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Afinal, ainda vale a pena estudar filosofia? Se a verdade não é mais referência para o saber, como falar em conhecimento de modo útil e construtivo? Antes de dissertar sobre essas perguntas, gostaria se escrever sobre como a filosofia era vista, como é vista agora e sobre o que é a filosofia para mim. Antigamente, houve um período em que se passou a valorizar o pensar e o refletir de forma ordenada sobre as grandes questões da humanidade e então surgiram os filósofos, que eram os indivíduos que tentavam explicar os acontecimentos de forma racional e sem recorrer às divindades, eram os que se dedicavam ao pensar e buscavam adquirir conhecimento, muitas vezes também, defendiam que o conhecimento não se comprava e nem se vendia, de tão valioso, como por exemplo Sócrates. Hoje, na visão da sociedade, para ser um filósofo basta um diploma de filosofia ou que filósofo é aquele que ensina filosofia. Ser filósofo, virou uma profissão remunerada e com carteira assinada e isso tem a ver com o sistema capitalista e liberal, em que vivemos. Além disso, a filosofia e seu ensino não são muito valorizados, quem se propõe a viver da filosofia tem que ser realmente apaixonado por ela e tem que ter muita vontade e coragem, pois provavelmente será muito mal pago e além disso, a disciplina é muito ameaçada em nossa sociedade e isso também tem a ver com nosso sistema político e econômico, pois ela se bem ensinada, estimula os indivíduos a pensarem fora da caixa. Na minha opinião, não se estuda e não se faz filosofia só entendendo mais e da melhor forma x ou y filósofo; um filósofo não pode ser apenas um historiador de idéias. O filósofo é aquele que se compromete com as grandes questões da existência, que continua encantado com o universo e tem muitas incertezas e busca sempre o conhecimento, independente se ele é alcançável ou não. A filosofia nasce de algumas preocupações, como "existe uma divindade?, "por que as coisas são como são?", "qual a origem do poder?", "qual a origem do mal?" "por que morremos e pra onde vamos?", o que é a felicidade?", etc., e muitas dessas questões permanecem até hoje, assim como os pensamentos filosóficos sobre essas questões, que são inúmeros. A filosofia sobrevive até hoje, pois esses conceitos filosóficos não necessariamente se sobrepõe a outros, como ocorre com as teorias científicas. Não precisamos da filosofia para pensar, já nascemos com essa capacidade e o pensar filosófico nem sempre é o "bom pensar", mas nos ajuda a escapar das obviedades, a indagar e introduzir na vida a suspeita ao modo como as coisas são, filosofar é sair do óbvio. Descartes já dizia que para chegar à verdade, precisamos primeiro duvidar das coisas, devemos saber colocar pontos de interrogação no que é óbvio. A filosofia é um modo de ser/viver, de tentar explicar de modo secular os fenômenos e de indagar o óbvio, o comum e consequentemente, é tentar "não ser mais um no rebanho" e para filosofar é necessário uma relação consciente e clara de si consigo mesmo e com os outros. Ao meu ver, para não ser apenas mais um historiador de idéias, um professor de filosofia deve então fazer questão que seus alunos questionem, duvidem, saiam do óbvio, ou seja, deve estimular que eles realmente filosofem sobre os mais diversos assuntos. Criando esse hábito e explicando seu motivo, os alunos estariam sendo estimulados a terem essa atitude dentro e fora da sala de aula, aprendendo a duvidar de "falsas verdades" e obviedades e aprendendo de forma prática, como obter conhecimentos úteis e construtivos. Por isso vale a pena estudar filosofia, pois ela é e sempre será essencial para a educação e para a vida das pessoas.
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