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1 UNIFAMINAS – FACULDADE DE MINAS BIOMEDICINA GABRYELLE AMORIM WERLICK OCORRÊNCIA DE AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO DE MURIAÉ-MG Muriaé - MG 2021 2 UNIFAMINAS – FACULDADE DE MINAS BIOMEDICINA GABRYELLE AMORIM WERLICK OCORRÊNCIA DE AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO DE MURIAÉ-MG Monografia de conclucão de curso apresentado ao curso de biomedicina, UNIFAMINAS, como requisito parcial à obtenção de título de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Profa. Dra. Luciana de Andrade Agostinho. Muriaé - MG 2021 3 UNIFAMINAS – FACULDADE DE MINAS BIOMEDICINA OCORRÊNCIA DE AUTOMEDICAÇÃO NA POPULAÇÃO DE MURIAÉ-MG Orientador(a): Profa Dra. Luciana de Andrade Agostinho Muriaé – MG 2021 4 AGRADECIMENTOS “O que eu faço pelos meus servos é isto: eu lhes dou a vitória.” O Senhor falou.” Isaías 54:17 Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e da sabedoria. Pela proteção, saúde, força, perseverança e fé que me proporcionastes para superar todas as dificuldades ao longo dessa trajetória e permitir essa vitória. Aos meus pais Luis Alberto e Elessandra, que tornaram esse sonho possível, por acreditarem em mim, por todos os princípios passados e pelo amor incondicional, essa conquista é nossa. Aos meus irmãos Luisa, Mikaelle e Luis Gabryel, por me ensinarem muito, pela companhia durante essa jornada e, principalmente, para a conclusão desse trabalho. Ao Matheus, por todo amor, companhia e por nunca medir esforços para me ajudar. Por sonhar meus sonhos e tornar tudo possível. Aos meus tios Luciumar, Cheila e Elêuza, que são o verdadeiro significado de família e que me ensinam tanto, por serem exemplo de caráter, honestidade e união. Aos meus amados e inesquecíveis avós Velerson e Maria de Lourdes (in memoriam), por tudo que fizeram por mim e hoje comemoram do céu essa conquista. Vocês estão sempre no meu pensamento e iluminam a minha vida. Saudades eternas. À Ísis que me acompanhou, me orientou e tornou tudo mais leve. Às minhas companheiras de jornada, Naiara e Keytilyn, por caminharmos juntas durante esse tempo de muitas lutas, desespero, dificuldades e alegrias. À Isabela, pelas aulas marcantes no laboratório, por ter feito parte deste trabalho me ajudando e me tranquilizando. Encerro esse ciclo com o coração feliz e agradecido por ter a oportunidade de aprender com essa profissional excepcional. À minha orientadora Luciana, que esteve presente no momento mais difícil, me ajudou a continuar e agora faz parte do término desse ciclo muito especial. Cumpre seu papel com êxito e é um exemplo de ser humano e profissional. Gratidão eterna. Aos mestres, principalmente Christiane Mariotini, Emílio Santana e Fernanda Mara, por todos os ensinamentos. Vocês marcaram essa fase muito importante pra mim e são espelhos da profissional que serei. Por fim, agradeço a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram com a realização deste sonho. 5 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME) dos fármacos ......................................................................................................................... 16 Figura 2- Principais sintomas que levaram à automedicação em 2018 ........... 19 Figura 3 - Os medicamentos mais consumidos por conta própria pelos brasileiros ......................................................................................................................... 20 Figura 4 – Porcentagem de participantes que realizaram compra de medicamentos sem receita médica....................................................................25 Figura 5 – Ocasião que ocorre a compra de medicamentos ............................ 28 Figura 6 – Motivações para a automedicação .................................................. 29 Figura 7 – Fármacos utilizados para a automedicação......................................31 Figura 8 - Sintomas que levaram à automedicação...................................................................................................35 Figura 9 – Conteúdo digital com o objetivo de conscientização da prática de automedicação...................................................................................................39 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Sexo, idade e grau de escolaridade dos participantes.....................24 Tabela 2 - Última vez que realizou automedicação e tempo de uso.................36 7 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 9 2. OBJETIVOS .......................................................................................... 11 2.1 Objetivo geral ........................................................................................ 11 2.2 Objetivo específico ............................................................................... 11 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA ........................................................... 12 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 14 4.1 Toxicologia social...................................................................................14 4.2 Toxicoepidemiologia..............................................................................14 4.3 Fármacos, farmacocinética e farmacodinâmica....................................15 4.4 Efeitos indesejáveis dos fármacos........................................................17 4.5 Interações medicamentosas.................................................................18 4.6 Principais medicamentos utilizados para a automedicação..................18 4.7 Intoxicação por automedicação.............................................................20 4.8 Critérios para a automedicação.............................................................21 5. MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................23 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................24 7. CONCLUSÃO..........................................................................................40 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................41 8 RESUMO O alto consumo de medicamentos, sobretudo no cenário atual, nos leva considerar e discutir os riscos que os fármacos podem nos trazer, pois mesmo tendo benefícios, podem ocorrer efeitos adversos, complicações e até a morte, principalmente quando utilizados sem recomendação médica. Levando em conta que os medicamentos tem um alto consumo com o intuito de aliviar sintomas e tratar doenças, ele pode mascarar enfermidades e adiar o diagnóstico e o tratamento correto. Dessa forma, realizamos uma pesquisa epidemiológica entrevistando 54 indivíduos de ambos os sexos, na faixa-etária de 18 a 65 anos para avaliar a porcentagem de adeptos à prática de automedicação na cidade de Muriaé-MG. Ainda, com o objetivo de educação em saúde, foi criado um conteúdo digital informativo, visto que a rede social tem um nível de alcance muito alto em pouco tempo, permitindo a divulgação dos perigos da automedicação à população. Como resultados vimos que a grande maioria dos entrevistados pertencem ao sexo feminino, na faixa-etáriade 18 a 25 anos e com ensino superior incompleto, 94% dos respondentes já se automedicaram, 31,37% relataram ter feito uso de medicamentos que necessitavam de prescrição médica. Além disso, a grande maioria (55%) faz uso quando sente alguma dor/incômodo e faz aquisição do medicamento quando o que tem em casa acaba. Em caso de dúvidas sobre qual fármaco utilizar, realizam pesquisa antes de comprar, principalmente com médicos e internet, além de lerem/seguirem a bula. Os medicamentos mais utilizados foram para tratar gripe/resfriados. Em relação aos efeitos colaterais, apenas 3,92% relataram ter vivenciado. A prática da automedicação é um hábito que envolve, principalmente, o uso de medicamentos isentos de prescrição, logo os usuários devem ficar atentos aos possíveis riscos. PALAVRAS-CHAVE: Automedicação, medicamento, toxicologia social, efeitos colaterais. 9 1. INTRODUÇÃO O medicamento possui um papel importante na melhora da qualidade de vida e expectativa de vida da população, visto que traz benefícios à saúde. Ainda assim, o seu uso indevido pode gerar consequências para o indivíduo, para a população e sistema de saúde, sendo definido como um problema global e de interesse para a saúde pública. Isso intensifica a necessidade e a oportunidade de pesquisas sobre o consumo e a qualidade do uso de medicamentos. (MOREIRA, et al., 2020) Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 50% de todos os medicamentos são prescritos de forma incorreta, dispensados e vendidos e mais de 50% dos pacientes fazem o uso incorreto. Países em desenvolvimento possuem uma situação ainda pior, menos de 40% dos pacientes do setor público e menos de 30% do setor privado sendo tratado de acordo com as diretrizes clínicas. (BRASIL, 2012) Os medicamentos sem retenção de receita, que são os medicamentos de tarja vermelha, estão cada vez mais disponíveis e com mais facilidade de aquisição. Os medicamentos que não precisam de prescrição (MIP) fazem com que o índice de automedicação aumente e, devido ao uso irracional, os efeitos tóxicos também. (SOTERIO; DOS SANTOS, 2016) O termo “automedicação” é caracterizado pela decisão de um indivíduo ou de seu responsável de adquirir ou utilizar um produto que trará melhoria no tratamento de doenças ou alívio de sintomas sem a prescrição, que pode ser dada pelo médico ou odontólogo. A prática da automedicação pode ocorrer pelo compartilhamento dos medicamentos com pessoas próximas, utilização de medicamentos que restaram de uma antiga prescrição, aquisição do produto sem prescrição e prolongamento do tratamento indicado na receita. (SECOLI, et al., 2018) O principal efeito do fármaco é alterar funções corporais com o intuito de eliminar os sintomas causados pela doença do paciente. Além disso, o fármaco pode provocar os efeitos adversos que podem desencadear queixas, doenças ou até levar à óbito. Outro aspecto importante é que a automedicação pode 10 mascarar diagnósticos na fase inicial de doenças, retardando a melhora de sintomas e desfocando toda a terapêutica. (LULLMANN, HEINZ. et al., 2017) Embora as intoxicações sejam frequentes, poucos são os estudos que avaliam o uso irracional de medicamentos, que pode ser prevenido. As agências reguladoras, juntamente com os profissionais da saúde podem atuar na educação e conscientização populacional, bem como no controle das propagandas e divulgação dos medicamentos, evitando promessas milagrosas e incentivos quanto ao seu uso indiscriminado. 11 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral O objetivo deste estudo é promover um levantamento sobre a prática da automedicação na população de Muriaé-MG e alertar a população sobre os perigos desta. 2.2 Objetivo específico 1) Realizar um estudo epidemiológico qualitativo e quantitativo, por meio da elaboração de um questionário, que será aplicado em indivíduos residentes na cidade de Muriaé-MG. 2) Organizar os dados estatisticamente e, posteriormente, confrontar com os dados presentes da literatura. 3) Gerar conteúdo digital para informar a população sobre os riscos da automedicação. 12 3. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA Para que o uso do fármaco seja correto é preciso seguir três princípios: medicamento certo, na dose certa e na hora certa, seguindo a posologia prescrita. A posologia adequada faz com que a concentração plasmática da droga seja contínua dentro da janela terapêutica (RISCADO, 2014). A farmacocinética do princípio ativo irá caracterizar a posologia do fármaco. Vários fatores são levados em consideração na indicação da posologia, como a forma farmacêutica, a dose indicada, o intervalo entre as doses e a via de administração, podendo ser oral, dérmica, respiratória, intramuscular, intravenosa e subcutânea. (OGA, SEIZI. et al., 2008) Alguns especialistas consideram a automedicação como forma comum de autocuidado, porém, essa prática pode ser altamente perigosa a nível individual e coletiva, principalmente pelo fato de que todo medicamento causa danos ao organismo. Para que os danos sejam diminuídos, o ideal seria que a utilização do medicamento acontecesse após a prescrição de um profissional qualificado, seja ele médico, dentista ou farmacêutico. Visto que são necessários conhecimentos em farmacologia, bioquímica, fisiologia, patologia, microbiologia e interação medicamentosa. (SILVA, et al., 2014) O grande número de medicamentos utilizados sem a orientação médica, é indicado como o principal agente tóxico responsável pelas intoxicações humanas registradas no país e, quase sempre, os indivíduos que fazem uso não conhecem os malefícios que pode causar (LESSA, et al., 2008). De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), no período de 2010 a 2017 foram registrados 6.756 casos de intoxicação devido a automedicação. (SINITOX) O indivíduo que realiza a automedicação está exposto ao risco de ter um retardo no diagnóstico ou diagnóstico ineficaz, devido ao mascaramento dos sintomas, favorecendo o agravamento da patologia. A escolha inadequada do medicamento, administração incorreta, dosagem inadequada e uso reduzido ou prologado do medicamento, favorecendo a dependência, ocorrências de efeitos colaterais graves, o não conhecimento das interações medicamentosas, alergias, intoxicações, armazenamento incorreto e uso do medicamento após a validade são fatores relevantes para a toxicologia social. Os efeitos indesejados influenciam 13 consideravelmente nos custos despendidos com saúde, além de impactar a vida humana. (MATOS et al., 2018). A internet possui um papel significativo no incentivo ao uso irracional de medicamentos. Castiel e Vasconcellos-Silva demonstram esta preocupação com a seguinte indagação: “Como lidar com a possibilidade de estímulo à automedicação e a suposta proliferação de “cybercondríacos?”. Ainda não existe resposta para essa pergunta, mas as disponibilidades trazidas pelas farmácias online e pelos anúncios na internet, facilitam a compra de medicamentos de todos os tipos sem prescrição e, consequentemente, contribui com a automedicação. (SOUZA, et al., 2008). Neste contexto, em dezembro de 2019 foi descoberto em Wuhan – China, o início de um surto de pneumonia de causa desconhecida. Logo a etiologia da doença foi identificada, um novo coronavírus denominado Severe acute respiratory syndrome coronavirus 2 (SARS-CoV-2). Alguns medicamentos se tornaram alvos de discussões, principalmente a Hidroxicloroquina, Cloroquina, Ivermectina e Azitromicina. Muitos indivíduos começaram a se automedicar, buscando uma solução rápida e fácil para conter a doença ou até mesmo preveni-la, além de serem influenciados por ideologias. Com isso, observou-se maior número de buscas viainternet por esses medicamentos e a escassez deles no mercado, intoxicações e até mesmo morte. (GUIMARÃES; CARVALHO, 2020) Cientes que a população está exposta ao grande número de informações e ao uso da internet, justifica-se a realização deste estudo, onde compreendemos que a medicação pode trazer benefícios, mas que se utilizada de forma inadequada pode ser tóxica, expondo o paciente a riscos e reações indesejadas e perigosas. 14 4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Toxicologia social A toxicologia social estuda os efeitos indesejados causados pelo uso não curativo de drogas ou medicamentos e o uso de fármacos de maneira diferente do que se apresenta na descrição, prolongando ou encurtando o tempo de consumo, alteração da dose e método de administração (OGA, SEIZI. et al., 2008). Essa área engloba elementos ilícitos e lícitos e qualquer tipo de exposição e possui o intuito de prevenir, diagnosticar e tratar os casos de intoxicações. É possível estudar os efeitos das drogas, identificar a consumação de drogas e, assim, possibilitar a escolha das medidas corretas para que não aconteça a dependência de drogas (RESOLUÇÃO Nº 135, 2007). A toxicologia está entre as 36 áreas de habilitações da Biomedicina, onde o profissional habilitado estuda os efeitos adversos das substâncias com caráter tóxico através de análises físicas, químicas e biológicas, realizam os exames para diagnóstico e estudos clínicos e experimentais. (CRBM – 5º REGIÃO, 2019) 4.2 Toxicoepidemiologia O elevado número de intoxicações medicamentosas no Brasil se caracteriza por diversos motivos, um deles é a grande disponibilidade de fármacos presentes no mercado varejista que não garantem segurança e eficácia. Além disso, existe uma carência de fiscalização e controle por parte de autoridades, o que leva ao uso inadequado de medicamentos, devido a isso, existe uma facilidade de consumo, e essa alta aquisição no Brasil, o torna o 5º país dentre os maiores consumidores de medicamentos. (NUNES, et al., 2017) De acordo com Centro de Informações Toxicológicas (CIT), no Brasil, entre 2000 e 2019, foram registrados 390.832 atendimentos devido a exposição de agentes tóxicos. Dentre esses números, se encontra a condição de exposição, sendo, não intencional, intencional e outros, como: abstinência, automedicação, prescrição inadequada e uso indevido (CIT, 2019). Segundo a SINITOX, entre 2000 e 2017 foram registrados 492.127 casos de intoxicação medicamentosa, sendo 14.191 casos devido à automedicação. (SINITOX) 15 A Anvisa foi criada em 1999, com o intuito de proteger e promover a saúde, viabilizando a segurança sanitária (GOVERNO DO BRASIL, 2021). É a principal responsável na prevenção com a estratégia de agir principalmente na educação, desde os pacientes leigos até os profissionais da saúde. Juntamente com o Ministério da Saúde, a Anvisa procura meios legais para reforçar a fiscalização e a circulação das propagandas medicamentosas, intervindo com o objetivo de garantir que os pacientes estejam cientes de que todo medicamento possui contraindicação e interação medicamentosa (GOMES, 2012). Além disso, o SINITOX recebe notificações sobre intoxicações medicamentosas, em que é possível ter conhecimento sobre quais os locais mais decorrentes, idade, gênero e através de qual substância ocorreu a intoxicação (FIOCRUZ, 2009). A desvantagem é que os dados contidos são somente de notificações, o que não possibilita ter uma ideia clara de quantos casos realmente acontecem, visto que muitas pessoas não têm conhecimento dos efeitos adversos e isso pode passar despercebido e, consequentemente, não acontece a notificação. (NUNES, et al., 2017) 4.3 Fármacos, farmacocinética e farmacodinâmica Devido a estudos realizados, os fármacos já possuem estrutura química conhecida e seus efeitos colaterais também já foram descritos. A finalidade dos fármacos é promover um efeito benéfico para o organismo, como alívio dos sintomas e diminuição da dor. Porém, dependendo de como for o uso, pode causar o efeito contrário, tendo caráter tóxico. Os medicamentos são elaborados e fornecidos com o objetivo terapêutico. Para isso, é necessário seguir normas e protocolos, instituídos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) durante a fabricação e é necessário fiscalizar todo o processo. Até que os medicamentos cheguem às drogarias e farmácias, eles passam por um processo industrial para atingir o estado, tamanho, estabilidade e a forma correta, para que isso aconteça, é preciso que tenha a presença do fármaco ou uma associação destes para que todo esse processo seja realizado de forma eficiente e ter como resultado o medicamento pretendido. (TAVEIRA; GUIMARÃES, 2014) A farmacocinética compreende os processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME) (Figura 1). Este processo tem grande relevância sobre o efeito farmacológico no organismo, pelo fato de que as fases de ADME influenciam na concentração e o tempo consumido pelas moléculas do fármaco em seu local de ação e, com isso, interferem na quantidade 16 de fármaco livre alcançará seus receptores (PEREIRA, 2007). Para que aconteça o efeito do medicamento, ele precisa ser absorvido, distribuído até seu alvo antes de sofrer metabolização ou excreção. Em qualquer instante o fármaco livre pode ser encontrado equilibrado com os reservatórios teciduais, as proteínas e o sítio-alvo (receptores), apenas uma parte do fármaco consegue interagir com os receptores específicos e resultar na resposta farmacológica. É possível observar o metabolismo de um fármaco e notar os metabólitos ativos e inativos resultantes; os ativos, no entanto, podem realizar efeito farmacológico sobre os receptores-alvo ou sobre outros receptores. (GOLAN et al., 2014) Figura 1- Absorção, distribuição, metabolismo e excreção (ADME) dos fármacos. Fonte: GOLAN et al., 2014. O processo de disposição de toxicantes no organismo pode sofrer influência de diversos fatores, pode acontecer de não haver a absorção, acontecer de o toxicante depositar em tecido de armazenamento ou pode sofrer redução da toxicidade devido ao metabolismo. Essa separação das etapas de ADME serve como entendimento por ser bastante didático, visto que no organismo esses processos acontecem todos ao mesmo tempo. (JUNQUEIRA, et al., 2018). A farmacodinâmica é caracterizada pelos efeitos que o fármaco causa no organismo que pode ser quantificado pela concentração e a resposta do organismo em relação à dose. O que se espera é que essa relação tenha vínculo com à ligação fármaco-receptor, o que acontece em muitas combinações de nossa espécie. A resposta a um fármaco vai de acordo com a concentração de sítio alvos ligados. Vários receptores de fármacos podem ser caracterizados em dois estados de conformação: estado ativo e estado inativo. 17 Muitos fármacos atuam ligando esses receptores e interferem nas chances destes se encontrarem em uma dessas conformações. As propriedades farmacológicas são baseadas em seus efeitos sobre a situação dos receptores cognatos. Quando há a ligação do fármaco ao receptor e acontece a conformação ativa, este é nomeado agonista; enquanto um fármaco que bloqueia a ativação do receptor é denominado antagonista. Existem fármacos que não se adequam em nenhuma das duas categorias, são os agonistas parciais e os agonistas inversos. A janela terapêutica é um limiar de concentração do fármaco, que produz o efeito esperado (benéfico) sem se tornar tóxico em uma população. É preciso muita cautela ao administrar fármacos com uma janela terapêutica pequena, porque pode haver rápida alteração plasmática; é preciso que a dose seja efetiva sem alcançar a toxicidade. (GOLAN et al., 2014) 4.4 Efeitos indesejáveis dos fármacos O efeito adverso refere-sea qualquer efeito maléfico ou não desejável que ocorre após a administração do fármaco nas doses geralmente utilizadas no ser humano para a prevenção, diagnóstico ou tratamento de patologias ou sintomas. Normalmente esses efeitos são leves, mas podem acontecer complicações e até mesmo levar a pessoa a óbito (FONTELES, 2009). Paracelso no século XVI afirmou: “Todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que não seja tóxica. A dose estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento”. Isso nos traz a referência sobre a concentração do fármaco, porém, os efeitos dos fármacos variam, podendo ser de maior ou menor gravidade e ser mais frequente ou não. (GOVERNO DE SÃO PAULO) A variabilidade genética individual tem influência sob a capacidade de interação medicamentosa e dos efeitos adversos causados no organismo. Ou seja, em uma determinada população, respostas incomuns a medicamentos podem acontecer devido a um polimorfismo genético de enzimas que participam do processo de metabolização. Esse processo faz a conversão de fármacos em metabólitos que são mais solúveis e, com isso, são secretados com mais facilidade ou pode fazer essa conversão ocorrer em pró-fármacos, fazendo com que fiquem terapeuticamente ativos ou acarretar o aparecimento de metabólitos tóxicos. (PÊSSOA, et al., 2006) 18 É importante a avaliação dos riscos que o medicamento traz antes de utilizá-lo, visto que os benefícios precisam ser maiores que os riscos. Por exemplo, para quem se encontra com uma infecção grave, a dor de barriga é um efeito adverso aceitável; mas não é aceitável para quem está com dor de cabeça. Há estudos que mostram que de 3 a 6% das internações em hospitais são decorrentes de efeitos adversos de medicamentos, o que causa grande preocupação. (SCHENKEL, 1991) 4.5 Interações medicamentosas Os fármacos desencadeiam a ação farmacológica. Já no medicamento o fármaco se encontra juntamente com ingredientes auxiliares na formulação. O medicamento é a combinação das substâncias em uma determinada dose e na forma farmacêutica particular. As características destes representam as propriedades químicas, físicas e biofarmacêuticas que interferem no uso. A administração de medicamentos e os efeitos que geram se alteram de acordo com a situação que o paciente se apresenta, como doenças e metabolismo. A resposta da terapêutica varia de acordo com fatores externos, como a alimentação, uso de substâncias e medicamentos. A interação não é apenas medicamentosa, mas sim entre qualquer exposição que o paciente esteja submetido. No entanto, pode acontecer a interação entre a patologia contida no indivíduo e o medicamento administrado, chamada de interação medicamento- enfermidade. Além disso, as interações medicamentosas podem ser do tipo medicamento-alimento, medicamento-teste diagnóstico, medicamento-substância química e medicamento-medicamento. Existem dados que mostram que aproximadamente 6,5% das internações em hospitais aconteçam devido a interações medicamentosa. Em teoria, essas interações são evitáveis porque as interações são pouco percebidas e, consequentemente, não são constadas. Em contrapartida, isso ocorre devido à falta de percepção juntamente com a baixa divulgação dessas situações. (FUCHS; WANNMACHER, 2017) 4.6 Principais medicamentos usados para a automedicação O Brasil está entre os países que mais consomem medicamentos no mundo, tendo aproximadamente uma farmácia para cada 3.300 habitantes. Essa disponibilidade de farmácias facilita a compra de medicamentos que, consequentemente, aumenta o consumo de medicamentos pela população. 19 Especialistas acreditam que esse grande consumo é relativo com a dificuldade de acesso aos serviços de saúde, ao costume da população em fazer a automedicação e pela facilidade de aquisição de medicamentos sem a prescrição médica. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade dos usuários de medicamentos fazem o uso de forma inadequada. De acordo com a ANVISA, o uso irracional de fármacos, facilitado pela grande disponibilidade no comércio, expõe as pessoas a riscos e até a morte. Geralmente os sintomas decorrentes da automedicação são infecção respiratória, dor de cabeça, má digestão (Figura 2). Enquanto os medicamentos mais utilizados no Brasil são: anticoncepcionais, analgésicos, descongestionantes nasais, antiinflamatórios e alguns antibióticos que podem ser comprados sem prescrição e sem orientação médica (Figura 3). A ANVISA tem o entendimento e a preocupação com esse cenário e, para isso, tem o objetivo de fazer a promoção sobre a utilização segura e correta dos medicamentos comercializados através de alertas à população, frisando os riscos de efeitos indesejáveis que as substâncias ou fármacos podem causar. (CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE; MUSIAL, et al., 2007) Figura 2 - Principais sintomas que levaram à automedicação em 2018. Fonte: Pesquisa – Automedicação no Brasil (2018) (ictq.com.br) https://ictq.com.br/pesquisa-do-ictq/871-pesquisa-automedicacao-no-brasil-2018 20 Figura 3 - Os medicamentos mais consumidos por conta própria pelos brasileiros. Fonte: https://www.ictq.com.br/pesquisa-do-ictq/871-pesquisaautomedicacao-no-brasil- 2018. 4.7 Intoxicação por automedicação A substância capaz de causar dano ao organismo, modificando uma função e levar à morte é denominada toxicante. De acordo com a National Academy of Sciences, o efeito tem caráter nocivo quando apresenta alterações da capacidade e da funcionalidade do organismo em compensar uma nova sobrecarga, ou acontece a diminuição da capacidade do organismo de se manter em homeostase devido a uma longa exposição ao fármaco. Isso aumenta as chances aos efeitos adversos. (OGA, et al., 2008) De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas (SINITOX), entre 2010 e 2017, houve 224.808 casos de intoxicação no Brasil, entre eles, 623 óbitos e 153 pessoas que adquiriram sequelas. Os principais sintomas de intoxicação medicamentosa são: convulsões, vômitos, diarreia, sonolência, queimação no estomago e boca, mudança na cor dos lábios, suor excessivo, perda de equilíbrio, dispneia, confusão mental, paralisia e perda de consciência. (Drauzio Varella; SINITOX). Quando o indivíduo está intoxicado e vai para emergência, é necessária uma conduta diferente e uma boa relação entre o médico e o paciente, para que haja uma comunicação eficiente, em que devem ser descritos os tipos de agentes tóxicos, quantidades e o tempo. A descontaminação deve ser realizada o quanto antes, podendo ser por meio de indução ao vômito, sonda nasogástrica ou lavagem do conteúdo gástrico, carvão ativado e laxantes. A https://www.ictq.com.br/pesquisa-do-ictq/871-pesquisaautomedicacao-no-brasil-2018 https://www.ictq.com.br/pesquisa-do-ictq/871-pesquisaautomedicacao-no-brasil-2018 21 diurese forçada e alcalinização da urina, hemólise e hemoperfusão ou antídoto e antagonistas são procedimentos mais específicos e que precisam ser feitos com mais cautela. O exame físico auxilia significativamente no diagnóstico juntamente com o resultado do exame de dosagem sérica da substância, proporcionando a gravidade da intoxicação. É imprescindível ter o conhecimento do contexto detalhado e saber lidar com a situação de maneira humana. (SILVA; COSTA, 2018) 4.8 Critérios para a automedicação A prescrição médica muitas vezes é substituída por sugestões de medicamentos de pessoas mais próximas não autorizadas e até mesmo balconistas em farmácia. Outro meio comum de automedicação é através da reutilização de antigas receitas, mesmo não tendo indicação para o uso contínuo. Segundo PELICIONI (2005), a automedicação responsável pode representar economia para o indivíduo e para o sistema de saúde, porque evita o acúmulo de pessoas nos serviços em saúde. Por outro lado, a automedicaçãonão adequada tende a aumentar os efeitos indesejados e interferir em patologias já existentes, podendo mascarar o diagnóstico ou a condição real do indivíduo e piorar o estado de saúde (MATOS, et al., 2018). Para minimizar a automedicação, é importante promover educação para saúde, tendo como objetivo informar a sociedade sobre os riscos que o uso inadequado pode trazer e orientar sobre o uso racional. Isso é importante e, ao longo tempo, pode diminuir o índice de automedicação e, consequentemente, o número de intoxicações. (SOTERIO, 2016) A divulgação científica é essencial para que a população tenha conhecimento sobre a ciência e o quanto ela é presente no dia a dia. No entanto, é importante que o marketing com conteúdo sobre medicamentos seja produzido e publicado pelas empresas da área de saúde, proporcionando informações comerciais e, quando são mostradas com autoridades influentes, possuem um maior impacto. O biomédico, sendo um agente de saúde e podendo atuar à nível de saúde pública pode engajar- se neste sentido. Além disso, pelo grande alcance em pouco tempo, a mídia possui um papel muito importante na disseminação de informações. Com isso, pode ser uma grande influenciadora de consciência social ou, até mesmo, inconsciência (muitas vezes vista através das Fake News). Ou seja, todo o conteúdo postado tem 22 uma resposta, seja ela influenciando à automedicação ou a medicação responsável prescrita. (LIMA, 2016) 23 5. MATERIAIS E MÉTODOS Foi realizado um estudo quantitativo e qualitativo, durante o mês de agosto de 2021, por meio de um questionário autoaplicável (de forma online), baseado no questionário utilizado no “Estudo comparativo do uso da automedicação entre universitários da área da saúde e universitários de outras áreas não relacionados à saúde na universidade de Marília-SP”, publicado pela Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research – BJSCR e no questionário usado na pesquisa “A influência do marketing de conteúdo feito por empresas de saúde na automedicação”, trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília. Ambos foram adaptados para a pesquisa em questão (questionário disponível em anexo 1), contendo 19 perguntas, sendo elas: perguntas de múltipla escolha e mistas (combinação de perguntas fechadas e abertas). Os critérios de inclusão para a aplicação do questionário foram: pessoas de ambos os sexos na faixa-etária de 18 a 65 anos da cidade de Muriaé- MG. De acordo com as respostas obtidas, foi realizada uma análise do número de pessoas e o motivo da automedicação dos participantes e, com isso, foi possível obter uma comparação com os achados na literatura. Os dados obtidos foram tabelados, graficados e organizados estatisticamente no programa Excel. É importante ressaltar que este trabalho foi submetido a Plataforma Brasil e aprovado (CAAE 48044221.4.0000.5105). Por fim, enquanto agentes promotores de saúde, foi elaborado um informativo digital para alertar a população sobre o perigo da automedicação. Este informativo será divulgado através das redes sociais com o intuito de atingir o máximo de pessoas possíveis. 24 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que tenha uma farmácia para cada 10 mil habitantes. No Brasil, existem 3,3 farmácias para cada 10 mil habitantes (DOMINGUES, et al., 2015). Essa grande disponibilidade de farmácias torna cada vez mais fácil a aquisição de medicamentos de forma irracional, tornando o Brasil um dos países recordistas em automedicação. (SOARES, 2019) Neste trabalho, realizamos a aplicação de um questionário online com o objetivo de avaliar a automedicação dos participantes, assim como a presença de efeitos indesejados e quais foram eles. Voluntariaram-se 54 pessoas residentes em Muriaé- MG, na faixa-etária de 18 a 65 anos, visto que é um intervalo onde ocorre maior taxa de automedicação, pois é considerada maior independência dos indivíduos. Ressaltando que indivíduos com idade inferior a 18 anos podem ser influenciado pelos pais e maiores de 65 anos possuem maiores chances de sofrerem influência. (MENDES, 2010) As primeiras questões abordadas no questionário foram para avaliar o perfil dos participantes. De acordo com a tabela 1, podemos observar que a maioria dos respondentes são do sexo feminino (78%), encontram-se faixa-etária de 18 a 25 anos e possuem ensino superior incompleto (Tabela 1). SEXO Feminino 74% Masculino 26% IDADE Entre 18 a 25 anos 37,03% Entre 25 a 30 anos 9,25% Entre 30 a 35 anos 12,96% Entre 35 a 40 anos 16,66% Entre 40 a 45 anos 11,11% Entre 45 a 50 anos 3,70% Entre 50 a 55 anos 1,85% Entre 55 a 60 anos Entre 60 a 65 anos 5,55% 1,85% GRAU DE ESCOLARIDADE Ensino fundamental completo 3,70% Ensino médio completo 18,51% Ensino superior incompleto Ensino superior completo 40,74% 37,03% Tabela 2 - Sexo, idade e grau de escolaridade dos participantes. Fonte: dados da pesquisa. 25 Com isso, analisamos a porcentagem de participantes que praticaram a automedicação, e o resultado mostrou que 94% dos participantes declararam ter praticado (Figura 4). Figura 4 - Porcentagem de participantes que realizaram compra de medicamentos sem receita médica, onde 94% realizaram a automedicação e 6% não são adeptos à prática de automedicação. Fonte: dados da pesquisa. Em 2014, o Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) relatou que 76,4% da população brasileira consome medicamentos por conta própria. (BISPO, et al., 2017). Nesse contexto, segundo ARRAIS (2016) e BERTOLDI (2004), foi constatado que a automedicação é predominante no sexo feminino, podendo ser devido à dores mais frequentes, principalmente durante o período menstrual, gestacional e menopausa. Esse alto índice está diretamente relacionado com o uso de anticoncepcional, visto que muitas mulheres fazem uso sem orientação médica. Além disso, as mulheres tendem a ser mais preocupadas com a saúde e se sujeitam mais vezes aos serviços de saúde e, por isso, elas ficam mais expostas ao uso de medicamentos. De acordo com os dados obtidos, a faixa-etária com o maior índice de automedicação foi entre 18 e 25 anos, esse número tem relação com o perfil dos participantes desta pesquisa que são, em sua maioria, estudantes. CORDEIRO (2017) relatou que a predominância do consumo de medicamentos por mulheres nessa faixa-etária se justifica devido a maioria estar se graduando na área da saúde; 94% 6% 26 CUNHA (2019) defende que a educação proporciona um suporte para a automedicação, vista como bem sucedida. Ou seja, um maior grau de entendimento é um fator que aumenta a probabilidade do indivíduo se automedicar, visto que é preciso conhecer o sintoma, uma medicação e uma dose adequada para a assistência da automedicação mais segura. Enquanto DOMINGUES (2017) destaca o baixo nível de prevalência de consumo de medicamentos sem prescrição por adultos com a idade mais avançada (50 a 65 anos), devido o maior uso dos serviços de saúde. Esse dado se mostra próximo do que foi obtido nessa pesquisa, onde 4% dos que não são adeptos à prática de automedicação, pertencem a faixa-etária de 55 a 65 anos. O maior índice de automedicação se encontra em indivíduos que possuem ensino superior incompleto, seguido de indivíduos com ensino superior completo. Segundo PINHEIRO (2013), isso se deve ao fato de que geralmente existe um maior contato com o Sistema de Saúde ou até mesmo contato com meios terapêuticos anteriores, o que traz uma maior confiança para se automedicar. Destes 94%, 31,37% relataram comprar medicamentos que necessitavam receita. DOMINGUES (2017), observou em sua pesquisa que metade dos medicamentos utilizados precisavam de prescrição médica, sendoque 1/5 precisam de receita médica de controle especial. Com as respostas obtidas por ele, foi possível observar que os respondentes conseguiram adquirir por meio do SUS, pelo Programa Farmácia Popular do Brasil e compra realizada em farmácias. Vale ressaltar que para aquisição de medicamentos nestes locais é necessário a apresentação da receita médica. No Brasil, dados mostram que 35% dos medicamentos adquiridos são através da automedicação, sendo 44,1% necessária a apresentação de receita. (ROCHA, 2014) As farmácias são essenciais para fazer a ligação entre o medicamento e o comprador e, consequentemente, possuem um papel considerável em relação à automedicação. Muitas vezes os balconistas são os prescritores e atuam possibilitando o uso inadequado, gerando prejuízo à população, visto que essa prática faz com que os serviços de saúde sejam cada vez menos procurados. (VITOR, 2008) 27 Deste modo, podemos considerar o Projeto de Lei nº 3923 de 2004: “Fornecimento de medicamentos sem receita médica. Art.281 A. Vender, entregar ou fornecer a qualquer título medicamentos sem receita médica, quando exigida. Pena – detenção de 3 (três) meses a 1(um) ano. Parágrafo único. Na mesma pena incide quem vende, entrega ou fornece a qualquer título medicamentos, mediante apresentação de receita que não atenda aos requisitos regulamentares.” (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2004) Neste contexto, foi questionado quando ocorre a compra de medicamentos: a maioria relatou comprar quando sente alguma dor/incômodo 55%, quando o remédio que tem em casa acaba 24% ou somente quando o médico prescreve 21% (Figura 5). Figura 5 - Ocasião que ocorre a compra de medicamentos. Fonte: dados da pesquisa. Somente quando o médico prescreve 21% Quando sente alguma dor/incômodo 55% Quando o remédio que tem em casa acaba 24% 28 Este resultado nos mostra que as pessoas tem tendência a realizar compra de medicamentos quando há presença de alguns sintomas, mas procuram médico para casos especiais (LIMA, 2016). O grande armazenamento de medicamentos em casa é alarmante, visto que também é um fator que contribui para a automedicação, tornando mais fácil uma possível confusão entre fármacos e maior risco de intoxicação. (PEREIRA, 2008) Foi questionado a motivação da compra de medicamentos sem receita médica, onde 61% dos participantes afirmaram comprar medicamentos que já usaram e conhecem, 22% diz ter informações suficientes sobre medicamentos para comprá- los, 11% pesquisa sintomas antes de comprar o medicamento e 6% atribui a compra sem receita à demora no atendimento no sistema de saúde (Figura 6). Figura 6 - Motivações para a automedicação. Fonte: dados da pesquisa. De acordo com os dados obtidos, podemos ver que a maioria dos participantes (61%) realizaram a compra de medicamentos que já fez uso e que conhece. No entanto, foi questionado se os participantes se basearam em receitas antigas e 55% relataram ter baseado em suas próprias receitas antigas, enquanto 11% relataram ter embasado em receitas antigas de pessoas próximas. O costume 6% 22% 61% 11% Demora no atendimento no Sistema de Saúde Tenho informações suficientes sobre medicamentos para comprá-los Compro medicamentos que já usei e conheço Pesquiso sobre os sintomas antes de comprar o medicamento 29 de armazenar medicamento e prescrições de consultas passadas também influencia a prática, especialmente em pessoas mais próximas, visto que existe a crença de que se um medicamento específico e a dosagem foi benéfica para uma pessoa, trará benefícios para as outras também, deste modo, os comentários circulam e se tornam um meio de verificação para os efeitos dos fármacos. Esse comportamento oferece prejuízos à sociedade pois possibilita a ingestão acidental, baixa eficiência devido ao armazenamento inapropriado e troca de medicamentos. (HERNANDEZ, 2019) Dos participantes da pesquisa, 22% relataram ter informações suficientes sobre medicamentos para comprá-los, isso pode ser justificado devido aos respondentes terem, em sua maioria, ensino superior incompleto (são universitários). De acordo com GAMA (2017), a motivação dos estudantes de usar medicamentos sem receita, é o fato deles acreditarem que não é necessário passar por consulta médica devido à baixa complexidade da patologia. A automedicação é fortemente influenciada pela autoconfiança dos estudantes, automedicação anterior “bem sucedida” e a crença de que as experiências obtidas durante a graduação são suficientes para a seleção correta do medicamento para o quadro clínico. Aqui, 11% dos respondentes relataram pesquisar os sintomas antes de comprar o medicamento. Com isso, também foi questionado a quem recorrem para sanar dúvidas sobre o medicamento. Então, foi visto que 47% relataram sanar dúvidas com o médico, 41% na internet e 12% com amigos e parentes. O médico trabalha exercendo um papel entre a indústria farmacêutica e o usuário, proporcionando a receita. Normalmente, acontece a participação do farmacêutico/balconista como mediador da compra, que possui influência sobre a compra (SOUZA, 2013). Segundo LIMA (2016) entre o médico e o farmacêutico/balconista entra o “Dr. Google”, o que torna mais comum o autodiagnóstico. Isso reforça a necessidade de que é preciso, cada vez mais, que a população tenha acesso a informações seguras. Por fim, 79,62% dos participantes relataram ter lido/seguido a bula. A mesma segue as normas legais, inclusive a Lei Federal n. 8078/90, que tem o intuito de informar de maneira clara todos os detalhes que o fármaco possui, inclusive efeitos adversos e detalhes sobre a quantidade. Essa linguagem de fácil entendimento não é por acaso, tem o objetivo de combater o uso irracional de medicamentos, visto que 30 tende informar sobre o uso correto e sua importância. No Brasil, de acordo com a SINITOX, 50% dos medicamentos comercializados são consumidos de forma indevida. (SANTOS, 2019) A demora no atendimento no Sistema de saúde também foi relatada por 6% dos participantes. Segundo NAVES (2010), foi justificado a demora no atendimento no sistema de saúde, má qualidade e grande número de pessoas. A procura de serviços de saúde acontece em situações que esperam ser de rápida resolução e não é isso que acontece. Esse empecilho contribui para que os pacientes procurem o meio mais fácil de se beneficiarem: acessando as farmácias. No entanto, 64% dos respondentes relataram ter recebido conselhos não solicitados na farmácia pelo farmacêutico. Os balconistas agem como prescritores possibilitando a automedicação e esse comportamento influencia a resistência da população em relação ao sistema de saúde e, assim, fazem a substituição pelo fácil acesso ao medicamento nas farmácias. (VITOR, 2008) Neste contexto, foram analisados os medicamentos usados pelos participantes, sendo possível ter mais de uma opção de medicamentos utilizados. A predominância foi uso de remédios para resfriado e gripes (80,39%), seguido de analgésicos/antitérmicos (78,43%), xaropes para tosse, antialérgicos e anti- histamínicos (74,50%), anti-inflamatórios (68,62%), descongestionantes/vasoconstritores (35,29%), corticoides nasais (sprays) (27,45%), antibióticos (25,49%), contraceptivos orais (21,56%), gotas otológicas (13,72%), corticoides sistêmicos (via oral) (11,76%), antiasmáticos (3,92%), outros (11,76%) (Figura 7). 31 Figura 7 - Fármacos usados para automedicação. Fonte: dados da pesquisa. O inverno é a principal estação do ano em que os problemas respiratórios se tornam mais incidentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 3,3 milhões de pessoas tenham complicações devido à gripe anualmente, isso acontece devido ao desenvolvimento de vírus e bactérias.Além da piora de alergias respiratórias, aumento da poluição ambiental, mudanças climáticas, ar seco e o uso de cobertas e casacos guardados há muito tempo (PORTAL FIOCRUZ). Em relação a alta porcentagem referente aos remédios para resfriados/gripes encontrada nesta pesquisa, pode ser que esse número tenha se apresentado elevado devido a época do ano que foi aplicado o questionário, visto que é a estação com maior índice de resfriado e gripes. Não foi achado estudo que tivesse esse mesmo perfil como predominância, mas sim sendo o segundo grupo de medicamentos mais consumidos (TARLEY, 2018). É interessante salientar que esse número é influenciado pela facilidade de aquisição, visto que não possuem necessidade de apresentação de receita médica e existe uma vasta disponibilidade dos mesmos no mercado (MATOS, 2018). No entanto, seu uso indiscriminado pode provocar sonolência, cefaleia, tontura, vômitos, alterações cardíacas, tremores e distúrbios neuropsíquicos. (GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ) O alto nível de uso de analgésicos/antitérmicos indica a alta prevalência de dor na população, o que nos leva acreditar que seja devido às respostas em relação aos acontecimentos diários (ARRAIS, 2016). O uso exacerbado destes fármacos pode fazer com que a cefaleia se torne crônica (COSTA, 2016). Este medicamento usado 80.39% 78.43% 74.50% 74.50% 68.62% 35.29% 27.45% 25.49% 21.56% 13.72% 11.76% 11.76% 3.92% Remédios para resfriado/gripes Analgésicos/antitérmicos Xaropes para tosse Antialérgicos/anti-histamínicos Anti-inflamatórios Descongestionantes/vasoconstritores Corticoides nasais (sprays) Antibióticos Contraceptivos orais Gotas otológicas Corticoides sistêmicos (via oral) Outros Antiasmáticos 32 para o tratamento da dor, é o mesmo utilizado para o tratamento de febre de doenças virais/bacterianas/inflamatórias. O uso irracional de medicamentos proporciona perigos para a saúde do indivíduo, como enfermidades e mascaramento de doenças, o que atrasa o diagnóstico inicial, a melhora dos sintomas desfoca toda a terapêutica. (SILVA, 2020; COSTA, 2016) Em relação ao uso de xarope para tosse, TARLEY (2018) mostrou uma prevalência de 82,2% dos usuários da área da saúde e 77,7% de indivíduos de outras áreas, em que observou que o uso por conta própria acontece, geralmente, em casos de doenças autolimitadas, descartando o uso de antibióticos. No entanto, o uso de xaropes para tosse, desde que seja feito com responsabilidade, poderia aliviar os sintomas. Em contrapartida, o uso irregular pode acarretar alterações no funcionamento normal cardíaco, reações alérgicas, sonolência, distúrbio de atenção e mascaramento de tuberculose e câncer. (NEGRI, 2017) Os antialérgicos ou anti-histamínicos são bastante utilizados e receitados em casos de alergias agudas, visto que estes atuam inibindo a ação da histamina e, consequentemente, inibindo a vermelhidão, lesões, coceira e calor. Em contrapartida, são considerados sedantes, dificultam a concentração e proporcionam cefaleia. (OLIVERA, 2021; OLIVEIRA, 2020; VALLE, 2017) Os anti-inflamatórios são utilizados em casos de inflamação, caracterizados por mudanças na vascularização, se apresentando com dor, calor, rubor e vermelhidão. Esses fármacos tem o intuito de conter e reverter esse processo inflamatório de forma rápida e eficaz. O uso crônico dos AINES pode resultar em lesões, erosões e úlceras no estômago e/ou duodeno devido a alteração na mucosa digestiva, além de problemas cardíacos e renais. (LIMA, 2018; VIEIRA, 2017) Geralmente pacientes que possuem rinite, tem como sintoma a obstrução da cavidade nasal, causando uma resistência nasal e, consequentemente, esses indivíduos são os que mais consumem vasoconstritores. Essa obstrução nasal acontece devido ao aumento de muco que altera a ventilação nasal, esses medicamentos atuam aliviando o incômodo através da vasoconstrição. Esse fenômeno pode fazer a constrição de vários vasos sanguíneos podendo levar arritmias cardíacas, hipertensão arterial e alterar a função de células do sistema imunológico, como os granulócitos. (FERNANDES, 2017) 33 Ainda neste contexto, os corticoides nasais são também utilizados nos casos de rinite alérgica e não alérgicas, rinossinusite e polipose nasal. A ação deste fármaco acontece devido a ativação intracelular dos receptores de glicocorticoides. A ação tende a ser demorada (torno de 12h) e os efeitos indesejados são leves, sendo sangramento e irritação nasal. (JÚNIOR, 2013) A aquisição de antibióticos por conta própria reflete a flexibilidade das farmácias em disponibilizar o produto sem a necessidade de apresentação da receita médica. O uso exacerbado e indiscriminado colabora com a resistência bacteriana. (MAUÉS, 2020; OLIVEIRA, 2021) Os anticoncepcionais orais utilizados por 21,56% das participantes, é um método com um alto índice de sucesso e eficácia, mas os efeitos colaterais e modo de uso são poucos discutidos, são fármacos que possuem elevados efeitos colaterais a curto e longo prazo, além do mau uso trazer ineficiência no efeito. O uso precoce pode aumentar os fatores de risco e doenças sistêmicas. Os que possuem combinações com o estrogênio exógeno pode permitir a retenção de água de sódio, além de estimular a disfunção endotelial que facilitam o AVC, trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar, visto que esses medicamentos conseguem alterar o sistema hemostático. (OLIVEIRA, 2021) Semelhante aos dados que encontramos, em GALATO (2012), 23,6% das mulheres relataram tomar anticoncepcional por conta própria, no entanto, praticamente metade delas tinham alguma contraindicação para uso. Alguns autores como TARLEY (2018) e SILVA (2014) obtiveram dados constando uso de gotas otológicas, mas é um assunto pouco abordado na literatura. BALBANI (2004) questionou sobre a venda livre desse tipo de fármaco, relatando que o uso irracional tende a aumentar e, mesmo que pareçam inofensivos, também possuem seus efeitos adversos, principalmente em pacientes com perfuração timpânica que estão ainda mais expostos a toxicidade do medicamento. Os corticoides possuem ação anti-inflamatória e imunossupressora, são feitos através do cortisol, portanto, é um derivado sintético. Atua diretamente com o hormônio aldosterona, influenciando o equilíbrio eletrolítico e do sódio. A exposição prolongada a medicamentos desse caráter pode provocar hipertensão, fratura óssea, catarata, náusea, vômito, problemas gastrointestinais e cardíacos. (VIANA, 2020) 34 A asma é uma doença crônica inflamatória das vias aéreas ocasionada por vários fatores, é marcada pela presença de obstrução e alteração das vias aéreas e hiperresponsividade brônquica, causando dispneia, tosse, aperto no peito, sibilos e broncoespamos. Para o tratamento, são utilizados broncodilatadores e anti- inflamatórios, no entanto, existe uma parcela da população que evoluí para a asma crônica severa onde não respondem ao tratamento e, por isso, há um elevado índice de óbito. Geralmente, os efeitos indesejáveis estão mais presentes quando acontece a administração oral, sendo possível observar tremores de extremidades e taquicardia (LIMA, 2009; ARAÚJO, 2016). A frase utilizada nos comerciais de medicamentos: “Ao persistirem os sintomas o médico deverá ser consultado” estimula o uso irracional, contribuindo para a procura médica somente se os sintomas permanecerem. Esse e tantos outros exemplos estimulam a prática de automedicação, além de ressaltarem os benefícios e pouco discutir sobre a possibilidade de efeitos indesejados. Essa propagando é ainda mais perigosa via internet, pois acontece o compartilhamento de informação ainda menos explicativa, afirmando apenas o lado benéfico. (ROCHA, 2014) Referente aos sintomas e/ou doenças apresentados pelos participantesque levaram à automedicação, 83,35% dos participantes relataram resfriado/gripe, 74,50% dor de cabeça, 60,11% alergias, 56,86% infecções/inflamações de garganta, 42,59% febre, 33,33% sinusite, 31,37% relataram rinite, 11,11% lesões de pele, 9,25% infecções/inflamações de ouvido, 9,25% refluxo, 5,55% doenças pulmonares e 3,70% doenças de cabeça ou pescoço (Figura 8). 35 Figura 8 - Sintomas que levaram à automedicação. Fonte: dados da pesquisa. Os sintomas que os participantes acreditavam ter e que levaram a automedicação, a maioria são doenças autolimitadas, o que explica o uso apenas para o alívio dos sintomas e da qualidade de vida destes indivíduos. Porém, o dado obtido é alarmante, visto que a maioria dos participantes se automedicaram. Ainda, outro fato preocupante, é o uso de antibióticos sem receita médica, que é um perigo para a automedicação, visto que pode acarretar resistência bacteriana. (TARLEY, 2018; TEIXEIRA, 2019) De 51 participantes, 2 pessoas relataram ter tido efeitos indesejáveis: uma sentiu apenas enjoo, a outra sentiu enjoo, dor de cabeça e queda de pressão. Uma terceira pessoa relatou que não houve melhora dos sintomas. No entanto, não foi possível concluir qual o fármaco que causou os efeitos e a dosagem, visto que os participantes relataram ter feito uso de diversos medicamentos. Geralmente, os efeitos adversos são leves e esperados, não é necessário realizar tratamento e nem parar o uso para que eles acabem. Embora as pessoas que realizam tratamento por conta própria estão expostas ao risco de gerar novos efeitos adversos, acontecendo, assim o efeito cascata. Apesar de serem leves, não podem ser ignorados, visto que afetam o bem-estar do indivíduo e contribuem significativamente para o uso correto e a confiança de quem fez a prescrição. (SOUSA, 2018) 82.35% 74.50% 60.11% 56.86% 42.59% 33.33% 31.37% 14.81% 11.11% 9.25% 9.25% 5.55% 3.70% Resfriado/gripe Dor de cabeça Alergias Infecções/inflamações de garganta Febre Sinusite Rinite Outros Lesões de pele Infecções/inflamações de ouvido Refluxo Doenças pulmonares Doenças de cabeça ou pescoço 36 Nesse cenário, foi questionado qual foi a última vez que os respondentes se automedicaram e por quanto tempo fez uso da medicação (Tabela 2). ÚLTIMA VEZ DE MEDICAÇÃO SEM PRESCRIÇÃO Há menos de uma semana 25,92% Entre uma a duas semanas 16,66% Entre três a quatro semanas 9,25% Um mês atrás 15,68% Outro 31,37% TEMPO DE USO DA MEDICAÇÃO 1 dia 2 dias 3 a 5 dias Mais de 5 dias 25,92% 9,25% 39,21% 23,52% Tabela 3 - Última vez que realizou automedicação e qual o tempo de uso. Fonte: dados da pesquisa. Em relação a última consulta médica, 3,92% relataram ter sido há menos de uma semana, 17,64% entre uma semana a um mês, 27,45% entre um e três meses atrás e, por fim, 50,98% há mais de três meses. O intervalo entre a ocorrência da automedicação em relação a última consulta médica é discrepante, o que confirma a automedicação. Em relação ao período de uso dos medicamentos, é imprescindível que haja uma receita médica, visto que os tratamentos prescritos têm embasamento em estudos científicos, quando ocorre a automedicação, o tratamento é afetado, porque em muitos casos o tratamento é abandonado devido a persistência dos sintomas ou até mesmo resolução destes e os efeitos colaterais. O não cumprimento do período de uso faz com que o indivíduo não tenha sua saúde restabelecida. (NASCIMENTO; FILHO, 2015) Diante do que foi mencionado e os perigos que a prática de automedicação causa, devemos reforçar o quanto pode ser maléfico o uso indevido de medicamentos. De acordo com FERREIRA (2013), a automedicação dos barbitúricos, benzodiazepínicos e antidepressivos, principalmente quando utilizados 37 de forma combinada, tem como finalidade suicídio. O que reforça o pensamento de Paracelso, ainda no século XVI: “A diferença entre o remédio e o veneno é a dose”. (GOVERNO DE SÃO PAULO) De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), a automedicação pode levar até 10 milhões de pessoas à óbito até 2050 em todo mundo. Além de afetar a economia, visto que existe uma previsão de que até 2030 a resistência antimicrobiana afete 24 milhões de pessoas, onerando o sistema de saúde. Nesse cenário, não existirá antibióticos eficientes e haverá altos índices de mortes por casos leves e no setor da economia, haverá perda de produtividade e fatores mais agravantes que atingirá toda a população. Essa situação é alarmante para a saúde pública, principalmente ao que se refere ao SUS, terá o aumento de consultas, exames, diagnósticos, novas prescrições e internações, isso leva a contratação de novos profissionais e novos leitos. No Brasil, 40 a 60% das doenças infecciosas se apresentam resistentes aos medicamentos e, pelo menos 700 mil pessoas morrem devido a isso. (SOARES, 2019; OLIVEIRA, 2020) Os fármacos sofrem biotransformação antes de serem secretados, isso impede que fiquem por tempo ilimitado no organismo. A metabolização é dividida em fase 1 (oxidação, redução e hidrólise) e fase 2 (conjugação), tendo o fígado como órgão protagonista neste processo, proporcionando a otimização da farmacocinética dos variados compostos (PEREIRA, 2007). Durante a pandemia pelo novo Coronavírus, ainda neste ano, o Hospital das Clínicas da Unicamp diagnosticou o primeiro caso de hepatite medicamentosa devido ao ‘kit covid’, composto por hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Vale ressaltar que pesquisas já confirmaram que estes medicamentos não possuem eficácia em relação ao coronavírus, mas os mesmos foram apontados, principalmente nas redes sociais, sendo eficientes para o tratamento precoce. (OLÍMPIO, 2021; GOLAN., et al., 2014). Ainda, neste contexto, um estudo realizado na Nigéria constatou que a ivermectina reduz a contagem e motilidade dos espermatozoides, além de proporcionar alterações morfológicas. (ESTADO DE MINAS, 2021) Diante de tantas incertezas provenientes da pandemia, muitas pessoas procuraram se automedicar por se sentirem mais seguras quanto a infecção pelo coronavírus. Assim, observou-se intensa procura de suplementos alimentares, 38 medicamentos antiparasitários e até mesmo antibiótico. Obviamente, sabemos que os medicamentos são benéficos à saúde desde que sejam prescritos corretamente para a doença apresentada e utilizados da forma correta, o uso de medicamentos por contra própria e receitados de forma incorreta pode trazer prejuízos ao indivíduo. (SOUZA, et al., 2021) Visto isso, as mídias sociais são poderosas quanto a popularização de conteúdos na internet, facilitando a chegada das informações para as pessoas leigas e abrangendo várias pessoas de todas as idades, ressaltando que grande parte da sociedade possui alguma rede social. Nesse cenário, o Instagram é um dos aplicativos mais usados, se apresentando como foco de muitas empresas para divulgação, visto que tem um alcance considerável no quesito propagação de conteúdo e informações. (NEVES; COUTINHO, 2016) Através deste estudo foi possível observar o grande conteúdo na literatura discutindo os perigos da automedicação, mesmo assim, é necessário sempre reforçar esse assunto e alertar a população dos malefícios do uso irracional de medicamentos. Para isso, criamos um conteúdo digital (Figura 9) com o objetivo de informar a população destes riscos, que muitas vezes são desconhecidos. Desse modo, estaremos colaborando com a chegada dessas informações a diferentes públicos, para que com o tempo as pessoas estejam mais conscientes sobre o problema da automedicação. 39 Figura 9 - Conteúdo digital com o objetivo de conscientização da prática de automedicação. 40 7. CONCLUSÃO Através deste estudo pode-se concluir que a maioria daspessoas são adeptos à prática de automedicação, estando expostas a possíveis reações adversas e complicações que o medicamento pode trazer. A grande maioria fez aquisição do produto sem a apresentação de prescrição médica e uma parte considerável dos participantes conseguiram realizar a compra de medicamentos que possuem venda livre proibida. É importante salientar que a dificuldade de atendimento no sistema de saúde é um fator que contribui para que as pessoas procurem um caminho mais fácil para obtenção de medicamentos e os meios de comunicação podem contribuir para a conscientização e promoção da saúde. 41 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Governo do Brasil. 2021. Disponível em: <https://www.gov.br/pt-br/orgaos/agencia-nacional-de-vigilancia- sanitaria>. Acesso em: 07 set. 2021. ARAÚJO, Bruna Costa Tavares. Estudo da dispensação de antiasmáticos em uma farmácia comunitária no interior da Paraíba. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande, PB. 2016. Disponível em: <http://dspace.bc.uepb.edu.br/jspui/bitstream/123456789/9488/1/ PDF%20-%20Bruna%20Costa%20Tavares%20Ara%C3%BAjo.pdf>. Acesso em: 18 set. 2021. ARRAIS, Paulo Sérgio Dourado., et al. Prevalência da automedicação no Brasil e fatores associados. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 50 (supl. 2), p. 1-11, 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rsp/a/PNCVwkVMbZYwHvKN9b4ZxRh/? lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 07 set. 2021. BALBANI, Aracy Pereira; DUARTE, Jurandir Godoy; MONTOVANI, Jair Cortez. 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