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Dores dentino-pulpares e periapicais na dentição decídua

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1
Dores dentino-pulpares e 
periapicais na dentição 
decídua
Coordenação do Projeto
Profa. Dra. Ana Emilia Figueiredo de 
Oliveira
Coordenação Geral da DTED/UNA-
SUS/UFMA
Profa. Dra. Ana Emilia Figueiredo de 
Oliveira
Gestão de projetos da UNA-SUS/
UFMA
João Pedro de Castro e Lima Baesse
Matheus Augusto Pereira Louzeiro
Coordenação de Produção 
Pedagógica da UNA-SUS/UFMA
Profa. Dra. Paola Trindade Garcia
Coordenação de Ofertas 
Educacionais da UNA-SUS/UFMA
Profa. Dra. Elza Bernardes Monier
Coordenação de Tecnologia da 
Informação da UNA-SUS/UFMA
Mário Antônio Meireles Teixeira
Créditos
CANTANHEDE, Luana Martins. Dores dentino-pulpares e periapicais na dentição 
decídua. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO 
MARANHÃO. Saúde Bucal na APS: urgências, doenças transmissíveis, gestantes, 
puérperas e pessoas com deficiência. Cuidado em saúde bucal para pessoas em 
situações de urgências odontológicas. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.
Coordenação de Comunicação da 
UNA-SUS/UFMA
José Henrique Coutinho Pinheiro
Professora-autora
Luana Martins Cantanhede
Validadoras técnicas UFMA e USP
Cecília Cláudia Costa Ribeiro
Ana Estela Haddad
Validadora técnica da Coordenação 
Geral de Saúde Bucal/SAPS
Ana Beatriz de Souza Paes
Validadora pedagógica
Paola Trindade Garcia
Revisora textual 
Camila Cantanhede Vieira
Designer Instrucional
Izabel Cristina Vieira de Oliveira
Designer Gráfico
Priscila Penha Coelho
COMO CITAR ESTE MATERIAL
© 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo 
Cruz & Universidade Federal do Maranhão. 
É permitida a reprodução, a disseminação e a utilização desta obra, em parte ou em sua 
totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais 
em Saúde (ARES). Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a 
autorização expressa dos seus autores, conforme a Lei de Direitos Autorais - LDA (Lei nº 
9.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Apresentação
1 EXAME CLÍNICO E RADIOGRÁFICO EM URGÊNCIAS DE DOR DE ORIGEM 
DENTINO-PULPAR NA DENTIÇÃO DECÍDUA 
1.1 Anamnese
1.2 Exame clínico
1.3 Exame radiográfico
2 DIAGNÓSTICO DE URGÊNCIAS DENTINO PULPARES
3 MANEJO ODONTOLÓGICO DAS PULPITES EM ODONTOPEDIATRIA NA USF
3.1 Tratamento de dentes decíduos com diagnóstico de pulpite 
 reversível
3.2 Tratamento endodôntico: biopulpectomia e necropulpectomia 
 para dentes decíduos
3.2.1 Biopulpectomia
3.2.2 Necropulpectomia
4 MANEJO DE ABSCESSOS DENTO-ALVEOLARES AGUDOS
Considerações Finais
Referências
Sumário
5
7
8
9 
9
12
13
13
19
21
21
22
24
25
 Olá, aluna (o)!
 Segundo a American Association of Pediatric Dentistry e a Declaração 
de Bangkok (2019), Cárie na Primeira Infância (The early childhood caries) é 
definida como “a presença de uma ou mais superfícies cariadas (cavitada ou não 
cavitada), perdidas ou restauradas (devido à cárie) em qualquer dente decíduo de 
uma criança com menos de seis anos de idade”.
 As consequências da Cárie na Primeira Infância incluem, frequentemente, 
um risco maior de aparecimento de novas lesões de cárie nas dentições decídua 
e permanente e atendimentos de urgência devido à dor de origem dentino-pulpar 
(associadas ou não ao aparecimento de fístulas e abcessos), que podem resultar 
na diminuição da qualidade de vida do indivíduo relacionada à saúde bucal.
 O tratamento das lesões de cárie varia de acordo com o grau de 
comprometimento do tecido. Em lesões de cárie não cavitadas ou com cavidades 
restritas ao esmalte e com metade externa de dentina, intervenções minimamente 
invasivas devem ser adotadas, como o selamento da lesão, além das medidas 
não-invasivas, para controle da atividade da doença no indivíduo.
 À medida que a lesão de cárie evolui em direção à dentina profunda, até 
atingir o tecido pulpar, a resposta dolorosa pode ser um sintoma provocado 
por estímulos externos ou mesmo um sintoma espontâneo. Tal resposta, é 
caracterizada como dor de origem dentino-pulpar, fator principal relacionado às 
urgências endodônticas na dentição decídua. 
 Uma das competências que o profissional da Odontologia precisa ter 
é reconhecer a origem da dor que pode ser uma sintomatologia dolorosa 
proveniente de estímulos externos aos túbulos dentinários expostos de uma 
dente com vitalidade, o que é resolvido com um tratamento restaurador da lesão 
de cárie (bloqueio dos estímulos do meio externo), ou que pode consistir em 
uma resposta de uma polpa irreversivelmente comprometida ou necrótica e que 
necessitará de intervenções mais invasivas (como, por exemplo: tratamento 
endodôntico + restauração ou exodontia).
 Nesse contexto, a intervenção cirúrgica, quando necessária, será conduzida 
seguindo os princípios da Odontologia Minimamente Invasiva, objetivando 
preservação máxima do tecido dental remanescente e a manutenção da vitalidade 
pulpar, quando possível, o que consequentemente, aumenta a longevidade das 
restaurações.
Apresentação
Neste recurso, você irá identificar urgências odontológicas de origem 
dentino-pulpares e periapicais na dentição decídua e reconhecer o manejo 
apropriado para cada caso.
OBJETIVO 
 Neste recurso, abordaremos o diagnóstico da condição pulpar e o manejo 
clínico apropriado para cada caso em dentes decíduos.
Bons estudos!
7
 Previamente ao diagnóstico e tratamento de dores dentino-pulpares, é 
importante que o cirurgião-dentista saiba que o dente decíduo possui algumas 
particularidades:
1 EXAME CLÍNICO E RADIOGRÁFICO EM 
URGÊNCIAS DE DOR DE ORIGEM DENTINO-
PULPAR NA DENTIÇÃO DECÍDUA
Possui maior volume pulpar, no qual se verifica uma câmara pulpar mais 
ampla e com cornos pulpares mais pronunciados.1
 Devido às características anatômicas peculiares as lesões de cárie 
em dentes decíduos podem evoluir rapidamente em direção à polpa dentária, 
culminando em destruições coronárias e em episódios de dor de origem 
odontogênica.5 
1
Possui um esmalte com maior quantidade de matéria orgânica,2 menos 
espesso, mais poroso, menos mineralizado, quando comparado ao 
esmalte de um dente permanente.32
Dentina menos espessa e presença de microcanais, o que pode permitir 
a progressão mais rápidas das lesões de cárie.43
Fonte: Adaptado de: Fundamentos para atenção à criança I / Mônica Andrade Lotufo. 
– Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2017. 192 p.
Menor espessura de 
esmalte e dentina
Corno pulpar mais 
proeminente
Assoalho pulpar 
delgado
Raízes divergentes 
e achatadas
Câmara pulpar mais ampla
8
1.1 Anamnese
 Previamente à decisão do tratamento de uma dor de origem odontogênica 
é essencial que o profissional tenha conhecimento sobre como realizar o 
diagnóstico da condição inflamatória pulpar, observando indicadores clínicos 
que irão alertar sobre o estágio da condição desse tecido, e, consequentemente, 
apontando a capacidade de reversibilidade ou não da alteração estabelecida na 
polpa.
 O diagnóstico da condição pulpar do paciente infantil, assim como do 
adulto, deve ser realizado a partir de uma anamnese e um exame clínico apurado. 
Informações importantes podem ser coletadas tanto por meio das perguntas ao 
responsável, quanto à própria criança, durante a anamnese, como: a idade do 
paciente, o tempo decorrido da sintomatologia pulpar e o uso de medicamentos. 
Contudo, é necessário averiguar também:
História médica
 Averiguar principalmente a presença de condições sistêmicas temporárias 
ou permanentes que possam comprometer o sistema imunológico da criança 
e que devem ser consideradas durante o diagnóstico e escolha do tratamento 
indicado nos casos de urgências endodônticas.6,7
História da dor
 Avaliação das características da dor apresentada (tempo decorrido 
desde o início da sintomatologia dolorosa; se a dor é provocada pela ingestão 
de alimentos ou líquidos gelados ou se a dor é espontânea; se a dor cessa 
com o uso de analgésico ou não).5 É importante ressaltar que a dor de origem 
pulpar na criança não deve ser interpretada da mesma forma que na dentiçãopermanente. Deve-se levar em consideração a subjetividade da resposta, que está 
condicionada à idade da criança e à percepção da criança sobre dor, bem como 
às diferenças anatômicas (mencionadas anteriormente) e do ciclo biológico dos 
dentes decíduos, que é muito mais veloz quando comparado ao ciclo biológico 
dos dentes permanentes. Tais eventos resultam muitas vezes em uma evolução 
rápida da lesão.8,9,10
Para conhecer um instrumento observacional validado usado para avaliar 
dor de dente ou desconforto em crianças menores de 5 anos de idade 
recomendamos o artigo Screening preschool children with toothache: 
validation of the Brazilian version of the Dental Discomfort Questionnaire 
(2014).
PARA SABER MAIS
9
1.2 Exame clínico
 No exame clínico, é importante que seja observado o elemento dental em 
questão, com atenção para características, como a localização e a profundidade 
da lesão; a presença de polpa exposta; a presença de pólipo pulpar; a quantidade 
e a qualidade do remanescente dental e a alteração da coloração coronária. 
Em seguida, não esquecer de examinar os tecidos periodontais de proteção e 
suporte com o objetivo de identificar a presença de abcesso, fístulas, ulceração 
e a coloração do tecido gengival.11
 Ainda durante o exame clínico, é preciso atentar a realização dos testes 
semiotécnicos, como a palpação e a avaliação da mobilidade (assim como o 
descrito para dentição permanente), que devem ser realizados com ressalva, 
pois ainda que tenham a vantagem de serem observáveis diretamente pelo 
profissional, podem provocar dor e resultar em um comportamento não-
colaborativo da criança.11
A realização de testes térmicos e elétricos não são recomendados devido 
à subjetividade da resposta da criança.12 Os demais testes semiotécnicos, 
apesar de necessários, podem provocar dor, de acordo com o quadro 
apresentado, logo, sugere-se parcimônia para sua realização, 
principalmente devido à possibilidade de se perder o condicionamento 
comportamental da criança.11
1.3 Exame radiográfico
 Após finalizar a anamnese e o exame clínico, é necessário realizar o exame 
radiográfico, que é considerado um exame complementar de grande importância 
para o diagnóstico e tomada de decisão clínica para terapia pulpar. Para isso, ao 
realizá-lo, deve-se observar: a profundidade da lesão; a proximidade da lesão
de cárie/polpa; o grau de rizólise (reabsorção radicular fisiológica); a presença 
e o estágio de formação do germe do dente permanente; o espaço perirradicular
e a região interfurca; além de alterações relacionadas à degeneração do tecido
pulpar e necrose.5 Conheça, a seguir, as técnicas radiográficas indicadas para o 
diagnóstico da condição pulpar:
Técnica Interproximal
 A técnica interproximal é a mais indicada como auxiliar no diagnóstico 
de lesões cariosas interproximais, para a análise da profundidade da lesão de 
cárie e para a avaliação de excessos de restaurações nas proximais, pois o 
IMPORTANTE
10
feixe central de radiação e uma imagem mais próxima possível do real5, como 
mostra a radiografia abaixo:
 A técnica pode, ainda, ser modificada deslocando a aleta construída para 
baixo (visualizar dentes superiores) ou para cima (visualizar dentes inferiores), 
permitindo uma melhor observação das estruturas radiculares e seus tecidos 
adjacentes. 
Técnica Periapical
 A técnica periapical é indicada para a avaliação das raízes e dos tecidos 
circundantes. Muitas vezes, esta técnica apresenta a sobreposição de variadas 
estruturas, principalmente quando se trata de dentes pertencentes à maxila, o 
que ocorre devido à angulação projetada pelo osso, fazendo com que o osso 
zigomático sobreponha algumas estruturas importantes durante a avalição 
radiográfica.13 Em dentes decíduos, devido à presença do germe do dente 
permanente, podemos ter um aumento no número de estruturas sobrepostas. 
Dessa forma, podemos utilizar outras técnicas que possibilitem uma melhor 
visualização.
Fonte: ALAMOUDI, N. M., et al. Accuracy of the DIAGNOcam and bitewing radiographs in 
the diagnosis of cavitated proximal carious lesions in primary molars. Nigerian journal 
of clinical practice, 2019, 22.11: 1576.
Fonte: LOSSO, Estela Maris, et al. Traumatismo dentoalveolar na dentição decídua. 
RSBO Revista Sul-Brasileira de Odontologia, 2011, 8.1: e1-e20.
11
Técnica Le Master
 Nesta técnica, o posicionamento do rolete de algodão na base inferior 
do filme radiográfico permite um aumento no paralelismo entre o dente e o 
filme radiográfico, admitindo que os raios-x penetrem perpendicularmente na 
película radiográfica. Consequentemente o resultado da imagem obtida indicará 
estruturas com menos sobreposições, o que evitará erros na avaliação das 
estruturas radiculares.14 
Antes de determinar o tratamento que deverá ser executado, características 
radiográficas indicam a necessidade de exodontia.4 Caso seja visualizado 
o rompimento da cripta óssea, o dente decíduo deverá ser extraído, visto 
que é imperativo a preservação do germe do dente permanente. Caso 
o dente decíduo possua mais de 2/3 de rizólise também é indicada a 
exodontia.
IMPORTANTE
Fonte: UNA-SUS/UFMA.
12
 Apesar do diagnóstico da condição dentino-pulpar e periapical possuir 
certas especificidades para dentição decídua, a classificação utilizada para o 
diagnóstico é semelhante ao que já foi estudado anteriormente para a dentição 
permanente.5 Conheça, a seguir, as características de cada classificação:
2 DIAGNÓSTICO DE URGÊNCIAS DENTINO- 
PULPARES
Pulpite reversível
 - Dor provocada de curta duração;
- Alívio da dor com analgésicos;
- Radiograficamente, lesão de cárie próxima a polpa, provavelmente já atingiu 
 metade interna de dentina;
- Não apresenta exposição pulpar.
Pulpite irreversível
- Dor à palpação;
- Pode apresentar tumefação inicial de tecidos e extrusão do dente;
- Polpa liquefeita ou pode apresentar sangramento reduzido ou até mesmo 
 sangramento em quantidade muito aumentada;
- Radiograficamente: presença de lesão de cárie atingindo a câmara pulpar, sem 
 alterações nos tecidos de suporte do dente;
- Pode apresentar exposição pulpar.
Necrose pulpar com lesão inter-radicular e ou periapicais
Abcesso dento alveolar agudo*
- Dor intensa espontânea;
- Dor à palpação;
- Polpa necrosada com alteração de odor, cor e consistência (ou as vezes ausente);
- Radiograficamente apresenta lesão na região de furca nos dentes posteriores, 
 podendo envolver os periápices radiculares também;
- Tumefação de tecidos moles intra ou extra oral (pode haver assimetria facial e 
 sintomas sistêmicos como febre e prostração).
13
 A adoção de tratamentos baseados em técnicas minimamente invasivas 
direcionadas para abordagem de lesões de cárie vem sendo amplamente 
discutidas, tanto para lesões em esmalte, como em lesões cavitadas em dentina.5
 O objetivo básico das terapias pulpares, além da remoção do quadro de 
dor, está relacionado à reparação tecidual e à manutenção da integridade dos 
dentes e seus tecidos de suportes. Assim, como se trata de uma abordagem 
menos invasiva frente a um diagnóstico de pulpite reversível em um dente 
afetado por lesão de cárie é desejável manter a vitalidade pulpar. E em um dente 
com características de pulpite irreversível ou necrose o objetivo é mantê-lo 
clinicamente funcional.15
3 MANEJO ODONTOLÓGICO DAS PULPITES EM 
ODONTOPEDIATRIA NA USF
3.1 Tratamento de dentes decíduos com diagnóstico 
de pulpite reversível
 O paciente que apresenta dor em um dente com diagnóstico de pulpite 
reversível (ausência de características relacionadas à pulpite irreversível ou 
necrose pulpar), com lesão de cárie que atingiu o terço interno da espessura 
dentinária, deve ser submetido a um tratamento pulpar indireto com a remoção 
seletiva do tecido cariado (RSTC) e a um tratamento restaurador. O objetivo 
dessa técnica é evitar a exposição do tecido pulpar de forma desnecessária, 
preservando a vitalidade pulpar do elemento dental decíduo. A técnica para esses 
casos é semelhanteà descrita para dentes permanentes16:
Fonte: UNA-SUS/UFMA.
14
 É importante ressaltar que a RSTC possui como objetivo principal, além 
da formação da dentina terciária ou reparadora (na polpa), a remineralização da 
camada afetada de dentina (na cavidade), pois esta camada possui estrutura 
colágena íntegra capaz de se remineralizar quando isolada dos estímulos 
externos do ambiente bucal.18,19
 Algumas outras técnicas podem ser consideradas, no intuito de se obter 
os mesmos objetivos acima descritos:
Tratamento Restaurador Atraumático (ART)
 Conceituado inicialmente como um método usado nos casos em que 
existem obstáculos para alcançar unidades de atendimento odontológico para 
realizar restaurações, foi concebido como um procedimento de uso exclusivo 
de instrumentais manuais para remoção de tecido dentinário irreversivelmente 
lesionado em dentes decíduos e permanentes, porém que não tenham 
envolvimento pulpar e nos quais a restauração definitiva é feita com ionômero 
de vidro com alta viscosidade ou modificado por resina.5 
 Nesse procedimento, dispensa-se a anestesia e a curetagem é feita 
seguindo os critérios da remoção seletiva de tecido cariado. Além disso, esse 
tratamento cumpre o papel de interromper a progressão da lesão e, de fazer 
a proteção do remanescente tecidual, para reparação e reversão da hiperemia 
pulpar e para produção de tecido dentário de reparação, podendo ser considerado 
como uma opção para crianças menores, consideradas pouco colaborativas, 
nas quais o condicionamento psicológico para o tratamento é um desafio para 
o clínico, e que provavelmente deverão ser encaminhadas para um tratamento 
especializado.
Após realizar anestesia local, isolamento absoluto e abertura da cavidade 
(removendo apenas o esmalte sem suporte com brocas de alta rotação para 
permitir melhor visualização da cavidade), deve-se utilizar brocas de baixa 
rotação e/ou curetas para remoção completa do tecido cariado das paredes 
laterais próximas ao cavo superficial, deixando expostos esmalte e dentina 
sadios. Na parede pulpar da cavidade, deve-se realizar a mínima intervenção, 
por meio da remoção da dentina necrótica superficial e da manutenção da
dentina afetada. A diferenciação desses dois tipos de dentina deve-se 
basear apenas na organização tecidual da dentina remanescente (avalia-
se o quesito consistência, excluindo características relacionadas à cor ou à 
umidade), ou seja, deve ser removido apenas o tecido que está francamente 
necrótico (amolecido, sem oferecer resistência ao corte), mantendo-se a 
dentina cariada mais profunda, amolecida, mas com organização tecidual 
(dentina afetada). Em seguida deve-se fazer a proteção do complexo dentino-
pulpar com cimento de hidróxido de cálcio e o procedimento restaurador 
com materiais adesivos, devendo o profissional levar em consideração 
as características do paciente/ dente para a decisão sobre qual material 
restaurador deverá ser escolhido.17
15
 Além disso, pode ser considerada uma intervenção precoce para pacientes 
com cárie na primeira infância, evitando com que esses casos progridam para 
lesões que necessitem de intervenções endodônticas.5,20 As evidências atuais 
demonstram altas taxas de sucesso clínico nas restaurações do tipo Classe I, 
porém as taxas de falhas aumentam assim como o número de faces afetadas 
pela progressão da lesão de cárie.32, 20 Uma observação é que atualmente, também 
podem ser utilizadas brocas de baixa rotação (ART modificada).5
Capeamento pulpar direto
 Caso ocorra exposição pulpar durante o preparo cavitário (ou devido 
a traumas dentais), a decisão de seguir com capeamento pulpar direto deve 
considerar o tamanho da exposição (1 mm ou menos), a organização tecidual 
dentinária alcançada, além das características pulpares que possam indicar uma 
resposta pulpar favorável para recuperação (polpa com consistência gelatinosa, 
tempo de coagulação menor de 5 minutos e cor vermelho vivo), do dente decíduo 
jovem.22 O principal objetivo do capeamento direto é a manutenção da vitalidade 
pulpar e formação de dentina reparadora, e para isso o dente deve ter saúde 
pulpar ou pulpite reversível, ou seja, não deve apresentar nenhum sinal ou 
sintoma como sensibilidade/ dor espontânea ou edema.5 Porém, considerando 
a falta de evidência científica para a remoção completa de tecido cariado, 
durante um preparo cavitário em lesão profunda,18 atualmente a possibilidade de 
intercorrência de exposições desta natureza é quase nula.
 A sequência operatória para o Capeamento Pulpar Direto ocorre da seguinte 
forma:
Tratamento expectante, escavação em passos e capeamento pulpar 
indireto convencional em duas sessões
 Nessas técnicas, o procedimento restaurador definitivo é realizado após 
algumas semanas, em função de uma reabertura da cavidade com o intuito de 
eliminar a dentina cariada residual (intencionalmente mantida na parede pulpar), 
após verificação da formação de dentina reacional. Entretanto, essa prerrogativa 
da reabertura não seria necessária uma vez que não se sustenta por evidências, 
haja vista que os micro-organimos que permanecem na dentina cariada não são 
capazes de interferir na progressão da lesão de cárie.18 Ademais, com uma nova 
intervenção, que pode ser interpretada como “remoção total de tecido cariado 
em duas sessões”, há um maior risco de exposição pulpar.21 
 Na primeira sessão, após a anestesia, deve-se fazer isolamento relativo, 
seguido da remoção de tecido cariado das paredes circundantes com 
instrumentos manuais e/ou rotatórios. Em seguida coloca-se o hidróxido de 
cálcio na parede pulpar e sela-se a cavidade com cimento de óxido de zinco e 
eugenol.
 Na segunda sessão, que deve ser feita em no mínimo 90 (noventa) 
dias, anestesia-se o paciente e remove-se a restauração provisória e, então, a 
restauração definitiva pode ser realizada.5 
16
O capeamento pulpar direto é uma técnica que apresenta resultados 
limitados e, por essa razão, seu uso não é um consenso nos casos de 
exposição pulpar acidental que envolvam contaminação bacteriana.23
 Caso a exposição pulpar ocorra durante a remoção de um tecido 
dentinário com características de desorganização tecidual, ou caso resulte em 
um sangramento excessivo, com inconsistência tecidual, e alterações de cor, 
deve-se optar por tratamentos mais invasivos como a pulpotomia ou até mesmo 
a pulpectomia. 
 A pulpotomia não é o tratamento de primeira escolha, esse tipo de terapia 
é indicada em casos de uma pulpite reversível, como uma exposição pulpar 
acidental com contaminação bacteriana, com exposições superiores a 2 mm, ou 
nas quais não se encontre características de saúde da polpa coronária.24 
 O tratamento é caracterizado pela remoção do tecido pulpar coronário.25 
Apesar de ser considerado mais invasivo do que os procedimentos acima 
descritos, esse tratamento também é considerado conservador, visto que a 
intenção é manter a polpa radicular assintomática sem sinais ou sintomas 
adversos como sensibilidade, dor ou edema. Esse procedimento só será 
indicado caso se observe a polpa radicular com características de normalidade 
(polpa com consistência gelatinosa, tempo de coagulação menor que 5 minutos 
e cor vermelho vivo), e nenhuma alteração radiográfica como reabsorções 
patológicas.5
Realizar o isolamento absoluto, lavar a cavidade com soro fisiológico ou 
hipoclorito de sódio a 1% (solução de Milton), e acima do local da exposição 
deve-se utilizar uma bolinha de algodão estéril para conseguir hemostasia, 
dentro de um tempo de 5 minutos no máximo. Em seguida, deve-se recobrir 
a exposição com material biocompatível como hidróxido de cálcio em pó, 
e aplicar uma camada fina de cimento de hidróxido de cálcio, seguido do 
material restaurador disponível nas UBS.10 
A literatura evidencia que o uso de Mineral Trióxido Agregado (MTA) também 
é um excelente material de escolha para esse procedimento,22 porém sua 
disponibilização ocorre apenas em algumas UBS. 
A proservação clínica e radiográfica deve serfeita periodicamente 
para controlar a manutenção da vitalidade pulpar e a continuação do 
desenvolvimento radicular.12
IMPORTANTE
17
 Após a determinação do diagnóstico de saúde do tecido pulpar presente 
nos condutos radiculares, pode-se realizar a inserção do hidróxido de cálcio 
ou MTA. Ressalta-se, que esse diagnóstico deve ser muito bem realizado, 
caso contrário, pode-se dar margem a quadros de reabsorções inflamatórias 
radiculares (ocorrem quando a polpa já está gravemente inflamada) e 
consequentemente, ao insucesso da técnica.28
 Em dentes decíduos, a pulpotomia é executada da seguinte forma: é 
realizada a anestesia e o isolamento absoluto, e remove-se todo tecido cariado 
com broca esférica compatível com a cavidade. Em seguida, remove-se todo o 
teto da câmara pulpar com brocas diamantadas tronco-cônicas de ponta inativa. 
Depois, utiliza-se curetas afiadas para realizar a amputação da polpa coronária, 
irriga-se a câmara pulpar com soro fisiológico (ou com solução de Milton, 
hipoclorito a 1%) e com o auxílio de uma bolinha de algodão estéril se pressiona 
a entrada dos condutos. Nesse instante, é importante avaliar as características 
clínicas dos remanescentes presentes nas entradas dos condutos radiculares, 
que devem ter consistência firme, coagulação em um tempo máximo de 5 
minutos, e cor vermelho vivo.27
Com o desenvolvimento da filosofia de mínima intervenção 
e da RSTC, os casos para os quais se indica a pulpotomia 
(exposição acidental do tecido pulpar em meio contaminado) 
tornaram-se mais raros. Além disso, as evidências sobre os 
índices de sucesso do capeamento pulpar indireto refletem 
que esse tipo de manejo do complexo dentino pulpar se 
torna mais indicado para a abordagem pulpar conservadora, 
diminuindo a indicação da pulpotomia.26
Fonte: VOLPATO, Luiz Evaristo Ricci, et al. O emprego do agregado trióxido mineral 
(MTA) em Pulpotomia de Dente Decíduo: relato de caso. Uniciências, 2011, 15.1.
18
O Otosporin® possui ação de diminuir o exsudato e também apresenta 
uma ação vasoconstritora direta nos pequenos vasos sanguíneos. Sua 
ação é tópica entre 24h a 48h e elimina dor pós-operatória. Também possui 
ação antibiótica devido à presença de sulfato de polimicina e de sulfato de 
neomicina. 42.32
Duas Sessões: Aplica-se uma bolinha de algodão na câmara pulpar, embebida 
em uma associação medicamentosa de corticosteroide e antibiótico, por 
48/72 horas, e cobrir com restauração provisória.29 Após esse período o 
paciente retornará para finalizar a pulpotomia (recobrimento com hidróxido 
de cálcio) e para realizar a restauração definitiva. 
 Em ambas as sessões, após a medicação (corticoide/antibiótico), deve-se 
utilizar uma pasta de hidróxido de cálcio P.A. que deve ser manipulado em uma 
placa de vidro com água destilada ou soro fisiológico, até se tornar uma pasta de 
consistência espessa. Depois, essa pasta é levada à câmara pulpar e pressionada 
suavemente sobre o remanescente radicular, com bolinhas de algodão estéreis, 
promovendo assim, o contato entre o material e a polpa.31
 Por cima da pasta de hidróxido de cálcio P.A. é importante aplicar uma 
camada de cimento de hidróxido de cálcio (pois possui menor solubilidade) com 
auxílio com aplicador de hidróxido de cálcio. A cavidade deve ser preenchida 
com ionômero de vidro forrador, e finalizada com restauração definitiva (resina 
ou Ionômero de vidro restaurador).31
Sessão Única: Na técnica imediata, após a remoção da polpa coronária, 
segue-se o recobrimento com hidróxido de cálcio e restauração final do dente, 
podendo ser utilizada previamente, de 5 a 10 minutos, bolinhas estéreis de 
algodão para hemostasia. Nessa técnica, a restauração definitiva do dente 
será realizada na mesma sessão, evitando que ocorra deslocamento ou 
fratura da restauração provisória e infiltração bacteriana antes da formação 
da ponte dentinária.29 Pode-se embeber a bolinha de algodão estéril com 
o uso de uma solução anti-inflamatória e antibiótica, como o (Otosporin®), 
e aplicar sobre a polpa durante 5 minutos antes do hidróxido de cálcio, 
visto que essa medicação possui propriedades terapêuticas que ajudam na 
cicatrização pulpar.30
 O uso do hidróxido de cálcio pode ser conduzido das seguintes formas:
Pulpotomia com Formocresol, ainda é possível?
 O uso de Formocresol deve ser, sempre que possível, evitado, mas às 
vezes, é a única medicação disponível na UBS para casos em que, após realizada 
a remoção da polpa coronária, o sangramento da polpa radicular ainda persiste 
19
IMPORTANTE
Pacientes submetidos a qualquer uma dessas técnicas de pulpotomia 
devem reavaliados clinicamente e radiograficamente a cada seis meses, 
por dois anos.5
3.2 Tratamento endodôntico: biopulpectomia e 
necropulpectomia para dentes decíduos
 Biopulpectomia (tratamento preconizado para pulpites irreversíveis) 
e necropulpectomia (necrose pulpar com ou sem lesão) são considerados 
tratamentos de média complexidade, e que devem ser encaminhados para o 
tratamento endodôntico com o Odontopediatra no CEO. Porém, caso o paciente 
esteja com dor, a urgência deve ser realizada na UBS.35
 Caso o diagnóstico inicial obedeça às características clínicas da pulpite 
irreversível sintomática, os aspectos técnicos são semelhantes aos que foram 
descritos para dentição permanente, porém, alguns pontos precisam ser levados 
em consideração para a dentição decídua5:
 É necessário ressaltar que o uso de Formocresol nesse paciente nunca 
deve ser mantido, e que deve-se usar um algodão umedecido em mínima 
quantidade por 5 min, apenas para fixar a polpa radicular superficialmente. A 
polpa radicular deve ser removida numa próxima sessão no CEO, na qual será 
feita a pulpectomia. 
 Apesar do largo uso mundialmente e das altas taxas de sucesso em 
pulpotomias,22 essa orientação está relacionada com a sua proibição pela 
Internacional Agency for Research on Cancer (IARC), em 2004, devido a seus 
efeitos deletérios, cancerígenos, sensibilização imune, mutagenicidade e 
citotoxicidade, relacionados à presença de formaldeído em sua composição.4 
Por esse motivo e por falta de evidência sobre sua segurança, esse medicamento 
vem sendo removido da lista de insumos de alguns municípios brasileiros e 
contraindicado para casos em que se tem a possibilidade de lançar mão de 
outras medicações.23,33 
 Em virtude desses fatos e na busca por substâncias mais biocompatíveis, 
outros materiais vêm sendo pesquisados ao longo dos anos, dentre eles o 
hidróxido de cálcio, o óxido de zinco e eugenol, o glutaraldeído, o sulfato férrico 
e, mais recentemente, o a MTA, tem apresentado sólidas evidências científicas 
em relação a sua eficácia, e por isso, cada vez mais encontra-se disponível nos 
Serviços Públicos de Saúde, podendo, portanto, ser considerado como material 
de escolha importante para pulpotomias.34 
Deve ser muito bem esclarecido aos pais, a necessidade de se finalizar o 
tratamento endodôntico desse paciente e de encaminhá-lo para o Centro de 
Especialidades Odontológicas (CEO) assim que possível. 
(demonstrando que provavelmente não há viabilidade tecidual na polpa 
radicular), ou como um curativo de demora para trazer um silêncio clínico para 
aquele paciente que apresente quadros álgicos exacerbados. 
20
 Importante ressaltar o uso de isolamento absoluto para qualquer 
intervenção endodôntica é fortemente recomendado, visto que essa conduta 
está relacionada à segurança do paciente e ao sucesso da intervenção.5 Mesmo 
assim, lembre-se de amarrar fio dental na ponta da lima endodôntica, no intuito 
de evitar acidentes graves, como deglutição ou aspiração da lima durante a 
instrumentação dos condutos.
Odontometria: Em dentes decíduos, verifica-se a medida das raízes do 
elemento dental, devendo-se recuar 2 mm a partir do ápice ou do bisel de 
rizólise, devido à reabsorção irregular das raízes dos dentes decíduos.5
Seleção de Limas: Deve-se selecionar uma lima inicial que alcance a região 
apical de forma passiva, primeiramente, com movimentosde penetração, 
com cinemática oscilatória, até atingir o comprimento de trabalho. A partir 
desta lima, seleciona-se mais dois instrumentos que auxiliem no preparo 
biomecânico do conduto radicular. Atente-se para a presença de limas do 
tipo Kerr especiais de menor calibre que a lima nº15, visto que os condutos 
radiculares de dentes decíduos são estreitos e de difícil acesso.5
Abertura coronária: Remove-se todo o tecido cariado da coroa. Em seguida, 
utilizam-se brocas esféricas de haste longa e, após a abertura, brocas de 
ponta inativa para remoção do teto da câmara (muitas vezes, esse passo 
operatório já reduz o quadro de dor do paciente, pois elimina a maior parte do 
tecido inflamado da câmara pulpar na pulpite irreversível) ou elimina os gases 
presentes na câmara pulpar no caso de necrose pulpar, e que exacerbam o 
quadro de dor. 36
Fonte: Imagem cedida por Luana Martins Catanhede.
21
 A necropulpectomia em dentes decíduos apresenta as seguintes 
especificidades na condução do tratamento:
Medicação intracanal: Secar os condutos com as cânulas de sucção 
endodônticas e pontas de papel absorvente condizente com a última lima 
utilizada. Pode-se utilizar uma bolinha de algodão com medicação anti-
inflamatória e antibiótica (Otosporin®), cobrindo a entrada dos canais 
radiculares, ou hidróxido de cálcio (Calen®). Em seguida, deve ser realizada 
restauração provisória.11
Preparo biomecânico: No tratamento de dentes decíduos, esse preparo 
se trata de uma desinfecção dos condutos, na qual deve ser preconizada a 
irrigação e a remoção do tecido pulpar infectado. A irrigação deve ser feita 
com hipoclorito a 1%, e é considerada padrão ouro, com alto potencial a cada 
troca de instrumental (1º instrumental + 2 instrumentos). É necessário de 
irrigar e aspirar sempre.5
Deve-se ter sempre especial cuidado de não levar mais microrganismos para 
o interior dos canais radiculares, pois a dor após a instrumentação, também 
deve ser considerada, como uma complicação desta fase de tratamento, 
causando uma resposta inflamatória e sintomatologia dolorosa de diferentes 
proporções, designando-se por flare-up.39
3.2.1 Biopulpectomia
 A biopulpectomia em dentes decíduos apresenta as seguintes 
especificidades na condução do tratamento:
Pulpotomia de urgência: Caso não haja limas na UBS, pode-
se fazer a remoção da polpa coronária, e a irrigação inicial 
com soro fisiológico (biopulpectomia) ou hipoclorito a 2,5% 
(necropulpectomia), prescrever medicação anti-inflamatória/
antibiótica que esteja disponível na sua UBS: hidróxido de 
cálcio, óxido de zinco e eugenol, corticoide ou formocresol 
(em último caso, devido às suas contraindicações). Essa pode 
ser uma opção de tratamento, desde que o paciente possua 
acesso ao atendimento no CEO para finalizar o tratamento 
endodôntico dentro de um prazo curto.37,38
3.2.2 Necropulpectomia
22
 Caso o diagnóstico esteja relacionado ao abcesso dento-alveolar agudo 
os aspectos técnicos também são semelhantes àqueles descritos para dentição 
permanente, seguindo os estágios de evolução. Contudo algumas ressalvas 
precisam ser feitas para dentição decídua.
 Para alívio da dor aguda, o estabelecimento da drenagem, quando possível, 
é extremamente desejável. A abertura adequada da câmara pulpar do dente 
afetado resultará na liberação de pressão exercida pelo líquido ou pelos gases 
acumulados. Na maioria das vezes, a drenagem ocorre de forma espontânea, 
mas, às vezes, pode ser necessária a entrada de limas para facilitar a drenagem 
(a lima sempre trabalhará no sentido coroa-ápice, a fim evitar a introdução de 
mais material necrótico no periápice).31
 Dependendo da evolução do abcesso, pode haver a presença de edema 
intra ou extrabucal. Quando o edema estiver com consistência mole e flutuante 
deve ser feita uma incisão cirúrgica no local de maior coleção da secreção 
purulenta, seguida da drenagem, e dependendo do tamanho da lesão, pode 
ser feito um dreno, mantido entre 3 a 7 dias. Após esse período, o tratamento 
endodôntico deverá ser finalizado no CEO.33 De acordo com a literatura,34,35 a 
antibioticoterapia é necessária como terapia coadjuvante para pacientes com:
4 MANEJO DE ABSCESSOS DENTO-ALVEOLARES 
AGUDOS
Preparo biomecânico: Neste caso, a irrigação deve ser feita com hipoclorito a 
2,5%, com volume de 3,6 mL a cada troca de instrumental (1º instrumental + 
2 instrumentos). É necessário executar a aspiração sempre após a irrigação, 
para remover o excesso de substância irrigadora dos condutos.5
Medicação intracanal: Da mesma forma, deve-se secar os condutos com as 
cânulas de sucção e pontas de papel absorvente condizente com a última 
lima utilizada. Pode ser utilizado Hidróxido de Cálcio, ou uma bolinha de 
algodão com Formocresol (em último caso, devido a todas as considerações 
já realizadas sobre esse material), e cobrir com restauração provisória de 
cimento de óxido de zinco e eugenol.5
 Após a etapa de medicação intracanal da biopulpectomia ou da 
necropulpectomia, o paciente deve ser encaminhado para atendimento clínico 
com o especialista para finalizar o tratamento endodôntico.25
23
 A prescrição de analgésicos e de anti-inflamatórios também deve ser feita 
para reduzir o quadro álgico de pacientes com dor pós-operatória e nos casos de 
necrose com lesão, como periodontite apical sintomática e abscesso periapical. 
A dose recomendada de paracetamol 200 mg/ml (1 gota/kg até a dosagem 
máxima de 35 gotas por dose) varia de 10 a 15 mg/kg/dose, com intervalos 
de 4 a 6 horas entre cada administração, não excedendo cinco administrações 
(aproximadamente 50-75 mg/kg) em um período de 24 horas. Ou ainda, 
Ibuprofeno 50mg/ml, cuja dose recomendada para crianças a partir de 6 meses 
de idade pode variar de 1 a 2 gotas/kg de peso, em intervalos de 6 a 8 horas, ou 
seja, de 3 a 4 vezes ao dia. A dose máxima por dose em crianças menores de 12 
anos de idade é de 40 gotas (200 mg).10
 A antibioticoterapia tem a função de debelar o quadro de bactérias 
anaeróbicas que podem estar relacionadas a esses casos. O antibiótico de 
eleição é a amoxicilina (suspensão) 250mg/ml a cada 8 horas, durante 7 a 10 
dias, respeitando a dosagem de acordo com o peso da criança. Para crianças 
de 3 a 12 anos (ou até 40 kg); 20 a 50 mg/kg/dia, em doses divididas (de 8 
em 8 horas) até o máximo de 150 mg/kg/dia, em doses divididas (de 8 em 8 
horas). Caso o paciente seja alérgico à amoxicilina, a eritromicina 250 mg/ml é 
a medicação de escolha, a dose diária para recém-nascidos e crianças de até 12 
anos corresponde, a 30-50 mg de Eritromicina (substância ativa)/kg, divididos 
em 3-4 doses individuais.10
O uso de antibióticos deve ser pontualmente indicado, e o uso indiscriminado 
de antibióticos como complemento do tratamento dental deve ser evitado 
para que não haja desenvolvimento de superinfecções por resistência 
bacteriana ou reações alérgicas, bem como exposição desnecessária do 
paciente à toxicidade e aos efeitos adversos da medicação.36
Abscesso periapical agudo em pacientes clinicamente comprometidos. 
Abscesso periapical agudo com envolvimento sistêmico (edema flutuante 
localizado, temperatura corporal elevada > 38°C, mal-estar, linfadenopatia, 
trismo).
Infecções progressivas (início rápido de infecção grave em tempo < 24 h, 
celulite ou infecção disseminada e osteomielite). Nesses casos, além da 
recomendação de antibiótico, deve-se fazer o encaminhamento para o 
cirurgião-bucomaxilofacial.
 Para o manejo clínico endodôntico da dentição decídua, destaca-se uma 
série de especificidades, como características anatômicas, ciclo biológico, 
aspectos relacionados ao processo fisiológico de rizólise e o desenvolvimento 
contíguo do germe do dente permanente sucessor, que influenciam diretamente 
desde o diagnóstico até a abordagem de tratamento das urgências endodônticas. 
 Além disso, ainda é preciso ressaltar o desafio da gestão comportamental 
desse paciente, especialmente em se tratando de crianças menores, nos casos 
de Cárie naPrimeira Infância, que também podem influenciar diretamente a 
execução do procedimento de urgência endodôntica. 
 Portanto, garantir o atendimento da urgência, a referência do paciente 
infantil para o CEO quando for o caso, e a implementação de medidas de controle 
e de prevenção dos fatores etiológicos do quadro clínico observado, são medidas 
essenciais para determinar a devolução da saúde bucal e da qualidade de vida do 
paciente infantil.
 Até a próxima!
Considerações Finais
1 - TENÓRIO, Maria Dânia Holanda; COTA, Ana Lúcia; TENÓRIO, 
Diene Maria Holanda. Importância da anatomia dos dentes 
decíduos para os procedimentos clínicos:[revisão]. Odontol. clín.-
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3 - LIPPERT, Frank; PARKER, David M.; JANDT, Klaus D. In vitro 
demineralization/remineralization cycles at human tooth enamel 
surfaces investigated by AFM and nanoindentation. Journal of 
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