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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho

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2009
3.ª edição
Esse material é parte integrante do Videoaulas on-line do IESDE BRASIL S/A, 
mais informações www.videoaulasonline.com.br
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
Capa: IESDE Brasil S.A.
Imagem da capa: Domínio público
© 2006-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autoriza-
ção por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
P324 Paula, Ercília Maria Angeli Teixeira de; Mendonça, Fernando 
Wolff. / Psicologia do Desenvolvimento. / Ercília Maria 
Angeli Teixeira de Paula; Fernando Wolff Mendonça. 3. ed. — 
Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009.
292 p.
ISBN: 978-85-387-0040-1
1. Psicologia do desenvolvimento. 2. Comportamento humano 
– desenvolvimento. 3. Aprendizagem. I. Título. II. Mendonça, 
Fernando Wolff.
CDD 155
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Mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná – UFPR. Especialista em 
Pedagogia Terapêutica pela Universidade Tuiuti do Paraná. Fonoaudiólogo pela 
Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUCPR.
Fernando Wolff Mendonça
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Mestre em 
Educação pela Universidade de São Paulo – USP. Pedagoga pela Universidade Es-
tadual de Campinas – UNICAMP. Professora do Ensino Superior.
Ercília Maria Angeli Teixeira de Paula
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Sumário
Aspectos históricos da 
Psicologia do Desenvolvimento ......................................... 13
A importância dos estudos do desenvolvimento infantil .......................................... 13
As diferentes linhas do pensamento psicológico .......................................................... 14
As primeiras correntes psicológicas ................................................................................... 14
Correntes teóricas da Psicologia no século XX ............................................................... 17
Corrente teórica da Psicologia voltada 
para os estudos do inconsciente e da afetividade ........................................................ 19
Correntes teóricas da Psicologia voltadas para as interações sociais ..................... 20
A criança como um ser que aprende e se desenvolve ................................................. 22
Vygotsky: vida e obra .............................................................. 27
Vygotsky e a sua visão da realidade ................................................................................... 29
Bases epistemológicas de Vygotsky .................................. 37
O processo de humanização ................................................ 47
A cultura ....................................................................................................................................... 50
A significação .............................................................................................................................. 51
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A função do instrumento, do símbolo 
e da linguagem no desenvolvimento humano ............. 57
A função instrumental ............................................................................................................. 58
O papel da linguagem e da fala no desenvolvimento humano ............................... 59
A formação de conceitos elementares ............................. 67
Os sujeitos de interação como mediadores de conceitos .......................................... 68
A tomada de consciência pela criança da organização social .................................. 70
O papel da linguagem na estruturação do pensamento infantil ............................ 72
A formação de conceitos científicos .................................. 79
O papel da escola e os conceitos científicos ................................................................... 80
O professor e os conhecimentos científicos .................................................................... 83
O desenvolvimento mental segundo Piaget .................. 89
Introdução ................................................................................................................................... 89
O desenvolvimento mental segundo Piaget ................................................................... 90
Estágios do desenvolvimento da teoria piagetiana .....103
O que são os estágios ............................................................................................................104
O estágio sensório-motor ....................................................................................................105
O estágio pré-operatório ......................................................................................................106
O estágio operatório concreto ...........................................................................................108
O estágio operatório formal ................................................................................................109
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O desenvolvimento da inteligência .................................115
Fatores de desenvolvimento ...............................................................................................116
Aprendizagem e conhecimento ........................................................................................118
Tipos de experiência ..............................................................................................................120
Desenvolvimento moral .......................................................................................................120
Wallon e a Psicologia genética ..........................................131
Aspectos biográficos ..............................................................................................................131
Método ........................................................................................................................................134
Fundamentos epistemológicos..........................................................................................134
Wallon e o desenvolvimento da consciência ...............145
As leis reguladoras dos estágios ........................................................................................145
Os estágios .................................................................................................................................146
A teoria psicanalítica de Sigmund Freud .......................157
Contextualização da Psicanálise ........................................................................................159
A construção do aparelho 
psíquico e o estágio do espelho .......................................171
Segunda teoria do aparelho psíquico..............................................................................171
Fase oral ......................................................................................................................................174
A fase anal ..................................................................................................................................175
Fase fálica ...................................................................................................................................176
Complexo e castração de Édipo .........................................................................................176Fase de latência ........................................................................................................................178
Fase genital ................................................................................................................................178
O estágio do espelho em Lacan .........................................................................................179
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Mecanismo de defesa ...........................................................185
Projeção ......................................................................................................................................186
Isolamento .................................................................................................................................187
Negação ......................................................................................................................................187
Anulação .....................................................................................................................................188
Introjeção ...................................................................................................................................188
Identificação ..............................................................................................................................188
Formação reativa .....................................................................................................................189
Deslocamento ..........................................................................................................................189
Idealização .................................................................................................................................190
Conversão ..................................................................................................................................190
Regressão ...................................................................................................................................190
Racionalização ..........................................................................................................................190
Sublimação ................................................................................................................................191
Princípio fundamental da teoria psicanalítica ..............................................................192
O professor e a teoria freudiana da aprendizagem ....................................................192
Erik Erikson: o desenvolvimento psicossocial ..............205
Formação da personalidade ................................................................................................206
Crise psicossocial .....................................................................................................................207
Desenvolvimento contínuo .................................................................................................208
Psicologia cognitiva: 
o processamento da informação ......................................221
A evolução das ciências cognitivas do século XX e XXI .............................................222
As áreas de desenvolvimento da pesquisa cognitiva ................................................224
Contribuições para os dias de hoje ...................................................................................227
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As inteligências múltiplas de Howard Gardner ...........235
O que são as múltiplas inteligências? ..............................................................................236
Critérios e características para existência da inteligência ........................................236
Os tipos de inteligência de Gardner .................................................................................238
Perspectiva do estudo da inteligência segundo Gardner ........................................240
A inteligência triárquica de Robert Sternberg .............247
Teoria triárquica da inteligência e processo de resolução de problemas ...........248
As relações da inteligência com o sujeito e com o mundo ......................................250
Teorias psicológicas do desenvolvimento humano .....259
Teorias psicológicas do desenvolvimento .....................................................................259
Diferentes ideias e reflexões sobre a escola ..................................................................262
Gabarito .....................................................................................269
Referências ................................................................................281
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Apresentação
Este livro foi preparado para que você acompanhe as aulas de Psicologia do De-
senvolvimento e aprofunde seus conhecimentos sobre as mudanças de compor-
tamento humano durante as mais diferentes fases da vida.
Nele, você encontrará subsídios essenciais para sua prática profissional; ao longo 
das aulas, além de entrar em contato com o contexto histórico do surgimento 
dessa disciplina, conhecerá suas diferentes correntes, alguns dos principais estu-
diosos e as contribuições contemporâneas a esse campo. 
Para que você possa fixar o que aprendeu, o livro traz atividades abertas, exercí-
cios e também sugestões de leitura e filmes, os quais ilustram os debates e podem 
ajudá-lo a perceber a aplicação dos conceitos aprendidos na prática.
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A construção do aparelho 
psíquico e o estágio do espelho
Segunda teoria do aparelho psíquico
De acordo com Bock (2002), Sigmund Freud remodelou a teoria do 
aparelho psíquico entre 1920 e 1923, por meio dos conceitos de id, ego 
e superego. Nas suas primeiras obras, ele considerava que o aparelho psí-
quico é constituído do consciente, inconsciente e pré-consciente. Anos 
mais tarde, acrescentou os conceitos de id, ego e superego.
Para Freud, o id é a parte mais primitiva do ser humano, sendo formado 
pelos instintos sexuais e agressivos. Para Fadiman e Frager (1986), as leis 
lógicas do pensamento não se aplicam ao id. Ele é o reservatório de ener-
gia da personalidade e os seus conteúdos são quase todos inconscientes. 
Além disso, o id também é regido pelo princípio do prazer.
Para Freud (apud SCHULTZ; SCHULTZ, 1992, p. 344), o id é “um caos, um 
caldeirão repleto de fervilhantes excitações e não conhece juízos de valor, 
nem o bem, nem o mal, nenhuma moralidade”.
O ego serve de mediador entre o id e o meio exterior. Para Bock (2002), o 
ego proporciona o equilíbrio entre as exigências do id e as exigências da re-
alidade, do ego e do superego. Essa estrutura do aparelho psíquico é regida 
pelo princípio da realidade. O ego representa o eu, a racionalidade, e ajuda 
as pessoas a pensarem, ajuda-as a não agirem pelos impulsos do id.
O superego é a parte controladora do pensamento. Ele se desenvolve 
desde a infância, quando os pais repreendem as ações dos filhos, e é for-
mado pelas restrições morais. Para Bock (2002, p. 77), o superego repre-
senta “a moral e os ideais que são funções do superego. O conteúdo do 
superego refere-se às exigências sociais e culturais”.
É no superego que aparece o sentimento de culpa quando a pessoa faz 
algo errado ou fica se punindo, mesmoque o ato incorreto não tenha ocor-
rido. O superego é constituído pelos julgamentos que estão presentes na 
mentalidade dos indivíduos e são formados por meio de valores morais e 
sociais transmitidos pela cultura. Freud chamava atenção para o papel do 
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172
Psicologia do Desenvolvimento
Estado, da família e da igreja como formadores do superego na personalidade das 
pessoas.
Em termos gerais, Bock (2002, p. 77) caracteriza a segunda teoria do aparelho 
psíquico descrita por Freud a partir das três instâncias:
O id constitui o reservatório da energia psíquica, é onde se “localizam” as pulsões: a de vida e 
a de morte. As características atribuídas ao sistema inconsciente, na primeira teoria, são nesta 
atribuídas ao id. É regido pelo princípio do prazer.
O ego é o sistema que estabelece o equilíbrio entre as exigências do id, as exigências da 
realidade e as “ordens” do superego. Procura “dar conta” dos interesses da pessoa. É regido pelo 
princípio da realidade que, com o princípio do prazer, rege o funcionamento psíquico. É um 
regulador, na medida em que altera o princípio do prazer para buscar a satisfação considerando 
as condições objetivas da realidade. Neste sentido, a busca do prazer pode ser substituída pelo 
evitamento do desprazer. As funções básicas do ego são: percepção, memória, sentimentos, 
pensamento.
O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos 
limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções do superego. O conteúdo do superego 
refere-se a exigências sociais e culturais.
Como existem conflitos intermitentes no desenvolvimento humano, as pes-
soas têm que conciliar os desejos do id, atender às demandas do ego e lidar com 
a perfeição e o controle do superego.
A noção de id está relacionada aos instintos do homem, ou seja, a seus impul-
sos. O homem possui diferentes instintos e impulsos. Existem movimentos do id na 
busca de satisfação libidinal. O ego também procura satisfazer sua libido e realizar 
uma relação consigo mesmo, esse processo é denominado de narcisismo primário.
A noção de instinto de Freud também está relacionada com a ideia de defesa, 
alívio das tensões e satisfação das necessidades humanas. De acordo com Fadiman 
e Frager (1986), o termo instinto, quando utilizado por Freud, não está na mesma 
concepção empregada para os instintos animais. Para a interpretação psicanalíti-
ca, no homem os instintos estão associados a desejos físicos e mentais.
Freud considera que o homem possui dois instintos básicos que representam 
forças opostas. De um lado, está o instinto sexual e, de outro, o da agressividade, 
o instinto destrutivo. De certa forma, para sobreviver, o homem precisa da união 
desses dois polos. Ou seja, o homem precisa ser regido pelo princípio da vida, do 
prazer, mas também precisa direciona-se pelo princípio da realidade, pois não é 
possível se orientar somente pelo princípio do prazer, nem tampouco apenas 
pelo princípio da realidade. Na vida, são necessários momentos de fantasia, mas 
também de enfrentamento dos problemas e situações.
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
173
As pulsões de vida e de morte alternam-se no processo de desenvolvimento 
humano e também podem se repetir: as pessoas estão ora felizes, ora tristes. Existem 
processos de êxtase e descontentamento com a vida que se alternam e se repetem.
Para Schultz e Schultz (1992), Freud classifica os instintos da vida como os da 
fome e os da energia sexual. Eles estão voltados para a auto-preservação e sobrevi-
vência da espécie. Os instintos da morte estão voltados para a destruição e facilmen-
te podem ser notados em condutas masoquistas, no suicídio, em reações de ódio e 
agressão.
Os instintos de conservação não podem ser protelados por muito tempo. Os 
instintos sexuais podem ser adiados e concomitantemente a sua energia trans-
formada em benefício de outras atividades.
De acordo com Fadiman e Frager (1986), Freud considera que os instintos 
são os canais por meio dos quais a energia pode fluir. No caso dos instintos de 
conservação e preservação da vida, a sexualidade é uma maneira de liberar os 
instintos. Porém, quando as relações sexuais não ocorrem, as pessoas podem 
sublimar o ato sexual e satisfazer suas necessidades em outras atividades que 
lhes dão prazer. Por isso Freud considera que a libido é a energia aproveitável 
dos instintos da vida.
Quanto à energia do instinto de morte ou agressão, Fadiman e Frager (1986) 
explicam que Freud não atribuiu um nome a essa energia. No entanto, ele con-
sidera que ela segue as mesmas leis da energia sexual. Ou seja, quando um indi-
víduo não consegue agredir uma pessoa que deseja, pode canalizar sua energia 
agressiva para outra coisa ou pessoa.
Freud afirma que a energia sexual, a libido, é a grande promotora das ações dos 
indivíduos. A libido pode estar a serviço de funções não necessariamente sexuais. 
Um indivíduo pode realizar bem o seu trabalho movido por seu amor por esse traba-
lho, o que pode ser uma forma de libido. Como também, quando está com a libido 
baixa, pode não querer se envolver com muitas atividades ou com uma pessoa.
Em Psicanálise, o termo sexual não significa “genital”. Esse qualificativo, genital, 
deve ser utilizado somente para certas manifestações da sexualidade do sujeito. O 
prazer gerado por via da excitação ritmada de qualquer zona corporal deve ser, por-
tanto, qualificado como sexual, mesmo quando não está associado à relação sexual.
Freud procurou desenvolver sua teoria fundamentada nas considerações sobre 
o papel e a influência da sexualidade nas condutas humanas. Nesse processo, ele 
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174
Psicologia do Desenvolvimento
percebeu que o desenvolvimento da sexualidade ocorre através de diferentes 
fases, que se iniciam desde o nascimento do bebê. A fase do complexo de Édipo é 
uma fase importante para compreensão de como se forma o superego na crian-
ça, o sentimento de culpa e a necessidade do castigo.
Fase oral
Nome dado à fase de organização libidinal que se estende desde o nascimen-
to até o desmame. Essa fase poderia ser chamada também de fase bucal, posto 
que está sob a primazia da zona erógena bucal.
A necessidade fisiológica de chupar surge nas primeiras horas de vida. Apesar 
de saciado, durante o sono o bebê permanece a sugar os lábios. O prazer da 
sucção é autoerótico e independe das necessidades alimentares. O sujeito não 
tem noção de um mundo exterior diferenciado dele. Gradativamente, a criança 
identifica-se com sua mãe e se desenvolve armazenando passivamente as pala-
vras, os sons, as imagens, as sensações.
Essa é a fase oral em sua primeira forma passiva. As primeiras palavras são 
uma conquista que exige esforço, recompensado pela alegria e as carícias do 
meio familiar. Paralelamente, aparece a dentição, com sofrimentos que exigem 
ser aliviados pelo ato de morder. A criança encontra-se, agora, num período 
oral mais avançado, ativo, e morde tudo que lhe vem à boca: objetos, seio (se 
ainda é lactente).
De acordo com Barros (1993), para a concepção psicanalítica, a passa-
gem segura pela fase oral tem consequências muito importantes na vida dos 
indivíduos:
Se as necessidades forem satisfeitas, a pessoa crescerá de maneira psicologicamente saudável, 
se não o forem, seu ego está imperfeito. Por exemplo, se as necessidades orais forem frustradas 
durante este período, por desmame prematuro, por afastamento rigoroso de todos os objetos 
para sugar (inclusive o polegar), o ego poderá ser incapaz de superar os desejos orais frustrados. 
Alguns psicanalistas atribuem o alcoolismo, por exemplo, às frustrações nafase oral. (BARROS, 
1993, p. 82)
Freud também considera que pessoas que fumam ou roem unhas e aquelas 
que têm obsessão por comer são fixadas na fase oral: elas utilizam a boca para 
aliviar suas ansiedades e tensões.
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
175
A fase anal
Para o sujeito de um a três anos da idade, a maior parte dos relacionamentos 
com os adultos está circunscrita pela alimentação e a aprendizagem do asseio 
esfincteriano. No segundo ano de vida, sem destronar a zona erógena bucal, a 
maior importância está na zona anal.
O sujeito atinge um maior desenvolvimento neuromuscular: a libido que pro-
vocava a sucção lúdica da fase oral provoca agora a retenção lúdica das fezes 
e da urina. Parece ser essa a primeira descoberta do prazer autoerótico, que é 
um dos componentes normais da sexualidade. Os cuidados higiênicos que se 
seguem à excreção são proporcionados pela mãe. Portanto, a atuação materna 
determina a atmosfera agradável ou não no uso do banheiro pela criança.
Após a fase de brincar com seus excrementos, a criança brincará com a su-
jeira, brincará na lama, na água e em vários outros locais. Esse deslocamento 
inconsciente, a atitude mais ou menos severa dos hábitos de asseio, em geral 
favorecerá ou dificultará o desenvolvimento sadio da criança.
Na fase anal, a criança teme de forma acentuada a aprovação ou rejeição dos 
pais se não conseguir controlar os esfíncteres. Muitos pais exageram e reprimem 
a criança por não conseguir ter autonomia para usar o banheiro. Em alguns casos, 
a ansiedade das crianças é tanta para não desagradarem os pais e não serem re-
preendidas, que elas não conseguem executar essa tarefa. Dessa maneira, nessa 
fase é comum encontrar crianças com intestino preso, ou urinando na cama.
Esses são alguns mecanismos que mostram que o psiquismo influencia no 
controle ou descontrole de questões biológicas.
Para Barros (1993), as consequências futuras para uma criança que se fixa na 
fase anal é que esta traz dificuldades de desprendimento material que prejudi-
cam o ego da pessoa adulta:
Psicanalistas atribuem a avareza, a exagerada preocupação com a limpeza e a meticulosidade 
(no adulto) às frustrações ocorridas na fase anal. Esses traços constituem a personalidade anal. 
A avareza é o prazer pelo acúmulo e guarda de bens, poderia ter-se originado do prazer que a 
criança experimentou em reter as fezes. (BARROS, 1993, p. 83)
Barros (1993) também adverte que, segundo a interpretação psicanalítica, a 
preocupação excessiva com limpeza e ordem na vida adulta pode ser reflexo das 
exigências dos pais quando os filhos eram crianças.
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176
Psicologia do Desenvolvimento
Fase fálica
A partir da fase oral, no bebê, assistimos o despertar da zona erógena fálica – 
o pênis no menino e o clitóris na menina. A causa fortuita será, provavelmente, 
a excitação natural da micção, somada aos contatos repetidos decorrentes da 
assepsia e de outros cuidados higiênicos.
Todas as mães conhecem os jogos manuais dos bebês. Essas manifestações 
da criança se prolongam, apesar dos ‘‘tapinhas nas mãos’’ que ela recebe quando 
o adulto é mais severo. No entanto, geralmente essa masturbação primária é 
muito pouco acentuada e cessa espontaneamente, só reaparecendo no decorrer 
do terceiro ano.
Os pais e professores ficam preocupados quando a criança começa a se tocar, 
a conhecer e explorar seu próprio corpo. Eles tendem ou a reprimir as atitudes 
das crianças ou a ignorar. É muito difícil encontrar pais e professores preparados 
para orientar a criança e compreender que essas características fazem parte do 
processo de desenvolvimento.
Antes do terceiro ano, começa a curiosidade sexual, em pleno período sádi-
co-anal. Essa curiosidade visa primeiramente a saber de onde vêm os bebês. Tal 
interesse pode ser despertado por diferentes razões: novo nascimento na famí-
lia, identificação com companheiros de brincadeiras, descontentes ou satisfeitos 
com a chegada de um irmão ou irmã.
Os “por quê?” aflitos e insistentes das crianças de quatro anos, que mal escu-
tam as respostas do adulto, só aparecem após as primeiras reações às perguntas 
diretamente sexuais feitas aos adultos e da noção de “proibido” que as crianças 
extraem das respostas obtidas.
Nessa fase, ocorre o período que Freud denominou complexo de Édipo nos 
meninos e complexo de Electra nas meninas. Freud gostava muito de utilizar os 
mitos para composição de sua teoria. Nesse caso, ele utilizou personagens da 
tragédia grega para apresentar a sua teoria.
Complexo e castração de Édipo
Freud gostava muito de utilizar os mitos gregos para explicar aspectos de 
sua teoria. No complexo de Édipo, ele baseou-se na tragédia de Sófocles, Édipo 
Rei para explicar o tabu do incesto. Segundo a mitologia, Édipo, quando nasceu, 
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
177
foi abandonado por sua família, pois uma vidente teria previsto que Édipo iria 
matar seu pai, Laio, e casar com sua mãe, Jocasta. Ao saber dessa previsão, Laio 
abandona o filho que foi criado por uma outra família em um lugar distante. 
Anos se passaram e Édipo cresceu longe de sua cidade natal. Porém, quando 
jovem, ao consultar o oráculo, recebeu a mesma previsão. Sentiu necessidade 
de sair do vilarejo onde morava para fugir do seu destino. Em uma das cidades 
pela qual passava encontrou com Laio e discutiu com o mesmo. Sem saber que 
era seu pai, ele o matou. Continuando suas caminhadas, ele vai para sua cidade 
onde está sua mãe Jocasta. Para entrar na cidade ele teve que decifrar o enigma 
da esfinge conseguindo com isso casar-se com Jocasta por quem se apaixonou. 
Após casar-se com a mãe, anos depois, o cego e sábio Tirésias revela a verdadeira 
estória de Édipo. Com isso, Édipo sente-se culpado da situação, fura os olhos e 
torna-se andarilho e Jocasta se enforca.
No decorrer da fase anal, sucedem-se vários processos e ocorrências. Desses 
eventos, destaca-se o complexo de Édipo, pois em torno dele se dá a estrutura-
ção da personalidade do indivíduo. Acontece entre os dois e os cinco anos de 
idade. Nele, a mãe é o objeto de desejo do menino e o pai é o rival que impede 
seu acesso ao objeto desejado.
Nesse período, o menino busca competir com o pai para conseguir o amor da 
mãe. Ele fica muito envolvido com ela, têm ciúmes da mãe, e procura imitar algumas 
características do pai. É solícito com a mãe, tenta resolver os problemas e ajudá-la.
Ele procura então se assemelhar ao pai para ter a mãe, escolhendo-o como 
modelo de comportamento, passando a internalizar as regras e as normas sociais 
representadas e impostas pela autoridade paterna. Posteriormente, por medo do 
pai, desiste da mãe, isto é, a mãe é trocada pela riqueza do mundo social e cultural 
e o garoto pode, então, participar do mundo social, pois tem suas regras básicas 
internalizadas por meio da identificação com o pai. Esse processo também ocorre 
com as meninas, sendo invertidas as figuras de desejo e de identificação.
Para a teoria freudiana, o medo do pai manifesta-se por meio do medo e da 
angústia da castração. Ou seja, Freud considera que o menino, ao tentar se asse-
melhar ao pai, começa a temer que, por ciúme, o pai lhe retire os órgãos sexuais. 
Dessa maneira, ele se sente culpado e retorna ao seu estado de origem.
Segundo Freud, a passagem do menino pelo complexo de Édipo e da menina 
pelo complexo de Electra são momentos importantes na vida das crianças, pois 
tanto os meninos como as meninas precisam se identificar com os pais para ad-
quirir os seus padrões e valores.
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Psicologia do Desenvolvimento
Fase de latência
A fase de latência é empregada na aquisição dos conhecimentos necessários 
à luta pela vida, iniciando um aspecto mais racional dessa luta. Progressivamen-
te, as faculdades de sublimação entram em jogo. Tendo em vista a repressão do 
interesse sexual, evidencia-se o aspecto cultural da fase de latência: as crianças 
se interessam por atividades culturais, por lazer e atividades escolares, são ativas 
nessas áreas, mas em relação à sexualidade ficam passivas.
O valor e a importância das sublimações da fase de latência são muito gran-
des. Não só porque é nessa época que se esboçam as características sociais do 
indivíduo, mas igualmente porque o modo como a criança utiliza esse período 
faz com que ela fixe ou não, exagere ou elimine os componentes arcaicos e os 
componentes perversos da sexualidade.
Na fase de latência, que corresponde ao período de 7 a 12 anos de idade, a 
criança reprime os seus impulsos e se volta mais para as questões escolares e de 
socialização com seus amigos da escola. Nessa fase, aparecem barreiras mentais 
que impedem que a criança manifeste sua libido. Ela tem vergonha de mostrar 
suas emoções e os impulsos sexuais são sublimados para outras atividades, e 
sente prazer em brincar com os colegas, em realizar atividades escolares, espor-
tivas, de lazer e artísticas.
Fase genital
Essa fase depende do desenvolvimento saudável da fase anterior – a da latên-
cia. Com o aparecimento da ejaculação no rapaz, bem como do fluxo menstrual 
e do desenvolvimento mamário da menina, a puberdade proporciona elementos 
que faltam para a compreensão do papel do homem e da mulher na concepção.
Nessa fase, dos 12 aos 16 anos de idade, os adolescentes começam a se 
conscientizar de suas identidades sexuais. Há um retorno à energia sexual e aos 
órgãos sexuais. Os adolescentes procuram se relacionar uns com os outros e pro-
curam satisfazer suas necessidades eróticas e interpessoais.
Em todas essas fases do desenvolvimento, desde a infância até a adolescência, 
está presente a descoberta do eu e dos traços da personalidade. A seguir, serão apre-
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
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sentados os conceitos de busca desse próprio eu na perspectiva de Jacques Lacan 
(1901-1981), um psicanalista francês que fez uma re-leitura da obra de Freud.
O estágio do espelho em Lacan
Lacan estava preocupado em observar o comportamento humano através de 
diferentes áreas como: a Psicologia, Linguística e a Antropologia. Lacan afirmava 
que o inconsciente se estrutura com a linguagem. Dessa maneira, ao contrário de 
Freud, nas suas investigações com os pacientes, ele preferia não interferir nos seus 
discursos a fim de que eles descobrissem as suas próprias questões e o seu “eu”:
Lacan faz sua entrada no meio psicanalítico com uma tese completamente diferente: o eu, 
escreveu ele, constrói-se à imagem do semelhante e primeiramente da imagem que me é 
devolvida pelo espelho – este sou eu. O investimento libidinal desta forma primordial, “boa”, 
porque supre a carência de meu ser, será a matriz das futuras identificações. Assim, instala-se 
o desconhecimento em minha intimidade e, ao querer forçá-la, o que irei encontrar será um 
outro; bem como uma tensão ciumenta com esse intruso que, por seu desejo, constitui meus 
objetos, ao mesmo tempo em que os esconde de mim, pelo próprio movimento pelo qual 
ele me esconde de mim mesmo. É como outro que sou levado a conhecer o mundo: sendo, 
desta forma, normalmente constituinte da organização do “je” (eu inconsciente, Isso, Id), uma 
dimensão paranoica. O olhar do outro devolve a imagem do que eu sou. O bebê olha para a 
mãe buscando a aprovação do Outro simbólico. (PSICANÁLISE lacaniana, 2008, p. 1)
Sales (2005) considera que Lacan, ao estudar o estágio do espelho dedica-se 
à noção de narcisismo, um conceito que teve uma força expressiva no seu pensa-
mento. Dessa maneira, na teoria de Lacan, a criança, ao olhar-se no espelho, capta 
a imagem de si e também do mundo a seu redor. Nesse processo, ela constrói a 
noção do seu eu, sua identidade e inicia o processo de diferenciação do outro. Ela 
aprende também sobre as noções de ausência e presença do outro:
A criança reconhece sua imagem no espelho com uma manifestação de júbilo e com a efetuação 
de uma operação de identificação entendida como “[...] a transformação produzida no sujeito 
quando ele assume uma imagem [...]” (LACAN, 1966, apud Sales, 2005). A identificação é, então, 
a parcela de atividade que cabe à criança mediante a percepção de uma imagem que lhe vem 
do exterior. Essa assunção da própria imagem pela criança é o que originalmente precipita a 
construção do “eu” conferindo-lhe sua forma primordial: o “eu” ideal, forma que será a fonte de 
todas as identificações secundárias responsáveis pela função de normalização libidinal e que 
representa o caráter estático e permanente do eu, “[...] a armadura enfim assumida de uma 
identidade alienante, que vai marcar com sua estrutura rígida todo o seu desenvolvimento 
mental” (LACAN, 1966, apud Sales, 2005, p. 118)
O estágio do espelho, portanto, foi um conceito desenvolvido por Lacan para 
apresentar o processo de formação do indivíduo através da sua identificação a 
uma imagem e perceber tanto o sentimento de presença, ausência e de organi-
zação corporal.
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Psicologia do Desenvolvimento
Texto complementar
Complexo de Édipo e orientação sexual
(DESCHAMPS, 2008)
Para falar de investimentos sexuais dentro da psicanálise de Freud te-
remos que passar, necessariamente, pelo estudo do complexo de Édipo. O 
complexo de Édipo faz parte da teoria montada por Sigmund Freud e fala 
de investimentos afetivos que fazemos em nossos primeiros anos de vida, 
ligados aos nossos “cuidadores” (que cumprem a função de cuidados com a 
criança) e que nos ajudam a estabelecer os vínculos afetivos e o investimento 
no outro (objeto externo). Com o receio da castração, retraímos esses investi-
mentos, entramos em período chamado de latência, de onde só sairemos na 
entrada na adolescência para então buscar novos objetos de investimento, 
agora totalmente sexualizados e priorizados pela primazia do genital.
Vejamos que não se fala mais em pai ou mãe, e sim naqueles que cum-
prem essa função. O aspecto principal do Édipo em nossa formação está na 
interdição, na impossibilidade de se investir a libido em qualquer uma das 
funções, uma vez que o incesto é proibido por nossa civilização, e sendo, 
segundo Freud, aquilo que a funda.
Partimos para a vivência do complexo de Édipo munidos de nossa ener-
gia bissexual e será então que tornaremos como prioritária uma das duas 
correntes.
O complexo de castração envolve uma leitura mais literal e outra mais 
simbólica. Pode ser no Édipo a ameaça que faz com que o menino abando-
ne o desejo pela função mãe e retraia a libido, entrando na fase de latência, 
onde será constituído o superego, ou seja, a ameaça de perder o pênis ope-
rada pela função pai (lei), o interdita. No sentido simbólico dá lugar ao sujei-
to psíquico, retirando-o da relação dual (simbiótica) e inscrevendo-o em um 
mundo onde passa a existir enquanto sujeito psíquico ou sujeito desejante 
em busca do outro (não sou da mamãe e a mamãe não é minha). No lacanis-
mo, quando não há a castração teríamos o sujeito preso à relação simbiótica 
e falaríamos na psicose, porque não estará inscrito no mundo simbólico fi-
cando preso ao mundo do imaginário; já no chamado de segundo momento, 
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
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ele percebea castração, mas nega que ela exista, tendo assim as perversões 
e no terceiro momento ele percebe e aceita a castração (teme) e teremos a 
neurose, e, se existe isso, a “normalidade” do funcionamento neurótico.
Tudo isso se tornará mais complexo no que diz respeito às meninas, porque 
a castração seria na verdade não a resolução do Édipo, mas aquilo que a lança 
nele, separa-a da relação com o seu primeiro objeto de amor que é igual ao 
dos meninos – a mãe; e a lança na relação triangular fazendo investimento e 
identificações nas duas direções (feminino e masculino) até priorizar uma das 
correntes, para bem depois, de alguma forma, desistir e entrar em latência 
também. Chegam a afirmar que a mulher só resolveria a castração na vida 
adulta, quase sempre com a gravidez. Isso porque toda essa questão envolve 
ter o phalo (poder, pênis), quem tem ou quem não tem.
O menino desistirá da mãe (ou do pai), que se constituem em “objeto 
incestuoso”, por medo da castração (ameaça da função pai) e entrará no 
chamado período de latência onde o interesse sexual permanece meio que 
adormecido. É aquela fase que para quem lida ou já lidou com crianças en-
contrar-se-á o clube do Bolinha e da Luluzinha, eles não se topam muito, e 
implicam uns com os outros o tempo todo. Essa fase é importante porque 
nela se estará constituindo o superego, que representará todas as normas e 
leis que seguiremos. “O superego é o herdeiro do complexo de Édipo” uma 
vez que é nele que viveremos a primeira grande lei ou corte representada 
pelo tabu do incesto.
O Édipo, segundo o método apontado pela teoria freudiana, seria um fe-
nômeno universal, aconteceria em todo ser humano inscrito em qualquer 
cultura, tendo no tabu do incesto seu principal postulado. Muitos antropó-
logos estruturalistas se empenharam em demonstrar o tabu do incesto em 
outras culturas. Então somos levados a ver que o que importa são as funções 
parentais (dos cuidadores) onde se localizarão o investimento e a identifica-
ção. No Édipo mais comum, descrito à larga até em tablóides, o menino se 
apaixona pela mãe, sofre a ameaça de castração pelo pai e desiste da mãe e 
passa a se identificar com o pai. (ponto) Essa é a forma mais simplista de se 
abordar esse complexo, que para rigor do método deverá sempre ser enca-
rado nas duas direções de investimento e de identificação.
Na verdade, desde o início todo sujeito psíquico fará investimento nos 
dois sentidos (bissexualidade), acabará priorizando uma das correntes de 
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Psicologia do Desenvolvimento
investimento (hetero ou homoerótico) e se identificando com um dos pro-
genitores (função pai ou função mãe). Todas as formas de investimento ou 
identificações são saídas possíveis para o complexo de Édipo, não constituin-
do qualquer anormalidade nisso.
A importância da função paterna será muito sublinhada pela corrente 
lacaniana, já que opera a castração que lança o sujeito no mundo simbóli-
co e na relação objetal. Essa função passa pela mãe necessariamente, pela 
aceitação que ela tem da lei imposta pelo pai (tabu do incesto). Esse corte 
da função pai não necessariamente virá de uma figura masculina paterna, 
mas de tudo aquilo que separa o desejo da mãe daquela criança, liberando 
a criança como ser desejante, ou como sujeito psíquico. Nesse caso as insti-
tuições sociais (como o trabalho da mãe, atividades de prazer etc.) poderão 
cumprir muito bem essa função.
Atividades
1. Freud considerava que a noção de instinto para os homens era diferente da 
noção de instinto nos animais. Explique essa afirmativa.
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A construção do aparelho psíquico e o estágio do espelho
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2. Quais foram as modificações realizadas por Freud da primeira teoria do apa-
relho psíquico para a segunda teoria?
Dicas de estudo
GAY, Peter. Freud: uma vida para nosso tempo. São Paulo: Companhia das Letras, 
1989.
Indicação de filme: A Máfia no Divã (EUA, 1999). Direção de Harold Ramis.
Após entrar em crise, um poderoso chefão da Máfia nova-iorquina decide pro-
curar a ajuda de um psiquiatra. Com Robert De Niro, é uma comédia que retrata 
conceitos da Psicanálise, principalmente o complexo de Édipo. Vale a pena conferir.
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A construção do aparelho psíquico 
e o estágio do espelho
1. Freud considera que o homem possui dois instintos básicos que re-
presentam forças opostas. De um lado, está o instinto sexual e, de 
outro, o da agressividade, o instinto destrutivo. De certa forma, para 
sobreviver, o homem precisa da união desses dois pólos. Ou seja, 
o homem precisa ser regido pelo princípio da vida, do prazer, mas 
também precisa se direcionar pelo princípio da realidade, pois não 
é possível se orientar somente pelo princípio do prazer, nem tam-
pouco apenas pelo princípio da realidade. Na vida, são necessários 
momentos de fantasia, mas também de enfrentamento dos proble-
mas e situações.
2. Nas suas primeiras obras, ele considerava que o aparelho psíquico 
é constituído do consciente, inconsciente e pré-consciente. Anos 
mais tarde, acrescentou os conceitos de id, ego e superego.
Gabarito
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