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Direito SUMÁRIO 1. Histórico Fundiário Brasileiro; 2. Terrenos de Marinha 3. Faixa de Fronteira; 4. Introdução ao Direito Agrário. brasileiro 1500 – Descobrimento do Brasil CRIAÇÃO DA LEI SESMARIAS - A Lei de Sesmaria, promulgada no dia 26 de junho de 1375, determinava a todos os que detinham terras, a qualquer título, o dever de “lavrar e semear” as mesmas ou possibilitar seu uso por terceiros que fossem capazes de torná-las produtivas em troca do pagamento da sexta parte do que iria ser produzido. Ressalta-se que, o não cumprimento deste comando implicava na transferência da terra ociosa para a coroa. Conforme afirma Opitz e Opitz (2011, p. 49) a finalidade da Lei de Sesmarias era aumentar a produção, pois, se todas as terras que haviam no Reino fossem cultivadas, “haveria pão de sobejo para toda a gente, e não seria necessário trazê-lo de fora” 1822 – Independência do Brasil EXTINÇÃO DE SESMARIAS – O regime sesmarial no Brasil, conquanto não tenha trazido resultados plenamente satisfatórios, mercê das distorções verificadas, vigorou até 17.7.1822, poucos meses antes da proclamação da independência política do país do jugo português. 1824 – 1ª Constituição Federal Se absteve de falar sobre terra ----> assunto que foi tratado 28 anos depois. Esse período considerado anárquico gerou o seguinte quadro: 1. PROPRIETÁRIOS LEGÍTIMOS , por títulos de sesmarias concedidas e confirmadas, com todas as obrigações adimplidas pelos sesmeiros. 2. POSSUIDORES DE TERRAS ORIGINÁRIAS DE SESMARIAS , mas sem confirmação, por inadimplência das obrigações assumidas pelos sesmeiros. 3. POSSUIDORES SEM NENHUM TÍTULO HÁBIL SUBJACENTE . 4. TERRAS DEVOLUTAS, aquelas que, dadas em sesmarias, foram devolvidas, porque os sesmeiros caíram em comisso. O diploma legal teve ainda o mérito de definir o instituto de “terras devolutas”, bem como de estabelecer mecanismos para a sua discriminação, extremando-as das terras de particulares 1850– LEI DE TERRAS Em resposta a inexistência de uma norma reguladora da propriedade que atendesse a realidade brasileira e, ao mesmo tempo, pudesse conter o caos gerado pelo regime de posse e permitir o ordenamento do espaço territorial brasileiro, foi editada a Lei n° 601 de 18 de setembro de 1850, a LEI DE TERRAS. Principais aspectos PROIBIR NOVAS OCUPAÇÕES DE TERRAS PÚBLICAS. Regulamentou -→ posses conquistadas antes de 1850 Para isso o possuidor se dirigia até a igreja onde lhe era conferido o REGISTRO PAROQUIAL OU DO VIGÁRIO. Para obter seria necessário à apresentação de um LAUDO DE AGRIMENSURA . OBSERVAÇÃO: vale destacar que o REGISTRO PAROQUIAL foi o primeiro documento a reconhecer a propriedade particular no Brasil. brasileiro PERGUNTA: Com a Carta de sesmaria e registros paroquiais, o titular destes títulos poderá abrir uma matrícula no cartório de registro de imóveis? NÃO, isso só será possível por meio de ação própria e se for comprovada a posse. A legislação obrigava os possuidores, a qualquer título, a registrar suas terras perante os vigários das paróquias. Por isso, estes documentos passaram a ser vulgarmente conhecidos como Registros Paroquiais ou Registros do Vigário (art. 97 do Decreto n° 1318/1854). A fim de efetivar o comando previsto no Decreto nº 1.318/1854, os vigários teriam que transcrever a declaração dos donos ou possuidores das terras, que eram cobradas conforme número de palavras, assim, na maioria dos casos, as declarações transcritas eram resumidas e confusas, pois omitiam detalhes importantes sobre a exata localização dos imóveis. brasileiro 1888– Abolição da Escravatura No ano de 1888, a Lei Áurea mostrou-se cética no tocante à distribuição de terras aos cativos. No seu artigo primeiro, declarava extinta a escravidão no Brasil, e no segundo, revogavam-se "as disposições em contrário". O latifúndio permaneceu intocável e estava garantida a hegemonia plantacionista. Ressaltamos que a Abolição foi precedida de embates entre os representantes dos escravistas e dos abolicionistas. A liberdade dos cativos não veio acompanhada da distribuição de terras. 1889– Proclamação da República A República não alterou em nada a situação fundiária do passado colonial, pelo contrário, contribuiu para incorporar mais terras ao latifúndio e agravar o quadro do campesinato. Há quem diga que foi a "contrarrevolução" política, pois barrou a reforma da ordem fundiária, consolidando o poder oligárquico em todo o Brasil. A República não trouxe benefícios à população pobre, serviu para o reordenamento das elites nos postos de poder. brasileiro 1891– Constituição da República Definiu questões que se mantem até hoje → transferiu a titularidade das terras devolutas ao Estado, ficando reservadas à União as terras devolutas localizadas em terrenos de marinha, faixa de fronteira, construções militares, estradas de ferro federais e áreas ambientalmente protegidas. CONCEITUAÇÃO DE TERRAS DEVOLUTAS AO LONGO DOS ANOS 1500 A 1822 – Observe como se deu o surgimento das terras devolutas: o cumprimento das obrigações por parte do sesmeiro gerava a confirmação posterior do rei, momento em que o sesmeiro adquiria a propriedade da terra. Caso não cumprisse seus deveres, o sesmeiro sofria a pena de “comisso”, caducando a concessão da sesmaria e causando a devolução das terras ao patrimônio devoluto da Coroa. 1850 – A Lei de Terra, em seu o artigo 3º, apresentou a definição de terra devoluta como a terra que não se destinava a um fim público, nem se tinha incorporado ao patrimônio particular. O artigo 10 do mesmo diploma legal determinou que todas as terras de domínio público fossem identificadas. Surgiu, assim, um dos mais importantes instrumentos de incorporação de terras no patrimônio público: o instituto da discriminação que será apresentado oportunamente. A imposição de estabelecer uma linha divisória entre as terras que pertenciam ao Estado e ao particular foi um dos mecanismos necessários para adequar a propriedade territorial aos moldes da nova concepção de propriedade, isto porque a mercantilização da terra a tornou, inevitavelmente, um bem sujeito a circulação. PERGUNTA: Podemos afirmar que as terras devolutas são bens públicos dominiciais ou dominiais? SIM, pois não são de bens público, mas não estão aplicadas ao uso público. brasileiro DÉCADA DE 30 1934 – ERA VARGAS – CF promulgada onde se conquistou várias ações populares, dentre elas: VOTO UNIVERSAL, CLT, AÇÃO POPULAR, HABEAS CORPUS, USUCAPIÃO PRO LABORE. 1937 – GOLPE – todos os aspectos sociais alcançados em 1934 são suspensos em 1937. 1946 – Constituição Promulgada Os aspectos sociais alcançados em 1934, retornaram com a promulgação da Constituição. 1964 – GOLPE MILITAR Em pleno golpe é publicado a EMENDA CONSTITUCIONAL N.º 10, que mais tarde se transforma na Lei 4.504/64, que é o ESTATUTO DA TERRA que se baseia em dois pontos: 1º CRÉDITO RURAL e 2º REFORMA AGRÁRIA. O Estatuto da Terra foi instituído pela Lei nº 4.504, de 30 de novembro de 1964, uma obra do regime militar que acabava de ser instalado no país, sendo fruto de uma reação às medidas tomadas pelo Presidente Goulart no campo da Reforma Agrária. A edição do Estatuto da Terra está diretamente ligada ao descontentamento que vigorava no meio rural e ao receio do governo brasileiro e da elite conservadora pelo desenvolvimento de uma revolução. O objetivo, com a criação do estatuto,era apaziguar os camponeses e tranquilizar os grandes proprietários de terras. brasileiro CONTINUAÇÃO 1964 – ESTATUTO DA TERRA Os motivos políticos que ensejaram a criação da nova lei modificaram radicalmente o até então sistema agrário vigente. De um autonomismo de vontade, como era a estrutura do Código Civil de 1916, passou-se para um dirigismo estatal nitidamente protetivo. O Estatuto da Terra afastou o sistema de liberdade de ação das partes envolvidas em qualquer questão agrária, para uma forte e coercitiva tutela estatal de proteção absolutamente favorável ao trabalhador rural, num claro reconhecimento da existência de desigualdades no campo, a merecer intervenção desigual do Estado legislador. Nessa lógica, a ideia política embutida no Estatuto da Terra se revestiu, assim, de fator importante para melhor compreensão da estrutura sistemática do direito agrário. Foi assim então, que o primeiro governo militar se muniu dos instrumentos jurídicos indispensáveis para concretizar a reforma agrária, primeiro como a Emenda Constitucional nº 10, de 9 de novembro de 1964, que introduzia a possibilidade de: “promover a desapropriação de propriedade territorial rural, mediante pagamento de prévia e justa indenização em títulos especiais da dívida pública”. A Emenda baixou de dez para três mil o tamanho da área alienável pelo poder público sem a prévia autorização do Senado e introduziu a competência da União para legislar sobre “Direito Agrário” (Art. 5°, XV): nascia, desta maneira, o Direito Agrário como disciplina jurídica autônoma. O Decreto-lei no 9.760, de 5.9.1946, entre outros assuntos, trata dos terrenos de marinha, dando-lhes a seguinte definição: Art. 2º São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33 (trinta e três) metros, medidos horizontalmente, para a parte de terra, da posição da linha preamar média de 1831: a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. A influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de cinco centímetros pelo menos do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano. O mesmo diploma legal de 1946 também dispõe sobre os terrenos acrescidos de marinha, que são aqueles formados, natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios e lagoas em prosseguimento aos de marinha (art. 3º). Por ficção legal, também se consideram terrenos de marinha os chamados terrenos marginais, que são aqueles banhados pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés, e que vão até a distância de 15 metros medidos horizontalmente para a parte de terra, a contar da linha média das enchentes ordinárias (art. 4º do Decreto- lei no 9.760/46). Vale esclarecer, neste passo, que essa categoria de terrenos de marinha é apenas para aqueles que se situam nas margens dos rios navegáveis federais, ou seja, aqueles que cortam mais de um Estado da Federação. Esses imóveis, por serem considerados públicos, PERTENCENTES À UNIÃO, SÃO INALIENÁVEIS. Podem ser objeto de aforamento ou de ocupação ou, ainda, de arrendamento. O seu controle é feito não pelo INCRA, mas pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU). ‘ A SÚMULA Nº 496 DO STJ consolidou o entendimento de que os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União e, segundo a Jurisprudência, como no REsp 1183546, repetitivo, julgado pelo STJ em 2010, são considerados bens originários. A importância desse tema para o Direito Agrário está em que são imóveis que se prestam para o exercício das atividades agrárias. Como foi dito atrás, a legislação permite que esses imóveis sejam objeto de aforamento, ocupação e arrendamento. Talvez se possa dizer que não há impedimento legal para serem objeto também de concessão de uso real, nos termos do art. 7o do Decreto-lei no 271, de 28.02.67. Qualquer que seja a forma utilizada, o que importa é o objeto da utilização desses terrenos. Se forem explorados com atividades agrárias, é evidente que se aplicam as normas de Direito Agrário. E aí reside a importância do assunto no presente trabalho. Não se pode negar que há muitas atividades agrárias desenvolvidas tanto nos terrenos de marinha propriamente ditos, como nos terrenos acrescidos de marinha e nos terrenos marginais. Para exemplificar, citam-se as de hortifrutigranjeiros de grande ocorrência na Ilha de São Luís, capital do Estado do Maranhão, bem como nos outros dois municípios que compõem aquela ilha marítima, São José de Ribamar e Paço do Lumiar. De grande significado foi o Decreto-lei no 2.398, de 21.12.1987, que dispôs sobre foros, laudêmios e taxas de ocupação relativos a imóveis de propriedade da União, entre os quais se incluem os terrenos de marinha. Com efeito, podem ser destacados os seguintes pontos, a saber: Com efeito, podem ser destacados os seguintes pontos, a saber: 1. A possibilidade de alienação dos bens imóveis da União, sob administração da secretaria do Patrimônio da União (SPU), de acordo com a Lei no 9.636, de 15.5.98, em leilão público, podendo adquiri-los, em condições de igualdade com o lance vencedor, o ocupante ou locatário. O mesmo procedimento também poderá ser adotado para a hipótese de alienação do domínio útil, quando não houver preferência ao aforamento. 2. A proibição de realização de aterros para a formação de acrescidos de marinha ou nas margens de lagos, rios e ilhas fluviais e lacustres de propriedade da União, sem prévia autorização do órgão competente, sob pena de remoção do aterro e demolição das eventuais benfeitorias, à conta de quem as houver efetuado, e sob pena de suportar a aplicação de uma multa mensal a ser cobrada sobre cada m2 das áreas aterradas ou construídas. Essas mesmas sanções serão aplicadas nas hipóteses de edificações em praias marítimas e oceânicas e ainda nas praias formadas em lagos, rios e ilhas fluviais e lacustres de propriedade da União. 3. A dependência de pagamento prévio do laudêmio, em quantia correspondente a 5% do valor atualizado do domínio pleno e das benfeitorias, das transferências onerosas, entre vivos, do domínio útil de terrenos da União ou de direitos sobre benfeitorias neles construídas, bem assim a cessão de direitos a eles relativos. É oportuno consignar, finalmente, que os terrenos de marinha e seus acrescidos estão incluídos entre os bens da União, no art. 20, inc. VII, da atual Constituição Brasileira. Também está preconizada uma nova lei sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos (art. 49, caput, ADCT), prevendo-se a continuação de sua aplicação aos terrenos de marinha e seus acrescidos, situados na faixa de segurança a partir da orla marítima. A natureza jurídica da faixa de fronteira é bem de uso especial da União, afetada a serviço público federal relevante, SENDO CONSIDERADO INDISPENSÁVEL À DEFESA DO PAÍS CONTRA O INIMIGO EXTERNO. A Lei 601 de 1850, Lei de Terras, também instituiu o que mais tarde viria a ser conhecido como faixa de fronteira – inicialmente 10 léguas (equivalente a 66 km). Porém, com as mudanças legislativas ao longo dos anos houve a expansão da faixa de fronteira, que atualmente está estabelecida em 150 km de largura, mas o domínio da União sobre as terras localizadas nesta faixa não se expandiu da mesma forma. Pela CONSTITUIÇÃO DE 1891 não mencionava a largura da faixa de fronteira, entende-se que houve recepção da Lei de Terras, que estabelecia a LARGURADESTA FAIXA EM 66 KM . Nas CONSTITUIÇÕES DE 1934 (art. 20) e 1937 (art. 36) ficou estabelecido que pertenciam à União os bens que esta já possuía, nos termos das leis em vigor. Na CONSTITUIÇÃO DE 1934 foi estabelecida a faixa de segurança nacional, COM 100 KM DE LARGURA (art. 166), englobando assim a faixa de fronteira, tendo a CONSTITUIÇÃO DE 1937 (art. 165) posteriormente alargado a FAIXA DE SEGURANÇA PARA 150 KM . Porém, a criação da faixa de segurança em 1934 teve início a mais uma desordem legislativa fundiária no Brasil. Pois, até 66 km as terras pertenciam à União, entretanto esta tinha ingerência em toda a faixa de segurança nacional, subordinando o uso de todas as terras desta faixa, quer devolutas, públicas em sentido estrito, ou particulares, ao interesse nacional. São vários os casos em que estados concederam indiscriminadamente terras em faixa de fronteira, cujas áreas são reconhecidas como de domínio federal, caracterizando alienações realizadas a non dominio pelos. Pois, o legislador de 1850 estabeleceu que na faixa de 10 léguas (66 km) ao longo da fronteira nacional as terras devolutas poderiam ser concedidas a título gratuito a nacionais que as quisessem habitar e cultivar durou até a CONSTITUIÇÃO DE 1946 que atribuiu expressamente à União o domínio das terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, mas reservou à lei ordinária a especificação de quais seriam estas zonas indispensáveis à defesa nacional. A Base legal encontra-se na Lei 6.634/1979, que alterou o Decreto-lei 1.135/1970. A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988 manteve a largura da área indispensável à defesa do território nacional em 150 km, mas desta vez menciona expressamente que tal área de 150 km se refere à faixa de fronteira (art. 20, §2°). Logo, não faz mais sentido distinguir a faixa de fronteira e zona de segurança. Pode –se dizer que ambas se confundem, coincidem na faixa de 150 Km localizadas “ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.” Em função do inciso II do artigo 20 da CF/88, a União possui apenas a propriedade das terras devolutas nessa área, podendo haver domínio privado, pois segundo o art. 4º, da Lei no 9.871/1999, ficaram ratificados, de ofício, os títulos de alienação ou de concessão de terras feita pelos Estados na Faixa de Fronteira, referentes a pequenas propriedades rurais, devidamente registrados no Registro de Imóveis até 26.2.99, desde que o seu proprietário não seja titular do domínio de outro imóvel rural, assim como os títulos concernentes a média propriedade situada nas regiões Sul, Centro-Oeste e Norte. C O N C E I T O DIREITO AGRÁRIO é o conjunto sistemático de normas jurídicas que visam disciplinar as relações do homem com a terra, tendo em vista o progresso social e econômico do rurícola e o enriquecimento da comunidade (BORGES, P. Torminn, ob. cit., p. 17). DIREITO AGRÁRIO é o conjunto de princípios e de normas, de Direito Público e de Direito Privado, que visa a disciplinar as relações emergentes da atividade rural, com base na função social da terra (SODERO, F. Pereira, ob. cit., p. 32). Octávio Mello Alvarenga “DIREITO AGRÁRIO é o ramo da ciência jurídica, composto de normas imperativas e supletivas, que rege as relações emergentes da atividade do homem sobre a terra, observados os princípios de produtividade e justiça social”. Joaquim Luís Osório “DIREITO RURAL OU AGRÁRIO é o conjunto de normas reguladoras dos direitos e obrigações concernentes às pessoas e aos bens rurais”. Malta Cardozo “DIREITO AGRÁRIO é o conjunto de normas que asseguram a vida e o desenvolvimento econômico da agricultura e das pessoas que a ela se dedicam profissionalmente”. Raymundo Laranjeira “DIREITO AGRÁRIO é o conjunto de princípios e normas que, visando a imprimir função social à terra, regulam relações afeitas à sua pertença e uso, e disciplinam a prática das explorações agrárias e da conservação dos recursos naturais”. Oswaldo Opitz e Sylvia Optiz “DIREITO AGRÁRIO é o conjunto de normas jurídicas concernentes à economia agrária”. Alcir Gursen de Miranda “DIREITO AGRÁRIO é o ramo jurídico que regula as relações agrárias, observando se a inter-relação homem/terra/produção/sociedade”. Antonino Vivanco “DIREITO AGRÁRIO é o ordenamento jurídico que rege as relações sociais e econômicas, que surgem entre os sujeitos intervenientes na atividade agrária”. C O N C E I T O A partir dos conceitos acima é possível extrair pontos de convergência, quais sejam: ● Conjunto de normas e princípios ● Atividade de homem com a terra de forma profissional ● Cumprimento da função social, inclusive observando a conservação dos recursos naturais ● Progresso social e econômico do produtor ● Enriquecimento da sociedade princípios FUNÇÃO SOCIAL DA TERRA Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: I - aproveitamento racional e adequado; II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. PRIMEIRO PILAR: PRODUTIVIDADE PERGUNTA: O QUE É UMA TERRA PRODUTIVA? No Brasil, para uma terra ser considerada produtiva, deverá esta cumprir os níveis satisfatórios de produtividade estabelecidos na lei 8629/93, art 6º: A) GRAU DE UTILIZAÇÃO NA TERRA (GUT), deverá ser maior ou igual a 80%; B) GRAU DE EFICIÊNCIA NA EXPLORAÇÃO (GER), deverá ser maior ou igual a 100% - o 100% é abaixo da média, calculado pelo agrônomo - se não cumpre gera DESAPROPRIAÇÃO para fins de reforma agrária Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel. § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática: I - para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; II - para a exploração pecuária, divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea; III - a soma dos resultados obtidos na forma dos incisos I e II deste artigo, dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração.
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