
industrializados dominam a utilização do 
petróleo, da energia elétrica e possuem 
indústrias altamente mecanizadas. Já na segunda 
metade do século XX, a 
grande novidade advém das chamadas 
tecnologias de informação 
e comunicação (TIC). Também chamada de T
erceira Revolução Industrial, Revolução 
Informacional, Era Digital, Era da Informação, 
dentre outras denominações, o que caracteriza 
este momento histórico é o desenvolvimento 
das tecnologias de informação e comunicaçã
o, personificadas na figura dos 
computadores. A rede mundial de computad
ores, a internet, permitiu conectar o mundo 
com qualidade e instantaneidade. Rapidamen
te os computadores foram adotados pelas 
empresas, pelos governos e pelas pessoas. A 
capacidade que os computadores possuem de 
processar uma grande quantidade de dados é 
sem precedentes, além de permitir inúmeras 
outras atividades, pois se trata de uma 
tecnologia em constante aprimoramento . 
As Tecnologias da Informação e Comunicação 
(TIC) vêm tendo, a partir de então, uma 
influência crescente em nossa sociedade: nas 
empresas, nos governos, nas universidades, na 
ciência e na vida pessoal de cada um. Mas para 
além dos produtos tecnológicos entregues pela 
Era da Informação, existiriam singularidades na 
forma de organização da nossa sociedade 
causadas pelas tecnologias informacionais? E 
quais seriam as características principais desta 
nova Era? Precisamos refletir sobre isso, afinal de 
contas, estamos vivendo sob seus efeitos. 
A singularidade da era da Informação 
As transformações trazidas pela Era da 
Informação estão sendo impactantes, em graus 
diferentes, para todos os países. As novidades e 
possibilidades ensejadas pelos computadores e 
pela internet afetaram a organização das 
empresas, a forma de produzir e de trabalhar. 
Pela primeira vez na história, temos o 
conhecimento como a matéria-prima principal, 
como fonte da produtividade. 
O sociólogo Manuel Castells (1999), um dos 
principais teóricos da Era da Informação, 
apresenta as principais características deste 
período histórico, fornecendo pistas para 
entender as mudanças que ainda estão em 
curso. Segundo o autor, a penetrabilidade das 
novas tecnologias seria um dos fatores principais 
de sua abrangência. Dessa forma, todos os 
processos da vida, tanto individual quanto 
coletiva, seriam atingidos pelas novas 
tecnologias. Outro ponto importante seria o que 
o autor chamou de lógica das redes. Isso significa 
que as tecnologias permitem um estreitamento 
das relações, tanto dos sistemas produtivos 
quanto das relações sociais. 
Conectado à lógica das redes, 
Castells (1999) destaca outra característica d
e nossa época, trazida pelas TIC, que é a 
flexibilidade. A flexibilidade das redes faz com 
que os processos, as organizações ou instituições 
possam ser alterados a qualquer momento, 
pelo 
rearranjo de seus componentes. A flexibilidad
e é também responsável pelas rápidas 
mudanças que ocorrem 
nos padrões produtivos a nível mundial. Por 
fim, o autor aponta outro 
aspecto emblemático da Era da Informação, 
a intensa convergência de tecnologias em um 
sistema cada vez mais integrado. Ou seja, as 
 novas tecnologias de comunicação e 
de informação estão integradas com todo o 
sistema produtivo, com 
as engenharias, com a química e com as de
mais ciências, influenciando-se mutuamente, 
estando em constante evolução. 
Afora essas características apresentadas, tem
os ainda outros desdobramentos oriundos 
do desenvolvimento das TIC. A internet, por 
exemplo, além de conectar as pessoas que se 
encontram em diferentes locais no globo, deu 
um novo impulso à acumulação capitalista, com 
o protagonismo do 
mercado financeiro que, a partir de então, 
controla o movimento da economia em tempo 
real e transfere seu capital de um país a outro 
em um clique. Temos aqui o que foi denominado 
de globalização, marcada por intensas trocas 
comerciais e culturais entre os países. 
Outro aspecto marcante é a automação de 
muitas atividades que antes eram realizadas pelo 
ser humano. Há uma crescente substituição da 
mão de obra humana por máquinas, 
computadores e robôs. Nesse ponto, a 
interpretações sobre as novas tecnologias é 
bastante polarizada: há quem argumente que as 
máquinas estão destruindo o emprego das 
pessoas; e há quem pense que, se empregos 
estão sendo destruídos, também novos 
empregos estão sendo criados. 
Em que pesem as especulações, ainda não se 
tem com exatidão a resposta para a questão se a 
balança entre extinção e criação de empregos se 
equilibrará. O certo é que as indústrias e 
empresas que mais se desenvolvem na 
atualidade são aquelas que se utilizam das novas 
tecnologias. O mercado de trabalho cresce em 
áreas que produzem computadores e seus 
componentes, como softwares, circuitos 
eletrônicos e serviços voltados à informática e a 
tendência é que isso se intensifique, abrangendo 
todos os setores da economia de forma cada vez 
mais intensa. 
É importante destacar que as novas tecnologias 
de informação e comunicação transformaram, 
significativamente, o sistema produtivo 
mundial. Mas também é importante 
compreender que estas mudanças atingiram a 
forma de organização da sociedade, que passou 
a 
estar conectada com o mundo por meio da 
internet (CASTELLS, 1999). É a natureza das 
relações humanas que está se transformando. A 
proximidade virtual entre as pessoas, 
a velocidade dos acontecimentos e a penetr
abilidade das tecnologias transforma 
a maneira como nos relacionamos uns com 
os outros e com a sociedade. Realmente, 
vivemos em um 
mundo surpreendente e a questão do 
desenvolvimento tecnológico também requer 
uma abordagem do ponto de vista ético, 
como vamos acompanhar no próximo tópico. 
Ciência, tecnologia e ética 
Você acredita que sempre se fez ciência da 
mesma forma, ao longo da história da 
humanidade? Ao contrário do que se possa 
imaginar - de que a ciência é uma atividade 
sempre cumulativa e que progride linearmente 
ao longo do tempo - ela possui rupturas e 
reorientações, que a conduziram até seu estado 
atual (KUHN, 1997). Os primeiros passos da 
ciência, tal como a conhecemos hoje, foram 
dados a partir do século XV, com a Revolução 
Científica. 
Se até o final da Idade Média a forma como a 
humanidade conhecia o mundo estava vinculada 
a concepções teológicas e filosóficas, a partir do 
século XV e, especialmente, com os estudos de 
Galileu Galilei, a produção de conhecimento 
científico tomou um rumo mais prático. O 
empirismo e o método indutivo, que define a 
produção de conhecimento científico através da 
observação e a da experiência, firmaram-se 
como paradigmas metodológicos da nova forma 
de fazer ciência. 
Saiba mais 
Considerado o pai da ciência moderna, Galileu 
Galilei foi um cientista italiano que viveu entre os 
séculos XVI eXVII. Por defender a teoria 
heliocentrista de Nicolau Copérnico (1473-
1543), de que a Terra girava em torno do Sol, e 
não o contrário, entrou em conflito com a Igreja, 
instituição que definia então o que era a 
“verdade”, segundo a interpretação das 
Sagradas Escrituras. Foi condenado pelo Tribunaldo Santo Ofício e obrigado a desmentir suas 
teses para escapar da morte. 
Observamos uma maior profissionalização e 
institucionalização da prática científica durante o 
século XIX. Descobertas, invenções e novas 
tecnologias se conjugaram e se 
retroalimentaram para promover grandes saltos 
de conhecimento que transformaram o modo 
como nos relacionamos com a natureza e com o 
mundo. Quais seriam os principais avanços 
trazidos pela ciência? 
Passos cada vez mais largos e mais rápidos: 
os avanços da ciência 
Ao longo do século XX, o desenvolvimento 
tecnológico e a expansão econômica e industrial 
causaram impactos profundos na vida social e 
cultural, na organização das cidades, nas formas 
de comunicação e transporte, bem como na 
relação entre homem e natureza. Se no início do 
século XX a ideia de que algum dia o homem 
pudesse “voar como um pássaro” parecia algo 
fantasioso e altamente improvável, na segunda 
metadeo homem já dava seus primeiros passos 
na lua. Esse exemplo ilustra a rapidez crescente 
com que as transformações, inovações, 
tecnologias e descobertas científicas se 
descortinam diante dos olhos das sociedades nos 
séculos XX e XXI. 
A primeira metade do século XX foi 
profundamente marcada pela eclosão de duas 
Grandes Guerras de implicação mundial, e os 
desafios impostos por este contexto acelerou o 
desenvolvimento de tecnologias e inovações, 
dentre elas a que marcou o século XX: a energia 
atômica, cuja aplicação trágica pôs fim à Segunda 
Guerra Mundial, mas sob pena de devastar duas 
cidades japonesas – Hiroshima e Nagasaki, a fim 
de mostrar a força bélica dos Aliados. Foi a 
primeira vez na História que uma criação 
humana mostrou força com potencial de colocar 
em suspenso a garantia da própria sobrevivência 
da espécie humana no planeta, e os aspectos 
éticos que decorrem daí se tornaram 
incontornáveis. 
A medicina científica foi uma das áreas que mais 
cresceu no último século. Em 1920, Alexander 
Fleming descobriu, por acaso, o mais poderoso 
antibiótico utilizado na medicina: a penicilina. 
Junto com os antibióticos, as vacinas, cirurgias 
assépticas, anestesia, transplantes de 
órgãos, cirurgias menos invasivas, dentre 
outros, fizeram saltar a expectativa de vida dos 
seres humanos no período (UJVARI; ADONI, 
2014). No Brasil, por exemplo, em 1910, a 
esperança de vida ao nascer era de 34,6 anos. Em 
2010, de 72,6 anos, ou seja, aumentou 38 anos 
no período (IBGE, 2018). Já o 
desenvolvimento da engenharia genética, a 
partir da década de 1950, viria revolucionar o 
entendimento e as possibilidades das terapias 
médicas. 
Por outro lado, a história da tecnologia e da 
ciência médica é também um terreno tortuoso 
no qual se conjugam avanços significativos com 
debates e entraves éticos ferozes. Muitos dos 
tratamentos terapêuticos disponíveis 
atualmente são resultados de testes, 
experiências e estudos questionáveis do ponto 
de vista ético. 
Os avanços da ciência médica e a ética 
científica 
Os campos de batalha das duas grandes Guerras 
Mundiais tornaram-se verdadeiros laboratórios a 
céu aberto para a atuação médica. Com pouco 
tempo para agir, poucos recursos e a alta 
probabilidade de que soldados feridos nestas 
condições viessem a óbito, era justificável que 
tratamentos mais arriscados e inovadores 
fossem utilizados, de modo que a medicina pôde 
testar métodos, refutar alguns e validar outros, 
bem como descobrir tratamentos inteiramente 
novos. Foi nesse contexto que surgiram novas 
técnicas cirúrgicas, anestesia, o tratamento com 
soro fisiológico, transfusão de sangue, dentre 
outras (UJVARI; ADONI, 2014). Mas no que diz 
respeito à Segunda Guerra Mundial, não apenas 
o campo de batalha foi utilizado como 
laboratório médico. Os experimentos médicos 
levados a cabo pelo regime nazista junto aos 
prisioneiros dos campos de concentração 
chocam pela crueldade: as cobaias humanas 
eram coagidas a participar e as experiências 
resultavam, em grande parte das vezes, em 
morte, incapacidade permanente, mutilação ou 
desfiguração. 
É impossível negar que a ciência médica tenha 
evoluído graças a episódios tão grotescos e 
chocantes, e hoje parte dos conhecimentos 
médicos de que dispomos são resultados de tais 
experiências. Existe, inclusive, o debate sobre se 
os dados produzidos em situações tão 
desumanas poderiam ser utilizados pela 
medicina atual. 
Os avanços da ciência médica nas últimas 
décadas têm suscitado debates éticos de outra 
ordem. Quando os norte-americanos Watson e 
Crick desvendaram a estrutura molecular do 
DNA em 1953, abriram-se as portas para que se 
começasse a adentrar um dos maiores mistérios 
da humanidade: como a vida funciona. Cerca de 
50 anos mais tarde, a descoberta da estrutura da 
dupla hélice levou ao sequenciamento do 
genoma humano, uma verdadeira revolução na 
medicina. Considerando que a genética é 
responsável, pelo menos em parte, por todas as 
doenças que acometem os humanos, o seu 
sequenciamento torna viável a chamada 
“medicina individual”. Ou seja, já é possível 
conhecer as características genéticas individuais 
de uma pessoa de modo a garantir tratamentos 
mais eficazes e personalizados, ou mesmo 
prevenir doenças com base em suas 
predisposições genéticas (UJVARI; ADONI, 2014). 
O cenário, nesse sentido, é de grande otimismo. 
Doenças que hoje afetam grande parte da 
população e se constituem em fonte de 
preocupação, como é o caso do câncer em suas 
diversas manifestações, poderão ser tratadas 
mais eficazmente, e até mesmo prevenidas antes 
de se manifestar. Mas o debate ético sobre o uso 
e a aplicação deste poderoso conhecimento tem 
se acirrado cada vez mais. Imagine se uma 
empresa, antes de contratar seus funcionários, 
pedir exames de sequenciamento genético. Ao 
identificar riscos de doenças futuras, se 
eliminaria o candidato da disputa pela vaga? 
Pesquisadores já têm alertado para o fato de que 
cada vez mais o conhecimento sobre o genoma 
pode se transformar num elemento de poder das 
instituições sobre os indivíduos. 
Dominar o conhecimento sobre o 
sequenciamento genético significa também 
conhecer as bases da manipulação genética. 
Poderíamos fazer a analogia com o poder dos 
cientistas em “brincar de Deus”. O ser humano 
hoje é capaz de interferir na natureza de outro 
ser humano – escolher sexo, cor dos olhos, cor 
da pele, e outras características. Os passos dados 
em direção ao maior domínio genético do ser 
humano são também os passos que nos 
aproximam de uma manipulação e interferência 
cada vez maior. Assim como os usos negativos de 
tecnologias, como a energia atômica, corremos 
os riscos de utilizar indevidamente a engenharia 
genética. Quais medidas devemos tomar para 
conseguir aproveitar os benefícios desses 
avanços e evitar as tragédias que podem 
decorrer? 
Outros exemplos podem ser citados para 
debater a questão da ética da ciência médica e 
do fazer científico em geral: já somos capazes de 
clonar animais – o caso da Ovelha Dolly foi um 
marco na história da ciência. Quanto falta para 
clonarmos seres humanos? A tecnologia permite 
realizar modificações genéticas para aumentar a 
produtividade de inúmeras culturas que servem 
de base para a alimentação humana. A indústria 
aplica esse conhecimento em larga escala e hoje 
boa parte do que consumimos provêm de 
organismos geneticamente modificados. Mas 
temos a garantia de que esses alimentos são 
realmente seguros, especialmente em médio e 
longo prazo? 
Saiba mais 
Há uma grande polêmica envolvendo a pesquisa 
de células-tronco embrionárias para o avanço da 
ciência médica. Células-tronco têm a capacidade 
de se recompor em qualquer tecido do corpo 
humano e, teoricamente, seu uso poderia tratar 
um infindável número de doenças, inclusive 
alguns tipos de câncer. Cientistas alegam que 
seriam usados embriões descartados em clínicas 
de fertilização, mas setores religiosos e grupos 
antiaborto, que consideram que a vida começa 
no momento da concepção, travam o avanço da 
pesquisaneste setor da ciência (TAKEUCHI; 
TANNURI, 2006). 
Os debates mencionados acima são questões 
para as quais não temos respostas exatas. O que 
precisamos manter presente é a necessidade de 
estar atentos ao desenvolvimento de novas 
tecnologias e descobertas, pesando as 
consequências de seus usos e aplicações sob a 
égide da ética científica e do respeito à dignidade 
humana. Inovações tecnológicas e científicas não 
são boas ou más em si mesmas, mas dependem 
dos usos que a sociedade faz delas. E estes usos, 
muitas vezes, são pautados por interesses 
econômicos, especialmente, de grandes 
corporações. Como consequência desses 
interesses, temos o impacto do desenvolvimento 
tecnológico também no mundo do trabalho, 
nosso assunto de estudo a seguir. 
Trabalho e desenvolvimento tecnológico 
O atual desenvolvimento tecnológico ensejou 
importantes transformações e desafios ao 
mundo do trabalho. Sua natureza e sua 
centralidade são objeto de indagações, tanto por 
parte dos especialistas, quanto por parte dos 
empresários e trabalhadores. Muitas coisas 
mudaram ou estão mudando na realidade do 
trabalho, tais como qualificações necessárias 
para desempenhar determinadas tarefas, o local 
em que o trabalho é realizado, o tempo dedicado 
ao trabalho e a flexibilidade do trabalho e da 
legislação. Tudo isso só é possível graças ao 
desenvolvimento acelerado e abrangente das 
tecnologias de informação e comunicação, que 
possibilitaram a reestruturação produtiva dos 
últimos anos. 
Mas afinal, o que mudou no mundo do trabalho? 
Quais os requisitos que são demandados aos 
trabalhadores na atualidade? E como o 
desenvolvimento tecnológico se encaixa nesta 
complexa engrenagem que é o mundo do 
trabalho? 
A reorganização do mundo do trabalho e os 
impactos sobre os trabalhadores: a 
reestruturação produtiva 
A reestruturação produtiva que as empresas 
realizaram após a chamada crise do petróleo, 
nos anos 70, teve forte impacto no mundo do 
trabalho e sérias consequências para os 
trabalhadores. Neste período se 
dá a substituição paulatina do paradigma for
dista de produção pelo 
modelo denominado Toyotismo. O 
novo modelo caracteriza- se pela produção 
enxuta, também denominada acumulação 
flexível (HARVEY, 1992). A produção passou as 
ser Just-in-time, ou seja, o tempo entre comprar 
insumos, produzir os produtos e vendê-los no 
mercado 
foi reduzido a fim de evitar desperdícios e 
melhorar a eficiência dos negócios. Temos aqui a 
chamada produção por demanda, em que o 
produto é vendido primeiro e fabricado depois. 
A grande maioria destas transformações no 
modo de produção só foi possível de se 
concretizar devido ao desenvolvimento das 
novas tecnologias de informação e comunicação 
e das inovações delas decorridas. O controle 
exigido durante todo o processo somente é 
realizado de forma virtuosa com a ajuda de 
máquinas e computadores. Além disso, as 
máquinas são responsáveis 
por desempenhar, com maior perfeição e 
velocidade, as atividades que antes eram 
realizadas por vários trabalhadores. Como 
consequência, e devido à crescente 
automatização, temos uma redução do número 
de trabalhadores no chão de fábrica e uma 
modificação no tipo de trabalho demandado 
(ANTUNES, 2003). 
As mudanças no padrão produtivo, para além das 
tecnológicas e gerenciais, também estão 
acompanhadas de mudanças políticas e 
econômicas. Observou-se nas últimas décadas, 
juntamente com a reestruturação produtiva, a 
flexibilização do trabalho e das leis trabalhistas, 
tendo como consequência a perda de direitos 
por parte dos trabalhadores (HARVEY, 1992; 
ANTUNES, 2003). 
Todas estas mudanças relatadas até aqui 
chegaram ao Brasil no final dos anos 1980 e se 
intensificaram nos anos 1990, com o processo de 
liberalização da economia brasileira. Em que 
pese a reestruturação produtiva ter eliminado 
empregos que pertenciam ao modelo Fordista e 
Taylorista de organização, bem como ter 
imposto uma nova forma de inserção 
profissional tendo como suporte as novas 
tecnologias, estas mesmas tecnologias podem 
representar uma janela de oportunidades para 
os países se desenvolverem. É por isso que o 
Brasil vem realizando esforços para se integrar 
aos mercados mundiais de forma diferenciada. 
Mas para que o país aproveite as oportunidades 
que as TIC abriram às economias emergentes, é 
preciso elevar os investimentos em ciência e 
tecnologia e também em educação e superar, 
assim, os efeitos negativos do novo paradigma 
produtivo. E, afinal, quais as características do 
trabalho na Era da Informação? O que se espera 
dos trabalhados inseridos nesse contexto? 
As singularidades do trabalho na Era da 
Informação 
As mudanças no mercado de trabalho 
desenharam também um novo perfil de 
trabalhador desejável. Em períodos anteriores, 
as empresas demandavam em grande escala 
trabalhadores pouco qualificados, que 
desempenhavam tarefas repetitivas ao longo da 
linha de montagem, produzindo bens de forma 
massiva e padronizada. Com os rearranjos 
proporcionados pela Era da Informação, hoje o 
trabalhador que quiser se manter empregável 
precisa ser qualificado, pois o tipo de atividade 
que ele deve desempenhar é cada vez mais 
complexo. Além disso, o perfil ideal é de quem 
sabe trabalhar em equipe, pois a estrutura rígida 
e hierarquizada da fábrica Fordista dá lugar a 
ilhas de produção em que a cooperação e a 
criatividade são indispensáveis. 
Além disso, observa-se que as trajetórias 
profissionais se multiplicaram. Se no passado o 
trabalhador aposentava-se na mesma empresa 
em que começou a trabalhar, ou no máximo 
trocava de empresa, mas seguia na mesma 
profissão, no presente as trajetórias são 
múltiplas. O tempo de permanência do 
trabalhador em uma mesma corporação 
diminuiu significativamente e a mobilidade entre 
empresas é uma constante. 
A estabilidade do trabalho pode não vir do fato 
do indivíduo permanecer no mesmo emprego 
durante muito tempo, mas por ele se manter 
empregável. O fato é frequentemente verificado 
no mercado de tecnologia da informação, 
sobretudo, no setor de software, em que os 
trabalhadores atuam em equipes e por projetos. 
Assim que os projetos acabam, a equipe é 
desfeita e o trabalhador fica sem trabalho até 
que um novo projeto inicie. O intervalo entre um 
e outro não se configura em desemprego, uma 
vez que faz parte deste mercado de trabalho em 
específico, embora, devido à demanda da área, o 
intervalo muitas vezes seja inexistente. 
Saiba mais 
A crescente informatização das relações de 
trabalho tem feito despontar novas relações e 
formas de trabalho. Uma dessas novas formas é 
o home office, ou seja, o trabalho em 
espaço alternativo ao escritório, ou trabalho 
remoto. Estudos apontam que tal modalidade 
pode aumentar a satisfação pessoal 
do trabalhador com sua atividade, ao mesmo 
tempo em que diminui o impacto ambiental, 
uma vez que haveria menos deslocamentos nas 
cidades. Segundo dados do IBGE, em 2010 23% 
dos brasileiros trabalhavam em home office 
durante parte da semana (FEIJÓ, 2017). 
Por outro lado, se há um novo perfil de empresas 
com demandas específicas aos trabalhadores, há 
também, como demonstra Mocelin (2009), uma 
nova geração de trabalhadores que aspiram 
empregos com este perfil que surgiu na Era da 
Informação. São pessoas dinâmicas, bem 
escolarizadas, que preferem um trabalho 
desafiador, mesmo com risco de cair no 
desemprego, a um trabalho com estabilidade, 
mas monótono. Preferem também a liberdade 
de escolher o tempo e o local de trabalho. Enfim, 
os computadores e a internet mudaram o mundo 
do trabalho, e as sociedades devem 
compreender estas mudanças para melhor 
reagir a elas.

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