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Recurso Inominado

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AO JUÍZO DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE 
RIBEIRÃO DAS NEVES DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 
 
 
 
 
AUTOS N.º 5010648-73.2018.8.13.0231 
 
 
 REGINALDO DO NASCIMENTO FERREIRA vem interpor 
RECURSO INOMINADO, consoante os fatos e argumentos que serão aduzidos a 
seguir: 
 
Próprio à espécie e tempestivo, a parte Recorrente requer seja o presente recurso recebido 
tanto no efeito devolutivo quanto suspensivo, regularmente processado e remetido a E. 
Turma Recursal, competente para conhecer e decidir o mérito do recurso proposto. 
 
 
Nestes termos, 
 Pede e espera por deferimento. 
 
 
Ribeirão das Neves, 21 de julho de 2021 
 
 
 
Luiz Frederico Paulino Cunha do Nascimento 
OAB/MG 183.180 
À COLENDA TURMA RECURSAL 
 
 
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO 
 
 Eméritos Magistrados, 
 
 Não pode a parte Recorrente corroborar com a r. sentença prolatada às fls. 
retro que julgou IMPROCEDENTES os pedidos iniciais, por destoar das reiteradas 
decisões proferidas por este Eg. Tribunal de Justiça, bem como da legislação pátria. 
 
 Assim, estando presentes todos os pressupostos necessários para a 
interposição do presente recurso, vem a parte Recorrente apresentar sua fundamentação, 
pugnando pela reforma da sentença vergastada em primeira instância. 
 
 
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. 
 
 Inicialmente, o Recorrente pede a Vossa Excelência a concessão da gratuidade de 
justiça, haja vista que o mesmo não possui rendimentos suficientes para custear as 
despesas processuais em detrimento de seu sustento próprio e de sua família, de acordo 
com os ditames do artigo 4º, da Lei 1.060/50, pelo que nos bastamos do texto da Lei, 
in verbis: 
 
Art. 4º - A parte gozará dos benefícios da assistência 
judiciária, mediante simples afirmação, na própria pet
ição 
inicial, de que não está em condições de pagar as c
ustas 
do processo e os honorários de advogado, sem prejuí
zo próprio ou de sua família. 
§ 1º - Presume-se pobre, até prova em 
contrário, quem afirmar essa condição nos termos des
ta 
Lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas 
processuais.? 
 
 Portanto, respeitosamente, requer a Vossa Excelência que se digne em conceder 
e manter a gratuidade de justiça ao Recorrente, já deferida anteriormente, com amparo 
nos argumentos legais e declaração de pobreza anexa. 
 
 
BREVE RELATO. 
 
 A presente demanda trata-se de Ação Declaratória c/c com Condenatória, 
na qual a parte Recorrente requer a declaração do direito de receber o Adicional 
Noturno de 20% sobre o valor da hora trabalhada normal, refletido no período 
laborado entre as 22:00h e 05:00h, com efeitos sobre as férias e a gratificação natalina, 
além de ser condenada a parte Recorrida a pagar as diferenças pretéritas dos últimos 
cinco anos, com reflexos no 13º salário e férias e a incorporação do adicional devido, 
enquanto perdurar o labor. 
 
 Ocorre que, i. Magistrado singular julgou improcedente o pedido inicial 
sob o argumento que o recebimento do Adicional Noturno não é devido, tendo em vista 
que o Recorrente é contratado precariamente, mediante contratos nulos, o que restringiria 
o direito à percepção, tão somente ao FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 
 
 Desta forma, merece análise por esta Egrégia Turma, de modo a modificar 
as questões tratadas em sede recursal, conforme será demonstrado a seguir. 
 
 
DA DECISÃO DO RE 765.320 
 
Conforme aludido acima, o Mm. Juízo entendeu pela impossibilidade da concessão do 
adicional pleiteado sob o fundamento de que o julgamento do RE 765.320 impediria a 
concessão do mesmo, o que não merece prosperar, senão vejamos: 
 A decisão supracitada em nada alterou o direito da parte Autora à percepção do Adicional 
Noturno vez que o direito perquirido encontra previsão constitucional no art. 7º: 
 Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à 
melhoria de sua condição social: 
 I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos 
termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros 
direitos; 
II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; 
III - fundo de garantia do tempo de serviço; 
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas 
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, 
saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos 
que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
 V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; 
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 
 VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração 
variável; 
 VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da 
aposentadoria; 
 IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; 
 
O art. 39 é claro ao estender o direito aos ocupantes de cargo público: 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão conselho de 
política de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados 
pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) 
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, 
VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei 
estabelecer requisitos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o 
exigir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
 
Por sua vez a lei 18.185/09 (Dispõe sobre a contratação por tempo determinado para 
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso 
IX do art. 37 da Constituição da República) é clara ao prevê: 
 
Art. 12 – O pessoal contratado nos termos desta Lei fará jus aos direitos estabelecidos nos 
dispositivos previstos no § 3º do art. 39 da Constituição da República. 
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/index.html?aba=js_tabConstituicaoFederal&tipoPesquisa=constituicaoFederal&cfArtigo=37
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/index.html?aba=js_tabConstituicaoFederal&tipoPesquisa=constituicaoFederal&cfArtigo=39
Parágrafo único. Aplica-se ao pessoal contratado nos termos desta Lei o disposto nos arts. 
132 a 142, 152 a 155, 191 a 212, 244, incisos I, III e V, e 245 a 274 da Lei nº 869, de 5 
de julho de 1952. 
 
Logo, não há dúvidas quanto à necessidade de concessão do direito à percepção de 
adicional noturno. 
DO MÉRITO. DO ADICIONAL NOTURNO. 
 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 dispõe claramente que os 
servidores públicos farão jus aos mesmos direitos assegurados aos trabalhadores, 
conforme explanado acima. A remuneração superior do trabalho noturno, ou seja o direito 
a receber o Adicional Noturno foi instituído pela Constituição Federal. 
 
A nível estadual através da Constituição de Minas Gerais foi estendido ao servidor 
público os direitos da CF/88 e especificados com a edição Lei Estadual nº 10.745/92, que 
regulamenta a concessão desse direito aos servidores estaduais, como vê-se do teor do 
seu art. 12: 
 
"Art. 12. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22 (vinte e duas) 
horas de um dia e as 5 (cinco) do dia seguinte, será remunerado com o valor-hora normal 
de trabalho, acrescido de 20% (vinte por cento), nos termos de regulamento." (grifo 
nosso) 
 
Este direito foi novamentegarantido pela Constituição do Estado de Minas Gerais, que 
estabeleceu da seguinte maneira: 
 
Art. 31 - o Estado assegurará ao servidor público civil da Administração Pública direta, 
autárquica e fundacional os direitos previstos no art. 7º, incisos IV, VII, VIII, IX, XII, 
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, da Constituição da República e os que, 
nos termos da lei, visem à melhoria de sua condição social e da produtividade e da 
eficiência no serviço público, em especial o prêmio por produtividade e o adicional de 
desempenho. 
 
Resta devido, portanto, ao servidor público mesmo que na qualidade de designado, 
o adicional noturno, para compor verba de remuneração noturna superior à diurna. 
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?num=869&ano=1952&tipo=LEI
https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?num=869&ano=1952&tipo=LEI
 
Insta ainda frisar que o serviço de Agente de Segurança Penitenciário, de forma comum 
e reiterada, é exercido em escalas ou regime de plantões e, mesmo em tais hipóteses é 
cabível o adicional noturno, consoante apregoa a Súmula n.º 213 do STF: ?é devido o 
adicional de serviço noturno, ainda que sujeito o empregado ao regime de revezamento?. 
 
Neste sentido, impende frisar que no RE n.º 48.444 (um dos precedentes da súmula em 
comento) o i. Min. Cândido Motta Filho sustentou que o adicional noturno é previsto 
constitucionalmente e sem qualquer ressalva, enfatizando ser vedado à lei 
infraconstitucional e ao intérprete, restringir tal direito, mormente em se tratando 
de um direito social. 
 
A propósito, é o entendimento pacificado nesta Corte: 
 
ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO REGIME ESPECIAL DE TRABALHO 
- ADICIONAL NOTURNO - GARANTIA CONSTITUCIONAL - SÚMULA 213 DO 
STF. O regime especial de trabalho exercido em horário noturno não exclui a incidência 
do adicional noturno garantido constitucionalmente. (5ª Câm. Cív., Apel. Cív. n. 
1.0024.08.044754-3/001, Rel. Des. Manuel Saramago, j. 01.07.2010, DJe 19.07.2010). 
 
ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - ADICIONAL 
NOTURNO - DIREITO CONSTITUCIONALMENTE GARANTIDO. É 
constitucionalmente garantido aos servidores públicos regidos pelo regime estatutário, 
por força do art. 39, §3º da Constituição da República Federativa do Brasil, o pagamento 
do adicional noturno. (5ª Câm. Cív., Apel. Cív. n. 1.0024.09.588053-0/001, Relª. Desª. 
Maria Elza, j. 13.01.2011, DJe 27.01.2011). 
 
Dúvidas não restam quanto ao direito de receber o Adicional Noturno pelos funcionários 
públicos que laboram em horário noturno, compreendido entre o horário especificado na 
Lei 10.745/92, sendo que tal entendimento é do Egrégio Tribunal de Justiça de Minas 
Gerais, conforme jurisprudência: 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL - DIREITO ADMINISTRATIVO - REEXAME 
NECESSÁRIO - APELAÇÃO - AÇÃO ORDINÁRIA - ADICIONAL DE LOCAL DE 
TRABALHO - AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO - LEIS ESTADUAIS 
11.717/94 E 14.695/03 - VEDAÇÃO EXPRESSA - ADICIONAL NOTURNO - 
ARTIGO 39, PARÁGRAFO 3º, COMBINADO COM ARTIGO 7º, INCISO IX, 
AMBOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, E ARTIGO 12, DA LEI ESTADUAL 
10.745/92 - COMPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO EM PERÍODO 
NOTURNO - VERBA DEVIDA - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA - 
ARTIGO 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO DADA PELA LEI 11.960/2009 - 
PERÍODO ANTERIOR À LEI 11.960/2009 - APLICAÇÃO DA SISTEMÁTICA 
ANTIGA - SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA - RECURSO 
PREJUDICADO. - A Administração Pública sujeita-se ao princípio da legalidade, 
sendo inadmissível a concessão do adicional de local de trabalho ao servidor contratado 
temporariamente, que exerce as funções de Agente de Segurança Penitenciário, tanto 
em razão do disposto no artigo 20 da lei estadual 14.695/03, quanto em virtude do artigo 
1º, parágrafo 1º, e do artigo 6º, ambos da lei estadual 11.717/94. - Comprovada a 
prestação de serviços em período noturno, em horário compreendido entre as 22 horas 
de um dia e as 5 horas do dia seguinte, é devido o pagamento do adicional noturno, 
previsto na lei estadual 10.745/92, e garantido pelo inciso IX, do artigo 7º, e pelo 
parágrafo 3º, do artigo 39, da Constituição Federal. - Nas condenações impostas à 
Fazenda Pública, a correção monetária e os juros de mora devem observar os índices 
oficiais de remuneração básica aplicados à caderneta de poupança, ressalvando-se que, 
no período anterior à entrada em vigor da lei 11.960/09, devem incidir os índices 
vigentes à época, conforme definido no julgamento do Recurso Especial 1.205.946/SP. 
Ap Cível/Reex Necessário 1.0261.13.007819-7/001 - Relator(a): Des.(a) Moreira Diniz 
- Data de Julgamento: 26/03/2015 - Data da publicação da súmula: 
31/03/2015 [Grifamos] 
 
 
Nota-se que a aludida legislação se coaduna com o disposto na Constituição da República 
e na Constituição do Estado de Minas Gerais. 
 
Vale destacar que, se o Estado Réu é omisso quanto à regulamentação prevista na parte 
final do art. 12 da Lei Estadual n.º 10.745/1992, tal fato não pode constituir empecilho 
à efetivação de direito fundamental expressamente previsto na Constituição. 
 
Frisa-se que o Adicional Noturno é propter laborem, ou seja, é devido em razão do 
horário de trabalho, sem questionamento sobre a comprovação dos danos efetivos, pois 
consabidamente mais penoso, sendo que para isso o legislador criou mecanismos para 
recompensá-lo dos riscos que corre e do afetamento familiar e social que sofre. In casu, 
restou comprovado, DOCUMENTOS ANEXOS AOS AUTOS, que a parte Recorrente 
trabalhou em períodos noturnos, não tendo sido devidamente remunerado, conforme 
determina a Constituição da República. 
 
 Cumpre esclarecer que o Adicional Noturno é devido aos que trabalhem 
em jornada compreendida entre as 22 horas de um dia até 5 horas do outro dia, de modo 
a remunerar o trabalhador pelos danos causados a quem labora em horário que deveria 
estar descansando. Não é correto suprimir um direito constitucional de modo a beneficiar 
o Estado em detrimento ao desgaste da parte Recorrente, sendo, portanto devido o 
recebimento do Adicional Noturno. 
 
Não há se falar que a compensação do trabalho noturno com horas de folga, em 
escala de revezamento, veda a percepção do adicional em comento, porquanto, 
também aqui, as finalidades são distintas. Uma situação jurídica (folga 
compensatória) não anula ou impede a outra (remuneração pelo trabalho noturno), 
mas sim se complementam, inexistindo violação ao artigo 37, XIV da CRFB/88, eis 
que ausente bis in idem. 
 
Não se trata aqui apenas da sujeição excepcional às exigências da Administração 
Pública para exercício das atividades a qualquer tempo, que carece de remuneração 
justa, mas sim, da efetiva prestação realizada que exige uma outra contraprestação 
própria e adequada, maior do que o tralhado diurno, tal como determinado pela 
CRFB/88, nos artigos 39, § 3º e 7, IX acima mencionados. 
 
 Em caso análogo e recente, manifestou o Eg. Tribunal no mesmo sentido: 
 
EMENTA: AÇÃO ORDINÁRIA - REEXAME NECESSÁRIO - CONHECIMENTO 
DE OFÍCIO - SERVIDOR TEMPORÁRIO - ART. 37, IX, DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL - EXCEPCIONAL INTERESSE PÚBLICO - EXERCÍCIO DE FUNÇÃO 
PÚBLICA - NATUREZA PRECÁRIA E TEMPORÁRIA DO VÍNCULO - 
SUBMISSÃO AO REGIME ESTATUTÁRIO - ADICIONAL DE LOCAL DE 
TRABALHO - LEI ESTADUAL 11.717/94 - PAGAMENTO DEVIDO AO SERVIDOR 
QUE EXERCE SUAS FUNÇÕES EM ESTABELECIMENTO PRISIONAL, EM 
RAZÃO DA EXPOSIÇAO A SITUAÇÕES DE DESGASTE PSIQUÍCO OU DE 
AGRESSÃO FÍSICA - VERBA PROTER LABOREM - GRATIFICAÇÃO DE 
AGENTE DE SEGURANÇA PENITENCIÁRIO EM ESTABELECIMENTO 
PENAL-GAPEP - AUSÊNCIA DE RECEBIMENTO POR SERVIDOR NÃO 
EFETIVO - INOCORRÊNCIA DE CUMULAÇÃO - PERCENTUAL DE 
INCIDÊNCIA DO ADICIONAL DE LOCAL DE TRABALHO - PARÁGRAFO 
ÚNICO DA LEI ESTADUAL Nº 11.717/94 E ART. 76, DO DECRETO Nº 
45.870/2011- PRESÍDIO DE GRANDE PORTE- 75% SOBRE O VENCIMENTO 
BÁSICO - ADICIONAL NOTURNO - BENEFÍCIO PREVISTO NA 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA - REGULAMENTAÇÃO PELA LEI ESTADUAL 
Nº 10.745/92 - AUTO-APLICABILIDADE - PROVA DO LABOR NOTURNO - 
ADICIONAL DEVIDO - ATUALIZAÇÃO DAS PARCELAS VENCIDAS - 
APLICAÇÃO DO ART. 1º-F DA LEI Nº. 9.494/97, NA REDAÇÃO DADA PELA LEI 
Nº. 11.960/09 - JURISPRUDÊNCIA DO C. STF - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
- SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA - COMPENSAÇÃO - CABIMENTO - SENTENÇA 
PARCIALMENTE REFORMADA, EM REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO 
DE OFÍCIO. APELAÇÃO PREJUDICADA. 1- Não havendo condenação líquida, 
mister se faz o conhecimento do reexame necessário, na forma do art. 475, I, do CPC. 2- 
O "Adicional de Local de Trabalho", criado pela Lei Estadual 11.717/94, é pago em 
razão da atividade do servidor junto à população carcerária de sentenciados e 
adolescentes infratores, que o expõe a situações de desgaste psíquico ou de risco de 
agressão física. 3- Tratando-se de típica vantagem propter laborem, para a sua 
percepção exige-se, tão somente, o desempenho da função nas condições previstas pela 
lei. Evidenciado o labor segundo as exigências aplicáveis, segue devido o recebimento 
da vantagem "ex vi legis" 4- Não há que se falar em indevida cumulação da Gratificação 
de Agente de Segurança Penitenciário em Estabelecimento Penal - GAPEP e do 
Adicional de Local de Trabalho, quando o servidor é contratado, já que a GAPEP só era 
devida ao servidor efetivo. 5- Os agentes penitenciários que trabalham em horário 
noturno, devem receber o respectivo adicional em razão do trabalho prestado após as 
22 horas, conforme previsão constitucional e legal (artigos 7º, IX, e 39, CR/88; artigo 
12 da Lei nº 10.745/92). 6 - Demonstrado que o servidor labora nas condições especiais 
previstas na legislação aplicável, o Estado de Minas Gerais deve pagar o adicional 
noturno, enquanto perdurar a prestação do serviço no horário diferenciado. 7- 
Compensa-se a mora do ente público segundo os índices oficiais de remuneração básica 
e juros aplicados à caderneta de poupança, na forma do art. 1º-F da Lei nº. 9.494/97, 
com a redação dada pelo art. 5º da Lei nº. 11.960/09. 8 - Até o julgamento final das Ações 
Diretas de Inconstitucionalidade nº. 4.357/DF e 4.425/DF, por ordem do próprio 
Supremo Tribunal Federal, não se aplicam os efeitos da decisão emanada da Suprema 
Corte, que declarou a inconstitucionalidade, por arrastamento, do art. 5º da Lei nº. 
11.960/09, porquanto pendente de modulação. 9- Havendo sucumbência recíproca, 
mister se faz a compensação dos honorários sucumbenciais, na forma do art.21, do CPC. 
10- Sentença parcialmente reformada, em reexame necessário. Prejudicada a apelação. 
Apelação Cível 1.0702.11.054114-2/001 - Relator(a): Des.(a) Sandra Fonseca - Data de 
Julgamento: 05/05/2015 - Data da publicação da súmula: 15/05/2015 [Grifamos] 
 
Insta destacar a importância do adicional devido, conforme bem explicado pelo. Ilmo. 
Desembargador PEIXOTO HENRIQUES, da 7ª CAMARA CÍVEL: 
 
?Neste sentido, não sobeja lembrar que no RE n.º 48.444 (um dos precedentes da 
súmula em comento) o i. Min. Cândido Motta Filho sustentou que o adicional noturno 
é previsto constitucionalmente e sem qualquer ressalva, enfatizando ser vedado à lei 
infraconstitucional e ao intérprete, restringir tal direito, mormente em se tratando de 
um direito social. 
 
Também não há se falar que a compensação do trabalho noturno com horas de folga, 
em escala de revezamento, veda a percepção do adicional em comento, porquanto, 
também aqui, as finalidades são distintas; vale ver: a hora de folga não visa melhor 
remunerar o servidor pelo trabalho noturno, mas compensá-lo pelo desgaste físico-
psíquico decorrente desse labor.? 
 
Deste modo, necessário se torna A DECLARAÇÃO DO DIREITO DA PARTE 
RECORRENTE A RECEBER O DEVIDO ADICIONAL NOTURNO, por exercer 
as atividades em HORÁRIO ESPECIAL, não podendo o ente Estatal se eximir da 
responsabilidade do pagamento de direito garantido ao trabalhador. 
 
Nessa linha, justifica-se a procedência do pedido de recebimento do adicional 
noturno, observada a prescrição quinquenal, permitindo os reflexos, sobre as férias, 
acrescidas do terço constitucional, e décimo terceiro salário, tal como pleiteado na 
exordial. 
 
 
DOS REFLEXOS. 
 
Neste ponto, devem ser reconhecidos os reflexos pretendidos em juízo para cálculos sobre 
os cálculos do 13º salário e das férias, não produzindo quaisquer efeitos sobre outras 
vantagens, conforme julgado a seguir: 
DIREITO ADMINISTRATIVO - ADICIONAL NOTURNO - POLICIAL CIVIL - 
DIREITO ASSEGURADO NA CONSTITUIÇÃO - PREVISÃO NA LEI 
ESTADUAL Nº 10.745/92 - PAGAMENTO DEVIDO - REFLEXOS NAS DEMAIS 
VERBAS SALARIAIS - PRECEDENTE DO ÓRGÃO ESPECIAL DO TJMG - "Os 
Policiais Civis do Estado de Minas Gerais têm assegurado o direito ao adicional noturno, 
"ex vi" do artigo 39, § 3º c/c artigo 7º, IX, ambos da Constituição Federal de 1988, e, 
também, da Lei estadual n. 10.745, de 1992." (INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE 
JURISPRUDÊNCIA Nº 1.0024.08.941612-7/004. Corte Superior/Órgão Especial do 
TJMG). - O adicional noturno tem reflexo no cálculo das férias, terço constitucional 
e décimo terceiro salário. (TJ-MG - AC: 10024112070578001 MG, Relator: Ana Paula 
Caixeta, Data de Julgamento: 12/09/2013, Câmaras Cíveis / 4ª CÂMARA CÍVEL, Data 
de Publicação: 17/09/2013). (grifo nosso) 
 
Diante de todas essas considerações, em suma, o servidor público estadual tem 
direito ao recebimento do adicional noturno pelos dias em que laborou em regime 
de plantão no horário das 22 (vinte e duas) horas de um dia às 5 (cinco) horas do dia 
seguinte, visto a inteligência dos artigos 7º, IX e 39, §3º da CR/88 c/c o artigo 12 da 
Lei nº 10.745/92, com reflexos incidentes sobre 13º salário e férias. 
 
 
DOS PEDIDOS. 
 Diante dos argumentos apresentados, a parte Recorrente REQUER: 
 
1 – Seja o presente Recurso recebido em ambos os efeitos, quais sejam: devolutivo e 
suspensivo; 
 2 – Deferir a Gratuidade de Justiça em favor da Recorrente; 
 3 – Receber o presente recurso, para que sejam julgados procedentes todos os pedidos 
contidos na inicial, pois somente assim estão os R. julgadores estabelecerão a sã, 
costumeira e soberana JUSTIÇA, dando o provimento ao presente Recurso Inominado 
modificando a R. sentença, a fim de condenar a parte Recorrida a declarar o direito 
da parte Recorrente a receber o Adicional Noturno no percentual estabelecido em 
lei, com consequente pagamento das diferenças atrasadas respeitada a prescrição 
quinquenal, com os devidos reflexos, devidamente corrigidos e a incorporação do 
adicional devido, enquanto perdurar o labor. 
 4 – Requer também seja a parte Recorrida condenada ao pagamento de honorários 
sucumbenciais a serem prudentemente arbitrados por esta Turma. 
 Termos em que pede e espera por deferimento. 
 
 Ribeirão das Neves, 21 de julho de 2021. 
 
Luiz Frederico Paulino Cunha do Nascimento 
OAB/MG 183.180

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