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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC . ILUANA BRITO BARBOSA MARIA BEATRIZ GONÇALVES DA SILVA SINDROME DA TALIDOMIDA MACEIÓ-AL 2020/2ª ILUANA BRITO BARBOSA MARIA BEATRIZ GONÇALVES DA SILVA SINDROME DA TALIDOMIDA: ASPECTOS Trabalho apresentado como requisito parcial, para nota da disciplina de Química Farmacêutica I do curso de Farmácia do Centro Universitário Cesmac, sob a orientação da professora Anne Dayse Soares da Silva. MACEIÓ/AL 2020/2ª INTRODUÇÃO Por volta do ano de 1957 a talidomida foi introduzida no mercado por uma empresa Alemã Chemie Grünenthal, muita publicidade em torno do medicamento fez com que no Brasil fosse vendida serca de 90 mil unidades. Inicialmente, era comercializada como droga de ação hipnóticosedativa, ou seja, utilizado para sedação, anti-inflamatório e hipnótico. Na ocasião, como os procedimentos de testes não eram tão rígidos, o medicamento passou a ser indicado a mulheres grávidas. No ano de 1960 apareceu o primeiro caso de má formação, e assim foram surgindo milhares de casos envolvendo gestante, que fizeram uso da medicação, e geraram bebês com má formação denominada de casos de Focomelia, que é uma síndrome caracterizada pela aproximação ou encurtamento dos membros junto ao tronco do feto - tornando-os semelhantes aos de uma foca - devido a ultrapassar a barreira placentária e interferir na sua formação. Utilizado durante a gravidez também pode provocar graves defeitos visuais, auditivos, da coluna vertebral e, em casos mais raros, do tubo digestivo e problemas cardíacos. A ingestão de um único comprimido nos três primeiros meses de gestação ocasiona a Focomelia, efeito descoberto em 1961. Diante da gravidade, realizaram testes em coelhos e primatas e foi constatado os mesmos efeitos devastadores. Inicialmente, as pesquisas só haviam sido realizadas em ratos, e os mesmos não apresentaram consequências dos efeitos colaterais. No ano de 1962, havia mais de 10 mil casos de defeitos congênitos associados ao medicamento. Os bebês nascidos desta tragédia ficaram conhecidos como "geração talidomida". Desenvolvimento: Em 1961, com as descobertas de focomelia a talidomina foi retirada do mercado mundial. No entanto, em 1965 foi descoberto o seu efeito benéfico no tratamento Hanseníase, e não para tratar a doença propriamente dita, o que gerou a sua reintrodução no mercado brasileiro com essa finalidade específica. A partir daí foram descobertas inúmeras utilizações para a droga no tratamento de AIDS, LUPUS, DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAs - Câncer e Transplante de Medula e a partir dessa descoberta a talidomina se mantém na comercialização nos dias atuais. Ainda não existem pesquisas sobre o período seguro para eliminação da droga pelo organismo. Recomendamos o prazo de no mínimo 1 ano após o tratamento para a gravidez. Tratamento nas Mulheres: Por força da Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, é proibida para mulheres em idade fértil em todo o território nacional. Apesar da proibição, em casos especiais, médicos receitam a droga. Entretanto são previstas sanções legais, cabendo observar que mesmo com a assinatura de Termo de Esclarecimento aos Pacientes e Termo de Responsabilidade Médica, ambos podem ser responsabilizados pelo mau uso da droga. Tem sido demonstrado que apenas o uso de anticoncepcionais por mulheres em idade fértil não é suficiente para prevenir a ocorrência de nascimentos de crianças com síndrome da Talidomida, pois a droga inibe o efeito dos anticoncepcionais. Portanto, deve-se usar o máximo de métodos contraceptivos para maior segurança. Além disso, é de extrema importância que todos os exames disponíveis de gravidez sejam utilizados (ex: urina, BHCG,etc). Tratamento nos Homens: Conforme a Resolução n° RDC 140/2003 da ANVISA, a bula do medicamento informa que “os homens que utilizam a Talidomida e mantém vida sexual ativa com mulheres em idade fértil, mesmo tendo sido submetidos à vasectomia, devem ser orientados a adotar o uso de preservativo durante o tratamento” e ainda “sobre a importância dos usuários não doarem sangue ou esperma”. Isômero: O descaso da isomeria na aplicação de medicamentos, são tão parecidos que muitas vezes são confundidos, o que pode ser trágico em se tratando da saúde. Foi exatamente o que ocorreu na Europa na década de 1960, com o lançamento de um medicamento com efeito tranquilizante e sonífero nomeado de Talidomida. As gestantes da época procuraram por este efeito calmante sem ter ideia do que poderia ocorrer ao feto em gestação. Foi então que se registrou o nascimento de bebês com membros atrofiados (mãos, pés, pernas). Esse efeito teratogênico foi resultado do uso da Talidomida. A talidomida apresenta dois isômeros: (S) talidomida → teratogênica (R) talidomida → efeito tranquilizante A substância Talidomida, dependendo do isômero usado, produz efeitos completamente diferentes em nosso organismo, daí a importância do estudo da isomeria respectiva. A diferença pode ser percebida através das estruturas: Uma simples mudança no posicionamento do N (nitrogênio central - um para frente e outro para trás) difere as duas estruturas. A partir daí a mistura racêmica dos medicamentos sintéticos foi banida pela Indústria farmacêutica. Uma modificação dessa orientação ocasiona a diminuição ou mudanças nos efeitos biológicos, como ocorreu no caso da Talidomida. Histórico 1954: Alemanha desenvolve droga destinada a controlar a ansiedade, tensão e náuseas. 1957: a droga passa a ser comercializada em 146 países. 1960: descobertos os efeitos ocasionados pela droga. 1961: a droga é retirada de circulação em todos os países, à exceção do Brasil. Têm início processos indenizatórios em diversos países. 1965: Dr. Jacobo Sheskin, médico israelense, descobre efeitos benéficos da droga no tratamento da hanseníase. Com isso, volta a ser comercializada. No Brasil: 1958: tem início a comercialização da droga. 1965: a droga é retirada de circulação, com pelo menos 4 anos de atraso. Na prática, porém, não deixou de ser consumida indiscriminadamente no tratamento de estados reacionais em Hanseníase, em função da desinformação, descontrole na distribuição, omissão governamental, automedicação e poder econômico dos laboratórios. Com a utilização da droga por gestantes portadoras de hanseníase, surge a segunda geração de vítimas da Talidomida. 1976: tem início os processos judiciais contra os laboratórios e a União. 1982: após várias manifestações o governo brasileiro é obrigado a sancionar a Lei 7.070, de 20 de dezembro de 1982. Tal lei concede pensão alimentícia vitalícia, que varia de meio a 4 salários mínimos, de acordo com o grau de deformação, levando-se em consideração quatro itens de dificuldade: alimentação, higiene, deambulação e incapacidade para o trabalho. De 1986 a 1991: com a inflação galopante e as mudanças dos indexadores econômicos, defasam-se drasticamente os valores das pensões vitalícias. 1992: surge a ABPST - Associação Brasileira dos Portadores da Síndrome da Talidomida para defender os direitos das vítimas da Talidomida, muitas das quais simplesmente nem recebiam as pensões a que tinham direito. 1994: é publicada a primeira Portaria 63, de 04 de julho de 1994, que proíbe o uso da Talidomida para mulheres em idade fértil. 1996: é formado o Grupo de trabalho para elaboração da 1º Portaria de Controle da Talidomida. 1997: é publicada a Portaria nº 354, de 15 de agosto de 1997, que regulamenta o registro, produção, fabricação, comercialização, prescrição e a dispensação dos produtos à base de Talidomida. 2003: é sancionada a Lei nº 10.651, de 16 de abril de 2003, dispõe sobre o controle do uso da talidomida. 2005: é publicada a Consulta Pública nº 63 para proposta de novo regulamento técnico da Talidomida. 2005: a publicação da Resolução nº 356, de 10 de outubro de 2005, suspende a realização da Consulta Pública n° 63. 2006: é realizado Painel de Utilização Terapêutica da Talidomida, promovido pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2007: é realizada nova reunião na ANVISA – Agência Nacionalde vigilância Sanitária visando a flexibilização do uso da Talidomida. 2009: participação em reunião promovida pelo Programa de Hanseníase para discussão de documento visando Orientação no uso Controlado da Talidomida, para profissionais em saúde. 2010: promulgação da Lei 12.190 que concede indenização por dano moral às pessoas portadoras da síndrome da talidomida. 2010: reuniões com ANVISA, MORHAN, UFRGS para aprimoramento da regulamentação legal da talidomida visando à edição de uma nova Resolução para aprovação do Conselho Nacional de Saúde. Décadas 1990 e 2000: a diversificação e a continuidade do uso da droga no tratamento de Lupus, Câncer, Leucemia, Vitiligo, Aftas, Tuberculose, etc. geraram o nascimento de dezenas de novos casos de crianças vitimadas pela droga (2º e 3º Geração); principalmente em função da desinformação, inclusive de profissionais da área da saúde e pela AUTOMEDICAÇÃO, uma prática constante no Brasil.
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