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2º ano/1º semestre Caderno do Estudante Uma parceria entre a SED/SC e o Instituto Ayrton Senna Projeção de futuro e desenvolvimento juvenil em várias dimensões Projeto de Vida Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 1 Su m ár io Introdução p. 2 Ficha 1 p. 3 Ficha 2 p. 4 Ficha 3 p. 6 Ficha 4 p. 8 Ficha 5 p. 11 Ficha 6 p. 16 Ficha 7 p. 18 Ficha 8 p. 20 Ficha 9 p. 25 Ficha 10 p. 30 Ficha 11 p. 33 Ficha 12 p. 35 Ficha 13 p. 38 Ficha 14 p. 42 Ficha 15 p. 43 Ficha 16 p. 47 Uma parceria entre a SED e o Instituto Ayrton Senna 2º ano/1º semestre Caderno do Estudante Projeto de Vida Projeção de futuro e desenvolvimento juvenil em várias dimensões Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 2 Introdução Caro(a) jovem, Este Caderno do Estudante é um instrumento fundamental para a sua participação nos encontros de Projeto de Vida do 1º semestre do 2º ano. Nele estão dispostas fichas de atividades que complementam a mediação do professor orientador. Elas apresentam textos de referências, orientações para as atividades e sugerem dicas e estratégias para você fortalecer a sua formação como estudante protagonista. Para utilizá-lo, siga sempre as indicações do professor ao longo do semestre. Uma das competências socioemocionais mais importantes para o século 21 é a responsabilidade, ou seja, a capacidade de agir de forma organizada e eficiente. Para os encontros de Projeto de Vida, ser responsável é fundamental, a começar pela importância de gerir bem seus materiais para participar ativamente da aula. Por isso, tenha sempre com você este Caderno, para estar a postos sempre que o orientador solicitar. Bom trabalho! Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 3 Projeto de Vida Ficha 1 Relação orientador-aluno Emico Okumo, professora do Instituto de Física da USP, tem a seguinte opinião sobre a relação entre orientador e orientando*: “Há que haver entre o orientador e orientando uma empatia, uma comunhão de ideias com relação à vida acadêmica, um respeito mútuo, uma colaboração de ambas as partes, uma concepção de ética e honestidade e um compromisso. A orientação não é simples, pois cada estudante é diferente do outro: uns odeiam ser cobrados, outros até gostam disso, uns têm mais facilidade e são mais organizados do que outros em tudo, até em redigir; a taxa de produção de um pode ser maior do que do outro, uns têm receio do orientador. Assim, o orientador tem que também se adaptar ao orientando, captando sutilezas, motivando e cativando, mas chamando a atenção quando necessário. Sinto que todos necessitam de afeição, receber elogios e jogar conversas fora na hora do café. Aqueles que não conseguem largar livros ou o trabalho de pesquisa necessitam de aconselhamento para praticar esporte, ver espetáculos, ler outro tipo de livro ou mesmo dormir. Outros não conseguem se concentrar num assunto e se interessam por tudo e são muito dispersivos. No fundo, o orientador é mais um facilitador do que qualquer outra coisa, pois quem tem que se dedicar e trabalhar é o estudante”. Veja também o que Lydia Masako Ferreira, Fabianne Furtado e Tiago Santos Silveira, professores da Universidade Federal de São Paulo, pensam sobre o assunto**: “Algumas qualidades são indispensáveis a um orientador (...): profissionalismo, interesse, flexibilidade, paciência, comunicação, criatividade, respeito, honestidade, responsabilidade, organização. (...) Por outro lado, cabe aos alunos orientandos: motivação, objetividade, curiosidade, entusiasmo (...) respeito, autodisciplina e dedicação. A relação de convivência é fundamental. Deve estar baseada na parceria, consistência, respeito mútuo e compromisso de ambas as partes. Dela é que surgem os estímulos, os desafios e as proposições de ideias (...) Se a relação é saudável (...) certamente dará bons e contínuos frutos, implicando em responsabilidade social e cidadania”. * Extraído de post do blog “Ciência Prática”. Disponível em: http://bit.ly/orientadoraluno1. Acesso em: out. 2017. (Adaptado.) **Extraído do artigo “Relação orientador-orientando. Conhecimento multiplicador”. Disponível em http://bit.ly/orientadoraluno2. Acesso em: out. 2017. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 4 Projeto de Vida Ficha 2 Estamos no 2º ano do Ensino Médio! Parabéns! Vocês são jovens que estão construindo suas histórias de vida considerando a importância da escola para a conquista de seus projetos de vida! No ano anterior, vocês vivenciaram como a escola pode ser um lugar de aprender para valer quando todos se unem a favor dos mesmos objetivos. Nas aulas de Projeto de Vida, por exemplo, descobriram muito sobre si mesmos e sobre seus colegas e professores. Descobriram que sem autoconhecimento, autoconfiança, determinação e colaboração fica muito difícil chegar a algum lugar. E tem uma galera nova chegando à escola: as turmas do 1º ano do Ensino Médio. São jovens que trazem dúvidas, anseios e muitos questionamentos sobre o que é estudar em uma escola com novos componentes curriculares que dela fazem parte. Vocês se lembram de como eram quando chegaram à escola no início do ano anterior, não é mesmo? Por isso, o desafio agora é elaborar um trote protagonista para as turmas do 1º ano! Mas vocês sabem o que é um trote? Vejam o que o dicionário tem a dizer: Fonte: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa Nosso Trote Protagonista Não está com nada esse tipo de trote violento ou que coloca as pessoas em situação de humilhação. Vocês já conheceram alguns exemplos de trote solidário e protagonista, e agora é o momento de idealizar o de vocês. Para fazerem um trote agradável, acolhedor e protagonista, pensem, discutam e elaborem uma proposta. Antes, porém, escolham um líder para gerir o tempo de vocês e apresentar a proposta ao restante da turma: vocês terão 20 minutos para elaborar a proposta. Alguns lembretes são importantes: A ação proposta deve ser simples, para que possa ser realizada já na próxima semana e para que não demande muitos recursos, nem tenha um planejamento complicado. O trote em escolas e faculdades consiste em uma “brincadeira” bem irresponsável, em que os estudantes mais antigos, os veteranos, recebem os mais novos, os calouros, com atitudes desrespeitosas. Para acabar com essa prática, muitos estudantes passaram a promover o trote solidário, em que planejam atividades bacanas para receber os novos colegas, fazendo do momento de chegada deles uma ocasião de alegria! Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 5 O Trote Protagonista deverá ocorrer em um momento que não disperse os jovens do 1º ano das aulas. O intervalo pode ser um bom momento para realizar o trote! É muito importante que o Trote Protagonista envolva toda a turma e seja um momento de acolhimento! Agora vocês podem elaborar uma proposta de Trote Protagonista! Anotem as ideias em um papel para que, na etapa seguinte deste encontro, o líder do time apresente ao restante da turma as sugestões de vocês. Abaixo estão algumas questões para fomentar e provocar suas ideias! Quais ações simples podemos fazer para apresentar a escola e o trabalho que é desenvolvido no Ensino Médio para as novas turmas do 1º ano? Como podemos comunicar aos estudantes que eles desenvolverão muitas competências importantes para crescerem como pessoas, estudantes, leitores e futuros profissionais? Como pediremos autorização à equipe de gestão da escola para realizar o trote protagonista? Quanto tempo a ação irá durar e onde será realizada? Quais recursos (materiais e não materiais) serão necessários para a realização da proposta? Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 6 Projeto de Vida Ficha 3 Colhendo rastros Ao longo da vida deixamos rastros por toda parte. Uma caminhada na areia da praia e lá estão nossas pegadas, únicas, que logo se vão com as ondas do mar. Transitamospela cidade, somos vistos por muita gente. Vimos tantas outras. Navegamos pelas redes sociais, compartilhamos pensamentos, curtimos postagens dos amigos. Mas o que guardamos das experiências que vivenciamos a cada dia? Como fazer para que nossos sentimentos, ideias, conhecimentos, sonhos permaneçam em nossa memória? Perguntinhas difíceis essas! Afinal, com o tempo, acabamos nos esquecendo de muitas coisas mesmo. Por isso, as pessoas criam maneiras de registrar aquilo que é importante para elas. Na escola, fazemos diversos tipos de registro – entre eles, anotações dos conteúdos das aulas e resumos de textos. Essas estratégias facilitam a incorporação de conhecimentos. Nas atividades de Projeto de Vida, também será essencial adotar uma estratégia eficiente e prazerosa de registrar as descobertas, os rastros e as marcas das experiências vivenciadas. Por quê? Para que cada um de vocês possa acompanhar o próprio desenvolvimento, ter evidências dos conhecimentos aprendidos, das experiências vividas, dos desafios que enfrentaram e das conquistas que certamente vão alcançar. Como vai ser isso? Vocês vão, em duplas, customizar um caderno, transformando-o no Álbum de Cartografia Pessoal. Mas, antes de pensar na customização do Álbum, parem por um minuto e tentem responder: o que é “cartografia” mesmo? Lembraram? Esse termo vem do grego (chartis = mapa e graphein = escrita) e, segundo a Wikipedia, remete à “ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas”. Isso quer dizer que ao longo desse e do próximo ano, em Projeto de Vida, vocês investigarão seus territórios pessoais, compondo mapas de pensamentos, emoções, sonhos etc., utilizando palavras e imagens nesse registro. Como cada um é uma pessoa única em seu modo de pensar, sentir e de ser, cada Álbum deverá ter uma “cara”. Para tanto, vocês devem customizar a capa de seus cadernos que serão transformados nesse instrumento de registro, pensando que eles acompanharão vocês durante o ano. Para se alimentarem de ideias e possibilidades, Im agem : Cynthia Sanches Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 7 conheçam alguns livros de artista, que são cadernos nos quais os artistas registram, com imagens, palavras, frases, textos etc., ideias, emoções e pensamentos para transformar tudo isso em arte. Uma pesquisa na internet pode ser legal para conhecer alguns livros de artista. Vejam abaixo links para sites interessantes que tratam de livros de artistas e inspirem-se! Acessos em: out. 2017. O desafio, então, é o de transformar os cadernos comuns que vocês têm em mãos em álbuns que tenham a ver com vocês. Para começar, cada um faz a sua capa, de modo que ela tenha a ver com vocês. Cores, formas, palavras, desenhos, fotografias... Sejam criativos! Vocês estão trabalhando em duplas e podem, e devem, colaborar um com o outro durante este trabalho, dando ideias e palpites. Lembrem-se de que é necessário cuidar: Pronto! O Álbum da Cartografia Pessoal está criado e vocês já têm o que precisam para guardar aquilo que de mais significativo acontecer nas atividades de Projeto de Vida! Cuidem bem de seus Álbuns! da capa e da contracapa: a capa tem que ter a cara do dono! Utilizem materiais diversos para criar o design da capa – uma boa dica pode ser cobrir a capa que já existe com um papel colorido ou com retalhos de pano, fazendo uma base para a criação que vem por cima. Usem e abusem de papéis coloridos, imagens de revista, fotografias, desenhos, barbante, botões, linhas etc. Escolham cuidadosamente as cores, inventem formas, frases, equilibrem os materiais no espaço. A contracapa pode seguir a mesma linha de design da capa ou ter estilo próprio; do miolo: o miolo do Álbum precisa atender às necessidades de registro. Vocês podem criar seções, tais como “O que tenho feito”, “Aprendi” ou “Ideias inesquecíveis”. Im agem : livro de artista de Constança Lucas Pesquisem! bit.ly/livrosdeartista bit.ly/livrosdeartista2 Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 8 Projeto de Vida Ficha 4 Eu me amo! Na década de 1980, quando você ainda nem era nascido, as bandas de rock nacional viraram uma febre no país. Grupos como Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, Titãs, Capital Inicial e muitas outras fizeram centenas de shows, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste, e gravaram LPs que batiam recorde de vendas (para quem não sabe, naquela época não existia CD nem MP3! A mídia utilizada era o LP, abreviação para long play, também conhecidos como “bolachão”, por causa do formato redondo e grande). É provável que você conheça algum ou alguns dos sucessos dessas bandas, pois muitas delas existem até hoje. Uma das bandas que estouraram naquele tempo chama-se Ultraje a Rigor (acesse http://www.ultraje.com se quiserem conhecer mais sobre a banda). Antes da fama, seus componentes tocavam cover de rock dos anos 1960, Beatles, punk e new wave. Algum tempo depois, a Ultraje gravou uma música que virou sucesso: “Eu me amo”, composição do vocalista e guitarrista Roger. Você já ouviu ou conhece a letra dessa canção? Se tiver um computador ou smartphone conectado à internet, ouça a música (Disponível em: bit.ly/eumeamo. Acesso em: out. 2017) e confira a letra: Eu Me Amo Ultraje a Rigor Há quanto tempo eu vinha me procurando Quanto tempo faz, já nem lembro mais Sempre correndo atrás de mim feito um louco Tentando sair desse meu sufoco Eu era tudo que eu podia querer Era tão simples e eu custei pra aprender Daqui pra frente nova vida eu terei Sempre a meu lado bem feliz eu serei Refrão Eu me amo, eu me amo Não posso mais viver sem mim Como foi bom eu ter aparecido Nessa minha vida já um tanto sofrida Já não sabia mais o que fazer Pra eu gostar de mim, me aceitar assim Eu que queria tanto ter alguém Agora eu sei sem mim eu não sou ninguém Longe de mim nada mais faz sentido Pra toda vida eu quero estar comigo Refrão Foi tão difícil pra eu me encontrar É muito fácil um grande amor acabar, mas Eu vou lutar por esse amor até o fim Não vou mais deixar eu fugir de mim Agora eu tenho uma razão pra viver Agora eu posso até gostar de você Completamente eu vou poder me entregar É bem melhor você sabendo se amar Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 9 Quiz da Autoconfiança! Agora que você ouviu a música ou leu a sua letra, forme dupla com um colega para que enfrentem o Quiz da Autoconfiança! Vai funcionar assim: 1. Escolha quem da dupla ficará responsável por ler as perguntas. 2. O outro deve controlar o tempo, que é estipulado em 30 segundos, para perguntas de múltipla escolha, e 1 minuto para perguntas abertas. 3. Ambos respondem a todas as questões. 4. As respostas devem ser registradas nos Álbuns de Cartografia Pessoal. Entendido? Pronto para começar? Pensando no trecho da música Eu me amo, “já não sabia mais o que fazer / pra eu gostar de mim, me aceitar assim”, responda: 1) O que você mais gosta em você? (30 segundos) a) Meu cabelo; a cor dos meus olhos; o meu tamanho etc. b) Os acessórios que uso (óculos, brincos, anéis, piercings etc.). c) Meu jeito de ser, como, por exemplo, a forma como interajo e me comunico com os outros. d) Nenhuma das opções acima. Gosto mesmo é... 2) O que você tem mais dificuldade em aceitar em você? (1 minuto) 3) Você se respeita? Dê exemplo de uma situação real em que respeitou o próprio jeito de ser ou foi coerente com a sua forma de pensar. (1 minuto) Agora, pense no trecho da música: “daqui pra frente nova vida eu terei / sempre a meu lado bem feliz eu serei” e responda: 4) O que você acha que, se acontecesse na sua vida, lhe daria mais confiança para caminhar e buscar realizar sonhos? (30 segundos) a) Passar de ano e aprender muito sobre os conhecimentos da escola. b) Fazer novas amizades, e, quem sabe, começar um namoro. c) Estar próximo da família, usufruindo dessa importante relação. d) Todas asopções acima e mais uma coisa: ... Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 10 5)O que, em você, será essencial para a sua vida no futuro? (1 minuto) Por fim, lembrando um trecho do refrão da música Eu me amo, “eu me amo, eu me amo / não posso mais viver sem mim”, responda: Afinal, o que você mais ama em você e não quer perder por nada na vida? (1 minuto) Terminou de responder o Quiz? Então, compartilhe seu teste, conversando com o colega de dupla sobre as respostas que deram para cada questão. Por fim, pense junto com ele exemplos para ilustrar a maneira como vocês se veem, se valorizam, se respeitam e confiam em si. Nossa música O próximo passo para a dupla é o desafio de contar uma história em um refrão de música. Essa história vai ser elaborada a partir as respostas que vocês deram no Quiz da Autoconfiança. Para isso, releiam os registros que fizeram no caderno e inventem essa história, que pode ser uma mistura de realidade e ficção. Dessa história, imaginem um refrão de uma música, que conte uma síntese ou um aspecto essencial, a parte principal da história. Ah, o ritmo é da escolha de vocês: pode ser rap, funk, rock, samba... Preparem-se: vai chegar um momento em que vocês vão poder improvisar esse refrão e contar um pouco da história que criaram! Registrem em seu caderno o refrão que vocês criaram! Vocês dois também podem registrar, no caderno, seus pensamentos a respeito desse tema tão importante para a vida. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 11 Projeto de Vida Ficha 5 JOVENS DE FAMÍLIA1 Em plena transformação, as relações familiares permanecem fundamentais para os jovens brasileiros. Yuri Vasconcelos A família, quem diria, está em alta entre os jovens brasileiros. Uma série de pesquisas vem confirmando o fato. Um dos primeiros levantamentos a mostrar o quadro foi o coordenado pelo Instituto da Cidadania, de São Paulo. Realizado no fim de 2003, o estudo ouviu 3.501 jovens de 15 a 24 anos, de 198 municípios, em áreas urbanas e rurais de todo o País. Entre várias revelações, a pesquisa mostrou que, para 72% dos entrevistados, a família é o espaço mais importante para seu amadurecimento, deixando para trás outras instituições consagradas como a “rua” (13%), a escola (7%), o trabalho (5%) e a igreja (3%). Outro dado relevante diz respeito às pessoas mais ouvidas quando os jovens precisam conversar sobre assuntos importantes: primeiro vem a mãe, com 63% da preferência, seguida do pai (13%), cônjuge (5%), professor (2%), padre ou pastor (2%). Esses resultados, aparentemente surpreendentes num momento em que o modelo familiar tradicional (pai, mãe e filho vivendo juntos) encontra-se em profunda transformação, não foram novidade para a psicanalista e analista institucional paulista Maria Ângela Santa Cruz, coordenadora do curso “Adolescência e Juventude na Contemporaneidade – suas Instituições e sua Clínica”, do Instituto Sedes Sapientiae, em São Paulo. “A família é um forte referencial para os jovens, e sua importância não se mede pela calmaria ou falta de conflito. Contraditoriamente, ela [a família] não tem a exata dimensão de sua própria importância e dos efeitos que exerce sobre o jovem, em função da forma como o enxerga e lida com ele”, diz Maria Ângela. “Nos últimos tempos, a família passou a ser o locus da afetividade; o local onde as relações são baseadas no código dos afetos.”. É o que confirma a pesquisa nacional do instituto Datafolha, realizada em 2007: a família é a instituição mais importante para 69% dos entrevistados, que afirmam manter ótima/boa relação com a mãe (91%) e com o pai (76%), e também com os irmãos. Longe ou perto demais Que o diga a universitária cearense Mayara Dayse Sousa Barreto, de 21 anos. Há dois anos, ela se mudou de Canindé, no interior do Ceará, onde morava com os pais, para estudar em Fortaleza. “Tenho muita saudade dos meus pais. Sinto falta do carinho deles.”, conta. Desde que mudou para a capital cearense, onde faz o segundo ano do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mayara vive com seus tios e primos. Mas a relação com a “nova” família não é nada fácil. “Eles [os tios] são 1VASCONCELOS, Yuri. In: Onda Jovem, ano 4, n. 10, mar.-mai. 2008. Disponível em: bit.ly/jovensdefamilia. Acesso em: out. 2017. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 12 controladores e não confiam em mim como os meus pais. Querem sempre saber o que vou fazer, e eu acho que não preciso dar satisfação.”, diz. Para a jovem, morar longe dos pais traz certa insegurança. “Tenho uma relação muito próxima com meus pais, principalmente com a minha mãe. São pessoas que eu sei que posso contar nos momentos difíceis.”, afirma. A brasiliense Danuse Queiroz, de 22 anos, hoje também sabe que pode recorrer aos pais nos momentos difíceis, embora a relação entre eles tenha sido marcada por conflitos. “Meus pais são muito religiosos e me privaram de uma série de coisas. Desde pequena, era obrigada a ir aos cultos e só fui vestir minha primeira calça jeans aos 15 anos. Pintar as unhas e usar maquiagem, apenas aos 18.”, diz Danuse, que faz o 2º ano do curso de Letras na Unip e trabalha no programa Superação Jovem do Instituto Ayrton Senna. Para Danuse, seus pais receberam uma educação muito rígida quando pequenos e achavam que esta era uma forma de protegê-la dos perigos da vida. “Como eu não aceitava, sempre era tachada de rebelde.”, conta. O conflito também impedia que a jovem falasse com os pais sobre assuntos de sua intimidade. Finalmente, Danuse criou condições para morar sozinha, mas sem romper com os pais. A história da catarinense Maria Luiza Campiotti da Cunha, de 24 anos, é diferente. Filha única e adotiva, a família, para ela, vem antes de tudo. “Minha família é minha vida. Ela ocupa um lugar primordial e é meu tudo.”, afirma. Segundo a jovem, o fato de ser adotada é uma situação completamente tranqüila na sua vida. “Falo numa boa que sou adotada, e muitos amigos nem acreditam. Tenho o sorriso de minha mãe e o jeito dengoso do meu pai.” Formada em jornalismo, Maria Luiza acredita que a família é o principal pilar na formação dos indivíduos. “Se você não tem uma família bem estruturada, que te ama, te orienta e transmite bons valores, nada vai para frente. Você não vai ser bom aluno, bom amigo, bom trabalhador ou bom companheiro.”. E continua: “Minha família sempre valorizou estar junto e perto de quem você ama. Temos uma relação muito franca e aberta, e minha mãe costuma dizer que é minha melhor amiga. Mas existem coisas que não converso com eles, e sei que tem coisas que eles não falam comigo.”, diz. A jovem catarinense tem razão. Para muitos especialistas, é falsa a idéia de que pais e filhos podem ser “melhores amigos” e manter uma relação totalmente aberta e sem segredos. A amizade é um aspecto importante do vínculo familiar. Pode e deve existir, mas não se deve cair nesse reducionismo. “O lugar dos pais é o da autoridade e do poder. Eles têm o poder e o dever de sustentar seus filhos e a autoridade civil sobre eles. Por isso, não podem ser melhores amigos. Nos momentos difíceis, quem segura a barra e faz o contraponto da realidade são os pais.”, afirma o psiquiatra paulista Içami Tiba, autor do livro “Quem ama educa! – Formando cidadãos éticos (IntegrareEditora)”. Opinião semelhante tem a psicanalista Maria Ângela Santa Cruz. “Numa família, não dá para cair no simplismo de achar que somos todos amigos. A relação de poder dentro da família está em constante mudança, é verdade, mas os adultos precisam saber que as crianças e os adolescentes dependem deles.”, diz. Transição tardia Além de “porto seguro” dos jovens, a família ocupa papel central na fase de transição para a idade adulta. Sair da casa dos pais e formar suas próprias famílias é um dos aspectos mais marcantes dessa passagem. Ao contrário do que acontecia nopassado, no entanto, uma série de fatores tem feito que muitos jovens alonguem sua estada no Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 13 lar paterno. Nas classes médias, as características do que os sociólogos denominam “sociedade de risco”, marcada pelas dificuldades da vida contemporânea, aliadas à maior liberdade familiar, tornam a casa dos pais atraente por mais tempo. Nas camadas populares, a convivência também continua, mas com a extensão da família a partir dos relacionamentos dos filhos, que se estabelecem praticamente dentro de casa. Muitas dessas novas famílias já são iniciadas a três, como é o caso do pernambucano Denis Manoel de Franco, de 25 anos. No ano passado, sua namorada, Geane, também de 25 anos, ficou grávida, e eles passaram a morar juntos – o rapaz morava com a mãe, que era viúva havia dez anos. O nascimento da pequena Ana Clara, hoje com 10 meses, representou uma mudança radical na vida do jovem casal. “Agora tenho que ser mais responsável, pois alguém depende de mim para viver”, diz Denis, que trabalha numa fábrica de panelas. “Amo demais minha filha e, embora seu nascimento não tenha sido planejado, ela é a melhor coisa da minha vida.”. Na família do casal de sergipanos Domingos, de 57 anos, e Domingas Bispo, de 42 anos, moradores em Guarulhos, na Grande São Paulo, também os filhos cresceram e estão constituindo suas famílias, mas continuam gravitando em torno deles. Diogo, de 21 anos, casou-se em 2007 e passou a morar numa casa de dois cômodos no quintal dos pais. O mesmo acontece com Cristina, a Tina, de 24 anos, que está para se mudar para a casa vizinha, em cima da serralheria do pai, para viver com o namorado. “Não tenho medo da interferência dos meus pais por morarmos tão próximos. Eles respeitam minha relação com meu namorado, e eu me sinto segura em morar do lado deles”, diz Tina, que estudou até o 3º ano do ensino médio e há três anos trabalha com o pai. Segundo Diogo, questões de ordem econômica o levaram a morar com os pais. “Trabalho no aeroporto de Guarulhos, mas planejo fazer faculdade de Educação Física. Assim que conseguir um melhor salário, penso em sair daqui e ir para minha própria casa”, diz o rapaz. Novos arranjos A permanência de Tina e Diogo junto aos pais é facilitada pela boa relação existente entre eles. “Minha família é muito bacana e mais me ajuda do que atrapalha. Meus pais são autoritários, mas, comparados com os pais de antigamente, até acho que são liberais”, diz Tina. Este parece ser um novo traço da multifacetada família moderna: num mundo cada vez mais dinâmico e em permanente transformação, muitos pais têm uma mentalidade mais aberta, o que possibilita maior aproximação com os filhos. Isso pode ser constatado não apenas em núcleos familiares tradicionais, formados pelo pai, mãe e filhos vivendo sob o mesmo teto, mas também naqueles com novos padrões de arranjo. Esta é a realidade da universitária paulista Mariana Rebecca Bastos Rocha, de 18 anos, que mora em Belém com a mãe e os avós maternos. Seus pais se separaram quando ela tinha apenas três anos. Na ocasião, os três viviam em São Paulo. Quatro anos depois da separação, Mariana mudou-se com a mãe para a capital paraense, terra dos avós maternos. “Acho que toda criança que cresceu com os pais separados gostaria que isso não tivesse acontecido. Sinto muita falta da presença de meu pai, ainda mais agora que ele vive fora do Brasil”, diz Mariana. Segundo a jovem, apesar da separação de seus pais, a família tem uma importância incontestável na sua vida. “Ela é a base de tudo. Sinto-me segura e acolhida pela minha mãe, meu pai e meus avós. Como minha mãe viaja constantemente, passo a maior parte do tempo na casa dos meus avós. Daí, Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 14 ‘rolam’ alguns conflitos no cotidiano. Eles pegam no meu pé porque acham que eu devo dar mais atenção aos estudos do que aos amigos, por exemplo”, diz. Mariana faz parte da grande legião de jovens brasileiros filhos de pais separados. Segundo a pesquisa Datafolha, um terço (32%) dos jovens de 16 a 25 anos está nessa condição. Por ser uma situação tão comum, o preconceito diminuiu muito, mas ela é dolorosa para quem a vivencia, como revela o estudante pernambucano Juliermes Pereira da Silva, de 17 anos. “Meus pais se separaram quando eu tinha apenas um ano. Passei a morar com minha mãe e minha avó e, até os sete anos, quase não tive contato com meu pai. A falta que sentia dele era enorme, enorme mesmo”, diz o rapaz, que faz o 3º ano do ensino médio e é educador social do Instituto Papai, de Recife, que presta ajuda a pais jovens. “Nesse período, minha mãe, Michele, foi pai e mãe ao mesmo tempo”, diz, resumindo a realidade de 30% dos domicílios brasileiros, que são chefiados por mulheres. “Acho que não ter crescido numa família com pai e mãe morando juntos trouxe alguns prejuízos, mas, por outro lado, recebi muito apoio e amor da minha mãe e da minha avó”, diz ele. Para a psicanalista Maria Ângela Santa Cruz, este é um dos aspectos – se não, o aspecto – mais importante na relação entre pais e filhos: a disponibilidade afetiva. “Não concordo com a idéia de que filhos das famílias baseadas no modelo da família burguesa (pai, mãe e filho) sejam mais estruturados do que os demais. A questão que realmente importa não é o arranjo familiar, mas o quanto de afeto os pais têm para investir em seus filhos. E, aí, não importa se é a mãe, tia ou avó que cuida da criança”, diz ela. “O que importa é a disponibilidade afetiva em relação aos filhos.” Crescer só Já que, como apontam estudos e especialistas, a família tem uma importância tão grande para jovens e adolescentes, o que acontece com quem cresce nas ruas ou em abrigos, longe dos pais e irmãos biológicos? Eles sentem na pele a carência afetiva e sofrem com as conseqüências provocadas pela privação do convívio familiar. “A falta da família faz com que os jovens não vejam o amanhã. Eles ficam sem projeto de vida, perdem a utopia e não dão atenção à educação. Muitos caem na depressão e alguns se encaminham para as drogas e o crime”, afirma Herivelto Silva Teixeira, o Del, de 32 anos, ele próprio um ex-menino de rua e atual coordenador do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR) do Ceará. Segundo Herivelto, “a família organizada que a gente vê na televisão, nos programas juvenis ou nas novelas da TV, infelizmente não existe na periferia. O que tem lá são mãezinhas que trabalham 12 horas por dia e pais alcoólatras. Esta é a triste realidade das periferias do Brasil”, afirma. “Essas famílias, carentes financeiramente e desequilibradas, não oferecem oportunidade para seus filhos se desenvolverem plenamente”, afirma ele. A relevância da família na estruturação psíquica e social do indivíduo leva os especialistas a defender o investimento no núcleo familiar de forma a amparar seus membros jovens. Quando, porém, essa condição não for possível, a dura realidade pode ser atenuada se crianças e adolescentes forem encaminhados para instituições e abrigos bem-estruturados. “Essas entidades, naturalmente, não substituem os pais biológicos ou adotivos, mas se elas forem acolhedoras, cria-se um vínculo entre os jovens e as pessoas que as Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 15 conduzem. Essas crianças ficam um pouco mais saudáveis do que aquela que não conta com uma figura substitutiva da mãe e do pai”, diz o psiquiatra paulista Içami Tiba. O curioso, diz o especialista, é que se essa experiência for positiva e gratificante, muitas das crianças que viveram um tempo em abrigo, quando adultas, dedicam sua vida a outras instituições do gênero. Em São Paulo, a Associação Maria Helen Drexel, que mantém um projeto voltado a ajudar crianças abandonadas pelos pais, ou cuja família não tem condições econômicas de mantê-las, prevê também o encaminhamento de jovens que chegam à maioridade sem ter um lar que os acolha.A instituição mantém oito lares, formados por um casal social que tem, no máximo, dois filhos biológicos. Cada lar recebe até dez crianças que lá permanecem até terem condições de voltar para a família de origem, serem adotadas, ou completarem 18 anos. Segundo Rosana Pereira Damásio, assistente social da instituição, por meio do convívio com a nova família, “as crianças recuperam o equilíbrio afetivo indispensável a um desenvolvimento integral e harmonioso”. Do total de crianças atendidas pela instituição (253 desde que a associação foi criada, em 1973), 81 foram adotadas – a grande maioria quando pequenas – e 132 retornaram aos seus lares de origem. As demais saíram da instituição aos 18 anos e passaram a tocar suas vidas. “Nesse caso, nós continuamos a apoiar os jovens. O vínculo precisa ser mantido, pois somos a principal referência familiar deles”, diz Rosana. O mais importante é ter tido uma rotina de cuidados e afeto. Segundo Cláudia Ramos, coordenadora dos voluntários da associação, as crianças e os jovens “vivem numa casa normal, onde a mãe social exerce o papel de mãe biológica mesmo. Ela os leva na escola, faz comida e vai ao pediatra. O pai, embora não seja funcionário da associação, tem uma função importante, enquanto figura masculina. Nos lares que mantemos, são formadas grandes famílias. Prova disso é que as mães sofrem muito quando vai ocorrer um desabrigamento”. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 16 Projeto de Vida Ficha 6 Aprendendo e estudando juntos A gente estuda para aprender, aprofundar um conhecimento, fixar informações na memória, descobrir coisas novas. Estudar junto com outras pessoas pode ser uma experiência marcante. Primeiro, porque fica mais motivante. É sempre bom saber que não estamos sozinhos, que temos com quem contar! Segundo, porque o que um já sabe é o que o outro está querendo saber. Essa troca é essencial para quem está aprendendo e para quem já aprendeu – vocês sabiam que uma das melhores maneiras de fixar conhecimento é ensinar alguém? Então, o desafio dessa atividade está lançado: estudar junto e entender o que se aprende com isso. Como vai ser? Vocês vão se dividir em quartetos, trios ou duplas. Atenção: é importante que haja pelo menos um quarteto, um trio e uma dupla, pois, ao final da atividade, vocês vão comparar essas maneiras de agrupamento para estudar. As duplas, trios e quartetos vão ser organizados por componente curricular. O professor vai colocar no quadro ou em uma folha de papel os nomes de todos os componentes curriculares e cada estudante vai se propor a estudar os conhecimentos que estão sendo trabalhados em um deles. Ao final, os componentes que tiverem mais adesões trabalharão com quartetos, enquanto os que tiverem sido escolhidos por menos jovens terão duplas ou trios. Lembrem-se: na hora de escolher, cada um decide se prefere estudar algo que está com dificuldade (e, por isso, precisa da ajuda dos colegas para aprender mais) ou um conhecimento que já está entendendo bastante (e, então, está disposto a dar uma força para os demais). Ah, uma informação importante: vocês terão 50 minutos para experimentar essa maneira de estudar! Então, não percam tempo! Algumas dicas... Escolham um tema que todos queiram estudar. Antes de começar, escolham um líder que tenha mais intimidade com o tema. Apoiem-se mutuamente e não desistam quando surgir um problema. Consultem livros e internet; partilhem anotações feitas nos cadernos. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 17 Depois dos estudos... É bem provável que os 50 minutos não tenham sido suficientes para os estudos, mas, com certeza, deu um gostinho do tanto que estudar em duplas, trios ou quartetos pode ser produtivo e motivante. Que tal pensar sobre isso? Vamos à roda de conversa, com toda a turma! Algumas questões para a avaliação de vocês: Quem já tem o hábito de estudar com colegas? Quais são as diferenças entre estudar sozinho e com os colegas? Elas influenciam no tanto que se aprende estudando? Tem diferenças entre estudar em dupla, trio e quarteto? Quais são? Vocês pretendem exercitar essa experiência em outros momentos, na escola e fora dela? Gostariam de continuar estudando juntos? Continuem estudando juntos sempre que tiverem necessidade! Vocês podem aproveitar uma aula vaga, um dia do final de semana, um tempinho no intervalo etc. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 18 Projeto de Vida Ficha 7 Durante as aulas, na escola... Falta gentileza em: Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, para melhorar isso: Durante o recreio e momentos de lazer, na Escola... Falta gentileza em: Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, para melhorar isso: Nos relacionamentos, na escola... Falta gentileza em: Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 19 Lista de gestos simples, que podemos praticar e divulgar na próxima semana, para melhorar isso: Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 20 Projeto de Vida Ficha 8 Competências para o Mundo do Trabalho Desde o ano passado, temos conversado sobre as Competências para o Século 21 e a importância delas para quem quer ser um cidadão capaz de fazer a diferença na sociedade, de aprender sempre e de correr atrás de seus ideais de vida, inclusive no campo profissional. Vamos relembrar quais são as oito competências? Autoconhecimento, colaboração, abertura para o novo, responsabilidade, comunicação, pensamento crítico, resolução de problemas e criatividade. A proposta de hoje é pensarmos um pouco sobre o significado de cada uma dessas competências e fazermos uma ligação mais direta entre elas e as possibilidades de o jovem buscar, de forma bem estratégica, um bom “lugar ao sol” no mundo do trabalho. Ou seja: um espaço de atuação no mundo profissional que combine com seus sonhos. Para a atividade, você vai usar o quadro “Competências para o Século 21 na Prática – Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho”, que está nas últimas páginas desse texto. Deu uma olhada no quadro? Então, mãos à obra! Siga os passos abaixo: 1) Leia atentamente as colunas 1 e 2 do quadro. A primeira apresenta o nome da competência e a segunda traz o significado atribuído a ela em alguns materiais educativos. 2) Passe para a terceira coluna do quadro. Nela, insira o que você entende como significado de cada uma das sete competências. Duração das tarefas 1 e 2: 20 minutos. 3) Escolha um colega para discutir. Não seja monótono, procure alguém com quem você convive pouco, para aproveitar a oportunidade de conhecer melhor e se aproximar desse colega. A ideia é que cada um leia como preencheu os sete significados e que vocês parem em cada competência – uma por uma – e vejam o que há em comum e o que há de diferente na forma como vocês dois entendem a competência. Discutam um pouco cada uma, expliquem suas escolhas. Anote no seu quadro tudo o que o colega disser que você achar que enriquece a sua compreensão. Duração da tarefa 3: 10 minutos. 4) Leia a matéria “Jovem se forma em direito e continua sendo engraxate, em Goiás” (publicada pelo site Globo.com em 26/4/2013, disponível em http://glo.bo/11J9L4X. Acesso em: out. 2017.). 5) Use as informações da matéria para preencher a quarta coluna do quadro. Nela, você deverá indicar se e como Joaquim demonstra cada uma das oito competências nas atitudes para correr atrás de seus sonhos profissionais. Duração das tarefas 4 e 5: 30 minutos. 6) Repita o procedimento 3. Discuta com o colega de dupla e altere algo em seu preenchimento, caso ele traga algum elemento novo ou mostre um outro jeito de ver determinada questão. Duração da tarefa 6: 10 minutos. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 21 Jovem se forma em direito e continua sendo engraxate, em Goiás2 Ele pagou faculdade com o que ganha limpando sapatos, até R$ 2 mil por mês.Objetivoé passar no exame da OAB e, no futuro, ser promotor de Justiça. Com o dinheiro que ganhou limpando sapatos de profissionais como juízes, desembargadores e advogados, o engraxate Joaquim Pereira, de 24 anos, acaba de se formar em direito em uma instituição particular de Goiânia. Mesmo com o diploma em mãos, ele não abandonou o ofício que aprendeu quando era criança e que lhe rende cerca de R$ 2 mil por mês. Agora, o objetivo é se preparar para passar no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e, depois, continuar estudando para ser promotor de Justiça. “Não quero ser qualquer profissional”, ressalta. Até lá, o jovem comunicativo e bem-humorado continuará cativando seus clientes como engraxate nas ruas do centro da capital. Sem deixar a vaidade de lado, já que uma das suas peculiaridades é trabalhar sempre bem vestido, com calça, camisa e sapatos impecáveis. Ao deixar a cidade de Monte Alegre de Goiás, na região nordeste do Estado, em 2006, o jovem não se imaginava formado. Joaquim lembra que quando saiu da sua cidade natal para morar na capital tinha a esperança de que logo seria contratado em uma empresa e se tornaria um profissional de destaque. Mas viu que não era bem assim. Ele demorou três meses para conseguir emprego em uma fábrica de enxovais. Quando recebeu o primeiro salário mínimo, concluiu que não era o suficiente para se manter em Goiânia. Na época, ele morava com o irmão. “Vim pra trabalhar. Depois, vi que precisava estudar para crescer, para ter um emprego melhor”, conta. Entre as coisas que tinha trazido do interior estava a caixa de engraxate, pois sabia que talvez precisasse usá-la. Em Monte Alegre de Goiás, ele apreendeu a profissão observando. Aos 11 anos começou a limpar sapatos quando queria comprar uma roupa ou um tênis. Apesar de trabalhar esporadicamente, ganhou experiência. Devido à insatisfação com o emprego, ele decidiu, em um sábado, ir para as ruas de Goiânia e ver como se sairia de engraxate. “Ganhei R$ 20 e atendi umas dez pessoas. Mesmo não sendo muito, fiz as contas e vi que podia render”, afirma. Segundo ele, na segunda-feira, três meses após ser admitido na fábrica, pediu demissão. “Indagaram porque eu retrairia tanto. Pensaram que eu estava revoltado”, lembra. O jovem comenta ainda que não foi uma decisão fácil, pois teve medo de ser rejeitado. “Tive medo da reação dos meus amigos e dos colegas”, diz. No primeiro semestre que trabalhou como engraxate, Joaquim terminou o ensino médio em uma escola pública de Goiânia e começou um curso de webdesigner, mas não gostou. Enquanto isso, a profissão de engraxate deslanchava. Samba da vitória As pessoas para quem engraxou sem cobrar nada nas primeiras vezes se tornaram seus clientes. A simpatia e a abordagem especial atraíram muitos outros e fez com que ele ficasse conhecido nos locais onde trabalha, como na Praça Cívica, onde está o Centro Administrativo do Governo de Goiás. O “samba da vitória”, som que ele faz com um pano ao polir os sapatos, virou 2RESENDE, Paula. In: Portal G1-GO, 26/4/2013. Disponível em: http://bit.ly/joaquimcompetencia. Acesso em: out. 2017. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 22 sua marca registrada. Joaquim conquistou uma clientela fixa. De R$ 20 por dia, ele passou a faturar até R$ 100. Depois de um ano limpando sapatos, Joaquim decidiu que entraria para uma faculdade de direito. “Vendo o dia a dia dos advogados e conversando com eles, concluí que queria ser um deles”, afirma. A decisão de ingressar em uma universidade foi criticada por muitos conhecidos. ”Falavam que eu não daria conta de terminar, que era muito difícil e caro”, conta. No entanto, ele persistiu com o sonho de se formar, passou no vestibular e começou, em 2008, o curso de direito em uma instituição de ensino particular. “Se a gente quiser ter sucesso na vida, tem que se submeter ao risco”, ressalta. Joaquim afirma que os cinco anos da faculdade não foram fáceis. “Já na primeira prova tirei zero. Aquilo me baqueou, até pensei em desistir, mas falei ‘vou estudar’, e assim fiz”, recorda-se. Ele estudava de manhã, e à tarde ia trabalhar como engraxate até as 19h, pois precisava ganhar dinheiro para pagar o curso. Além de estudar e trabalhar nas ruas, Joaquim tinha de cumprir suas tarefas domésticas, como lavar roupa e arrumar a casa. O irmão dele se casou e ele foi morar com um amigo, no Centro de Goiânia. O bacharel em direito ainda conta que separava um tempo para tocar violão e estudar música, que é uma de suas paixões. Ele é evangélico e gosta de cantar na igreja. “Tem que ter disciplina para ter tempo de fazer tudo”, ensina. A ajuda para pagar a faculdade veio no 7º período, quando ele conseguiu uma bolsa da Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Na mesma época, ele também conseguiu um estágio na Procuradoria Geral do Município por indicação de um cliente, onde trabalhou até dezembro do ano passado. Apesar do trabalho, ele continuou a engraxar nos horários livres. A colação de grau ocorreu no último dia 19, na capital goiana. “Foi extraordinário. Estou muito feliz”, comenta. Os pais de Joaquim vieram de Monte Alegre de Goiás para prestigiar o filho. Ele, que é o caçula da família, também contou com a presença de um dos três irmãos. “Eles estão muito orgulhosos de mim, do que conquistei”, ressalta. No evento, Joaquim ainda foi homenageado pelo reitor da instituição de ensino. O jovem engraxate foi o aluno destaque da turma. Mesmo formado, Joaquim não se importa de engraxar sapatos nas ruas de Goiânia. O jovem tem a admiração de seus clientes. “Ele é um exemplo de que nada é impossível. Poucas pessoas têm a capacidade e o esforço de concluir um curso superior engraxando sapato”, ressalta o advogado Aldemir Leão da Silva. O rapaz garante que exercerá a função até encontrar um bom emprego, com boa remuneração. Inicialmente, o objetivo é passar no exame da OAB para ter seu registro de advogado e poder exercer a profissão que escolheu. Devido ao seu esforço, o jovem ganhou um curso preparatório para a prova, que ocorrerá em agosto. As aulas serão em julho. Depois de fazer a prova, Joaquim vai começar uma pós-graduação. Ele ganhou bolsa integral da especialização, que, se ele fosse pagar, custaria cerca de R$ 9 mil. Joaquim sonha alto, ele quer se tornar um promotor de Justiça. “Vou continuar estudando cada vez mais para passar em um concurso e ser promotor”, reforça. Com o dinheiro de engraxate, ele também conseguiu tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Esse é um primeiro passo para alcançar outro objetivo, o de trocar a bicicleta por um carro. "Quando se sonha, se tem um objetivo e não desiste, as coisas acontecem", ressalta. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 23 Competências para o Século 21 na Prática – Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho Competência O que significa, segundo publicações sobre o tema? O que significa, segundo VOCÊ, aluno(a)? O que significa, segundo o JOAQUIM? Responsabilidade - Refere-se à perseverança e eficiência na busca de objetivos, mesmo em situações adversas. - Está relacionada ao quanto as pessoas são organizadas, dedicadas, persistentes, autônomas e determinadas. Pensamento crítico - Analisar ideias e fatos em profundidade, investigando os elementos que os constituem e as conexões entre eles, utilizando conhecimentos prévios e formulando sínteses. - Saber analisar e sintetizar ideias, fatos e situações, assumindo posicionamentos fundamentados. Resolução de problemas - Mobilizar conhecimentos e estratégias para solucionar problemas da vida e aprender com o processo, aplicando as soluções em outros contextos. - Saber identificar um problema, levantar hipóteses, estabelecer relações, gerar alternativase arriscar-se a solucioná-lo, sem medo de errar. Abertura para o novo - Disposição para novas experiências (estéticas,culturais e intelectuais) e comportamentos de exploração. - Ter abertura para errar e aprender coisas novas. - Demonstrar atitude curiosa, inventiva e questionadora em relação à vida. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 24 Competências para o Século 21 na Prática – Estudo de um caso relacionado ao mundo do trabalho (Continuação) Competência O que significa, segundopublicações sobre o tema? O que significa, segundo VOCÊ, aluno/a? O que significa, segundo o JOAQUIM? Colaboração - Atuar em sinergia e responsabilidade compartilhada, respeitando diferenças e decisões comuns. - Inclui a habilidade de adaptar-se a diferentes situações sociais e a reconhecer-se como parte de um coletivo. - Disposição para contribuir e construir em conjunto, em grupos pequenos e grandes. Comunicação - Compreender e fazer-se compreender em situações diversas, respeitando os valores e atitudes envolvidos nas interações. - Saber ouvir e interagir com o outro. - Utilizar criticamente as habilidades de leitura e de produção textual. Criatividade - Ser capaz de fazer novas conexões a partir de conhecimentos prévios e outros já estruturados, trazendo contribuições de valor para si mesmo e para o mundo. - Propor novas abordagens e buscar novas soluções, gerenciando variáveis aparentemente desconexas. Autoconhecimento - Capacidade de usar o conhecimento de si, a estabilidade emocional e a habilidade de interagir nas tomadas de decisão, especialmente em situações de estresse, críticas ou provocações. - Reconhecimento das suas próprias qualidades, confiança em si mesmo para vencer desafios e capacidade para crescer nessas situações. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 25 Projeto de Vida Ficha 9 O que é o trabalho? Essa é uma pergunta difícil de responder. Certamente, não há um conceito ou significado universal para o trabalho. Apesar disso, podemos buscar nas diferentes noções e representações desse termo algumas pistas para começar nossa conversa, que acontecerá ao longo de todo o ano, caminhando em diversas direções. Podemos pensar, por exemplo, nos vários modos de organização do trabalho, que vão do trabalho informal, passando pela divisão de trabalho na sociedade industrializada e chegando aos modos mais atuais, como o coworking. Outra chave possível de discussão do trabalho é a partir das profissões: aquelas mais tradicionais, como as relacionadas à medicina e ao direito; aquelas que já não existem mais; e as novas profissões, especialmente aquelas relacionadas às tecnologias digitais. Hoje, para iniciar as discussões do bimestre, a proposta é conversar sobre o trabalho numa perspectiva ampla, para descobrir o que o trabalho significa para nós e que papel ele ocupa no projeto de vida de cada um. Afinal de contas, trabalhar é bom ou ruim? É uma obrigação, uma necessidade, um direito ou um prazer? Ou será que ele pode ser tudo isso ao mesmo tempo? O portal Dicionário Etimológico apresenta a origem da palavra trabalho da seguinte maneira: A palavra "trabalho" tem sua origem no vocábulo latino "TRIPALIUM": denominação de um instrumento de tortura formado por três (tri) paus (paliu). Desse modo, originalmente, "trabalhar" significava ser torturado no tripaliu. Quem eram os torturados? Os escravos e os pobres que não podiam pagar os impostos. Assim, quem "trabalhava", naquele tempo, eram as pessoas destituídas de posses. A partir daí, essa ideia de trabalhar como ser torturado passou a dar entendimento não só ao fato de tortura em si, mas também, por extensão, às atividades físicas produtivas realizadas pelos trabalhadores em geral: camponeses, artesãos, agricultores, pedreiros etc. Tal sentido foi de uso comum na Antiguidade e, com esse significado, atravessou quase toda a Idade Média. Só no século XIV começou a ter o sentido genérico que hoje lhe atribuímos, qual seja, o de "aplicação das forças e faculdades (talentos, habilidades) humanas para alcançar um determinado fim". Com a especialização das atividades humanas, imposta pela evolução cultural (especialmente a Revolução Industrial) da humanidade, a palavra “trabalho” tem hoje uma série de diferentes significados. Já o Michaelis – Dicionário de Português On-line – apresenta uma série de definições para trabalho, entre elas: 1 Ato ou efeito de trabalhar. 2 Exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa; ocupação em alguma obra ou ministério. 3 Esforço, Disponível em: www.dicionarioetimologico.com.br/trabalho. Acesso em: nov. 2014. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 26 labutação, lida, luta. 4 Aplicação da atividade humana a qualquer exercício de caráter físico ou intelectual. 5 Tipo de ação pelo qual o homem atua, de acordo com certas normas sociais, sobre uma matéria, a fim de transformá-la. 6 Esmero ou cuidado que se emprega na feitura de uma obra. 7 A composição ou feitura de uma obra. Como podemos perceber, a noção de trabalho da Antiguidade é bem diferente da que temos hoje em dia. Ainda assim, será que conseguimos definir um significado para ela? Ou, nesse ponto da nossa reflexão, deveríamos mudar a pergunta para: qual o sentido do trabalho para nós? Essas dúvidas vão nos guiar pelas próximas etapas desta atividade! Tempos Modernos Tempos Modernos é um longa-metragem do ator, diretor e humorista inglês Charlie Chaplin, que viveu de 1889 a 1977. Nesse filme, lançado em 1936, Chaplin encarna o seu famoso personagem "O Vagabundo" (The Tramp), que vive o dia a dia das fábricas num mundo moderno e industrializado. Desde que foi lançado, o filme é considerado uma das grandes obras do cinema, por abordar de uma forma ao mesmo tempo crítica e divertida a sociedade da época. Frame do filme Tempos Modernos Em uma das cenas do filme, que veremos logo mais, O Vagabundo está em seu posto, na linha de montagem de uma fábrica, apertando parafusos. Ao seu lado, outros colegas executam funções semelhantes. O dono da fábrica, que assiste a tudo isso sentado em sua confortável cadeira, pede que as máquinas sejam aceleradas, de modo que a velocidade da produção também cresça... Até o momento em que O Vagabundo, já enlouquecido, não consegue mais acompanhar esse ritmo frenético e é “engolido” pelas máquinas. Agora, assistiremos à cena acima descrita. Antes, porém, leia as perguntas abaixo e pense sobre elas durante o filme (se for conveniente, anote suas observações em seu Álbum de Cartografia Pessoal). Elas guiarão a conversa que teremos em seguida, com a mediação do professor. Dsponível em: http://bit.ly/michaelistrabalho. Acesso em: nov. 2014. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 27 Qual noção de trabalho está presente nessa cena de Tempos Modernos? Em outras palavras, se você tivesse que argumentar sobre o que é o trabalho do ponto de vista do filme, o que você diria? Se você estivesse na mesma posição que O Vagabundo, consegue imaginar qual seria o sentido do trabalho para você? Trabalhar por quê? O modo de exploração do trabalho fabril, conforme representado no filme Tempos Modernos, ainda é recorrente em diversos contextos. Hoje em dia, porém, cresce o entendimento de que o trabalho, para ser bom, deve ser dotado de sentido. Ou seja, além de ajudar a pagar as contas, deve ser prazeroso, desafiador e estimulante. A reportagem “O Trabalho perdeu o sentido?”, escrita por Ariane Abdallah e David Cohen para a Época Negócios, aborda esse tema sob diferentes perspectivas (se tiver um tempo livre para ler a matéria completa, que é bem legal, basta acessar o seguinte endereço eletrônico: bit.ly/sentidodotrabalho. Acesso em: out. 2017.). Selecionamos abaixo algumas imagens retiradas da matéria. Elas irão fomentar nosso debate. As primeiras são três ilustrações acompanhadasde dados sobre pesquisas relacionadas às causas da desmotivação no trabalho. Em seguida, estão três relatos de pessoas que saíram de empregos de sucesso – mas sem sentido para elas – e buscaram investir no próprio sonho. 38,4% dos brasileiros se queixam da falta de oportunidades de desenvolvimento; 23,2% sentem falta de reconhecimento por seu desempenho, segundo uma pesquisa da Consultoria Fellipelli. (ilustração Caco Galhardo) 91% das pessoas estressadas ficam desmotivadas, segundo pesquisa do ISMA-Br. e 41% dos brasileiros se dizem mais estressados que em 2011, segundo pesquisa da britânica Mindmetre. (ilustração Caco Galhardo) 30% dos trabalhadores brasileiros se consideram desengajados e 26% se queixam de não ter apoio de suas empresas, segundo uma pesquisa feita pela consultoria Towers Watson. (ilustração Caco Galhardo) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 28 CHOCOLATE EMAGRECE CINTIA LIMA TINHA STATUS E ÓTIMO SALÁRIO NUMA GRANDE EMPRESA DE TELECOMUNICAÇÕES. MAS ESTAVA FICANDO DOENTE DE TANTO ESTRESSE. PEDIU DEMISSÃO, APRENDEU A MEDITAR NO NEPAL E, NA VOLTA, ABRIU UMA CHOCOLATERIA. O ALÍVIO DA TENSÃO AJUDOU-A A SE EQUILIBRAR – E PERDER OITO QUILOS. JÁ ENFRENTOU DIFICULDADES NA EMPRESA. MAS SE DIZ CONFIANTE E REALIZADA. (FOTO: ALEXANDRE SEVERO) ENTRE O DOM E A PAIXÃO EDUARDO SAMPAIO, 37 ANOS, ERA APAIXONADO POR ARTE, MAS SUA FACILIDADE COM COMUNICAÇÃO O LEVOU A UMA CARREIRA NO MARKETING DE GRANDES EMPRESAS. “EU GOSTAVA, MAS TINHA UM FASCÍNIO PELO UNIVERSO ARTÍSTICO.” EM 2008, CRIOU COM UM AMIGO A PRIMITIVO FILMS & CONTENT. SÓ FAZ FILMES DE ARTE. DIZ QUE A EXPERIÊNCIA DO MARKETING O AJUDA NO NEGÓCIO. (FOTO: ALEXANDRE SEVERO) A CARREIRA SUBIU NO TELHADO O ENGENHEIRO AGRÔNOMO MARCELO NORONHA SONHAVA EM TRABALHAR COM PRODUÇÃO ORGÂNICA. DEPOIS DE PASSAR POR UM PUNHADO DE EMPREGOS (INCLUSIVE UMA MULTINACIONAL QUE FAZIA EXPERIÊNCIAS COM SEMENTES) FUNDOU UMA EMPRESA QUE FAZ HORTAS EM VARANDAS OU TELHADOS. INCLUIU PAIXÃO NO OFÍCIO: “MEU TRABALHO É COLOCAR VIDA NA CASA DAS PESSOAS”. (FOTO: ALEXANDRE SEVERO) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 29 Agora que já lemos esses breves relatos, reúnam-se em trios para conversar um pouco a partir das temáticas que eles suscitam. Registrem os aspectos mais importantes da discussão no Álbum de Cartografia Pessoal: O que é, para você, um trabalho que tenha sentido? Na sua vivência pessoal e familiar, como você avalia a percepção das pessoas que vivem ao seu redor a respeito do trabalho? O sentido do trabalho é algo importante para elas? O trabalho para nós Agora é a vez de vocês, ainda reunidos em trios, exporem o entendimento que têm acerca do trabalho. Aqui, as respostas de vocês devem abarcar tanto as discussões levadas a cabo hoje quanto as experiências e os exemplos que vocês veem entre seus parentes e conhecidos, na mídia e em outros espaços de interação. As perguntas abaixo guiarão a discussão de vocês, que será mediada pelo professor. Mas elas são apenas para início de conversa: caso alguém queira sugerir outra pergunta ou levantar um ponto específico, pode ficar à vontade. Não se esqueçam de registrar os aspectos mais importantes no Álbum de Cartografia Pessoal! O que é o trabalho para você? Ao longo dos dois últimos anos das aulas de Projeto de Vida, sua concepção sobre o trabalho mudou? Como? Qual o sentido do trabalho para o seu projeto de vida? Como a escola está colaborando para o seu projeto de vida profissional? E aí, a conversa deu pano pra manga? A discussão de hoje foi só mais uma dentro da constelação de temáticas que envolvem o mundo do trabalho – e ela pode se desdobrar em muitas outras, que também serão trabalhadas em Projeto de Vida nos próximos meses. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 30 Projeto de Vida Ficha 10 O SEGREDO DO SUCESSO3 Pela primeira vez, começamos a entender quais são os fatores que levam ao sucesso. Descubra por que algumas pessoas se dão bem na vida - e veja o que você pode fazer para chegar lá. A maior de todas as crianças prodígios foi Wolfgang Amadeus Mozart. Aos 3 anos, o austríaco começou a tocar piano, aos 5 já compunha, aos 6 se apresentava para o rei da Bavária de olhos vendados, aos 12 terminou sua primeira ópera. Há séculos, ele vem sendo citado como prova absoluta de que talento é uma coisa que vem de nascença para alguns escolhidos. Mas parece que não é bem assim. A vocação de Mozart não apareceu do nada. Seu pai era professor de música e desde cedo dedicou sua vida a educar o filho. Quando criança, Mozart passava boa parte dos dias na frente do piano. As primeiras peças que compôs não eram obras-primas – pelo contrário, contêm muitas repetições e melodias que já existiam. Os críticos de música, aliás, consideram que a primeira obra realmente genial que o austríaco escreveu foi um concerto de 1777, quando o músico já tinha 21 anos de idade. Ou seja, apesar de ter começado muito cedo, Mozart só compôs algo digno de gênio depois de 15 anos de treino. A regra das 10 mil horas Quer brilhar muito na vida? Passe 10 mil horas praticando. Pelo menos, foi isso que os grandes especialistas de todas as áreas fizeram. Entenda aqui o tamanho da encrenca: O mesmo pode ser observado com talentos das mais diversas áreas. Ronaldo, o Fenômeno, tinha de ser arrancado dos campos de futebol quando criança porque não queria fazer nada que não fosse jogar bola. Os técnicos de Michael Jordan se lembram 3 HUECK, Karin. In: Superinteressante, jul. 2010.Disponível em: http://bit.ly/seg-sucesso. Acesso em: out. 2017. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 31 de que o jogador era sempre o primeiro a chegar aos treinos e o último a ir embora. E mesmo Bill Gates, como bom nerd que era, não fez sua fortuna do nada: quando adolescente, ele passou boa parte da sua (não muito agitada) vida programando computadores enfurnado numa sala da Universidade da Califórnia. Ou seja, mesmo aquelas pessoas bem-sucedidas, que parecem esbanjar talento, ralaram muito antes de chegar lá. Isso faz todo sentido, se considerarmos a nova maneira como os cientistas têm enxergado a influência dos genes na formação de talentos. Aquilo que costumamos chamar de "talento natural para liderança" ou "aptidão nata para os esportes" parece não ter nenhuma relação com o nosso DNA. "Não há nenhuma evidência de que exista uma causa genética para o sucesso ou o talento de alguém", diz Anders Ericsson, professor de psicologia da Universidade da Flórida que há 20 anos estuda por que algumas pessoas são mais bem-sucedidas do que outras. 99% transpiração Em 1992, pesquisadores ingleses e alemães resolveram estudar pessoas talentosas para entender o que as diferenciava dos reles mortais. Para isso, investigaram pianistas profissionais e os compararam com pessoas que tinham apenas começado a estudar, mas desistido. (Pianistas são excelentes cobaias porque seu talento é mensurável: ou eles sabem executar a música ou não sabem). O problema foi que os cientistas não conseguiram achar ninguém com habilidades sobrenaturais entre as 257 pessoas investigadas – todos eram igualmente dotados. A única diferença encontrada entre os dois grupos é que os pianistas fracassados tinham passado muito menos tempo estudando do que os bem-sucedidos. Quer dizer, não é que faltou talento para os amadores virarem mestres – faltou dedicação. Tem que lutar, não se abater Se treino é responsável por boa parte do sucesso das pessoas que chegaram ao ponto mais alto do pódio, é preciso entender o que as levou a se esforçar tanto. Quem passa 10 mil horas da vida se dedicando a qualquer coisa que seja tem pelo menos uma característica muito ressaltada: o autocontrole. É ele que permite que a pessoa não se lembre que seria muito mais legal dormir ou estar no bar do que trabalhando. A questão é entenderpor que algumas pessoas abrem mão do prazer imediato em troca do trabalho duro, e por que outras preferem sempre sair mais cedo do escritório. O processo mental, na verdade, é muito simples: para ter autocontrole, é preciso não ficar pensando na tentação e focar naquilo que é realmente importante no momento – por exemplo, terminar o serviço. É possível que esses traços tenham uma origem genética, mas é mais provável que a diferença esteja em outro ponto importante para entender o sucesso: motivação. Quem está motivado para ganhar uma medalha olímpica ou fazer um bom trabalho também abre mão da soneca da tarde com mais facilidade. Dinheiro também não é a solução para todos os problemas. Nem sempre ele funciona como um bom motivador. (Não deixe seu chefe ler isso, se você estiver querendo um aumento.) Num estudo da Universidade Clark, nos EUA, que testava a capacidade de voluntários de resolver problemas de lógica, o dinheiro só atrapalhou. Aqueles que eram recompensados financeiramente para chegar à solução levavam muito mais tempo para Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 32 resolver o problema. Os outros, sem a pressão do dinheiro, se deram melhor. Em muitos casos, acreditar que você está fazendo algo relevante é mais eficiente para motivação do que um salário mais rechonchudo. Não é à toa, então, que empresas que esperam resultados inovadores têm horários e cobranças flexíveis – para esses funcionários, fazer a diferença e a ilusão de independência valem mais do que ganhar bem. "O desejo de atribuir significado ao nosso trabalho é uma parte inata e inflexível da nossa composição. É pelo fato de sermos animais concentrados no significado que podemos pensar em nos render a uma carreira ajudando a levar água potável à Malaui rural", escreve o filósofo pop francês Alain de Botton, em seu livro Os Prazeres e Desprazeres do Trabalho. Ter habilidade social também é fator determinante para ser bem-sucedido. E é esse o elemento que foge das estatísticas da ciência. Em áreas em que os mais talentosos são sempre recompensados, como nos esportes ou na música, a regra das 10 mil horas e a importância da persistência fazem sempre sentido. Mas, em ambientes onde a competição é velada, como nos escritórios, o talento pode facilmente ficar em segundo plano – e perder importância para o tête-à-tête, as famosas afinidades. "A personalidade de uma pessoa afeta não só a escolha do trabalho mas, mais importante, quão bem- sucedida ela vai ser na carreira", diz Timothy Judge, especialista em carreira e personalidade da Universidade da Flórida. Timothy revisou 3 estudos longitudinais de personalidade que acompanharam a carreira de mais de 500 pessoas e chegou a conclusões interessantes. Pessoas autoconscientes, racionais e que pensam antes de agir costumam ganhar mais e subir mais cargos. Já quem é extrovertido e emocionalmente estável é mais feliz. Para o pesquisador, depois de anos observando as pesquisas, subir de status pode ser importante, mas o fator mais determinante para o sucesso ainda é sentir-se realizado. "Se a pessoa está infeliz no trabalho, tem de descobrir o que está atrapalhando. Senão o sucesso não vem mesmo." Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 33 Projeto de Vida Ficha 11 SONHOS DE UMA NOITE DE TV* Os modelos de sucesso veiculados pela mídia são distorcidos e não informam para a tomada de decisões na vida real Jairo Bouer Quando se pensa na construção de um projeto de vida, vários fatores apresentam um peso expressivo na formação da identidade, dos valores, dos sonhos e das ambições. O ponto de partida é a educação recebida em casa. Depois, os diversos aprendizados na escola, a companhia dos amigos, as influências da sociedade e, não podemos esquecer, a interferência que a mídia exerce em todo esse conjunto. O Brasil é hoje um dos países em que crianças e jovens passam mais tempo na frente da televisão. Segundo o Ibope, em setembro de 2004, entre os telespectadores de 4 a 17 anos, o tempo gasto com TV foi, em média, de 4 horas e 25 minutos por dia. De acordo com a pesquisa Perfil da Juventude Brasileira, feita pelo Instituto da Cidadania com jovens de 15 a 24 anos, 91% dos entrevistados assistem TV de segunda a sexta- feira (a taxa é de 87% nos fins de semana). Em comparação, 49% desses jovens dizem que leem jornais (51% não têm esse costume) e 67% leem alguma revista (31% dizem que não têm esse hábito). Com tanta televisão ligada, é inegável que esse meio de comunicação mexa com o imaginário dos jovens, interferindo em padrões de comportamento, noções de sucesso e conceitos de felicidade. De fato, a TV parece ter um peso importante nas construções emocionais e afetivas que vão influenciar na elaboração do projeto de vida dos jovens. Mas também não podemos responsabilizar a mídia, isoladamente, por tudo que é veiculado. O objetivo dos meios de comunicação é atender aos anseios expressos pela sociedade, respondendo às expectativas de seu público e, com isso, aumentando sua audiência. Ou seja, existe uma relação de mão-dupla: os meios oferecem programas, personagens, temas e debates, testam a resposta do telespectador e, sendo aceitas, mantêm suas pautas. No caso de resposta negativa, as pautas e os programas são substituídos. Capa de revista São inúmeros os exemplos de comportamento que a mídia expõe como "modelos" para seu público, atribuindo valores positivos a eles, como uma receita para a busca da felicidade. Os padrões de sucesso veiculados não só nas ficções, mas também nas * BAUER, Jairo.“Sonhos de uma noite de TV”. In: Onda Jovem, 2005. Disponível em: http://bit.ly/sonhotv. Acesso em: out. 2017. (Adaptado.) Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 34 publicações de comportamento voltadas para jovens são peças que ajudam a montar projetos de vidas. Valores e atitudes tidos como desejáveis e louváveis são exibidos como um caminho a ser seguido para que se consiga ser bem-sucedido. E há incontáveis distorções nesse processo. A começar pelos padrões estéticos. Personagens (em sua função ficcional ou não) desejáveis são os que têm corpos magros, sem flacidez e bronzeados. Pele lisa, cabelos sedosos, mantendo asséptica distância da oleosidade e das espinhas típicas da juventude. Claro, tudo seguindo o velho padrão europeu de traços finos – se tiver cabelos e olhos claros, melhor. Gordinhos raramente são desejáveis. Funcionam para situações cômicas, mas não para cenas tórridas de amor. Não se levam em conta aspectos relacionados à saúde, mas ao julgamento "feio" ou "bonito". À estética, tudo. À saúde, quase nada. A vida afetiva também é "contemplada" pelos extremos: os relacionamentos podem ser "contos de fadas" ou "o inferno na Terra". Na primeira categoria, casais que enfrentam a tradicional jornada do herói: vencem preconceitos, inimigos e barreiras sociais e emocionais e conseguem viver felizes para sempre. Na segunda classe, casais que não se suportam, que vivem em meio a traições, falsidade, ciúmes e sofrimento. Obviamente, o modelo a ser buscado pelos jovens é o do conto de fadas. Cria-se então uma idealização dos envolvimentos emocionais: tudo tem de sair certinho; brigas e desentendimentos são sinais de fracasso. Ninguém explica que casais precisam discutir (sem haver nisso um julgamento negativo) para resolver suas diferenças, e que é necessária uma dose extra de tolerância e paciência para respeitar os limites do outro. Outro exemplo da idealização que compõe o repertório de modelos de sucesso é o financeiro. Herói que se preze não passa apertos com dinheiro. Pode até enfrentar algumas dificuldades, mas nada desesperador. De preferência, terá uma profissão de "doutor" – médicos, dentistas, engenheiros, advogados e executivos têm meio caminho andado para o sucesso. Cantores e atores, então, têm uma estrela estampada na testa e muita grana no bolso.Só resta pensar o que farão os jovens (na verdade, a maioria dos brasileiros) que não tiveram acesso ao ensino superior, que não puderam virar "doutores". Operadoras de telemarketing podem esquecer a fórmula da felicidade? Domésticas, mecânicos, padeiros, atendentes do comércio, operários e manicures só serão felizes se ganharem na loteria ou se forem selecionados para um reality show? Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 35 Projeto de Vida Ficha 12 Selfie para quê? Fazer autorretratos sempre foi uma prática comum para muitos artistas. O pintor Rembrandt, por exemplo, pintou quase 100 autorretratos, registrando boa parte de sua existência com os pincéis. A artista mexicana Frida Kahlo também usou os autorretratos para se expressar, bem como o holandês Van Gogh ou a americana Cindy Sherman... São tantos artistas que nem dá para listar! Mas, o primeiro autorretrato fotográfico da história é atribuído a Robert Cornelius, um fotógrafo pioneiro da Filadélfia que, em 1839, registrou o seu selfie. Para conseguir a imagem, Robert precisou ficar imóvel por mais de um minuto! O que acharam do resultado da foto, impresso ao lado? E depois de quase 200 anos desde que esse autorretrato foi produzido, vivemos a febre do selfie. Em 2013, selfie foi considerada a “palavra do ano” e ganhou um verbete no dicionário Oxford. Confiram como o dicionário definiu o que é selfie: “A photograph that one has taken of oneself, typically one taken with a smartphone or webcam and uploaded to a social media website."* * "Uma fotografia que alguém tomou de si mesmo, tipicamente realizada com um smartphone ou webcam e enviada para um site de mídia social." Em qualquer rede social encontramos centenas, milhares, de selfies. Alguns deles causaram problemas políticos e exigiram retratação: O selfie de Obama foi realizado durante o funeral de Nelson Mandela e pegou mal... Imagem: bit.ly/selfieobama1 Outras imagens que estão circulando na rede trazem brincadeiras com ícones da História da Arte em “momento selfie”: Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 36 Na primeira imagem, a famosa pintura de Leonardo da Vinci, Monalisa, faz biquinho para o retrato. A segunda imagem traz a pintura chamada Mulher com brinco de pérola, do pintor holandês Vermeer em mais um selfie em frente ao espelho. Existem muitos outros tipos de selfies rodando pela rede: selfies com cenários, selfies bem-humorados, selfies em que a pessoa quer exibir o corpo ou roupas, selfies de pessoas dormindo (como se faz um selfie se a pessoa está realmente dormindo? Mistério...!). Depois de pensarem em tudo isso, discutam as questões abaixo. Cada um registra suas respostas no Álbum de Cartografia Pessoal, certo? Para que serve um selfie? Quantos selfies você já fez até hoje aproximadamente? Qual é o que mais gostou? Por quê? O que você não tolera em um selfie? Desafio! O desafio da vez não poderia ser outro: produzir um selfie! Vocês já sabem que retratos de grupos também são chamados selfies e é isso que vocês deverão fazer. Mas, não poderá ser um selfie qualquer! Não basta juntar a galera e apertar o botão da câmera. Vocês terão que montar um selfie que tenha a ver com a identidade de cada um. Para isso, vale utilizar cenários e elementos que possam ajudar a compor a cena. Poses diferentes (desde que não coloquem em risco a integridade física de vocês!), vestimentas, objetos... Tá tudo valendo! Vocês já sabem que produzir uma imagem é investi-la de sentido e de intenções. Sejam produtores críticos e antenados! Então, planejem como será o selfie do grupo e mãos à obra. O resultado poderá ser exibido no blog da escola, no grupo do Facebook da turma, nas redes sociais de vocês... Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 37 Projeto de Vida Ficha 13 DIREITOS HUMANOS Nosso tema de hoje é o respeito aos direitos humanos. Não vamos explicar o tema a vocês, alunos. Trouxemos apenas algumas imagens4, para que debatam (as imagens estão nas próximas páginas). Para isso, a turma deverá dividir-se em trios. A tarefa de cada trio é indicar, abaixo das imagens, que situações de desrespeito aos direitos estão sendo criticadas. Também pedimos que vocês produzam, no quadro ao lado de cada imagem, uma outra (pode ser desenho, colagem, história em quadrinhos ou charge) ou um breve texto que faça uma crítica relacionada à mesma questão. Vocês terão 20 minutos para essa atividade. Depois, é hora de compartilhar a reflexão e os resultados com os outros trios. Para isso, todos se reunirão numa roda. Um representante de cada trio vai mostrar o que o grupo produziu e contar como foi a discussão. Esse compartilhamento vai durar 15 minutos. Em seguida, vocês vão se organizar da forma que julgarem mais adequada para produzir uma pequena revista artesanal, de oito páginas (contando com a capa), sobre o tema: Mais respeito! Cada página deverá ter o tamanho de meia folha A4. Sugerimos, também, o seguinte conteúdo por página: - Capa. - Páginas 2 e 3: texto de dois parágrafos que responda à pergunta “Direitos humanos: e eu com isso?”. - Páginas 4 e 5: Imagens sobre o tema. Selecionar entre as que vocês produziram na primeira parte do encontro de hoje. - Páginas 6 e 7: Enquete (entre os alunos da turma). Um aluno vai recolher uma frase de cada colega que responda à pergunta: “Para você, o que é respeito?”. - Página 8: Nome das pessoas que realizaram essa minipublicação, indicando quem fez o quê. Vocês terão 35 minutos para criar a revista artesanal. Em seguida, para finalizar, reúnam-se novamente em roda e discutam o que aprenderam com as atividades desse encontro. 4 LIMA, Renato. Disponível em: http://petisco2.org/pockets/. Acesso em: out. 2017. Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 38 Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 39 Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2ºano/ 1º semestre 40 Projeto de Vida Ficha 14 FICHA DE REGISTRO DO PERFIL DO JOVEM Nome / idade do jovem Gosta de fazer... Mora em (bairro / região) Não gosta de fazer... Lugares prediletos Tem hobbies ou manias? Quais? Seu maior sonho é... O maior desafio para alcançar seu sonho é... Sua principal qualidade é... Caderno do Estudante Projeto de Vida – 2º ano/1º bimestre 42 Projeto de Vida Ficha 15 ATAQUE DE NANOMENSAGENS! Hora de mostrar para a escola por que vocês estão fazendo a diferença! Durante semestre, vocês têm se empenhado para crescer como pessoas, para se superarem como estudantes e para aprender a ser protagonistas dentro e fora da escola. Agora, é hora de contar para toda a escola (e, por que não, para o mundo?) tudo o que têm aprendido. A ideia é a seguinte: criar e executar um verdadeiro ataque de nanomensagens na escola! Não sabem o que é isso? Então, leiam as orientações a seguir e escolham um líder para comandar essa ação e cuidar da gestão do trabalho! Vocês sabem o que é “nanomensagem”? “Nano” é um prefixo que vem do grego e significa ‘muito pequeno’. Tudo a ver com o tamanho reduzido das mensagens compartilhadas atualmente nas redes sociais, não é mesmo? Por exemplo, o uso do Twitter tem estimulado as pessoas a compartilhar ideias, sentimentos e conteúdos com pequenas mensagens que têm até 140 caracteres. Para fazer uma nanomensagem, fiquem ligados nas seguintes dicas: Concisão: É importante ser breve e preciso na escrita, pois cada nanomensagem pode ter, no máximo, 100 caracteres. Ou seja, ter até 100 letras e sinais de pontuação, incluindo os espaços... Ideias fortes: Apesar de a mensagem ser curta, a força das ideias ultrapassa sua pequenez na forma e vira um gigante de significados para quem lê! Compartilhar: Para que as mensagens elaboradas pelos times circulem pela escola ou comunidade,
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