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2017 - IBDFAM - alienação parental

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MATÉRIA
Como identificá-la? Ela pode ser uma 
síndrome? Qual o perfil do alienador? 
A guarda compartilhada é um 
antídoto? Especialistas respondem
pág. 9
ARTIGOS
Alienação parental em dois tempos: 
dirigida ao idoso e sua constituição de 
ilicitude civil como abuso de direito do 
poder parental
pág. 14
O papel do perito psicólogo nas varas 
de família, segundo Sidney Kiyoshi 
Shine, psicólogo judiciário do Tribunal 
de Justiça de São Paulo
pág. 5
ENTREVISTA
EDIÇÃO 32
Abril / Maio 2017
Fechamento autorizado
Pode ser aberto pela ECT
Foto: Pixabay
Com o objetivo de permitir o domínio das técnicas recursais pelo advogado,
em consonância com o Código de Processo Civil, “A prática dos recursos em 
família e sucessões e o CPC 2015” é dividido em quatro aulas:
1) Teoria geral dos recursos;
2) Os precedentes e sua vinculação com os recursos extraordinários;
3) Recursos e procedimentos nos tribunais;
4) Recursos ordinários.
Coordenador: Desembargador Newton Teixeira Carvalho
Professores: Newton Teixeira Carvalho, Alexandre Gustavo Melo Franco de 
Moraes Bahia, Dierle Nunes e Luiz Fernando Valladão Nogueira.
JÁ ESTÁ DISPONÍVEL O MAIS NOVO CURSO ON-LINE PRODUZIDO PELO 
INSTITUTO BRASILEIRO DE DIREITO DE FAMÍLIA (IBDFAM)!
Acesse: www.ibdfameducacional.com.br
e comece a assistir às aulas agora mesmo!
3
 
EXPEDIENTE
Os restos de amor podem ser perversos. Para além 
de um rompimento, muitas vezes sobram mágoa, 
rancor, ódio, desejo de vingança. Somado a estes, um 
sentimento de rejeição é capaz de fazer estragos que 
extrapolam os ataques entre o ex-casal para atingir em 
cheio os filhos que gerou. Em meio a um mar revolto, 
consciente – ou até sem perceber –, um dos genitores 
despeja sua ira, tendo o outro como alvo, mas usando 
e abusando da saúde psíquica e emocional de criança 
e/ou adolescente. É a prática da alienação parental. 
O intuito? Acabar com o vínculo afetivo que os une, 
afastando do convívio familiar aquele que o rejeitou. É 
uma das terríveis faces da maldade humana.
A Lei nº 12.318/10, a qual dispõe sobre a alienação 
parental, além de enumerar as formas exemplificativas 
de sua prática, também ressalta, em seu artigo 3º: 
“A prática de ato de alienação parental fere direito 
fundamental da criança ou do adolescente de 
convivência familiar saudável, prejudica a realização de 
afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, 
constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente 
e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade 
parental ou decorrentes de tutela ou guarda”.
E pode deixar terríveis sequelas psicológicas, 
evoluindo, em seu grau mais elevado, para a Síndrome 
da Alienação Parental – SAP. A prática da alienação 
parental, que remete a Medeia, mito grego que matou 
os próprios filhos para se vingar do marido que a 
abandonou, é tema desta edição da Revista IBDFAM, 
que ouviu especialistas sobre vários aspectos. Ela pode 
ocorrer, inclusive, na forma inversa, dirigida aos idosos. 
Ou até mesmo durante o casamento ou a união estável. 
Infelizmente, como se vê, um mal que atinge a muitas 
famílias, trazendo violência, dor, trauma. Um mal a ser 
combatido.
Boa leitura!
EDITORIAL
SOB O SIGNO DA MALDADE
DIRETORIA EXECUTIVA
Presidente: Rodrigo da Cunha Pereira (MG); 
Vice-Presidente: Maria Berenice Dias (RS); 
Primeiro-Secretário: Rolf Madaleno (RS); 
Segundo-Secretário: Rodrigo Azevedo Toscano de Brito (PB); 
Primeiro-Tesoureiro: José Roberto Moreira Filho (MG); 
Segundo-Tesoureiro: Antônio Marcos Nohmi (MG); 
Diretor de Relações Internacionais: Paulo Malta Lins e Silva (RJ); 
Primeiro Vice-Diretor: Cássio Sabbagh Namur (SP), 
Segunda Vice-Diretora: Adriana Antunes Maciel Aranha Hapner (PR); 
Secretária de Relações Internacionais: Marianna de Almeida Chaves Pereira Lima (PB); 
Diretor do Conselho Consultivo: José Fernando Simão (SP); 
Diretora de Relações Interdisciplinares: Giselle Câmara Groeninga (SP).
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Diretor Norte: Zeno Veloso (PA); Diretor Nordeste: Paulo Luiz Netto Lôbo (AL); Diretora 
Centro-Oeste: Eliene Ferreira Bastos (DF); Diretora Sul: Ana Carla Harmatiuk Matos (PR); 
Diretora Sudeste: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP);
CONSELHO FISCAL
Presidente: Raduan Miguel Filho (RO); Primeira Vice: Angela Maria Sobreira Dantas 
Tavares (CE); Segundo Vice: Rodrigo Fernandes Pereira (SC);
COMISSÕES
Científica: Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka (SP); Vice-Presidente: João Batista 
de Oliveira Cândido (MG); Direito das Sucessões: Zeno Veloso (PA); Primeira Vice: Tatiana 
de Almeida Rego Saboya (RJ); Segundo Vice: Flávio Murilo Tartuce Silva (SP); Mediação: 
Suzana Borges Viegas de Lima (DF); Primeira Vice: Ana Gerbase (RJ); Infância e Juventude: 
Melissa Telles Barufi (RS); Vice: Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade Maciel (RJ); Idoso: 
Tânia da Silva Pereira (RJ); Jurisprudência: Viviane Girardi (SP); Arbitragem: Francisco 
José Cahali (SP); Assuntos Legislativos: Mário Luiz Delgado Regis (SP); Primeira Vice: 
Érika de Barros Lima Ferraz (PE); Segundo Vice: Ricardo Lucas Calderon (PR); Gênero e 
Violência Doméstica: Adélia Moreira Pessoa (SE); Vice: Ana Florinda Mendonça da Silva 
Dantas (AL); Notários e Registradores: Priscila de Castro Teixeira Pinto Lopes Agapito 
(SP); Vice: Karin Regina Rick Rosa (RS); Estudos Constitucionais da Família: Gustavo José 
Mendes Tepedino (RJ); Vice: Ana Luiza Maia Nevares (RJ); Ensino Juridico de Família: 
Waldyr Grisard Filho (PR); Primeira Vice-Presidente da Comissão de Ensino Jurídico de 
Família: Fabiola Albuquerque Lôbo (PE); Segundo Vice: Marcos Alves da Silva (PR); Relações 
Acadêmicas: Marcelo Luiz Francisco Bürger (PR); Primeiro Vice : Ulysses Lacerda Moraes 
(MT); Segundo Vice: Luiz Geraldo do Carmo (PR); Direito Homoafetivo: Patrícia Cristina 
Vasques de Souza Gorisch (SP); Vice: Vladimir Fernandes Mendonça Costa (DF); Adoção: 
Silvana do Monte Moreira (RJ); Advogados de Família: Marcelo Truzzi Otero (SP); Primeiro 
Vice: Aldo de Medeiros Lima Filho (RN); Segundo Vice: Daniel Blikstein (SP); Magistrados 
de Família: Jones Figueirêdo Alves (PE); Vice: Andréa Maciel Pachá (RJ); Promotores 
de Família: Cristiano Chaves de Farias (BA); Defensores Públicos da Família: Roberta 
Quaranta (CE); Vice-Presidente: Cláudia Tannuri (SP); Direito de Família e Arte: Ana 
Maria Gonçalves Louzada (DF); Vice: Fernanda Leão Barreto (BA); Direito Previdênciário: 
Melissa Folmann (PR); Comissão da Pessoa com Deficiência: Cláudia Grabois Dischon 
(RJ); Vice-Presidente: Nelson Rosenvald (MG).
DIRETORIAS ESTADUAIS
REGIÃO NORTE - Acre: Eronilço Maia Chaves; Amapá - Nicolau Eládio Bassalo Crispino; 
Amazonas – Gildo Alves de Carvalho Filho; Pará - Maria Celia Nena Sales Pinheiro; 
Rondônia - Raduan Miguel Filho; Roraima – Denise Abreu Cavalcanti; Tocantins – 
Alessandra Aparecida Muniz; REGIÃO NORDESTE - Alagoas - Ana Florinda Mendonça da 
Silva Dantas; Bahia – Alberto Raimundo Gomes dos Santos; Ceará – Anislay Romero da 
Frota Moares; Maranhão - Lourival de Jesus Serejo Sousa; Paraíba – Wladimir Alcibíades 
Marinho Falcão Cunha; Pernambuco – Maria Rita de Holanda Silva Oliveira; Piauí – 
Isabella Nogueira Paranaguá De Carvalho Drumond; Rio Grande Do Norte – Suetônio 
Luiz De Lira; Sergipe - Acácia Gardênia Santos Lelis; REGIÃO CENTRO-OESTE - Distrito 
Federal – Liliana Barbosa do Nascimento Marquez; Goiás – Maria Luiza Póvoa Cruz; Mato 
Grosso – Angela Regina Gama da Silveira Gutierres Gimenez; Mato Grosso do Sul – Bruno 
Terence Romero e Romero Gonçalves Dias; REGIÃO SUDESTE - Espírito Santo – Thiago 
Felipe Vargas Simões; Minas Gerais – José Roberto Moreira Filho; Rio De Janeiro – Luiz 
Cláudio de Lima Guimarães Coelho; São Paulo - João Ricardo Brandão Aguirre; REGIÃO 
SUL - Paraná - Fernanda Barbosa Pederneiras Moreno; Rio Grande Do Sul – Conrado 
Paulino da Rosa; Santa Catarina – Mara Rúbia Cattoni Poffo.
REVISTA IBDFAM
Uma publicação da Assessoria de Comunicação do Instituto Brasileiro de Direito de Família 
COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO: Simone Castro
REDAÇÃO: ArthurMöller, Eduardo Oliveira
DIAGRAMAÇÃO: Diogo Rodrigues
ASSESSORIA JURÍDICA: Ronner Botelho
TIRAGEM: 6.000 exemplares
PERIODICIDADE: bimestral
DISTRIBUIÇÃO: gratuita, aos associados do IBDFAM
OS ARTIGOS ASSINADOS, BEM COMO OPINIÕES EMITIDAS EM ENTREVISTAS, SÃO DE 
RESPONSABILIDADE DE SEUS AUTORES.
ATENDIMENTO AO ASSOCIADO: (31) 3324-9280 | PARA ANUNCIAR: (31) 3324-9280
4
Foto da Capa: Adobe Stock / Andrew Ostrovsky - stock.adobe.com
ESPAÇO DO LEITOR
“O direito se altera com a evolução da sociedade, a qual, atualmente, tem 
admitido a múltipla filiação em casos excepcionais”. Com essa argumentação, 
o juiz Rodrigo de Carvalho Assumpção, da Vara da Infância e da Juventude da 
Comarca de Paracatu (MG), sentenciou a favor da multiparentalidade, algo até 
então inédito em decisões no município. O magistrado deu provimento ao pedido 
de adoção da madrasta de uma menina, mantendo o nome da mãe biológica 
na certidão de nascimento da menor. A decisão, portanto, preserva o vínculo da 
criança com sua genitora, mantendo intacto também seu convívio com a mãe 
afetiva.
A decisão, que foi objeto de matéria no Boletim Informativo do IBDFAM
(http://www.ibdfam.org.br/noticias/6300/Munic%C3%Adpio+mineiro+registra+pri-
meiro+caso+de+multiparentalidade), em 31 de maio de 2017, repercutiu positiva-
mente entre os seguidores do IBDFAM no Facebook. Confira alguns comentários:
Alessandra Ferronatto (Rio Grande do Sul): Multiparentalidade.... filiação 
socioafetiva e filiação biológica coexistindo.... aplicação dos princípios da 
afetividade e da dignidade da pessoa humana no Poder Judiciário, preservando os 
vínculos familiares.
Myrla Sousa Lopes (Ceará): Decisão corajosa e sensível desse magistrado!!!
Camila Trabuco (Bahia): Direito de família e sua constante evolução.
Adriana Panattoni (São Paulo): Muito interessante essa decisão.
Kelyn Trento (Paraná): Mais uma decisão que nos enche de orgulho! Porque amor 
nunca é demais!
Foto: Pixabay
Este espaço é seu. Participe!
www.ibdfam.org.br
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5
QUAL O PAPEL DO PERITO 
PSICÓLOGO EM UMA VARA DE 
FAMÍLIA? E COMO SE DÁ A 
ELABORAÇÃO DE UM LAUDO 
PSICOLÓGICO? 
O papel do psicólogo ainda é 
pensado em termos de um auxiliar da 
justiça que participará fornecendo um 
subsídio de sua área de competência. 
É neste sentido que se associa a figura 
do perito ao seu produto: o laudo. O 
laudo psicológico é o resultante de 
um processo de avaliação psicológica. 
O laudo é o produto concreto de todo 
um processo complexo que envolve a 
utilização do conhecimento psicológico 
para fazer frente a uma demanda 
específica: o ponto controverso que se 
quer esclarecer.
COMO A INTERFACE ENTRE A 
PSICANÁLISE E O DISCURSO 
JURÍDICO PODE AUXILIAR O PERITO 
PSICÓLOGO ANTE A DEMANDA 
JUDICIAL? É DIFÍCIL ASSUMIR UMA 
POSTURA DE DISTANCIAMENTO 
DIANTE DE DETERMINADA 
ANÁLISE?
É necessário esclarecer que 
nem todo psicólogo é psicanalista. 
Somente aqueles que escolheram 
a Psicanálise enquanto teoria e 
técnica de referência. Do meu ponto 
de vista, entendo que a Psicanálise 
trabalha com o discurso tanto quanto 
o profissional do Direito. É neste ponto 
comum que vejo uma interface entre 
um e outro com objetivos distintos, é 
claro. O psicanalista está acostumado 
a receber uma demanda na forma de 
uma queixa, um sofrimento. É a partir 
desta demanda que se estrutura o 
atendimento. A diferença no âmbito 
institucional da vara de família é que 
o sujeito que apresenta a demanda 
(pesquisa de um ponto controverso) 
é o profissional do Direito e aqueles 
a quem o psicólogo escuta, acolhe 
e compreende são os membros da 
família (jurisdicionados). Não creio 
que o trabalho do psicólogo seja feito 
a partir de um distanciamento, seja 
da análise seja da demanda que lhe 
dirigida. Penso que tal pressuposto 
parte de uma ideia de viés positivista 
que acredita em uma separação entre 
o sujeito (do conhecimento) e o objeto 
(a ser conhecido). Ou seja, estamos 
falando de uma neutralidade do 
pesquisador/cientista. Em Psicologia 
e Psicanálise não é possível haver 
esta separação estanque. A questão é 
garantir o máximo de objetividade na 
análise de um problema em que existe 
um grau enorme de subjetividade 
envolvida.
O QUE É TRANSFERÊNCIA E 
CONTRATRANSFERÊNCIA NA 
ATUAÇÃO DO PSICANALISTA COMO 
PERITO PSICÓLOGO? E NO QUE TÊM 
RELEVÂNCIA PARA SOLUCIONAR 
AS DEMANDAS JUDICIAIS QUE 
ANALISAM, POR EXEMPLO, A 
ALIENAÇÃO PARENTAL?
É uma premissa em Psicanálise 
que as pessoas desenvolvem um 
padrão de interação ao longo de sua 
vida, marcadamente em função de 
suas relações iniciais com aqueles 
Psicólogo judiciário, concursado e lotado no Tribunal de Justiça de São Paulo, com atuação em casos de vara de família, Sidney Kiyoshi Shine, ao conceder esta entrevista à Revista IBDFAM, faz questão de deixar claro que baseou suas 
respostas em sua experiência e em seus estudos, bem como em trocas com profissionais psicólogos, assistentes sociais, 
juízes, promotores e advogados, ligados ou não ao TJSP. “Contudo, a minha posição não é e nem pode ser considerada a 
posição oficial do grupo e da instituição aos quais pertenço”, ressalta.
É sob o seu ponto de vista, que o professor Sidney Shine entende que a Psicanálise trabalha com o discurso [jurídico] tanto 
quanto o profissional do Direito. “É neste ponto comum que vejo uma interface entre um e outro com objetivos distintos, é cla-
ro”. Segundo ele, o perito psicólogo é co-responsável pela medida judicial. “É o seu laudo que buscará influenciar o operador 
do Direito a dar uma sentença cuja influência direta se dará sobre a vida das pessoas que avaliou, acolheu e buscou intervir”.
“
“ A QUESTÃO É GARANTIR O 
MÁXIMO DE OBJETIVIDADE 
NA ANÁLISE DE UM 
PROBLEMA EM QUE EXISTE 
UM GRAU ENORME DE 
SUBJETIVIDADE ENVOLVIDA
ENTREVISTA
O PERITO PSICÓLOGO NAS VARAS DE FAMÍLIA
6
que chamamos "objetos originários". 
Ou seja, somos o resultado daquilo 
que vivemos com as pessoas mais 
próximas. Por isto, espera-se que 
este padrão relacional seja "proposto" 
na relação com o profissional psi. 
"Proposto" porque não é algo que 
passe em nível consciente. Não é algo 
pensado, planejado. Transferência 
seria então o termo que se criou 
para esta tendência do outro atribuir 
(transferir) para o psicanalista 
aquilo que foi vivido com outro. A 
contratransferência seria o movimento 
contrário. Ou seja, diz respeito aquilo 
que se passa com o psicanalista que 
se liga às suas próprias vivências, mas 
que são eliciadas pela transferência de 
quem ele atende. Portanto, trata-se 
de uma via de mão dupla. Saber que 
isto se atualiza nas demandas judiciais 
é mais fácil do que saber o que fazer 
com elas. Por exemplo, uma mãe que 
dificulta o contato da criança com o pai 
pode, na hora de marcar o dia e horário 
para que o profissional se encontre 
com a criança, também oferecer 
resistência e dificultar o acesso. Seria 
mais do que esperado. O problema é 
como contornar isto, seja na avaliação, 
seja na demanda judicial.
OS OPERADORES DO DIREITO 
DEPARAM-SE, CONSTANTEMENTE, 
COM PROBLEMAS QUE 
TRANSCENDEM OS ELEMENTOS 
MERAMENTE JURÍDICOS. MUITAS 
VEZES, O CONFLITO NÃO É 
SOMENTE DESSA NATUREZA, 
EMBORA APARENTE SÊ-LO. 
É NECESSÁRIO PERCEBER 
O TEXTO E O CONTEXTO 
DO CONFLITO; A LINHA E A 
ENTRELINHA DO LITÍGIO. SE 
ATENTARMOS PARA A MENSAGEM 
INCONSCIENTE, QUE CHEGA 
PELO DISCURSO DAS DEMANDAS 
QUE GERAM CONFLITOS, 
PODE-SE DESENVOLVER 
MELHOR A ATUAÇÃO. NA SUA 
OPINIÃO, QUAL O LOCUS DO 
PERITO PSICÓLOGO E SUAS 
RELAÇÕES TRANSFERENCIAIS 
NA ARENA JURÍDICA E COMO 
PODEM CONTRIBUIR PARA UMA 
PRESTAÇÃO JURISDICIONAL MAIS 
EFICAZ E EFETIVA?
Com o devido respeito, eu diria que 
o conflito é constitutivo das relações 
humanas. O direito é que criou 
formas pelas quais o conflito pode ser 
judicializado e resolvido nesta arena. 
O problema na esfera familiar é que 
as pessoas precisarão continuar se 
encontrandoapós a sentença. E o 
conflito pode assumir novas formas 
e se prolongar ad infinitum. Fazendo 
uma analogia, o problema na vara 
de família é para o juiz aquilo que a 
histérica representou para os médicos 
antes de Freud: um problema insolúvel 
com os instrumentos que se tinham. 
Convocar profissionais que lidam com 
as questões do humano parece uma 
solução lógica. Cabe a nós, psicólogos 
e psicanalistas, mostrarmos que 
podemos fazer uma diferença. E, na 
verdade, ocupar o lugar de perito 
dentro da lógica adversarial do direito 
é estar em um lugar paradoxal. Porque 
a prestação jurisdicional mais eficaz e 
efetiva, do ponto de vista psicológico, 
seria habilitar a família a conseguir 
administrar seus conflitos sem precisar 
de um árbitro externo. Portanto, eficaz 
do ponto de vista psicológico não seria 
eliminar o conflito, mas eliminar a 
necessidade de um juiz. Ou melhor, 
internalizar a figura de uma autoridade 
que fosse justa e equânime.
O DIREITO JÁ NÃO PODE, COMO 
CIÊNCIA, DESCONSIDERAR A 
SUBJETIVIDADE QUE PERMEIA 
A SUA OBJETIVIDADE. DA 
MESMA FORMA, É PRECISO 
COMPREENDER QUE O SUJEITO DE 
DIREITO É TAMBÉM UM SUJEITO 
DESEJANTE, E ISTO ALTERA TODA 
A COMPREENSÃO DA DOGMÁTICA 
JURÍDICA. PENSANDO NISSO, 
MUITAS VEZES ESSE DESEJO PODE 
CONVERTER-SE EM INSTRUMENTO 
DE VINGANÇA, UMA VEZ QUE NÃO 
SENDO CORRESPONDIDO NO CASO 
DE DIVÓRCIO OU DISSOLUÇÃO DE 
UNIÃO ESTÁVEL, PASSANDO A SER 
UMA RELAÇÃO DE AMOR E ÓDIO 
MAL RESOLVIDA, APARECENDO 
NO DISCURSO OBJETIVO, 
CONSCIENTE, ATRAVÉS DAQUELAS 
MANIFESTAÇÕES JURÍDICAS. ISSO 
PODE CONTRIBUIR PARA A PRÁTICA 
DA ALIENAÇÃO PARENTAL? COMO 
PREVENIR ESSAS AÇÕES?
O sujeito do Direito é um sujeito 
racional. O sujeito desejante tem uma 
outra lógica. Muitas vezes se pensa 
o ódio como o contrário do amor. Em 
realidade o contrário do ódio seria 
a indiferença, tal qual o contrário 
do amor. No espectro das emoções 
teríamos o seguinte diagrama:
amor amizade rivalidade ódio
Isto me traz a recordação de 
um trabalho apresentado no "II 
Seminário: a família, a lei, os valores 
e as mudanças sociais", realizado em 
Vitória (ES), em novembro de 1997. 
Na ocasião, citei uma passagem de 
Rubem Alves (1997)1 em que o diabo 
explicava ao interlocutor/narrador 
que discordava de Deus naquilo que 
tornaria o casamento mais sólido. Para 
o diabo não seria o amor, segundo ele, 
outra cola deveria unir os cônjuges no 
casamento:
Ele sorriu, confiante, e respondeu:
- O ódio. Enganam-se aqueles que 
dizem que o ódio separa. A verdade é 
que o ódio junta as pessoas. Como disse 
um jagunço do Guimarães Rosa, "quem 
odeia o outro, leva o outro para a cama". 
Diferente do fogo da vela, o fogo do ódio é 
¹ ALVES, R. Retorno e terno... Campinas: Papirus, 
1997. 
7
ENTREVISTA
como um vulcão. Não se apaga nunca. Por 
fora pode parecer adormecido. No fundo, 
as chamas crepitam. A diferença entre os 
dois? O amor; por causa da liberdade, abre 
a mão e deixa o outro ir. No amor existe 
a permanente possibilidade de separação. 
Mas o ódio segura. Não tenha dúvidas. Os 
casamentos mais sólidos são baseados no 
ódio. E sabe por que o ódio não deixa ir? 
Porque ele não suporta a fantasia do outro 
voando livre, feliz. O ódio constrói gaiolas, 
e ali dentro ficam os dois, moendo-se 
mutuamente numa máquina de moer 
carne que gira sem parar, cada um se 
nutrindo da infelicidade que pode causar 
ao outro. As pessoas ficam juntas para 
se torturarem. Não menospreze o poder 
do sadismo. Ah! A suprema felicidade de 
fazer o outro infeliz! (Alves, 1997, pp. 31-34).
QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE 
O ARTIGO 699 DO CÓDIGO DE 
PROCESSO CIVIL DE 2015 QUE 
PREVÊ: “QUANDO O PROCESSO 
ENVOLVER DISCUSSÃO SOBRE 
FATO RELACIONADO A ABUSO 
OU A ALIENAÇÃO PARENTAL, O 
JUIZ, AO TOMAR O DEPOIMENTO 
DO INCAPAZ, DEVERÁ 
ESTAR ACOMPANHADO POR 
ESPECIALISTA.” O SENHOR VÊ UMA 
INOVAÇÃO NESSA DETERMINAÇÃO? 
COMO O ESPECIALISTA ATUA 
NESSES CASOS?
Aqui me parece que o legislador 
pretendeu dar um maior respaldo ao 
trabalho do julgador. Infelizmente, 
partindo de premissas teóricas e com 
pouco lastro na realidade brasileira. A lei 
diz que o juiz deve estar acompanhado 
por um especialista na tomada de 
depoimento de incapaz em matéria 
relacionada a abuso e alienação 
parental. Ora, quem é “especialista em 
tomada de depoimento”? Depoimento 
não é uma prática do psicólogo. Ele não 
é formado para atuar em processos 
jurídicos. O psicólogo é um profissional 
de saúde essencialmente. Seu 
conhecimento enquanto especialista 
está ligado ao desenvolvimento humano 
em suas mais amplas manifestações. 
O psicanalista que se especializa no 
atendimento de crianças se volta às 
dificuldades do infante em simbolizar 
sua experiência por meio dos recursos 
expressivos em construção (a palavra 
como forma de comunicação mais 
importante). O objetivo do psicanalista 
no atendimento infantil não é dar voz 
à criança como forma de produzir 
uma prova que servirá ao operador 
do direito. Este objetivo é o do 
psicólogo especialista em Psicologia 
Jurídica atuando como um perito nos 
casos em que ele é chamado. Seu 
conhecimento de psicologia pode ser 
utilizado como forma de adequar as 
demandas legais ao compromisso 
ético com as pessoas a quem avalia, 
escuta e sobre quem intervém. Mas 
quantos especialistas em Psicologia 
Jurídica existem? Muito poucos, pois 
o título é concedido para aqueles que 
prestam um concurso realizado pelo 
Conselho Federal de Psicologia e não 
é obrigatório. Mesmo se contarmos o 
número de psicólogos concursados nos 
diversos tribunais de justiça no País, 
não teríamos um número relevante 
de profissionais. Portanto, existe uma 
disparidade entre o ideal e o real que 
dificultará sobremaneira a consecução 
desta parceria. Sem entrarmos nas 
complexas questões técnicas de como 
um procedimento psicológico (escuta) 
seria componente de um procedimento 
judicial (inquirição).
COMO SE IDENTIFICA A 
OCORRÊNCIA DA PRÁTICA DA 
ALIENAÇÃO PARENTAL?
A lei da alienação nº 12.318 é clara 
em relação à identificação da prática 
da alienação parental, em seu artigo 
2º, parágrafo único, incisos de I a VII. 
Parece-me que para identificar os 
comportamentos enquadráveis nas 
categorias não seria necessário ser 
psicólogo ou psicanalista. Mesmo 
porque em Psicanálise não lidamos 
com os atos, propriamente ditos, mas 
com as representações, fantasias e 
discursos. Portanto, a não ser que o 
ato alienador aconteça na presença 
do profissional, o psicanalista nada 
pode afirmar sobre isto. Mas volto a 
reafirmar: o mais difícil é o que se 
segue após a constatação da alienação. 
Como seria o manejo de tal situação.
COMO É SABIDO, A ALIENAÇÃO 
PARENTAL PODE OU NÃO 
CONVERTER-SE EM UMA 
SÍNDROME, A CHAMADA SÍNDROME 
DE ALIENAÇÃO PARENTAL – 
SAP. MUITAS VEZES, OCORRE 
A CONFUSÃO, EM PROCESSOS 
JUDICIAIS, DE LEVAR O CASO 
CONCRETO PARA A EXTREMIDADE 
DA SÍNDROME. EM QUAIS 
CIRCUNSTÂNCIAS O PERITO 
PSICÓLOGO PODE IDENTIFICAR A 
REAL OCORRÊNCIA DA SAP? OU A 
SUA NÃO EXISTÊNCIA?
Há muita confusão conceitual em 
torno da questão da alienação parental, 
confundindo-se aquilo que a lei afirma 
com a síndrome, criada e defendida 
por profissionais que se alinham ao 
psiquiatra Richard Gardner. Em relação 
a esta temática conheço apenas um 
trabalho empírico no território nacional, 
realizado por um grupo de pesquisa de 
profissionais ligados ao Tribunal de 
Justiça de Brasília (BARBOSA, L.P.G.; 
CASTRO, B.C.R. Alienação parental. Um 
retrato dos processos e das famílias em 
situação de litígio. Brasília: Liber livro, 
2013). Os resultados desta
pesquisa desmistificam bastante a 
amplitude do que se divulga sobre este 
fenômeno.
Em todos os processos enviados 
para estudo psicossocial pelas sete 
varas de família de Brasília, no ano de 
2010, o grupo de pesquisa identificou 
50 processos que continham menção, 
nos autos, aos termos alienação 
8
ENTREVISTA
parental e/ou Síndrome de Alienação 
Parental (SAP). Isto correspondeu a 
27,7% do universo total (180 casos). 
A caracterizaçãodo ato de alienação 
parental, após perícia psicossocial, cai 
ainda mais, ficando em 0,5%. As autoras 
apresentam outras comparações:
• Considerando o número do 
Censo do IBGE de processos de 
separações judiciais e divórcio, no 
DF, em 2010, de casais com filhos, 
ter-se-ia uma incidência de 0,03%.
• Em amostra composta pelo 
número de processos de litígio 
parental remetidos para estudo 
psicossocial no SERAF2, em 2010, 
por todas as varas do TJDFT 
a incidência seria de 0,15%. 
(BARBOSA & CASTRO, 2013, p. 
218/219).
Em função da pesquisa realizada, 
as autoras defendem uma posição que 
não se funda em um “achismo”.
Explicita-se, assim, que a 
realidade encontrada em muito se 
distancia das notícias veiculadas 
na mídia e do teor sugerido em 
artigos e livros de áreas como 
Direito e Psicologia no Brasil, os 
quais se baseiam, essencialmente, 
nas mesmas notícias da mídia, 
em estatísticas mal interpretadas 
e em dados apresentados por 
algumas associações de pais 
separados. Não se pretende, 
com essa análise, desqualificar o 
sofrimento que criança e genitores 
vivenciam quando há a ruptura 
injustificada do vínculo entre eles, 
nem a existência dessa situação 
em algumas famílias. Tem-se o 
objetivo, apenas, de reconhecer 
que os fenômenos associados 
aos conceitos de SAP e alienação 
² Serviço de Assessoramento às Varas Cíveis e 
de Família.
parental são algo muito específico 
e raro, sendo que, quando 
identificados, devem ser tratados 
com ações também específicas a 
sua reversão, e não como um mal-
estar geral da sociedade moderna 
ao qual se dá sempre o mesmo 
tratamento. (idem ibidem, p. 219)
Embora o Tribunal de Justiça não seja 
uma instituição de pesquisa e produção 
de conhecimento científico, foi somente 
a união de profissionais que trabalham 
na instituição com a oportunidade 
de aliarem motivação acadêmica e 
incentivo interno que tornaram possível 
este projeto. Gostaria que o Tribunal 
de Justiça de São Paulo também 
incentivasse esta linha de frente do 
trabalho técnico. Infelizmente, não é a 
realidade atual em meu círculo restrito.
MUITOS CASAIS, EMBORA JÁ CER-
TOS QUANTO AO FIM DO CASA-
MENTO/UNIÃO ESTÁVEL, MAS EM 
LITÍGIO POR OUTRAS QUESTÕES 
DECORRENTES DESSA DECISÃO, 
RESISTEM EM SE SUBMETER À ME-
DIAÇÃO POR FANTASIAREM QUE 
ELA OBJETIVA, EXCLUSIVAMENTE, 
O RESTABELECIMENTO DO RELA-
CIONAMENTO, ALGO, POR VEZES, 
REFUTADO POR ELES. A MEDIAÇÃO 
PODERÁ AJUDAR A SOLUCIONAR 
ESSAS QUESTÕES TOMENTOSAS 
PARA QUE NÃO SE ESTENDA O LI-
TÍGIO?
Não conheço suficientemente o 
instrumento da Mediação para me 
autorizar a responder tal pergunta. 
Posso, no entanto, falar um pouco da 
fantasia dos casais de que tal instituto 
tenha como fim o restabelecimento 
do relacionamento. Ora, a Psicanálise 
considera a fantasia como uma 
produção psíquica de interesse para 
o trabalho. Em perícia psicológica, 
costumo agendar uma entrevista 
psicológica conjunta com os pais em 
litígio. E já percebi a existência de tal 
fantasia em alguns casais a justificar 
a resistência em concordarem com tal 
procedimento. O objetivo não poderia 
estar mais distante daquilo que almeja 
uma perícia. Mas o casal não se quer 
junto fisicamente por causa da dor que 
isto causa. É o sofrimento psíquico que 
se quer evitar quando se procura não 
se avistar com o outro. Por mais que 
cada um saiba, racionalmente, que 
por conta do filho em comum, estarão 
ligados um ao outro. E do sofrimento 
psíquico o psicanalista está preparado 
para lidar.
QUAL O GRAU DE 
RESPONSABILIDADE DO PERITO 
PSICÓLOGO, A PARTIR DO LAUDO 
QUE EMITE, EM UMA MEDIDA 
JUDICIAL?
O perito psicólogo é co-responsável 
pela medida judicial. É o seu laudo 
que buscará influenciar o operador 
do Direito a dar uma sentença cuja 
influência direta se dará sobre a vida 
das pessoas que avaliou, acolheu e 
buscou intervir.
Psicólogo, Mestre, Doutor e Pós Doutorando em 
Psicologia pelo Instituto de Psicologia da Univer-
sidade de São Paulo (USP); Ex-Clinical Associate 
na Clínica de Tavistock (Londres - Reino Unido); 
Portador do Título de Especialista em Psicologia 
Clínica e Jurídica pelo CRP-06; Psicólogo Judiciá-
rio do Tribunal de Justiça de São Paulo; Psicana-
lista e supervisor em consultório particular; Au-
tor de livros e artigos sobre atuação na interface 
entre Psicologia e Direito; Professor em cursos 
de Psicologia Jurídica.
* http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm
“
“A PSICANÁLISE CONSIDERA 
A FANTASIA COMO UMA 
PRODUÇÃO PSÍQUICA 
DE INTERESSE PARA O 
TRABALHO.
9
Há quase sete anos, foi sancionada a 
Lei nº 12.318 (26 de agosto de 2010), a 
qual dispõe sobre a alienação parental 
e altera o artigo 236 do Estatuto da 
Criança e do Adolescente – ECA (Lei 
n.º 8.069/90). Mas, na prática, o que 
é alienação parental? De acordo com 
a Lei, trata-se da “interferência na 
formação psicológica da criança ou do 
adolescente promovida ou induzida por 
um dos genitores, pelos avós ou pelos 
que tenham a criança ou adolescente 
sob a sua autoridade, guarda ou 
vigilância para que repudie genitor ou 
que cause prejuízo ao estabelecimento 
ou à manutenção de vínculos com 
este”. É importante saber, entretanto, 
que existe diferença entre ato e 
consequência. Práticas abusivas 
como as citadas na normativa, quando 
alcançam seu grau mais elevado, 
dão origem à Síndrome da Alienação 
Parental - SAP.
Seus efeitos podem deixar 
cicatrizes psicológicas permanentes, 
sendo recomendado tratamento 
para recuperação do trauma. “Caso 
[os traumas] não sejam tratados, 
dependendo do grau, o alcoolismo, 
a drogadição e até mesmo o suicídio 
podem ocorrer”, alerta Melissa Telles 
Barufi, presidente da Comissão da 
Infância e Juventude do Instituto 
Brasileiro de Direito de Família - 
IBDFAM. O assunto é tão grave, que no 
dia 29 de março deste ano, o Senado 
Federal aprovou Projeto de Lei (PLS 
19/2016) para modificar o Código 
de Processo Civil e priorizar - em 
qualquer juízo ou tribunal - processos 
desta natureza. “No objeto do presente 
PL, o legislador justifica a necessidade 
de alterar o CPC para que tais 
demandas tenham mais celeridade, 
por perceber o potencial - e irreparável 
- dano a que está sujeito o menor, em 
razão da lentidão processual. Inegável 
a importância do reconhecimento 
da matéria na lei ordinária”, declara 
Barufi.
Ela lembra, no entanto, que a 
priorização na tramitação processual 
já é conhecida e prevista na 
Constituição, residindo no princípio 
da igualdade material (art. 5º, CF) e 
na razoável duração do processo (art. 
5º, LXXVIII). “Somos sensíveis a todos 
os percalços para a garantia de um 
processo célere. Ainda assim, não 
podemos olvidar da nítida necessidade 
da evolução legislativa, dados os 
diversos direitos emergentes, oriundos 
do contingenciamento das relações 
humanas; contudo, a superveniência 
de uma norma, meramente válida e 
não eficaz, não merece o condão de 
resolução imediata, tampouco nos 
vislumbra um horizonte evolutivo”, 
protesta a presidente da Comissão. 
A advogada acredita que a solução 
não está na aprovação das leis. Para 
ela, “inicia-se com a seriedade em 
atacar o problema e, inevitavelmente, 
QUANDO O FILHO É O QUE MENOS IMPORTA
"Será que apenas para amargurar o pai vou desgraçá-los,
duplicando a minha dor?"
Medeia, de Eurípides
“
“A SUPERVENIÊNCIA DE UMA 
NORMA, MERAMENTE VÁLIDA 
E NÃO EFICAZ, NÃO MERECE 
O CONDÃO DE RESOLUÇÃO 
IMEDIATA
ALIENAÇÃO PARENTAL
DELACROIX, Eugene. Medea.
1838. Óleo sobre tela,
165 cm X 260 cm.
10
CAPA
aos recursos despendidos, análise de 
causas, construção legislativa - a partir 
de pressupostos para efetivação -, sob 
o viés da proteção do direito. É preciso 
medidas efetivas, e não paliativas”, 
indica.
Promotora de Justiça e coorde-
nadora do Programa de Efetivação 
dos Vínculos Familiares e Parentais 
(Proevi) do Ministério Público de Mi-
nas Gerais, Míriam Queiroz Lacerda 
Costa defende que toda questão que 
envolva a suspensão ou restrição da 
convivência familiar seja tratada com 
prioridade,“haja vista os efeitos ne-
gativos que ela pode gerar, bem como 
a irreversibilidade de alguns danos, 
como o enfraquecimento dos vínculos 
familiares”. Ela acredita, porém, que 
a criminalização de algumas ações no 
âmbito do Direito de Família - como a 
alienação parental, por exemplo - ten-
de a trazer mais prejuízos que bene-
fícios, principalmente à criança e ao 
adolescente que se pretende proteger, 
“pois é possível que um ou outro se 
sinta responsável pelo sofrimento e 
angústia do(a) genitor(a) acusado(a)”, 
alega.
De acordo com a promotora, a 
questão merece muito debate e 
reflexão. “A meu ver, a criminalização 
da alienação parental pode não ser 
um instrumento necessário para 
coibir sua ocorrência e pode contribuir 
para o acirramento de conflitos 
familiares. Creio que no ordenamento 
jurídico vigente, várias figuras penais 
já existentes podem ser utilizadas 
quando verificada a ocorrência de atos 
que a configuram como, por exemplo, a 
desobediência (art. 330 do Código Penal 
Brasileiro), a denunciação caluniosa 
(art. 339 do CPB), a comunicação falsa 
de crime ou de contravenção (art. 340 
do CPB) e o crime descrito no artigo 
236 do ECA (Impedir ou embaraçar a 
ação de autoridade judiciária, membro 
do Conselho Tutelar ou representante 
do Ministério Público no exercício de 
função prevista nesta Lei)”. Míriam 
Costa entende que as medidas descritas 
nas leis 12.318/2010 e 13.058/2014 (Lei 
da Guarda Compartilhada) constituem 
importante instrumento de coibição e 
combate à alienação parental. “Talvez 
o que falte seja sua maior utilização”, 
adverte.
Além das normas citadas pela 
promotora, há a Recomendação (nº 
32) do Conselho Nacional do Ministério 
Público - CNMP, de 5 de abril de 2016, 
a qual dispõe sobre a uniformização e 
atuação do MP brasileiro, por meio de 
políticas que fomentem o combate à 
Síndrome. Míriam explica que o texto 
recomenda a adoção de esforços para 
a divulgação da alienação parental, 
conscientiza sobre seus prejuízos, cita 
a importância e eficácia da guarda 
compartilhada e estimula a prática de 
ações coordenadas capazes de garantir 
o direito à convivência familiar. De 
acordo com ela, o Ministério Público do 
Estado de Minas Gerais se antecipou 
à referida Recomendação e criou, no 
âmbito da Coordenadoria Estadual 
de Defesa do Direito de Família, das 
Pessoas com Deficiência e dos Idosos 
(CFDI), o Proevi.
“O objetivo da criação é ‘garantir a 
observância do direito de crianças, 
ado lescentes e pessoas com 
deficiência, incapazes de exprimir 
sua vontade, à convivência familiar, 
possibilitando-lhes maior tempo 
de permanência e interação com 
seus gen i tores descont ínuos , 
irmãos, avós e outros familiares, 
de forma a preservar seus vínculos 
parentais e assegurar-lhes integral 
desenvolvimento’”, reitera. Por meio 
do Programa, o Ministério Público 
mineiro já garantiu espaço próprio de 
atendimento aos grupos familiares em 
situação de conflito e de convivência 
entre crianças e adolescentes e seus 
familiares, além de visitação assistida/
monitorada (brinquedoteca); realizou 
três ações educacionais, em que foram 
apresentados e discutidos - com o 
público interno e parceiros - temas 
referentes à convivência familiar, 
alienação parental, guarda, denúncias 
de falso abuso sexual e as relações 
parentais em situações de violência 
doméstica, entre outros.
Para Melissa Telles Barufi, a 
própria Lei da Alienação Parental (nº 
12.318/2010) já traz um rol de medidas 
protetivas. Ela entende que, quando 
presentes indícios do ato, providências 
descritas na norma podem inibir 
ou atenuar o problema, já em seus 
primeiros momentos. “Chamamos 
atenção para o inciso 1º do artigo 6º 
da referida lei, o qual prescreve que o 
alienador poderá ser advertido. Esta 
advertência, se realizada de forma 
expressiva na audiência de conciliação, 
poderá prevenir a ocorrência de atos 
mais graves, uma vez que o agente 
alienador poderá ficar ciente daquilo 
que está praticando, caso esteja de 
forma inconsciente. Possível que se 
conscientize também de que outras 
medidas poderão ser aplicadas, a 
exemplo da suspensão do poder 
familiar”. Barufi explica que a mediação 
familiar é outro elemento importante 
para proporcionar reflexão ao alienador. 
“Mas não podemos esquecer que, 
muitas vezes, o praticante do ato pode 
ter algum distúrbio de ordem psíquica, 
o que levará à necessidade de outras 
diligências, para que o processo de 
alienação seja combatido”, completa.
“
“ MAS NÃO PODEMOS 
ESQUECER QUE, MUITAS 
VEZES, O PRATICANTE DO ATO 
PODE TER ALGUM DISTÚRBIO 
DE ORDEM PSÍQUICA
11
Como dito pela advogada, a 
alienação parental pode ocorrer de 
forma inconsciente. “Um exemplo é 
quando o genitor sofre o fim do seu 
relacionamento amoroso de forma 
muito intensa na frente do filho”, 
exemplifica Barufi. Ela explica que, a 
partir daí, o filho acaba entendendo 
que deve rejeitar o outro alienador, 
para proteger o genitor que está 
sofrendo. “Aí pode estar se iniciando 
um processo que chamamos de 
‘conflito de lealdade’, o que pode ser 
nefasto para a criança ou o adolescente 
que se encontra em desenvolvimento 
e não possui discernimento completo 
ou necessário para entender que não 
é parte do conflito conjugal entre seus 
genitores”, acrescenta.
Psicóloga do Tribunal de Justiça 
do Rio de Janeiro, Glícia Barbosa de 
Mattos Brazil corrobora a ideia de 
que a alienação parental pode ser 
praticada de maneira inconsciente. 
“Isso pode ocorrer nas seguintes 
hipóteses: a) quando ele (alienador) a 
pratica de forma omissa; b) quando os 
valores entre os genitores são muito 
diferentes, e um deles insiste que seus 
próprios princípios são melhores que 
os do outro; c) quando se posiciona no 
conflito conjugal de forma vitimada, 
gerando na criança a crença de que 
o outro genitor é algoz e culpado; d) 
quando [o alienador] apresenta algum 
transtorno de ansiedade, passando-a 
para o filho e fazendo com que este 
acredite que o alienador quer dele uma 
resposta”, revela.
Glícia chama atenção para outro 
fato: a alienação pode ocorrer também 
durante o casamento ou união estável. 
De acordo com ela, isso se dá por 
conta da soma de dois fatores: lógica 
adversarial entre os genitores; e 
lavagem cerebral por parte de um 
genitor em face do outro, ou de ambos 
os genitores, mutuamente. “Casais 
abusivos, em que um retira a autoridade 
do outro e dá contraordens aos 
filhos, tendem a criar uma atmosfera 
favorável à instalação do processo de 
alienação parental. Há uma hostilidade 
que pode ser considerada natural 
quando a família está em conflito ou 
o casal está se separando, o que se 
denomina de ambiente familiar hostil, 
marcado por críticas mútuas, ofensas 
verbais na presença dos filhos e 
críticas extensivas aos familiares. Isso 
extrapola o bom senso e afeta a criança, 
fazendo com que ela deixe de respeitar 
um dos genitores, criando argumentos 
frívolos para evitar o contato [com o 
alvo da alienação] e reproduzindo a 
hostilidade sem justo motivo. Quando 
identificados estes sinais, a alienação 
parental já está instalada”, adverte.
A psicóloga ainda afirma que o 
ato apresenta diferentes graus, os 
quais variam entre leve, moderado 
e severo, a exemplo dos sintomas, 
que vão de 2 a 8. Glícia explica que a 
alienação parental é um fenômeno 
psicológico que se agrava com o 
passar do tempo, tornando-se cada 
vez mais difícil revertê-lo. “Daí a 
necessidade da intervenção célere do 
Poder Judiciário”, alerta. “No grau 
leve, segundo a doutrina médica, a 
advertência formal pelo Tribunal faz 
inibir a evolução do fenômeno. A Lei 
12.318/10 [da Alienação Parental] 
trouxe, no art. 6º, um rol exemplificativo 
de medidas protetivas, o qual adverte 
que estas sejam aplicadas de acordo 
com a gravidade da ação, indo da 
declaração do ato de alienação até a 
suspensão da autoridade parental”, 
conta. Glícia revela que a providência 
mais polêmica - e difícil de ser efetivada 
- é a inversão de guarda, “tendo em 
vista os riscos envolvidos.Apesar de 
estar sendo vítima de um abuso moral 
emocional, a criança/o adolescente 
mantém, com o alienador, vínculo 
psicológico de dependência, razão pela 
qual a inversão requer ponderação de 
interesses e análise casuística”.
A IDENTIFICAÇÃO DA ALIENAÇÃO 
PARENTAL
Atitudes que inviabilizam ou 
dificultam o efetivo exercício da 
autoridade parental e o direito à 
convivência familiar saudável, como 
as descritas na Constituição Federal 
de 1988 (art. 227), no Código Civil 
de 2002 (art. 1.634) e no Estatuto 
da Criança e do Adolescente - ECA 
(arts. 19 e 21), por serem mais 
explícitos, não demandam perícia 
para a identificação da ocorrência 
da alienação parental, podendo o 
magistrado, desde logo, iniciar a 
aplicação das medidas protetivas. A 
advogada Melissa Telles Barufi conta 
que, quando os atos de alienação 
são ocultos, se faz necessária perícia 
psicológica ou biopsicossocial. “É 
crucial salientar que o perito conheça 
o tema e busque seguir, no mínimo, o 
que é recomendado pelos parágrafos 
do art. 5º da Lei da Alienação 
Parental. Isso porque nem sempre 
é tarefa fácil identificar o alienador, 
que muitas vezes tem conduta 
aparente de cuidado com os filhos, e 
busca motivos na conjugalidade para 
legitimar sua conduta alienadora. É 
importante, também, o perito estar 
atento ao histórico do relacionamento 
do casal e aos motivos da separação - 
cronologia de incidentes. Dependendo 
do caso, será preciso entender o 
histórico familiar do agressor”, 
explica.
“
“ É IMPORTANTE, TAMBÉM, 
O PERITO ESTAR ATENTO 
AO HISTÓRICO DO 
RELACIONAMENTO DO 
CASAL E AOS MOTIVOS DA 
SEPARAÇÃO
12
Glícia Barbosa de Mattos Brazil, 
psicóloga do Tribunal de Justiça do Rio 
de Janeiro - que fará a palestra “Como 
é identificada a alienação parental 
no âmbito das perícias e laudos 
psicossociais?” no XI Congresso 
Brasileiro de Direito das Famílias e 
Sucessões, do Instituto Brasileiro de 
Direito de Família – IBDFAM, que será 
realizado de 25 a 27 de outubro, em Belo 
Horizonte - sustenta que as perícias 
são sinônimo de vistoria, exame e 
avaliação. “Servem para identificar o 
fenômeno da alienação, na medida em 
que mostram a dinâmica familiar e os 
vínculos de afeto da criança em face de 
ambos os genitores”, diz. 
Segundo ela, o método escolhido 
pelo psicólogo é regido pelo princípio 
da autonomia técnica, dada pelo 
Código de Ética do Psicólogo, sendo 
o profissional obrigado a informar no 
laudo qual o procedimento adotado, 
conforme a Resolução 007/2003 do 
Conselho Federal de Psicologia. 
“Geralmente, o meio adotado são 
entrevistas individuais com a criança, 
e, separadamente, com os pais, e 
entrevista com a criança junto do pai 
e da mãe, em momentos distintos 
- a entrevista conjunta é de suma 
importância, porque é neste momento 
em que o perito observa a interação 
afetiva da criança com os genitores e 
checa as informações trazidas pelas 
partes”.
Glícia lembra que, quando se trata 
de criança pequena, usa-se o método 
de observação livre, sem perguntas 
dirigidas. Ainda de acordo com ela, 
a Lei da Alienação Parental fixa, no 
art. 5º, § 3º, prazo de 90 dias para 
conclusão da perícia psicológica 
ou biopsicossocial - formada por 
médico, psicólogo e assistente social 
-, e orienta que o exame seja amplo, 
compreenda análise de documentos, 
histórico do relacionamento do 
casal e da separação, cronologia 
de incidentes, além de exame que 
demonstre a maneira como a criança 
ou o adolescente se manifesta acerca 
de eventual acusação contra o genitor. 
“A ratio da Lei é identificar o fenômeno, 
para desde logo o Estado-juiz intervir, 
assegurando a convivência com o pai/a 
mãe ou a efetiva reaproximação entre 
ambos”, conclui.
O PERFIL DO ALIENADOR
“O alienador é alguém que não su-
porta sozinho as mágoas e frustrações 
que carrega. Assim, necessita destruir 
aquele que lhe causou - ou que ele 
pensa ter causado - tal sentimento”, 
conta Melissa Telles Barufi. A advoga-
da revela que, para alcançar seu obje-
tivo, o agressor utiliza-se de tudo e de 
todos a sua volta, inclusive de seus fi-
lhos. “A mágoa tem um poder devasta-
dor. Sufoca as pessoas e mata-as aos 
poucos. [O alienador] Pode chegar ao 
ponto de provocar dor física na criança, 
a fim de gerar prova contra seu inimi-
go”, acrescenta.
Desta forma, quanto antes ocorrer a 
identificação do processo de alienação 
parental, melhor para todos os 
envolvidos, inclusive para o alienador, 
que, conforme Barufi, precisa de 
tratamento psicológico - e, em certos 
casos, psiquiátrico.
GUARDA COMPARTILHADA, 
O ANTÍDOTO DA ALIENAÇÃO 
PARENTAL?
A guarda compartilhada estabelece 
que o tempo de convívio com os filhos 
seja dividido de forma equilibrada 
entre os genitores, tendo em vista as 
condições fáticas e os interesses das 
crianças e dos adolescentes. Portanto, 
seria ela capaz de pôr fim à Alienação 
Parental? De acordo com a psicóloga 
Glícia Barbosa de Mattos Brazil, a 
guarda compartilhada pode, sim, ser 
um forte aliado no combate. “Sua 
fixação tem caráter pedagógico e ensina 
aos pais que ambos têm autoridade 
parental de igual importância. Além 
disso, no momento em que o Estado-
juiz estabelece a guarda compartilhada, 
retira do alienador parcela de poder e 
de sentimento de propriedade sobre o 
filho”, afirma.
A promotora de Justiça Míriam Quei-
roz Lacerda Costa também considera 
a guarda compartilhada um excelente 
instrumento para evitar e combater o 
problema. No entanto, ela compreen-
de que o tratamento a ser dado a cada 
grupo familiar depende de suas pró-
prias características. “Penso que não 
há uma receita pronta e acabada. Os 
recursos disponibilizados pelo ordena-
mento jurídico brasileiro, pelas outras 
disciplinas além do Direito - como a 
Psicologia e o Serviço Social -, devem 
ser utilizados de acordo com cada caso 
concreto e com as especificidades de 
cada família”. Opinião semelhante tem 
Melissa Telles Barufi. Ela lembra que a 
alienação parental pode ser praticada 
por variáveis atos. “Portanto, infeliz-
mente, desconhecemos um antídoto 
com apenas um elemento”.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12318.htm
“
“O ALIENADOR É ALGUÉM QUE 
NÃO SUPORTA SOZINHO AS 
MÁGOAS E FRUSTRAÇÕES 
QUE CARREGA
“
“A GUARDA COMPARTILHADA 
PODE, SIM, SER UM FORTE 
ALIADO NO COMBATE
[À ALIENAÇÃO PARENTAL]
CAPA
13
QUANDO A ALIENAÇÃO SE TORNA SÍNDROME
A Síndrome da Alienação Parental - SAP foi uma expressão utilizada pelo psiquiatra norte-americano Richard Gardner para conceituar o 
comportamento de crianças vítimas do fenômeno da alienação parental. Glícia 
Barbosa de Mattos Brazil, psicóloga do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, 
explica que “síndrome” é um termo médico, o qual significa “conjunto de 
sintomas”. “Para Gardner, a participação do Poder Judiciário era fundamental, e 
o ideal seria unir punição e tratamento. O autor do termo entendia que a Alienação 
Parental é uma categoria de transtorno mental, que inclui uma série de sintomas 
de sofrimento psíquico. E, sendo um transtorno, deveria ser tratado como tal e 
incluído na Bíblia da Psiquiatria, o Manual de Diagnósticos e Estatísticas dos 
Transtornos Mentais”, afirma.
O psiquiatra compreendia que a síndrome é produto de lavagem cerebral 
praticada pelo adulto alienador, seguidas de contribuições da própria criança, 
ocorridas quando ela, por si só, comete gestos de alienação parental, passando 
a manipular e a mentir, criando pretextos para o não convívio com o outro 
genitor, tendo, como base, afirmações frívolas e injustificadas. “Percebe-se que 
a alienação parental passa a ser uma ‘síndrome’ quando o menor começa a 
evitar o contato sem justificativa legítima, inventando desculpas e, muitas vezes, 
forjando situações que não ocorreram - as chamadas falsas memórias -, para 
manter-se afastada do genitor alienado e de sua respectiva família”, esclarece 
a psicóloga.
Ainda conforme Glícia Brazil, o ideal é pensar a alienação parental enquanto 
sintoma da família que adoeceu, com causa multifatoriale com necessidade 
de uma intervenção conjunta entre operadores do Direito [juízes, promotores, 
advogados e equipe técnica do Juízo - formada por psicólogo, assistente social 
e médico]. “Também é fundamental o trabalho dos assistentes técnicos e dos 
psicólogos clínicos que atendem a família, pois o fenômeno é complexo, envolve 
amplo conhecimento de todos os envolvidos e, muitas vezes, coloca em xeque 
a efetividade das decisões judiciais, porque a intervenção do Poder Judiciário 
encontra limites na reconstrução dos vínculos de afeto que se perdem com a 
falta do convívio”.
O MITO MEDEIA - A mitologia grega nos trouxe Medeia. Tudo começa com 
sua paixão por Jasão, a quem ajuda, com magia e astúcia, a conquistar o Velo 
de Ouro. Filha de um rei, mata o próprio irmão para fugir com o amado. Mas, ao 
desembarcar em Corinto, Medeia é abandonada por Jasão, que se apaixona por 
Glauce, filha do rei. Na encenação da tragédia grega de Eurípides, datada de 431 
a.C., Medeia, rejeitada, cega de ódio, não se contenta em assassinar a futura 
mulher do seu marido, ao enviar-lhe vestido e joias envenenados. Ela personifica 
a vingança contra o homem infiel, que lhe propôs torná-la sua amante. Para 
atingi-lo, Medeia decide matar os próprios filhos que teve com Jasão. Antes 
de fugir para Atenas, a mulher enlouquecida, mas fria e premeditada, ainda 
teme pelo próprio sofrimento. Determinada, porém, comete o filicídio. Ao ver o 
desespero do marido, se sente vingada.
CEZANNE, Paul. Medea. 1882. Aquarela,
20 cm X 38 cm.
CAPA
14
A Alienação Parental (AP) configura um grave fenômeno 
de disfuncionalidade nas relações de 
família, e deve ser encarada como a 
desqualificação da conduta dos pais, 
feita por um deles, perante os filhos, 
denegrindo-se a imagem do outro 
genitor no interesse de prejudicar a 
relação afetiva paterno-filial.
Constitui ilicitude civil como abuso 
de direito do poder parental, por 
importar abuso emocional do alienador 
e a destruição de vínculos afetivos 
existentes entre a criança e o pai 
alienado. Eis o ponto nuclear, a premissa 
base, para a responsabilização civil. 
Apontar a alienação como síndrome 
(SAP), serve como consequência das 
práticas disfuncionais da alienação.
Esses dois eixos de análise, no plano 
judicial, devem ser demarcados, a 
partir de uma necessária diferenciação, 
por prova segura e capaz de infirmar 
as situações postas a exame.
Os atos de alienação atuam 
no espectro da crise pós-ruptura 
convivencial, por atitudes do progenitor 
guardião, figurando a alienação como 
um processo insidioso e continuado. 
Nesse viés, alinha-se, logo, a prática 
turbativa e de impedimento ao livre 
exercício do poder familiar pelo genitor 
não guardião, ou seja, uma imposição 
do “não direito” ao direito de convívio.
Consabido que a autoridade 
parental (elterliche Sorge), inerentes 
a ambos os pais, envolve guarda 
(Personensorge) e administração dos 
bens (Vermögenssorge), ocorrendo 
um deles prejudicar o exercício, 
configura-se, às expressas, a ilicitude 
civil. Obstáculos a uma regular 
convivência com o filho, estorvos 
frequentes a dificultar o poder parental 
do genitor, são atos alienadores, 
externalizados, a n te s d e m a i s , 
p e l a s v i s i ta s interceptadas.
Não há como negar a aplicação do 
dano moral sob esfera do art. 2º da Lei 
nº 12.318/2010, cumulando-se o pedi-
do da declaração da alienação parental 
com o de dano moral. Estudo de Pedro 
Gabriel Arêdes tratou da condenação 
pelo dano moral em caso de alienação 
parental comprovada (In: Âmbito Jurí-
dico, Rio Grande, XIX, n. 155, dez 2016. 
Ele destaca: “Também pode haver a 
cumulação da multa sancionatória do 
artigo 6°, inciso III, da Lei de Alienação 
Parental, com a condenação por dano 
moral, no mesmo ato judicial”).
Outro recente estudo, “Alienação 
Familiar Induzida”, de Bruna Barbieri 
Waquim (Ed. Lumen Juris, 2015), 
introduziu este novo termo, em análise 
de variáveis. Uma delas, a alienação 
induzida contra genitores idosos que 
“manipulados por um dos parentes 
afastam-se dos demais familiares, em 
virtude de interesses financeiros do 
alienador”.
A alienação parental reclama, 
por concretude judiciária, que seja 
admitida como crime. A prática é um 
delito cometido contra o próprio filho, 
padecente da Síndrome da Alienação 
Parental (SAP), ao colocá-lo permanente 
vítima psicológica dos interesses do 
alienador. São filhos órfãos de pais 
vivos. Projeto de Lei nº 4488/2016-CD, 
de 10.02.16, criminaliza os atos, com 
reversão da guarda, sem prejuízo de 
a pratica da alienação também poder 
caracterizar calúnia, já prevista como 
ilícito penal.
Embora a Lei 12.318/2010 não es-
gote as formas da alienação parental, 
certo é que Pais desconstruídos bus-
cam nela a sua dignidade.
O autor fará palestra no XI Congresso Brasileiro 
de Direito das Famílias e Sucessões, de 25 a 27 de 
outubro, em Belo Horizonte.
ARTIGO
ALIENAÇÃO PARENTAL, ILICITUDE CIVIL
Desembargador decano do Tribunal de Justiça de Pernambuco;
Mestre em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa;
Diretor nacional do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM);
Coordenador da Comissão de Magistratura de Família
Autor de diversas obras jurídicas;
Membro da Academia Pernambucana de Letras Jurídicas (APLJ).
JONES FIGUEIRÊDO ALVES 
15
A lei 12.318/10 regulamenta as situações de alienação parental 
que envolvem a criança e o adolescen-
te, apresentando um arcabouço 
protetivo de uma fase peculiar do de-
senvolvimento humano, consistente na 
infância e adolescência.
Essa lei especial tem como principal 
objetivo garantir o pleno desenvolvimen-
to do ser humano em suas aptidões, de-
sejos, projetos, enfim, em sua autorrea-
lização.
Nesse sentido a lei de combate à 
alienação parental é, sem dúvida, um 
mecanismo de fortalecimento das 
famílias, na busca do cumprimento 
de seu papel que é propiciar a todos 
os seus integrantes a realização de 
seu projeto de felicidade. No Brasil 
não há uma lei especifica que trate 
sobre a alienação parental de idosos, 
no entanto, chegam, diariamente, 
aos tribunais, denúncias de grave 
violação à sua cidadania e integridade 
psicológica, quando, em muitos casos, 
estes necessitam voltar a residir com 
seus filhos ou com outros parentes, 
quer seja em razão de debilidade de 
sua saúde, quer seja por problemas 
financeiros.
Nesse contexto de unilateralidade o 
idoso passa a se submeter à vontade 
do alienador tendo seus sentimentos 
manipulados ou confundidos, o que 
implica em grave dano à sua saúde 
biopsicossocial. Assim, enquanto não 
haja uma lei específica de combate 
à alienação parental do idoso, temos 
que a lei n° 12.318/10 deve ser usada 
por analogia, porque tanto a população 
infantojuvenil como a população 
idosa se encontra em situação de 
vulnerabilidade, dada a fase peculiar 
de seus dias, estando, pois, ambas 
amparadas pelo macro princípio da 
proteção integral.
Em consonância com os ditames da 
lei de combate à alienação parental, 
vemos que o Estatuto do Idoso, em seu 
artigo 4º, põe a salvo as pessoas senis 
de toda e qualquer forma de violência, 
física, psicológica ou social. O direito 
à convivência familiar e comunitária é 
legado constitucional havendo de ser 
preservada em todas as fases da vida, 
dentro de um estado democrático de 
direito.
Visando garantir à amplitude da 
família, calcada na afetividade, o 
Estatuto da Pessoa com Deficiência 
dispôs sobre a curatela compartilhada, 
podendo esta se configurar em antídoto 
à alienação parental, na medida em 
que propicia o convívio do idoso com 
múltiplos parentes, tornando possível 
seu contato com todos os ramos da 
família.
Essa inovação legislativa incorporou 
a prática dos Tribunais e das Varas das 
Famílias de todo o Brasil, que há muito 
vinha concedendo o compartilhamen-
to, como forma de efetivação do direito 
fundamental da dignidade da pessoa 
humana.
Assim, diante de tantas situações 
adversas que rondam a população 
idosa, um importantedesafio se 
agiganta diante da sociedade e dos 
poderes constituídos que é a efetivação 
do direito fundamental ao cuidado e ao 
amparo, resguardada a ética que se 
deve ter, diante do projeto de felicidade 
de cada um.
Projeto este, singular, único, 
subjetivo, que diz respeito às 
convicções e valores de quem muito 
já viveu e que é hoje resultado de seu 
passado. A família deve resguardar o 
querer de seus idosos, afastando-os 
da segregação e de certa infantilização 
que se presencia, quando seus desejos 
são desconsiderados, porque amar é 
antes de tudo respeitar.
ARTIGO
ALIENAÇÃO PARENTAL DE IDOSO
Graduada pela Faculdade de Direito da PUC-SP;
Juiza Titular da 1ª Vara Especializada de Família e Sucessões de Cuiabá/MT;
Presidente do IBDFAM de Mato Grosso;
Docente da Escola da Magistratura de Mato Grosso – EMAM;
Fundadora do Movimento Nacional de Direitos Humanos;
Especialista pela Faculdade Estácio de Sá.
ANGELA GIMENEZ
16
LAZER
A MORTE INVENTADA
Uma separação conjugal mal 
conduzida gera vítimas da alienação 
parental. Pais e filhos revelam o que 
sofreram com esse tipo de abuso e 
suas consequências. No drama, A 
morte inventada - alienação parental 
profissionais de direito, psicologia e 
serviço social discorrem sobre as causas 
e apontam soluções para o problema.
Documentário/ Ano: 2009 / Direção: 
Alan Minas
FILMESDICA DE LIVRO
A LULA E A BALEIA
Distanciamento, laços rompidos, 
mágoas, frustrações. É o resultado de 
um divórcio conturbado, que atinge 
pais e filhos, e dá a tônica do filme A 
lula e a baleia. Trata-se de uma trama 
provocativa que alerta sobre os riscos 
de se perderem os vínculos afetivos nas 
relações familiares.
Drama/ Ano: 2011 / Direção: Noah 
Baumbach / Elenco: Jeff Daniels, Laura 
Linney, Jesse Eisenberg, Owen Kline
Em Ofício de escrever, o escritor e teólogo Frei Betto discorre 
sobre seus hábitos, técnicas e os pequenos macetes que adquiriu 
com a experiência, oferecendo dicas preciosas para estudantes, 
professores e aspirantes a escritor. Ele também examina os 
processos criativos de autores diversos, prestando uma verdadeira 
homenagem à literatura. O autor bateu um papo com a Revista 
IBDFAM.
No seu livro, Ofício de escrever, o senhor fala sobre algumas técnicas que adquiriu ao 
longo dos anos. O que representa o ofício de escrever? Por quê?
É o meu ofício por excelência!!! Primeiro, ponho no papel o aluvião de ideias. Depois é que 
procuro dar forma literária. Sobretudo em se tratando de crônica ou ficção, que exigem trata-
mento estético. Ficção é beleza, mais que conteúdo. Considero também importante assumir 
o ofício com seriedade profissional, dedicando tempo, lendo os clássicos (e observando como 
escreviam) e dominando as regras da sintaxe e da gramática.
O senhor também mostra alguns processos criativos de autores, como Shakespeare e 
Cervantes. É possível identificar uma mesma característica entre os autores citados em seu 
livro?
Os clássicos são o termômetro de um tempo e a bússola de novos horizontes. Por isso se 
tornaram clássicos. Seus textos ultrapassam os séculos, são sempre atuais por serem polis-
sêmicos e permitem amplo leque de hermenêuticas.
O senhor está ultrapassando a marca de 60 livros publicados. O que mudou desde a 
primeira obra e o que aponta como característica que se manteve?
Mudou o cuidado com a palavra, a frase, o período. Leio em voz alta o que escrevo, pois o 
ouvido denuncia os cacos. Antes eu era apenas um escritor. Depois que me tornei um autor a 
responsabilidade aumentou, sobretudo porque criei uma legião de leitores fiéis à minha obra. 
Uma característica que mantive é escrever em silêncio, primeiramente à mão e, em seguida, 
no computador (antes, na máquina de escrever).
É possível alcançar a perfeição em escrever? Por quê?
Não, a perfeição não existe, pois se existisse poria limite à criatividade humana. E todo artis-
ta é um clone de Deus.
Escrever um bom texto é sempre um desafio. A redação do Enem, por exemplo, sempre é 
motivo de preocupação para os estudantes. Quais dicas o senhor pode dar sobre isso?
Três dicas: ler, ler e ler, especialmente os clássicos. Fazer como aquele repórter do Miami 
Globe que, não sabendo como redigir bem, copiava à mão os textos dos romances de [Ernest] 
Hemingway. Assim, não apenas se tornou um excelente jornalista, como amigo íntimo do es-
critor. Isso está retratado no filme Papa, sobre a vida de Hemingway em Cuba.
O uso da tecnologia (como aplicativos de mensagens) atrapalha ou ajuda na hora de 
escrever? A comunicação entre as pessoas ficou prejudicada? Por quê?
O prejuízo consiste na redução da linguagem, na pobreza dos termos, na falta de atenção à 
sintaxe. A tecnologia em si não tem nenhuma culpa. Pelo contrário, é excelente ferramenta. 
Muitos é que não sabem usá-la para aprimorar a linguagem e não para atrofiá-la.
O Instituto Brasileiro de Direito de Família – IBDFAM 
gostaria de tê-lo como parceiro em nosso XI Congresso 
Brasileiro de Direito das Famílias e Sucessões, um dos 
maiores fóruns de debates sobre o tema da América 
Latina. A previsão de público é de mil participantes, em 
evento que reúne renomados especialistas da área. A 
repercussão é enorme, com cobertura simultânea em 
nossas redes sociais.
INFORMAÇÕES
(31) 3324-9280
www.ibdfam.org.br/congresso2017
25, 26 e 27 de outubro de 2017, 
no Ouro Minas Palace Hotel
BH / MG
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Campos de Carvalho
Sociedade de Advogados
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Nena Sales Pinheiro
 D I R E I T O D E FA M Í L I A E S U C E S S Õ E S

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