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CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 1 Caros amigos! Meu nome é Avellar, sou professor de Economia do Trabalho para candidatos a concursos públicos na cidade do Rio de Janeiro. Estudar Economia do Trabalho é estudar economia direcionada para o mercado de trabalho, como se esse fosse uma mercadoria. Por isso mesmo, não raro, teremos que ver e rever alguns conceitos básicos de micro e macroeconomia. Quero lembrar aos amigos que, desde que comecei a lecionar em cursos preparatórios, fiz contatos com alunos de diversas aéreas de formação profissional, passando pelos oriundos de ciências exatas, humanas e biomédicas. E tenho visto (e meus colegas professores também) aprovações de profissionais das três áreas citadas acima. Não há privilégios! O que há é suor, esforço e horas de estudo. É nisso que creio! O concurso de AFT tem exigido esta disciplina desde 1998. No mercado editorial, não há uma vasta literatura sobre o assunto em si. O conteúdo programático não é tão pequeno e requer uma metodologia sistemática de estudo. A ESAF tem mantido inalterado o conteúdo programático dos concursos de 1998 e 2003. O que mudou um pouco de 1998 para 2002 foi o tipo de prova. A prova de 1998 deu mais ênfase à parte teórica, dispensando totalmente os cálculos. Já no concurso de 2003, a prova se dividiu em uma parte teórica e outra numérica. Mas, convenhamos, isso não é surpresa em se tratando de ESAF. É bom que se diga que a parte referente a fórmulas do concurso de 2003 não passou do uso imediato e básico das mesmas, sem maiores elaborações matemáticas. Um nível de matemática elementar acessível ao engenheiro, bem como ao professor de biologia, por exemplo. Durante o nosso curso, daremos uma maior ênfase à demanda e à oferta de trabalho, ambas do domínio da microeconomia. Faremos a distinção entre o pensamento Keynesiano e o pensamento clássico. O funcionamento do mercado de trabalho nas diferentes estruturas de mercado será bastante abordado, bem como o desemprego e seus tipos. Os conceitos de PEA, PNEA, PIA e PINA serão amplamente abordados (por constituírem um dos temas mais constantes nas provas). A curva reversa também é muito explorada pela ESAF, e será plenamente abordada. No final de cada aula faremos exercícios, de preferência da área fiscal e realizados pela ESAF. Na nossa segunda aula, abordaremos alguns conceitos de microeconomia, como demanda e oferta e elasticidade e a estrutura do mercado de trabalho no Brasil, com um fluxograma de PIA, PINA, PEA e PNEA e seus desdobramentos (taxa de desemprego, taxa de ocupação de rotatividade etc). CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 2 Optei por começar o nosso estudo com o tópico “DIFERENCIAIS DE SALÁRIOS E DIFERENCIAIS COMPENSATÓRIOS” por ser assunto de pouca exploração nos manuais de economia tradicionais, embora tenha sido assunto cobrado nos concursos de 1998 e 2003. Ao trabalho, amigos! AULA 0: DIFERENCIAIS DE SALÁRIOS COMPENSATÓRIOS Ao iniciar este tópico, é de suma importância destacar que, pela teoria do consumidor (que não é objeto de estudo neste módulo), o objetivo do consumidor é maximizar a sua utilidade ou satisfação. Satisfação não significa, necessariamente, salários mais elevados. Um exemplo bem típico dessa realidade seria o caso dos pesquisadores de Universidades. Conheci alguns professores-pesquisadores de Universidades Federais que, se estivessem no mercado privado, conseguiriam salários até cinco vezes mais altos, dadas as suas peculiaridades e inteligências privilegiadas. Porém, a satisfação deles não é o salário alto. Vivem com relativamente pouco e são felizes assim. Para eles, o que vale é o contato do dia-a-dia com os seus alunos, seus laboratórios, suas conferências, enfim, a vida que escolheram. As suas utilidades ou satisfações residem naquela atividade específica, bastando para isso que seus salários sejam suficientes para uma vida que julguem digna. Temos diversos exemplos parecidos com o descrito acima. A escolha de uma profissão promissora em termos de salário não é o único fator determinante. Mas também faz parte. O salário seria um componente na satisfação ou utilidade na escolha de uma profissão por um jovem que ingressa no mercado de trabalho. Existem trabalhos que, pela sua natureza, não exigem maiores esforços físicos, como, por exemplo, engenheiro de projetos. Vamos entender melhor esse ponto. É comum, para este tipo de profissional, trabalhar em ambiente refrigerado a ar, limpo, com pessoas à sua volta trajando roupas mais sociais. Ao contrário, um engenheiro de manutenção, ainda que não ponha diretamente “a mão na massa”, volta e meia lidará com manômetros, paquímetros e toda a sorte de equipamentos de engenharia. Em sua volta haverá ajudantes, desde técnicos até trabalhadores braçais. A roupa deste engenheiro, se ele tiver bom senso, será mais simples do que a do engenheiro de projetos. Certamente usará capacetes. Possivelmente seus sapatos serão mais rústicos. Mas existem profissionais com a sua satisfação na manutenção e profissionais mais interessados em projetos. É uma questão de escolha pessoal. Não da graxa em si para o engenheiro de manutenção, mas a própria manutenção. Não do compasso em si para o engenheiro projetista, mas o próprio projeto. Poderíamos citar, a título de CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 3 exemplificação, um enorme leque de profissões e suas respectivas exigências. Os que gostam da carreira militar possivelmente não terão problemas em acordar cedo (seria algo temerário se gostasse de dormir demais pela manhã!). Já os que não gostam de acordar muito cedo, poderiam ser médicos e abrir o consultório somente na parte da tarde. Poderiam ser músicos profissionais, com intensa vida noturna. Enfim, são as opções, as escolhas dos indivíduos que lhes proporcionam utilidades. A suposição de que os trabalhadores estão tentando maximizar a satisfação nos diz que eles estão interessados nos aspectos financeiros e não-financeiros de seus empregos. Outra situação interessante. Suponha que todos os empregos sejam literalmente iguais e localizados no mesmo lugar. Qual seria o diferencial na escolha deste ou daquele emprego? Nenhum. A tarefa de escolher seria bem simplificada. O trabalhador tentaria trabalhar no emprego que lhe pagasse o salário mais elevado. Nesse caso o salário seria o determinante na escolha. Na realidade, os empregos, na sua maioria, são desiguais. Algumas profissões requerem muito treinamento físico. Outras requerem um preparo educacional mais apurado. Alguns empregos se localizam em escritórios limpos, modernos, enquanto outros em fábricas barulhentas, com muita poeira. Algumas atividades são visivelmente mais perigosas do que as demais. Alguns empregadores oferecem a seus empregados, por trabalharem em condições inóspitas, benefícios mais significativos, como custear os estudos de seus filhos, por exemplo. Vamos supor duas empresas que atuam num mesmo setor: a empresa A e a empresa B. As duas são fabricantes de um mesmo tipo de produto químico, localizam-se na mesma cidade, possuem o mesmo turno de trabalho, são do mesmo porte economicamente. Só há uma diferença entre elas: a localização. A empresa A situa-se num lugar calmo e seguro, onde o nível de violência é bem tolerável. Já a empresa B situa- se num lugar de alta periculosidade, um lugar onde a atuação da polícia é bem mais intensa. A pergunta que faço é a seguinte: qual empresa um indivíduo normal irá escolher, se considerarmos que as outras variáveis são iguais (atividade, horas trabalhadas por semana etc)? Parece-me sensato que o trabalhador, se for racional, irá escolher trabalhar na empresa A. Bem, a empresa B continuará precisando daquele profissional especializado, um químico, por exemplo. Como ela faz então para atrair oprofissional solicitado? Pagando DIFERENCIAIS DE SALÁRIOS COMPENSATÓRIOS. Ou seja, a empresa B terá que pagar mais do que a empresa A se quiser ter o mesmo profissional. Traduzindo o que vimos acima em números: CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 4 - Empresa A (localizada em lugar seguro) – contrata químico por $ 3.000,00; - Empresa B (localizada em lugar perigoso) – contrata químico por $4.000,00. Logo, a empresa B paga $4.000,00, que é um salário compensatório. Dizemos, nesse caso, que o trabalhador está “comprando segurança” por $1.000,00 ($4.000 – $3.000). O salário extra que é pago para atrair os trabalhadores é chamado de diferencial de salário compensatório porque o salário mais elevado é pago para compensar os trabalhadores pelas condições indesejáveis de trabalho. Se tal diferencial não existisse, a empresa B não poderia atrair os trabalhadores que a empresa A pode conseguir. A sociedade apresenta um número de empregos que são inevitavelmente ruins e que seriam extremamente custosos de se tornarem seguros e agradáveis (o mergulho a grandes profundidades, a mineração de carvão e o trabalho policial são alguns exemplos). É de se esperar que atividades perigosas ou desconfortáveis sejam mais bem remuneradas (não nos cabe aqui, neste estudo voltado para concursos, discutir se são ou não bem remuneradas). As leis trabalhistas atentam em parte para esses fatos. Por isso existe o adicional de periculosidade, o adicional noturno, o adicional de insalubridade etc. UMA TEORIA DOS SALÁRIOS: O RISCO DE ACIDENTES Falamos acima que aspectos negativos não-financeiros geravam salários compensatórios. Agora analisaremos as conseqüências teóricas de diferenciais de salários compensatórios sobre uma característica NEGATIVA do emprego: o risco de acidente de trabalho. Para facilitar este estudo, iremos analisar o risco de acidente no emprego graficamente, tanto do lado do empregador, como do lado do empregado no mercado de trabalho. CONSIDERAÇÕES DO EMPREGADO Os trabalhadores, nos seus respectivos empregos, podem enfrentar em seu dia-a-dia riscos de se acidentarem ao realizar suas tarefas. Muitas vezes esses riscos são peculiares em algumas atividades. O trabalhador de minas de carvão está, pela própria natureza do trabalho, sujeito a sofrer acidente. Por outro lado, um trabalhador de escritório de contabilidade, em muito pouco ou em nada está sujeito a riscos de acidentar-se no trabalho. Parece lógico que, na medida em que os riscos de acidentar-se no trabalho cresçam, os salários devam crescer CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 5 Taxa Salarial Risco de Acidentes A B (fig. 1) também, gerando, então, os chamados salários diferenciais compensatórios. Diversas combinações entre riscos de acidente e taxa salarial (salário por hora) podem ser colocados em um gráfico cartesiano, onde no eixo vertical temos a taxa salarial. Com isso, formamos uma curva denominada CURVA DE INDIFERENÇA, que representa as diversas combinações de taxa salarial e risco de acidente que dão ao trabalhador a mesma UTILIDADE (ou satisfação). Eis uma curva de indiferença (salário x risco) (fig. 1) Note que as curvas de indiferença se inclinam para cima, pois o risco de acidente constitui uma característica “ruim” de emprego. Dizendo de outra forma: se o risco aumenta, os salários devem se elevar para que a utilidade seja mantida constante (para compensar o risco). Há uma curva de indiferença para cada nível possível de utilidade. Temos, então, um mapa de curvas de indiferença, como mostra a fig. 2: CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 6 V3 V2 V1 Taxa Salarial Risco de acidentes (fig. 2) V3 V2 V1 Taxa Salarial Risco de acidentes W2 W1 R1 (fig. 3) Considerando que um salário mais alto a um mesmo nível de risco gerará maior utilidade, as curvas de indiferença que apontam para o noroeste apresentam uma maior utilidade, conforme a fig. 3: CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 7 V3 V2 V1 Taxa Salarial Risco de acidentes (fig. 4) V5 V4 V5>V4>V3>V2>V1 Taxa Salarial Risco de Acidentes A B (fig. 1) Para o mesmo nível de risco R1, a curva de indiferença V2, com salários W2, apresenta nível de utilidade mais alto que a curva V1, com salário W1, já que W2 é superior a W1. Assim, todos os pontos na curva V2 na fig. 3 são PREFERÍVEIS aos pontos da curva V1, e todos os pontos da curva V3 são preferíveis aos pontos da curva V2. NÃO ESQUEÇA: Curvas de indiferença crescem a noroeste ( ) (fig. 4): Vamos reproduzir a fig. 1: CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 8 Taxa Salarial Risco de acidentes Y X R1 W2 W1 R2 V1 (fig. 5) Nesta figura, no ponto B da curva V1, a pessoa recebe um salário relativamente elevado (W2), porque enfrenta um alto nível de risco de acidente (R2). Neste ponto B, o trabalhador deverá ceder bastante em salários para diminuir um pouco o seu risco de acidentes. Isso se dá porque o trabalhador tem um salário alto, mas está sujeito a muito risco de acidente. Como ele ganha bem, poderá diminuir bastante o salário e ainda manter um nível razoável de consumo. No entanto, na medida em que os níveis de risco e taxas de consumo caem (para o ponto A, por exemplo), o trabalhador se torna menos disposto a ceder em salários (W1), já que são relativamente baixos e o risco já não é tão iminente. Há divergências profundas entre as pessoas, no que se refere à aversão ao risco de se acidentar. Existem pessoas que são muito sensíveis a esse risco. Naturalmente elas irão requerer grandes aumentos salariais para qualquer aumento no risco. Já as pessoas menos sensíveis irão requerer aumentos menores para manter a utilidade constante. Vamos analisar isso melhor no gráfico abaixo (fig. 5): Para o trabalhador passar do ponto X, risco R1 e salário W1, para o ponto Y, cujo risco é R2 (bem maior que R1), ele exigirá um aumento bem substancial (W2). Este é um trabalhador avesso ao risco, pois para aumentar o nível de risco de acidentes no seu trabalho (de R1 para R2), ele exigirá um aumento que venha a compensar o crescente nível de risco (de W1 para W2). Isso se dá, graficamente, porque a curva de CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 9 Taxa Salarial Risco de acidentes Y X R1 W2 W1 R2 V1 (fig. 6) indiferença apresenta um crescimento mais do que proporcional dos salários em relação aos riscos. Crescimentos menores dos riscos de acidente proporcionam crescimentos maiores nos salários. Está caracterizado um trabalhador avesso ao risco. Como exemplo poderíamos citar um profissional brasileiro convidado por uma empresa a trabalhar no Iraque, nos dias de hoje. Certamente ele iria exigir uma compensação salarial substancial para trabalhar no Iraque, que vive um momento de grande incerteza quanto ao seu futuro. Analisemos agora o gráfico abaixo (fig. 6): Para o trabalhador passar do ponto X (risco igual a R1 e salário W1) para o ponto Y (em que há um risco R2 bem maior que R1), ele se contenta com um pequeno aumento de salário (W1 para W2). É uma pessoa pouco avessa ao risco, já que aceita um risco maior (R2) a um salário um pouco maior (W2). As curvas de indiferença nesses casos são mais “planas” do que as curvas de indiferença de pessoas avessas ao risco. Isto significa que aumentos nosriscos geram aumentos nos salários em menores proporções (o próprio formato da curva mostra isso). Resumindo, graficamente, temos: CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 10 Taxa Salarial Risco de acidentes D R1 (fig. 7) C Pessoa que é altamente avessa ao risco Pessoa que moderadamente avessa ao risco Note que no nível de risco R1, a inclinação (ângulo) é maior que no ponto D. O ponto C está na curva de indiferença de um trabalhador que é altamente sensível ao risco, enquanto o ponto D está numa curva de indiferença de um trabalhador que é menos sensível ao risco. Cada pessoa tem toda uma família de curvas de indiferença que não são mostradas na fig. 7. CONSIDERAÇÕES DO EMPREGADOR: Em primeiro lugar, é supostamente custoso reduzir o risco de acidentes enfrentado pelos funcionários. Os trabalhadores deverão ser treinados em segurança do trabalho em vez de estarem trabalhando. Equipamentos de segurança deverão ser colocados nas máquinas. Roupas especiais deverão ser fornecidas aos trabalhadores e vai por aí afora. Como conseqüência, se uma empresa se propõe (ou é obrigada) a adotar um programa para reduzir riscos de acidentes, ela deve reduzir os salários para manter o mesmo nível de lucros, permanecendo, assim, competitiva. Reduzir riscos representa custo para as empresas, em maior ou menor escala. Riscos mais imediatos são mais baratos de serem eliminados. Imagine uma sala de aula, por exemplo, com um tablado para o CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 11 Taxa Salarial Risco de acidentes Y (fig. 8) X professor, inferior ao comprimento do quadro de aulas. Isso poderá acarretar um acidente com um professor menos atento. Ele poderá pisar em falso e cair, machucando-se. Esse risco de acidente é fácil de se localizar e, relativamente, barato de se excluir. Basta que o colégio providencie tablados com comprimento maior do que a extensão do quadro e o problema estará eliminado. Já na mineração de carvão, reforçar as escoras com vigas altamente resistentes seria bastante dispendioso. Enfim, eliminar riscos é, às vezes, bem barato e outras vezes bem oneroso para as empresas. As diversas combinações entre salários e níveis de riscos de acidentes podem ser registradas por meio do uso de CURVAS DE ISOLUCROS. São pontos que apresentam diferentes níveis de salários e riscos, mas que fornecem o mesmo lucro (iso = igual). Isso porque a empresa, ao gastar dinheiro para eliminar ou diminuir algum risco, deve reduzir salários em proporções iguais para ter o mesmo lucro, isto é, para permanecer na mesma CURVA DE ISOLUCRO. Assim, todos os pontos ao longo de uma curva dada, como mostrado na fig.8, são combinações de salários que rendem o mesmo nível de lucros. Suponha que a empresa esteja operando no ponto Y da fig. 8, um ponto em que o risco de acidente é elevado. Os primeiros gastos pela empresa para reduzir o risco serão relativamente baixos, porque ela obviamente escolherá eliminar os riscos mais evidentes e mais baratos de eliminar. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 12 V3 V2 V1 Risco de acidentes V3>V2>V1 Taxa Salarial Assim, a empresa não precisa reduzir os salários em muito para manter os lucros constantes. Por exemplo, se a empresa reduz riscos gastando R$ 5.000,00, ela deverá reduzir os salários médios em R$ 5.000,00 a fim de se manter na mesma CURVA DE ISOLUCRO. Logo, a curva de isolucros em Y é relativamente plana. No ponto X, no entanto, a curva é inclinada acentuadamente, indicando que os salários terão de ser reduzidos bastante se a empresa for manter seus lucros na presença de um programa de redução de riscos. Essa grande redução salarial é requerida porque, a essa altura, maiores aumentos na segurança são muito caros; todos os problemas de segurança fáceis de resolver já foram enfrentados. RESUMO DESTA AULA: 1) CURVAS DE INDIFERENÇA mostram as combinações possíveis entre salários (taxa salarial) e riscos de acidente. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 13 Taxa Salarial Risco de acidentes B A RA WB WA RB Taxa Salarial Risco de acidentes B A RA WB WA RB 2) PESSOAS AVESSAS AO RISCO: Para a pessoa aumentar o seu nível de risco (RA => RB) ela exigirá um aumento grande no seu salário (WA => WB). 3) PESSOAS MODERADAMENTE AVESSAS AO RISCO CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 14 Taxa Salarial Risco de acidentes Y X Para a pessoa aumentar o seu nível de riscos (RA RB) ela exigirá um pequeno aumento no seu salário (WA WB) CURVAS DE ISOLUCRO: a) ISOLUCROS - são combinações entre salários e riscos que proporcionam à empresa o mesmo lucro; b) Ponto Y – reduzir riscos é relativamente barato (os mais iminentes). Com isso não é necessário reduzir muito nos salários para manter o lucro constante (isto é, permanecer na mesma ISOLUCRO) c) Ponto X – reduzir riscos é bem dispendioso. Com isso, para uma pequena queda nos riscos, a empresa gastará muito. Para compensar e permanecer com o mesmo lucro (mesma ISOLUCRO), a empresa cortará muito nos salários. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 15 Taxa Salarial Risco de acidentes Y X EXERCÍCIOS: Exercício- (ESAF) Dado o gráfico abaixo, responda as questões 1 à 3: 1) No ponto Y, temos: a) baixo nível de risco e alto nível salarial; b) alto nível de risco e baixo nível salarial; c) alto nível de risco e alto nível salarial ; d) alto nível de risco e baixo nível salarial. 2) Em relação ao ponto Y é correto afirmar: a) como o nível de risco é alto,a firma deverá eliminar os riscos mais evidentes,portanto mais caros e com isso haverá cortes significativos nos salários; b) como o nível de risco é alto, a firma optará em eliminar os riscos mais evidentes, e portanto mais baratos. Com isso, não deverá cortar muito nos salários, se quiser manter o mesmo lucro; c) como o risco é baixo, a firma não gastará muito eliminando- os,portanto não precisará reduzir muito os salários; d) como o risco é alto, a firma escolherá eliminar os riscos mais caros e, com isso, reduzirá em muito os salários. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 16 3) Assinale a alternativa correta: a) no ponto X reduzir riscos significa reduzir em muito os salários; b) no ponto X reduzir riscos é relativamente barato já que o nível de riscos é baixo; c) no ponto X reduzir riscos é baixo,portanto haverá cortes significativos nos salários; d) no ponto X o nível de risco é baixo o que exige redução pequena nos salários. 4) (Fiscal do Trabalho -1998) Considere as seguintes afirmativas: I – Entende-se por diferenciação compensatória de salários a diferença de salários que compensa os trabalhadores por aspectos não pecuniários indesejáveis dos trabalhos; II – A diferenciação compensatória de salários decorre de algum tipo de discriminação no mercado; III – Restrições institucionais podem causar diferenciações salariais. Pode-se afirmar que: a) somente a I e a III são corretas; b) somente a I e a II são corretas; c) somente a II é correta; d) somente a I é correta; e) I, II e III são corretas. 5) (Fiscal do Trabalho 2003): A diferenciação compensatória existe porque: a) os trabalhadores têm poder monopsônico;b) existem ocupações que apresentam aspectos indesejáveis para os trabalhadores; c) a taxa de desemprego involuntário é elevada; d) as empresas que contratam têm poder monopólico; e) o custo implícito do lazer é muito baixo. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 17 Gabarito com comentários: 1) No ponto Y do gráfico dado o nível de risco é bem alto e, para compensar este nível alto de risco, o empregador deverá pagar salários mais altos. Logo, a resposta correta é a opção “C”. 2) Ainda com relação ao ponto Y, com alto nível de riscos, o empregador deverá reduzir riscos mais eminentes, que são os mais baratos de serem reduzidos (lembra do quadro de aula curto e o tablado do professor pequeno?). Como a empresa vai gastar pouco com a redução de riscos mais imediatos, não vai precisar reduzir muito os salários. Ou seja, a empresa gastando para reduzir riscos reduz salários para permanecer na mesma ISOCUSTO, isto é, manter o lucro constante. Como no ponto Y a empresa vai gastar pouco para reduzir riscos, ela não precisará cortar muito em salários. Logo, a opção correta é a letra “B”. 3) No ponto X, que apresenta um nível de risco mais baixo que o ponto Y, os riscos mais eminentes e baratos já foram eliminados. Os riscos remanescentes são riscos não imediatos e, portanto, mais caros de serem eliminados. Para que haja uma pequena redução de risco neste ponto será necessário reduzir em muito os salários para se manter na mesma curva de ISOLUCRO. Portanto, a opção correta é a letra “A”. 4) A questão aborda diferenciação de salários compensatórios. O item I está correto, porque este diferencial de salários é motivado por condições ruins do trabalho, por exemplo: riscos, perigos, barulho em excesso etc (aspectos não pecuniários do trabalho). Ou seja, paga-se salários compensatórios para compensar os aspectos não-financeiros do trabalho. O item II está incorreto, porque pagar salário diferenciado por algum tipo de discriminação (seja racial, por etnia, religião etc) seria “oficializar” a própria discriminação no mercado de trabalho. Uma coisa é constatar a sua existência e outra coisa é torná-la oficial. O item III está correto, pois as instituições estabelecidas e competentes podem determinar, por exemplo, que o trabalhador noturno receba mais que o trabalhador diurno. Podem também determinar que o trabalhador que opere com raios-X receba um adicional de periculosidade pela exposição ao próprio raio. Logo, a opção correta é o item “A”. CURSOS ON-LINE – ECONOMIA DO TRABALHO PROFESSOR AVELLAR – www.pontodosconcursos.com.br 18 5) A opção correta é a letra “B”. Paga-se salário diferencial compensatório para trabalhadores que enfrentam aspectos indesejáveis no seu dia a dia.
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