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ELEMENTOS DE MÁQUINAS Aula 02 – Parafusos Prof. Anderson José Antonietti anderson.jose@ifsc.edu.br Parafusos são elementos de fixação, empregados na união não permanente de peças, isto é, as peças podem ser montadas e desmontadas facilmente, bastando apertar e desapertar os parafusos que as mantém unidas. Os parafusos se diferenciam pela forma da rosca, da cabeça, da haste e do tipo de acionamento. Parafusos 2 Em geral, o parafuso é composto de duas partes: cabeça e corpo. O corpo do parafuso pode ser cilíndrico ou cônico, totalmente roscado ou parcialmente roscado. A cabeça pode apresentar vários formatos; porém, há parafusos sem cabeça. Parafusos 3 Há uma enorme variedade de parafusos que podem ser diferenciados pelo formato da cabeça, do corpo e da ponta. Essas diferenças, determinadas pela função dos parafusos, permite classificá-los em quatro grandes grupos: Parafusos passantes; Parafusos não-passantes; Parafusos de pressão; Parafusos prisioneiros. função dos parafusos 4 Parafusos passantes: Esses parafusos atravessam, de lado a lado, as peças a serem unidas, passando livremente nos furos. Os parafusos passantes apresentam-se com cabeça ou sem cabeça. função dos parafusos 5 Parafusos não-passantes: São parafusos que não utilizam porcas. O papel de porca é desempenhado pelo furo roscado, feito numa das peças a ser unida. função dos parafusos 6 Parafusos de pressão: Esses parafusos são fixados por meio de pressão. A pressão é exercida pelas pontas dos parafusos contra a peça a ser fixada. Os parafusos de pressão podem apresentar cabeça ou não. função dos parafusos 7 Parafusos prisioneiros: São parafusos sem cabeça com rosca em ambas as extremidades, sendo recomendados nas situações que exigem montagens e desmontagens frequentes. Em tais situações, o uso de outros tipos de parafusos acaba danificando a rosca dos furos. As roscas dos parafusos prisioneiros podem ter passos diferentes ou sentidos opostos, isto é, um horário e o outro anti- horário. função dos parafusos 8 Ao unir peças com parafusos não passantes, o profissional precisa levar em consideração quatro fatores de extrema importância: Profundidade do furo broqueado (A); Profundidade do furo roscado (B); Comprimento útil de penetração do parafuso (C); Diâmetro do furo passante (d1). União de peças com parafusos não passantes 9 A tabela a seguir possibilita determinar cada uma dessas dimensões: União de peças com parafusos não passantes 10 Se a união por parafusos for feita entre materiais diferentes, os cálculos deverão ser efetuados em função do material que receberá a rosca. A exceção é referente ao cálculo do diâmetro do furo passante, que independe do tipo de material. União de peças com parafusos não passantes 11 Exemplo: Duas peças de alumínio devem ser unidas com um parafuso de 6 mm de diâmetro. a) Qual deve ser a profundidade do furo broqueado? b) Qual deve ser a profundidade do furo roscado? c) Quanto o parafuso deverá penetrar? d) Qual é o diâmetro do furo passante? União de peças com parafusos não passantes 12 Solução: a) Procura-se na tabela o material que receberá a rosca e em seguida a relação a ser usada para determinar a profundidade do furo broqueado. � � 3. � � 3 . 6 �� � 18 �� União de peças com parafusos não passantes 13 b) Prosseguindo, busca-se na coluna profundidade do furo roscado a relação a ser usada para o alumínio. � � 2,5 . � � 2,5 . 6 �� � 15 �� União de peças com parafusos não passantes 14 c) Da mesma forma, busca-se na coluna comprimento de penetração do parafuso a relação a ser usada para o alumínio. � � 2 . � � 2 . 6 �� � 12 �� União de peças com parafusos não passantes 15 d) Por fim, calcula-se o diâmetro do furo passante. Este independe do tipo de material das rosca. �� � 1,06 . � � 1,06 . 6 �� � 6,36 �� União de peças com parafusos não passantes 16 As distâncias mínimas entre parafusos podem ser feitas utilizando as recomendações de projeto de juntas, que são: União de peças com parafusos 17 Exemplo: Duas peças, uma de alumínio e outra de latão (rosca) devem ser unidas com quatro parafusos de 10 mm de diâmetro. a) Qual a distância mínima entre os parafusos? b) Qual a distância mínima do parafuso até a borda? União de peças com parafusos 18 Solução: a) Qual a distância mínima entre os parafusos? �� � 3 . � � 3 . 10 �� � 30 �� União de peças com parafusos 19 b) Qual a distância mínima do parafuso até a borda? �� � 2 . � � 2 . 10 �� � 20 �� União de peças com parafusos 20 As classes de resistência dos parafusos estão normalmente impressas na cabeça do parafuso, e são definidas e normalizadas de acordo com a norma NBR 8855 – Propriedades Mecânicas de Elementos de Fixação – Parafusos. A resistência de prova de um parafuso é a resistência máxima do parafuso, sem receber deformação permanente, ou seja, sem sofrer escoamento. Esta resistência é obtida com testes reais em parafusos. Em uma união parafusada, a porca deve ter a mesma classe do parafuso. Classe de resistência dos parafusos 21 O quadro a seguir apresenta algumas classes de parafusos, com destaque para a resistência ou tensão de prova: Classe de resistência dos parafusos 22 Para o dimensionamento do parafuso submetido à tração é necessário determinar a tensão admissível (σadm). Isso é feito dividindo a tensão de prova (σprova) pelo fator de segurança (FS). ���� � ������ �� O fator de segurança depende do tipo de produto, tipo de carga, os riscos, e muitas vezes é definido pela norma técnica da ABNT referente ao produto. Parafusos submetidos à tração 23 Para parafusos submetidos à tração, faz-se: ���� � � � � � ��� � 4 �� � � !1,2268 . "# Onde: F = força de tração (N) A = Área da seção transversal menor do parafuso (mm²) d1 = diâmetro menor do parafuso (mm) d = diâmetro nominal do parafuso (mm) Parafusos submetidos à tração 24 Parafuso submetido à tração. Parafusos submetidos à tração 25 Problema: O conjunto representado na figura é fixado por um parafuso M12 x 1,5 classe 8.8. Qual a força F máxima aplicada no parafuso para um Fator de Segurança de 2? Exemplo 26 Solução: Primeiramente observamos as características da classe 8.8 na tabela da ABNT. Exemplo 27 Temos quatro equações para parafusos submetidos à tração: ���� � ������ �� ���� � � � � � ��� � 4 �� � � !1,2268 . "# Exemplo 28 Agora é necessário montar a sequência da solução partindo do que se quer determinar, no caso, a força. ���� � � � → � � ����. � ���� � ������ �� � � ��� � 4 �� � � !1,2268 . "# Exemplo 29 Uma forma fácil de resolver esse problema é iniciar a solução pela última equação encontrada. �� � � 1,2268 . " � 12 1,2268 . 1,5 � 10,159 �� � � ��� � 4 � �. !10,159#² 4 � 81,07 ��² ���� � ������ �� � 600 2 � 300 (") � � ����. � � 300 . 81,07 � 24321 * Exemplo 30 De acordo com a teoria da máxima energia de distorção, a tensão admissível de cisalhamento (τcis) é calculada a partir da tensão admissível de tração por: +,-. � ���� 3 Ou então: +,-. � 0,6 . ���� Parafusos submetidos ao cisalhamento 31 Para parafusos submetidos ao cisalhamento simples, faz- se: +,-. � � � � � ��� 4 Parafusos submetidos ao cisalhamento 32 Para parafusos submetidos ao cisalhamento duplo, têm- se duas áreas simultâneas de cisalhamento do parafuso (seção AA e BB), então faz-se a área do parafuso vezes dois, da seguinte forma: +,-. � � 2. � � � ��� 4 Parafusos submetidos ao cisalhamento 33 Cuidados ao utilizar parafusos submetidos ao cisalhamento: Fazer um ajuste com pequena folga entre o corpo do parafuso e o furo de passagem, evitando assim que o parafuso sofra flexão. O corpo do parafuso não deverá ter rosca na região de cisalhamento (entre as duas peças), devido à rosca ser uma região de concentração de tensão. Parafusos submetidos ao cisalhamento 34 Problema: Uma união é fixada por um parafuso sextavado classe 5.8 com corpo liso na região cisalhante, conforme figura. Calcular o diâmetro do parafuso para suportar a força, com um Fator de Segurança de 2,5. Exemplo 35 Solução: Primeiramente observamos as características da classe 5.8 na tabela da ABNT. Exemplo 36 Temos quatro equações para parafusos submetidos ao cisalhamento: ���� � ������ �� +,-. � 0,6 . ���� +,-. � � � � � ��� 4 Exemplo 37 Agora é necessário montar a sequência da solução partindo do que se quer determinar, no caso, o diâmetro do parafuso. � � ��� 4 → � � 4 . � � +,-. � � � → � � � +,-. +,-. � 0,6 . ���� ���� � ������ �� Exemplo 38 Uma forma fácil de resolver esse problema é iniciar a solução pela última equação encontrada. ���� � ������ �� � 380 2,5 � 152 (") +,-. � 0,6 . ���� � 0,6 . 152 � 91,2 (") � � � +,-. � 30000 91,2 � 328,95 ��² � � 4 . � � � 4 . 328,95 � � 20,46 �� Exemplo 39 Muitas vezes uma máquina tem os parafusos apertados com o torque controlado com torquímetro, como motores a combustão, estruturas, flanges. Nesse caso, a relação entre o torque e a força de aperto do parafuso, para parafusos em bom estado, segundo Shigley é: (/ � 0,2 . �- . � Em que: MT = Torque em [N.m] d = diâmetro nominal do parafuso em [m] Fi = Força de aperto do parafuso em [N] Torque de aperto de parafusos 40 A força de aperto Fi recomendada para parafusos que podem ser desmontados pode atingir 75% da resistência de prova, sem o coeficiente de segurança. Nesse caso, considera-se que se o parafuso não romper durante o aperto dificilmente irá romper em trabalho. A força de aperto máxima do parafuso na peça Fi é calculada por: �- � 0,75. ������. � Em que: σprova = tensão de prova do parafuso, [N/mm²]. A = Área menor da seção do parafuso [mm]. Torque de aperto de parafusos 41 Problema: Um parafuso M12 é apertado com torquímetro. O valor do torque aplicado é de 25 N.m. Calcular o valor da força de aperto do parafuso. Exemplo 42 Solução: Primeiramente precisamos encontrar a equação que nos forneça a força de aperto. Nesse caso, temos duas opções: �- � 0,75. ������. � (/ � 0,2. �- . � Ficaremos com a segunda opção, pois o problema não nos forneceu a classe do parafuso, o que nos impossibilita de encontrar a tensão de prova. Exemplo 43 Assim, aplicando os dados na segunda equação, temos: (/ � 0,2. �- . � 250*. �1 � 0,2. �- . 0,0120�1 �- � 10416,6 * Exemplo 44
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