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Multivix_Direito_Agrario_e_Ambiental_ebook_completo

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DIREITO AGRÁRIO 
E AMBIENTAL
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do 
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais 
em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, 
Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, 
e com a Educação a Distância presente 
em todo estado do Espírito Santo, e com 
polos distribuídos por todo o país. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, 
destacando-se pela oferta de cursos de 
graduação, técnico, pós-graduação e 
extensão, com qualidade nas quatro 
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, 
Humanas e Saúde, sempre primando 
pela qualidade de seu ensino e pela 
formação de profissionais com consciência 
cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de 
Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 
instituições avaliadas no Brasil, apenas 
15% conquistaram notas 4 e 5, que são 
consideradas conceitos de excelência em 
ensino. Estes resultados acadêmicos 
colocam todas as unidades da Multivix 
entre as melhores do Estado do Espírito 
Santo e entre as 50 melhores do país.
 MISSÃO
Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.
 VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida 
nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
R E I TO R
GRUPO
MULTIVIX
R E I
2
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
3
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
Maríllia Rodrigues Mazzola
Direito Agrário e Ambiental / MAZZOLA, M. R. - Multivix, 2022
Catalogação: Biblioteca Central Multivix 
 2022 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 
4
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE QUADROS
UNIDADE 2
 Tabela 1 – Valor da Terra nua tributável 41
UNIDADE 6
 Tabela 1 – Definição de sustentabilidade 132
5
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE FIGURAS
UNIDADE 1
 Figura 1 – Direito Agrário 14
 Figura 2 – Revolução Industrial 16
 Figura 3 – Agenda do Direito Agrário 17
 Figura 4 – Constituição Federal 18
 Figura 5 – Registro de Imóveis 21
 Figura 6 – Cultivo da terra 23
 Figura 7 – Atividades de pesquisas 26
 Figura 8 – Latifúndios 26
 Figura 9 – Edifícios públicos em Brasília 27
 Figura 10 – Terra devoluta 27
UNIDADE 2
 Figura 1 – Imóvel rural 32
 Figura 2 – Constituição 36
 Figura 3 – Indenização 38
 Figura 4 – Imposto e tributos 39
 Figura 5 – Proteção das manifestações de culturas populares. 42
 Figura 6 – Índios 43
 Figura 7 – Trabalho rural 52
UNIDADE 3
 Figura 1 – Estatuto da Terra 55
 Figura 2 – Função social 57
 Figura 3 – Imóvel rural 60
 Figura 4 – Tributação 62
 Figura 5 – Desenvolvimento rural 63
 Figura 6 – Agricultura 64
 Figura 7 – Produtividade agrícola 66
 Figura 8 – Política agrária 68
 Figura 9 – Fundos e financiamentos 73
6
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
UNIDADE 4
 Figura 1 – Amazônia Legal 78
 Figura 2 – Desmatamento 79
 Figura 3 – Amazônia Legal 81
 Figura 4 – Cartório de Títulos de Imóveis. 83
 Figura 5 – Indígenas 85
 Figura 6 – Alienação ou concessão de direito real de uso 87
 Figura 7 – Ocupações 88
 Figura 8 – Mapa do Brasil 91
 Figura 9 – Desenvolvimento Agrário 93
 Figura 10– Cumprimento de condições de regularização de áreas 
ocupadas 94
UNIDADE 5
 Figura 1 – Contratos 97
 Figura 2 – Contratos agrários 99
 Figura 3 – Acordos e convênios 102
 Figura 4 – Parcerias 104
 Figura 5 – Função social da terra 107
 Figura 6 – Perícia judicial 116
UNIDADE 6
 Figura 1 – Direito Ambiental 120
 Figura 2 – Meio ambiente 124
 Figura 3 – Gerações 125
 Figura 4 – Princípios jurídicos ambientais 128
 Figura 5 – Sustentabilidade 131
 Figura 6 – Sustentabilidade e a participação popular 133
 Figura 7 – As responsabilidades do Direito 134
 Figura 8 – Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente de 1972 137
7
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
8
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 10
1 DIREITO AGRÁRIO NO BRASIL 13
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 13
1.1 INTRODUÇÃO AO DIREITO AGRÁRIO 13
1.2 INSTITUTOS JURÍDICOS AGRÁRIOS 19
2 PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL DO BRASIL E GRUPOS SOCIAIS AFE-
TADOS 31
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 31
2.1 PERSPECTIVA CONSTITUCIONAL DA PROPRIEDADE 31
2.2 GRUPOS SOCIAIS AFETADOS 41
3 ESTATUTO DA TERRA 55
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 55
3.1 NORMAS DO ESTATUTO DA TERRA 56
3.2 REFORMA AGRÁRIA 65
4 AMAZÔNIA LEGAL 77
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 77
4.1 PRESSUPOSTOS E CONTEXTO 77
4.2 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA NA AMAZÔNIA LEGAL 84
5 CONTRATOS AGRÁRIOS E PERÍCIA JUDICIAL 97
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 97
5.1 CONTRATOS AGRÁRIOS 97
5.2 DESAPROPRIAÇÃO, USUCAPIÃO E PERÍCIA JUDICIAL 107
6 FUNDAMENTOS DE DIREITO AMBIENTAL 119
INTRODUÇÃO DA UNIDADE 119
6.1 PRESSUPOSTOS E SISTEMÁTICA DO DIREITO AMBIENTAL 
BRASILEIRO 119
6.2 SUSTENTABILIDADE, RESPONSABILIDADE E DIREITO 
INTERNACIONAL AMBIENTAL 130
1UNIDADE
2UNIDADE
3UNIDADE
4UNIDADE
5UNIDADE
6UNIDADE
9
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
ICONOGRAFIA
10
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) 
(2022), a população brasileira já ultrapassa 214 milhões de habitantes. Como 
fazer para tornar possível a convivência entre tantas pessoas, cada uma pos-
suindo suas vontades, suas opiniões, suas necessidades e assim por diante?
Desde tempos imemoriais, em que os humanos passaram a viver em comu-
nidade, passaram a ser criadas normas que possibilitassem esse convívio. À 
medida que as comunidades cresciam e as relações se tornavam mais com-
plexas, surgiram regras específicas para cada área de relação (comércio, cri-
mes, tributos etc.). 
Em linhas gerais, Direito é a ciência que estuda as normas que regem a con-
vivência humana. Conforme a área estudada, subdivide-se em Direito Civil, 
Direito Penal, Direito Trabalhista e assim por diante. Cada país possui sua es-
trutura e suas normas específicas. Portanto, o estudo do Direito deve ocorrer 
de acordo com elas. 
Essa estrutura pode ser representada como uma pirâmide, possuindo a nor-
ma fundamental do país (a Constituição Federal), que contém as diretrizes 
gerais que deverão ser observadas e, à medida em que se desce em direção 
à base, surgem leis complementares (a Constituição), leis ordinárias, decretos, 
instruções e outras categorias de normas que vão tornando mais explícita 
“como” esta ou aquela medida será aplicada – observando, sempre, o que foi 
estabelecido pelas normas hierarquicamente superiores. 
O objetivo desta disciplina é compreender as normas jurídicas de regência do Di-
reito Agrário no Brasil, seus pressupostos e princípios fundamentais. Estudaremos 
seu principal texto jurídico normativo, que é Lei nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra). 
Por meio de sua análise e de outros documentos que tratam de questões rurais 
no Brasil, será verificadaa importância dos instrumentos da política agrícola bra-
sileira, tendo como parâmetros a economia rural e as atividades agropecuárias.
Será ainda averiguado o histórico, o conceito e a tipologia dos contratos agrários 
no Brasil, especialmente, a partir do Decreto nº 59.566/1966, além de entender 
a dinâmica da perícia judicial, formulação de quesitos e vistoria sob o aspecto 
teórico e prático, estabelecendo cotejo com a política de reforma agrária. 
Por fim, serão estudados os fundamentos do direito ambiental sob o viés con-
temporâneo e global, com o intuito de contextualizar os estudos do Direito 
Agrário e estabelecer conexões entre as grandes áreas do Direito. 
11
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
UNIDADE 1
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
12
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
> Introduzir, conceituar e 
contextualizar a disciplina 
do Direito Agrário.
> Compreender os institutos 
jurídicos agrários e sua 
importância.
13
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
1 DIREITO AGRÁRIO NO BRASIL
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Esta unidade abordará o Direito Agrário no Brasil. As questões agrárias e a ne-
cessidade de sua regulamentação remontam à civilização romana e seguem 
importantes para a sociedade até hoje. Afinal, é da terra que o ser humano 
garante a sua sobrevivência.
Entender que o propósito do Direito Agrário é o atendimento às necessidades 
da sociedade, levando em conta a justiça social, o trabalho agrário e a respon-
sabilidade ambiental estão entre os objetivos desta disciplina.
Serão estudadas as origens e o conceito do Direito Agrário. Faremos uma 
abordagem para conhecer o objeto do Direito Agrário, bem como suas fontes, 
especialmente o conjunto legislativo brasileiro, que dispõe sobre as questões 
relacionadas à terra. 
Depois, passaremos a analisar importantes institutos jurídicos do Direito 
Agrário. Nesse momento, faremos estudos mais aprofundados e conceituare-
mos a posse agrária, a função social da propriedade, os latifúndios e as terras 
devolutas. Com isso, esperamos que você se contextualize no Direito Agrário e 
possa desenvolver melhor seus estudos sobre o tema, além de saber a impor-
tância de conceitos que te acompanharão ao longo desta disciplina.
1.1 INTRODUÇÃO AO DIREITO AGRÁRIO
O Direito Agrário é a disciplina autônoma e especial da área de ciências so-
ciais aplicadas que trata de direitos e obrigações relacionados a imóveis ru-
rais, além de sua posse e distribuição. 
É uma disciplina que se relaciona com outros ramos do Direito e ainda com 
outras ciências, uma vez que a terra é um dos meios indispensáveis para a ob-
tenção de bens e exigências humanas de sobrevivência. É da terra e de seus 
produtos que sobrevive o ser humano. 
14
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
FIGURA 1 – DIREITO AGRÁRIO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta os símbolos do direito e da justiça: um martelo, um livro e 
uma balança.
1.1.1 CONCEITO E ORIGENS
Justamente por isso há a necessidade de intervenção estatal para equilíbrio e 
para encaminhamento de questões relacionadas à atividade rural, tais como 
o despovoamento rural, existente após a Revolução Industrial e o desenvolvi-
mento e aumento da produtividade econômica rural. Isso, se analisarmos as 
questões agrárias mais contemporâneas. 
É possível dizer que o tratamento de questões agrárias no Brasil ocorre inspira-
do em documentos estrangeiros, que também trataram de questões da área. 
A influência portuguesa na legislação nacional vem desde as sesmarias. Tra-
ta-se de um instituto jurídico presente na legislação desde 1375, cujo objetivo 
era normatizar a distribuição de terras para produção, respondendo a uma 
necessidade social do século XIV, quando uma crise agrícola atingiu Portugal. 
15
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
Ao longo do desenvolvimento do Direito Agrário brasileiro, houve ainda a in-
fluência de outros documentos estrangeiros. Por exemplo, o Estatuto da Terra 
brasileiro inspira-se no Trade Board Act, do Reino Unido, criado em 1909. O 
Small Holding and Allotments Act, de 1907, também inglês, foi inspiração para 
o desenvolvimento da legislação nacional no que tange ao desmembramen-
to de propriedade e questões relacionadas a latifúndios. 
Mas, além disso, as leis buscam dar subsídios legais eficientes para propiciar o 
desenvolvimento das atividades. Na contemporaneidade, isso se expressa de 
novas maneiras, como nos ensina Elisabete Maniglia:
O Direito Agrário ganha novos rumos no mundo e transforma-se em 
peça fundamental na Europa para garantir mercados, sobrevivência e 
seguridade alimentar. A consolidação da União Europeia traz contornos 
novos para a ciência agrária que, consubstancialmente, converte-se, com 
o Direito Ambiental, em mola propulsora para a dignidade do cidadão. Os 
Estados Unidos apoiam a agricultura e, ante seus desastres ecológicos, 
preocuparam-se em criar políticas econômicas e mecanismos de defesa 
em face dos órgãos internacionais, a fim de garantir sua alimentação com 
leis protecionistas. Os países de Terceiro Mundo buscam sua sobrevivência, 
procurando produzir e vender cada vez mais, e são desejosos por leis 
agrárias de incentivo, crédito rural e pesquisa. Outra parte da população 
mundial, deixada de fora dos mercados competitivos, vivendo abaixo da 
linha da pobreza, fica com os restos dos demais e, orientada – ou não – 
por organizações não governamentais (ONG) e movimentos sociais luta 
para garantir seu direito básico à vida, e, para tanto, necessita de leis que a 
assegurem para continuar vivendo. (MANIGLIA, 2009, p. 18). 
Pode-se dizer que, hoje, o Direito Agrário define-se, então, pelo conjunto de 
regras e princípios para disciplinar questões inerentes à atividade agrária, po-
rém, levando em conta questões baseadas na função social da propriedade e 
no respeito aos direitos fundamentais. 
1.1.2 HISTÓRICO E OBJETO
O Direito Agrário remonta à civilização romana, onde surgiram usos e costu-
mes que determinam importantes institutos jurídicos ainda em vigor. 
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Como contribuição dos agrupamentos romanos, as vilas foram determinantes 
para o desenvolvimento das questões inerentes à posse, até mesmo no Brasil. 
Mas as modificações da sociedade, advindas da Revolução Industrial, trouxe-
ram novos desafios: industrialização e êxodo rural. Em face de tais questões, 
modificações no regime de posse e uso da terra rural tiveram que ser pensa-
das, para cuidar dos conflitos que surgiram. 
FIGURA 2 – REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta o desenho de uma indústria, com torres liberando gases.
Na vila romana, as famílias dos cultivadores da terra 
se estabeleciam pela rotura do solo e semeadura. 
Cada família possuía um trato de terra para plantar, 
que era respeitado pelos demais, embora fossem 
de uso comunal a água, o pasto, os montes e as 
florestas. Nasce, assim, a chamada propriedade 
consorcial (ou comunal), que não era pública, mas 
privada. A “vila” era uma organização econômica 
agrária de caráter unitário, que nos legou uma 
estrutura jurídica cujos vestígios se encontram em 
nossos repertórios legais (OPITZ; OPITZ, 2017). 
17
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
Quanto ao histórico do Direito Agrário brasileiro, seu desenvolvimento ocor-reu para promover a colonização das terras por meio do regime de sesmarias, 
que concedia domínio útil de terras para determinadas pessoas e mediante o 
pagamento de tributos à Coroa portuguesa.
O Direito Agrário objetiva cuidar do regime das terras rurais no Brasil. Por isso, 
em uma visão mais geral, faz o encaminhamento de questões econômicas, 
sociais e jurídicas.
Em um olhar mais aprofundado, trata questões como contratos, arrendamen-
to e parceria, limitações ao direito de propriedade, distribuição de terras, ade-
quação as necessidades de produção, amparo aos trabalhadores, exploração 
agrária e desenvolvimento econômico e social, modernização da produção, 
ocupação e fixação devida dos espaços.
FIGURA 3 – AGENDA DO DIREITO AGRÁRIO
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta o escrito “agenda”, com números em sequência que 
indicam as prioridades.
Dentre seus objetivos, pode-se destacar ainda a mecanização da lavoura, a 
eliminação do latifúndio improdutivo, o impedimento do minifúndio exage-
rado (OPITZ; OPITZ, 2017). 
É importante lembrar que tais objetivos devem estar em concordância com 
questões ambientais, devendo haver o correto tratamento de questões como 
condições climáticas, saneamento, utilização de recursos não renováveis, sus-
tentabilidade e desenvolvimento sustentável. 
18
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Por se tratar de disciplina ampla e complexa, possui regras e princípios pró-
prios, que serão tratados no próximo tópico. 
1.1.3 FONTES DO DIREITO AGRÁRIO
Marques e Marques (2016) nos ensina que, como todo ramo da ciência jurí-
dica, as fontes do Direito Agrário podem ser classificadas em imediatas (ou 
diretas) e em mediatas (ou indiretas). Fontes imediatas são as leis e os costu-
mes, enquanto fontes mediatas são doutrina (ideias e ensinamentos que en-
contramos na literatura) e a jurisprudência (conjunto das decisões, aplicações 
e interpretações das normas pelo Poder Judiciário). 
As fontes legislativas do Direito Agrário remetem à Emenda Constitucional nº 
10 de 1964, incluída na Constituição de 1946, dispondo sobre a desapropriação 
para fins de reforma agrária.
Atualmente, os preceitos do Direito Agrário são encontrados no art. 8º, XVII, b 
da Carta Magna Brasileira de 1988, ao ditar que compete à União legislar so-
bre Direito Agrário (BRASIL, 1988). 
FIGURA 4 – CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta um desenho de um livro, onde na capa constam o mapa e 
a bandeira do Brasil.
19
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
Esse tratamento é verificado, sob o ponto de vista legislativo, por meio dos 
seguintes instrumentos:
Os regulamentos de Direito Agrário serão abordados ao longo desta discipli-
na, correlacionando-os aos diversos institutos jurídicos que tratam das ativi-
dades agrárias. 
1.2 INSTITUTOS JURÍDICOS AGRÁRIOS
Antes de nos aprofundarmos em alguns institutos importantes ao Direito 
Agrário, é fundamental conhecermos os guias orientadores, princípios que 
dão a base para a legislação de Direito Agrário. São eles: 
Princípio da justiça social
Preza por garantir mínimas condições necessárias à sobrevivência, 
buscando dar efetividade à dignidade da pessoa humana. 
Princípio da função social da terra
Derivado do art. 2º do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964), preza 
por assegurar a oportunidade de acesso à propriedade da terra, 
condicionada pela sua função social. 
• Estatuto da Terra, Lei nº 4.504, de 30 de novembro 
de 1964, apresenta um conjunto de medidas que 
visa promover a melhor distribuição da terra.
• Regulamentação do Estatuto da Terra, Lei nº 
5.889, de 8 de junho de 1973.
• Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966 (art. 13).
• Estatuto do Trabalhador Rural, Lei nº 5.889/1973 
(anteriormente Lei nº 4.214/1963).
20
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
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Princípio da permanência na terra
Tem por objetivo proteger e resguardar a pessoa que tornou a terra 
produtiva por meio do trabalho e sua família, ou seja, quem exerce o 
pró-labore. 
Princípio do acesso à propriedade da terra
Por meio do instituto da desapropriação para fins de reforma agrária, 
o Estado busca dar efetividade a esse princípio, dando o acesso à 
propriedade aos agricultores que não possuem meios de adquiri-la.
Princípio do aumento da produção ou produtividade
Positivado nos incisos III, IV, VI e VII do art. 187, da Constituição 
Federal, preza por investimentos na pesquisa de novas tecnologias 
para solucionar problemas da agricultura e pecuária e minimizar 
consequências de fenômenos naturais que comprometem a 
qualidade e a quantidade dos produtos. 
1.2.1 POSSE AGRÁRIA
Como já falamos nesta unidade, a origem do Direito Agrário brasileiro remon-
ta ao sistema de sesmarias.
Tal sistema ficou em vigor até 17 de julho de 1822 e acabou com a Resolução 
nº 76. Com a promulgação da Lei de Terras e o reconhecimento das sesmarias 
antigas, o regime de posses foi formalmente ratificado e a partir daí a compra 
passou a ser a única forma de obtenção de terras.
Para que possamos falar sobre a posse agrária, é importante sabermos sobre 
as teorias jurídicas da posse. Temos duas correntes que tratam do instituto:
21
MULTIVIX EAD
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
Teoria de Savigny
Para a teoria subjetiva de Savigny, posse é o poder que tem a pessoa 
de dispor fisicamente de uma coisa, com intenção de tê-la para si e 
de defendê-la contra intervenção de outrem. Segundo essa teoria, 
são necessários dois elementos constitutivos: (i) o poder físico sobre a 
coisa, tê-la a sua disposição, deter a coisa; e (ii) a intenção de ter a coisa 
como sua, exercer sobre ela o direito de propriedade, que é chamado 
de animus. 
Teoria de Jhering
A segunda teoria da posse é a teoria objetiva de Jhering, que entende 
que para constituir a posse basta o corpus, não havendo necessidade 
do animus. 
Como pudemos ver, o sistema de posse brasileiro, em seus primeiros momen-
tos, foi caótico. Somente com a Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, a Lei de 
Terras, ou, ainda, o Estatuto das Terras Devolutas, é que se criou o sistema de 
transferência de propriedade imobiliária, com base na alienação.
Com essa regulamentação da aquisição das terras, inicia-se a história do Re-
gistro de Imóveis no Brasil. 
FIGURA 5 – REGISTRO DE IMÓVEIS
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma mão segurando uma caneta, em cima de um 
contrato, e outra mão acompanhando a leitura.
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De qualquer forma, o instituto da posse é um instituto estudado pelo direito 
privado, havendo disposições acerca dele no Código Civil e na sua doutrina. 
1.2.2 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
O primeiro diploma legal brasileiro a mencionar “função social da proprie-
dade” foi o Estatuto da Terra. A função social da propriedade rural é exercida 
quando cumpridos os requisitos do art. 186 da Constituição Federal. 
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos:
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores. (BRASIL, 1988). 
A ação da função social reside justamente na tentativa de dar utilização à 
terra, além de equalizar questões como promoção de justa remuneração, 
acessode benefícios para o trabalhador, aumento da produtividade, pri-
mando também pelo bem-estar coletivo, especialmente de trabalhadores 
rurais e suas famílias.
Em razão de referido princípio, institui-se uma política agrícola, sendo dever 
do poder público promover e criar as condições de acesso do trabalhador ru-
ral à propriedade da terra economicamente útil, de preferência nas regiões 
em que habita, e estimular planos para a racional utilização da terra. Correla-
cionando-se com tais necessidades, foi preciso realizar mudanças no regime 
das terras rurais no Brasil, em âmbito de posse e uso da terra rural. Assim, ins-
titutos como a desapropriação por interesse social surgem como alternativas 
para dar efetividade à função social. 
Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando 
a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter 
o potencial produtivo da propriedade.
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FIGURA 6 – CULTIVO DA TERRA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma mão segurando um punhado de terra da qual brota 
uma pequena árvore.
Dentre os elementos da função social da propriedade rural, segundo o artigo 
186 da Carta Magna Brasileira, é importante destacar (CASSETTARI, 2015):
1. Produção destinando o uso adequado e racional da produção e da pro-
dutividade. Segundo o art. 6º da Lei nº 8.629/1993, propriedade produtiva 
é aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultanea-
mente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segun-
do índices fixados pelo órgão federal competente. 
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Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela 
que, explorada econômica e racionalmente, atinge, 
simultaneamente, graus de utilização da terra e de 
eficiência na exploração, segundo índices fixados 
pelo órgão federal competente.
§ 1º O grau de utilização da terra, para efeito do 
caput deste artigo [para ser produtiva], deverá 
ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), 
calculado pela relação percentual entre a área 
efetivamente utilizada e a área aproveitável total 
do imóvel. [Os parâmetros, índices e indicadores 
que informam o conceito de produtividade são 
ajustados, periodicamente, e levam em conta o 
progresso científico e tecnológico da agricultura 
e o desenvolvimento regional, pelos Ministros de 
Estado do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura 
e do Abastecimento, ouvido o Conselho Nacional 
de Política Agrícola, conforme art. 11.]
§ 2º O grau de eficiência na exploração da terra 
deverá ser igual ou superior a 100% (cem por cento), 
e será́ obtido de acordo com a seguinte sistemática:
I - Para os produtos vegetais, divide-se a quantidade 
colhida de cada produto pelos respectivos índices de 
rendimento estabelecidos pelo órgão competente 
do Poder Executivo, para cada microrregião 
homogênea;
II - Para a exploração pecuária, divide-se o número 
total de Unidades Animais (UA) do rebanho 
pelo índice de lotação estabelecido pelo órgão 
competente do Poder Executivo, para cada 
microrregião homogênea;
III - a soma dos resultados obtidos na forma dos itens 
I e II acima, dividida pela área efetivamente utilizada 
e multiplicada por 100 (cem), determina o grau de 
eficiência na exploração. (BRASIL, 1993, online).
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2. Utilização efetiva – considera-se efetivamente utilizadas: 
I. as áreas plantadas com produtos vegetais;
II. as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de 
lotação por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo;
III. as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os 
índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do 
Poder Executivo, para cada microrregião homogênea, e a legislação 
ambiental;
IV. as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de 
exploração e nas condições estabelecidas pelo órgão federal compe-
tente;
V. as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de 
pastagens ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e 
devidamente comprovadas, mediante documentação e anotação de 
responsabilidade técnica. (BRASIL, 1993, online).
É importante lembrar que, no caso de consórcio ou intercalação de culturas, a 
utilização é considerada efetiva quando utilizada a área total do consórcio ou 
da intercalação. Mas, havendo mais de um cultivo no ano, com um ou mais 
produtos, no mesmo espaço, considera-se efetivamente utilizada a maior área 
usada no ano considerado.
O caso fortuito e a força maior não tiram a qualidade de propriedade produti-
va do imóvel. O mesmo pode ser dito para o caso de renovação de pastagens 
tecnicamente conduzida, devidamente comprovados pelo órgão competente. 
3. Aproveitamento racional e adequado do imóvel rural será considerado 
quando há execução de atividades de pesquisa e experimentação ofi-
ciais, que objetivem o avanço tecnológico da agricultura. Para essa situa-
ção, só serão consideradas propriedades que tenham no mínimo 80% da 
área total aproveitável do imóvel destinadas a pesquisas.
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FIGURA 7 – ATIVIDADES DE PESQUISAS
Fonte: Freepik (2021).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma tela de um tablet e uma prancheta contendo 
diferentes modelos de gráficos.
Podemos concluir que a função social da propriedade é um elemento central 
do Direito Agrário, pensando o imóvel rural como um bem de produção de 
alimentos e de matéria-prima.
1.2.3 LATIFÚNDIO E TERRAS DEVOLUTAS
O Estatuto da Terra tem como um de seus objetivos desmembrar os grandes 
latifúndios, uma vez que a grande propriedade está concentrada. 
FIGURA 8 – LATIFÚNDIOS
Fonte: Plataforma Deduca (2021).
#PraCegoVer: A figura representa uma fotografia de uma grande extensão de terra 
cultivada, com sistema de irrigação em funcionamento.
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Para falar de terras devolutas, devemos primeiro entender que constituem 
terras públicas. Tal categoria é gênero, sendo consideradas todas as terras 
pertencentes ao poder público, além de bens determinados ou determiná-
veis que integram o patrimônio público.
Podemos afirmar que existem duas espécies de terras públicas lato sensu:
Terras públicas stricto sensu
São os bens determinados que integram 
o patrimônio público como bem de uso 
especial ou patrimonial. Por exemplo, uma 
fazenda de propriedade da administração 
pública, utilizada para fins de pesquisa.
Figura 9 – Edifícios públicos em Brasília
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma fotografia aérea de Brasília, com vários prédios públicos.
Terras devolutas
São áreas que não passaram do patrimônio 
público para o particular de forma legítima 
(pois no Brasil vigora o princípio da posse 
histórica das terras, que presume que a 
propriedade imobiliária tem origem pública).
Figura 10 – Terra devoluta
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma fotografia de uma terra com plantação.
Assim, podemos definir terras devolutas como as adquiridas pelo Estado bra-
sileiro por sucessão à Coroa portuguesa, levando em conta fatos históricos do 
descobrimento e da independência do país. 
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A definição legal de terras devolutas é encontrada na Lei de Terras (Lei nº 601, 
de 18 de setembro de 1850), no art. 3º:
Art. 3º São terras devolutas:
§ 1º As que não se acharemaplicadas a algum uso público nacional, provincial, 
ou municipal.
§ 2º As que não se acharem no domínio particular por qualquer título 
legitimo, nem forem havidas por sesmarias e outras concessões do Governo 
Geral ou Provincial, não incursas em comisso por falta do cumprimento das 
condições de medição, confirmação e cultura.
§ 3º As que não se acharem dadas por sesmarias, ou outras concessões do 
Governo, que, apesar de incursas em comisso, forem revalidadas por esta 
Lei.
§ 4º As que não se acharem ocupadas por posses, que, apesar de não se 
fundarem em título legal, forem legitimadas por esta Lei. (BRASIL, 1850).
Importante destacar que o inciso XVII do art. 49 da Constituição Federal dita 
que a alienação ou a concessão de terras públicas com área superior a 2.500 
hectares depende de aprovação do Congresso Nacional.
Ainda são consideradas terras devolutas aquelas 
adquiridas:
por compra ou permuta a outros estados, que não 
foram alienadas; 
por qualquer forma admitida à época, aos 
particulares, ou que não foram adquiridas por 
usucapião; como as transmitidas aos particulares, e 
que retornaram ao patrimônio do poder público por 
terem caído em comisso ou por falta de revalidação 
ou cultura, não se destinando a algum uso público, 
encontrando-se, atualmente, indeterminadas.
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CONCLUSÃO
Esta unidade objetivou apresentar uma reflexão inicial sobre o Direito Agrário. 
Trata-se de disciplina secular, com seu nascimento junto com a civilização 
romana, e segue pertinente na atualidade. Afinal, por meio da terra é que 
se planta, dá dignidade ao trabalhador e permite-se a manutenção do meio 
ambiente. 
Presente em qualquer parte do globo, faz parte da realidade humana e corre-
laciona-se com os direitos fundamentais, pois é por meio da terra que se ga-
rante a vida e a sobrevivência, seja de maneira direta ou indireta. Desse modo, 
a Constituição de 1988 decretou a implantação da gestão do Direito Agrário 
para endereçamento das questões relacionadas à terra. 
Também estudamos a origem do Direito Agrário e seu desenvolvimento le-
gislativo ao longo da história, além de objetivos do Direito Agrário. Começou-
-se a compreender também seus princípios e alguns institutos que cercam a 
questão agrária, tais como posse, função social, latifúndios e terras devolutas. 
Esses temas serão primordiais para a continuidade dos estudos e dos outros 
institutos que fazem parte da disciplina de Direito Agrário. 
UNIDADE 2
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
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> Trabalhar o instituto 
da propriedade na 
Constituição de 1988 e 
adentrar outros temas 
correlatos à propriedade;
> Estudar os grupos sociais 
afetados pelas políticas 
agrárias, tais como os 
índios, quilombolas e 
comunidades tradicionais.
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2 PROPRIEDADE TERRITORIAL 
RURAL DO BRASIL E GRUPOS 
SOCIAIS AFETADOS
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A propriedade faz parte da própria história da humanidade. Tanto é assim 
que o instituto é tratado de diversas formas em diferentes regramentos e or-
denamentos jurídicos. 
A evolução conceitual da propriedade, assim como seu reflexo no mundo do 
direito, passou por diversas fases, tendo sido trazidas em diferentes doutrinas, 
do entendimento de direito absoluto, garantia fundamental, parâmetro para 
sistemas econômicos (capitalista e socialista), etc.
Nesta unidade, iremos explorar o tratamento dado à propriedade segundo a 
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que ao tratar da função 
social busca permitir o desenvolvimento de um sistema agrário que traga efi-
ciência e respeito aos mais diversos grupos atuantes nas terras rurais do país. 
2.1 PERSPECTIVA CONSTITUCIONAL DA 
PROPRIEDADE
 Desde Duguit (1859 —1928), na França (a concepção de propriedade passou 
a ser vista como a subsunção de utilidade, um bem deve se subordinar a um 
determinado fim, ganhando ares de direito objetivo.) e da influência dos ideia 
católicos (ideia de que a propriedade era, em si, uma função social) há uma 
correlação da função social com a propriedade.
As constituições brasileiras sempre abordaram a correlação, e em 1988 a Cons-
tituição Cidadã trouxe o conceito de função social aliada à propriedade.
Desde a introdução do princípio da função social, transforma-se o conceito de pro-
priedade, integrando-se em seu próprio conteúdo como um elemento estrutural. 
Isso se torna ainda mais importante em face do próprio papel do imóvel rural, 
local onde se desenvolvem as atividades agrárias, tão importantes para o de-
senvolvimento da humanidade. 
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FIGURA 1 – IMÓVEL RURAL
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma terra, com plantação de milho.
O direito de propriedade garantido pelo ordenamento jurídico, desde a mo-
dernidade, é condicionado ao cumprimento da função social. Não há proprie-
dade sem função social, não há função social sem propriedade, ou seja, a fun-
ção social impõe limite ao direito de propriedade, visando a garantia de que 
o exercício do direito não prejudique a coletividade. Ao mesmo tempo, e no 
contexto da contemporaneidade, deve permitir o pleno desenvolvimento, de 
maneira a garantir não só a propriedade em si, mas o uso, o gozo e a posse, 
dando-lhe destinação, que no contexto agrário ganha ainda maior relevância, 
em face da necessidade de proteção ambiental, garantia da segurança ali-
mentar, entre outros papéis necessários na sociedade. 
2.1.1 PROPRIEDADE NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
A palavra propriedade é mencionada 36 vezes na Constituição Cidadã.
Vamos ver quais são essas menções à propriedade na Constituição? Den-
tre as menções, trazemos aqui as que se relacionam com o Direito Agrário 
(BRASIL, 1988, online):
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<INÍCIO SANFONAS>
Art. 5º:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes:
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente 
poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário 
indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que 
trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento 
de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre 
os meios de financiar o seu desenvolvimento;
Art. 153. 
Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a 
desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;      
Art. 158. 
Pertencem aos Municípios:
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da 
União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis 
neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se 
refere o art. 153, § 4º, III;
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Art. 170. 
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios:
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
Art. 185
São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária:
I - a pequena e média propriedade rural, assim definida em lei, desde 
que seu proprietário não possua outra;
II - a propriedade produtiva.
Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à propriedade 
produtiva e fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos 
a sua função social.
Art. 186. 
A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação 
do meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos 
trabalhadores.
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Art. 190. 
A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento de propriedade 
rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos 
que dependerão de autorização do Congresso Nacional.
Art. 191. 
Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, 
possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de 
terra, em zona rural, não superior a cinquenta hectares, tornando-a 
produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, 
adquirir-lhe-á a propriedade.
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por 
usucapião.
Art. 243. 
As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde 
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a 
exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e 
destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem 
qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções 
previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5º.
 ADCT: Art. 68. 
Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam 
ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo 
o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
Podemos perceber que o tema da propriedade é complexo e de grande im-
portância, razão pela qual há seu tratamento no mais importante documento 
legislativo da República Federativa do Brasil. 
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FIGURA 2 – CONSTITUIÇÃO 
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta um martelo de justiça e livros de direito em segundo 
plano.
Seja em âmbito urbano ou rural, a propriedade faz parte da sociedade e sua re-
gulação, especialmente no campo, se faz necessária para os valores supremos 
que o país busca, assegurando o exercício dos direitos sociais e individuais, a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça. 
2.1.2 TÍTULOS DA DÍVIDA AGRÁRIA
Como vimos, a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXVI, traz a pro-
teção à pequena propriedade, ao estabelecer a sua impenhorabilidade em 
execução de débitos decorrentes da sua atividade produtiva. 
No que tange ao instituto da desapropriação para fins de reforma agrária (art. 
4º, parágrafo único, da Lei no 8.629/93) serão insuscetíveis de desapropriação 
a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não pos-
sua outra propriedade rural.
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O cumprimento da função social é essencial à sociedade brasileira, assim 
como garantir a produtividade da terra. 
Por isso, seu descumprimento no imóvel rural é considerado questão grave, 
que acarreta punição, a desapropriação.
Uma das características da Reforma Agrária no Brasil é a natureza punitiva da 
desapropriação, posto que a indenização da terra nua é paga com Títulos da 
Dívida Agrária (TDA), como se verifica no art. 184 da Constituição Federal:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de 
reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, 
mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com 
cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte 
anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida 
em lei.
§ 1º As benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro.
§ 2º O decreto que declarar o imóvel como de interesse social, para fins de 
reforma agrária, autoriza a União a propor a ação de desapropriação.
§ 3º Cabe à lei complementar estabelecer procedimento contraditório 
especial, de rito sumário, para o processo judicial de desapropriação.
§ 4º O orçamento fixará anualmente o volume total de títulos da dívida 
agrária, assim como o montante de recursos para atender ao programa de 
reforma agrária no exercício.
§ 5º São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações 
de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. 
(BRASIL, 1988, online)
A utilização do instrumento de títulos da dívida pública possui verdadeiro ca-
ráter punitivo para o expropriado, pois a forma de se pagar a indenização cor-
respondente demonstra a prevalência do interesse público sobre o particular, 
mesmo demonstrando não haver a intenção de redução patrimonial do indi-
víduo. 
Como apontado por Cassettari (2015, online) a indenização corresponderá 
à substituição de um bem pelo seu efetivo valor pecuniário ou equivalente, 
pois a ideia é que o expropriado, com este valor, consiga adquirir outro bem. 
Ou seja, deve a indenização ser prévia, justa, oportuna, adequada e efetiva, 
mas a noção de justo preço e a de pagamento prévio não tem correspondi-
do plenamente à expectativa, chegando mesmo a suscitar acirradas críticas 
dos cultores do direito, notadamente nos atos expropriatórios para fins de 
Reforma Agrária.
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FIGURA 3 – INDENIZAÇÃO 
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma pessoa conferindo valores de uma planilha em uma 
calculadora.
Não se resolvendo a desapropriação no terreno de maneira amigável, a solu-
ção litigiosa para o conflito será solucionada através do procedimento judicial 
de desapropriação agrária regulada pela Lei Complementar nº 76, de 6.7.93, 
posteriormente modificada pela Lei Complementar nº 88, de 23.12.96.
Ensina Cassettari (2015, online) que a oferta do depósito na ação de desapro-
priação agrária será́ o valor declarado pelo proprietário, com a base de cálculo 
declarada pelo ITR. Porém, se o valor venal do ITR não corresponder com o 
valor de mercado do imóvel, a jurisprudência brasileira entende que a indeni-
zação deve levar em consideração o valor real do imóvel, de modo que a de-
sapropriação por valor inferior ao declarado não autorizará a redução do im-
posto a ser pago, nem a restituição de quaisquer importâncias já́ recolhidas.
2.1.3 ITR
Mantendo a linha de cumprimento à função social da propriedade, trazida pela 
Constituição Federal, o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) tem 
por objetivo estimular a propriedade produtiva, através de institutos tributários 
como variação de alíquotas e imunidade para as pequenas propriedades.
Como vimos anteriormente, o art. 158 da Constituição Federal estabelece a 
divisão das receitas tributárias aferidas com o ITR, entre União e Municípios, 
na proporção 50/50.
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A administração do tributo é da Secretaria da Receita Federal, responsávelpor 
arrecadar, tributar e fiscalizar, além de impor penalidades, repetir indébito e 
compensar o imposto, havendo possibilidade de convenio com o Município 
para administrar o cadastro, arrecadar o tributo e cobrar as dívidas existentes, 
permitindo com que este fique com 100% (cem por cento) do valor arrecadado. 
FIGURA 4 – IMPOSTO E TRIBUTOS
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma ilustração de uma pessoa conferindo valores e uma 
calculadora.
O ITR é imposto de competência da União Federal.
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Há ainda possibilidade de convênio com o Instituto nacional de Colonização 
e Reforma Agraria (INCRA), delegando atividades de fiscalização das infor-
mações sobre os imóveis rurais, e para isso terão acesso ao imóvel, para le-
vantamento de dados e informações. Por sua vez, o INCRA poderá́ celebrar 
convênios de cooperação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos 
Recursos naturais Renováveis (IBAMA), Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e 
Secretarias Estaduais de Agricultura, para exercer essa delegação. 
Para o referido tributo, a Secretaria da Receita Federal pode celebrar convê-
nios com outros órgãos, tais como órgãos da administração tributária das uni-
dades federadas, Confederação nacional da Agricultura (CnA) e a Confedera-
ção nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG). 
Vamos conhecer os elementos do tributo?
Fato gerador
Posse, domínio útil ou propriedade de imóvel rural, na data de 1º de 
janeiro.
Base de cálculo
Valor da terra nua tributável (VTn). Deve-se retirar da base de cálculo as 
áreas não aproveitáveis do imóvel (reserva legal).
Alíquota
Depende da produtividade, variando até o máximo de 20%, sendo 
menor para terras menores e mais produtivas, e maior para 
propriedades maiores e menos produtivas.
Se o imóvel pertencer a mais de um município, o enquadramento leva em 
conta a sede do imóvel ou ainda onde se localize a maior parte do imóvel.
Como aponta Cassettari (2015, online), “o valor do imposto será́ apurado apli-
cando-se sobre o Valor da Terra nua tributável (VTnt) a alíquota correspon-
dente, considerados a área total do imóvel e o Grau de Utilização (GU)”. Acom-
panhe na tabela abaixo.
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
TABELA 1 – VALOR DA TERRA NUA TRIBUTÁVEL
Área total do 
imóvel (em 
hectares
Grau de utilização (em %)
maior 
que 80
maior que 
65 até 80
maior que 
50 até 65
maior que 
30 até 50 até 30
Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00
Maior que 50 
até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
Maior que 200 
até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 
até 1.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
Maior que 1.000 
até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00
Fonte: Elaborada pela autora. (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta tabela para cálculo do imposto rural, baseada na área total 
do imóvel e seu grau de utilização. 
Devemos destacar que a jurisprudência tem validado a progressividade deste 
imposto, baseada na produtividade em razão do princípio da função social da 
propriedade.
2.2 GRUPOS SOCIAIS AFETADOS
A Carta Magna traz como obrigação estatal a garantia ao exercício dos direitos 
culturais e acesso às fontes da cultura nacional, através de apoio e incentivos 
que permitam a valorização e a difusão das manifestações culturais. 
No artigo 216 dita-se que o Estado deve proteger manifestações de cultu-
ras populares de grupos participantes do processo civilizatório nacional, 
nelas inclusas indígenas e afro-brasileiras, por se tratar de patrimônio cul-
tural brasileiro. 
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FIGURA 5 – PROTEÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES DE CULTURAS POPULARES.
Fonte: Pixabay (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta mãos de diferentes etnias formando um quadrado.
O patrimônio cultural brasileiro corresponde à bens (materiais e imateriais, 
individuais ou em conjunto). Eles se correlacionam à identidade, à ação, à 
memória e referenciam diferentes grupos formadores da sociedade brasilei-
ra. Em razão disso, é dever do Poder Público, juntamente com a comunida-
de, promover e proteger tais bens, através de inúmeros institutos (como por 
exemplo inventários, registros, vigilância, tombamento) dos quais destaca-
mos a desapropriação, tema importante do Direito Agrário. 
2.2.1 ÍNDIOS
O artigo 216, o art. 231 da Constituição Federal reconhece aos índios: “organiza-
ção social, costumes, línguas, crenças e tradições, e principalmente direitos ori-
ginários sobre as terras que tradicionalmente ocupam” (BRASIL, 1988, online). 
Tudo que diz respeito a esse grupo social é competência da União Federal, 
sendo que as terras ocupadas pelos índios são bens inalienáveis da União. 
Este ente federativo também pode, em qualquer local do território nacio-
nal, estabelecer áreas, as quais destinará aos índios, através de posse e ocu-
pação, permitindo com que os mesmos ali vivam e obtenham seus meios 
de subsistência.
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
No que tange às terras tradicionalmente ocupadas e habitadas pelos índios, 
serão consideradas de caráter permanente aquelas que são usadas para 4 fi-
nalidades: desenvolvimento de atividades de produção, que sejam essenciais 
para preservar recursos naturais e ambientais, imprescindíveis para o bem-
-estar e reprodução física e cultural desse grupo social, sempre respeitando 
seus usos, costumes e tradições.
FIGURA 6 – ÍNDIOS
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta índios em uma aldeia.
Considera-se posse do índio ou silvícola a ocupação efetiva da terra, além da 
detenção, habitação ou exercício de atividade indispensável à sua subsistên-
cia ou ainda terra economicamente útil. Para isso eles têm que fazer usos, e 
desenvolverem seus costumes e tradições tribais nessas terras, no que tange 
as riquezas naturais e utilidades de uma terra, o usufruto dos índios ou silvíco-
las lhes dá direito à posse, uso e percepção desses elementos, além de permi-
tir a exploração econômica dos produtos e tais riquezas naturais e utilidades. 
Ainda no usufruto exclusivo das riquezas do solo, os índios também tem usu-
fruto das riquezas de rios e dos lagos das terras que habitam e podem fazer 
uso dos mananciais, das águas dos rios compreendidos nas terras ocupadas. 
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As principais características das terras indígenas é que elas são inalienáveis, e 
imprescritíveis os direitos sobre elas. Por isso, qualquer ato ou negócio jurídico 
(e também arrendamento) que restrinja o exercício da posse pela comunida-
de indígena ou pelos silvícolas são proibidos.
A retirada de grupos indígenas de suas terras também é proibida. Existem 
exceções, como ad referendum do Congresso nacional. Exemplos deles são 
as catástrofes, epidemias que podem colocar a população em risco (nesse 
caso, deve ser garantido, o retorno imediato logo que acabe o risco) ou ain-
da interesse da soberania do país. É necessário, entretanto, deliberação do 
Congresso Nacional. 
A Lei 6.001/73, conhecida como Estatuto do Índio é que regulamenta a si-
tuação jurídica dos índios ou silvícolas e das comunidades indígenas, para 
preservá-los e preservar sua cultura, em harmonia com a comunhão nacional. 
O art. 3º do Estatuto do Índio estabelece uma série de definições, que apre-
sentamos a seguir (BRASIL, 1973):
Como aponta a Constituição Federal, o 
aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos 
os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das 
riquezas minerais em terras indígenas só́ podem ser 
efetivados com autorizaçãodo Congresso Nacional, 
ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes 
assegurada participação nos resultados da lavra, na 
forma da lei (BRASIL, 1988).
Mas a ocupação, o domínio e a posse das terras, 
ou a exploração das riquezas naturais do solo, dos 
rios e dos lagos nelas existentes, que não sejam de 
relevante interesse público da União, são nulos e 
extintos, e por isso não produzem efeitos jurídicos.
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
Índio ou silvícola
Todo individuo de origem e ascendência pré-colombiana que se 
identifica e é identificado como pertencente a um grupo étnico cujas 
características culturais o distinguem da sociedade nacional;
Comunidade indígena ou grupo tribal
Conjunto de famílias ou comunidades índias, vivendo em estado 
de completo isolamento da comunhão nacional, em contatos 
intermitentes ou permanentes, sem integração (BRASIL, 1973, online).
Índios isolados
Vivem em grupos desconhecidos ou de que se possuem poucos e 
vagas informações, contatos eventuais com a comunhão nacional;
Em vias de integração
Em contato intermitente ou permanente com grupos estranhos, 
mas conservando parte das condições de sua vida nativa, e algumas 
práticas e modos de existência comuns da comunhão nacional, da 
qual vão necessitando cada vez mais para o próprio sustento (BRASIL, 
1973, online).
Integrados
Incorporados à comunhão nacional e reconhecidos no pleno exercício 
dos direitos civis, ainda que conservem usos, costumes e tradições 
característicos da sua cultura (BRASIL, 1973, online).
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Destaquemos agora seus principais pontos (BRASIL, 1973, online):
Cumpre à União, aos Estados e aos Municípios, bem como aos órgãos das 
respectivas administrações indiretas, nos limites de sua competência, para 
a proteção das comunidades indígenas e a preservação dos seus direitos:
Reputam-se terras indígenas:
I – As terras ocupadas ou habitadas pelos silvícolas;
II – As áreas reservadas (a União poderá́ estabelecer, em qualquer parte 
do território nacional, áreas destinadas à posse e ocupação pelos índios, 
onde possam viver e obter meios de subsistência);
III – as terras de domínio das comunidades indígenas ou de silvícolas.
Nas terras indígenas são vedadas quaisquer pessoas estranhas aos grupos 
tribais ou comunidades indígenas a prática da caça, pesca ou coleta de 
frutos, assim como atividade agropecuária ou extrativa.
As terras indígenas, por iniciativa e sob orientação do órgão federal de 
assistência ao índio, serão administrativamente demarcadas, de acordo 
com o processo estabelecido em decreto do Poder Executivo. 
A demarcação, homologada pelo Presidente da República, será́ registrada 
em livro próprio do Serviço do Patrimônio da União (SPU) e do registro 
imobiliário da comarca da situação das terras.
As terras espontânea e definitivamente abandonadas por comunidade 
indígena ou grupo tribal reverterão, por proposta do órgão federal de 
assistência ao índio e mediante ato declaratório do Poder Executivo, à posse 
e ao domínio pleno da União.
O reconhecimento do direito dos índios e grupos tribais à posse permanente 
das terras por eles habitadas independerá de sua demarcação, e será 
assegurado pelo órgão federal de assistência aos silvícolas, atendendo à 
situação atual e ao consenso histórico sobre a antiguidade da ocupação, 
sem prejuízo das medidas cabíveis que, na omissão ou erro do referido 
órgão, tomar qualquer dos Poderes da República.
As áreas reservadas não se confundem com as de posse imemorial das tribos 
indígenas, podendo organizar-se sob uma das seguintes modalidades:
a) reserva indígena – área destinada a servidor de habitat a grupo 
indígena, com os meios suficientes à sua subsistência;
b) parque indígena – área contida em terra na posse de índios, cujo grau 
de integração permita assistência econômica, educacional e sanitária dos 
órgãos da União, em que se preservem as reservas de flora e fauna e as 
belezas naturais da região.
Na administração dos parques serão respeitados a liberdade, usos, 
costumes e tradições dos índios. As medidas de polícia, necessárias à 
ordem interna e à preservação das riquezas existentes na área do parque, 
deverão ser tomadas por meios suasórios e de acordo com o interesse dos 
índios que nela habitem. O loteamento das terras dos parques indígenas 
obedecerá ao regime de propriedade, usos e costumes tribais, bem como 
às normas administrativas nacionais, que deverão ajustar-se aos interesses 
das comunidades indígenas.
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c) colônia agrícola indígena – área destinada à exploração agropecuária, 
administrada pelo órgão de assistência ao índio, onde convivam tribos 
aculturadas e membros da comunidade nacional.
Território federal indígena é a unidade administrativa subordinada à União, 
instituída em região na qual pelo me nos um terço da população seja 
formado por índios.
São de propriedade plena do índio ou da comunidade indígena, conforme 
o caso, as terras havidas por qualquer das formas de aquisição do domínio, 
nos termos da legislação civil.
O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por 10 (dez) anos 
consecutivos, trecho de terra inferior a 50 (cinquenta) hectares, adquirir-
lhe-á a propriedade plena. Tal regra não se aplica às terras do domínio da 
União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas, nem às terras de 
propriedade coletiva de grupo tribal.
O órgão federal de assistência ao índio poderá́ solicitar a colaboração das 
Forças Armadas e Auxiliares e da Polícia Federal, para assegurar a proteção 
das terras ocupadas pelos índios e pelas comunidades indígenas.
As terras indígenas não estão sujeitas à usucapião e sobre elas não poderá́ 
recair desapropriação, salvo nas hipóteses previstas em lei que autoriza a 
intervenção da União.
É assegurado o respeito ao patrimônio cultural das comunidades indígenas, 
seus valores artísticos e meios de expressão.
Os bens e rendas do Patrimônio Indígena gozam de plena isenção tributária.
São extensivos aos interesses do Patrimônio Indígena os privilégios da 
Fazenda Pública, quanto à impenhorabilidade de bens, rendas e serviços, 
ações especiais, prazos processuais, juros e custas.
Ficam declaradas a nulidade e a extinção dos efeitos jurídicos dos atos de 
qualquer natureza que tenham por objeto o domínio, a posse ou a ocupação 
das terras habitadas pelos índios ou comunidades indígenas. Essa regra será́ 
aplicável às terras que tenham sido desocupadas pelos índios ou comunidades 
indígenas em virtude de ato ilegítimo de autoridade e particular.
Ninguém terá́ direito a ação ou indenização contra a União, o órgão de 
assistência ao índio ou os silvícolas em virtude da nulidade e extinção, ou de 
suas consequências econômicas.
Em caráter excepcional e a juízo exclusivo do dirigente do órgão de 
assistência ao índio, será́ permitida a continuação, por prazo razoável dos 
efeitos dos contratos de arrendamento em vigor na data do Estatuto do 
Índio, desde que a sua extinção acarrete graves consequências sociais.
Os índios, suas comunidades e organizações são pessoas com legitimidade 
processual para defensa de seus direitos e interesses, mas ainda assim há in-
tervenção do Ministério Público em todos os atos do processo. A tutela é da 
União, através do órgão federal de assistência aos silvícolas, a FUNAI, respon-
sável pela defesa judicial ou extrajudicial. Isso demonstra que deve a União 
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adotar medidas administrativas (mas pode também agir através do Ministé-
rio Público Federal, sendoque nesse caso a União será litisconsorte) e judiciais 
para proteger a posse das terras desse grupo social. 
2.2.2 QUILOMBOLAS
Prosseguindo com a análise das disposições constitucionais que tratam da 
propriedade, o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, em seu art. 
68, dispõe acerca da ocupação de terras por membros remanescentes de co-
munidades quilombolas. Estas comunidades terão sua propriedade definiti-
va reconhecida, com a emissão, pelo Estado, dos devidos títulos. 
As comunidades quilombolas são comunidades que se estabelecem em 
zona urbanas ou rurais, de população predominantemente negra. Trata-se 
de uma autodefinição, a partir de relações de parentesco, ancestralidade, re-
lações com a terra, território, tradições e práticas culturais, com a característi-
ca de ancestralidade negra relacionada com a resistência à opressão sofrida 
historicamente. 
As terras ocupadas por remanescentes das comunidades quilombolas têm 
grande importância cultural, e são utilizadas para a garantia de sua repro-
dução física, social, econômica e cultural. Vários são os critérios levados em 
consideração para a realização de medição e demarcação das terras quilom-
bolas, que são indicados pelos próprios membros remanescentes dos grupos 
sociais quilombolas. É facultada a apresentação das peças técnicas para a ins-
trução procedimental pela comunidade interessada.
Identificar, reconhecer, demarcar e titular terras ocupadas por remanescen-
tes das comunidades quilombolas é um procedimento delimitado pelo De-
creto nº 4.887/03. Inicialmente a competência para a delimitação e titulação 
das terras dos remanescentes das comunidades quilombolas, bem como a 
determinação de suas demarcações e titulações era do Ministério da Cultura, 
mas a partir do Decreto nº 4.883/03, foi transferida para o Ministério do Desen-
volvimento Agrário, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma 
Agrária – INCRA, com o objetivo de garantir a preservação da identidade cul-
tural dos remanescentes das comunidades quilombolas.
A regularização fundiária para os grupos quilombolas, também pode ser fei-
ta pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da 
Presidência da República, que auxilia e acompanha o Ministério do Desenvol-
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vimento Agrário e o INCRA, para garantir os direitos étnicos e territoriais dos 
remanescentes das comunidades quilombolas.
Esta competência do Ministério do Desenvolvimento Agrário e do INCRA é 
exercida sem prejuízo da competência concorrente dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios.
A comunidade autodefinida como remanescente de quilombo deve apresen-
tar ao INCRA a Certidão de Registro no Cadastro Geral de Remanescentes de 
Comunidades de Quilombos, emitida pela Fundação Cultural Palmares para 
que este inicie o trabalho de reconhecimento. A Fundação Cultural Palmares 
instruirá o processo para fins de registro ou tombamento, e zelará pelo acau-
telamento e preservação do patrimônio cultural brasileiro.
Após a apresentação da certidão, na primeira etapa do trabalho o INCRA rea-
lizará um estudo da área para a elaboração do Relatório Técnico de Identifica-
ção e Delimitação (RTID) do território. 
Na segunda etapa, o INCRA receberá, analisará e julgará eventuais contesta-
ções apresentadas. 
Após a aprovação definitiva do relatório, o INCRA publica uma portaria que 
reconhece e declara os limites do território quilombola. Porém, o processo 
administrativo ainda não foi finalizado.
Na próxima fase, ocorrerá a regularização fundiária, que consiste na retirada 
de ocupantes não quilombolas da área, por meio de desapropriação e/ou pa-
gamento de indenização e demarcação do território. O processo finalmente 
se encerra com a concessão do título de propriedade à comunidade quilom-
bola. Este título é coletivo e pro indiviso (espécie de composse, em que os pos-
suidores exercem a posse sobre a totalidade do bem de maneira simultânea 
e indistinta), ou seja, será concedido em nome da associação de moradores 
da área e registrado no cartório de imóveis sem qualquer obrigação pecuniá-
É importante destacar que é a própria comunidade 
ou grupo que se autodefine como “remanescente 
de quilombo”. 
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ria para a comunidade beneficiada, porém, no referido documento constará 
obrigatoriamente cláusula de inalienabilidade, imprescritibilidade e de impe-
nhorabilidade, e o título deverá ser devidamente registrado no Serviço Regis-
tral da Comarca onde as áreas se localizam.
A participação das comunidades remanescentes dos quilombos é assegura-
da em todas as fases do procedimento administrativo, diretamente ou por 
meio de representantes indicados por eles, para garantir a transparência de 
todo o processo. 
O tombamento de todos os documentos e sítios detentores de reminiscên-
cias históricas dos antigos quilombos é outro modo de preservação destes 
grupos sociais.
O INCRA, após concluir os trabalhos de campo de identificação, delimitação 
e o levantamento ocupacional e cartorial, publicará edital por duas vezes 
consecutivas no Diário Oficial da União e no Diário Oficial da unidade federa- 
de onde se localiza a área sob estudo, contendo as seguintes informações:
I– Denominação do imóvel ocupado pelos remanescentes das comunidades 
dos quilombos;
II –Circunscrição judiciária ou administrativa em que está situado o imóvel;
III – limites, confrontações e dimensão constantes do memorial descritivo 
das terras a serem tituladas IV –títulos, registros e matrículas eventualmente 
incidentes sobre as terras consideradas suscetíveis de reconhecimento e 
demarcação.
A publicação do edital será́ afixada na sede da prefeitura municipal onde 
está́ situado o imóvel, e o INCRA notificará os ocupantes e os confinantes 
da área delimitada.
Após os trabalhos de identificação e delimitação, o In- CRA remeterá o 
relatório técnico aos órgãos e entidades a seguir relacionados, para, no prazo 
comum de 30 (trinta) dias, opinar sobre as matérias de suas respectivas 
competências:
I–Instituto do Patrimônio Histórico e nacional – IPHAN;II – Instituto 
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos naturais renováveis – IBAMA; 
III – Secretaria do Patrimônio da União, do Ministério do Planejamento, 
Orçamento e Gestão; IV - Fundação nacional do Índio – FUNAI; V– Secretaria 
Executiva do Conselho de Defesa nacional; VI - Fundação Cultural Palmares.
Todos os interessados terão o prazo de 90 (noventa) dias, após à publicação 
e notificações, posteriores à conclusão dos trabalhos de campo de 
identificação, delimitação e levantamento ocupacional e cartorial, para 
oferecer contestações ao relatório, juntando as provas pertinentes.
não havendo impugnações ou sendo elas rejeitadas, o INCRA concluirá́ 
o trabalho de titulação da terra ocupada pelos remanescentes das 
comunidades dos quilombos.
Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos 
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quilombos incidirem em terrenos de marinha, marginais de rios, ilhas e 
lagos, o INCRA e a Secretaria do Patrimônio da União tomarão as medidas 
cabíveis para a expedição do título.
Quando as terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos 
quilombos estiverem sobrepostas às unidades de conservação constituídas, 
às áreas de Segurança nacional, à faixa de fronteira e às terras indígenas, o 
INCRA, o IBAMA, a Secretaria-Executiva do Conselho de Defesa nacional, a 
FUNAI e a Fundação Cultural Palmares tomarão as medidas cabíveis visando 
garantir a sustentabilidade destas comunidades, conciliando o interesse do 
Estado.
Em sendo constatado que as terras ocupadas por remanescentes das 
comunidadesdos quilombos incidem sobre terras de propriedade dos 
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, o INCRA encaminhará os 
autos para os entes responsáveis pela titulação.
Incidindo nos territórios ocupados por remanescentes das comunidades 
dos quilombos título de domínio particular não invalidado por nulidade, 
prescrição ou comisso, e nem tornado ineficaz por outros fundamentos, 
serárealizada vistoria e avaliação do imóvel, objetivando a adoção dos 
atos necessários à sua desapropriação, quando couber. O INCRAestará́ 
autorizado a ingressar no imóvel de propriedade particular, operando as 
publicações editalícias.
O INCRA regulamentará as hipóteses suscetíveis de desapropriação, com 
obrigatória disposição de prévio estudo sobre a autenticidade e legitimidade 
do título de propriedade, mediante levantamento da cadeia dominial do 
imóvel até́ a sua origem.
Verificada a presença de ocupantes nas terras dos remanescentes 
das comunidades dos quilombos, o INCRA acionará os dispositivos 
administrativos e legais para o reassentamento das famílias de agricultores 
pertencentes à clientela da reforma agrária ou a indenização das benfeitorias 
de boa-fé́, quando couber.
A Fundação Cultural Palmares é responsável pela assistência jurídica no pro-
cesso de titulação e reconhecimento de domínio de terras aos remanescen-
tes das comunidades quilombolas, especialmente na proteção contra esbu-
lhos e turbações de terceiros. 
Para realizar a demarcação da terra área ocupada por comunidade quilom-
bola, foi expedida a Portaria nº 1.101/2003, pelo INCRA. Trata-se de norma Téc-
nica para Georreferenciamento de imóveis rurais, em atendimento à Lei no 
10.267/2001.
Por fim, devemos ressaltar que o título e o registro cadastral das áreas de 
remanescentes das comunidades de quilombos, que são feitos pela Supe-
rintendência Regional do INCRA não possuem custo de nenhuma espécie a 
esse grupo social. 
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2.2.3 TRABALHO RURAL
O trabalho rural está intimamente relacionado à própria história da forma-
ção territorial brasileira, desde a concessão de faixas de terras por cartas de 
sesmarias. Apesar da mancha da mão de obra escrava inerente ao trabalho 
rural, concepções mais humanistas, voltadas à valorização do trabalhador, são 
marcos das evoluções legislativas nacionais. 
FIGURA 7 – TRABALHO RURAL
Fonte: Freepik (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta um trabalhador rural, cuidando da terra.
A CLT, editada em 1943 beneficiou somente os trabalhadores urbanos, dei-
xando ao lado os trabalhadores rurais. A conferência de garantias e direitos, 
como o salário-mínimo, férias anuais remuneradas, aviso prévio e outros ocor-
reram em razão de pressões sociais, culminando com a Constituição de 1946, 
que, por seu art. 157, XII, previu a estabilidade no emprego e a indenização por 
rescisão contratual, para o empregado rural e também com a promulgação 
do Estatuto do Trabalhador Rural em 1963 (Lei nº 4.214, de 2.3.63), documento 
revogado pela Lei nº 5.889/1973 (regulamentada pelo Decreto a. 73.626/1974). 
Referido documento legal define corretamente as figuras do empregado e 
do empregador, especifica as peculiaridades do trabalho rural e culmina com 
a aplicação da Consolidação das Leis do Trabalho ao empregado rural.
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
A definição de “empregado rural” agora é esta: “Art. 2º Empregado rural é 
toda pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços 
de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência deste e me-
diante salário” (BRASIL, 1973, online).
Não obstante esses avanços, os trabalhadores ainda amargaram grandes in-
justiças nas suas relações com a classe patronal, em razão principalmente da 
expressiva hipossuficiente perante o empregador. 
CONCLUSÃO
Esta unidade objetivou-se a tratar de institutos correlatos à evolução da pro-
priedade rural e indivíduos correlatos a ela. 
Após a verificação da evolução constitucional da propriedade rural, atrelada 
à função social, foi possível abordar de maneira resumida os títulos da dívida 
agraria, instituto responsável pela indenização de terras. 
Foram relatadas legislações especializadas referentes aos diversos grupos so-
ciais relacionados à terra e ao ruralismo, tais como trabalhadores rurais, indí-
genas e quilombolas, ganhando perspectiva sobre a necessidade de proteção 
e gestão que respeitem suas individualidades. 
A conquista mais expressiva foi a inclusão do 
trabalhador rural no artigo 7º da Constituição 
Federal de 1988, garantindo-lhe direitos sociais 
e gerando a tão necessária isonomia para este 
grupo social. 
UNIDADE 3
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
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DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
> Verificar de modo 
descritivo as normas 
do Estatuto da Terra, 
seus princípios e a 
Política Agrícola de 
Desenvolvimento
> Analisar a Política de 
Reforma Agrária, seus 
objetivos e fundamentos
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
DIREITO AGRÁRIO E AMBIENTAL
3 ESTATUTO DA TERRA
INTRODUÇÃO DA UNIDADE
A propriedade é uma constante na vida do homem. Vincula-se à família, tem 
fundamentos culturais, sociais, econômicos e políticos. 
A Constituição Federal em diversos momentos dá destaque a esse instituto 
milenar, determinando a necessidade da sua tratativa legal. Assim, não é à toa 
a existência de um documento instituído para tratar das terras rurais brasilei-
ras. Nesta unidade iremos estudar a Lei 4.504 de 30 de novembro de 1964, o 
Estatuto da Terra. 
FIGURA 1 – ESTATUTO DA TERRA
Fonte: Plataforma Deduca (2022).
#PraCegoVer: A figura apresenta uma criança e um homem plantando uma pequena 
árvore.
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3.1 NORMAS DO ESTATUTO DA TERRA
O estatuto da terra foi devidamente recepcionado pela Constituição Federal 
de 1988. Contendo 128 artigos, divididos em 4 capítulos, é responsável por re-
gular os direitos e obrigações dos bens imóveis rurais, com enfoque na Refor-
ma Agrária e na Política Agrícola, e por isso trata de questões inerentes à terra, 
como distribuição, tributação, zoneamento, economia rural, dentre outros. 
Antes de adentramos ao estudo dos institutos trazidos pelo Estatuto da Terra, 
vamos compreender seu escorço histórico? Vejamos a lição trazida por Bar-
bosa ([s.d,.], p. 3 - 4).
• A Emenda Constitucional Nº 10, de 9/11/64 é norma agrária de imensa 
importância para o País, pois ao modificar a CF de 46, no seu art. 50, criando 
a competência da União para legislar sobre Direito Agrário, institucionalizou 
o Direito Agrário no Brasil, garantindo a sua autonomia legislativa. 
• A EC 10/64 introduziu a possibilidade de promover a desapropriação de 
propriedade territorial rural. 
• Em 1964, o Brasil começava o regime ditatorial. O caos agrário, que nunca 
havia sido visto como problema de possível retrocesso socioeconômico 
passou a ser analisado por intermédio do Estatuto da Terra, Lei n. 4.504 de 
1964. Pode-se dizer que o princípio da questão agrária brasileira cristalizou 
neste momento. * Caracterizado pelo conflito de demarcações, registros 
incoerentes alicerçados pelo Estatuto e a convivência das sesmarias com 
posseiros, não havendo caracterização da posse sendo considerada ilegal, 
A dissonância entre a prática agrária brasileira e as leis fortificou o quadro, 
que ainda avança. 
• Notória no texto normativo é a intenção de desenvolvimento e proteção 
econômica ao regime da agricultura, exteriorizando o pensamento político 
da época. 
• A partir desse movimento, e com o golpe

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