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CIÊNCIA E ENGENHARIA DOS MATERIAIS Eng. MSc. Hilário Mendes de Carvalho OBJETIVO Ciência dos materiais Conhecimento sobre estrutura interna e propriedades de materiais; Compreender a natureza dos materiais; Relaciona a estrutura dos materiais com suas propriedades e comportamento. Engenharia dos materiais Conceitos fundamentais dos materiais e na conversão dos mesmos em produtos finais. PROGRAMA CAPITULO 1: MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES CAPITULO 2: ESTRUTURA CRISTALINA CAPITULO 3: IMPERFEIÇÕES NOS SÓLIDOS CAPITULO 4: DIFUSÃO CAPITULO 5: MECANISMOS DE FORTALECIMENTO EM METAIS CAPITULO 6: FALHA EM SERVIÇO CAPITULO 7: SIDERURGIA CAPITULO 8: DIAGRAMAS DE FASES CAPITULO 9: O SISTEMA FERRO-CARBONO CAPITULO 10: TRANSFORMAÇÕES DE FASE EM METAIS CAPITULO 11: TRATAMENTO TÉRMICO E TERMOQUÍMICO CAPITULO 12: LIGAS METÁLICAS APÊNDICE A: PROPRIEDADES DOS METAIS APÊNDICE B: SELEÇÃO DE MATERIAIS APÊNDICE C: PRÁTICA LABORATÓRIO METALOGRÁFICO BIBLIOGRAFIA BÁSICA Callister, William D., Ciência e Engenharia dos Materiais: Uma Introdução, LTC, Rio de Janeiro, 2002. Shackelford, James F., Ciência dos Materiais, Editora Pearson, 6ª edição, 2008. Chiaverini, Vicente., Tecnologia Mecânica, McGRAW-HILL do Brasil, São Paulo, 1979. BIBLIOGRAFIA AUXILIAR ARAÚJO, Luiz Antônio de – Manual de Siderurgia, Editora Arte e Ciência, 1997; COLPAERT, Humbertus – Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns, terceira edição, Editora Edgard Blücher LTDA, 1974; SCHEER, Leopold – O que é Aço?, LIMASA S.ª, 1987; VLACK, Lawrence H. Van – Princípio de Ciência dos Materiais, Editora Edgard Blücher LTDA, 1970; CHIAVERINI, Vicente – Aços e Ferros Fundidos, Associação brasileira de metalurgia e materiais, 6ª Edição, 1992; CHIAVERINI, Vicente – Tratamento Térmico das Ligas Ferrosas, ABM, 2ª Edição, 1992; FAZANO, Carlos Alberto T. V. – A Prática Metalográfica, Hemus, 1980; TELECURSO 2000, Curso Profissionalizante, Mecânica – Materiais, Editora Globo, 1995. PLANO DE CURSO CALENDÁRIO DE PROVAS 06/04 – Terça: P1 – 60 pontos 15/06 – Terça: P2 – 60 pontos 22/06 – 2ª Chamada P1 e P2 ***** 06/07 – Terça: Prova Final *****Somente com atestado – Não é opcional 1.1 – Introdução 1.2 - Propriedades Mecânicas 1.3 – Metais 1.4 – Cerâmica 1.5 – Polímeros 1.6 – Compósitos 1.7 – Propriedades 1.8 – Custo de Materiais 1.9 – Energia Capítulo 1 MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES 1.1 - Introdução Os materiais estão relacionados com o desenvolvimento da civilização: � Idade da pedra � Idade do cobre � Idade do bronze � Idade do ferro 1.1 - Introdução � Metais; � Cerâmicas; � Polímeros; � Compósitos. Qual o melhor material? � Vidro � Cerâmica � Plástico � Madeira � Metal � Papel � Custo � Tempo de vida ou Durabilidade � Aparência � Finalidade � Processos de fabricação � Propriedades requeridas � Degradação � ... 1.1 - Introdução Depende de vários fatores INDÚSTRIA DE PONTA PRODUÇÃO EM MASSA Tipos de indústrias FATOR CUSTO SECUNDÁRIO FATOR CUSTO PRIMORDIAL Grande exigência tecnológica Utilização dos materiais nos limites Produtos não diferenciados Utilização de materiais abaixo dos limites 1.1 - Introdução 1.1 - Introdução 5.000 anos 3.000 anos 100 anos 60 anos400-300 anos Figura 1.1 — Evolução do uso dos materiais. 1.1 - Introdução Figura 1.2 — Evolução dos materiais da engenharia. 1.2 - Propriedades Mecânicas � Propriedades físicas: Determina o comportamento do material no processo de fabricação. Temos neste grupo as propriedades mecânicas, as térmicas e as elétricas. � Propriedades químicas: Elas se apresentam sob a forma de presença ou ausência de resistência à corrosão, aos ácidos e as soluções salinas. 1.2 - Propriedades Mecânicas PROPRIEDADES FÍSICAS � Mecânicas: Resistência, elasticidade, plasticidade, ductilidade, tenacidade, resiliência, dureza, fragilidade, densidade. � Térmica: ponto de fusão, ponto de ebulição, dilatação, condutividade. � Elétrica: Resistividade, condutividade PROPRIEDADES QUÍMICAS Resistência a corrosão 1.2 - Propriedades Mecânicas Resistência Mecânica Propriedade que permite que o material seja capaz de resistir à ação de determinados tipos de esforços, como a tração e a compressão. Elasticidade Capacidade do material em se deformar quando submetido a um esforço, e voltar à forma original quando retirado este esforço. Plasticidade Capacidade do material se deformar quando submetido a um esforço, e manter uma parcela da deformação quando retirado o esforço. Ductilidade Medida do grau de deformação plástica até a ruptura; Tabela 1.1 — Principais Propriedades dos Materiais. 1.2 - Propriedades Mecânicas Tenacidade Quantidade de energia necessária para romper um material. Resiliência Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora duma deformação elástica. Dureza Resistência do material à penetração e ao desgaste. Fragilidade Baixa resistência aos choques. Densidade Quantidade de matéria alocada dentro de um volume específico. Tabela 1.1 — Principais Propriedades dos Materiais. 1.2 – Propriedades Térmicas Ponto de Fusão Temperatura na qual o material passa do estado sólido para o estado líquido. Ponto de Ebulição Temperatura na qual o material passa do estado líquido para o estado gasoso (ou vapor). Dilatação Térmica Variação dimensional de um material devido a uma variação de temperatura. Condutividade Térmica Capacidade do material de conduzir calor. Tabela 1.1 — Principais Propriedades dos Materiais. 1.2 – Propriedades Elétricas e Químicas Condutividade Elétrica Capacidade de conduzir eletricidade. Resistividade Resistência do material à passagem de corrente elétrica. Resistência à Corrosão Capacidade do material resistir à deterioração causada pelo meio no qual está inserido. Tabela 1.1 — Principais Propriedades dos Materiais. 1.3 – Metais Materiais metálicos são geralmente uma combinação de elementos metálicos. Ligas metálicas: Latão (Cu-Zn) Aço (Fe-C) 1.3 – Metais � Grande número de elétrons livres; � Excelentes condutores de eletricidade e calor; � Não são transparentes à luz; � A superfície, quando polida, reflete eficientemente a luz; � São resistentes, mas deformáveis; � Muito utilizados em aplicações estruturais; � Os aços ocupam um lugar de destaque devido à sua extensiva utilização; � Os metais mais tradicionais, tais como cobre, ouro e ferro são conhecidos e utilizados há alguns milênios. 1.3 – Metais Ligas metálicas Ferrosas Não-ferrosas CuNi Al Mg TiAços < 2,14%C Usualmente < 1,4%C Ferros Fundidos Entre 2,14 e 6,7%C Usualmente < 4,5%C 1.4 – Cerâmica � Combinações de metais com elementos não metálicos; � Tipos: óxidos, nitretos e carbonetos (óxido de alumínio ou alumina Al2O3, dióxido de silício ou sílica SiO2, carbeto de silício SiC, nitreto de silício Si3N4); � Argilo-minerais (porcelana), cimento e vidros também pertencem a este grupo; � São tipicamente isolantes térmicos e elétricos; � Resistentes à alta temperatura e a ambientes corrosivos; � Duros, porém frágeis; � Em geral são leves. 1.5 – Polímeros � Os polímeros são constituídos de macromoléculas orgânicas, sintéticas ou naturais; � Plásticos e borrachas são exemplos de polímeros sintéticos. O couro, a seda, o chifre, o algodão, a lã, a madeira e a borracha natural são constituídos de macromoléculas orgânicas naturais; � Apresentam baixa densidade, isolantes elétricos e térmicos, flexíveis e apresentam boa resistência à corrosão e baixa resistência ao calor. 1.5 – Polímeros � A maioria dos polímeros foi descoberta no período entre 1930 e 1950, mas a indústria dos polímeros não chegou à sua maturidade antes dos anos 60; � O petróleo e o gás natural são as duas principais matérias primas para a produção de plásticos, sendo a nafta a fração de maior importância. 1.6 – Compósitos� Materiais compósitos são constituídos de mais de um tipo de material insolúveis entre si; � Os compósitos são “desenhados” para apresentarem a combinação das melhores características de cada material constituinte; � Muitos dos recentes desenvolvimento em materiais envolvem materiais compósitos; � Um exemplo clássico é o compósito de matriz polimérica com fibra de vidro. O material compósito apresenta a resistência da fibra de vidro associado a flexibilidade do polímero 1.6 – Compósitos � Materiais projetados de modo a conjugar características desejáveis de dois ou mais materiais; � A grande expansão no desenvolvimento e no uso dos materiais compósitos iniciou-se na década de 1970. Figura 1.6 — Evolução da produção de alguns materiais nos EUA. 1.7 – Propriedades Figura 1.7 - Gráfico de barras dos valores de massa específica à temperatura ambiente para vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos. 1.7 – Propriedades Figura 1.8 - Gráfico de barras dos valores do limite de resistência a tração à temperatura ambiente para vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos. 1.7 – Propriedades Figura 1.9 - Gráfico de barras dos valores do módulo de elasticidade à temperatura ambiente para vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos. 1.7 – Propriedades Figura 1.10 - Gráfico de barras da resistência à fratura (tenacidade) à temperatura ambiente para vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e compósitos. 1.7 – Propriedades Figura 1.11 - Gráfico de barras das faixas de condutividade elétrica à temperatura ambiente para vários materiais metálicos, cerâmicos, polímeros e semicondutores. 1.8 – Custo de Materiais � Além das exigências em termos de propriedades, o engenheiro tem que levar em conta o preço. Tabela 1.2 - Custo por quilo de alguns produtos acabados (unidade monetária européia, ECU) 1.8 – Custo de Materiais � A análise da tabela 1.2 mostra que na seleção de materiais para a construção civil, o fator preço é essencial. Inúmeros materiais apresentam propriedades muito interessantes para utilização em construção civil, mas têm sua utilização inviabilizada pelo preço. � Por outro lado, na construção de satélites, o preço dos materiais empregados pode ficar em segundo plano, em comparação com suas propriedades. Em outras palavras, neste caso, as propriedades dos materiais é que predominam dentre os critérios de seleção; � A tabela 1.3 apresenta o preço de numerosos materiais de engenharia. Tabela 1.3 - Preço de alguns materiais de engenharia. 1.8 – Custo de Materiais � O preço de um material está relacionado com sua pureza, processamento e características. Isto pode ser notado claramente nos casos do carboneto de silício e do silício propriamente dito; � A cerâmicas avançada e materiais compósitos reforçados com fibra de carbono ainda são materiais muito caros. Por outro lado, o aço comum, o concreto e a madeira deverão ainda por muito tempo predominar como materiais de construção. 1.9 – Energia � A demanda, a produção e o preço dos materiais estão estreitamente relacionados com o consumo de energia; � Quase todos os metais ocorrem na natureza combinados com outros elementos químicos, isto é, na forma termodinamicamente mais estável. A sua extração e purificação (refino), assim como todo o seu processamento, exigem grandes quantidades de energia; � A tabela 1.4 apresenta valores de energia necessária para a produção de vários materiais. 1.9 – Energia Tabela 1.4 - Energia necessária para a produção de alguns materiais. 1.9 – Energia � A reciclagem é um parâmetro muito importante na indústria dos materiais, tanto do ponto de vista energético como do ambiental. O ganho energético obtido com a reciclagem de alguns metais é grande: Alumínio (92%), cobre (85%), borracha (71%), ferro e aço (65%), chumbo (65%), papel (64%) e zinco (60%); � A reciclagem também permite a economia de matérias primas e possibilita a diminuição de rejeitos utilizados no processamento de minerais. CAPÍTULO 2 Estrutura Cristalina � 2.1 Sistemas Cristalinos � 2.2 Estrutura CCC � 2.3 Estrutura CFC � 2.4 Estrutura HC � 2.5 Estruturas Cristalinas dos Metais � 2.6 Alotropia e Polimorfismo � 2.7 Pontos � 2.8 Direções Cristalográficas � 2.9 Planos Cristalográficos � 2.10 Densidade Linear e Planar � 2.11 Monocristais � 2.12 Materiais Policristalinos � 2.13 Anisotropia 2.1 Sistemas Cristalinos � Um material cristalino é aquele em que os átomos estão posicionados em um arranjo repetitivo; � Os materiais que não se cristalizam são chamados materiais amorfos; � Algumas das propriedades dos sólidos dependem da estrutura cristalina. 2.1 Sistemas Cristalinos Figura 2.1 – Comparação esquemática da estrutura em escala atômica de (a) uma cerâmica (cristalina) e (b) um vidro (não-cristalina). 2.1 Sistemas Cristalinos Figura 2.2 – Distribuição de átomos no espaço. 2.1 Sistemas Cristalinos Existem sete combinações diferentes que representam um sistema cristalino distinto: � cúbico, � tetragonal, � ortorrômico, � monoclínico, � triclínico, � hexagonal, � romboédrico. Figura 2.3 – Célula unitária com os eixos coordenados e os ângulos entre os eixos. As 14 redes de Bravais Dos 7 sistemas cristalinos podemos identificar 14 tipos diferentes de células unitárias, conhecidas com redes de Bravais. 2.2 Estrutura CCC Figura 2.4 – Estrutura CCC. A) Célula unitária por meio de esferas rígidas; B) Célula unitária com esferas reduzidas; C) Agregado de átomos. A B C 2.3 Estrutura CFC Figura 2.5 – Estrutura CFC. A) Célula unitária por meio de esferas rígidas; B) Célula unitária com esferas reduzidas; C) Agregado de átomos. A B C 2.4 Estrutura HC Figura 2.6 – Estrutura HC. A) Célula unitária com esferas reduzidas; B) Agregado de átomos. A B 2.4Estrutura HC Figura 2.7 – Estrutura HC. 2.4 Estrutura HC Figura 2.8 – Estruturas cristalinas para o alumínio e o magnésio. 2.4 Estrutura HC Figura 2.9 – Comportamento mecânico sob tração do (a) alumínio (relativamente dúctil) e (b) magnésio (relativamente frágil) resultantes da diferença de estruturas. 2.5 Estruturas Cristalinas dos Metais Tabela 2.1 - Estrutura cristalina dos principais metais puros. Urânio: estrutura ortorrômbica; Polônio α: se cristaliza com estrutura cúbica simples. 2.5 Estruturas Cristalinas dos Metais � Número de coordenação: o número de vizinhos mais próximos de um átomo em uma determinada estrutura; � Fator de empacotamento atômico (FEA): grau de ocupação de uma célula unitária, definido da seguinte maneira: (Eq 2.1) Exercício 2.1 Qual o número de coordenação das estruturas: A) CCC: B) CFC: C) HC: Exercício 2.2 Calcule o volume de uma célula unitária CFC em termos do raio atômico R. Exercício 2.3 Qual o fator de empacotamento da estrutura CFC. Resumo para o sistema cúbico Átomos Número de Parâmetro Fator de por célula coordenação de rede empacotamento CS 1 6 a=2R 0,52 CCC 2 8 a=4R/(3)1/2 0,68 CFC 4 12 a=4R(2)1/2 0,74 2.6 Alotropia e Polimorfismo � Alotropia: elementos com diferentes estruturas cristalinas no estado sólido; � Polimorfismo: substância composta com diferentes estruturas cristalinas no estado sólido; � Estas mudanças de estruturas geralmente ocorrem em função de variações de temperatura e pressão. 2.6 Alotropia e Polimorfismo Tabela 2.2 – Materiais alotrópicos. 2.6 Alotropia e Polimorfismo � Na temperatura ambiente, o Ferro têm estrutura CCC, número de coordenação 8, fator de empacotamento de 0,68 e um raio atômico de 1,241Å. � A 910°C, o Ferro passa para estrutura CFC, número de coordenação 12, fator de empacotamento de 0,74 e um raio atômico de 1,292Å. � A 1394°C o ferro passa novamente para CCC. Alotropia do ferro 2.6 Alotropia e Polimorfismo Estanho Outro material queocorre mudança alotrópica é o estanho. O estanho branco (ou β) possui estrutura cristalina tetragonal de corpo centrado à temperatura ambiente, mas se transforma, a 13,2ºC, no estanho cinza (ou α) que possui estrutura semelhante à do diamante. Figura 2.10 – Alotropia do estanho. 2.6 Alotropia e Polimorfismo Estanho � A taxa de transformação do estanho é lenta, entretanto quanto menor a temperatura mais rápida é a taxa de transformação; � A alotropia do estanho é acompanhada por aumento do volume (27%); � Essa expansão resulta na desintegração do metal estanho branco em um pó grosseiro do alótropo cinza; � Em sub ambientes normais, não é preciso se preocupar com esse processo, devido à taxa extremamente lenta na qual a transformação ocorre. Figura 2.11 – Amostra de estanho branco (esquerda) e de outra amostra desintegrada devido a sua transformação em estanho cinza (direita). 2.6 Alotropia e Polimorfismo Estanho Em 1850 o inverno na Rússia teve temperaturas mínimas durante longos períodos de tempo. Isto provocou alguns problemas, conhecido como a “doença do estanho”: � os uniformes de alguns soldados russos que tinham botões de estanho foram esmigalharam; � o mesmo ocorreu com muitos tubos de estanho em órgãos de igrejas. 2.7 Pontos Figura 2.12 – Localização dos pontos na célula unitária. 2.8 Direções Cristalográficas � Os três números (a, b e c) são multiplicados ou divididos por um fator comum, para reduzi-los aos menores valores inteiros; � A representação é feita entre colchetes [u v w], sem vírgulas; � Índices negativos são representados com uma barra sobre o índice [ ].111 Figura 2.13 – Direções no interior de uma célula unitária. Exercício 2.4 Determine os índices para a direção mostrada na figura. Exercício 2.5 Esboce uma direção [ ] no interior de um célula unitária. 011 2.9 Planos Cristalográficos Os planos são especificados por índices de Miller (hkl). Procedimento: � Se o plano passa pela origem selecionada, um outro plano paralelo deve ser construído mediante translação ou uma nova origem deve ser estabelecida no vértice de uma outra célula unitária; � O plano cristalográfico ou interceptará cada um dos três eixos ou será paralelo a algum dos eixos, determinando os comprimentos de a, b, c; � Os valores inversos desses números são calculados. Um plano que é paralelo a um eixo pode ser considerado como tendo uma interseção no infinito, tendo índice igual a zero; � Se necessário, esses três números são modificados para o conjunto de menores números inteiros; � Os índices inteiros, não separados por virgulas, são colocados entre parênteses obtendo (h k l); � Uma interseção no lado negativo é indicada por uma barra sobre o índice. 2.9 Planos Cristalográficos Figuras 2.14 – Planos cristalográficos. 2.9 Planos Cristalográficos Figura 2.15 – Nova origem no planos cristalográficos. 2.9 Planos Cristalográficos Figuras 2.16 – Série de planos cristalográficos PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CCC � A família de planos {110} no sistema ccc é o de maior densidade atômica PLANOS DE MAIOR DENSIDADE ATÔMICA NO SISTEMA CFC � A família de planos {111} no sistema cfc é o de maior densidade atômica 2.10 Densidade Linear e Planar numero de atomos centrados no vetor direçao DL comprimento do vetor direçao = (Eq 2.2) (Eq 2.3) numero de atomos no plano DP area do plano = Exercício 2.6 Determine a densidade linear na direção [110] e a densidade planar (110) da estrutura cristalina CFC. 1 12 1 [ , ,...] 4 2 atomos DL m nm R R − −= = 2 2 2 2 2 2 1 [ , ,...] 4 .2 2 8 2 4 2 atomos DP m nm R R R R − −= = = 2.11 Monocristais � Quando um arranjo periódico é repetido e perfeito, sem interrupções, o resultado é um monocristal; � Os monocristais existem na natureza (algumas pedras preciosas que assumem a forma geométrica retangular), mas eles também podem ser produzidos artificialmente. Figura 2.17 – Seqüência de empilhamento. 2.12 Materiais Policristalinos Figura 2.18 – Grão e contorno de grão. Figura 2.19 - Desenho Esquemático de uma amostra Policristalina. 2.12 Materiais Policristalinos 2.12 Materiais Policristalinos Figura 2.20 – Contorno de grão. 2.12 Materiais Policristalinos Figura 2.21 – Grãos presentes no aço. 2.12 Materiais Policristalinos Figura 2.22 – Nucleação dos grão. 2.12 Materiais Policristalinos Contornos de grãos � Há um empacotamento ATÔMICO menos eficiente; � Favorece a difusão; � O contorno de grão ancora o movimento das discordâncias. 2.13 Anisotropia � Quando as propriedades físicas de algumas substâncias dependem da direção cristalográfica na qual as medições são feitas. � As substâncias em que as propriedades medidas são independentes da direção são isotrópicas . Tabela 2.3 – Valores do módulo de elasticidade na mudança de orientação cristalográfica. 3. Imperfeições nos Sólidos �3.1 Introdução � 3.2 Lacunas e Auto-Intersticiais � 3.3 Impurezas no Sólido � 3.4 Solução Sólida Substitucional � 3.5 Solução Sólida Intersticial � 3.6 Discordância de Aresta � 3.7 Discordância Espiral � 3.8 Contorno de Grão � 3.9 Imperfeições Volumétricas SOLUÇÃO SÓLIDA VAZIOS (LACUNAS) SUBSTITUCIONAL INTERSTICIAL DISCORDÂNCIAS ARESTA (CUNHA) ESPIRAL (HÉLICE) CONTORNO DE GRÃO AUTO-INTERSTICIAL 3.1 Introdução 3.1 Introdução � Os defeitos existentes em um material real apresentam tamanhos em uma ampla faixa, além de características diferenciadas. Figura 3.1 – Dimensões aproximadas dos defeitos Encontrados nos materiais. 3.2 Lacunas e Auto-Intersticiais � Lacunas ou vacância é um defeito pontual que ocorre quando está faltando um átomo; � Um auto-intersticial é um átomo do cristal que é comprimido para dentro de um sítio intersticial. Figura 3.2 – Defeitos pontuais. 3.3 Impurezas no Sólido � Átomos estranhos de impurezas ou adicionados intencionalmente, são considerados defeitos puntiformes. � A adição de átomos impurezas a um metal resultará na formação de uma solução sólida substitucional ou intersticiais. � A solução sólida forma quando um átomo é adicionado ao material, e a estrutura do cristal é mantida. 3.3 Impurezas no Sólido Exemplo: � Em ambientes normais, prata pura é altamente resistente à corrosão, mas é também muito macia; � A prata de lei é uma liga constituída de 92,5% de prata e 7,5% de cobre; � A constituição de liga com cobre melhora significativamente a resistência mecânica, sem depreciar a resistência à corrosão. 3.4 Solução Sólida Substitucional � Os átomos impuros substituem os átomos principais na estrutura cristalina; � Para este tipo de defeito, a variação entre os raios atômicos dos 2 tipos de átomos é menor que 15%, caso contrário pode promover distorções na rede e assim formação de nova fase; � Exemplos típicos são Si, Mn, Cr, Mo e Ni no Fe; � Um exemplo de uma solução sólida substitucional é encontrada para cobre e níquel. Os raios atômicos do cobre e do níquel são 0,128 e 0,125 nm, respectivamente. 3.5 Solução Sólida Intersticial � Átomos de impurezas preencherão os vazios entre os átomos principais; � O diâmetro atômico de uma impureza intersticial deve ser substancialmente menor do que aquele dos átomos hospedeiros; � Mesmo átomos impuros muito pequenos são maiores do que os sítios intersticiais e como consequência eles introduzem deformações de rede nos átomos adjacentes; � O carbono forma uma solução sólida intersticial quando adicionado ao ferro; � O raio atômico do átomo de carbono é muito menor do que o do ferro: 0,071 nm contra 0,124 nm. Solução Sólida Intersticial e Substitucional Figura 3.4 – Solução sólida. Intersticial Substitucional � Os átomos de soluto causam tensões na rede cristalina. Figura 3.5 – Esforços na estrutura atômica. Solução Sólida Intersticial e Substitucional � Nesta técnica, a presença de impurezas substitucionais ou intersticiais leva a um aumento da resistência domaterial. Metais ultra puros são mais macios e fracos do que suas ligas. Solução Sólida Intersticial e Substitucional Figura 3.6 – Variação da resistência na liga. Solução Sólida Intersticial e Substitucional no Fe Tabela 3.1 - Principais elementos de liga do aço (ferro). As concentrações são dadas em % em peso. 3.6 Discordância de Aresta � Uma discordância é um defeito linear ou unidimensional em torno do qual os átomos estão desalinhados; � Uma parte de um plano de átomos cuja aresta termina no interior, é denominada discordância de aresta. Figuras 3.7 – Discordância de aresta. 3.6 Discordância de Aresta � Deformação plástica é permanente; � Deformação plástica corresponde ao movimento de um grande número de discordâncias; � A deformação plástica ocorre pelo movimento de discordâncias “varrendo” os planos de escorregamento; � O processo pelo qual deformação é produzida por movimento de discordância é denominado escorregamento ("slip"); � Portanto, deformação plástica macroscópica simplesmente corresponde à deformação permanente que resulta a partir do movimento de discordâncias, ou escorregamento, em resposta a uma aplicada tensão cisalhante. 3.6 Discordância de Aresta Figura 3.9 – Movimentos atômicos perto da discordância de aresta. Plano de escorregamento Direção de escorregamento Uma distância Inter-atômica 3.6 Discordância de Aresta Figura 3.10 – A formação de um degrau na superfície de um cristal pelo movimento de uma discordância de aresta 3.7 Discordância Espiral � Discordância gerada por uma tensão para produzir uma distorção Figura 3.12 – Discordância espiral. 3.7 Discordância Espiral Figura 3.13 – A formação de um degrau na superfície de um cristal pelo movimento de uma discordância em parafuso. 3.7 Discordância Espiral Figura 3.14 – Movimento de uma discordância em parafuso. 3.8 Contorno de Grão � É um defeito interfacial que separa dois pequenos grãos que possuem diferentes orientações cristalográficas em materiais policristalinos. Figura 3.17 – Diagrama esquemático mostrando contornos de grão 3.8 Contorno de Grão � O tamanho de grão influi nas propriedades dos materiais; � Para a determinação do tamanho de grão utiliza-se cartas padrões; � Crescimento do grão: temperatura. 3.9- Imperfeições Volumétricas � São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do componente. - Inclusões : impurezas estranhas - Precipitados: são aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz - Fases: forma-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o limite de solubilidade é ultrapassado) - Porosidade: origina-se devido a presença ou formação de gases Inclusões INCLUSÕES DE ÓXIDO DE COBRE (Cu2O) EM COBRE DE ALTA PUREZA (99,26%) LAMINADO A FRIO E RECOZIDO A 800o C. Inclusões SULFETOS DE MANGANÊS (MnS) EM AÇO RÁPIDO . 4 - DIFUSÃO �4.1 Introdução � 4.2 Mecanismos de Difusão � 4.3 Difusão Através Vacâncias � 4.4 Difusão Intersticial � 4.5 Difusão em regime estacionário � 4.6 Difusão em regime não-estacionário 4.1 Introdução � É o processo de transporte de massa que envolve o movimento de uma espécie atômica para dentro de um conjunto de outras espécies. � Como a difusão envolve o movimento de átomos, este processo torna-se mais rápido à altas temperaturas. 4.1 Introdução � O fenômeno da difusão pode ser demonstrado com o uso de um par de difusão, que é formado pela união de 2 barras de 2 metais diferentes em contato; � Este par é aquecido durante um período de tempo longo numa temperatura elevada, mas que esteja abaixo da temperatura de fusão de ambos os metais. 4.1 Introdução Figura 4.1 – Par de difusão cobre-níquel antes e depois de um tratamento térmico de alta temperatura 4.2 Mecanismos de Difusão Para que um átomo se mova, duas condições devem ser atendidas: � deve existir um sítio adjacente vazio; � o átomo deve ter suficiente energia para quebrar as ligações com seus átomos vizinhos. 4.3 Difusão Através Vacâncias � Envolve a troca de um átomo a partir de uma posição normal da rede para um vazio; � Naturalmente, este processo necessita a presença de lacunas; � A extensão na qual a difusão pode ocorrer é função do número desses defeitos; � Concentrações significativas de lacunas podem existir em metais com elevadas temperaturas. 4.3 Difusão Através Vacâncias Figura 4.2 – Movimento de átomo substitucional. 4.4 Difusão Intersticial � Átomos que se migram de uma posição intersticial para uma outra posição intersticial vizinha que esteja vazia; � Este mecanismo é encontrado para interdifusão de impurezas tais como hidrogênio, carbono, nitrogênio e oxigênio, que são átomos pequenos o suficientes para se ajustar às posições intersticiais. 4.4 Difusão Intersticial Figura 4.3 – Movimento de átomo intersticial. A parte escura da figura é a região carbonizada. O carbono foi difundido da superfície e formou partículas de carbeto. Figura 4.4 – Difusão do carbono. Exemplo 4.5 Difusão em regime estacionário � Difusão é um processo que depende do tempo; � O fluxo de difusão (J) é definido como a massa M que se difunde perpendicularmente por unidade de área (A) através de uma seção reta do sólido por unidade de tempo (t). tA M J . = (4.1) 4.5 Difusão em regime estacionário � Algumas vezes torna-se conveniente expressar a concentração em termos da massa do componente que está em difusão: dC J D dx = − (4.2) D: coeficiente de difusão [m2/s]; C: concentração do componente em difusão [kg/m3]; X: posição [m]. � Considerando que o perfil de concentração é linear (primeira Lei de Fick ): A B A B C C C J D D x x x ∆ −= − = − ∆ − (4.3) 4.5 Difusão em regime estacionário Figura 4.5 – Difusão em regime permanente. ∆ ∆−= x C DJ A PRIMEIRA LEI DE FICK É RESTRITA A CASOS ONDE O GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO NÃO ALTERA COM O TEMPO. 1ª Lei de Fick D é o coeficiente de difusão e dependente da TEMPERATURA: −= RT Q DoD exp Do é uma constante de cada átomo [m2/s] R é a constante dos gases 8,314 [J/mol.K] Q é a energia de ativação [J/mol] 4.5 Difusão em regime estacionário (4.4) 4.5 Difusão em regime estacionário Tabela 4.1 – Tabulação de dados para difusão. COEFICIENTE DE DIFUSÃO (D) Figura 4.6 – Coeficiente de difusão. 4.6 Difusão em regime não - estacionário � Ocorre na maioria das situações práticas; � Segunda Lei de Fick : 2 2 C C D t x ∂ ∂= ∂ ∂ (4.4) Figura 4.7 – Perfil de concentração para a difusão em regime não- estacionário. Como varia o número de átomos de “A” dentro de uma fatia de espessura “dx”, de um determinado material? 2a Lei de Fick Figura 4.8 – Variação do número de átomos em regime não-permanente. Exercício 4.1 Uma placa de ferro está exposta a 700ºC a uma atmosfera carbonetante em um de seus lados. Considerando regime permanente, calcule o fluxo de difusão do carbono através da placa, dado as concentrações de carbono nas posições a 5 e a 10 mm abaixo da superfície carbonetante são 1,2 e 0,8 kg/m3, respectivamente. Considere um coeficiente de difusão de 3.10-11 m2/s nesta temperatura. Exercício 4.2 Calcule o coeficiente de difusão para o magnésio no alumínio a 550ºC. Dados: (tabela 4.1) D0 = 1,2.10-4 m2/s Qd = 131 kJ/mol . 0. dQ R TD D e − = 5 – MECANISMOS DE FORTALECIMENTO EM METAIS � 5.1 Introdução � 5.2 Redução do Tamanho de Grão � 5.3 Endurecimento por Solução Sólida � 5.4 Endurecimento por Deformação 5.1 Introdução � São maneiras de aumentar a resistência mecânica de um material, ou seja, são modos de evitar a ocorrência de deformação plástica. 5.2 Redução do Tamanho de Grão � O contorno de grão age como uma barreira ao movimento da discordância; � Como dois grãos têm diferentes orientações, uma discordância que passa de um grão para o outro através do contorno de grão, terá que mudar a direção do movimento. Figura 5.1 – Como o contornoage como uma barreira ao escorregamento 5.2 Redução do Tamanho de Grão 5.2 Redução do Tamanho de Grão A Figura 5.2 mostra a dependência do limite de elasticidade em relação ao tamanho de grão para uma liga de latão. Figura 5.2 – Influência do tamanho de grão sobre o limite de elasticidade de uma liga de latão de 70Cu-30Zn. Observe que o tamanho de grão aumenta da direita para a esquerda e não é linear. 5.2 Redução do Tamanho de Grão Figura 5.3 – Efeito do tamanho de grão na tensão de escoamento e na ductilidade para a liga Cu-30Zn. 5.2 Redução do Tamanho de Grão Além do aumento da resistência mecânica , o refino de grão também eleva a tenacidade do material. 5.3 Endurecimento por Solução Sólida � Técnica para endurecer metais, formando liga com átomos de impurezas que entram em soluções sólidas substitucionais ou intersticiais; � Metais de alta pureza são quase sempre mais macios e fracos do que ligas compostas do mesmo metal base; � Aumentando da concentração da impureza resulta num aumento no limite de resistência à tração e dureza. 5.3 Endurecimento por Solução Sólida Figura 5.4 – Representação das deformações por tração (A) e das deformações compressivas (B) sobre os átomos hospedeiros por um átomo de impureza substitucional menor e maior, respectivamente. (A) (B) 5.3 Endurecimento por Solução Sólida Exemplo da mudança das propriedades mecânicas com o aumento do teor de níquel para ligas cobre-níquel. Figura 5.5 – Variação do limite de resistência à tração com o aumento da concentração de níquel. 5.3 Endurecimento por Solução Sólida Figura 5.6 – Variação do limite de escoamento com o aumento da concentração de níquel. Exemplo da mudança das propriedades mecânicas com o aumento do teor de níquel para ligas cobre-níquel. 5.3 Endurecimento por Solução Sólida Figura 5.7 – Variação da ductilidade com o aumento da concentração de níquel. Exemplo da mudança das propriedades mecânicas com o aumento do teor de níquel para ligas cobre-níquel. 5.4 Endurecimento por Deformação � O endurecimento por deformação ou encruamento (“strain-hardening ou work-hardening”) pode ser usado em praticamente todo metal ou liga; � Os efeitos de endurecimento por deformação podem ser removidos por um tratamento térmico de recozimento. 5.4 Endurecimento por Deformação ©2003 Brooks/Cole, a division of Thomson Learning, Inc. Thomson Learning™ is a trademark used herein under license. Figura 5.8 – Durante trabalho a quente ocorre a recristalização. 5.4 Endurecimento por Deformação Figura 5.10 – Grãos encruados Figura 5.11 – Aspecto micrográfico de aço duro encruado por martelamento a frio. 5.4 Endurecimento por Deformação Figura 5.12 – Alteração da estrutura do grão de um metal policristalino como um resultado de deformação plástica. (a) Antes da deformação os gràos eram equiaxiais. (b) A deformação produziu grãos alongados 170x. 5.4 Endurecimento por Deformação Figuras 5.13 – (a) aumento do limite de escoamento e (b) aumento do limite de resistência à tração para o aço 1040, latão e cobre com o aumento de trabalho a frio. 5.4 Endurecimento por Deformação Figura 5.14 – Decréscimo da ductilidade (%AL) em função da porcentagem de trabalho a frio para o aço 1040, latão e cobre . 5.4 Endurecimento por Deformação Figura 5.15 – Influência do trabalho a frio sobre o comportamento tensão- deformação de um aço com baixo carbono para 0%TF, 4%TF e 24%TF. Tabela 5.1 - Efeito do encruamento sobre características mecânicas. 5.4 Endurecimento por Deformação C) Deformada a frio 85% e recozida a 316° C durante 1 hora. A estrutura apresenta grãos recristalizados e bandas de grãos não recristalizados CHAPA DA LIGA DE ALUMÍNIO 5657 (0,8% MG) APÓS LAMINAÇÃO A FRIO DE 85% E REAQUECIMENTO SUBSEQUENTE. A) Deformada a frio 85%; seção longitudinal. Os grãos estão fortemente alongados. B) Deformada a frio 85% e tratada termicamente (TT de tensões a 302° C durante 1h). A estrutura apresenta vestígios de recristalização que melhoram a deformabilidade da chapa. Figura 5.16 – Recristalização dos grãos com o aumento da temperatura. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.1 Introdução A falha de materiais de engenharia é quase sempre um evento indesejável por várias razões: vidas humanas são postas em risco; perdas econômicas; interferência com a disponibilidade de produtos e serviços. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.2 Fundamentos da Fratura A fratura simples causada por tensão que pode ser: Tração; Compressão; Cisalhamento; Torção. São possíveis em duas modalidades: Dúcteis; Frágeis. 6.2 Fundamentos da Fratura Figura 6.9 – (a) fratura altamente dúctil; (b) fratura moderadamente dúctil com alguma estricção; (c) fratura frágil sem deformação plástica. 6.2 Fundamentos da Fratura Materiais dúcteis exibem tipicamente uma deformação plástica com alta absorção de energia antes da fratura; Na fratura frágil existe normalmente pouca ou nenhuma deformação com baixa absorção de energia. Fratura dúctil é quase sempre preferida por 2 razões: A fratura frágil ocorre repentinamente e catastroficamente sem qualquer aviso. Por outro lado, para fratura dúctil, a presença de deformação plástica dá aviso de que a fratura é iminente, permitindo que medidas preventivas sejam tomadas; Mais energia de deformação é requerida para induzir fratura dúctil uma vez que os materiais dúcteis são geralmente mais tenazes. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.3 Fratura Dúctil Superfícies de fratura dúctil têm suas próprias características distintivas nos níveis tanto macroscópico quanto microscópico, caracterizado pela estricção, exibindo uma redução em sua área. 6.3 Fratura Dúctil Figura 6.10 - Estágios na fratura em taça e cone (a) empescoçamento inicial; (b) formação de cavidade pequena; (c) coalescência de cavidades para formar uma trinca; (d) propagação de trinca; (e) fratura por cisalhante num ângulo de 45o em relação à direção da tensão. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.4 Fratura Frágil A fratura frágil ocorre sem qualquer deformação apreciável e pela rápida propagação de uma trinca. A direção do movimento de trinca é proximamente perpendicular à direção da tensão de tração aplicada e produz uma superfície de fratura relativamente plana; Fratura Dúctil e Frágil Figura 6.11 - (a) Fratura em taça e cone em alumínio; (b) Fratura frágil em aço médio/alto teor de carbono. 6.4 Fratura Frágil Em algumas peças de aço, uma “marca de sargento” com formato em “V” pode se formar próxima ao centro da seção transversal da fratura, apontando para trás em direção ao ponto de iniciação da trinca; Outras superfícies de fratura frágil contém linhas ou arestas que se irradiam a partir da origem da trinca em forma de leque. 6.4 Fratura Frágil Figura 6.12 – Fotografia mostrando marcas estriadas em forma de “V” características de fratura frágil. As setas indicam a origem da trinca. 6.4 Fratura Frágil Figura 6.13 – Fotografia de uma superfície de fratura frágil mostrando estrias radiais em forma de leque. A seta indica a origem da trinca. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.5 Ensaio de Impacto Dois testes padronizados, o Charpy e o Izod, foram projetados para medir a energia de impacto, também denominada tenacidade de entalhe. A técnica Charpy com entalhe em V é a mais usada nos Estados Unidos. As energias de impacto são de interesse principalmente num sentido relativo e para fazer comparações - valores absolutos são de pouca significância. 6.5 Ensaio de Impacto Figura 6.14 – Corpo de prova utilizado nos ensaios de impacto Charpy e Izod. Figura 6.15 – Desenho esquemático de um equipamento para ensaios de impacto. 6.5 Ensaio de Impacto Figura 6.16 – Ensaio de impacto tipo Charpy. Figura 6.17 – Ensaio de impacto tipo Izod. 6.5 Ensaio de Impacto Tabela 6.1 – Dados de ensaio de impacto. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.6 Transição Dúctil-Frágil Uma das funções principais dos testes Charpy e Izod é determinar se um material apresenta ou não uma transição dúctil-frágil com a diminuição da temperatura e, se esse for o caso, as faixas de temperatura na qual isso ocorre. A transição dúctil-frágil está relacionada à dependência da absorção de energia de impacto medida em relação à temperatura. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Figura 6.19 – Dependência da energia de impacto Charpy (A) e da fratura por cisalhamento (B) em relação à temperatura para um aço A283. 6.6 Transição Dúctil-Frágil A aparência da superfície de falha serve como indicativo da natureza da fratura e pode ser usada nas determinações de temperatura de transição. Para fratura dúctil, esta superfície parece fibrosa ou opaca. De maneira contrária superfícies totalmente frágeis possuem uma textura granular ou brilhosa. Figura 6.20 – Fotografia das superfícies de fratura de corpos de prova Charpy do aço A36 testados em diversas temperaturas. Ensaio Charpy 6.6 Transição Dúctil-Frágil Figura 6.21 – Fratura dúctil. Figura 6.22 – Fratura frágil. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Figura 6.23 – Tipos de fratura de impacto (Charpy). 6.6 Transição Dúctil-Frágil Estruturas construídas a partir de ligas que exibem este comportamento dúctil-frágil devem ser usadas somente em temperaturas acima da temperatura de transição, a fim de evitar falha frágil e catastrófica. Exemplos clássicos deste tipo de falha ocorreram, com consequências desastrosas, durante a Segunda Guerra Mundial, quando inúmero navios de transporte contendo soldas, distantes do combate, repentinamente se partiram ao meio. As embarcações eram construídas a partir de uma liga de aço que possuía ductilidade adequada de acordo com os ensaios de tração realizados à temperatura ambiente. As fraturas frágeis ocorreram em temperaturas ambientes relativamente baixas, cerca de 4oC, na vizinhança da temperatura de transição da liga. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Nem todas as ligas metálicas apresentam uma transição dúctil-frágil. Os metais CFC de baixa resistência (algumas ligas de alumínio e cobre) e a maioria dos metais HC não apresentam uma transição dúctil-frágil; Para materiais com alta resistência (ligas de titânio) a energia de impacto também é relativamente insensível à temperatura, entretanto, esses materiais também são muito frágeis com baixos valores de suas energias de impacto. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Figura 6.24 – Curvas esquemáticas da energia de impacto em função da temperatura. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Energia (J) Temperatura (ºC) CFC CCC T1 Figura 6.25 – Qual a melhor curva? Verde ou vermelha? CCC Tipos de fratura em Impacto (Charpy) 6.6 Transição Dúctil-Frágil O refinamento do tamanho grão aumenta tanto a resistência quanto a tenacidade dos aços. Um aumento do teor de carbono aumenta a resistência, mas também aumenta a temperatura de transição dos aços. Figura 6.26 – Influencia do teor de carbono sobre o comportamento da energia Charpy em função da temperatura para o aço. 6.6 Transição Dúctil-Frágil Figura 6.27 – Variação na temperatura de transição de dúctil para frágil para ligas de Fe-Mn-0,05C com diversos níveis de manganês. 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.7 Fluência Fluência (Creep): ocorre em material colocado em serviço sob temperatura elevada e expostos a tensões mecânicas estáticas; Para os metais a fluência se torna importante para temperaturas maiores do que 0,4 Tf (Tf: temperatura absoluta de fusão); Deformação permanente do material; Depende de três fatores: Tensão Temperatura Tempo Plásticos e borrachas são extremamente sensíveis. 6.7 Fluência 6.7 Fluência Efeito dominante Resistência Fluência A D M IS S ÍV E L temperatura ASME Sec. VIII, Div. 1 6.7 Fluência Figura 6.28 – Curva típica de fluência mostrando a deformação em função do tempo sob tensão constante. Endurecimento do material encruamento Balanço entre encruamento e recuperação 6.7 Fluência Figura 6.29 – Influência da tensão (σ) e da temperatura (T) sobre o comportamento da fluência. 6.7 Fluência Às vezes surge a necessidade de se obter dados de fluência (como em exposição prolongada da ordem de anos). A solução é executar ensaios por fluência em temperaturas mais altas, para então se fazer uma extrapolação para as condições de serviço. Figura 6.30 – Gráfico da tensão em função do tempo de vida até a ruptura em uma liga níquel-carbono com baixo teor de C em três temperaturas. 6.7 Fluência O procedimento de extrapolação comumente usado emprega o parâmetro de Larson-Miller. rtCTP log E 6.1 C: uma constante (geralmente igual a 20); T: temperatura [K]; tr: tempo de vida até a ruptura [horas] 6.7 Fluência Figura 6.31 – Gráfico do logaritmo da tensão em função do parâmetro Larson-Miller para um ferro S-590. Exemplo Usando os dados de Larson-Miller para o ferro S-590, estime o tempo de vida até a ruptura para um componente que está submetido a uma tensão de 140 MPa a 800ºC. Solução: Da figura: P = 24.103 T = 800ºC = 1073 K 3 . log 24.10 1073. 20 log 22,37 20 log 233 9,7 r r r r P T C t t t t horas t dias 6.7 Fluência Existem vários fatores que afetam as características de fluência dos metais. Estas incluem temperatura de fusão, módulo elástico e tamanho de grão; Em geral, quanto maior a temperatura de fusão, maior o módulo de elasticidade; Metal Temperatura de fusão (ºC) Módulo de elasticidade (GPa) Chumbo (pb) Magnésio (Mg) Alumínio (Al) Prata (Ag) Ouro (Au) Cobre (Cu) Níquel (Ni) Ferro (Fé) Molibdênio (Mo) Tungstênio (W) 327 650 660 962 1064 1085 1453 1538 2610 3410 14 45.5 70 72 79 127 209 210 304 414 Tabela 6.2 – Relação entre temperatura de fusão e módulo de elasticidade dos metais. Fatores que influenciam as propriedades de fluência: Temperatura de fusão (Tf) Tf resistência a fluência Módulo de elasticidade (E) E resistência a fluência Tamanho de grão (TG) TG resistência a fluência Composição química: adição de elementos de liga que precipitem carbonetos termodinamicamente estáveis (Mo; Nb; Ti; V; W). 6.7 Fluência 6.7 Fluência Quanto maior o tamanho de grão, melhor é a resistência do material à fluência. Figura 6.32 – Palheta de turbina a gás policristalina (a), por técnica de solidificação direcional (b) e monocristalina (c). 6.7 Fluência 6.7 Fluência Figura 6. – Vantagens em termos de propriedades de resistência à corrosão, à fluência e à fadiga de palhetas processadaspor solidificação direcional e monocristal, em relação às das palhetas policristalinas. 6.7 Fluência Figura 6. – Ruptura por fluência. 6.7 Fluência Resumo: Temperatura de fusão (Tf) Tf resistência a fluência Módulo de elasticidade (E) E resistência a fluência Tamanho de grão (TG) TG resistência a fluência 6 – FALHAS EM SERVIÇO 6.1 Introdução 6.2 Fundamentos da Fratura 6.3 Fratura Dúctil 6.4 Fratura Frágil 6.5 Ensaio de Impacto 6.6 Transição Dúctil-Frágil 6.7 Fluência 6.8 Fadiga 6.8 Fadiga A maioria das falhas em máquinas ocorrem devido a cargas que variam no tempo, e não a esforços estáticos; Essas falhas ocorrem em níveis de tensão inferiores aos valores da resistência ao escoamento dos materiais. 6.8 Fadiga Fadiga é uma forma de falha que ocorre em estruturas submetidas a tensões dinâmicas e oscilantes, tais como pontes, aeronaves e componentes de máquinas; A fadiga é a maior causa individual de falhas nos metais, representando aproximadamente 90% de todas as falhas metálicas; Figura 6.33 – Ciclo de fadiga. 6.8 Fadiga Figura 6.34 – Material que exibe um limite de resistência à fadiga. 6.8 Fadiga Para algumas ligas ferrosas e ligas de titânio, a curva σ-N se torna horizontal para os valores de N mais altos, ou seja, existe um nível de tensão limite, chamado limite de resistência à fadiga (ou limite de durabilidade) abaixo do qual a falha por fadiga não ocorrerá; Este limite de fadiga representa o mais alto valor de tensão oscilante que não causará falha para um número essencialmente infinito de ciclos; Para muitos aços, limites de resistência à fadiga variam entre 35 e 60% do limite de resistência à tração. 6.8 Fadiga Tabela 6.5 – Comparação entre o limite de resistência à fadiga (LRF) e o limite de resistência a tração (LRT) para algumas ligas. 6.8 Fadiga A maioria das ligas não-ferrosas (por exemplo, de alumínio, cobre, magnésio) não possui um limite de fadiga; Neste caso, a curva σ-N continua a sua tendência decrescente para valores maiores de N; Para estes materiais, a resposta à fadiga é especificada como resistência à fadiga, definida como o nível de tensão no qual a falha irá ocorrer para algum número de ciclos; Um importante parâmetro que caracteriza o comportamento à fadiga de um material é a vida em fadiga Nf . Ela é o número de ciclos necessário para causar a falha sob um nível de tensão, conforme determinado gráfico σ-N. 6.8 Fadiga Figura 6.35 – Material que não exibe um limite de resistência à fadiga. 6.8 Fadiga Sempre existe uma dispersão considerável nos dados de fadiga, ou seja, a figura mostrada representa uma curva de melhor ajuste; Essa variação é causada pela variação de fabricação do corpo de prova, preparo da superfície, variáveis metalúrgicas, alinhamento, frequência... Várias técnicas foram desenvolvidas para especificar a vida em fadiga e o limite de resistência à fadiga em termos de probabilidades; Uma maneira conveniente de representar os dados tratados dessa maneira é através de uma série de curvas de probabilidade constante; O valor de P associado a cada curva representa a probabilidade de falha. 6.8 Fadiga Por exemplo, numa tensão de 200 MPa a probabilidade é que 1% das amostras falhem com 106 ciclos Para a mesma tensão de 200 MPa, 50% das amostras devem falhar com 2x107 ciclos. Figura 6.36 – Curvas σ-N de probabilidade de falha por fadiga para uma liga de alumínio 7075-T6. Iniciação e Propagação de Trincas O processo de falha por fadiga é caracterizado por 3 etapas distintas: Iniciação de trinca, onde uma pequena trinca se forma em algum ponto de alta concentração de tensões; Propagação da trinca, durante a qual esta trinca avança a cada ciclo de tensão; Falha final, que ocorre muito rapidamente, uma vez a trinca que está avançando tenha atingido um tamanho crítico. 6.8 Fadiga As falhas por fadiga têm início com uma pequena trinca; Figura 6.37 – Início e propagação da trinca. Iniciação e Propagação de Trincas As trincas associadas a falhas por fadiga quase sempre se iniciam na superfície de um componente, em algum ponto de concentração de tensões, como: Ângulos vivos; Rasgos de chavetas; Fios de roscas. A carga cíclica pode também produzir descontinuidades superficiais microscópicas que resultam dos degraus de escorregamento de discordâncias, e também podem atuar como concentradores de tensões. Figura 6.38 – Canto vivo e adoçamento. Iniciação e Propagação de Trincas A região de uma superfície de fratura que ser formou pode ser caracterizada por dois tipos de marcas: Marcas de praia; Estrias; Estas marcas indicam a posição da extremidade da trinca em um dado instante e aparecem como nervuras que se expandem para longe da iniciação da trinca. Iniciação e Propagação de Trincas Figura 6.39 – Superfície de fratura de um eixo rotativo de aço que sofreu falha por fadiga, mostrando as marcas de praia. As marcas de praia possuem dimensões macroscópicas e podem ser observadas a olho nu. Iniciação e Propagação de Trincas Figura 6.40 – Superfície mostrando estrias de fadiga no alumínio. As estrias de fadiga apresentam dimensões microscópicas e estão sujeitas à observação apenas através de um microscópio. Iniciação e Propagação de Trincas As marcas de praia e as estrias não irão aparecer na região na qual ocorre a falha rápida. Figura 6.41 – Superfície de falha por fadiga. Uma trinca se formou na borda superior. A região lisa corresponde à área ao longo da qual a trinca se propagou. A falha rápida ocorreu ao longo da área que possui uma textura opaca e fibrosa. 6.8 Fadiga Figura 6.42 – Curva S-N para a liga de titânio e liga de alumínio. A liga de titânio apresenta um limite de fadiga, enquanto que a curva da liga de alumínio decresce continuamente. CAPÍTULO 7 SIDERURGIA 7.1 Produção do Aço 7.2 Produtos 7.3 Minério de Ferro 7.4 Carvão Mineral 7.5 Fundente 7.6 Alto Forno 7.7 Aciaria 7.8 Metalurgia da Panela 7.9 Lingotamento Contínuo 7.10 Conformação 7.11 Siderurgia Brasileira 7.1 Produção do Aço Figura 7.1 – Redução da matéria-prima. 7.1 Produção do Aço Figura 7.2 – Produção do aço. 7.1 Produção do Aço Figuras 7.3 – Produto final da siderurgia. 7.2 Produtos �Gusa �Aço � Fofo �Escória �Gases 7.3 Minério de Ferro Principais variedades de minério de ferro : � Magnetita (Fe3O4): de cor cinza escura a preta, Seu magnetismo permite a localização de jazidas. Contém no máximo 73,36% de Fe e 27,64% de O2. � Hematita (Fe2O3): de cor cinza brilhante ao ser fraturada e vermelho marrom depois de certo tempo de exposição às intempéries. Contém no máximo 69,5% de Fe e 30,5% de O2. � Limonita (Fe2O3.nH2O): óxido hidratado, com no máximo 60% de Fe, de cor amarela a marrom. O teor de ferro pode variar de 52,31 a 60,31%. � Siderita (FeCO3): Carbonato de ferro, com 48,3% de Fe no máximo, de cor clara a cinza esverdeado. Normalmente está associada com carbonatos de cálcio e magnésio. 7.3 Minério de Ferro � A maioria das jazidas de minério de ferro brasileira estão localizadas no Pará (Carajás), Minas Gerais (Quadrilátero Ferrífero) e Mato Grosso do Sul (Urucúm). Existem ainda jazidas no Amapá, Bahia, São Paulo e Paraná, mas com reservas menores. A maioria dos minérios brasileiros é a hematita; � É necessário preparar o minério para torná-lo adequado ao uso no alto-forno 7.3 Minério de Ferro � Pelotas são aglomerados de forma esférica formados pela pelotização de minérios finos com o auxílio de aditivos seguido por um endurecimento a frio ou a quente; � Sinteres são aglomerados de forma irregular e esponjosa formados por meio de uma combustão (sinterização) de um combustível previamente adicionado à mistura (finos minério de ferro; fundentes – calcário, areia; combustível – finos de coque; aditivos – corretivo de característicaspara aproveitamento de resíduos de recirculação); 7.3 Minério de Ferro 5mm<Pelotas<18mm5mm<Pelotas<18mm 5mm<Sinter<50mm5mm<Sinter<50mm 6mm< Minério <40mm granulado 6mm< Minério <40mm granulado Em detalheEm detalhe Figuras 7.5 – Fontes de ferro. 7.3 Minério de Ferro 0 20 40 60 80 100 1948 1953 1958 1963 1968 1973 1978 1983 1988 1993 1998 C om po si çã o da C ar ga ( % ) Granulado Sinter Pelota Figura 7.6 – Evolução da carga nos Altos Fornos. 7.4 Carvão Mineral � A coqueria é a unidade que transforma o carvão em coque; � O coque é o produto sólido da destilação de uma mistura de carvões realizada a em torno de 1300oC em fornos durante 16 horas; � A destilação dá origem aos produtos carbo-químicos (gases, vapores condensáveis, benzol, alcatrão, etc) que são comercializados pelas siderúrgicas. O gás de coqueria é um importante insumo para a própria usina. � Detalhes do processo Típica Bateria de coqueificaçãoTípica Bateria de coqueificação Coque incandescente pronto para ser descarregado Coque incandescente pronto para ser descarregado Coqueria Figuras 7.7 – Detalhes do processo de coqueria. 7.5 Fundente � O minério de ferro e o coque apresentam impurezas não metálicas que devem ser separadas; � O uso de fundentes (ou fluxantes) tem como objetivo a aglutinação destas impurezas para a forma de escória; � O calcário é uma rocha constituída, em sua maior parte, de carbonato de cálcio (CaCO3). 7.6 Alto Forno Figuras 7.9 – Alto forno. �O alto forno é um forno de cuba que operado em regime de contra corrente. �No topo do forno o coque, calcário, e o material portador de ferro (sinter, pelotas e minério granulado) são carregado em diferentes camadas. �A carga sólida, alimentada pelo topo, desce por gravidade reagindo com o gás que sobe. �Na parte inferior do forno é injetado ar quente (em torno de 1000ºC) vindo dos regeneradores. 7.6 Alto Forno 7.6 Alto Forno Figura 7.10 – Sequência no Alto forno. 7.6 Alto Forno � São estruturas de aproximadamente 100 metros de altura e 13 metros de diâmetro (dimensões aproximadas do Alto-forno número 3 da CSN), construídas com chapas de aço e revestidas internamente com materiais refratários; � A matéria prima requer de 6 a 8 horas para alcançar o fundo do forno (cadinho) na forma do produto final de metal fundido (gusa) e escória líquida (mistura de óxidos não reduzidos). Estes produtos líquidos são vazados em intervalos regulares de tempo; � Os produtos do alto forno são o gusa (que segue para o processo de refino do aço), a escória (matéria-prima para a indústria de cimento), gases de topo e material particulado. 7.6 Alto Forno Figura 7.11 – Características do Alto forno. Minério Coque Zona Granular Zona de Amolecimento e Fusão Zona de Coque Ativa Camada em Amolecimento e Fusão Zona de Combustão Cadinho Zona de Gotejamento Zona de Coque Estagnado 7.6 Alto Forno Figuras 7.12 – Detalhes no Alto forno. 7.7 Aciaria � A produção do aço líquido se dá através da oxidação controlada das impurezas presentes no gusa líquido e na sucata; � Este processo é denominado refino do aço e é realizado em uma instalação conhecida como aciaria; � O refino do aço normalmente é realizado em batelada pelos seguintes processos: � Aciaria a oxigênio – Conversor LD (carga predominantemente líquida). � Aciaria elétrica – Forno elétrico a arco – FEA (carga predominantemente sólida). Conversor LD �Responsável por cerca 60% (540 milhões ton/ano) da produção de aço líquido mundial, a tecnologia continua a ser a mais importante rota para a produção de aço, particularmente, chapas de aço de alta qualidade. �Processo industrial teve início em 1952, quando o oxigênio tornou-se industrialmente barato. A partir daí o crescimento foi explosivo. �Permite elaborar uma enorme gama de de tipos de aços, desde o baixo carbono aos média-liga. Conversor LD Figuras 7.13 – Conversor LD. Conversor LD Figura 7.14 – Conversor LD. Conversor LD Figura 7.15 – Alimentação no Conversor LD. 7.7 Aciaria Figuras 7.16 – Alimentação do conversor. Aciaria Elétrica � Processo industrial começou no início do século XX. � Inicialmente, o forno elétrico era considerado sobretudo como um aparelho para a fabricação de aços especiais, inoxidáveis e de alta liga. � Atualmente, ele tem sido cada vez mais utilizado na fabricação de aço carbono. � Processo reciclador de sucata por excelência; não há restrição para proporção de sucata na carga. � A participação do aço elétrico no mundo vem crescendo substancialmente nas últimas décadas. Aciaria Elétrica Figura 7.17 – Aciaria elétrica. 7.8 Metalurgia de Panela � Após o refino, o aço ainda não se encontra em condições de ser lingotado. O tratamento a ser feito visa os acertos finais na composição química e na temperatura. Portanto, situa-se entre o refino e o lingotamento contínuo na cadeia de produção de aço carbono; � As seguintes operações podem ser executadas: � Homogeneização do calor; � Ajuste da composição; � Ajuste da temperatura do aço; � Desoxidação – remoção do oxigênio residual do aço e cria condições termodinâmicas para a adição de elementos de liga (os desoxidantes mais comuns são ferro-ligas, escolhidos em função do aço a ser fabricado (FeMn, FeSiMn) e Alumínio. � Desulfuração com escória sintética ou injeção de pós; � Desfoforação Forno Panela Figura 7.18 – Forno na metalurgia de panela. 7.9 Lingotamento Contínuo Figura 7.20 – Lingotamento contínuo. �O lingotamento contínuo é um processo pelo qual o aço fundido é solidificado em um produto semi- acabado, tarugo, perfis ou placas para subseqüente laminação. �Antes da introdução do lingotamento contínuo, nos anos 50, o aço era vazado em moldes estacionário (lingoteiras). 7.9 Lingotamento Contínuo 7.9 Lingotamento Contínuo Figuras 7.21 – Produto semi-acabado. 7.9 Lingotamento Contínuo Figuras 7.22 – Leito do Lingotamento Contínuo. 7.10 Conformação � A grande importância dos metais na tecnologia moderna deve-se, em grande parte, à facilidade com que eles podem ser produzidos nas mais variadas formas, para atender a diferentes usos. � Os processos de fabricação de peças a partir dos metais no estado sólido podem ser classificados em: � Conformação Mecânica: a massa é conservada; � Remoção Metálica ou Usinagem: retira-se material para se obter a forma desejada; 7.10 Conformação PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO ABAIXO DE TF � Forjamento � Laminação � Extrusão � Trefilação ou Estiramento PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO ACIMA DE TF � Fundição � Metalurgia do Pó � Soldagem Forjamento � Operações efetuadas com esforço de compressão sobre um material dúctil, de tal modo que ele tende a assumir o contorno ou perfil da ferramenta de trabalho Laminação � Consiste em modificar a seção transversal de um metal na forma de barra, lingote, placa, fio, ou tira, etc., pela passagem entre dois cilindros � Laminação de produtos planos – Cilindros com geratriz retilínea � Laminação de produtos não planos - Cilindros contendo canais entalhados de forma mais ou menos complexa Laminação Extrusão e Trefilação Dobramento Forjamento Laminação Trefilação Estampagem Cisalhamento τ ExtrusãoExtrusão 7.10 Conformação Figuras 7.23 – Tipos de conformação. Figuras 7.24 – Esquema do processo de recozimento contínuo. 7.10 Conformação 8 – Diagrama de Fases �8.1 Introdução � 8.2 Definições e Conceitos Básicos � 8.3 Limite de Solubilidade � 8.4 Diagrama de Fases � 8.5 Diagrama de Fases Binários � 8.6 Interpretação do Diagrama de Fases � 8.7 Propriedades Mecânicas de Ligas Isomorfas � 8.8 Sistemas Eutéticos Binários � 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura � 8.10 Diagramas Contendo Fases Intermediários 8.1 Introdução � O desenvolvimento da microestrutura de uma liga está relacionado às características do seu diagrama de fases; � Os diagramas de fases fornecem valiosa informação sobre fusão, solidificação, cristalizaçãoe outros fenômenos. 8.2 Definições e Conceitos Básicos � COMPONENTE: são metais puros e/ou compostos que compõe uma liga; Exemplo: num latão cobre-zinco, os componentes são Cu e Zn; � SOLVENTE: representa o elemento que está presente em maior quantidade, ou átomos hospedeiros; � SOLUTO: indica um elemento que está presente em menor concentração; � SOLUÇÃO SÓLIDA SUBSTITUICIONAL: átomos impuros substituem os átomos principais na estrutura cristalina; � SOLUÇÃO SÓLIDA INTERSTICIAL: átomos de impurezas preenchem os vazios entre os átomos principais. 8.2 Definições e Conceitos Básicos � FASE: porção homogênea de um sistema que tem características química e físicas uniformes; � Todo material puro é considerado como sendo uma fase; � Diagrama de fases: é como um mapa para a determinação das fases presentes, para qualquer temperatura e composição, desde que a liga esteja em equilíbrio; � Uma substância pode existir em duas ou mais formas (por exemplo, possuindo tanto estrutura CFC quanto CCC). 8.2 Definições e Conceitos Básicos � Um sistema se encontra em EQUILÍBRIO se sua energia livre estiver num mínimo sob alguma especificada combinação de temperatura, pressão e composição; � O termo EQUILÍBRIO DE FASE se refere ao equilíbrio na medida em que ele se aplica a sistemas onde pode existir mais do que uma única fase. 8.3 Limite de Solubilidade � LIMITE DE SOLUBILIDADE: máxima concentração de átomos de soluto que pode se dissolver no solvente para formar uma solução sólida; � Quando o limite de solubilidade é ultrapassado forma-se uma segunda fase com composição distinta. 8.3 Limite de Solubilidade � Exemplo: Sistema açúcar–água (C12H22O11-H2O). � Inicialmente, à medida em que açúcar é adicionado à água, forma-se a solução açúcar–água; � À medida em que mais açúcar é introduzido, a solução se torna mais concentrada, até que o limite de solubilidade seja atingido; � Neste momento, a solução não é mais capaz de dissolver qualquer quantidade adicional de açúcar e novas adições sedimentam-se no fundo do recipiente; � O sistema consiste, portanto, em duas substâncias separadas: uma solução líquida açúcar–água e cristais sólidos de açúcar que não foram dissolvidos. 8.3 Limite de Solubilidade � O limite de solubilidade do açúcar em água depende da temperatura da água. Figura 8.1 – Solubilidade do açúcar em água. 8.3 Limite de Solubilidade Figura 8.2 – Diagrama de fases eutético binário. 8.4 Diagrama de Fases � Muito da informação sobre o controle da estrutura das fases são mostradas num diagrama de fases (diagrama de equilíbrio); � Existem três parâmetros que irão afetar a estrutura das fases: temperatura, pressão e composição; � Os diagramas são construídos quando várias combinações desses parâmetros são plotadas. 8.4 Diagrama de Fases � O exemplo mais simples é o diagrama de fases com um único componente, onde a composição é mantida constante. Figura 8.3 – Diagrama de fases pressão – temperatura para o H2O. 8.5 Diagrama de Fases Binários � No caso do diagrama de fase binário, a pressão é mantida constante para ligas contêm dois componentes; � São mapas que representam as relações entre a temperatura e as composições e quantidades das fases em equilíbrio. 8.5 Diagrama de Fases Binários � A Figura 8.4 apresenta o sistema cobre-níquel mostrando a composição da liga, em porcentagem em peso (escala inferior) e em porcentagem atômica (escala superior) de níquel em função da temperatura; � Três regiões de fases diferentes aparecem no diagrama de fases, um campo alfa (α), um campo de líquido (L) e um campo bifásico α + L. 8.5 Diagrama de Fases Binários Figura 8.4 – Diagrama de fases cobre-níquel. 8.5 Diagrama de Fases Binários � O líquido L é uma solução líquida homogênea, composta tanto por cobre quanto por níquel; � A fase α é uma solução sólida substitucional contento átomos de Cu e de Ni e possuindo uma estrutura cristalina CFC; � As temperaturas de fusão de cobre puro e de níquel puro são 1085ºC e 1453ºC. 8.6 Interpretação do Diagrama de Fases � Três tipos de informações são disponíveis: �as fases que estão presentes; �as composições dessas fase; �as porcentagens das fases. Uma liga de composição em peso igual a 60%Ni e 40%Cu a 1100ºC (ponto A) apenas a fase α estará presente. Uma liga 35%Ni-65%Cu, em peso, a 1250ºC (ponto B) consistirá das fases α e líquido em equilíbrio. Determinação das composições e das quantidades das fases � Determinação das composições das fases: �Localize o ponto no diagrama; �Trace as linhas de amarração; �Trace linhas perpendiculares à linha de amarração até o eixo horizontal. Determinação das composições e das quantidades das fases Figura 8.5 – Parte do diagrama de fases cobre-níquel para determinação das composições e das quantidades determinadas para o ponto B. Determinação das COMPOSIÇÕES das fases � A linha perpendicular traçada encontra o eixo das composições em 31,5%p Ni (68,5%p Cu), o que corresponde à composição da fase líquida; � De maneira semelhante, para a interseção da linha de amarração com a linha solidus, encontramos uma composição para a fase composta pela solução sólida α de 42,5%p Ni (57,5%p Cu). Determinação das QUANTIDADES das fases: Se o ponto for dentro da região bifásica utiliza-se a regra da alavanca. � C0: composição global da liga; � WL: fração mássica da fase líquida; � Wα: fração mássica da fase α. 0 L L C CS W R S C C α α −= = + − 0 L L C CR W R S C Cα α −= = + − 0 42,5 35 0,68 42,5 31,5L L C C W C C α α − −= = = − − 0 35 31,5 0,32 42,5 31,5 L L C C W C Cα α − −= = − − (9.1) (9.2) Para o ponto B tem-se: Exercício 8.1 A) Em qual temperatura se forma a primeira fase líquida? B) Qual é a composição dessa fase líquida? C) Em qual temperatura ocorre a fusão completa da liga? D) Qual é a composição do último sólido remanescente antes da fusão completa? Uma liga cobre-níquel com composição de 70%p Ni – 30%p Cu é aquecida lentamente a partir de uma temperatura de 1300ºC. Resfriamento em condições de equilíbrio Figura 8.6 – Representação do desenvolvimento da microestrutura durante a solidificação para a liga 35%p Ni – 65%p Cu. Liga 35%p Ni – 65%p Cu; � Ponto a: a 1300ºC a liga está totalmente líquida; � Ponto b: o primeiro sólido começa a aparecer a ≈1260ºC, com composição do primeiro sólido 46%p Ni e 54%p Cu [α(46Ni)] e líquido 35%p Ni 65%p Cu [L(35Ni)]; � Ponto c: a 1250ºC a composição da fase sólida é 43%p Ni 57%p Cu [α(43Ni)] e da fase líquida 32%p Ni 68%p Cu [L(32Ni)]; � Ponto d: a 1220ºCa composição da fase sólida é 35%p Ni 65%p Cu [α(35Ni)] e a composição do último líquido é 24%p Ni 76%p Cu [L(24Ni)]; � Ponto e: composição uniforme da liga, com 35%p Ni – 65%p Cu. Resfriamento fora das condições de equilíbrio � As condições da solidificação em equilíbrio e o desenvolvimento de microestruturas, como descritos anteriormente, são conseguidos somente para taxas de resfriamento muito lentas; � Com as mudanças na temperatura devem existir reajustes nas composições das fases sólida e líquida; � Os reajustes são obtidos por processos de difusão tanto na fase sólida quanto na fase líquida, e também na interface sólido-líquido; � A difusão é um fenômeno dependente do tempo; � As taxas de difusão são baixas para a fase sólida. Resfriamento fora das condições de equilíbrio � Considerando novamente a liga 35%p Ni – 65%p Cu; � Será considerado que as taxas de difusão na fase líquida são suficientemente elevadas; Figura 8.7 – Resfriamento fora do equilíbrio. � Ponto a´: a 1300ºC a liga está totalmente líquida; � Ponto b´: o primeiro sólido começa a aparecer a ≈1260ºC, com composição do primeiro sólido 46%p Ni e 54%p Cu [α(46Ni)] e líquido 35%p Ni 65%p Cu [L(35Ni)]; � Ponto c´: a 1240ºC a composição média da fase sólida é 42%p Ni 58%p Cu [α(42Ni)] (Ponto c: 40%p Ni 60%p Cu) e da fase líquida 29%p Ni 71%p Cu [L(29Ni)];� Ponto d´: seria o fim da solidificação, mas existe líquido remanescente. A 1220ºC a composição média da fase sólida é 38%p Ni 62%p Cu [α(38Ni)]; � Ponto e´: término da solidificação, com 35%p Ni – 65%p Cu. 8.7 Propriedades Mecânicas de Ligas Isomorfas Figuras 8.8 – Limite de resistência à tração e ductilidade (%AL) em função da composição para o sistema cobre – níquel à temperatura ambiente. Efeito da variação na composição química. 8.8 Sistemas Eutéticos Binários � Um outro tipo comum e relativamente simples de diagrama de fase para ligas binárias; Figuras 8.9 – Microestruturas características de diferentes regiões no diagrama de fases eutético binário. 8.8 Sistemas Eutéticos Binários � Como exemplo será mostrado o sistema cobre-prata; � Existem 3 regiões monofásicas: α, β e líquido; � A fase α é uma solução sólida rica em cobre, tem prata como o componente soluto e uma estrutura cristalina CFC; � A solução sólida que compõe a fase β também possui uma estrutura CFC, mas nela o cobre é o soluto; � O cobre e a prata puros são considerados como fases α e β, respectivamente; � Existem 3 regiões bifásicas: α+L, β+L, α+β. 8.8 Sistemas Eutéticos Binários Figuras 8.10 – Diagrama de fases cobre-prata. 8.8 Sistemas Eutéticos Binários � Linha Solvus: separa as regiões α - α+β e β - α+β; � Linha Solidus: separa as regiões α - α+L, β - α+L e também a linha BEG; � Linha Liquidus: separa as regiões α+L - L e β+L - L; � A reação que passa pelo ponto E (ponto invariante) é chamada de reação eutética (eutético significa que se funde com facilidade); � A temperatura de fusão do cobre puro é 1085ºC. 8.8 Sistemas Eutéticos Binários Figuras 8.11 – Material poli-cristalino com uma única fase (esquerda) e com duas fases (direita). 8.8 Sistemas Eutéticos Binários Figuras 8.12 – Diagrama de fases chumbo-estanho. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura � Dependendo da composição, vários diferentes tipos de microestrutura são possíveis para resfriamento lento de ligas que pertençam aos sistemas eutéticos binários; � Estas possibilidades serão consideradas em termos do diagrama de fase chumbo-estanho, mostrado na Figura 8.11. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura � Em 350ºC (ponto a) a liga está na fase líquida; � Em 330 ºC (ponto b) começa a formar a fase sólida α; � Existe uma estreita região α+L, entre as linhas Líquidus e Solidus; � Na linha sólidus a liga atinge o término da solidificação, formando a fase α. Figuras 8.13 – Microestrutura em equilíbrio para a liga chumbo- estanho com composição C1. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura Figuras 8.14 – Microestrutura em equilíbrio para a liga chumbo- estanho com composição C2. � Ao cruzar a linha Solvus, a solubilidade sólida da fase α é excedida, o que resulta na formação de pequenas partículas da fase β (ponto g). 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura � A estrutura que se forma no ponto i é chamada de estrutura eutética, composto por camadas das fases α e β; � A estrutura eutética se forma nessas camadas alternadas porque, para esse tipo de configuração lamelar, a difusão atômica do chumbo e do estanho precisa ocorrer apenas em distâncias relativamente curtas. Figuras 8.15 – Microestrutura em equilíbrio para a liga chumbo-estanho com composição C3. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura Figuras 8.17 – Microestrutura de uma liga chumbo-estanho com a composição eutética. Consiste em camadas alternadas de uma solução sólida de fase α rica em chumbo (camadas escuras) e de uma solução sólida da fase β rica em estanho (camadas claras). Figuras 8.16 – Representação da formação da estrutura eutética. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura � À medida que a temperatura é reduzida (ponto k) forma-se a fase α; � Para pontos abaixo do eutético (ponto m) a fase líquida irá se formar na estrutura lamelar (α+β); Figuras 8.18 – Microestrutura em equilíbrio para a liga chumbo-estanho com composição C4. Para distinguir as fases, aquela que se encontra na estrutura eutética é chamada de α eutética, enquanto a outra, que se formou antes do cruzamento da isoterma eutética, é denominada α primária. 8.9 Desenvolvimento da Microestrutura Figuras 8.19 – Microestrutura da liga chumbo-estanho com composição de 50%p Sn – 50%p Pb. Essa microestrutura é composta por uma fase α primária rica em chumbo (grandes regiões escuras) entremeada por uma estrutura eutética lamelar que consiste em uma fase β rica em estanho (camadas claras) e uma fase α rica em chumbo (camadas escuras). Ampliação de 400x. 8.10 Diagramas Contendo Fases Intermediários � Soluções sólidas terminais: α, β, ... � Soluções intermediárias: α+β, α+γ, ... Figuras 8.20 – Diagrama de fases magnésio-chumbo. 8.10 Diagramas Contendo Fases Intermediários Figuras 8.21 – Diagrama de fases Cobre-zinco. Exercício 8.2 Para uma liga que contém 40%p Sn – 60%p Pb à temperatura de 150ºC: A) Quais as fases estão presentes? B) Qual é a composição destas fases? C) Determine as quantidades relativas (em termos de frações mássicas) das fases EXERCÍCIO 8.3 Cite as fases que estão presentes, as composições e as porcentagens das fases para as seguintes ligas: A) 15%p Sn – 85%p Pb a 100ºC. B) 1,25 kg Sn e 14 kg Pb a 200ºC. EXERCÍCIO 8.4 Cite as fases que estão presentes, as composições e as porcentagens das fases para a liga: 85%p Ag – 15%p Cu a 800ºC. 9 - SISTEMA FERRO CARBONO � 9.1 Introdução � 9.2 Ferro Puro - Ferrita � 9.3 Austenita � 9.4 Ferro δ � 9.5 Cementita � 9.6 Perlita � 9.7 Ligas Hipoeutetóides � 9.8 Ligas Hipereutetóides � 9.9 Ligas Eutetóides � 9.10 Quantidade de Microestrutura � 9.11 Influência de Elementos de Liga 9.1 Introdução � De todos os sistemas de ligas binárias, o mais importante é formado pelo ferro e carbono; � Formam os aços e os ferros-fundidos; Carbono � O carbono (do latim carbo, carvão) é um elemento químico, símbolo C de número atômico 6; � É o pilar básico da química orgânica; � Suas formas alotrópicas incluem uma das substâncias mais frágeis e baratas (o grafite) e uma das mais caras e duras (o diamante); � Seu pequeno raio atômico permite-lhe formar cadeias múltiplas: com o oxigênio forma o dióxido de carbono, com o hidrogênio forma numerosos compostos denominados hidrocarbonetos. Combinado com ambos forma uma grande variedade de compostos como, por exemplo, os ácidos graxos, essenciais para a vida, e os ésteres que dão sabor às frutas. Além disso, fornece, através do ciclo carbono-nitrogênio, parte da energia produzida pelo Sol e outras estrelas. � Uso amplo resultado de três fatores: � Compostos de Fe em quantidade abundante; � Técnicas de extração, beneficiamento e fabricação relativamente econômicas; � Grande versatilidade (variedade de propriedades mecânicas e físicas); � Principal desvantagem → Corrosão Ligas Ferrosas 9.1 Introdução � Liga Fe-C com 2,11%pC máximo (teórica). � Na prática, as concentrações de carbono raramente excedem 1,0%pC; � Aços doces - 0,15 a 0,25%C; � Aços meio duros - 0,25 a 0,50% C; � Aços duros - 0,50 a 1,40. � Contém sempre Mn, S e P e, eventualmente, Si, Al e Cu. Aços 9.1 Introdução 9.1 Introdução Aço liga: � Aço carbono de baixo teor em liga: teor de elementos entre 3,0 e 3,5%; � Aço carbono de alto teor em liga: no mínimo 10% de elementos de liga; � Aço carbono de médio teor em liga: intermediário entre os aços de alta e baixa liga. 9.1 Introdução Figura 9.1 – Diagrama de fases ferro-cementita. 9.1 Introdução � O eixo de composição na Figura 9.1 se estende apenas até 6,70%pC. Nesta concentração há 100% do composto intermediário carboneto de ferro (ou carbeto de ferro), ou cementita (Fe3C); � O sistema ferro-carbono pode ser dividido em duas partes: uma porção rica em ferro, como na Figura 9.1 e a outra (não mostrada) para composições entre 6,70%C e 100%C em peso (grafita pura); � Na prática, todos os aços e ferros-fundidos possuem teores de carbono inferiores
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